Expectativas da CAN para a COP18 em Doha

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  • 7/30/2019 Expectativas da CAN para a COP18 em Doha

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    Doha - Elementos Fundamentais e Linhas de Ao

    Como a COP18 deve aumentar o nvel de ambio no curto prazo eestabelecer um caminho de combate s alteraes climticas para 2015

    A Rede de Ao Climtica (CAN, da sigla em ingls) a maior rede mundial da sociedade civil,

    com mais de 700 organizaes em 90 pases, que trabalham em conjunto na promoo da

    ao governativa para lidar com a crise climtica (www.climatenetwork.org). A Quercus

    membro da CAN Internacional fazendo parte do ncleo regional da Europa, a CAN Europa.

    O planeta est a dar sinais de alerta sobre como pode ser um cenrio de alteraes climticas desde secas histricas na frica Oriental, Estados Unidos da Amrica e Mxico, a cheiascatastrficas no Brasil e China, at ondas de calor na Europa. O espectro de escassez dealimentos est a aumentar.

    Estes sinais de alerta esto a ser ignorados pelos lderes mundiais cuja falta de ambio na

    reduo de gases de efeito de estufa (GEE) est a encaminhar o mundo para o caminho de umaquecimento entre 3,5 e 6 Celsius e de uma catstrofe climtica.

    Os acordos alcanados em Durban, em 2011, abriram novamente a possibilidade de revertereste cenrio e recolocar o mundo num caminho de emisses reduzidas, pronto para tirarpartido das oportunidades que surgem pelos novos mercados e inovao tecnolgica dastecnologias limpas, pelo investimento, emprego e crescimento econmico. Contudo esta

    janela de oportunidade estar aberta por pouco tempo. Para alcanar este potencial sonecessrias aes decisivas na 18 Conferncia das Partes (COP18) da Conveno das NaesUnidas sobre Alteraes Climticas (UNFCCC, na sigla em ingls), em Doha, Qatar. O nvel deambio a curto prazo tem de ser mais elevado e tem de ser acordado um calendrio denegociaes para conseguir um regime climtico global justo, ambicioso e vinculativo em

    2015.

    Os elementos essenciais para serem concludos em Doha, incluem:

    Compromisso para um aditamento para um segundo perodo de compromisso doProtocolo de Quioto (PQ), que deve ser aplicado imediatamente a um conjunto de pasesdesenvolvidos Unio Europeia, Noruega, Sua, Austrlia e Nova Zelndia - com umobjetivo de reduo de emisses de GEE entre os 25% e 45%, com base nas emisses de1990, e um procedimento de ajustamento a nveis de ambio mais elevados. Estecompromisso deve remover a possibilidade de contabilizao de falsas redues deemisses (como conservar as unidades de quantidade atribuda (AAU, na sigla em ingls) eno utilizadas), melhorar as regras de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM, na

    sigla em ingls) e de Implementao Conjunta (JI, na sigla em ingls).

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    Os pases desenvolvidos que no tm obrigaes no mbito do PQdevem demonstrarque conhecem as suas responsabilidades atravs da adoo de compromissos rigorosos equantificveis de reduo de emisses de GEE, num esforo comparvel e transparenteem relao aos pases com compromissos no mbito do PQ.

    Os pases em desenvolvimento devem registar as suas aes de mitigao, para alm deassumirem redues voluntrias incluindo o Qatar.

    Acordar que o pico global de emisses ser alcanado em 2015, o que significa que ospases desenvolvidos precisam de reduzir as suas emisses de forma mais rpida eprovidenciarem apoio aos pases em desenvolvimento para estes poderem tomar maismedidas de mitigao.

    Os pases desenvolvidos devem assumir o compromisso de financiamento pblico entre2013-2015 que (a) contenha pelo menos o dobro da quantia do perodo de arranquerpido (2010-2012) e assegurar um rpido progresso para o objetivo de 100 mil milhes dedlares (b) inclua, pelo menos, 10 a 15 mil milhes de dlares, entre 2013 e 2015, de novofinanciamento pblico para o Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em ingls);

    Aceitar o compromisso de avanar de forma significativa na busca de fontes inovadoras definanciamento pblico; acordar num processo de avaliao das reais necessidades definanciamento, aps a primeira avaliao em 2013.

    Acordar sobre as modalidades de financiamento dos Planos Nacionais de Adaptao paraalargar o trabalho destes planos imediatamente; e estabelecer uma segunda fase doprograma de trabalho sobre danos e perdas para a reflexo sobre os princpios, funes eestrutura operacional de um mecanismo internacional para lidar as perdas e danosassociados aos impactes climticos (incluindo a reabilitao e compensao);

    A rpida operacionalizao do Fundo Verde para o Clima, da Comisso Permanente, doregisto dos Planos Nacionais de Ao de Mitigao dos pases em desenvolvimento

    (NAMA, na sigla em ingls), da Comisso Executiva Tecnolgica e dos CentrosTecnolgicos.

    Os pases em Doha devem acordar sobre um plano de trabalho da Plataforma de Ao deDurban (Ad hoc Working Group on the Durban Platform for Enhanced Action, ADP) paraaumentar o nvel de ambio a curto prazo:

    Este plano deve ter por base um relatrio tcnico de avaliao das lacunas na ambio dereduo de emisses, formas de elimin-las e um relatrio de progresso; aumentar osobjetivos em todos os setores econmicos de reduo de emisses dos pasesdesenvolvidos para fechar as lacunas existentes entre o nvel de ambio atual e anecessidade de manter o aquecimento global abaixo de 1,5C; assegurar que qualquernovo mecanismo de mercado deve tornar mais ambiciosas as metas de redues globais,com regras rigorosas; ajudar os pases em desenvolvimento a reduzir as suas emissesatravs de um rpido escalonamento do financiamento pblico climtico, focando asaes na economia em geral ou em alguns setores que rapidamente contribuam paratrajetrias de emisses significativamente mais baixas e apoiando iniciativas quereduzam custos, eliminem barreiras e a perceo de risco, para que tecnologias eabordagens de baixo ou zero carbono possam ser competitivas a curto prazo.

    Para permitir que os pases em desenvolvimento aumentem as aes de mitigao e lidemde forma adequada com a adaptao, o financiamento pblico de 2013 a 2015 deve serpelo menos o dobro daquele oferecido pelos pases desenvolvidos para o fundo de

    financiamento de arranque rpido; deve haver um processo de reavaliao e adequaodos compromissos financeiros escala global, na distribuio geogrfica e nas aes a

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    abranger. Deve ser iniciado o Plano Doha de Capacidade de Ao para os prximos doisanos.

    Os pases devem aprender com o desastre de Copenhaga, definindo um plano de trabalho daADP nesta COP18, com um calendrio claro, momentos cruciais e prazos para os assuntos

    chave, de forma a conseguir um caminho para a negociao de um regime climtico global

    justo, ambicioso e vinculativo em 2015. O plano de trabalho da ADP para 2015 deve:

    Incluir os resultados preliminares do Painel Intergovernamental para as AlteraesClimticas (IPCC, na sigla em ingls), e iniciar imediatamente um programa de trabalhoque respeite princpios de equidade;

    Ser consistente com o objetivo de no ultrapassar um aumento de temperaturaglobal de 1,5C e definir um nvel de concentrao de carbono com alta probabilidadede sucesso, incluindo objetivos e aes dentro de um quadro justo que fornea apoiofinanceiro, tecnolgico e capacitao aos pases que necessitarem;

    Ter como base o Protocolo de Quioto e a Conveno para as Alteraes Climticas,bem como os desenvolvimentos e melhoria das suas regras entretanto acordados ,incluindo a transparncia numa contabilidade comum precisa e um eficaz processo deconformidade, respeitando os princpios de equidade;

    Assegurar de forma sria o apoio para lidar com os impactes das alteraes climticasque j no se podem evitar;

    Ser guiado por uma Mesa responsvel por compilar um texto para apresentar naCOP19 (2013), por completar as negociaes at COP20 (2014) e apresentar umaverso de rascunho de um protocolo para um acordo justo, ambicioso e vinculativo,para circular em Maio de 2015.

    Depois do desastre de Copenhaga, os lderes polticos no tm mais alternativas. Os pases

    tm de conseguir um acordo justo, ambicioso e vinculativo at 2015, o mais tardar,

    comeando j em 2012 a dar os primeiros passos para um plano ambicioso pr-2020, para

    prevenir os cenrios catastrficos das alteraes climticas. No h mais espao na

    atmosfera e na poltica para um segundo falhano.

    Documento integral em ingls: http://climatenetwork.org/publication/doha-milestones-and-action

    Resumo em ingls: http://climatenetwork.org/publication/doha-milestones-and-action-summary-october-2012