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Reta Final – Curso Damásio de Jesus Profº. Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.damasio.com.br 1 QUESTÕES COMENTADAS DA PF Oi Pessoal, O nosso curso é Reta Final, por isso preferi não passar qualquer material de apoio teórico. O Direito Administrativo, nas provas da PF mais atuais, tem representatividade muito pequena. Assim é preferível a orientação por meio de exercícios, e, no caso, sempre comentados. Forte abraço a todos, Espero que aproveitem o material. Cyonil Borges.

Exercícios Comentadas Da PF - Damásio Parte 1

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QUESTÕES COMENTADAS DA PF

Oi Pessoal,

O nosso curso é Reta Final, por isso preferi não passar qualquer material de apoio teórico. O Direito Administrativo, nas provas da PF mais atuais, tem representatividade muito pequena. Assim é preferível a orientação por meio de exercícios, e, no caso, sempre comentados.

Forte abraço a todos,

Espero que aproveitem o material.

Cyonil Borges.

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QUESTÕES EM SEQUÊNCIA

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PF/2000

Considere a seguinte situação hipotética.

Orlando é hoje servidor de nível médio do quadro funcional do Ministério da Justiça, onde trabalha há exatamente um ano, dois meses e vinte dias, não tendo gozado férias, nem solicitado qualquer licença ou faltado ao trabalho um dia sequer. Insatisfeito com sua remuneração, Orlando decidiu submeter-se a concurso para provimento de cargos de agente de polícia federal. Ele foi aprovado na primeira etapa do certame, constituída de prova escrita, exame médico, prova de capacidade física e avaliação psicológica, o que lhe garantiu o direito de passar à segunda etapa do concurso, consistente em curso de formação profissional.

Acerca do direito administrativo e da situação proposta, julgue os itens abaixo.

1) Como Orlando ainda encontrava-se em estágio probatório, a administração pública não poderia conceder-lhe licença para participar do curso de formação profissional. (Certo/Errado)

2) Caso Orlando pedisse hoje exoneração do cargo que ocupa no Ministério da Justiça, então ele teria direito a receber, a título de férias, o valor correspondente a cinco terços da sua remuneração na data da exoneração. (Certo/Errado)

3) Se viesse a tomar posse no cargo de agente de polícia federal quando já fosse estável no cargo que ocupava no quadro funcional do Ministério da Justiça, então Orlando poderia pedir a vacância deste cargo em decorrência de posse em cargo inacumulável. Nesse caso, se fosse reprovado no estágio probatório do cargo de agente de polícia federal, Orlando poderia ser reconduzido ao seu antigo cargo. (Certo/Errado)

4) Caso Orlando viesse a ser aprovado no referido concurso, sua posse seria condicionada à apresentação de declaração de bens e valores que compusessem tanto o seu patrimônio privado quanto o patrimônio do seu cônjuge ou da sua

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companheira e das demais pessoas que vivessem sob sua dependência econômica. (Certo/Errado)

5) Se o referido concurso tivesse sido realizado para o preenchimento de vinte vagas e Orlando fosse aprovado na décima colocação, então seria obrigatória a sua nomeação para o cargo de agente de polícia federal antes do final do prazo de validade do certame. (Certo/Errado)

Julgue o item a seguir, relativo aos servidores públicos e à administração pública.

6) Sendo demandada sua assistência direta e contínua, um servidor de uma fundação pública federal teria direito a fruir licença por motivo de doença de sua companheira. Todavia, não sendo civilmente casado, um agente de polícia federal não poderia fruir essa mesma licença. (Certo/Errado)

7) Um agente de polícia federal poderia sofrer pena administrativa de demissão, imposta com base no poder disciplinar, caso indispusesse funcionários contra os seus superiores hierárquicos. Entretanto, um agente não poderia sofrer punição administrativa caso tentasse convencer outros agentes a não executarem a ordem de superior hierárquico no sentido de que, durante a noite, arrombassem a porta de uma residência para cumprir mandado judicial de prisão. (Certo/Errado)

8) Se um agente de polícia federal fosse designado para investigar a prática de corrupção passiva atribuída a ocupantes de cargos comissionados de autarquia federal, esse agente realizaria a investigação no exercício do poder de polícia, em razão do que seria indispensável a autorização judicial para a prática dos atos necessários. (Certo/Errado)

9) Se um agente de polícia federal, conduzindo viatura policial em serviço, atropelasse um cidadão estrangeiro residente no país, a vítima do acidente poderia propor ação de indenização diretamente contra o agente ou contra a União. Nesse caso, a União teria a obrigação de indenizar a vítima, independentemente de comprovação de culpa do agente de polícia, a menos que o acidente decorresse de culpa exclusiva da vítima do atropelamento. (Certo/Errado)

10) Caso ficasse demonstrado, em sede de processo administrativo regularmente realizado, que um agente de polícia federal recebera R$ 20.000,00 para deixar de realizar a prisão em flagrante de um traficante de drogas, então haveria de ser-lhe imposta, administrativamente, a pena de demissão. Todavia, se o agente

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fosse processado criminalmente pela prática do mesmo fato, simultaneamente à tramitação do processo administrativo, ele só poderia ser demitido após o trânsito em julgado da respectiva sentença condenatória. (Certo/Errado)

PF/2002

A Lei n.º 9.962, de 22/2/2000, disciplinou o regime de emprego público do pessoal da administração federal direta, autárquica e fundacional. A respeito dessa lei, julgue os itens que se seguem.

11) O pessoal admitido para emprego público na administração federal direta terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário. (Certo/Errado)

12) É permitido submeter ao regime de emprego público, por órgão, no máximo a metade dos cargos públicos de provimento em comissão. (Certo/Errado)

13) É vedado à administração pública rescindir contrato de trabalho por prazo indeterminado por insuficiência de desempenho de empregado que tenha sido admitido por concurso público, pois lhe é assegurada a estabilidade no emprego. (Certo/Errado)

14) A administração pública não poderá, por ato unilateral, rescindir contratos de trabalho por prazo indeterminado em razão da necessidade de redução do quadro de pessoal decorrente de excesso de despesa. (Certo/Errado)

15) A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, ou de processo seletivo simplificado, constando de análise da experiência profissional e de entrevistas, conforme a natureza e a complexidade do emprego. (Certo/Errado)

Pedro e Ricardo, previamente ajustados e com unidade de desígnios, subtraíram do almoxarifado de uma agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em um final de semana, vários computadores e impressoras de propriedade da empresa. Pedro era funcionário público e aproveitou essa circunstância para ter acesso à garagem interna do órgão e transportar o produto do crime, assim como para ter a posse de cópia da chave da porta do almoxarifado, unidade onde estava lotado como atendente. Ricardo desconhecia o fato de seu comparsa ser funcionário público. Descoberta a subtração, instaurou-se um processo administrativo disciplinar em desfavor de Pedro. Após conclusão, o processo administrativo foi encaminhado ao MP.

A propósito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

16) Mesmo comprovada a autoria da subtração dos equipamentos em sede de processo administrativo disciplinar, com a observância do contraditório e da ampla defesa, Pedro não estará sujeito à pena disciplinar de demissão antes do término do processo-crime. (Certo/Errado)

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17) Ocorrendo a demissão de Pedro, haverá a vacância do cargo público que ocupava. (Certo/Errado)

Julgue os itens a seguir, quanto ao direito administrativo.

18) A Constituição da República exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras e alienações, bem como para a concessão e a permissão de serviços públicos. Na hipótese de licitação para a concessão de serviços públicos, se, no certame, aparecerem interessados, mas nenhum for selecionado em decorrência da inabilitação ou da desclassificação, admite-se a dispensa da licitação. (Certo/Errado)

19) Nos crimes de responsabilidade, tais como os atos que atentem contra a probidade na administração, o presidente da República será processado e julgado pelo Senado Federal. Trata-se, na hipótese, de um controle legislativo. (Certo/Errado)

Considere a seguinte situação hipotética.

João, assistente de transporte do Ministério da Saúde, conduzia regularmente um veículo oficial quando, inopinadamente, Anísio, que queria se suicidar, jogou-se na pista de rolamento contra o automotor, vindo a ser atropelado e morto. Antes do atropelamento, João, que estava empreendendo velocidade abaixo da permitida para o local, chegou a acionar o sistema de freios do veículo.

20) Nessa situação, em face da responsabilidade objetiva do Estado, a família de Anísio fará jus à reparação civil do dano. (Certo/Errado)

Considere a seguinte situação hipotética.

A empresa de vigilância privada Águia Segurança & Vigilância Ltda. foi notificada pela Comissão de Vistoria da Polícia Federal para, no prazo de 35 dias, sanear processo administrativo concernente à revisão de autorização de funcionamento, por meio da apresentação de uma série de documentos. A empresa não apresentou todos os documentos exigidos na notificação, sendo que, em vistoria para atualização de Certificado de Segurança, constatou-se a inobservância de inúmeros requisitos básicos para o funcionamento, também não-regularizados em tempo hábil após notificação. A Portaria DPF n.º 992/95 prevê a possibilidade de aplicação de pena de cancelamento do registro de funcionamento de empresa de segurança privada que deixe de possuir qualquer dos requisitos básicos exigidos para o funcionamento e não promova o saneamento ou a readaptação quando notificada a fazê-lo.

21) Nessa situação, diante do poder regular de polícia, poderá a autoridade competente cancelar o registro de funcionamento da empresa Águia Segurança & Vigilância Ltda. sem que, para tanto, tenha de recorrer previamente ao Poder Judiciário. (Certo/Errado)

Considere a seguinte situação hipotética.

Célio era titular do cargo de nível médio de fiscal de tributos federais, extinto, juntamente com suas carreiras, pela Lei n.º 2.000/2001. A referida lei criou, em substituição, a carreira de auditor fiscal da Receita Federal, com duzentos cargos de nível superior e com conteúdo ocupacional diverso, determinando o aproveitamento dos ocupantes dos cargos extintos nos ora criados.

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22) Nessa situação, houve uma forma de provimento derivado de cargo público perfeitamente permitido pelo Regime Jurídico Único e pela Constituição da República. (Certo/Errado)

Em uma auditoria realizada na sociedade comercial Mercaminas Ltda., Anísio, auditor fiscal da Receita Federal, constatou várias irregularidades na escrituração fiscal-contábil da empresa e uma sonegação de imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) no valor de R$ 300 mil. Verificou, ainda, que a empresa também tinha sonegado ICMS no período analisado. Ao tomar conhecimento das conclusões da auditoria, Benito, sócio-gerente da empresa, ofereceu a Anísio a importância de R$ 30 mil para não lavrar o auto de infração referente à sonegação do IRPJ. Anísio, após refletir um pouco, recebeu o valor oferecido e deixou de lavrar o auto de infração. Silvério, superior hierárquico de Anísio, por intermédio de uma representação, tomou ciência do recebimento da vantagem indevida pelo subalterno, assim como da omissão na lavratura do auto de infração, mas, por benevolência, deixou de responsabilizá-lo, bem como de levar o fato ao conhecimento das autoridades competentes, arquivando o expediente. Anísio, em dois anos no exercício da função de auditor fiscal, amealhou um patrimônio em imóveis avaliado em R$ 4 milhões, oriundo das vantagens indevidamente recebidas e exigidas de contribuintes fiscalizados. Apesar da não instauração do procedimento administrativo fiscal, o Ministério Público Federal teve acesso a peças informativas que comprovavam a sonegação fiscal, o recebimento de vantagens indevidas por parte de Anísio e a evolução de seu patrimônio.

Com relação a essa situação hipotética e à legislação pertinente, julgue o item seguinte.

23) Constituem atos de improbidade administrativa por parte de Anísio o recebimento de vantagens patrimoniais indevidas para omitir atos de ofício e a aquisição de bens imóveis, no exercício do cargo e em razão dele, cujos valores sejam desproporcionais à sua renda. (Certo/Errado)

PF/2004

Considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do Ministério da Justiça, julgue o item a seguir.

24) Se fosse transformado em autarquia federal, o DPF passaria a integrar a administração indireta da União. (Certo/Errado)

Considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do Ministério da Justiça, julgue o item a seguir.

25) Por pertencer o DPF ao Poder Executivo, os atos praticados por agentes públicos lotados nesse órgão não são sujeitos a controle legislativo, mas apenas a controles administrativo e judicial. (Certo/Errado)

Com referência ao direito brasileiro, julgue o item que se segue.

26) Como o princípio da legalidade submete a administração pública às leis, o Poder Legislativo deve ser considerado hierarquicamente superior ao Poder Executivo. (Certo/Errado)

Com referência ao direito brasileiro, julgue o item que se segue.

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27) A Polícia Federal é incompetente para investigar crimes cometidos contra sociedades de economia mista porque esse tipo de pessoa jurídica não integra a administração pública direta nem a indireta.

Antônio é um agente de polícia federal que se negou a cumprir ordem emanada de seu superior hierárquico, por ser ela manifestamente ilegal. Em represália, o superior hierárquico determinou, de ofício, a remoção do agente para outro estado da Federação.

Com relação à situação hipotética acima, julgue o item seguinte, considerando que os agentes de polícia federal são ocupantes de cargo público federal.

28) Antônio praticou ato lícito ao negar-se a cumprir a ordem manifestamente ilegal. (Certo/Errado)

29) Antônio somente teria direito a impugnar judicialmente o ato de remoção de ofício após esgotados os meios administrativos de impugnação do referido ato. (Certo/Errado)

30) O ato de remoção caracteriza exercício de poder disciplinar.

31) O superior hierárquico do agente praticou crime de abuso de autoridade. (Certo/Errado)

32) O referido ato de remoção viola o princípio administrativo da finalidade. (Certo/Errado)

Acerca do direito administrativo, julgue o item seguinte.

Considere a seguinte situação hipotética.

Miriam, graduada em direito, é uma servidora pública da União que ocupa cargo de atividade policial.

33) Nessa situação, Miriam pode acumular esse cargo público federal com um cargo de professora em uma universidade estadual. (Certo/Errado)

Acerca do direito administrativo, julgue o item seguinte.

34) O ingresso na academia nacional de polícia é permitido a brasileiros naturalizados. (Certo/Errado)

35) O estágio probatório dos servidores federais ocupantes de cargos de atividade policial tem duração de 2 anos, contados a partir do ingresso no curso de formação da Academia Nacional de Polícia. (Certo/Errado)

PF/2009

36) O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.

37) O princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade retrata a presunção absoluta de que os atos praticados pela administração pública são verdadeiros e estão em consonância com as normas legais pertinentes. (Certo/Errado)

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No que se refere à organização administrativa da União e ao regime jurídico dos servidores públicos civis federais, julgue o item seguinte.

38) A empresa pública e a sociedade de economia mista podem ser estruturadas mediante a adoção de qualquer uma das formas societárias admitidas em direito. (Certo/Errado)

39) O vencimento, a remuneração e o provento não podem ser objeto de penhora, exceto no caso de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. (Certo/Errado)

Quanto ao regime jurídico concernente aos funcionários policiais civis da União e do Distrito Federal, bem como às sanções aplicáveis aos agentes públicos, julgue o item a seguir.

40) Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente constitui ato de improbidade administrativa e, por consequência, impõe a aplicação da lei de improbidade e a sujeição do responsável unicamente às sanções nela previstas. (Certo/Errado)

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QUESTÕES COMENTADAS

PF/2000

Considere a seguinte situação hipotética.

Orlando é hoje servidor de nível médio do quadro funcional do Ministério da Justiça, onde trabalha há exatamente um ano, dois meses e vinte dias, não tendo gozado férias, nem solicitado qualquer licença ou faltado ao trabalho um dia sequer. Insatisfeito com sua remuneração, Orlando decidiu submeter-se a concurso para provimento de cargos de agente de polícia federal. Ele foi aprovado na primeira etapa do certame, constituída de prova escrita, exame médico, prova de capacidade física e avaliação psicológica, o que lhe garantiu o direito de passar à segunda etapa do concurso, consistente em curso de formação profissional.

Acerca do direito administrativo e da situação proposta, julgue os itens abaixo.

1. Como Orlando ainda encontrava-se em estágio probatório, a administração pública não poderia conceder-lhe licença para participar do curso de formação profissional. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está ERRADO.

Excelente quesito. Para sua resolução, peço sempre que guarde as licenças e os afastamentos que não podem ser concedidos aos servidores durante o estágio probatório [o período em que o servidor passa por testes acerca de suas habilidades - 36 meses].

Isso mesmo. Se você guardar o que não pode, que são poucos casos, todo o resto pode. É o tal macete de concurso. Vejamos as vedações:

- Licença para tratar de interesses particulares;

- Licença-capacitação;

- Mandato classista;

- Participação em programa de Pós-graduação, no país, strictu sensu.

Assim, é permitida a licença para participar de curso de formação profissional.

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Referência legislativa:

Lei 8.112, de 1990:

Art. 20. (...).

§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

2. Caso Orlando pedisse hoje exoneração do cargo que ocupa no Ministério da Justiça, então ele teria direito a receber, a título de férias, o valor correspondente a cinco terços da sua remuneração na data da exoneração.

Comentários:

O item está CERTO.

Não é uma questão trivial. Vejamos.

Nos termos da Lei 8.112, de 1990, os servidores farão jus a 30 dias de férias, cumuladas, no máximo, em dois períodos, e, ainda assim, se houver necessidade do serviço. Essa regra não é válida para aqueles que operam com Raios X ou substâncias radioativas, pois gozarão 20 dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.

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O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.

No caso, Orlando trabalhou um ano, dois meses e vinte dias. Para facilitar o cálculo, vamos imaginar que a remuneração de Orlando é R$ 1.200,00 reais.

Como trabalhou um ano, terá direito a receber o valor cheio da remuneração mais 1/3 de adicional de férias, no caso, 1200 + 400 = 1600,00.

Perceba que ele trabalhou o correspondente a três meses, isso porque a fração superior a 14 dias é considerada, para efeito de cálculo, um mês. Assim, 3/12*1200 = 300. Sobre este montante deve ser aplicado o adicional de 1/3, logo, mais 100.

Vamos somar as parcelas: 1600,00 + 300 + 100 = 2000,00.

Quanto isso corresponde em relação à remuneração? É só dividir. Logo, 2000/1200. Simplificando, 20/12, 10/6, 5/3. Voilà, chegamos à resposta (cinco terços da remuneração no ato da exoneração).

3. Se viesse a tomar posse no cargo de agente de polícia federal quando já fosse estável no cargo que ocupava no quadro funcional do Ministério da Justiça, então Orlando poderia pedir a vacância deste cargo em decorrência de posse em cargo inacumulável. Nesse caso, se fosse reprovado no estágio probatório do cargo de agente de polícia federal, Orlando poderia ser reconduzido ao seu antigo cargo.

Comentários:

Nos termos da Lei 8.112, de 1990, a recondução ocorre em duas hipóteses - na reintegração do ocupante do cargo e na inabilitação de estágio probatório.

No caso da inabilitação em estágio probatório, o inabilitado deverá ter ocupado cargo anterior, no qual já era estável. Desse modo, ao ser inabilitado no novo cargo, deverá retornar ao anteriormente ocupado.

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Assim, no caso hipotético, Orlando poderá ser reconduzido ao cargo anterior, haja vista sua condição de estável.

Interessante questão diz respeito à possibilidade da recondução a pedido.

Imagina o seguinte: um Auditor da Receita logrou êxito (foi aprovado) no concurso para Perito da Polícia Federal. O Auditor, que já era estável no serviço público, resolve tomar posse e entrar em exercício no cargo de perito. Posteriormente, descontente com o novo cargo, revolve pedir para ser reconduzido.

Tal situação é juridicamente possível, dado se tratar de um ato menos gravoso do que a reprovação do servidor no estágio probatório, que poderia dar motivo à recondução.

Inclusive, esse foi o entendimento perfilhado pelo STF ao apreciar, dentre outros, o RMS 22.933-DF, de 1998. Portando, não há dúvida: reconhece-se o direito do servidor estável à recondução enquanto durar o estágio probatório do novo cargo.

Referência legislativa:

Lei 8.112, de 1990:

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:

I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;

II - reintegração do anterior ocupante.

Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

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4. Caso Orlando viesse a ser aprovado no referido concurso, sua posse seria condicionada à apresentação de declaração de bens e valores que compusessem tanto o seu patrimônio privado quanto o patrimônio do seu cônjuge ou da sua companheira e das demais pessoas que vivessem sob sua dependência econômica. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está CERTO.

É o que determina o §5º do art. 13 da Lei 8.112, de 1990. Vejamos:

Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.

§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.

5. Se o referido concurso tivesse sido realizado para o preenchimento de vinte vagas e Orlando fosse aprovado na décima colocação, então seria obrigatória a sua nomeação para o cargo de agente de polícia federal antes do final do prazo de validade do certame.

Comentários:

O item, à época, foi considerado ERRADO. As coisas mudaram! Explico.

Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a aprovação gera ao candidato expectativa de direito à investidura no cargo ou emprego em questão, ou seja, o aprovado em concurso público tem mera expectativa de direito à nomeação. A prova foi aplicada no ano de 2000, quando vigorava, de forma latente, a ideia da mera expectativa de direito.

Acontece que, por uma questão de moralidade, de respeito aos cidadãos, a jurisprudência mudou. No STJ, decisões como as seguintes passaram a surgir:

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Servidor público - Concurso - Aprovação de candidato dentro do número de vagas previstas em edital - Direito líquido e certo à nomeação e à posse no cargo. (Recurso em Mandado de Segurança n° 19.922)

E, agora, o martelo foi batido pelo STF (RE 598099). O Supremo reconheceu o direito subjetivo à nomeação. Segundo a Corte, a Administração Pública deverá agir eficientemente ao deflagrar concurso público para provimento de cargos públicos e nomear os candidatos aprovados em número igual ao dos cargos vagos previstos no edital do certame, homenageando-se a profissionalização da função pública.

Assim, ressalvadas situações excepcionalíssimas, a nomeação do candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital é obrigatória. Por isso, hoje, o gabarito da questão seria CERTO.

Fica atento à alteração jurisprudencial.

Julgue o item a seguir, relativo aos servidores públicos e à administração pública.

6. Sendo demandada sua assistência direta e contínua, um servidor de uma fundação pública federal teria direito a fruir licença por motivo de doença de sua companheira. Todavia, não sendo civilmente casado, um agente de polícia federal não poderia fruir essa mesma licença.

Comentários:

O item está ERRADO.

A licença por motivo de saúde dos familiares e da própria do servidor vem regulada nos arts. 83 e 202 a 206-A da Lei 8.112, de 1990.

Nos termos do art. 83 da Lei, a licença poderá ser concedida por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial.

No entanto, a licença só será concedida se a assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário.

O prazo máximo de gozo da licença é de 150 dias, no período de 12 meses, sendo que, até 60 dias, consecutivos ou não, o servidor fará jus à remuneração; até 90 dias, consecutivos ou não, sem remuneração.

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A licença pode ser concedida, ainda, para tratamento de saúde do próprio servidor. Nesse caso, pode dá-se de ofício ou a pedido, sendo condição sine qua non a inspeção médica oficial (perícia), só se admitindo, excepcionalmente, atestado passado por médico particular. A lei abre uma exceção para as licenças inferiores ao prazo de 15 dias, dentro de um ano, em que fica dispensada a perícia oficial.

Agora, se a licença exceder o prazo de 120 dias no período de 12 meses, a contar do primeiro dia de afastamento, a concessão será mediante avaliação por junta médica oficial. E mais: se a hipótese de licença abranger o campo de atuação de odontologia, faz-se necessária a atuação de cirurgião-dentista.

Então, qual é o erro da questão?

Perceba que o enunciado faz destaque à necessidade de o servidor estar civilmente casado. Acontece que a Lei 8.112, de 1990, alcança, inclusive, os companheiros.

7. Um agente de polícia federal poderia sofrer pena administrativa de demissão, imposta com base no poder disciplinar, caso indispusesse funcionários contra os seus superiores hierárquicos. Entretanto, um agente não poderia sofrer punição administrativa caso tentasse convencer outros agentes a não executarem a ordem de superior hierárquico no sentido de que, durante a noite, arrombassem a porta de uma residência para cumprir mandado judicial de prisão. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está CERTO.

No rol exemplificativo de direitos e garantias individuais e coletivos, destaca-se o direito à inviolabilidade domiciliar. Em consonância com a Constituição, a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador.

Para a compreensão da extensão do direito em tela, cumpre fixar o conceito de “casa”. Segundo a doutrina, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente, compreendendo não só o domicílio ou a residência, como qualquer aposento ocupado de habitação coletiva e compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce alguma profissão ou atividade, como é o caso dos escritórios profissionais de contabilidade e de advocacia.

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Contudo, a proteção da inviolabilidade da casa cede diante das seguintes situações: a qualquer hora do dia, em caso de flagrante delito, desastres, ou para prestar socorro; como também por determinação judicial, porém, nesse caso, somente durante o dia. Perceba, no enunciado, que o ingresso deu-se durante a noite, portanto, em ofensa aos ditames constitucionais. Assim, o agente público não deve praticar a ordem, porque manifestamente ilegal.

Cabe registrar que, recentemente, o Supremo Tribunal Federal considerou válido o ingresso de autoridade policial em recinto profissional durante a noite, para a instalação de equipamentos de captação acústica (escuta ambiental), firmando-se a orientação de que a escuta ambiental não se sujeita aos mesmos limites da busca domiciliar.

Na doutrina, há grande divergência sobre a definição do que seja “durante o dia”. Há os que defendam o critério físico-astronômico, entre a aurora e o crepúsculo. Para outros, o melhor critério é o horário, que vai das 6 às 18 horas, por sua objetividade e segurança. Uma terceira corrente defende a conjugação da definição dos critérios anteriores.

Dessa forma, o cumprimento de mandato judicial de busca domiciliar fora desses limites, por exemplo, é medida que viola a proteção em estudo. Só se estenderá além deles em face da complexidade e necessidade de diligência iniciada ainda “durante o dia”.

Enquanto direito fundamental, a proteção à inviolabilidade domiciliar encontra-se protegida pela cláusula de irredutibilidade constante da Constituição, sendo elevada pelo constituinte à condição de limite material ao Poder de Reforma Constitucional.

8. Se um agente de polícia federal fosse designado para investigar a prática de corrupção passiva atribuída a ocupantes de cargos comissionados de autarquia federal, esse agente realizaria a investigação no exercício do poder de polícia, em razão do que seria indispensável a autorização judicial para a prática dos atos necessários. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está ERRADO.

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Há uma diferença gritante entre Poder de Polícia Administrativa e Poder Disciplinar. O primeiro é a prerrogativa de limitar, restringir e condicionar direitos, bens e atividades, dos particulares em geral, em prol do interesse coletivo ou segurança do próprio Estado. O segundo (o disciplinar) é para apuração e responsabilização dos servidores públicos e particulares que se submetam a um vínculo especial com a Administração.

Assim, um primeiro erro é que a investigação, por não limitar, condicionar, ou restringir coisa alguma não diz respeito ao exercício do poder de polícia administrativa. Esse tipo de investigação “mais se aproxima” do Poder Disciplinar, ou, mais precisamente, diz respeito ao Poder de Polícia Judiciária. Quando nossas ilustres organizadoras citam poder de polícia, isoladamente, querem se referir à polícia administrativa. Fica ligado(a).

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O segundo erro é mais evidente. Um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade, ou seja, os atos são operados imediatamente pela Administração, sem que haja necessidade de autorização judicial prévia.

Ou seja, ainda que considerássemos correto o uso do poder de polícia, enquanto atividade judiciária, haveria o erro da autoexecutoriedade.

9. Se um agente de polícia federal, conduzindo viatura policial em serviço, atropelasse um cidadão estrangeiro residente no país, a vítima do acidente poderia propor ação de indenização diretamente contra o agente ou contra a União. Nesse caso, a União teria a obrigação de indenizar a vítima, independentemente de comprovação de culpa do agente de polícia, a menos que o acidente decorresse de culpa exclusiva da vítima do atropelamento. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está ERRADO.

Em termos de responsabilidade, já houve muita discussão a respeito de contra quem poderia ser proposta a ação judicial cabível para que fosse promovida a indenização do prejudicado pela atuação estatal. Para fins de concurso público, a

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questão já foi pacificada pelo STF. A seguir, trecho do Recurso Extraordinário 327.904:

A ação de indenização há de ser promovida contra a pessoa jurídica causadora do dano e não contra o agente público, em si, que só responderá perante a pessoa jurídica que fez a reparação, mas mediante ação regressiva.

Alguns esclarecimentos.

Em primeiro lugar, ao lançar tal entendimento, o STF acabou criando uma “garantia de mão dupla”:

I) com a ação judicial de indenização promovida contra a Administração, o prejudicado fica relativamente protegido, já que, ao menos em tese, terá mais chance de ser indenizado, pois o Estado tem mais “força financeira” que o servidor. Em síntese, há, na visão da Corte Constitucional, uma chance maior de indenização por parte do administrado; e,

II) protege-se, também, o servidor, o qual responderá somente perante a própria Administração, mediante ação regressiva, depois de eventual indenização do prejudicado, segundo a doutrina majoritária. Por curioso, a Lei dispõe que, para a ação de regresso, é suficiente o trânsito em julgado da sentença judicial condenatória contra a Administração.

10. Caso ficasse demonstrado, em sede de processo administrativo regularmente realizado, que um agente de polícia federal recebera R$ 20.000,00 para deixar de realizar a prisão em flagrante de um traficante de drogas, então haveria de ser-lhe imposta, administrativamente, a pena de demissão. Todavia, se o agente fosse processado criminalmente pela prática do mesmo fato, simultaneamente à tramitação do processo administrativo, ele só poderia ser demitido após o trânsito em julgado da respectiva sentença condenatória. (Certo/Errado)

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Comentários:

O item está ERRADO.

Os cargos públicos devem ser exercidos com normalidade, ou seja, dentro dos limites da Lei. O indevido exercício do cargo levará o seu ocupante, o servidor, a responder pelas infrações cometidas. Conhecidamente, a responsabilização do servidor pode ocorrer em três esferas: civil (prejuízo material), penal (crimes e contravenções) e administrativa, de acordo com o caso.

Estas esferas, com as respectivas penalidades, ainda que independentes, poderão ser cumulativas, é dizer, um servidor que tenha sofrido uma sanção na esfera administrativa poderá também ser apenado cível e penalmente, em razão de um mesmo fato.

Ou seja, o fato de correr em desfavor do servidor um processo criminal não impede, sobremodo, que sua responsabilidade seja apurada em sede administrativa, e que, eventualmente, seja penalizado.

Apesar de fecharmos a análise do item, acrescento que a absolvição penal negando a autoria do crime ou a afirmando a inexistência do fato interfere nas outras duas esferas (civil e administrativa). O que não ocorre, no entanto, quando a absolvição é por inexistência de provas. Fica ligado(a).

Por que a esfera criminal repercute nas demais?

Isso se deve à apreciação das provas na esfera criminal, que é muito mais ampla, mais minudente.

PF/2002

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A Lei n.º 9.962, de 22/2/2000, disciplinou o regime de emprego público do pessoal da administração federal direta, autárquica e fundacional. A respeito dessa lei, julgue o item que se segue.

11. O pessoal admitido para emprego público na administração federal direta terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.

Comentários:

O item está CERTO.

Um breve parêntese antes da análise propriamente dita.

A Administração Pública Direta e Indireta de Direito Público (autarquias e fundações), para o desempenho regular de suas atividades, precisam da contratação, em sentido amplo, de agentes públicos: servidores estatutários efetivos e comissionados, temporários, empregados, entre outros.

Relativamente à contratação de empregados públicos, o texto constitucional, com redação pela Emenda Constitucional 19/1998 (EC 19/1998), ao promover a quebra da obrigatoriedade da adoção do Regime Jurídico Único (Lei 8.112/1990, na esfera federal), possibilitou o acesso de empregados aos quadros da Administração Direta e Indireta, autárquica e fundacional. No entanto, distintamente dos cargos efetivos, a contratação só pode ser dirigida para o exercício de tarefas não finalísticas do Estado, ou seja, atividades-meio e não exclusivas do Estado. Quanto aos requisitos constitucionais para a validade da contratação, é necessária a realização de prévio concurso público, de provas ou de provas e títulos, de acesso aos brasileiros e estrangeiros, estes na forma da lei. A inobservância desse requisito acarreta a nulidade do contrato de trabalho, impedindo a formação de vínculo com a Administração, sem prejuízo de responsabilização funcional da autoridade que determinou a contratação e de pagamento do saldo dos salários e do FGTS.

Todavia, o acesso mediante concurso público não gera para os empregados a aquisição de estabilidade, pelo menos nos moldes dos servidores estatutários. Nos termos da Lei Federal 9.962/2000 - responsável por disciplinar o regime de emprego na União, Administração Direta, autárquica e fundacional - a dispensa do emprego é cercada de garantias não encontradas nas relações travadas entre os particulares.

Nesse contexto, são observados o contraditório e a ampla defesa para a dispensa, então restrita a situações graves, como o acúmulo ilegal de cargos, empregos e funções, a falta grave prevista na CLT, a insuficiência de desempenho e o excesso de pessoal/despesas.

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Apesar das considerações acima, o Supremo Tribunal Federal deferiu parcialmente medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.135, para suspender a eficácia do artigo 39, caput, da CF/1988, com redação trazida pela EC 19/1998 (pluralidade de regimes), voltando a vigorar a primitiva redação, a qual previa a obrigatoriedade do regime jurídico único. Como a medida foi concedida com efeitos ex nunc, os concursos públicos efetuados para a contratação de celetistas até a decisão liminar são considerados válidos. Portanto, fácil concluir que a Administração está impedida de admitir, até a decisão final de mérito, novos servidores sob o regime celetista, como garantia a Lei 9.962/2000.

Vamos retomar a análise.

De fato, o pessoal admitido para emprego público na administração federal direta terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.

Com o realce de que, hoje, a questão está desatualizada, em face da ADI/STF 2135.

Referência legislativa:

Lei 9.962, de 2000

Art. 1o O pessoal admitido para emprego público na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.

12. É permitido submeter ao regime de emprego público, por órgão, no máximo a metade dos cargos públicos de provimento em comissão.

Comentários:

O item está ERRADO.

A seguir, vejamos o disposto no art. 1º da Lei 9.962, de 2000:

Art. 1o O pessoal admitido para emprego público na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.

§ 2o É vedado:

I – submeter ao regime de que trata esta Lei:

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a) servidores que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolvam atividades exclusivas de Estado, nos termos das leis mencionadas no art. 247 da Constituição Federal; VETADO.

b) cargos públicos de provimento em comissão;

II – alcançar, nas leis a que se refere o § 1o, servidores regidos pela Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, às datas das respectivas publicações.

Isso mesmo. Cargos públicos comissionados não podem ser transformados em empregos públicos. Perceba que a Lei não permite qualquer percentual.

Apesar das considerações acima, o Supremo Tribunal Federal deferiu parcialmente medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.135, para suspender a eficácia do artigo 39, caput, da CF/1988, com redação trazida pela EC 19/1998 (pluralidade de regimes), voltando a vigorar a primitiva redação, a qual previa a obrigatoriedade do regime jurídico único.

Como a medida foi concedida com efeitos ex nunc, os concursos públicos efetuados para a contratação de celetistas até a decisão liminar são considerados válidos. Portanto, fácil concluir que a Administração está impedida de admitir, até a decisão final de mérito, novos servidores sob o regime celetista, como garantia a Lei 9.962/2000.

13. É vedado à administração pública rescindir contrato de trabalho por prazo indeterminado por insuficiência de desempenho de empregado que tenha sido admitido por concurso público, pois lhe é assegurada a estabilidade no emprego.

Comentários:

O item está ERRADO.

A Lei 9.962, de 2000, no art. 3º, inc. IV, permite que o contrato de trabalho, ainda que celebrado por prazo indeterminado, possa ser rescindido unilateralmente pela Administração.

Referência legislativa:

Lei 9.962, de 2000:

Art. 3o O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes hipóteses:

I - prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

II - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

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III - necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição Federal;

IV - insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.

Parágrafo único. Excluem-se da obrigatoriedade dos procedimentos previstos no caput as contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão de que trata o § 8o do art. 37 da Constituição Federal.

14. A administração pública não poderá, por ato unilateral, rescindir contratos de trabalho por prazo indeterminado em razão da necessidade de redução do quadro de pessoal decorrente de excesso de despesa.

Comentários:

O item está ERRADO.

A Lei 9.962, de 2000, no art. 3º, inc. III, permite que o contrato de trabalho, ainda que celebrado por prazo indeterminado, possa ser rescindido unilateralmente pela Administração.

Referência legislativa:

Lei 9.962, de 2000:

Art. 3o O contrato de trabalho por prazo indeterminado somente será rescindido por ato unilateral da Administração pública nas seguintes hipóteses:

I - prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

II - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

III - necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição Federal;

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IV - insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.

Parágrafo único. Excluem-se da obrigatoriedade dos procedimentos previstos no caput as contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão de que trata o § 8o do art. 37 da Constituição Federal.

Referência doutrinária:

Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

Na esfera federal, o regime de emprego público do pessoal da Administração Direta, autárquica e fundacional está disciplinado pela Lei 9.962, de 22-2-00, segundo a qual o pessoal celetista será regido pela CLT no que a lei não dispuser em contrário, o que nem precisava ser dito, porque, sendo da União a competência privativa para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, da Constituição), é evidente que ela pode derrogar, por lei específica para os servidores federais, a legislação trabalhista. A lei repete a exigência de lei para a criação de empregos, já prevista no artigo 61, § 1º, II, a, da Constituição, vedando expressamente a utilização de medidas provisórias para esse fim (art. 4º). Veda a aplicação do regime celetista para os cargos em comissão, para os servidores regidos pela Lei 8.112/90, bem como para a criação de empregos não criados por leis específicas; repete a exigência constitucional, contida no artigo 37, II, de concurso público de provas ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego; cria certo grau de estabilidade para os servidores celetistas contratados por prazo indeterminado, ao estabelecer que a rescisão unilateral só poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: I -prática de falta grave, dentre as enumeradas no art. 482 da CLT; II -acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; III -necessidade de redução de quadro de pessoal, por excesso de despesa, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 169 da Constituição; IV -insuficiência de desempenho, apurada em procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em 30 dias, e o prévio conhecimento dos padrões mínimos exigidos para continuidade da relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as peculiaridades das atividades exercidas.

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Esse procedimento só é dispensado para as contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão de que trata o § 8º do art. 37 da Constituição Federal (a referência é aos órgãos da Administração Direta e entidades da Administração Indireta que celebram contrato - o chamado contrato de gestão - com o Poder Público, para obtenção de maior autonomia, nos termos do dispositivo constitucional). A lei permite também a transformação de cargos em empregos, o que só poderá alcançar os cargos efetivos que estejam vagos, tendo em vista que os cargos em comissão foram excluídos da abrangência da lei; por outro lado, se o cargo efetivo estiver ocupado, estará o servidor regido pela Lei 8.112/90 e, portanto, também excluído do alcance da lei (art. 1º, § 2º, II).

15. A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, ou de processo seletivo simplificado, constando de análise da experiência profissional e de entrevistas, conforme a natureza e a complexidade do emprego.

Comentários:

O item está ERRADO.

Nos termos do art. 2º da Lei 9.962, de 2000, a contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego.

Ou seja, a contratação de empregados não é exceção ao princípio do concurso público, conforme o inc. II do art. 37 da CF, de 1988. Assim, não é aplicável, à espécie, o processo seletivo simplificado. Este procedimento de seleção é utilizado para a contratação de agentes temporários, nos termos da Lei 8.745, de 1995.

Pedro e Ricardo, previamente ajustados e com unidade de desígnios, subtraíram do almoxarifado de uma agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em um final de semana, vários computadores e impressoras de propriedade da empresa. Pedro era funcionário público e aproveitou essa circunstância para ter acesso à garagem interna do órgão e transportar o produto do crime, assim como para ter a posse de cópia da chave da porta do almoxarifado, unidade onde estava lotado como atendente. Ricardo desconhecia o fato de seu comparsa ser funcionário público. Descoberta a subtração, instaurou-se um processo administrativo disciplinar em desfavor de Pedro. Após conclusão, o processo administrativo foi encaminhado ao MP.

A propósito dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.

16. Mesmo comprovada a autoria da subtração dos equipamentos em sede de processo administrativo disciplinar, com a observância do contraditório e da ampla defesa, Pedro não estará sujeito à pena disciplinar de demissão antes do término do processo-crime.

Comentários:

O item está ERRADO.

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Os cargos públicos devem ser exercidos com normalidade, ou seja, dentro dos limites da Lei. O indevido exercício do cargo levará o seu ocupante, o servidor, a responder pelas infrações cometidas. Conhecidamente, a responsabilização do servidor pode ocorrer em três esferas: civil (prejuízo material), penal (crimes e contravenções) e administrativa, de acordo com o caso.

Estas esferas, com as respectivas penalidades, ainda que independentes, poderão ser cumulativas, é dizer, um servidor que tenha sofrido uma sanção na esfera administrativa poderá também ser apenado cível e penalmente, em razão de um mesmo fato.

Ou seja, o fato de correr em desfavor do servidor um processo criminal não impede, sobremodo, que sua responsabilidade seja apurada em sede administrativa, e que, eventualmente, seja penalizado. Não há necessidade de aguardar o término do processo-crime.

Apesar de fecharmos a análise do item, acrescento que a absolvição penal negando a autoria do crime ou a afirmando a inexistência do fato interfere nas outras duas esferas (civil e administrativa). O que não ocorre, no entanto, quando a absolvição é por inexistência de provas. Fica ligado(a).

Por que a esfera criminal repercute nas demais?

Isso se deve à apreciação das provas na esfera criminal, que é muito mais ampla, mais minudente.

17. Ocorrendo a demissão de Pedro, haverá a vacância do cargo público que ocupava.

Comentários:

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O gabarito preliminar foi CERTO. No entanto, depois dos recursos, houve alteração para ERRADO. Explico.

Pedro é funcionário da ECT. A ECT é empresa pública federal. Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado. A relação dos “servidores” destas entidades é regida pela CLT, sendo considerados empregados públicos, portanto, detentores de empregos e não de cargos públicos, como afirma o quesito.

Julgue o item a seguir, quanto ao direito administrativo.

18. A Constituição da República exige licitação para os contratos de obras, serviços, compras e alienações, bem como para a concessão e a permissão de serviços públicos. Na hipótese de licitação para a concessão de serviços públicos, se, no certame, aparecerem interessados, mas nenhum for selecionado em decorrência da inabilitação ou da desclassificação, admite-se a dispensa da licitação.

Comentários:

O item está ERRADO.

Não é uma questão trivial. Na verdade, a prova da PF nunca é trivial. Vejamos.

Quando a licitação é fracassada, ou seja, as empresas comparecem ao certame, mas suas documentações ou propostas não estão de acordo com os ditames do Edital, a Lei 8.666, de 1993, permite, depois da reabertura de prazo para correção (oito dias úteis), a dispensa de licitação.

Então qual é o erro?

Façamos, a priori, a leitura do art. 175 da CF:

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Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Então, percebeu o erro?

Não! Façamos, agora, a leitura do inc. XXI do art. 37 da CF:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Isso mesmo. O inc. XXI do art. 37 da CF, de 1988, remete-nos ao entendimento de licitar é regra, mas não é regra sem exceções, aplicando-se, por exemplo, os casos de licitação dispensável e inexigível.

Agora, o art. 175 da CF não traz qualquer ressalva! O texto é claro: sempre através de licitação. Logo inaplicáveis, no campo teórico, as hipóteses de licitação dispensável, como a da licitação fracassada.

19. Nos crimes de responsabilidade, tais como os atos que atentem contra a probidade na administração, o presidente da República será processado e julgado pelo Senado Federal. Trata-se, na hipótese, de um controle legislativo.

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Comentários:

O item está CERTO.

O controle legislativo é o controle a cargo do Poder Legislativo, sendo exercido pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias Legislativas, pelas Câmaras de Vereadores e pelas comissões parlamentares formadas dentro destes.

Referido controle é principalmente político, objetivando o controle do interesse da coletividade e não, propriamente, os direitos individuais.

A disciplina desse controle nós encontramos na própria Constituição da República nos artigos 49, 51 e 52, por exemplo. O art. 52 da CF, por exemplo, em seu inc. I, prevê como sendo competência privativa do Senado Federal o processamento e julgamento do Presidente e do Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.

Referência legislativa:

CF, de 1988:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

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VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Considere a seguinte situação hipotética.

20. João, assistente de transporte do Ministério da Saúde, conduzia regularmente um veículo oficial quando, inopinadamente, Anísio, que queria se suicidar, jogou-se na pista de rolamento contra o automotor, vindo a ser atropelado e morto. Antes do atropelamento, João, que estava empreendendo velocidade abaixo da permitida para o local, chegou a acionar o sistema de freios do veículo.

Nessa situação, em face da responsabilidade objetiva do Estado, a família de Anísio fará jus à reparação civil do dano. (Certo/ERRADO)

Comentários:

O item está ERRADO.

Com fundamento na alteridade, surge a ideia de que o Estado nem sempre será responsável pelos atos danosos causados a terceiros, havendo situações excludentes total ou parcial da responsabilidade civil do Estado, como na ocorrência da (o): culpa exclusiva da vítima, caso fortuito/força maior, e fato exclusivo de terceiros.

No caso, se o prejudicado, efetivamente, é o responsável integralmente pelo resultado danoso (culpa exclusiva da vítima), na realidade, não é vítima, mas o próprio responsável, devendo, portanto, arcar com os prejuízos (materiais e morais) causados a si mesmo. A culpa exclusiva do paciente é causa excludente da responsabilidade objetiva do Estado.

Vejamos. João, servidor público, vem dirigindo, com cautela, viatura do Estado. Daí, um particular qualquer avança o sinal e se joga contra o carro. Será que o Estado teria o dever de indenizar essa “vítima”?

Por razões óbvias, NÃO, em razão da culpa exclusiva do prejudicado quanto ao resultado danoso observado.

A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a pesquisa em torno da culpa da vítima para abrandar, ou mesmo excluir, o dever de o Estado promover a indenização do prejudicado, no caso de culpa exclusiva deste. Assim, se

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há culpa parcial da vítima, isso reduzirá proporcionalmente o quantum devido pelo Estado, é aquilo que a doutrina chama de culpa concorrente.

Por exemplo: o STJ reconheceu culpa concorrente entre empresa ferroviária e a vítima, esta atropelada na linha férrea depois de utilizar passagem clandestina aberta no muro. Portanto, fica nítido o erro recíproco: a vítima porque ciente do ato ilícito cometido; a empresa porque não conservou o muro e sequer fiscalizou o trânsito de pedestres em área proibida. Esse exemplo só faz esclarecer que a existência de concausas (duas ou mais causas), que contribuam para o evento danoso, não afasta, necessariamente, a responsabilidade objetiva do Estado.

Considere a seguinte situação hipotética.

A empresa de vigilância privada Águia Segurança & Vigilância Ltda. foi notificada pela Comissão de Vistoria da Polícia Federal para, no prazo de 35 dias, sanear processo administrativo concernente à revisão de autorização de funcionamento, por meio da apresentação de uma série de documentos. A empresa não apresentou todos os documentos exigidos na notificação, sendo que, em vistoria para atualização de Certificado de Segurança, constatou-se a inobservância de inúmeros requisitos básicos para o funcionamento, também não-regularizados em tempo hábil após notificação. A Portaria DPF n.º 992/95 prevê a possibilidade de aplicação de pena de cancelamento do registro de funcionamento de empresa de segurança privada que deixe de possuir qualquer dos requisitos básicos exigidos para o funcionamento e não promova o saneamento ou a readaptação quando notificada a fazê-lo.

21. Nessa situação, diante do poder regular de polícia, poderá a autoridade competente cancelar o registro de funcionamento da empresa Águia Segurança & Vigilância Ltda. sem que, para tanto, tenha de recorrer previamente ao Poder Judiciário.

Comentários:

O item está CERTO.

São características usualmente apontadas quanto ao exercício do Poder de Polícia: Discricionariedade, Coercibilidade e Autoexecutoriedade.

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A autoexecutoriedade consiste na possibilidade da maior parte dos atos administrativos decorrentes do exercício do Poder de Polícia ser imediata e diretamente executados pela própria Administração, independentemente de autorização ou intervenção ordem judicial.

É pressuposto lógico do exercício do Poder de Polícia, sendo necessária para garantir agilidade às decisões administrativas no uso desse poder. Assim, no caso apresentado, não há necessidade de prévia autorização do Judiciário para o cancelamento do registro de funcionamento.

Abro um parêntese para esclarecer que a autoexecutoriedade não está presente em todos os atos que venham a decorrer do Poder de Polícia Administrativa.

Com efeito, no caso, por exemplo, das multas, permite-se, de maneira autoexecutória, apenas a imposição destas, mas não a sua cobrança, a qual deverá ser realizada por meio da ação adequada na esfera judicial. Nem todos os atos que venham a decorrer do Poder de Polícia são, portanto, autoexecutórios.

E mais: não confunda a autoexecutoriedade das sanções de polícia com punição sumária e sem defesa. A adoção de medidas sumárias, sem defesa prévia por parte de um atingido por estas é fato raro, só podendo ser utilizada em situações excepcionais, quando a demora pode levar à ineficácia da

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medida, em si. É o que ocorre, por exemplo, na interdição de estabelecimentos que, por sua estrutura física, estejam a ameaçar a vida das pessoas, ou na apreensão e destruição de alimentos impróprios para o consumo humano. Nesse caso, pode-se adotar a medida, preliminarmente, para só então se dar vazão ao contraditório, com os meios que lhes são próprios. É o que a doutrina chama de contraditório postergado.

Considere a seguinte situação hipotética.

Célio era titular do cargo de nível médio de fiscal de tributos federais, extinto, juntamente com suas carreiras, pela Lei n.º 2.000/2001. A referida lei criou, em substituição, a carreira de auditor fiscal da Receita Federal, com duzentos cargos de nível superior e com conteúdo ocupacional diverso, determinando o aproveitamento dos ocupantes dos cargos extintos nos ora criados.

22. Nessa situação, houve uma forma de provimento derivado de cargo público perfeitamente permitido pelo Regime Jurídico Único e pela Constituição da República.

Comentários:

O item está ERRADO.

O “X” da questão é perceber que Célio é titular de cargo de nível médio. O cargo de auditor da Receita Federal é de nível superior. Explico.

Nos termos da Lei 8.112, de 1990, com a extinção do cargo do servidor estável, o detentor ficará em disponibilidade até o mais breve possível aproveitamento. Assim, em análise superficial, o candidato seria levado ao entendimento de que o quesito está perfeito, afinal o aproveitamento é uma das formas de provimento derivado prevista na Lei 8.112, de 1990.

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Vejamos, antes da conclusão final, o disposto no art. 30 da Lei 8.112, de 1990:

Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

Então, percebeu o erro?

Isso mesmo. Célio é titular de cargo de nível médio, e, por isso, não há identidade ou semelhança com o cargo de Auditor da Receita, de nível superior, e com atribuições e vencimentos, portanto, não compatíveis.

No caso, não há vedação de Célio, na condição de estável, ser aproveitado, por exemplo, no cargo de Assistente Técnico Administrativo (ATA), cargo de nível médio no âmbito da Receita Federal.

Em uma auditoria realizada na sociedade comercial Mercaminas Ltda., Anísio, auditor fiscal da Receita Federal, constatou várias irregularidades na escrituração fiscal-contábil da empresa e uma sonegação de imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) no valor de R$ 300 mil. Verificou, ainda, que a empresa também tinha sonegado ICMS no período analisado. Ao tomar conhecimento das conclusões da auditoria, Benito, sócio-gerente da empresa, ofereceu a Anísio a importância de R$ 30 mil para não lavrar o auto de infração referente à sonegação do IRPJ.

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Anísio, após refletir um pouco, recebeu o valor oferecido e deixou de lavrar o auto de infração. Silvério, superior hierárquico de Anísio, por intermédio de uma representação, tomou ciência do recebimento da vantagem indevida pelo subalterno, assim como da omissão na lavratura do auto de infração, mas, por benevolência, deixou de responsabilizá-lo, bem como de levar o fato ao conhecimento das autoridades competentes, arquivando o expediente. Anísio, em dois anos no exercício da função de auditor fiscal, amealhou um patrimônio em imóveis avaliado em R$ 4 milhões, oriundo das vantagens indevidamente recebidas e exigidas de contribuintes fiscalizados. Apesar da não instauração do procedimento administrativo fiscal, o Ministério Público Federal teve acesso a peças informativas que comprovavam a sonegação fiscal, o recebimento de vantagens indevidas por parte de Anísio e a evolução de seu patrimônio.

Com relação a essa situação hipotética e à legislação pertinente, julgue o item seguinte.

23. Constituem atos de improbidade administrativa por parte de Anísio o recebimento de vantagens patrimoniais indevidas para omitir atos de ofício e a aquisição de bens imóveis, no exercício do cargo e em razão dele, cujos valores sejam desproporcionais à sua renda.

Comentários:

O item está CERTO.

Vejamos, a seguir, o art. 9º da Lei 8.429, de 1992:

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

PF/2004

Considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do Ministério da Justiça, julgue o item a seguir.

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24. Se fosse transformado em autarquia federal, o DPF passaria a integrar a administração indireta da União. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está CERTO.

O Departamento de Polícia Federal é um órgão do Ministério da Justiça. O Ministério da Justiça, por sua vez, faz parte da estrutura orgânica da União, de sua Administração Direta.

No entanto, não há vedação de a União, ao lado da Administração Direta, atuar por intermédio da Administração Indireta. As seguintes pessoas administrativas integram a Administração Indireta: fundações, sociedades de economia mista, empresas públicas e autarquias.

Assim, se o DPF fosse transformado em autarquia, pessoa jurídica de Direito Público, passaria a integrar, de fato, a Administração Indireta.

Considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do Ministério da Justiça, julgue o item a seguir.

25. Por pertencer o DPF ao Poder Executivo, os atos praticados por agentes públicos lotados nesse órgão não são sujeitos a controle legislativo, mas apenas a controles administrativo e judicial. (Certo/Errado)

Comentários:

O controle legislativo é o controle a cargo do Poder Legislativo, sendo exercido pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias Legislativas, pelas Câmaras de Vereadores e pelas comissões parlamentares formadas dentro destes.

Referido controle é principalmente político, objetivando o controle do interesse da coletividade e não, propriamente, os direitos individuais.

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Vencida esta consideração teórica, importa desvendar se o DPF está ou não sujeito ao controle legislativo.

Veja o que informa o parágrafo único do art. 70 da CF, de 1988:

Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Não nos resta dúvida de que todos estão sujeitos ao controle legislativo federal: administração direta e indireta da União, Estados, Municípios, Distrito Federal, estes últimos (E, M, DF) quando recebem recursos repassados através de convênios, acordos, ou outros instrumentos.

Logo, o DPF acha-se, sim, sujeito ao controle legislativo, na qualidade de órgão do Ministério da Justiça, integrante da estrutura orgânica da Administração Direta.

Com referência ao direito brasileiro, julgue o item que se segue.

26. Como o princípio da legalidade submete a administração pública às leis, o Poder Legislativo deve ser considerado hierarquicamente superior ao Poder Executivo. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está ERRADO.

Questão relativamente simples.

De fato, os administradores só podem fazer ou deixar de fazer o que estiver autorizado ou permitido por lei. Isso não significa, sobremaneira, que o Poder Legislativo é superior ao Poder Executivo. A seguir, façamos a leitura do art. 2º da CF, de 1988:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Isso mesmo. Os Poderes são independentes entre si. A harmonia entre os poderes constituídos não quer significar que exista entre eles qualquer grau de subordinação.

Com referência ao direito brasileiro, julgue o item que se segue.

27. A Polícia Federal é incompetente para investigar crimes cometidos contra sociedades de economia mista porque esse tipo de pessoa jurídica não integra a administração pública direta nem a indireta.

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Comentários:

O item está ERRADO.

A Administração Indireta, de acordo com o atual modelo constitucional, é composta por: autarquias; fundações públicas; e empresas estatais ou governamentais (empresas públicas e sociedades de economia mista) e, mais recentemente, por associações públicas (os consórcios públicos de Direito Público).

Isso mesmo. Sociedades de Economia mista são pessoas administrativas integrantes da Administração Indireta.

Perfeito, encontramos o erro no quesito. Mas será que há outro? Enfim, pode ou não a PF investigar os crimes cometidos contra sociedades de economia mista? Vejamos.

Nos termos do inc. I do 1º do art. 144 da CF, a polícia federal, instituída por lei, como órgão permanente da União, destina-se a, por exemplo, apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.

Percebeu? Isso mesmo. O texto constitucional não faz menção expressa às sociedades de economia mista.

O art. 144 da CF, de 1988, prevê, expressamente, as entidades autárquicas – o assalto ao BACEN de Fortaleza foi investigado pela PF -, e as empresas públicas - delitos na CEF submetem-se à competência investigativa da PF. Agora, delitos praticados no BB (sociedade de economia mista), por exemplo, não estão sob a investigação da PF e sim da Polícia Civil local.

Então, na primeira parte do quesito, não há qualquer erro.

Acrescento que o processo ordinário contra a empresa pública federal correrá na Justiça Federal (art. 109 da CF), e contra as sociedades de economia mista, na Justiça Estadual.

Empresa pública Federal Justiça Federal

Sociedades de Economia Mista Justiça Estadual