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180 casos de remunicipalização Tarifa média (R$/m 3 ) Municípios atendidos pelo setor privado no Brasil EUA: 59 casos 332 245 França: 49 casos Espanha: 12 casos Ale- manha: 8 casos 3 casos 2 casos 1 caso 0 Evolução dos serviços no Tocantins 65 73 83 13 22 1998 2010 2015 ESGOTO População atendida (%) ÁGUA REALIZAÇÃO: APOIO 2011 2013 2015 2009 2005 2007 2003 2,96 3,20 3,43 1,33 1,34 1,42 Empresas Privadas Companhias Estaduais Média Nacional Prorrogação dos prazos de contrato A cláusula referente ao equilíbrio econômico-financeiro, comum aos contratos de concessão, vem justificando a prorrogação dos prazos estabelecidos no mo- mento da licitação. São muitos os exemplos. A Conasa conquistou para a Águas de Itapema, em Santa Catarina, um segundo aditivo ao contrato que fez o faturamento pular de R$ 35,489 para R$ 47,994 mil e o prazo saltar de 25 para 40 anos. A GS Inima Brasil conseguiu prorrogação por duas vezes para a Ambient Ribeirão Preto (SP). Primeiro, o prazo passou de 2018 para 2023 e depois para 2033. Detalhe: o contrato já prevê duração de 39 anos. Outros municípios que estenderam o prazo são Birigui (SP), da concessionária Latam Water; Ara- guaína, Gurupi, Palmas e Porto Nacional (TO), da Saneatins. Essas informa- ções constam nos balanços dos controladores. A ssim como ocorre em vários segmentos, no saneamento é comum a existência de executivos que circulam do setor público para o privado e vice-versa – prá- tica conhecida como “porta giratória”. O presidente da Aegea já atuou em agências regulatórias; ex-diretores da Sanepar (do Paraná) estão na Iguá, que tem ainda no Conselho de Administração um ex-presidente da Sabesp (SP) e do Cade, órgão federal que avalia fusões, aquisições e investiga possíveis cartéis. Já o conselho da BRK tem Arno Meyer, ligado ao PSDB e vice-presidente de Finanças da Caixa. Ele era do governo Alckmin e foi secretário de Política Econômica de FHC. Na BRK ele ocupa a vaga a que o banco público tem direito por ser sócio da empresa. contrato grudento Reajuste mais elevado para empresas privadas Aumentos autorizados de 2003 a 2015 tornaram as contas de água e esgoto das concessionárias privadas 11,6% maiores do que a média nacional Reestatização também no Brasil Reestatização do serviço em 77 municípios do Tocantins Executivos do setor público para o privado e vice-versa Cresce a financeirização e a internacionalização do mercado privado de saneamento básico no país, considerando os serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto. Segmento é altamente concentrado, com as cinco líderes à frente de 85,3% do total de contratos. Dado o grau de insatisfação, reestatização já é realidade também no Brasil Investimentos privados só nas áreas nobres das cidades Poder público nas favelas e bairros menos rentáveis Denúncias de corrupção pairam sobre os controladores Ú nica empresa pública estadual de água e esgoto já privatizada no país (entre 1998 e 2002), a Companhia de Sanea- mento do Tocantins (Saneatins) perdeu a maior parte de seus contratos para a Agência Tocantinense de Saneamen- to (ATS). Trata-se de uma autarquia fundada pelo governo do estado em 2010, justamente para ser uma alternativa pública diante da insatisfação da maior parte das loca- lidades atendidas pela iniciativa privada. A Saneatins se manteve, sobretudo, na área urbana dos municípios mais populosos. Os de menor porte e as áreas rurais eram os mais insatisfeitos com os serviços prestados. O mundo reestatiza os serviços de água Pesquisa internacional mapeou 180 experiências de remunicipalização recentes no mundo E ntre os motivos que levam à remunicipalização estão retrocessos e violações gera- dos pelos processos de privatização, como aumento do preço da água, recusa do setor privado em expandir o sistema para populações mais pobres e falta de transparência. O Reino Unido, meca das privatizações nos anos 1980, ainda não está na relação abaixo, mas isso pode ser uma questão de tempo. A população de lá não está nada satisfeita com os serviços. Levantamento realizado em 2017 pelo Instituto Legatum indica que 83% dos habitantes são a favor da nacionalização dos serviços de água. As críticas recaem também sobre a financeirização das empresas, pois, controladas por fundos de investimentos, os lucros são distribuídos em dividendos para os acionistas e executivos, enquanto a qualidade do serviço se deteriora. O s investimentos nas áreas com os ser- viços concedidos não necessariamente são aplicados pela iniciativa privada. Nosso dinheiro público costuma dar uma for- cinha, contando inclusive para que a empresa alcance suas metas de expansão dos serviços, estabelecidas em contrato. E xemplo clássico vem da Zona Oeste Mais Saneamento, concessionária de esgoto atuante na Zona Oeste do Rio, controlada pela Saab e BRK. Seus investimentos excluem favelas não urbanizadas. Lá, quase a metade da meta de amplia- ção da rede nos primeiros cinco anos de contrato (2012-2017) foi executada pela prefeitura (228 km ante 500 km no total). S eis grupos controladores estão envolvidos na Operação Lava-Jato, o que as leva a vender ati- vos neste momento de recuperação em que se en- contram. A Odebrecht vendeu a Odebrecht Ambiental para o fundo de investimento canadense Brookfield, que batizou a empresa de BRK Ambiental. A Galvão vendeu a maior parte da CAB Ambiental para outro fundo de investimento, controlado por um brasileiro, que batizou a empresa de Iguá Saneamento. Já os controladores do Grupo Águas do Brasil (Saab) – donos da Carioca Engenharia, Ricardo Backheuser e Ricardo Backheuser Junior, o Ricardo Pernambuco – são delatores da Lava-Jato. 3 casos: África do Sul Hungria Kazaquistão 2 casos: Venezuela Colômbia Bolívia Uruguai Marro cos Itália Ucrânia Uzbequistão China Malásia 1 caso: Moçambique Albânia Turquia Líbano Jordânia Cabo Verde Guiné FONTE: PSIRU, Food & Water Watch, Corporate Accountability International, Remunicipalisation Tracker. Extraído de: Veio para ficar: a remunicipalização da água como uma tendência global, publicado pela Unidade Internacional de Pesquisa de Serviços Públicos (PSIRU), Instituto Transnacional (TNI) e Observatório Multinacional, 2015. FONTE: “Panorama da participação privada no saneamento - Brasil 2017 - Edição Especial - Gestores Municipais”, editada pelas entidades de classe do setor, Abcon e Sindcon. Peça o seu exemplar no site da Abcon Suposta eficiência do setor privado não se concretizou C urioso é que, no Tocantins, a iniciativa privada não foi ca- paz de promover avanços substanciais. Ou seja, o argumento mais usado pelos defensores das privatizações não foi compro- vado, mesmo após 17 anos de atuação. Na área da concessionária privada, ape- nas 32% da população atendida possui sistema de coleta de esgoto. A iniciativa privada detém o controle da Saneatins desde 2002, porém o processo de venda da companhia teve início em 1998. N os últimos anos, a iniciativa privada vem conseguindo reajustes médios mais elevados, tornando-se líder quando o assunto é tarifa alta: 3,43/m 3 , ante R$ 2,96/m 3 (Fonte: SNIS/Spris 2015). As autarquias municipais pra- ticam as tarifas mais baixas. Os dados constam em publicação editada pelas próprias instituições patronais do setor: “Panorama da participação pri- vada no saneamento – Brasil 2017 – Edição Especial – Gestores Municipais”, da Abcon e Sindcon. Veja o gráfico abaixo! Realização Instituto Mais Democracia (IMD) Conselho Ademar Bertucci (presidente) Gabriel Strautman Marcia Vales Coordenação João Roberto Lopes Pinto ([email protected]) Pesquisadores Maurício Ferreira Silvia Noronha -coordenadora ([email protected]) Texto e edição: Silvia Noronha (Tel.: 55 21 99464-0479) Criação e diagamação: Pablo Ramos Impressão Barbero Indústria Gráfica e Editora Ltda. Tiragem 2.000 exemplares / Instituto Mais Democracia EXPEDIENTE Tralização: Apoio: Copyleft. É permitida a reprodução total ou parcial dos textos aqui reunidos, desde que seja citado(a) o(a) autor(a) e que se inclua a referência ao artigo original. O Brasil no mapa da reestatização O universo privado do setor no Brasil também já foi maior. O número total de municípios atendidos por concessionárias privadas caiu de 322 para 245, devido à reestatização no estado do Tocantins. Há outros exemplos mais recentes de quebra ou interrupção de contratos, com retomada pelo setor público, em Santo Antônio de Pádua e São João de Meriti, no estado do Rio, ambos em 2017. Entretanto, as duas ci- dades não foram excluídas da pesquisa porque as situações estavam sendo contestadas e pode haver reversão do quadro. FONTE: Este e o gráfico “Evolução dos serviços no Tocantins” tem como fonte: Privatização de Companhia Estadual de Saneamento: A Experiência Única do Tocantins - Lições para Novos Arranjos com a Iniciativa Privada, de Raquel Soares, Irene Altafin, Maria Teresa Duclos e Samuel Arthur Dias (FGV, Ceri, 2017). Disponível na internet. PROPRIETARIOS DO BRASIL ? QUEM SÃO OS SANEAMENTO NO

EXPEDIENTE - br.boell.org · SANEAMENTO E PARTICIPAÇÕES S.A 46 42 5701,66 4.543.031 IGUÁ SANEAMENTO S.A (ex-Companhia de Águas do Brasil – CAB então do grupo Queiroz Galvão)

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viços concedidos não necessariamente

são aplicados pela iniciativa privada.

Nosso dinheiro público costuma dar uma for-

cinha, contando inclusive para que a empresa

alcance suas metas de expansão dos serviços,

estabelecidas em contrato.

Exemplo clássico vem da Zona Oeste Mais Saneamento,

concessionária de esgoto atuante na Zona Oeste do Rio,

controlada pela Saab e BRK. Seus investimentos excluem

favelas não urbanizadas. Lá, quase a metade da meta de amplia-

ção da rede nos primeiros cinco anos de contrato (2012-2017)

foi executada pela prefeitura (228 km ante 500 km no total).

S eis grupos controladores estão envolvidos na

Operação Lava-Jato, o que as leva a vender ati-

vos neste momento de recuperação em que se en-

contram. A Odebrecht vendeu a Odebrecht Ambiental para

o fundo de investimento canadense Brookfield, que batizou

a empresa de BRK Ambiental. A Galvão vendeu a maior

parte da CAB Ambiental para outro fundo de investimento,

controlado por um brasileiro, que batizou a empresa de Iguá

Saneamento. Já os controladores do Grupo Águas do Brasil

(Saab) – donos da Carioca Engenharia, Ricardo Backheuser

e Ricardo Backheuser Junior, o Ricardo Pernambuco –

são delatores da Lava-Jato.

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Tracker. Extraído de: Veio para ficar: a remunicipalização da água como

uma tendência global, publicado pela Unidade Internacional de Pesquisa de

Serviços Públicos (PSIRU), Instituto Transnacional (TNI) e Observatório

Multinacional, 2015. FONTE: “Panorama da participação privada no saneamento - Brasil 2017 - Edição Especial - Gestores Municipais”, editada pelas entidades de classe do setor, Abcon e Sindcon. Peça o seu exemplar no site da Abcon

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ConselhoAdemar Bertucci (presidente)

Gabriel StrautmanMarcia Vales

Coordenação João Roberto Lopes Pinto

([email protected])

Pesquisadores Maurício Ferreira

Silvia Noronha -coordenadora([email protected])

Texto e edição:Silvia Noronha (Tel.: 55 21 99464-0479)

Criação e diagamação:Pablo Ramos

ImpressãoBarbero Indústria Gráfica e Editora Ltda.

Tiragem2.000 exemplares

/ Instituto Mais Democracia

EXPEDIENTE

Tralização: Apoio:

Copyleft. É permitida a reprodução total ou parcial dos textos aqui reunidos, desde que seja citado(a) o(a) autor(a) e que se inclua a referência ao artigo original.

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PROPRIETARIOS DO

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CONSTRUTORA PREMIER LTDA 1 1 15 ,88 12 .388EMISSÃO ENGENHAR IA E CONSTR . LTDA 1 1 14 ,07 57 .921ENCOMIND ENGENHAR IA COMÉRC IO E INDÚSTR IA LTDA

1 1 2 ,60 14 .917

MATÉR IA PERFURAÇÃO DE POÇOS LTDA 1 1 3 ,10 120 .692NASC IMENTO ENGENHAR IA E COMÉRC IO LTDA 1 1 n .d 9 .455NATURAGUA D I S TR IBU IDORA DE ÁGUA LTDA 1 1 n .d 24 .305OAS SOLUÇÕES AMB IENTA I S S .A 1 1 1116 ,00 1 .349 .113PERE IRA CAMPANHA LTDA 1 1 8 ,00 33 .851PERENGE ENGENHAR IA E CONCESSÕES LTDA 1 1 10 ,86 12 .317SANDR IN I & BOTEGA 1 1 n .d 19 .527SGA S I S TEMA DE GESTÃO AMB IENTAL LTDA

1 1 33 ,70 146 .338

TRA I L INFRAESTRUTURA LTDA 1 1 290 ,00 409 .497

TOTA I S 245 *** 198 46 .629 .576

BRK AMB IENTAL ( ex -ODEBRECHT AMB IENTAL S .A )

109 69 9876 ,50 19 .505 .971

AEGEA SANEAMENTO E PART I C I PAÇÕES S .A

46 42 5701 ,66 4 .543 .031

IGUÁ SANEAMENTO S .A ( ex -Companh i a de Água s do B ra s i l – CAB en tão do g rupo Que i r o z Ga l vão )

36 36 4707 ,27 8 .415 .506

SAAB* SANEAMENTO AMB IENTAL ÁGUAS DO BRAS I L S .A

16 14 2504 ,47 4 .791 .285

GS IN IMA BRAS I L LTDA 8 8 1004 ,39 2 .799 .139

ANDRADE GUT I ERREZ S .A/ CAMARGO CORREA S .A 6 1 2214 ,00 1 .303 .211

UNIÁGUAS LATAM WATER PART I C I PAÇÕES LTDA

4 4 14 ,57 389 .819

CONASA COMPANHIA NAC IONAL DE SANEAMENTO S .A

3 3 548 ,87 218 .690

PLANEX ENGENHAR IA LTDA / GLOBAL ENGENHAR IA 3 3 9 ,56 48 .486

SETAE SERV. DE TRAT. DE ÁGUA E E SGOTO LTDA

3 3 n .d 41 .091

SOLV Í PART. EM PROJETOS DE SANEAMENTO LTDA**

2 2 3672 ,24 1 .128 .089

ACC IONA ÁGUA 1 1 420 ,00 234 .937

RANK ING F INAL DAS EMPRESAS DO SETOR

* Dos contratos que detém, um deles foi compartilhado com a BRK |**Como apontado acima dois dos municípios onde a empresa detém concessão são compartilhados com outras empresas (SGA; Solví)*** No estado de São Paulo contam mais de um contrato para concessionárias dife-rentes, para os municípios de Birigui (Latam Water–Uniáguas; Matéria Perfuração de Poços), Guarulhos (Iguá; OAS), Jaú (Saab; SGA) e Mauá (Iguá; BRK), assim estes foram contabilizados apenas uma vez, a despeito desse fato.**** Valores consideram investimentos do poder concedente e/ou da concessionária previstos em contrato, segundo “Panorama da participação privada no saneamento – Brasil 2017 – Edição Especial – Gestores Municipais***** Número de habitantes dos municípios envolvidos.

Total de Municípios

Total de contratos

População atingida

Investidor majoritário

Investimento Previsto

Com capital estrangeiro

Investidor minoritário

METODOLOGIA DA PESQUISA: Base de dados sobre os contratos extraída de “Panorama da participação privada no saneamento – Brasil 2017 – Edição Especial – Gestores Municipais”,

editada pela Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon). A pesquisa sobre os controladores das empresas utiliza metodologia desenvolvida pelo Instituto Mais Democracia para o mapeamen-

to dos “Proprietários do Brasil”. São fontes de informação os sites: da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Econoinfo, Junta Comercial de São Paulo, portais de Relações com Investidores das empresas e notícias em jornais.

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AS C INCO MAIORESConcentração de mercado : c inco maiores contro lam 85 ,3% do tota l de contratos e estão em 87 ,8% dos munic íp ios

OUTRAS

Controlador:Brookfield Asset Manage-

ment Inc (70% antiga Brascan), fundo de investimento canadense que gerencia ativos de US$ 42 bi (cerca de

R$ 160 bi). Atua nos setores imobi-liário, concessão de estradas,

energia, logística.

Minoritários:Fundo de Investimento FI-FGTS (30%) e Fundo japonês Sumitomo (14%

dos 70%).

Minoritário:Tecnicas y Gestion

MédioAmbiental S.A.U., com 2,2% (espa-

nhol).

Controlador:GS E&C, grupo sul-coreano,

por meio da GS Inima Environment S.A. (97,8%) - Ex-OHL, de capital espa-nhol, adquirido em 2011/2012 pela GS holding, grupo sul-coreano líder no setor de eng. e construção, 5º conglomera-

do do país em receita. Líder mun-dial em dessalinização.

Controladores: Famílias Toledo e Vettorazzo (71,05%), dona da Equipav

S.A. Pavimentação, Engenharia e Comércio, por meio da Grua Investimentos (59,44%) e

do FIP Saneamento (11,61%).

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Controlador:FIP Iguá - Fundo de Propósito

Específico, gerido pelo IG4 Capital (ex-RKP Investimentos), de Paulo Mattos,

presidente do Conselho de Administração da Iguá, ex-sócio da GP Investimentos. Principais

controladores do FIP Iguá: IG4 Capital (45,5%); Galpar (28,6%) da Galvão Participações

(antiga controladora; hoje acionista passiva); e Banco Votorantim

(9,2%).

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$ $

Controladores: Carioca Christiani-Nielsen Engenharia (54%), de

Ricardo Backheuser e Ricardo Backheuser Junior, o Ricardo

Pernambuco.

$ $

Minoritários:Fundo Soberano do

Governo de Cingapura – GIC (18,67%)e Banco Mundial

por meio do IFC e do Global Infrastructure Fund – GIF

(10,28%).

$ $

Mi-noritário:

BNDESPar (15,8%).

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Minoritários:grupo japonês Itochu

(12%) – comprou metade da participação da Queiroz Galvão

Saneamento S.A. (ficou hoje com 12%); New Water Participações

Ltda (17%).

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Capital estran-geiro:

58%15 empresas

27%das empresas

BRK e Iguá são totalmente controladas por instituições financeiras privadas e públicas

Fundos de investimento

e instituições financeiras:

PROPRIETARIOS DO

BRASIL?QUEM SÃO OS

SANEAMENTO NO

8 (3,26%) 8 2.799.139

16 (6,5%) 14 4.791.285

1 109 (44,5%) 69 19.505.971$ $

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46 (18,8%) 42 4.543.031$ $

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36 (14,7%) 36 8.415.506