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Exercício sobre fontes do Direito e Norma Jurídica com Gabarito Um presente para meus alunos de Introdução ao Estudo do Direito: exercícios com sugestões de respostas. FACULDADE RUY BARBOSA CURSO: DIREITO DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROF. EZILDA MELO 2ª Unidade - EXERCÍCIOS DE REVISÃO Assunto: Norma Jurídica Caso 1 – Características da Norma Jurídica. Manoel, brasileiro, foi preso em flagrante delito, vendendo substância entorpecente. Em sua defesa alega que não deve ser submetido ao procedimento previsto na Lei de Entorpecentes – 11.343/06, haja vista que não concorda com a criminalização de sua atitude e que é uma pessoa de “mente aberta diferente do restante da coletividade”. É acertada a “defesa” feita por Joaquim? JUSTIFIQUE baseando-se na característica da heteronomia das normas jurídicas. Resposta: A heteronomia se constitui numa característica essencial do Direito, na medida em que, determina a sujeição do comportamento dos indivíduos independente da adesão subjetiva ou interna de cada um. Portanto, a fundamentação utilizada por Joaquim em sua “defesa” não encontra amparo sendo facilmente contrariada pela característica da heteronomia da norma jurídica

Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

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Page 1: Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

Exercício sobre fontes do Direito e Norma Jurídica com Gabarito

Um presente para meus alunos de Introdução ao Estudo do Direito: exercícios com sugestões de respostas.

FACULDADE RUY BARBOSA

CURSO: DIREITO

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

PROF. EZILDA MELO

 2ª Unidade - EXERCÍCIOS DE REVISÃO

Assunto: Norma Jurídica

Caso 1 – Características da Norma Jurídica.

Manoel, brasileiro, foi preso em flagrante delito, vendendo substância entorpecente. Em sua defesa alega que não deve ser submetido ao procedimento previsto na Lei de Entorpecentes – 11.343/06, haja vista que não concorda com a criminalização de sua atitude e que é uma pessoa de “mente aberta diferente do restante da coletividade”. É acertada a “defesa” feita por Joaquim? JUSTIFIQUE baseando-se na característica da heteronomia das normas jurídicas.

Resposta: A heteronomia se constitui numa característica essencial do Direito, na medida em que, determina a sujeição do comportamento dos indivíduos independente da adesão subjetiva ou interna de cada um. Portanto, a fundamentação utilizada por Joaquim em sua “defesa” não encontra amparo sendo facilmente contrariada pela característica da heteronomia da norma jurídica

Caso 2 – Características da Norma Jurídica.

Leia atentamente o texto a seguir e após responda ao que se pede.

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“De acordo com a lógica de funcionamento do Estado de Direito, no momento em que uma

norma se torna jurídica qualquer que tenha sido sua origem remota (e.g.: a religião, a moral

ou a economia) seu cumprimento passa a ser obrigatório para todos – inclusive para o Poder

Público – o que requer um aparato estatal capaz de impor essa obediência, direta ou

indiretamente, caso ela não seja obtida de forma voluntária”. (BARCELLOS, Ana Paula de.

A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais – O Princípio da Dignidade da Pessoa

Humana – Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 33).

O trecho acima cuida de algumas características da norma jurídica. Identifique-as e explique-

as.

Caso 3 – Estrutura da norma jurídica.

Pai mata filha usuária de drogas, no Leblon

Crime teria ocorrido durante briga familiar; vítima levou um tiro na cabeça e assassino foi

baleado.

Uma tragédia familiar causou comoção ontem nos moradores de um prédio de classe média

do Leblon. 0 contador (...) matou com um tiro na cabeça a única filha de 30 anos. O motivo

do crime teria sido um desentendimento entre pai e filha, que era usuária de drogas – fato que

já teria causado há cerca de três anos o suicídio da mãe (...)

O Globo, 9 de janeiro de 2007 – pág. 14, RIO

Levando-se em consideração a conduta típica penal indicada na matéria jornalística acima

como tendo sido praticada pelo pai, identifique, a partir da norma jurídica abaixo, os

elementos que a estruturam:“Art. 121. Matar alguém:Pena – reclusão de 6 a 20 anos”.

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Resposta: A norma jurídica em destaque é estruturada a partir do preceito e da

sanção. O preceito diz respeito ao comando, que na hipótese é negativo, isto é, de

abstenção (não realizar a ação incriminada penalmente). A sanção, sob a forma de

pena restritiva da liberdade, integra a estrutura da norma como expressão de

punibilidade de conduta antijurídica.

Questão Discursiva – Características da Norma Jurídica.

Leia atentamente o texto a seguir e após responda ao que se pede.

“A ‘paz’ produzida pelo Direito apenas pode ser ‘relativa’. ‘Relativa’ porque, se entende por

paz a ‘ausência de força’; como o Direito precisa de força para conter os impulsos agressivos,

a paz que promove não é absoluta. O Direito combate a força arbitrária, substituindo-a pela

força regulada por normas e parafraseada em pressupostos, requisitos e ritos de aplicação”.

(KELSEN, Hans. Apud SGARBI, Adrian. Hans Kelsen, Ensaios introdutórios, 2001-2005.

Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 4).

O trecho acima cuida de uma das características da norma jurídica. Identifique, explique-a e

comente acerca da necessidade da utilização da força na aplicação do Direito.

Resposta: A característica evidenciada no texto de Hans Kelsen é a coerção

entendida como uma reserva de força a serviço do Direito. A coerção se faz

necessária no momento do cumprimento da norma jurídica pelo seu destinatário e

quando de sua aplicação pelo operador do direito, exercendo a força necessária no

momento para o seu cumprimento.

Questão Objetiva

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1) Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta.

Luiza namorava Antonio, e terminou seu relacionamento para casar com Caio, ex-melhor

amigo de Antonio. Certo dia, Antonio encontra o casal na rua e tem o ímpeto de matá-los,

todavia, vem à sua mente a previsão do Código Penal acerca do homicídio: reclusão de seis a

vinte anos. Apesar da enorme raiva que sente, não pretende passar anos encarcerado em um

presídio e, por tal razão, desiste de levar a efeito a sua ideia de matá-los. O sentimento de

Antônio liga-se a uma das etapas do processo de aplicação das sanções em caso de violação

das normas jurídicas. Qual?

a) Coação.

b) Sanção.

c) Coerção.

d) Premeditação.

e) Imperatividade.

Resposta: Letra “b”. A sanção descrita na norma jurídica relativa ao tipo penal do

homicídio atua no sentido pedagógico de desencorajamento do comportamento

homicida.

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A Norma Jurídica (continuação). Os diversos critérios de classificação das normas

jurídicas: critério da destinação, critério da existência, critério da extensão territorial,

critério do conteúdo, critério da imperatividade e critério da sanção.

Caso 1– Classificação das Normas Jurídicas.

Julieta, com 14 anos de idade, grávida, casou-se, às escondidas, com Romeu, também com 14

anos de idade. Quando as famílias descobriram o casamento, buscaram auxílio de um

advogado para informarem-se acerca da possibilidade de anulação do referido casamento. O

advogado, então, mostrou-lhes os seguintes artigos do Código Civil:

Art. 1517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de

ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

(...)

Art. 1520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a

maioridade núbil para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de

gravidez.

Art. 1550. É anulável o casamento:

I – de quem não completou a idade mínima para casar;

(...)

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Art. 1551. Não se anulará por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.

Responda, JUSTIFICADAMENTE, ao que se pede:

a) Se você fosse o advogado consultado pelas famílias, que resposta daria?

b) A que ramo do Direito pertencem as normas supramencionadas?

c) Qual a natureza jurídica destas normas?

d) Classifique o artigo 1551 do CC, quanto à sanção.

a)    Se você fosse o advogado consultado pelas famílias, que resposta daria?

Resposta: O pedido de anulação pode ser ajuizado, no entanto o casamento poderá

ser mantido, com base na interpretação lógico-sistemática dos artigos do Código

Civil acima citados.

b)    A que ramo do Direito pertencem as normas supramencionadas?

Resposta: Aos ramos do Direito Civil e do Direito Penal.

c)    Qual a natureza jurídica destas normas?

Resposta: São normas pertencentes ao direito de família.

d)    Classifique o artigo 1551 do CC, quanto à sanção.

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Resposta: Norma imperfeita. Pois não invalida o ato, nem estabelece sanção ao

transgressor. Tal procedimento justifica-se, por razões relevantes, de natureza

social e ética.

Questões Discursivas

Classificação das Normas Jurídicas.

1)     A norma contida no art. 489 do Código Civil estabelece: “Nulo é o contrato de compra e

venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço”.

Classifique essa norma jurídica quanto ao critério da sanção e JUSTIFIQUE sua resposta.

Resposta: Norma jurídica perfeita. Se violada, resultará na nulidade do negócio jurídico realizado.

Classificação das Normas Jurídicas

2) Prevê o artigo 195 da Constituição da República que: “A seguridade social será financiada

por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos

provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e

das seguintes contribuições sociais: (...)”. Classifique essa norma jurídica quanto ao critério

da aplicabilidade e estabeleça a diferença entre as normas jurídicas auto-aplicáveis,

dependentes de complementação e as dependentes de regulamentação.

Resposta: A norma jurídica constitucional em questão é norma não auto-aplicável,

regulamentável, pois depende de lei infra-constitucional para torná-la executável,

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dando as condições de sua aplicação. As normas jurídicas auto-aplicáveis são

aquelas que não dependem de regulamentação por outra lei, ou por regulamento

Questão Discursiva – Espécies legislativas.

O artigo 59 da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece quais são as

espécies legislativas admitidas no ordenamento jurídico brasileiro. Estabeleça, brevemente, as

diferenças entre elas.

Resposta: O processo legislativo tem por objeto as espécies normativas arroladas

no art. 59 da CF, que serão examinadas segundo sua natureza e o processo de sua

elaboração.

As emendas à CF visam promover acréscimo, supressão ou modificação no texto

constitucional.

As leis complementares não são tipificadas pela CF segundo critério ontológico.

Caracterizam-se pelos assuntos que a Carta lhes reservar e pelo quorum de

aprovação. Assim, aquelas matérias indicadas na CF como próprias de lei

complementar não podem ser tratadas pelas leis ordinárias, que não têm força para

modificar preceitos nela contidos, salvo se cuidares de assunto de lei ordinária.

As leis ordinárias apresentam o mesmo processo de elaboração das leis comuns

que respeitam as seguintes fases: a iniciativa, com a apresentação do projeto, que a

seguir será objeto de discussão nas comissões técnicas, sendo submetido à

votação e aprovação pelas Casas Legislativas. Uma vez aprovado será apresentado

ao chefe do Poder Executivo para sanção ou veto. Após sanção, o projeto segue

para promulgação e publicação na Imprensa Oficial.

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As leis delegadas: A CF cuida, na parte relativa ao processo legislativo, da

delegação, entendida como a autorização concedida pelo Congresso Nacional ao

Presidente da República para elaboração de leis delegadas (art. 68 da CF).

As medidas provisórias estão previstas no art. 62 da CF, nos seguintes termos: em

caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas

provisórias, com força de lei, devendo submetê-las, de imediato ao Congresso

Nacional.

Os decretos legislativos são ”as leis que a CF não exige a remessa ao Presidente

da República para sanção (promulgação ou veto)” – Pontes de Miranda. Para José

Afonso da Silva, decretos legislativos são “ atos destinados a regular matérias de

competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF) que tenham efeitos

externos a ele; independem de sanção e de veto”.

Resoluções: Se os decretos legislativos são atos destinados a regular matérias de

competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49 da CF) que tenham efeitos

externos a ele, as resoluções têm a mesma natureza, porém com efeitos internos,

acrescentando-se ainda que as matérias de competência exclusiva de cada Casa

Legislativa (artigos 51 e 52 da CF) serão reguladas por resoluções.

Questão Objetiva

Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta.

As medidas provisórias podem ser elaboradas pelo:

a) Congresso Nacional.

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b) Câmara dos Deputados.

c) Senado Federal.

d) Presidente da República. E) Cidadão.

Resposta: Letra “d”. A iniciativa é de competência exclusiva do Presidente da

República. Dêem atenção ao estudo da MP.

Validade das Normas (técnico-formal ou vigência, social e ética). O início da vigência da lei. A vacância da lei: conceito e cômputo. O princípio da obrigatoriedade das leis. Término da vigência das leis: revogação (ab-rogação e derrogação). Revogação expressa e tácita. A questão da repristinação.

Caso 1 – Validade das Normas.

Leia a matéria a seguir e responda, JUSTIFICADAMENTE, ao que se pede:

A revista Veja, na edição de 14 de junho de 2006, publicou uma notícia cujo teor é: “É lei, mas ninguém cumpre. Uma lei de 1997 determina que os documentos de identificação (RG, CPF, carteira de trabalho, entre outros) sejam substituídos por um registro único até 2007. Como o governo não criou o registro, a lei é mais uma daquelas que não pegaram. Outras leis que não pegaram:

- Viagem facilitada: empresas de ônibus interestaduais deveriam dar assentos gratuitos para dois

idosos em cada veículo e oferecer desconto de 50% para os outros passageiros com mais de

60 anos. A lei existe desde 2003.

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- Estádio organizado: pelo estatuto do torcedor, aprovado em 2003, os estádios de futebol

deveriam oferecer assentos numerados, banheiros limpos e estacionamento.

- África no currículo: em 2003, a cadeira de história e cultura afro-brasileira tornou-se obrigatória

no ensino fundamental e médio. Quase nenhuma escola oferece a matéria.

A partir do acima descrito, identifique se as normas citadas na reportagem são vigentes e válidas,

tanto sob o aspecto formal quanto social.

Resposta: As normas jurídicas para serem vigentes precisam ser publicadas no

Diário Oficial e cumprir o prazo da vacatio legis, caso haja. Neste quesito, todas as

normas citadas na reportagem são vigentes. Sob o ponto de vista da validade

formal, as normas citadas também são válidas, uma vez que o processo legislativo

foi obedecido, e duas delas estão previstas em normas de grande relevância, quais

sejam: o Estatuto do Idoso e o Estatuto do Torcedor. Todavia, não se pode dizer

que são socialmente válidas, uma vez que não são capazes de produzir efeitos

práticos perceptíveis na sociedade. Assim, as normas citadas na reportagem

carecem de validade social, que nos dizeres de Tércio Sampaio Ferraz Jr., “a

eficácia é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação em vista da

produção concreta de efeitos. A norma será eficaz se tiver condições fáticas de

atuar, por ser adequada à realidade (eficácia semântica) e condições técnicas de

atuação (eficácia sintática), por estarem presentes os elementos normativos para

adequá-la à produção de efeitos concretos”.

Caso 2 – Revogação Expressa e Tácita. Ab-rogação e Derrogação.

Analise a seguinte decisão judicial e a seguir responda, JUSTIFICADAMENTE, ao que se

pede.

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União Estável. Direito. Herança. Lei n°8.971/94. Lei n° 9278/96. O art. 2°, III da Lei

n°8.971/94 não foi revogado pela Lei n° 9278/96. É certo que os dois diplomas regulavam a

união estável, porém a nova regra não abrangeu a totalidade das matérias tratadas na lei

anterior. Destarte, o direito da companheira supérstite ao total da herança, quando inexistir

ascendente ou descendente do de cujus, restou incólume visto que a nova lei tocou somente o

direito real de habitação quanto ao imóvel destinado à residência familiar. Resta, então, que

não há incompatibilidade, mas sim integração. Note-se, por fim, que a hipótese é anterior ao

novo Código Civil. (REsp. n°747.619-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/06/05).

A partir da decisão acima, esclareça se ocorreu ab-rogação ou derrogação entre as normas e

se foram expressas ou tácitas.

Trata-se de uma fonte jurisprudencial.

Resposta: No caso a Lei n° 9278/96 derrogou – revogou parcialmente a Lei n° 8971/94, uma vez que somente parte dos temas tratados por esta foram regulados de modo diverso por aquela. Além disso, ocorreu revogação tácita, já que a Lei n° 9278/96 determina a revogação das disposições em contrário. Assim, todas as normas que cuidam de assuntos diversos dos tratados por esta deverão ser mantidas. Percebe-se, então, que ambas cuidam do mesmo tema genérico: união estável, pois tratam de assuntos diversos no que tange aos temas específicos. Pode se tocar no prazo de cinco anos, que foi revogado.

Questão Objetiva

Analise as afirmativas abaixo:

I – a lei perde a eficácia desde que comprovado o seu desuso por um período de tempo superior a dez anos;

II – denomina-se repristinação o fenômeno pelo qual a lei revogada é restaurada quando a lei que revogou perdeu a vigência;

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III – a lei ordinária só pode ser revogada, de modo parcial (derrogada) ou total (ab-rogada), por outra lei de natureza e hierarquia superiores;

IV – quando um preceito de uma lei contraria uma nova ordem constitucional falta-lhe fundamento de existência e validade e, por isso, diz-se que ele não foi recepcionado;

V – na aplicação da lei sempre será possível a utilização da equidade.

Somente estão corretas as afirmativas:

a) II e IV;

b) III e IV;

c) I e III;

d) I e V;

e) II e V;

Resposta: Letra “a”. O item “I” está incorreto, pois a lei somente é revogada por

outra lei. O item “III” está errado pois a lei pode ser revogada também por lei de

igual hierarquia. O item “V” está errado porque na aplicação da lei o juiz deverá

levar em consideração os fins sociais a que ela se destina e o bem comum.

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Conflitos de leis no tempo. Direito intertemporal. A questão da retroatividade e da irretroativadade das leis. O Direito Adquirido, o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada no contexto da Lei de Introdução ao Código Civil, da Constituição da República e do Código Civil de 2002 (art. 2035).

Caso 1– A questão da retroatividade e da irretroatividade das leis.

Marcos foi condenado, em 31 de janeiro de 2005, a cumprir pena de seis meses de detenção pela prática do crime de adultério. Seus familiares, entretanto procuram você, advogado, no dia 29 de março de 2005, questionando-lhe acerca da possibilidade de Marcos ser libertado, face à publicação da Lei n°11.106, de 28 de março de 2005, que entrou em vigor na data da sua publicação.

Pergunta-se:

a) É possível que Marcos seja colocado em liberdade? Por quê?

b) As normas jurídicas sempre retroagem? Explique.

c) Quais os limites para que a norma jurídica tenha efeitos retroativos? Explique-os.

a)      É possível que Marcos seja colocado em liberdade? Por quê?

Resposta: Não. Já existe sentença transitada em julgado, que põem fim à lide judicial.

b)      As normas jurídicas sempre retroagem? Explique.

Resposta: Não. Em nosso sistema jurídico não é permitida a retroatividade das leis como regra absoluta, somente excepcionalmente, nos casos previstos em lei, e, desde que, sejam respeitados os princípios constitucionais do ato jurídico perfeito, da coisa julgada e do direito adquirido, em razão da segurança nas relações jurídicas.

c)      Quais os limites para que a norma jurídica tenha efeitos retroativos? Explique-os.

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Resposta: Os limites são aqueles estabelecidos no art. 6º da LICC e no art. 5º , XXXVI, da CF. Nesses termos, a lei, nas hipóteses de retroatividade, devem respeitar tanto a decisões judicial definitivas, quanto os atos jurídicos celebrados perfeitos e acabados e os direitos que já fora incorporados definitivamente ao patrimônio da pessoa.

Caso 2 – Limites à retroatividade das normas jurídicas – Ato Jurídico Perfeito.

Alfredo celebrou em 1984 contrato de assistência médico-hospitalar para si e sua família. Em 1987 foi acometido por uma doença cardiovascular que o levou à colocação em seu corpo de um marca-passo, cujo custo foi pago pelo próprio Alfredo, uma vez que em seu contrato de assistência médico-hospitalar não havia previsão de tal cobertura.

Em 1995, Alfredo ingressa com ação judicial pretendendo a restituição dos valores gastos com os exames e o marca-passo não cobertos por seu plano de assistência, mais danos morais, em razão da recusa ao fornecimento do material, que ele reputa injusta.

Em sede de contestação a assistência médico-hospitalar alega que o contrato é anterior à Constituição da República de 1988 e ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor, que prevêem, respectivamente, a proteção à dignidade humana e a proteção ao consumidor. (Apelação Cível – 2006.001.58180 – TJ/RJ).

Você é o juiz que decidirá a questão, dê a sentença amparada na questão dos limites à retroatividade das normas jurídicas.

Resposta: A sentença deverá negar o pedido de Alfredo, posto que, o contrato fora celebrado sob a égide da legislação que vigorava à época de sua celebração. Portanto, não será possível a retroatividade da CF e do CDC, pois deverá ser respeitado o ato jurídico perfeito como garantia do princípio da segurança nas relações jurídicas, pois a manutenção da segurança se constitui numa das finalidades do Direito.

Questões Objetivas

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1) Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta. (Exame OAB/São Paulo 1ª Fase

– Exame 124º).

Antônio tem 31 anos de serviço público. Suponha que exista uma lei à época, que concede

direito à aposentadoria aos 30 anos de serviço. Suponha, ainda, que se edite lei nova que só

admite aposentadoria aos 35 anos de serviço público. Nesse caso, Antônio:

a) tem direito de aposentar-se, mas fica impedido ante a nova lei;

b) tem direito de aposentar-se e pode exercer esse direito sob a vigência da lei nova, com

fundamento na lei antiga;

c) não tem direito de aposentar-se, porque não exerceu esse direito sob a vigência da lei antiga;

d) não tem direito de aposentar-se porque não completou 35 anos de serviço;

e) tem direito de aposentar-se proporcionalmente.

Resposta: Letra “b”. Antônio adquiriu o direito na vigência da lei anterior,

independentemente de não tê-lo exercido. Portanto, a lei nova não o alcança, a teor

do que determinam os artigos 6o, da LICC e 5o, XXXVI, CF.

Page 17: Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

2) Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta. (Concurso para Procuradoria do Município de São Paulo – 2002).

a) derrogação é a revogação total da lei;

b) revogação é espécie de ab-roação;

c) antinomia é um conflito de normas;

d) a revogação é expressa e a derrogação é tácita;

e) ab-rogação é uma revogação parcial.

Resposta: Letra “c”. A antinomia pode ser conceituada como um conflito aparente de normas jurídicas.

Caso 1 - Fontes do direito. Os costumes.

a. A prática de naturismo pode ser entendida como costume jurídico?

Resposta: O naturismo não pode ser entendido como costume, por não reunir os dois elementos essenciais, quais sejam: objetivo – prática reiterada da conduta e subjetivo – convicção da obrigatoriedade. Assim, o naturismo pode até ser entendido como um costume social dependendo da moral social, mas não jurídico.

b. Em que espécie de costume se enquadra o naturismo?

Page 18: Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

Resposta: Costume contra legem, uma vez que sua prática viola preceito do artigo 233 do

Código Penal. Sua admissibilidade dá-se em razão do reconhecimento de pessoas com estilos

de vida diferentes, que também precisam ser tutelados, desde que tais comportamentos não

violem a ordem pública, daí a delimitação de um espaço para que tal prática seja realizada.

c. O artigo 233 do Código Penal foi revogado pelo costume? E pela decisão do STJ?

Resposta: Não. Os costumes contra legem não podem revogar lei. Uma lei somente pode ser

revogada por outra lei, conforme preceitua o artigo 2° da LICC. Pela decisão do STJ também

não, pois decisão judicial não revoga lei, somente as declaratórias de inconstitucionalidade.

Caso 2: Costume como fonte formal do Direito.

a) Qual a espécie de costume invocado pelo magistrado, no voto vencido acima citado?

Resposta: Para fundamentar sua decisão, ou seja, o seu voto, o Desembargador afirmou que as expressões utilizadas pelo jornalista fazem parte do costume e da prática usual da crítica esportiva, um costume social peculiar ao futebol.

b) Quais os requisitos para que o costume possa ser fonte formal do Direito? O costume

invocado preenche tais requisitos? Justifique.

Resposta: O costume apresenta um elemento objetivo representado pela práxis social, isto é, pela reiteração da conduta; e apresenta, ainda, um elemento subjetivo representado pela necessidade e certeza da utilidade decorrentes da própria reiteração de conduta social, residindo nela a sujeição do comportamento naquela direção. Os requisitos para que o costume seja considerado fonte formal do direito, são os acima mencionados. O costume invocado pelo Desembargador em seu voto, não p0reenche os requisitos necessários.

c) Pode o costume revogar a lei?

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Resposta: Levando em consideração o fato do nosso direito apresentar uma origem romano-germânica, caracterizando o sistema legalista, temos que nosso o primado é da lei. Neste sentido a LICC, no seu art. 2º, estabelece que uma lei só pode ser revogada por outra.

1) Assinale a afirmativa correta e EXPLIQUE os itens incorretos.

I- As normas técnicas são consideradas fontes de direito.

Resposta: Falsa. As normas técnicas, denominadas também de normas práticas ou de operação, constituem, na verdade, em regras que indicam a maneira de agir para se alcançar um determinado fim. Orientam, mediante instruções científicas, de forma a apontar o melhor caminho ou meio idôneo para ação humana obter um certo efeito. Não possuem obrigatoriedade, nem coercibilidade. Devem ser adotadas somente àqueles que desejarem obter os fins almejados, de acordo com a consciência que possam ter de sua necessidade e utilidade.

II- A mídia, como formadora de opinião, constitui fonte formal secundária do direito,

porquanto influi na interpretação da legislação e em seu cumprimento.

Resposta: Falsa. As normas de direito são postas pelo legislador, pelos juízes, pelos usos e

costumes, podendo coincidir ou não os seus mandamentos com as convicções que a mídia

tem sobre o assunto. Pode-se criticar as leis, mas deve-se agir de conformidade com elas,

mesmo sem lhes dar adesão de nosso espírito. As manifestações de opinião veiculadas na

mídia carecerão sempre do poder de expressar o dever ser de conduta na ordem social-

jurídica. Isto significa que elas valem objetivamente, independentemente, e a despeito da

opinião e do querer dos obrigados. Essa validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas,

as quais se põem acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura

de um querer irredutível ao querer dos destinatários, é o que se denomina heteronomia. Foi

Kant o primeiro pensador a trazer à luz essa norma diferenciadora, afirmando ser a moral

autônoma e o direito heterônomo. O direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo

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que juridicamente somos obrigados a cumprir. (Miguel Reale, Lições Preliminares do Direito,

p. 48/49).

III- O Tratado Internacional é fonte do direito.

Resposta: Verdadeiro. Há fontes do direito que estão acima do Estado, ou seja, fontes supra-

estatais do direito, independentes do consentimento do Estado, como por exemplo, os

costumes internacionais e fontes dependentes desse consentimento, como os tratados e

convenções internacionais. (Paulo Dourado de Gusmão, p. 133).

Mencionar a Emenda Constitucional nº 45.

IV- As divergências jurisprudenciais comprometem o Direito.

Resposta: Falso. Como leciona Miguel Reale, ao contrário do que pode parecer à primeira

vista, as divergências que surgem entre as sentenças, relativas às mesmas questões de fato e

de direito, longe de revelarem a fragilidade da jurisprudência, demonstram que o ato de julgar

não se reduz a uma atitude passiva, diante dos textos legais, mas implica notável margem de

poder criador. E este poder criador é que possibilita superar o descompasso existente entre a

norma legal e o fato social, dando dinâmica ao ordenamento jurídico, em prol da justiça

social.

2) Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta. A doutrina é admitida como

fonte do Direito por ser:

Page 21: Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

Resposta: Letra “d”. A doutrina é considerada como fonte formal secundária do direito,

resultante da produção interpretativa e crítica dos doutos. Através da doutrina os operadores

do direito em geral podem extrair das obras, das teses, lições para a melhor compreensão,

entendimento e aplicação do direito.

Caso 1 - Súmula Vinculante

a) O que distingue a lei da súmula vinculante?

Sugestão de gabarito: Discorrendo sobre tal instituto, o saudoso Mestre e Ministro aposentado do STF Alfredo Buzaid deixou prelecionado in litteris:

“Uma coisa é a lei; outra, a súmula. A lei emana do Poder Legislativo. A súmula é uma apreciação do Poder Judiciário, que interpreta a lei em sua aplicação aos casos concretos. Por isso, a súmula pressupõe sempre a existência da lei e a diversidade de sua exegese. A lei tem caráter obrigatório; a súmula revela-lhe o seu alcance, o sentido e o significado, quando ao seu respeito se manifestam simultaneamente dois ou mais entendimentos. Ambas têm caráter geral. Mas o que distingue a lei da súmula é que esta tem caráter jurisdicional e interpretativo. É jurisdicional, porque emana do Poder Judiciário; é interpretativo, porque revela o sentido da lei. A súmula não cria, não inova, não elabora lei: cinge-se a aplicá-la, o que significa que é a própria voz do legislador.

Se não entender assim, se a interpretação refugir ao sentido real da lei, cabe ao legislador dar-lhe interpretação autêntica.

A súmula não comporta interpretação analógica” (in Anais do 17 Encontro dos Tribunais de Alçada do Estado de Minas Gerais – BH, 31 de maio a 3 de junho de 1983). (Revista Jurídica Consulex – Ano VI – nº 136 – 15 de setembro de 2002, p. 46).

CASO 2 - FONTES MATERIAIS (SUBSTANCIAIS OU SENTIDO SOCIOLÓGICO) E FONTES FORMAIS (COGNIÇÃO OU CONHECIMENTO)

Page 22: Exercício Sobre Fontes Do Direito e Norma Jurídica Com Gabarito

Sugestão de gabarito:

a) “As fontes materiais, ou fontes no sentido sociológico, são aquelas que determinam a formação do direito objetivo, melhor dizendo, as causas que determinam a formulação da norma jurídica, os seus motivos sociais, éticos ou econômicos. Por exemplo, saber por que o legislador da Lei 9.278/96 estabeleceu dever alimentar e sucessório entre companheiros, aqueles que vivem em união estável, é procurar as fontes materiais dessa norma.”(Introdução ao Direito, J. M. Leoni Lopes de Oliveira, pag. 165)

b) “Fontes formais são os meios de expressão do Direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas.” (Introdução ao Estudo do Direito, Paulo Nader, pag. 138)

c) Tendo como base o caso concreto acima, podemos dizer que as fontes materiais são os erros cometidos pelos médicos e hospitais, geradores de danos a terceiros prejudicados. Já as fontes formais são os Códigos Civil e de Defesa do Consumidor, que prevêem que tanto os médicos quanto os hospitais devem indenizar pelos danos materiais, morais e estéticos que venham a causar