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NUS Explorar o potencial de espécies negligenciadas e subutilizadas Mensagens chave As espécies negligenciadas e subutilizadas (Neglected and Underutilized Species – NUS, na sigla em inglês), também conhecidas como culturas menores ou "órfãs", podem ajudar a lidar com problemas globais tais como a redução da fome e da pobreza, e a adaptação às alterações climáticas: As comunidades rurais, especialmente em áreas marginais, cultivam, colhem, consomem e comercializam uma vasta gama de NUS, incluindo "alimentos florestais", que contribuem significativamente para a sua subsistência. As NUS podem ajudar os agricultores a gerir os riscos económicos e ambientais, e apresentam opções importantes para adaptar a agricultura às alterações climáticas. A diversidade genética em NUS, e o conhecimento indígena sobre o seu uso, são fundamentais para a segurança alimentar e os sistemas agrícolas sustentáveis. A investigação e o desenvolvimento podem contribuir significativamente para melhorar as cadeias de valor e popularizar o consumo de NUS. Muitas NUS são altamente nutritivas. Quando integradas numa dieta variada, ajudam a combater a subnutrição, fome oculta, o excesso de peso e a obesidade. Um maior reconhecimento e a procura de NUS podem capacitar as mulheres, que são frequentemente os principais produtores, processadores e comerciantes destes recursos. A diversidade genética nas NUS está em rápido declínio, exigindo uma ação urgente para as conservar em bancos de germoplasma e nos campos dos agricultores. A capacidade humana e institucional para investigação e apoio à conservação e utilização de NUS é fragmentada, irregular e pouco financiada. NOTA INFORMATIVA

Explorar o potencial de espécies negligenciadas e ... · biodiversidade, é o resultado da evolução e seleção naturais e melhoramento por parte de agricultores ao longo dos milénios

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NUS

Explorar opotencial de

espéciesnegligenciadas e subutilizadas

Mensagens chave

As espécies negligenciadas e subutilizadas (Neglected and Underutilized Species – NUS, na sigla eminglês), também conhecidas como culturas menores ou "órfãs", podem ajudar a lidar com problemasglobais tais como a redução da fome e da pobreza, e a adaptação às alterações climáticas:

As comunidades rurais, especialmente em áreas marginais, cultivam, colhem, consomem ecomercializam uma vasta gama de NUS, incluindo "alimentos florestais", que contribuemsignificativamente para a sua subsistência.As NUS podem ajudar os agricultores a gerir os riscos económicos e ambientais, e apresentamopções importantes para adaptar a agricultura às alterações climáticas.A diversidade genética em NUS, e o conhecimento indígena sobre o seu uso, sãofundamentais para a segurança alimentar e os sistemas agrícolas sustentáveis.A investigação e o desenvolvimento podem contribuir significativamente para melhorar ascadeias de valor e popularizar o consumo de NUS.Muitas NUS são altamente nutritivas. Quando integradas numa dieta variada, ajudam acombater a subnutrição, fome oculta, o excesso de peso e a obesidade.Um maior reconhecimento e a procura de NUS podem capacitar as mulheres, que sãofrequentemente os principais produtores, processadores e comerciantes destes recursos.A diversidade genética nas NUS está em rápido declínio, exigindo uma ação urgente para asconservar em bancos de germoplasma e nos campos dos agricultores.A capacidade humana e institucional para investigação e apoio à conservação e utilização deNUS é fragmentada, irregular e pouco financiada.

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Biodiversidade agrícola e NUS

Biodiversidade–ou diversidade biológica–é avariedade dentro e entre todas as espéciesde plantas, animais e micro-organismos eos ecossistemas onde vivem e interagem. Abiodiversidade agrícola, um subconjunto dabiodiversidade, é o resultado da evolução eseleção naturais e melhoramento por partede agricultores ao longo dos milénios.

Muitos agricultores, especialmente em áreasnão adequadas para variedades de altorendimento, confiam numa vasta gama deNUS1 para subsistirem. Espécies como ofeijão-frade ou feijão-caupí e a quinoaevoluíram ao longo do tempo e estãoadaptadas às condições particulares ondecrescem, muitas vezes em sistemasagrícolas de sequeiro de baixaprodutividade. Centenas de plantas,árvores, cogumelos e animais emecossistemas naturais também fornecemalimento e rendimento. Mas a importânciadas NUS – também conhecidas comoculturas menores ou órfãs – éfrequentemente negligenciada. As políticasagrícolas e os mercados favorecemvariedades geneticamente uniformes depoucas culturas de alta produção e culturasagrícolas de base tais como trigo, arroz,chá, café e cacau.

NUS tais como os cereais dos Andes,painços menores e hortícolas de folhachamaram a atenção de cientistas edoadores durante, pelo menos, 20 anos.Porém, só recentemente é que a suacontribuição estratégica para acabar com apobreza e com a insegurança alimentar e

nutricional se tornou mais amplamentereconhecida. A Declaração de Córdoba de2012 sobre Culturas Promissoras para oSéculo XXI, as celebrações do AnoInternacional da Quinoa, em 2013 e orecente lançamento da Academia Africanade Melhoramento Vegetal pelo ConsórcioAfricano de Culturas Órfãs são apenasalguns exemplos do crescente interessenestas espécies. Uma série de organizaçõesestão a reunir esforços para potenciar aconservação e a utilização de NUS,2 massão necessários mais investimentos paraintegrar estas espécies em sistemasalimentares e agrícolas.

Recentemente, as organizações agrícolas eos decisores políticos reconheceram opapel atual e o potencial por explorar dasNUS para a segurança alimentar enutricional, gerando receitas em áreasrurais, reforço da resiliência, adaptando-seàs alterações climáticas e atenuando osriscos climáticos, agronómicos eeconómicos. Em 2008, o primeiro simpósiointernacional sobre este tema foi realizadoem Arusha, na Tanzânia, seguido de umevento semelhante em Kuala Lumpur,Malásia, em 2011. Em Setembro de 2013, oGana acolheu a 3.a Conferência Internacionalsobre Espécies Negligenciadas eSubutilizadas: Para a Segurança Alimentarem África.3

Aprendendo com as lições obtidas pelasiniciativas mencionadas acima, esta nota desensibilização realça papéis chave de NUSao responder a cinco desafios críticos dedesenvolvimento: a conservação dabiodiversidade agrícola; o desenvolvimentoagrícola e rural; as alterações climáticas; asegurança alimentar e nutricional; questões

1 "Espécies negligenciadas e subutilizadas" é uma expressão abrangente que inclui, por exemplo, culturas, árvores, animais einsetos. Esta menção de sensibilização foca-se principalmente em espécies de plantas (culturas, árvores, plantas medicinais).

2 O trabalho do Bioversity International para potenciar a conservação sustentável e a utilização de NUS em todo o mundo égenerosamente apoiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA); pelo Centro Técnico de CooperaçãoAgrícola e Rural (CTA); pelo Ministério Federal para a Cooperação Económica e de Desenvolvimento, Alemanha (BMZ); pelaDeutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH; pela Organização das Nações Unidas para aAlimentação e a Agricultura (FAO); pela União Europeia (UE) e pelo Secretariado dos Estados de África, do Caribe e doPacífico (ACP); pelo Programa de Investigação para as Alterações Climáticas do Grupo Consultivo para a InvestigaçãoAgrícola Internacional, Agricultura e Segurança Alimentar; e pelo Programa de Investigação do Grupo Consultivo para aInvestigação Agrícola Internacional para as Políticas, Instituições e Mercados.

3 Esta conferência foi organizada pelo Bioversity International, pela International Foundation for Science (IFS), pelo Conselho doGana para a Investigação Científica e Industrial (CSIR), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e aAgricultura (FAO) e pela Crops for the Future (CFF).

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NUS: papéis chave

relativas ao género, cultura e capacitaçãodas mulheres. A necessidade dedesenvolvimento de capacidades deintervenção em NUS também é realçada. Asrecomendações e ações chave indicamformas para integrar as NUS em políticas eprogramas a nível nacional, regional einternacional.

Conservação da biodiversidadeagrícola

A humanidade depende deagroecossistemas saudáveis, e osagroecossistemas saudáveis dependem dabiodiversidade ao nível do ecossistema,das espécies e dos genes. Globalmente,mais de 4000 espécies de plantasalimentares são presentemente consumidas(Proche et al., 2008). A diversidade genéticade NUS, as variedades autóctones deculturas principais e os seus parentessilvestres constituem uma parte muitoimportante da biodiversidade agrícola masestão em rápido declínio. Em todo omundo, os agricultores estão a abandonaras NUS à medida que a globalização, ocrescimento populacional e a urbanizaçãolevam a alterações em sistemas agrícolas ealimentares. De acordo com a Organizaçãodas Nações Unidas para a Alimentação e aAgricultura (FAO), desde os anos 1900,perdeu-se cerca de 75% da diversidadedas culturas. Esta perda de biodiversidadeagrícola é causada por um conjuntocomplexo de fatores económicos, sociais edemográficos, incluindo sistemas agrícolase alimentares que se concentram naprodução intensiva de um número muitolimitado de culturas.

O alarmante declínio dos recursosgenéticos de NUS e o conhecimentotradicional associado aos mesmos têmimplicações de longo alcance para aagricultura. Este declínio inibe a evoluçãonatural e a adaptação de culturas, reduzopções futuras para o melhoramento de

variedades e desenvolver cadeias de valor,e reduz a resiliência de agroecossistemas ea sua capacidade de se adaptar àsalterações, incluindo as alteraçõesclimáticas.

A Convenção sobre a Diversidade Biológica(CBD), o seu Plano Estratégico para aBiodiversidade, incluindo as Metas de Aichipara a Biodiversidade e a Década sobreBiodiversidade das Nações Unidas2011–2020 claramente reconhecem aimportância da biodiversidade agrícola.Mas ainda há muito por fazer paraaumentar a consciencialização dosdecisores políticos para a importância daconservação desta diversidade, incluindo aconservação de centenas de NUSameaçadas pela grave erosão genética ecultural. Atualmente, o Anexo I do TratadoInternacional sobre os RecursosFitogenéticos para a Alimentação e aAgricultura exclui a maioria das NUS. Estaomissão inibe a troca internacional degermoplasma para investigação e utilizaçãona agricultura, e torna as NUS inelegíveispara financiamento através do fundo departilha de benefícios do Tratado.

O sistema global de bancos degermoplasma para conservar abiodiversidade agrícola ex situ inclui maisde 1740 bancos de germoplasma e mais de7,4 milhões de acessos de culturas (FAO,2010). Estas colecções focalizam-seprincipalmente em culturas de base e deculturas comerciaias, e nos seus parentessilvestres. Muitas NUS estão malrepresentadas; a sua conservação eevolução contínua dependem largamentedo seu uso nos campos dos agricultores ea sua preservação em ecossistemasnaturais saudáveis.

Promoção do desenvolvimentoagrícola e rural

Desde o início da Revolução Verde, o modelode crescimento agrícola tem sido aumentar aprodutividade de um número limitado deculturas de base e de culturas comerciais. De

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acordo com a FAO, entre 1970 e 2010, omelhoramento de plantas, a tecnologiaagrícola, a irrigação, os fertilizantes e osagroquímicos, juntamente com a expansãoda área cultivada, mais que duplicou aprodução global de cereais. O aumento daprodução de cereais tem sido instrumental nocombate à fome e na alimentação dapopulação global crescente, mas o ganhotem sido irregular entre e nos países eregiões. Na maior parte da África subsariana,a produção de cereais nas últimas trêsdécadas não manteve o mesmo ritmo docrescimento populacional e o continente éum importador destas culturas.

Em muitas comunidades rurais, as NUS,incluindo os "alimentos provenientes dafloresta", complementam as culturas de baseprincipais em dietas e são uma opção derecursos se as culturas de base falharem.São frequentemente uma fonte significativade rendimento, especialmente para asmulheres. Em ambientes marginais, onde apobreza e a insegurança alimentar é maispredominante, as NUS são muitas vezescentrais para estratégias dos agricultorespara reduzir os riscos climáticos e

económicos. As NUS podem desempenharum papel essencial no avanço dodesenvolvimento agrícola e rural.Internacionalmente, o crescente interesse emsubstâncias naturais para produtosalimentares, cosméticos, farmacêuticos,nutricionais e de saúde apresenta grandesoportunidades para as NUS. As comunidadespobres que produzem NUS também podempotencialmente aproveitar a etiquetagemecológica, a denominação de marca deorigem, o comércio justo e iniciativas de SlowFood. O que é necessário é um apoiosimultâneo e integrado ao longo das cadeiasde valor desde a produção ao mercado.

Porém, atualmente, os agricultores africanostem acesso limitado a sementes de qualidadede variedades de NUS com boascaracterísticas. As comunidades ruraistambém têm poucos meios para aceder amercados para NUS e produtos derivados deNUS. As cadeias de valor são frequentementepouco desenvolvidas e inadequadamenteapoiadas pela investigação, pelos serviços deextensão e pela agro-indústria. As restriçõestambém incluem o processamento eembalagem não conforme com as normas, a

Resgatar adiversidadeMapear adiversidadePreservar oconhecimentoindígenaConservar adiversidade ein situex situ

Selecionar asmelhoresvariedadesDesenvolver asmelhores práticasMelhorar ossistemas desementes

Melhorar oprocessamentoMelhorar o tempode prateleiraMelhorar otransporte edistribuiçãoDesenvolvercooperativas

Reduzir custos detransaçãoAplicar normas dequalidadeDesenvolver novosprodutos:

saudáveisnutritivos,orgânicosespeciais

Desenvolvercadeias de valorComercializarDesenvolver marcasDesenvolverplataformas demúltiplosparticipantesCriar ambientesfavoráveis

Caracterizar,

utilizar e

conservar a

diversidade

genética

Selecionar

e cultivar

Melhorar

tecnologias de

pós-colheita

Desenvolver

mercados

Adicionar

valor

in situex situ

Avanço do desenvolvimento agrícola e rural através de cadeias de valor para NUS

Adaptado de Padulosi et al., 2013

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ausência de classificação, o fornecimentoirregular, as normas de segurança alimentar,e outros. Mas, com o apoio certo, pode haverum progresso rápido. O apoio de políticaspara investigação e desenvolvimento,juntamente com os investimentos recentes,levou ao desenvolvimento de cadeias de valorpara produtos hortícolas de folha africanos noQuénia, a quinoa no Perú e na Bolívia, obaobá na África do Sul, o pimento-malaguetana América Latina e painços menores naÍndia.

As parcerias e a ação coletiva ao longo dascadeias de valor são centrais paradesenvolver mercados nacionais einternacionais para NUS. Uma abordagemcom vários acionistas – envolvendo, porexemplo, cientistas, produtores, comerciantese decisores políticos – funcionaparticularmente bem na análise de restriçõese oportunidades, desenvolvendo capacidade

Remoção de uma barreiracomercial para o fruto em pó do baobáA PhytoTrade Africa, umaassociação comercial sem finslucrativos baseada na afiliação, naÁfrica do Sul, apoia odesenvolvimento de cadeias devalor e mercados na indústria dosprodutos naturais na região. Umdos seus êxitos foi a aprovação emsegurança da exportação fruto empó do baobá na União Europeiacomo ingrediente alimentar. Obaobá, cultivado em áreas deplanícies quentes e secas, produzfrutos que são secados e moídospara fazer um pó nutritivo. Depois,já pode ser exportado para uso naindústria alimentar europeia.

Plataformas de multi-intervenientes para desenvolver cadeias devalor para NUSA produção e o consumo de quinoa, um cereal dos Andes, está a passar por umarenovação. As plataformas de multi-intervenientes que envolvem comunidades pobresem toda a Bolívia, investigadores, professores universitários, organizações não-governamentais, especialistas de marketing e decisores políticos trouxe a quinoa paramercados nacionais e internacionais com êxito.

A história de sucesso da quinoa baseia-se no trabalho persistente em muitas frentespara melhorar o cultivo, as práticas pós-colheita e de processamento, conservar adiversidade da quinoa, associar os agricultores a mercados e reforço de capacidades.Este trabalho foi fundamental para desenvolver as cadeias de valor nacionais einternacionais para esta cultura subutilizada. A maioria dos doadores, das agências dedesenvolvimento e os intervenientes locais também contribui consideravelmente emerece crédito por estes êxitos.

Apesar de a indústria alimentar preferir quinoa branca ou creme, a procura de quinoacolorida está a aumentar devido ao potencial gastronómico dessas variedades. Porisso, a diversificação de produtos – um fenómeno conhecido que tem sido observadopara muitas outras culturas comerciais – ocorreu, com consumidores agora dispostosa comprar variedades de quinoa diferentes (preta, vermelha, as que têm ingredientesfuncionais especiais, etc.). A tendência para uma alimentação saudável também dáuma oportunidade para promover variedades de quinoa atualmente não atrativas parao mercado de exportação de quinoa. Assim, a promoção e investigação paradesenvolver mais as cadeias de valor da quinoa continua.

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Sistemas agrícolas à prova dealterações climáticasOs painços menores sãogeneticamente muito diversos. Nestadiversidade, existem variedadesadaptadas a solos diferentes,ambientes áridos e montanhososmarginais, e áreas onde os principaiscereais geralmente falham. Como ospainços menores têm um ciclo devida curto e um sistema de raizeficiente, têm uma vantagemcomparativa quando a água éescassa e a precipitação é baixa. Istofaz com que sejam bons candidatospara substituir trigo e arroz em paísescomo a Índia onde estas culturas debase podem tornar-se gradualmentemenos produtivas devido àsalterações climáticas.

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Adaptação às alterações climáticas eatenuação dos seus efeitos

As alterações climáticas e a variabilidadetêm impactos de longo alcance em sistemasagrícolas e na biodiversidade agrícolaassociada, tais como polinizadores emicroorganismos de solo. Para garantir asegurança alimentar e nutricional a curtoprazo, os agricultores terão de gerir secas,períodos de crescimento variáveis, eventosclimáticos extremos mais frequentes e adisseminação de pragas e doenças. A longoprazo, os agricultores poderão experienciaruma incompatibilidade entre condiçõesclimáticas locais e as culturas e variedades aque têm acesso atualmente.Consequentemente, poderão ter que mudarpara novas culturas e variedades, e ospaíses terão de adaptar os seus sistemas desementes em conformidade.

As NUS cultivadas como complementos deculturas principais ajudam os agricultores adiminuírem os riscos. Tipicamenteadaptados a condições locais, osagricultores consideram-nas frequentementecomo tolerantes ao stress e mais resistentesà seca e a outros perigos relacionados como clima. As NUS têm, assim, um papelimportante no fortalecimento da resiliênciade sistemas de produção agrícola à medidaque alterações climáticas avançam.

Mas, para que as NUS façam parte da"agricultura climaticamente inteligente", ainvestigação agronómica e as políticas dedesenvolvimento têm de reconhecer e apoiaro seu papel. Perceber o potencial dessasespécies para se adaptarem às alteraçõesclimáticas requer, entre outras ações,

investimento em investigação paradesenvolver novas variedades comcaracterísticas adaptativas úteis, melhoresmecanismos para permitir aos agricultoresacederem a germoplasma e intervençõesrobustas para desenvolver mercados ecadeias de valor de NUS prioritárias.

e introduzindo novas aptidões na produção,no processamento e na comercialização tantovertical como horizontalmente ao longo dascadeias de valor. Os parceiros no setorprivado são importantes para desenvolvertecnologias de processamento ecomercializar produtos, enquanto osparceiros no setor não-governamental podemajudar os agricultores a obter oreconhecimento dos seus direitos.

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Seleção participativa de variedades queenvolvem agricultores e a colaboraçãoextensiva com comunidades agrícolas emtestes e avaliações de novo germoplasma,será importante.

Melhoria da segurança alimentar enutricional

A proporção de pessoas subnutridas empaíses em desenvolvimento diminuiusignificativamente desde os anos 1990. Masa FAO (2013) estimou que entre 2011 e2013, 842 milhões de pessoas – um oitavoda população mundial – sofriam de fomecrónica. Na África subsaariana, 38% dascrianças com menos de cinco anosatrofiaram como resultado de subnutriçãocrónica. A "fome oculta", uma deficiência demicronutrientes – vitaminas e minerais –afeta 3 biliões de pessoas globalmente. Afalta de micronutrientes e a obesidadecoexistem frequentemente, causando um"duplo fardo". De acordo com aOrganização Mundial da Saúde (2013), em2008, 1,4 bilião de adultos tanto em paísesdesenvolvidos como em desenvolvimentotinham excesso de peso ou eram obesos, ecorriam riscos crescentes de sofrer dedoenças não transmissíveis incluindo, entreoutras, doenças cardiovasculares, diabetese alguns tipos de cancros. Em parte, a

obesidade está associada a mudançasrápidas em sistemas alimentares paraalimentos mais processados,supermercados, comidas rápidasconvenientes e rejeição de alimentostradicionais.

Para enfrentar os desafios relacionados coma segurança alimentar, as políticas agrícolas,de um modo geral, concentraram-se emaumentar a produtividade, mas prestarammenos atenção ao valor nutricional desistemas alimentares. As políticasnegligenciam muitas vezes os benefíciospara a saúde de uma dieta variada combase numa variedade de alimentosnutritivos. As NUS têm muito para oferecerneste aspeto. Muitas comparam-sefavoravelmente com culturas de base emtermos de vitaminas e teor micronutriente epodem ser usadas mais amplamente para

Integrar as NUS nas políticas alimentares e nutricionais Desde 1997, o governo peruano exigiu a inclusão de quinoa e outros cereais nativosno seu programa de pequenos-almoços escolares. O estado tornou-se um dosprincipais compradores de culturas nativas no Peru, levando a um aumento na áreasob cultivo. Nos anos 80, a área semeada com quinoa anualmente era cerca de 15 000 hectares. Em 2000, a área tinha subido para cerca de 30 000 hectares.

As políticas de nutrição no Nepal, na Zâmbia e na Papua Nova Guiné, apesar de nãoserem especificamente destinadas a aumentar a produção de NUS, incentivam aocultivo de uma diversidade de culturas alimentares nutritivas e ao uso de alimentosnutritivos que estão disponíveis localmente. A Carta Nacional para a SegurançaAlimentar da Índia, aprovada em Setembro de 2013, inclui painços menores noSistema de Distribuição Pública bem como arroz e trigo. A carta estimulará um usomais abrangente de painços na Índia, criando procura e dando um incentivo aagricultores. A Carta é um passo importante para fortalecer a segurança nutricional no país.

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Fortalecer a capacidade

A maior parte das organizações deinvestigação agrícolas, de desenvolvimento eeducação surgem para apoiar políticasagrícolas cujo enfoque principal assenta emprodutos agrícolas de base. A capacidadehumana e institucional para apoiar ainvestigação, conservação e utilização deNUS é fragmentada, irregular einsuficientemente financiada.

Os problemas que limitam a exploração dopotencial agronómico e de rendimento deNUS têm de ser resolvidos a partir de umaperspetiva de sistemas em vez deisoladamente. Restrições tais como umabaixa disponibilidade e qualidade desementes, variabilidade de característicasagronómicos, processamento pós-colheitalaborioso, falta de normas para embalagem edistribuição, e uma perceção de NUS como"culturas de pobres" podem ser resolvidaspor sistemas de investigação edesenvolvimento, mas é essencial uma visãoholística. É essencial fortalecer a capacidade– para uma investigação multidisciplinarparticipativa, para facilitar plataformas deintervenientes para aperfeiçoar as cadeias devalor e para a investigação e intervençõesdiferenciadas por género.

"Queremos ver cadeias de valordesenvolverem-se para estasculturas para o benefíciomáximo de agricultores ecomunidades locais."

Observações finais, 3.a ConferênciaInternacional sobre EspéciesNegligenciadas e Subutilizadas, AccraGhana, Setembro de 2013

diversificar dietas. A fruta e os vegetais sãoparticularmente importantes. Um novoenfoque na agricultura sensível à nutriçãofortalece as ligações entre o setor agrícola eos setores da saúde e nutrição, e incluiobjetivos nutricionais em programasagrícolas.

Valorizar o género e a cultura, ecapacitar as mulheres

O contexto cultural, social e de género damaioria das NUS é fundamentalmentediferente do das culturas principais. Éimportante reconhecer as tradições culturais,as crenças religiosas e as motivaçõessocioeconómicas dos "guardiães" destasculturas. Em muitos casos, sãomaioritariamente as mulheres que cuidam,cultivam e comercializam NUS, incluindo"alimentos provenientes da floresta". Istosignifica que, em cadeias de valor emdesenvolvimento para estas culturas, éessencial uma perspetiva de género.

Processar NUS pode ser laborioso egeralmente faz parte do trabalho dasmulheres. Na Bolívia e no Peru, a tecnologiade processamento melhorada ajudou aaumentar o consumo local e as vendas decereais dos Andes. Aperfeiçoar as cadeiasde valor melhorando a classificação, aembalagem e o desenvolvimento deprodutos são igualmente formas de aumentaro rendimento das mulheres. Ajudar ascomunidades rurais - e especialmente asmulheres - a tomarem consciência dopotencial de culturas que foram ignoradas éuma forma poderosa de fortalecer a suaidentidade, aumentando a sua visibilidade ecapacitá-las.

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Recomendações e açõeschave

Ao longo dos últimos dez anos, váriosencontros internacionais significativos –Chennai 2005, Arusha 2008, Suwon 2010,Kuala Lumpur 2011, Córdoba 2012 e Accra2013 – reconheceram o potencial das NUSpara travar a insegurança alimentar enutricional, a pobreza, a degradaçãoambiental e adaptar-se às alteraçõesclimáticas. Os decisores políticos têm umpapel essencial a desempenhar para acriação de condições favoráveis para arealização deste potencial.

1. Incluir NUS em estratégias e âmbitosnacionais e internacionais que abordamquestões globais

Incluir NUS em estratégias paraminimizar a pobreza, garantir asegurança alimentar, adaptar-se àsalterações climáticas e alcançar umaagricultura sustentável.Direcionar os recursos financeiros paraimplementar a CDB para conservar egerir NUS.Promover a investigação relacionadacom os vários papéis que as NUSpodem desempenhar para minimizar apobreza, garantir a segurança alimentare adaptar-se às alterações climáticas.

2. Estabelecer listas nacionais eregionais de NUS prioritárias nas quaisfocalizar

Realizar estudos nacionais e inventáriosde NUS cultivadas e silvestres, usandouma variedade de fontes de informaçãotanto científicas como tradicionais.Organizar processos de estabelecimentode prioridades nacionais que permitamaos intervenientes principais, incluindoorganizações de agricultores e o setorprivado, participar integralmente nadecisão de espécies nas quais sefocalizar.Fortalecer a colaboração subregional eregional e alinhar prioridades.

3. Apoiar a investigação em NUS e nassuas contribuições agronómicas,ambientais, nutricionais esocioeconómicas para sistemas deprodução resilientes

Avaliar sistematicamente o acesso dascomunidades e o seu uso de NUS, evalidar a sua contribuição para sistemasde subsistência familiares, através dainvestigação sensível ao género.Recolher, organizar e disponibilizardados geográficos, morfológicos,bioquímicos, nutricionais e genéticos, ecolmatar a lacuna entre o conhecimentocientífico e tradicional sobre NUS.Desenvolver investigação sobre o papelde NUS no fortalecimento de sistemasagrícolas e na sua adaptação àsalterações climáticas.Incluir NUS em agendas de investigaçãonacionais e internacionais, incluindoprogramas de melhoramento de culturas.

4. Apoiar o desenvolvimento de cadeiasde valor e pequenos agronegócios paraNUS prioritárias

Facilitar os processos com váriosintervenientes envolvendo tanto o setorpúblico como privado para identificarrestrições em cadeias de valor e acordarestratégias para as aperfeiçoar.Desenvolver soluções técnicas, normas,apoio institucional e capacidade paraprocessar, embalar e comercializarprodutos de NUS, e potenciar o acessoao crédito.Dar apoio, incentivos e um ambientecapacitativo para organizações queprestam serviços a intervenientes decadeias de valor de NUS.

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Expandir o Anexo I do TratadoInternacional sobre os RecursosFitogenéticos para a Alimentação e aAgricultura para excluir uma coberturamais ampla de NUS.Expandir sistemas de sementesnacionais para incluir variedades deagricultores e locais populares, e apoiarprogramas para multiplicar sementes deNUS prioritárias.

8. Capacitar agricultores guardiães eapoiar os direitos dos agricultores departilhar os benefícios das NUS

Reconhecer e identificar opções paraimplementar os direitos dos agricultoresem relação à partilha dos benefíciosderivados de variedades de NUS.Capacitar os agricultores fornecendoinformação e formação sobre osbenefícios das NUS e práticas agrícolasecologicamente sustentáveis.Garantir que as NUS são incluídas nadefinição de "alimentos principais" noCodex Alimentarius.

9. Fortalecer a capacidade de indivíduose organizações para investigação,educação e desenvolvimento de NUS

Incluir culturas locais e tradicionais noscurrículos educativos do ensino primário,cultivá-las em jardins nas escolas e usá-las nas refeições escolares.Integrar tópicos sobre NUS em currículoseducativos agrícolas no ensino superiore em formação no local de trabalho paraprofissionais ativos.Fortalecer a capacidade institucionalpara liderar e facilitar a pesquisa e odesenvolvimento de NUS, numa agendade desenvolvimento agrícola maisabrangente.

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5. Fortalecer a colaboração e a partilhade informação entre investigação,extensão, agricultores e organizações deagricultores

Envolver vários intervenientes e promoveruma cultura de ação-investigação paragarantir que a investigação está orientadapara os problemas, direcionada para aprocura e sensível ao género.Capitalizar sobre as tecnologias deinformação e comunicação para envolveragricultores na investigação, melhorarinformações de mercado e partilhar asmelhores práticas.Fortalecer plataformas de partilha deconhecimento ao nível nacional, regionale global para facilitar o acesso aferramentas, métodos, informações debases de dados, e associar oconhecimento científico e tradicional.

6. Promover o cultivo de NUS através decampanhas de consciencialização paraas oportunidades comerciais queoferecem e os seus benefíciosagronómicos e nutricionais

Realizar campanhas em áreas urbanaspara promover alimentos variados combase em culturas locais em parceria comchefes, supermercados, a indústriahoteleira e os meios de comunicação.Consciencializar os agricultores e ascomunidades, e particularmente asmulheres, para os benefícios nutricionaisde uma dieta variada que inclua NUS.Associar políticas e programas agrícolas,e de saúde e nutrição para promover umaabordagem à nutrição baseada nosalimentos.

7. Aumentar o apoio à conservação deNUS no campo do agricultor, in situ e ex situ, e fortalecer os sistemas desementes

Desenvolver estratégias de conservaçãoa longo prazo para NUS e os seusparentes silvestres que combinem aconservação ex situ, in situ e no campodo agricultor.

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Leitura adicionalAnonymous. 2013. Cordoba Declaration on Promising Crops for the XXI Century. International Seminar onTraditional and New Crops to Meet the Challenges of the XXI Century. Cordoba, Spain, 10–13 December2012.

Anonymous. 2013. Accra Statement for a Food-secure Africa. Declaration of the 3rd International Conferenceon Neglected and Underutilized Species: For a Food-Secure Africa. Accra, Ghana, 25–27 September 2013.

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12Este documento foi produzido com o apoio financeiro do CTA. As opiniões aqui expressas pertencem ao BioversityInternational e, portanto, em caso algum refletem a opinião oficial do CTA.

Todas as fotos são uma cortesia de Bioversity International. Capa: Y.Wachira; p.3 P.Rudebjer; p.5 P.Bordoni; p.6 Y.Wachira; p.7 in text: S.Padulosi, on the right: P.Rudebjer; p.8 S.Padulosi; p.11 B.Vinceti.

Recomendações

Incluir NUS em políticas nacionais e internacionais que abordam questõesglobais tais como a redução da fome, a subnutrição e a pobreza, e a adaptaçãoàs alterações climáticas e alcançando uma agricultura sustentável.Estabelecer listas nacionais e regionais de NUS prioritárias nas quais focalizar osesforços de investigação e desenvolvimento.Apoiar a investigação interdisciplinar de NUS e promover ações com os váriosintervenientes para fomentar a sua utilização.Apoiar o desenvolvimento de cadeias de valor e pequenos agronegócios paraNUS prioritárias.Fortalecer a colaboração e a partilha de informações sobre NUS entreinvestigadores, extensionistas, agricultores, organizações de agricultores ecomerciantes.Promover a utilização de NUS através de campanhas de conscienlização para asoportunidades comerciais que oferecem e os seus benefícios agronómicos enutricionais.Aumentar o apoio à conservação de NUS nos campos dos agricultores, in situ eex situ, e fortalecer os seus sistemas de sementes formais e informais.Apoiar agricultores guardiães e reconhecer os direitos dos agricultores departilhar os benefícios resultantes de NUS.Fortalecer a capacidade de indivíduos e instituições nos domínios dainvestigação, educação e desenvolvimento de NUS.

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