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Dezembro Edição nº20 Distribuição a Nível Nacional com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente. Expoente da ortopedia portuguesa: do Porto para o mundo

Expoente da ortopedia portuguesa: do Porto para o …perspetivas.pt/wp-content/uploads/2017/12/PERSP20.pdf · algumas curiosidades que marcam este trajeto. Podemos afirmar que tudo

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Dezembro Edição nº20 Distribuição a Nível Nacional com o Jornal Público. Encarte da responsabilidade de Página Exclusiva, Lda. Não pode ser vendido separadamente.

Expoente da ortopedia portuguesa:

do Porto para o mundo

Saúde Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre2

Dez2017

É deveras peculiar a entrada da família Espregueira-Mendes no campo da Me-dicina, mais especificamente da Ortope-dia. Pela voz do Prof. Doutor João Duarte Espregueira-Mendes, a terceira geração deste caminho com mais de 90 anos de história, foram-nos reportadas algumas curiosidades que marcam este trajeto. Podemos afirmar que tudo co-meça com a ida de João de Espreguei-ra-Mendes para Bolonha, Itália, no ano de 1926, com o intuito de se formar em Ginecologia no Instituto Rizzoli. Oriun-do de uma família tradicionalmente liga-da à Engenharia e à Política, este viria a ser o primeiro médico da descendência Espregueira-Mendes. O destino trocou--lhe as voltas quando o cruza com Vitto-rio Putti personagem de uma dimensão cultural extraordinária e, à época, “o ho-

pedia. A continuidade deste percurso fi-cou entregue, na segunda geração, ao Dr. João Manuel Espregueira-Mendes um “clínico clássico, com uma carreira muito vocacionada para os cuidados médicos, que introduziu a traumatologia desportiva moderna em Portugal”, no final da década de 70. A ligação criada com o Futebol Clube do Porto permitiu--lhe atingir um enorme prestígio na área da traumatologia desportiva, sendo no Hospital de Santa Maria, no Porto, que aprofunda técnicas cirúrgicas para o tra-tamento das lesões do desporto de alta competição. O Prof. Doutor João Duar-te Espregueira-Mendes recorda a inter-venção realizada a Fernando Chalana (então jogador do Bordéus), uma rutura muscular da coxa cuja cirurgia acompa-nhou: “Após vários meses de paragem o meu pai operou-o com grande suces-so, tendo sido tal feito capa de jornais internacionais como o francês L’Équipe ou o espanhol Marca”.

Como já percebemos a terceira gera-ção tem no Prof. Doutor João Duarte

Espregueira-Mendes, Ortopedista dou-torado em Ortopedia e Traumatologia, figura que assegura a continuidade des-te percurso de pioneirismo e inovação. Inicialmente dedicado à patologia do joelho e do ombro, em 1989 contin-gências do destino impulsionam-no a dar continuidade ao prestigiante traba-lho desenvolvido pelo pai e a concen-trar-se na área da Traumatologia do joe-lho.

Desde então o projeto assistiu a um crescimento e reconhecimento sem fronteiras, ao qual o nosso entrevistado atribui “uma confluência de fatores ab-solutamente decisiva”.

Terceira GeraçãoHoje o nome Espregueira-Mendes é

uma referência mundial no âmbito da Traumatologia Desportiva, sendo a Clí-nica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre, inaugurada em 2005, a sede deste projeto de saúde que con-templa múltiplas especialidades, com

mem mais notável da Ortopedia mun-dial”. Esta ligação influenciou de tal mo-do o jovem João de Espregueira-Men-des que logo tratou de fazer chegar por carta a sua intenção à família sediada no Porto: especializar-se em Ortopedia. Es-pecialidade nova com grande campo de desenvolvimento – praticamente inexis-tente em Portugal – teve no Dr. João de Espregueira Mendes o seu grande im-pulsionador em território nacional, “nu-ma época em que se ramificam várias especialidades do campo da Cirurgia”. Chegado a Portugal, em 1926, ao Dr. João de Espregueira-Mendes é entre-gue a coordenação e supervisão das pri-meiras camas de Ortopedia que surgi-ram no Hospital de Santo António.

Assim começa a escola da família Es-pregueira-Mendes no campo da Orto-

Espregueira-Mendes é sinónimo de prestação de cuidados de saúde de excelência. Uma reputação que foi alcançada pela força de três gerações de ortopedistas. Em décadas diferentes, foi a partir da cidade do Porto que se assumiram como impulsionadores e embaixadores da escola de Ortopedia e Traumatologia portuguesa.

Desde 1926 a trilhar o caminho da Ortopedia portuguesa

João Espregueira-Mendes com Michel D´Hooghe (Presidente do Comité Médico da FIFA) com o livro Injuries and Health Problems in Football – What everyone should know

Direção da Sociedade Mundial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Desporti-va Ortopédica (ISAKOS) - Jón Karlsson (Suécia) – Secretário, Freddie Fu (EUA) – Past President, João Espregueira-Mendes - tesoureiro, Moisés Cohen (Brasil) – Past President e Philippe Neyret (França) – Past President

SaúdeClínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre 3

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após várias tentativas não concretiza-das. O sucesso da organização e do evento alavancou a entrada do portu-guês como “second vice president” na ESSKA onde concretiza os cinco maio-res projetos da instituição: mudança do office sediado no Luxemburgo; criação da Fundação ESSKA no Luxemburgo; aquisição do KSSTA Journal; fundação do jornal online JEO - Journal of Expe-

particular enfoque para a Medicina Des-portiva.

O reconhecimento internacional tem o seu corolário com as acreditações ES-SKA – European Society for Sports Traumatology, Knee Surgery and Arth-roscopy e ISAKOS – Sociedade Mun-dial de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Desportiva. Mais recente-mente, a Clínica do Dragão, Espreguei-ra-Mendes Sports Centre obteve o certi-ficado FIFA Medical Centre of Excellen-ce que a coloca na rota dos espaços re-ferenciados para o tratamento de lesões desportivas de jogadores profissionais de futebol.

Todo este percurso tem por base o trabalho meritório de uma vasta equipa de profissionais, liderada pelo Prof. Doutor João Duarte Espregueira-Men-des, e na aposta constante na forma-ção, investigação e aplicação das mais recentes técnicas.

Considerando que a sorte se associou ao meticuloso trabalho numa série de acontecimentos que possibilitaram esta rota de sucessos, o nosso entrevistado destaca a entrada de Portugal na Comu-nidade Económica Europeia e a necessi-dade de existir representatividade por parte dos países do sul da Europa nas grandes organizações.

Um processo lento, feito de muita persistência e trabalho. O Prof. Doutor João Duarte Espregueira-Mendes recor-

rimental Orthopaedics; criação da ESS-KA Academy.

A estratégia criada com o objetivo cla-ro de impulsionar a Traumatologia Des-portiva lusa tem na figura do Prof. Dou-tor João Duarte Espregueira-Mendes o seu expoente máximo, na assumida missão de formação de jovens especia-listas, conferindo protagonismo à escola portuguesa. O esforço aplicado na cria-ção de um departamento de investiga-

da o entusiasmo sentido quando iniciou o seu percurso nos meandros da grande roda europeia, nomeadamente em Lyon onde presidiam reputadas figuras como Henry Dejour – que sucedeu a Al-bert Trillat –, e que muito influenciaram a Ortopedia portuguesa, mais concreta-mente a Traumatologia Desportiva. “A primeira vez que Henry Dejour e  Phi-lippe Neyret nos cumprimentaram fo-mos jantar fora para festejar”, confiden-cia-nos, numa época em que o reconhe-cimento internacional não beneficiava das facilidades de comunicação presen-tes na sociedade atual. A sua insistência e persistência, fez com que, em 1990, fosse o primeiro ortopedista português a frequentar o fellowship na Clínica Ma-yo em Rochester, Minnesota, EUA.

Por outro lado, muito pesou a aliança estratégica e a ação concertada entre Portugal e Espanha que conferiu uma maior visibilidade à escola de Traumato-logia Desportiva do sul da Europa – “fi-zemos uma célebre reunião em Nice, em 1998, para nos candidatarmos ao congresso europeu e definimos com a escola de Barcelona e de Madrid que iríamos estar juntos internacionalmen-te”. A reputação conquistada pelo Prof. Doutor João Duarte Espregueira-Men-des – que assume que o facto de falar fluentemente quatro línguas lhe abriu muitas portas – permitiu que o congres-so europeu fosse realizado no Porto

Centro Mundial HemicapA Clínica do Dragão, Espreguei-

ra-Mendes Sports Centre é o pri-meiro centro do mundo que trata lesões da cartilagem do tornozelo com a Hemicap, a nova cúpula de substituição da cartilagem. Esta téc-nica, desenvolvida nos Estados Uni-dos, foi inventada pelo Prof. Dou-tor Niek van Dijk, coordenador da Unidade do Tornozelo e Pé, e per-mite, em muitos casos, a resolução de problemas da cartilagem do tor-nozelo que até então necessitava do bloqueio completo da articulação. A criação deste centro recebe doen-tes oriundos de todo o mundo e acolhe médicos de todas as nacio-nalidades para formação e certifica-ção nesta técnica.

João Espregueira-Mendes com Alan Getgood da Fowler Clinic (Canadá), sendo o primei-ro português convidado para professor no Congresso Internacional do Joelho em Vail – Colorado - EUA (Vail International Complex Knee Symposium)

João Espregueira-Mendes com o Departamento Médico do Manchester City Football Club – Sam Erith, João Espregueira-Mendes, Max Sala e Nader Darwich

João Espregueira-Mendes visita as instala-ções da ASPETAR em Doha – Qatar

Saúde Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre4

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ção com o propósito claro de produzir conteúdos para publicação internacio-nal foi mais um marco decisivo na con-solidação da imagem da Traumatologia Desportiva portuguesa além-fronteiras, permitindo-lhe, o feito invulgar de mais de 250 publicações, 50 capítulos e 12 livros internacionais.

Metodologia inovadoraA Clínica do Dragão, Espregueira-

-Mendes Sports Centre nasce segundo um conceito organizacional que o seu fundador havia já aplicado de forma pio-neira no Serviço de Ortopedia do Hos-pital São Sebastião, criado de raiz em 1998, em Santa Maria da Feira, e de-pois replicado noutros hospitais nacio-nais. Um modelo assente na super espe-cialização em que que “cada indivíduo é responsável por um setor anatómico”, alcançando deste modo uma experiên-cia crescente e maior visibilidade inter-nacional. Assim nasce a Unidade da An-ca, coordenada pelo Dr. André Sarmen-to, a Unidade da Coluna, coordenada pelo Dr. José Marinhas, a Unidade do Joelho coordenada pelo Prof. Doutor João Duarte Espregueira-Mendes e o Dr. Alberto Monteiro, a Unidade do Ombro e do Cotovelo, coordenada pelo Prof. Doutor Nuno Sevivas, a Unidade do Tendão e Músculo coordenada pelo Dr. Nuno Loureiro e pelo Dr. João Pe-dro Araújo e a Unidade do Tornozelo e Pé coordenada pelo Prof. Doutor Niek van Dijk e pelo Dr. Bruno Pereira.

Duarte Espregueira-Mendes através de ideias que surgem fruto dos problemas que se lhe apresentam no curso da sua prática clínica. Passos que permitem à Ortopedia nacional ganhar uma visibili-dade à escala mundial: do Porto para “os quatro cantos do mundo”.

Entre as múltiplas patentes alcança-das pela Unidade de investigação da Clí-nica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre, destacamos o Porto Knee Testing Device - PKTD®, único dispositivo médico utilizado durante a ressonância magnética que permite ava-liar e medir a instabilidade do joelho, re-sultante de lesões ligamentares. O Porto Patella Testing Device - PPTD® e o Porto Ankle Testing Device - PATD® são módulos complementares, aplican-do-se o mesmo conceito à articulação femuro-patelar e ao tornozelo, respeti-vamente.

A Porto Plate®, uma placa dinâmica, parte de um kit de cirurgia, que permite a correção e o realinhamento mecânico dos ossos nos planos sagital e/ou fron-tal durante osteotomias. A universalida-de na utilidade e abrangência da sua aplicabilidade em diferentes ossos tor-nam a Porto Plate® única e inovadora na indústria mundial dos dispositivos médicos e na saúde das pessoas.

Em parceria com o grupo de investi-gação da UM e dos 3B’s a clínica cola-borou no desenvolvimento de um novo menisco artificial composto de seda e hidrogel que mimetiza de forma muito próxima o menisco humano. Um passo

Turismo CirúrgicoÉ hoje prática comum em muitos países da Europa a aposta no chamado tu-

rismo de saúde, área que assenta na aliança entre a oferta de cuidados de saú-de de excelência, a par de uma vertente histórica, cultural e paisagística notá-veis. Esta descrição encaixa perfeitamente na imagem que a cidade do Porto transmite para o exterior como destino turístico de excelência.

Mais uma vez a Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre está um passo à frente, tendo já montada toda uma logística que permite acolher dois nichos distintos de pacientes: particulares e jogadores de alta competição. Assim, de acordo com a patologia, o doente é encaminhado para o especia-lista indicado que acompanha o seu caso e define o tratamento. Uma vez to-mada a decisão de ser submetido a cirurgia, toda a logística é tratada pela equi-pa da Clínica. Falamos desde o transporte (aeroporto – hotel - consultas), à marcação de alojamento, assim como de visitas turísticas à região.

Equipa da Clínica do Dragão – Espregueira-Mendes Sports Centre FIFA Medical Centre of Excellence – Bruno Pereira, João Espregueira-Mendes, Niek van Dijk e Nuno Sevivas – com réplica de T-shirt dedicada pelo Cristiano Ronaldo ao cirurgião da Clínica do Dra-gão no 5º aniversário da sua cirurgia

João Espregueira-Mendes - Presidente da Sociedade Europeia de Traumatologia Despor-tiva, Cirurgia do Joelho e Artroscopia (ESSKA) 2012-2014 – primeiro português a assu-mir este cargo

Equipa da Clínica do Dragão – Espreguei-ra-Mendes Sports Centre FIFA Medical Centre of Excellence com o jogador Rodri-go Lima do Club Al-Ahli

Este foco permitiu também à Clínica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre reforçar a sua vertente investiga-tiva em duas frentes: investigação básica e investigação clínica. A investigação básica é concretizada em parceria com referências nacionais no universo da in-vestigação científica, nomeadamente com o 3B’s (Biomaterials, Biodegrada-bles and Biomimetics), projeto sediado

na Universidade do Minho e coordena-do pelo reputado Prof. Rui L. Reis – “um dos maiores cientistas portugueses de todos os tempos”; a Faculdade de Engenharia da Universidade do Minho; o INEGI - Instituto de Engenharia Mecâ-nica e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; o ICVS – Instituto de Ciência e Investiga-ção em Engenharia Mecânica e Enge-nharia Industrial; e a empresa de proto-tipagem Solidtech.

“O objetivo deste consórcio é o de-senvolvimento de equipamentos médi-cos que auxiliem, de forma determinan-te, o diagnóstico de lesões e contribuam para uma recuperação mais eficaz do doente”.

Por seu turno, a área de investigação clínica, coordenada pelos Dr. Renato Andrade e Prof. Doutor Ricardo Bastos é impulsionada pelo Prof. Doutor João

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este espaço, através da estratégia imple-mentada de criação de parcerias com uma rede de especialistas em Traumato-logia internacional que vêm operar ao Porto. É esta rede que possibilita a vinda de jogadores de alta competição à cida-de, inseridos num plano pensado ao pormenor que preza a sua privacidade, comodidade e excelência de cuidados. Muitas destas visitas são feitas sob sigilo profissional que o Prof. Doutor João Duarte Espregueira Mendes se orgulha de “nunca ter sido quebrado”. Uma filo-sofia absorvida por uma equipa de 180 profissionais – 80 dos quais médicos – cuja ação concertada acelera a corrida da Clínica do Dragão, Espregueira-Men-des Sports Centre para o topo das refe-rências mundiais.

Rede de embaixadores Todo este plano estratégico de reforço

da imagem da Clínica do Dragão além--fronteiras assenta numa rede de embai-xadores que atua numa dinâmica de im-portação e exportação. Recebendo jo-vens médicos de todo o mundo – as va-gas estão completas até final de 2019 –, a clínica já recebeu cerca de 70 fellows dos cinco continentes, que regressados aos seus países transmitem as diretrizes da escola de Ortopedia portuguesa, além de pertencerem a uma rede que fortalece a presença da clínica na refe-renciação de doentes no mundo. “A for-mação através de cursos de pós-gradua-ção – presenciais e e-learning –, jorna-

muito importante para o futuro da arti-culação do joelho.

Todos estes projetos espelham a filo-sofia que o nosso interlocutor defende de trabalho em parceria, através da reu-nião de entidades de diferentes áreas em torno da concretização de ideias ino-vadoras. E sempre com a marca da Ci-dade do Porto. O início desta corrente foi lenta, mas hoje revela-se absoluta-mente vantajosa sendo a equipa da Clí-nica do Dragão, Espregueira-Mendes Sports Centre convidada para participar em projetos de caráter vanguardista, possibilitando que o seu nome esteja presente de forma constante na história da evolução da Ortopedia e da Trauma-tologia desportiva.

das anuais, conversas mensais com es-pecialistas, possibilita-nos ter, neste momento, cerca de 60 mil profissionais de saúde em rede aberta”. Esta dinâmi-ca atua como elemento potenciador do projeto que a direção quer ver expandi-da.

Pese embora todo o caminho trilha-do o nosso entrevistado lamenta que as instituições de ensino nacionais ain-da não se tenham ajustado a esta rea-lidade global, em pormenores que fa-zem toda a diferença no incremento da imagem do ensino português lá fo-ra, como a tradução da informação dos sites para inglês. Esta barreira le-vou a Clínica do Dragão, Espregueira--Mendes Sports Centre a realizar uma parceria com a Oporto Business School, na figura do Prof. Doutor Da-niel Bessa, para o desenvolvimento de pós-graduações em sistema e-lear-ning. Figura vincada no papel educati-vo e embaixador da escola de Trauma-tologia Desportiva portuguesa em paí-ses como a Índia ou a China, o Prof. Doutor João Duarte Espregueira Men-des revela-nos que a sua presença bia-nual em terras asiáticas permite-lhe sentir o pulsar de uma mancha popu-lacional sedenta de conhecimento e que não tem disponível nenhuma pós--graduação em Traumatologia Des-portiva. Um mercado imenso onde a Clínica do Dragão, Espregueira-Men-des Sports Centre já entrou, mas pre-tende reforçar a sua presença e peso na formação de novos profissionais.

Localizada no Estádio do Dragão, a Clínica tem uma ligação cimentada com o Futebol Clube do Porto, como presta-dor oficial do clube até 2040, sendo também parceira de outros clubes na-cionais. O chavão tão presente na cultu-ra portuguesa de que “santos da casa não fazem milagres” fez com que o pro-jeto tivesse enfrentado grande dificulda-de (embora já com grande sucesso) para criar uma imagem de credibilidade junto das instituições desportivas portugue-sas. “Foi talvez a nossa última grande conquista, alcançada já depois de estar-mos presentes na Clínica do Dragão”, sublinha o Prof. Doutor João Duarte Es-pregueira-Mendes. O mercado interna-cional abriu mais cedo as suas portas a

João Espregueira-Mendes com equipa de desenvolvimento do Porto Knee Testing Device (PTKD®) – dispositivo médico para medição da laxidez e rotação do joelho dentro da res-sonância magnética inventado no Porto e usado em vários centros do Mundo

Apresentação de palestra de João Espregueira-Mendes durante o Congresso do Grupo Isokinetic no Camp Nou – Barcelona

Equipa da Clínica do Dragão – Espregueira-Mendes Sports Centre FIFA Medical Centre of Excellence realiza uma artroscopia

Saúde Prof. Doutor Rufino Silva6

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Sendo vitais para o exercício da vi-são (ao contrário do que se possa pen-sar o ser humano vê através do cére-bro), os nossos olhos funcionam numa dinâmica equiparável à estrutura de uma máquina fotográfica. Se quiser-mos conhecer a estrutura do globo ocular, podemos usar exatamente este termo de comparação: a córnea, es-trutura externa do olho humano, cor-responde à lente da máquina fotográ-fica; a íris do olho funciona como o dispositivo de diafragma da câmara controlando a quantidade de luz que chega ao seu interior. O cristalino tem função equiparável à lente da câmara, pois ambos trabalham para tornar as imagens nítidas. A retina por sua vez corresponde ao filme ou registo da câ-mara fotográfica, onde se forma a imagem. “O olho recebe assim uma imagem que a transparência das suas estruturas permite que seja focada na retina. Desta saem os axónios, fibras nervosas que vão construir o nervo ótico, que conduzem a informação ao cérebro. Os estímulos são processa-dos em termos de imagem/visão pelo cérebro que integra a imagem visual jogando com todos os nossos conheci-mentos, a perceção que temos e aqui-lo que somos. Isto é o olho, uma má-quina fabulosa e inimitável”, completa

Como? Questionámos o Prof. Dou-tor Rufino Silva. “A observação clínica é fundamental, mas o avanço das tec-nologias disponíveis e do conhecimen-to científico tem auxiliado os especia-listas a melhor entenderem a dinâmica do globo ocular e a diagnosticarem, cada vez mais cedo e melhor, doenças como a retinopatia diabética. Conse-guimos, por exemplo, visualizar a reti-na ‘in vivo’ com uma capacidade de resolução como se estivéssemos a fa-zer um corte histológico. Consegui-mos igualmente visualizar o movimen-to do sangue e desenhar os vasos da retina, uma proximidade que possibili-ta aos especialistas perceber o real es-tado dos vasos sanguíneos se estão presentes, ausentes, fechados e qual é a sua densidade”.

Retinopatia DiabéticaTodos os diabéticos devem ser ob-

servados por um médico oftalmologis-ta anualmente ou efetuar o rastreio da retinopatia diabética.

Durante largos anos a única técnica de tratamento da retinopatia diabética foi a fotocoagulação laser. Atualmen-te, “dispomos de novas armas tera-pêuticas que nos permitem não só pa-rar a perda progressiva de visão como

também recuperar visão perdida, em muitos casos. Podemos tratar muito melhor o edema macular diabético, a causa mais importante de perda de vi-são no doente diabético”.

O edema macular diabético surge porque, devido à diabetes, os vasos sanguíneos deixam passar para a reti-na fluído e substâncias que não deve-riam passar. Há uma alteração da per-meabilidade nestes vasos, em conse-quência da diabetes, que em condi-ções normais deveriam ser impermeáveis. A passagem de fluído e de lipoproteínas da circulação para a retina interfere de forma muito mar-cada com a visão. As pessoas come-çam assim a ver as imagens distorci-das ou com sombras e em casos mais graves deixam de poder ler, conduzir ou distinguir o rosto das outras pes-soas. Em casos extremos pode causar cegueira. Mas, em regra, a retinopatia diabética visível só se manifesta num espaço de cinco anos após o início da diabetes.

o especialista. Esta “máquina” é de tal modo complexa que os humanos não a conseguem ainda replicar. Numero-sas doenças podem afetar os nossos olhos e a retinopatia diabética é uma das mais importantes, não só por afe-tar um número grande de portugueses mas também pela gravidade das le-sões que provoca e pela cegueira que pode causar.

Estrutura surpreendenteNo campo da oftalmologia, os olhos

são a janela do cérebro e são sede de muitas doenças do organismo que se manifestam na esfera da visão. “Mui-tas doenças do organismo tem mani-festações oculares. Muitas vezes faze-mos diagnóstico de doenças sistémi-cas através do exame oftalmológico, ou encontramos manifestações dessas doenças já diagnosticadas. São exem-plos a diabetes, a hipertensão arterial, doenças infeciosas, doenças inflama-tórias, entre outras”, enumera o nosso entrevistado.

Dos cinco sentidos, fulcrais ao humano no exercício das suas tarefas diárias, na sociedade contemporânea a visão recebe cerca de 80% da informação que processamos. Apesar da sua aparente fragilidade e debilidade os nossos olhos são orgãos altamente resistentes, sendo compatível ter uma vida longa e ver bem (sem doenças associadas). Aliás, como nos conta o Prof. Doutor Rufino Silva, “se vivermos 100 anos, sem doença, as células da retina mantêm o seu bom funcionamento, sendo que só cerca de 30% destas morrem, nomeadamente células do epitélio pigmentar e fotorrecetores”.

A diabetes e os seus olhos

Há cerca de 250.000 diabéticos em Portugal com retinopatia diabética

A retinopatia diabética é a primeira causa de cegueira na idade produtiva

SaúdeProf. Doutor Rufino Silva 7

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nóstico todos os diabéticos sejam sub-metidos a uma observação anual por parte de um oftalmologista, tratando as lesões precocemente, prevenindo assim a perda de visão.

Tratamento A última década apresentou à classe

médica inovações que tornam a ação médica mais assertiva e oferecem qua-lidade de vida aos doentes, como as injeções intravitreas de Anti-VEGFs (ou de corticoides) – um procedimento “simples, praticamente indolor” que diminui a permeabilidade dos vasos sanguíneos, impedindo a saída de lí-quido para a espessura da retina.

É um tratamento prolongado no tempo, que tem que ser repetido, e que deve ser acompanhado de uma otimização do controlo metabólico. A sua introdução no tratamento do ede-ma macular (a principal causa de per-da de visão no doente diabético) veio revolucionar o tratamento do edema macular e permitir ganhos de visão até aqui desconhecidos. De facto, é possível “recuperar visão perdida” em cerca de 60% dos doentes, algo que não se conseguia alcançar com os tra-tamentos a laser. “Há hoje uma gran-de esperança para estes doentes e consegue-se evitar a cegueira numa grande percentagem deles”, constata o oftalmologista. O tratamento por la-ser continua a ser utilizado com fre-quência, principalmente nas formas proliferativas de doença e que condu-zem à cegueira por hemorragia intrao-cular ou descolamento da retina. Quando tudo falha a cirurgia continua a ser um recurso.

No entanto, o Prof. Doutor Rufino Silva reforça que no caso da Diabetes Tipo 1 – que surge mais frequente-mente entre os jovens, numa idade de construção da personalidade – são fre-quentes os casos que se apresentam a consulta em estado muito avançado da doença. O especialista conta-nos o caso de um jovem paciente, então com 18 anos, que chegou ao seu con-sultório apresentando uma forma gra-ve de retinopatia diabética nos dois olhos, tendo sido submetido a um pro-

Sabemos que a diabetes é a primei-ra causa de cegueira em idade produ-tiva. Falamos de cidadãos ativos, entre os 20 e os 65 anos e que deixam de ser ativos devido à doença mal contro-lada, sendo que, em mais de 95% dos casos esta situação poderia ter sido evitada: “Seriam muito raras as pes-soas que cegariam se todo o processo, desde o diagnóstico precoce, o bom controlo metabólico, o tratamento atempado fosse feito”, esclarece o Prof. Doutor Rufino Silva.

O acompanhamento multidisciplinar – envolvendo a Medicina Geral e Fa-miliar, a Endocrinologia, entre outras especialidades – é fundamental para que esta e outras complicações não afetem o doente diabético. Falamos do controlo da glicémia, da hiperten-são, do colesterol e do excesso de pe-so, assim como a pertinência do exer-cício físico regular. A isquemia ocular é uma das patologias associadas à re-tinopatia diabética e caracteriza-se pe-la obstrução dos vasos sanguíneos. A falta de circulação sanguínea e de oxi-génio mata as células do olho, não

cesso de tratamento com várias ses-sões, um tratamento que o doente na altura considerava violento, mas que aceitou. Hoje com 33 anos e uma vi-são recuperada na totalidade, apesar de viver em Lisboa faz questão de manter as consultas de rotina com o Prof. Doutor Rufino Silva em Coim-bra, a quem agradece a persistência e o apoio.

Coimbra é cidade associada ao co-nhecimento, inovação e investigação, áreas intrínsecas à especialidade de oftalmologia que tem apresentado uma evolução fenomenal. A associa-ção da cidade e dos seus profissionais a projetos de investigação nacionais e internacionais, “alguns liderados por nós”, as numerosas publicações cien-tíficas em revistas internacionais, “são fruto da grande competência dos of-talmologistas portugueses”. Quando um médico, além de procurar tratar o melhor possível os seus doentes, se questiona “o que posso fazer de me-lhor?” ou “por que é assim?” é o pri-meiro passo para fazer a diferença.

existindo ainda resposta por parte da ciência que faça reverter esta situação. “O melhor tratamento para impedir o aparecimento ou a evolução da isque-mia é o exercício físico, por exemplo, caminhar, no mínimo, meia hora por dia. Os doentes que nós tratamos, quando entram em bom controlo me-tabólico e fazem exercício físico preci-sam de menos tratamento, respon-dem muito melhor e preservam muito mais a visão”, alerta o especialista.

O Prof. Doutor Rufino Silva torna pública a frustração por existirem ca-sos em que é o médico oftalmologista a diagnosticar a diabetes. Porquê? “Porque é um doente que nos chega com lesões, o que significa que andou pelo menos cinco anos sem saber que era portador da doença ou não a tra-tou adequadamente”.

Com a grossura de um selo a retina tem um potencial enorme que apesar dos avanços da ciência e do campo da genética ainda não se consegue repli-car. Com todo este desarranjo anató-mico a retina deixa de funcionar apro-priadamente e a pessoa vai perdendo visão. Apesar de existirem tratamen-tos que façam minorar este problema, fica o alerta: “A pior atitude que um diabético pode ter em relação à visão, é assumir que só vai ao oftalmologista quando começar a ver mal. Nessa fa-se, os olhos foram agredidos durante anos, estiveram em esforço até que os equilíbrios colapsam e a pessoa come-ça a ver mal”.

Para que a doença não avance é fundamental que a partir do seu diag-

Um bom controlo metabólico é fundamental para prevenir o aparecimento da retinopatia diabética ou, uma vez instalada, para reduzir o seu impacto na visão

É fundamental fazer uma observação anual por um oftalmologista ou uma avaliação no rastreio

“Dispomos atualmente de melhores tratamentos que nos permitem não só reduzir a perda de visão como também recuperar visão perdida com a retinopatia diabética”

Rua Camara Pestana Nº 37, CoimbraTelef. 239 48 43 48

[email protected]

Saúde X Jornadas de Cardiologia de Évora8

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ceituados” de diferentes áreas do saber e contextos geográficos, com o objetivo de potencializar ao má-ximo o desenvolvimento de pensa-mentos e leituras em sinergia. A comprová-lo, basta que se atente na riqueza temática de umas Jorna-das que – entre outros fenómenos e conceitos – exploraram as arrit-mias, a imagem cardíaca, a inova-ção terapêutica e o risco da morte súbita, bem como a intervenção cardiovascular global no Alentejo.

Por outro lado, e aproveitando o seu impacto público para a divulga-ção do trabalho desenvolvido por novos investigadores, as X Jorna-das de Cardiologia de Évora têm vindo a notabilizar-se ainda pela di-versidade temática e pertinência dos posters eletrónicos. Esta inicia-tiva, para além de atribuir voz ao trabalho científico de internos de Cardiologia e de Medicina Geral e Familiar, permitiu constatar “a ele-vada preparação e o nível de co-nhecimento destes profissionais.”

Diálogo entre especialidades médicas

Paralelamente à qualidade que o nosso interlocutor atribuiu às múlti-plas intervenções, as X Jornadas de Cardiologia de Évora estende-ram, pela primeira vez, algum do protagonismo programático aos profissionais de Medicina Geral e Familiar, numa iniciativa dedicada ao estreitamento de laços e à sin-cronização de esforços para com-bater os principais riscos e patolo-gias do sistema cardiovascular. “Apostámos em unir as duas vi-sões, dado que o doente muitas ve-zes transita entre estas duas espe-cialidades e, portanto, a aborda-gem mútua deve ser contínua”, de-fende José Aguiar, naquilo que

corresponde a uma das suas mais firmes reivindicações.

Lembrando, neste âmbito, que “o médico de família é quem tem o primeiro contacto com o pacien-te”, o porta-voz acredita que é, por outro lado, função do especialista em Cardiologia auxiliar os profis-sionais de Medicina Geral e Fami-liar no processo de prevenção se-cundária de doentes que já tenham sofrido um enfarte, AVC ou outro evento. Significa isto que, mais do que limitar-se a uma saudável troca de experiências profissionais e par-tilha de conhecimentos, as X Jor-nadas de Cardiologia de Évora afi-guraram-se como um palco para “delinear estratégias urgentes para o doente cardiovascular no Alente-jo”.

Não constituirá, posto isto, sur-presa que para além dos já mencio-nados profissionais de Medicina Geral e Familiar, tenham também sido convidados a marcar presen-ça, ao longo dos dois dias do even-to, especialistas de áreas como a Medicina Interna, a Neurologia e a Cirurgia Vascular. Todavia, fazen-do jus ao imperativo de estender a abrangência para além da classe médica, igualmente valiosa se afi-gurou a contribuição de técnicos de cardiopneumologia e de enfermei-ros.

Alentejo: uma radiografiaSubjacente a todos os tópicos

analisados e discutidos a 17 e 18 de novembro esteve a conjuntura geográfica e social de toda uma re-gião: o Alentejo. Ocupando nada mais, nada menos do que um terço do território continental, ainda que contendo apenas cerca de 5% da população nacional, esta é uma realidade caracterizada pelo enve-

Em entrevista ao Perspetivas, o diretor do Serviço de Cardiologia do HESE, José Aguiar, faz um balanço das X Jornadas de Cardiologia de Évora, à medida que traça um diagnóstico da realidade vivida nesta região do país.

Pensar a Cardiologia no Alentejo

A histórica capital de distrito ser-viu de palco, nos passados dias 17 e 18 de novembro, às X Jornadas de Cardiologia de Évora. Organiza-da pelo Serviço de Cardiologia do Hospital do Espírito Santo de Évo-ra (HESE), esta corresponde a uma iniciativa que, em intervalos tria-nuais, se propõe analisar, debater e encontrar respostas para uma das temáticas de saúde mais pre-mentes da sociedade portuguesa em geral e da região alentejana em particular. Longe, todavia, de cons-tituir uma exceção a tal regra, a mais recente edição do evento per-

mitiu aferir a “enorme adesão” e o “impacto” de que esta ação científi-ca – que contou com cerca de 300 participações – se tem vindo a mu-nir junto da comunidade.

O balanço, por outras palavras, revela-se francamente positivo. “É natural que se as coisas correm bem nos sintamos recompensa-dos”, começa por revelar José Aguiar, numa alusão ao seu estado de espírito, no rescaldo daquilo que já se consagrou como um verdadei-ro “projeto científico”. Simbólica por natureza, a décima edição uniu um amplo leque de “oradores con-

SaúdeX Jornadas de Cardiologia de Évora 9

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pulação, na medida em que “per-mitem, desde logo, reduzir a mor-talidade em doentes cardíacos com risco elevado”, enfatiza José Aguiar.

Argumentos como este permi-tem, de facto, o estabelecimento de “um antes e de um após” na his-tória do Serviço de Cardiologia do HESE. Longe, todavia, de se con-tentar com os sucessos e progres-sos conseguidos, o nosso interlocu-tor prefere focar-se na prossecução do “caminho que tem de ser feito”. A título exemplificativo, o cardiolo-gista realça outro dos tópicos ana-lisados no âmbito das Jornadas: a importância da implantação da vál-vula aórtica transcateter (TAVI), num território marcado pelo enve-lhecimento demográfico.

Lembrando que a estenose aórti-ca é nada mais, nada menos do que a patologia valvular mais frequen-te, nomedamente entre a popula-ção idosa – aquela que, por nature-za, se encontra mais fragilizada e reúne menos condições de resistir a uma cirurgia cardíaca –, a TAVI afigura-se como uma alternativa minimamente invasiva, cujo contri-buto se prevê decisivo para o futu-ro bem-estar dos utentes nacionais. “Prevejo que dentro de quatro anos esta técnica seja uma realidade em Évora”, considera José Aguiar, comprovando desse modo que o trajeto de evolução do Serviço de Cardiologia do HESE será conti-nuado, consolidando-se o patamar de grande referência que já hoje lhe é reconhecido.

lhecimento e dispersão dos seus habitantes – aspeto que, tal como sublinha o diretor do Serviço de Cardiologia do HESE, “dificulta a colocação em prática de todas as intervenções”.

É neste contexto que se afigura pertinente que os diferentes agen-tes “se possam reunir, delinear es-tratégias e consolidar uma planifi-cação regional da Via Verde Coro-nária (para casos de enfarte agudo do miocárdio) e da Via Verde do AVC (acidente vascular cerebral)”, num esforço que, na ótica de José Aguiar, “terá de ser bem debatido entre os pares”, na medida em que, por vezes, “os recursos humanos escasseiam e é necessária uma arti-culação perfeita e muito equilbra-da”.

Precisamente na prossecução destes objetivos, largos têm sido os esforços desenvolvidos pelo Servi-ço de Cardiologia do HESE para que o trabalho que proporciona à comunidade – já reconhecido como um contributo de grande referência para a região – se cimente cada vez mais, aproveitando o posiciona-mento central da cidade de Évora no contexto alentejano, para asse-gurar o atempado tratamento de doenças graves e, acima de tudo, prevenir a morte súbita nos indiví-duos em idade ativa (outra das pro-blemáticas refletidas no segundo dia do evento científico).

Um serviço de excelênciaTêm sido, efetivamente, amplos e

graduais os esforços desempenha-dos pelo Serviço de Cardiologia do HESE, numa constante luta para

reforçar a qualidade de vida de uma população que, tal como já foi sa-lientado, se encontra particular-mente propensa às patologias e complicações cardiovasculares. Como prova desse mesmo fator, saliente-se a adoção, em 2013, da Angioplastia Primária enquanto tratamento preferencial para o en-farte agudo do miocárdio, ao abri-go de uma equipa multidisciplinar de especialistas disponível para qualquer eventualidade, ao longo de 24 horas, sete dias por semana.

Entre as outras inovações com que o Serviço de Cardiologia do HESE se tem procurado equipar incluem-se os cardioversores desfi-brilhadores (essenciais na preven-ção da morte súbita) e os ressincro-nizadores cardíacos (imperativos no combate à insuficiência cardía-ca), no que correspondem a tecno-logias e equipamentos com um ele-vadíssimo impacto na saúde da po-

Saúde Clínica Dentária Cerejeira & Leão10

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A sensibilidade e a técnica atribuem-lhe o sorriso perfeito

A Clínica Dentária Cerejeira & Leão tem conquistado o mercado pela visão altamente metódica que emprega a cada caso clínico e plano de tratamen-to traçado. “Projeto de dois arquitetos do sorriso”, João Cerejeira, especialis-ta em Ortodontia, e Luís Leão com prática exclusiva em Reabilitação Oral, têm na dinâmica interdisciplinar uma das bases para o seu sucesso.

Apostando na formação interna e na criação de uma equipa multidisciplinar, dedicada inteiramente para responder aos novos desafios da medicina dentá-ria, estes médicos fazem-se acompa-nhar, na sua clínica, por profissionais de excelência que os auxiliam na avaliação e prossecução dos tratamentos.

Aqui os casos mais complexos de Or-todontia e Reabilitação Oral não ficam sem resposta. João Cerejeira e Luís

por parte desta equipa composta por 16 médicos dentistas.

Nos casos em que se procede a um tratamento integrado de Ortodontia e de Reabilitação Oral, após uma cuida-da primeira consulta de opinião, na qual o médico dentista enceta uma conversa com o paciente realizando uma avaliação inicial, surge uma se-gunda etapa cujo foco se centra na re-colha de dados detalhados (set foto-gráfico, scanner digital 3D, radiogra-fias e ficha de elementos de diagnósti-co) que motivam um estudo e a reunião clínica das duas grandes áreas. Elabo-rado o plano de tratamento personali-zado este é apresentado de forma por-menorizada, tendo o paciente – com o apoio das novas tecnologias – a per-cepção directa do resultado final.

Ortodontia A Ortodontia é um dos campos base

da Medicina Dentária e tem na Clínica Dentária Cerejeira & Leão uma aborda-gem diferenciada, muito impulsionada pelo volume de casuísta – falamos de uma carteira que supera os 400 pacien-tes ativos. Três médicos ortodontistas,

acompanhados por uma equipa de mé-dicos multidisciplinares e respetiva equi-pa de assistentes, recebem na reunião semanal os novos casos clínicos que são estudados de forma individual. O diag-nóstico é realizado em conjunto efeti-vando-se depois um plano de tratamen-to personalizado para cada paciente – com o apoio, por exemplo, de áreas di-ferenciadas como o departamento de Dor Orofacial. “Se em algum caso o tra-tamento requerer um âmbito interdisci-plinar, além da reunião clínica de Orto-dontia, surgem novas reuniões com a equipa de Reabilitação Oral com o obje-tivo de se desenhar o plano adequado para o paciente”, explica o Dr. João Ce-rejeira.

A Clínica Dentária Cerejeira & Leão está capacitada para implementar, dentro da esfera dos tratamentos orto-donticos, desde os aparelhos mais convencionais (aparelho ortodontico fixo) até às técnicas mais inovadoras (Invisalign®), sendo objetivo primor-dial o sucesso do processo e a total sa-tisfação do paciente.

Com um vasto currículo, o Dr. João Cerejeira já assumiu a função de pro-fessor universitário na licenciatura de

Leão são dois médicos dentistas reco-nhecidos e altamente qualificados que, a par do trabalho clínico, desenvolvem uma forte atividade de formação e in-vestigação. Esta procura pela excelência levou-os a interagir com os mais reputa-dos nomes da medicina dentária a nível mundial, sendo também eles formado-res em pós-graduações dentro das suas especialidades médicas.

Esta exigência reflete-se na dinâ-mica deste espaço sendo que, sema-nalmente, decorrem reuniões clíni-cas onde são abordados os novos ca-sos e definidas as áreas de interven-ção necessárias, no sentido de se atingir a total reabilitação do pacien-te. As visões da Ortodontia e da Reabilitação Oral são diferentes, mas complementares, suscitando o acompanhamento muito próximo

Nesta edição do Perspetivas, apresentamos-lhe um espaço de saúde e reabilitação oral que tem alcançado reputado prestígio junto dos pacientes e entre os seus pares. Localizada em pleno coração da cidade do Porto, esta renovada clínica acolhe profissionais altamente qualificados que operam segundo as mais avançadas técnicas.

Equipa de Ortodontia: Dra. Inês Correia, Dr. João Cerejeira e Dr. Miguel Esteves

SaúdeClínica Dentária Cerejeira & Leão 11

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que possibilitam a substituição de dentes destruídos e em falta, respetivamente. Focado na diferenciação das práticas, este médico dentista tem procurado no-va informação por via da formação in-ternacional reportando para a clínica al-guns conceitos inovadores, como por exemplo, o planeamento digital e a utili-zação de impressões 3D. Este planea-mento permite produzir mock-ups (ma-quetes) e guias de cirurgia para coloca-ção de implantes. Através da impressão 3D, conseguimos uma comunicação muito mais eficiente com o paciente, permite criar imagens e prever o traba-lho final da reabilitação. Através destas ferramentas, vídeo e fotografia, o pa-ciente vê refletida uma montagem do trabalho final do tratamento com uma clareza surpreendente.

Nesta abordagem a equipa de Reabili-tação Oral aposta no tratamento singu-lar, personalizado e ajustado às caracte-rísticas de cada rosto, de cada persona-lidade, de cada indivíduo. “Nos últimos tempos tem-se caído na standardização

Medicina Dentária e em pós-gradua-ção, sendo atualmente o único profis-sional em Portugal a lecionar Invisa-lign® em contexto universitário numa formação pós-graduada direcionada apenas para ortodontistas.

“Os brackets ou aparelhos fixos e o sistema Invisalign® respondem ao pro-pósito de corrigir a posição dos dentes, por isso o nosso foco centra-se sempre no plano que define a intenção de mo-ver os dentes de determinada posição para outra”, salienta o ortodontista, nu-ma atitude que coloca o foco na concre-tização do caminho traçado e não no meio para atingir esse fim.

Porém, estando nós perante um pro-fissional com uma experiência reconhe-cida na aplicação da técnica Invisalign® não pudemos deixar de perceber quais as vantagens deste método. “O Invisa-lign® é uma aproximação daquele que será o futuro da Ortodontia, dado ser a reprodução física de um plano virtual em 3D”, explica. Caracterizando-a co-mo “uma técnica de rotura” face às téc-nicas convencionais – “ainda que essas sejam plenamente válidas” –, caracteri-za-se pelo conforto, pela componente estética e pela possibilidade de remoção no exercício de tarefas diárias como os períodos de refeição e a higiene oral.

Actualmente existem 140 pacientes ativos em tratamento com Invisalign®, distribuídos pelos três profissionais que compõem o grupo de Ortondontia, a Clínica tem capacidade para responder a um número tão vasto de casos num projeto que se assume como uma “esco-la” de ortodontia, em que cada elemen-

dos tratamentos que é algo que eu não aprecio”, sublinha o Dr. Luís Leão. “Tentamos criar perfeitas imperfeições que podem alterar a vida e tornar o so-nho do paciente realidade”. Assim, ape-sar de apoiado pela tecnologia no início de cada processo, para a arte de criação das facetas e implantes o especialista não descura a parceria com as maiores marcas e com os melhores protésicos mundiais que dominam o trabalho ma-nual com perícia reproduzindo o encon-tro perfeito entre luz e cor.

“Nada funciona sem o trabalho de equipa e esforçamo-nos por ter os melhores profissionais em medicina dentária e colaboramos com técnicos de próteses de referência nacional. Eles são o suporte do meu trabalho”, reforça o especialista. Esta dinâmica permite que cada elemento se dedique a uma área, produzindo assim um tra-balho que tem cativado pacientes de norte a sul do país, e além-fronteiras, sendo o sorriso de pacientes satisfei-tos a melhor referência possível.

to está num constante processo de for-mação, introduzindo inputs e informa-ção numa profícua troca de conheci-mentos, sempre em prol da assistência focada e bem sucedida de cada caso.

Figura constante em congressos inter-nacionais e na busca constante de for-mação de ponta, o Dr. João Cerejeira prevê que o futuro exija aos profissio-nais de Ortodontia um crescente domí-nio dos meios de diagnóstico através das novas tecnologias: “Temos por exemplo, sistemas de diagnóstico tridi-mensional, feitos através de tomografia computadorizada, que permitem uma maior objetividade na elaboração de um plano de tratamento, bem como na co-municação interdisciplinar, nomeada-mente com os cirurgiões maxilo-faciais. Neste contexto, O Invisalign® é tam-bém uma ferramenta de futuro já que emprega tecnologia de ponta. Penso continuará o seu caminho evolutivo a acredito que, a médio prazo, surjam aparelhos híbridos que aliem peças fixas e alinhadores de plástico”.

Reabilitação OralPara nos elucidar sobre o presente e o

futuro da Reabilitação Oral no universo da Clínica Dentária Cerejeira & Leão, falamos com o credenciado Dr. Luís Leão, formado pelos melhores profis-sionais da estética a nível mundial. Esta visão global e enriquecida permite-lhe seguir um caminho de diferenciação e vanguardismo na sua atividade diária. Falamos de uma área cujo core assenta na utilização de facetas ou implantes

Rua de Camões, Nº 115 – R/C • 4000-144 PortoHorário: Segundas a Sextas das 9h às 20h

Telefone: (+351) 22 332 0731 • E-mail: [email protected] @clinicadentariaporto • www.clinicacerejeiraeleao.pt

Saúde Unihemo, Unidade de Hemodiálise do Porto12

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50 anos de trabalho em prol dos doentes renais

O atual Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António tem no seu historial várias notas de inovação e van-guardismo que muito influenciaram a ati-vidade hospitalar em Portugal.

“O Serviço de Nefrologia do Hospital de Santo António foi – e continua a ser – um modelo a nível nacional na descen-tralização da diálise”, quem o afirma é a Dra. Eva Xavier que encabeçou este pro-cesso na região norte.

Sobre o Serviço de Nefrologia, onde assumiu o cargo de diretora entre os anos de 1980 e 1994, considera ser uma referência por dois pontos que me-recem destaque: em primeiro lugar por-que foi o primeiro Serviço público onde se montou e pôs a funcionar uma unida-de de diálise, a 16 de janeiro de 1968; em segundo lugar, porque ajudou a mon-tar, colocou em funcionamento e formou profissionais, liderando a descentraliza-ção da diálise para toda a região norte, acompanhando a montagem de unida-

luta intensa para termos autorização da Direção do Hospital”, indica a nossa en-trevistada.

Efetivamente, o rim artificial do Hospi-tal de Santo António (pertença da Santa Casa da Misericórdia do Porto) era tema de grande discussão no meio médico e civil. Também na mesa da Misericórdia se estabeleceu uma luta que dividia as vontades: “uns eram a favor, outros eram contra”. Tudo isto num enquadramento histórico em que, em 1955, saía do Hos-pital de Santo António a Faculdade de Medicina do Porto, levando consigo um grande número de profissionais diferen-ciados. Levanta-se então a dúvida sobre o futuro da instituição, “deveria o hospi-tal redefinir a sua posição passando a atender as necessidades da população lo-cal ou sofreu uma evolução positiva, readquirindo todas as suas competências com a formação de novos profissio-nais?”. Alguns mesários defendiam que a Misericórdia não tinha capacidade eco-nómica para enveredar por um caminho de inovação e desenvolvimento tecnoló-gico, enquanto que outros e um grupo de médicos (Dr. Albino Aroso, Dr. João de Melo, Dr. Braga da Cruz, Dr. Elísio Pi-menta entre outros), encabeçados pelo neurologista Dr. Corino de Andrade, eram a favor de uma evolução tecnológi-ca positiva.

O rim artificial foi assim a “chama” que espoletou uma série de reações: “Quem não queria que o Hospital evoluísse era contra o rim artificial”, lança a Dra. Eva Xavier. A profissional adianta que a insti-tuição tinha em sua posse um rim artifi-cial desde 1965, data em que a Direção Geral dos Hospitais – “por esforços do Prof. Doutor Levi Guerra e do Dr. João de Melo Soares” – comprara o equipa-mento, que nunca havia sido ativado por necessitar de instalações apropriadas. O primeiro rim artificial, muito mais moder-no, não carecia de qualquer tipo de inter-venção na estrutura do espaço, sendo ativado do dia para a noite pela Dra. Eva

Xavier, pelo Dr. Serafim Guimarães e pe-lo Prof. Doutor Levi Guerra – sem a au-torização oficial do diretor clínico – com o intuito de salvar a vida de um doente , por acaso médico do Hospital. Este ato arrojado teve repercussões na vida da nossa interlocutora que não viu o seu contrato ser revalidado no final desse mês para o novo ano de 1959, tendo es-tado “três dias impedida de entrar no Hospital de Santo António”. “Na noite em que o rim artificial iniciou o seu fun-cionamento, tomei conhecimento que se faziam apostas na cidade sobre a opera-cionalidade do dispositivo”, confidencia--nos. Foi dentro do Serviço de Medicina I, dirigido pelo notável médico internista Dr. João de Melo Soares, que entra em funcionamento a unidade do rim artifi-cial. Só em 1975 nasce o Serviço de Ne-frologia no Hospital de Santo António.

Convém esclarecer que Portugal era nas décadas de 60 e 70 um país pobre, com distâncias agudizadas pela fraca re-de viária que cobria o território, princi-palmente as regiões do interior. A diálise, apesar de presente pontualmente em Lisboa e Porto, era um tratamento que começava a ser conhecido entre os doen-tes, muito por influência dos imigrantes que usufruíam desse tratamento nos paí-ses de acolhimento. Este conhecimento levou a que muitos portugueses come-çassem a procurar tratamento fora do país, mas viam-se depois impedidos de regressar por falta de seguimento em Portugal. “Vi morrer muita gente por fal-ta de condições de tratamento”, recorda

des nos hospitais de Vila Real, Bragança, Chaves e Viana do Castelo.

A hemodiálise é em grande parte dos países um programa que depende da ação do Estado, mas funciona com uma estrutura muito próxima do doente dada a necessidade deste se sujeitar a trata-mento três vezes por semana. “Se os doentes têm que andar muitos quilóme-tros a sua vida torna-se penosa. Recor-do-me de enviar várias pessoas para se-rem submetidas a tratamento em Espa-nha e em França, dado não existir em Portugal capacidade de resposta”, recor-da a nossa interlocutora. Reportamos um tempo em que só o Hospital de San-to António detinha um rim artificial no norte do país e, “em Lisboa, existia ape-nas numa unidade privada pertencente ao Dr. Filipe Vaz”, médico transfusionis-ta, muito vocacionado para as novas tec-nologias, que adquiriu o primeiro rim ar-tificial da capital e colocou-o a funcionar na sua clínica privada. Foi pelo arrojo do Dr. Filipe Vaz que se tornou possível, em Lisboa, começar a fazer hemodiálise em doentes agudos (e mais tarde doentes crónicos) que acorriam aos hospitais pú-blicos.

Curiosidade que merece ser divulgada, o rim artificial presente no Hospital de Santo António foi adquirido por um doente do Prof. Doutor Levi Guerra, que se deslocou a Paris para ouvir a opinião do Prof. Jean Hamburger presente no Hospital Neker onde, funcionava desde 1965. Regressado a Portugal, solicitou apoio para o tratamento ao Hospital de Santo António e disponibilizou o equipa-mento para tratar outras pessoas. “No dia 16 de janeiro de 1968, começámos os tratamentos, eu, o Prof. Levi Guerra e o Dr. Serafim Guimarães, depois de uma

Foi nas instalações da Unihemo, no Hospital S. Francisco do Porto, que encetamos um diálogo esclarecedor sobre a história da hemodiálise em Portugal. A nossa entrevistada, a Dra. Eva Xavier relatou-nos factos que merecem ficar gravados na história da evolução dos cuidados de saúde em Portugal.

“Como médica o meu dever é tratar os doentes e criar condições para que eles sejam bem tratados, ainda hoje trabalho para isso”

SaúdeUnihemo, Unidade de Hemodiálise do Porto 13

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com pesar a médica especialista em Ne-frologia e Medicina Interna.

Na década de 70, já existia o rim artifi-cial no Hospital de Santo António e em 1975 surge no Hospital de São João. Era fraca a capacidade de resposta pe-rante o volume de casuísta, apesar de a Fundação Gulbenkian ter oferecido mais cinco novos rins artificiais de modelo atualizado. Urgia uma mudança de para-digma na estruturação da assistência prestada aos doentes renais, algo que veio a ser impulsionado por outros even-tos. Um deles foi o facto de o Dr. Albino Aroso assumir o cargo de Secretário de Estado da Saúde, em 1978, numa época em que os jornais noticiavam o volume de doentes portugueses encaminhados para unidades de diálise em Espanha e França em viagens custeadas pelo Esta-do. Sabedor desta realidade, o então Se-cretário de Estado da Saúde cria um gru-po de trabalho, que não chegou a ter grande atividade por contingências políti-cas. Em 1980, com a entrada da Dra. Leonor Beleza para o Ministério da Saú-de, o processo tem continuidade sendo convocados os responsáveis pelos Servi-ços de Nefrologia do norte, centro e sul do país. Foi então nomeada a Comissão Nacional de Diálise e Transplantação, “que funcionava adstrita ao gabiente da ministra”, à qual foi dado o prazo de um ano para apresentar o levantamento das necessidades do país e uma proposta de solução para o problema. A Comissão ti-nha por cada região (norte, centro e sul)

Chaves. Apenas Braga não abriu por fal-ta de condições físicas do edifício hospi-talar, sendo mais tarde servida por uma unidade privada e, atualmente, com uma unidade no novo Hospital.

A esta Comissão, composta por médi-cos da especialidade, se deve o esforço de criação deste plano. Uma vez conse-guida a adesão dos hospitais regionais, estes profissionais tiveram que garantir a formação no hospital central, da equipa médica e de enfermagem locais e, aberta a unidade, os médicos do Serviço de re-taguarda prestaram apoio presencial du-rante muitos meses. Conseguiu-se assim minorar o esforço que os doentes faziam com deslocações constantes ao Porto. A Dra. Eva Xavier chegou a enfrentar as estradas de Trás-os-Montes ao Porto, sentindo os perigos a que os doentes se submetiam para cumprirem os tratamen-tos. Olhando para todos os esforços fei-tos na criação de condições de atendi-mento às necessidades destes doentes, é com alguma mágoa que recorda os mo-mentos em que lhe foi apontado o dedo

por assumir funções no serviço nacional de saúde a par do exercício em clínica privada. Porém, sente que cumpriu a sua missão durante a sua carreira hospital. “Como médica o meu dever é tratar os doentes e criar condições para que eles sejam bem tratados, ainda hoje trabalho para isso”, reforça.

Unihemo Paralelamente aos acontecimentos his-

tóricos relatados, a Dra. Eva Xavier soli-citou ao Dr. Elísio Pimenta, enquanto Provedor da Ordem Terceira de São Francisco do Porto, um espaço para abrir uma Unidade de Hemodiálise. A 1 de agosto de 1979 a nefrologista abre no Hospital S. Francisco a primeira uni-dade privada (hoje Unihemo, Unidade de Hemodiálise do Porto) a surgir no norte do país e que ainda hoje conta com a sua presença e acompanhamento diá-rio.

50 anos passados desde o início da lu-ta pela melhoria da assistência aos doen-tes renais, a nossa interlocutora depara--se com uma realidade totalmente dife-rente. Hoje a maioria das unidades de hemodiálise são privadas, tendo sempre como retaguarda um centro hospitalar, aliança que defende. “Os cuidados de saúde privados têm que ser complemen-tares ao Sistema Nacional de Saúde. A especialidade de Nefrologia é altamente exigente e é essencial que estes médicos tenham onde exercer a sua atividade. Atualmente, a maioria dos nefrologistas que não trabalha no SNS encontra vaga no sistema privado”, defende a Dra. Eva Xavier.

A Unihemo está também presente desde 1991 em Ponta da Barca no Hos-pital da Santa Casa da Misericórdia local.

um representante de Nefrologia, um re-presentante da equipa cirúrgica de Uro-logia e um representante da Histocom-patibilidade. O norte foi representado pela Dra. Eva Xavier, pelo Dr. Manso Preto, diretor do Serviço de Urologia do Hospital de São João e pelo Dr. Arman-do Mendes, da área da Histocompatibili-dade. A Comissão era presidida por um representante direto da ministra, o Dr. Rodrigues Pena, cirurgião dos Hospitais Civis de Lisboa, que mais tarde liderou a equipa de transplantação renal. Nesse ano, foram diligenciadas visitas ao longo de todo o país. Os elementos responsá-veis pela região norte foram aos vários hospitais regionais falar com os seus res-ponsáveis, perceber as suas necessidades e apresentar a proposta de instalação de unidades de diálise enquadradas nos ser-viços de Medicina, com o apoio do Hos-pital central de retaguarda (às necessida-des da área Metropolitana do Porto e Trás-os-Montes e Alto Douro respondia o Hospital de Santo António, aos distri-tos de Braga e Viana do Castelo atendia o Hospital de São João). O relatório apresentado em 1981 foi analisado e aprovado com indicação de execução, competindo depois aos membros da Co-missão coordenar a aplicação da propos-ta. Encetados inúmeros esforços, em 1982 abre a unidade de do Hospital de Vila Real, seguida em 1983 da unidade no Hospital de Bragança e, em 1987, são inauguradas as unidades do Hospital de Viana do Castelo e do Hospital de

“O Serviço de Nefrologia do Hospital de Santo António foi – e continua a ser – um modelo a nível nacional na descentralização da diálise”

Unihemo - Unidade de Hemodiálise do Porto, Lda.

Rua da Bolsa, nº 7 • 4050-116 PortoTel. 222 062 124

Praça da República • 4980-619 Ponte da BarcaTel. 258 455 967

Saúde ibis Lisboa Sintra14

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Em negócios ou em lazer, a unida-de oferece aos seus hóspedes uma estadia de excelência nas proximida-des de Sintra, antigo refúgio da fa-mília real portuguesa, conhecida mundialmente pelos seus palácios, castelos e colinas verdejantes.

Os 125 quartos da unidade estão equipados com a cama exclusiva Sweet Bed TM by ibis, que garante o máximo conforto e a melhor noite de sono. Os quartos duplos, twin e triplos apresentam uma decoração moderna e dispõem de casa-de-ba-nho privativa, wifi gratuito e TV LCD. O hotel possui ainda dois quartos adaptados para pessoas com mobilidade reduzida.

Os hóspedes do ibis Lisboa Sintra desfrutam da mais completa oferta de restauração. O pequeno-almoço

prioridade para o ibis Lisboa Sintra. Desde o acolhimento e uma equipa de profissionais sempre disponível, uma decoração muito atual e cosy, até serviços de check-in online 24h/24h, wifi gratuito, estaciona-mento privativo, até a melhor oferta de restauração 24 horas por dia, tu-do é pensado para garantir o bem--estar e a satisfação os nossos clien-tes», explica Carla Ramos, diretora da unidade.

Para quem visita Sintra, Patrimó-nio Mundial da UNESCO, o ibis Lis-boa Sintra apresenta-se assim como um hotel moderno, com uma ótima relação qualidade-preço.

buffet é servido das 6h30 às 12h00, e apresenta uma gama variada de produtos frescos e especialidades gastronómicas locais, como os fa-mosos pastéis de nata. O hotel dis-ponibiliza ainda um serviço de snacks e refeições ligeiras 24h/24h.

Mas a grande novidade é o novo restaurante do hotel: o i-pizza, que propõe uma carta com seis especia-lidades (Royal, Bolonhesa, 4 quei-jos, Chèvre, Chouriço e Campone-sa), que podem ser degustadas na sala do restaurante ou na apetecível esplanada no exterior. Para quem preferir saborear as deliciosas pizzas no conforto do quarto ou levá-las como companhia num passeio turís-tico, o hotel prevê ainda serviço de take-away.

«O conforto e o bem-estar dos nossos hóspedes e clientes são uma

O ibis Lisboa Sintra goza de uma localização privilegiada junto da zona industrial de Sintra e com grandes facilidades de acesso ao centro histórico da vila, bem como a Lisboa.

ibis Lisboa Sintra: um hotel contemporâneo junto da pitoresca vila de Sintra

SaúdeClínica Pacheco 15

Dez2017

Corria o ano de 1979 quando, uma vez concluída a sua formação na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, o Dr. Jor-ge Pacheco decidiu desenvolver o seu próprio espaço, numa iniciativa que – após décadas de experiência acumulada – faria da Clínica Pache-co uma incontornável referência, não apenas no concelho de Espinho e regiões limítrofes, mas também um pouco por todo o país e além-fron-teiras. Tal processo foi garantido através de um caminho concretizado “pouco a pouco”, embora sempre na companhia “da exigência de exe-cução e do atendimento que entendi serem os corretos”, contextualiza o nosso entrevistado.

Obedecendo sempre à lógica que lhe permitiria assegurar “a fiabilida-de e a satisfação do paciente ao lon-go dos anos”, o Dr. Jorge Pacheco acreditou no potencial de expandir a sua clínica dentária com a abertura de gabinetes que permitissem a inte-

por intermédio da Implantologia. Es-ta última corresponde a uma área da Medicina Dentária relativamente à qual o Dr. Jorge Pacheco reserva uma especial dedicação, tendo o nosso interlocutor apostado na sua continuada formação profissional ao longo dos anos. O prestígio do seu trabalho tem-lhe permitido, de resto, aplicar uma média de “700 a 800 implantes por ano”, num valor onde se inclui não apenas o utente espi-nhense e oriundo da área metropoli-tana do Porto, mas também um cres-cente número de pacientes estran-geiros que – aproveitando o melhor da relação qualidade-preço que o nosso país tem para oferecer – não dispensa o serviço da Clínica Pache-co.

Decisivo para a preferência deste universo de utentes não será alheio o facto de este ser um espaço preo-cupado com a adaptação da Saúde Oral aos mais recentes equipamen-tos e progressos tecnológicos. É nes-se âmbito que o nosso entrevistado realça a técnica de carga imediata, um mecanismo inovador para a co-locação de implantes dentários que se notabiliza por possibilitar – no de-

curso de apenas um dia – a altera-ção, para melhor, da fisionomia e sorriso do utente.

O processo é simples: a primeira etapa passa pela elaboração de um TAC ao utente, por forma a com-preender-se a sua estrutura óssea e anatomia. Posto isto, ao início da manhã é feita a remoção dos dentes necessários, ao que se seguirá a co-locação dos implantes. Por fim, ao final da tarde, é colocada a prótese ou dentes fixos, assegurando a satis-fação, o conforto e a estética do pa-ciente. Claro está que para a celeri-dade e sucesso de uma intervenção como esta se afigura indispensável a colaboração com um laboratório de implantologia devidamente creden-ciado.

Sensibilizar e prevenirPese embora a qualidade e profis-

sionalismo com que a Medicina Den-tária é praticada no nosso país, o Dr. Jorge Pacheco lamenta que largas porções da sociedade portuguesa ainda “não atribuam muito relevo à saúde oral, passando-a para segun-do ou terceiro plano”. É nesse con-texto que o especialista partilha uma mensagem de sensibilização, lem-brando que a negligência no trata-mento da boca poderá dar azo a pa-tologias noutros orgãos do corpo humano, de que constituem exem-plo a pielonefrite, a nefrite, a endo-cardite ou a patologia do trato gas-trointestinal.

Por fim, o nosso interlocutor faz também uma alusão a segmentos mais vulneráveis da população (no-meadamente, grávidas e diabéticos), salientando que nestes casos especí-ficos se verificam comportamentos hormonais e/ou alimentares a que importa prestar especial atenção, sendo recomendável trocar a visita anual ao consultório por um diag-nóstico trimestral.

gração de cada vez mais especialida-des dentro do vasto universo da Me-dicina Dentária. Na prossecução desse mesmo avanço, afigurou-se igualmente importante que o seu fi-lho - Dr. Tomás Pacheco – ousasse seguir a carreira do pai, optando por complementar a sua formação com a especialidade de Reabilitação Oral.

Um serviço integralUm dos fatores que melhor carac-

teriza o trabalho desenvolvido pela Clínica Pacheco é o amplo leque de especialidades que lhe permite – através de um corpo clínico coeso e altamente qualificado – proporcio-nar respostas aos diversos tipos de solicitações, necessidades e emer-gências. A título exemplificativo, im-porta salientar que a Cirurgia e a Reabilitação Oral se agregam num espaço onde são também possíveis Ortodontia, a Periodontologia, a Odontopediatria ou a Endodontia,

Com sede em Espinho, a Clínica Pacheco notabiliza-se pelo bom serviço, a tecnologia de ponta e a larga experiência que marcam a diferença na arte de cuidar da sua saúde oral.

Qualidade e inovação no tratamento oral

Clínicas Pacheco

Rua 8 nº381, 1º4500-153 Espinho

Telefone (351) 227 342 718Telemóvel: (351) 929 074 937

Email: [email protected]

Saúde16

Dez2017

A excelência da fisioterapiae da ortopedia em Lisboa

A complementaridade de ação e o conhecimento das funções de cada um dos profissionais intervenientes são fundamentais para que em todos os momentos de recuperação o clien-te se sinta seguro e confiante na equi-pa que o acompanha.

A intervenção pré-operatória é fun-damental para que após a cirurgia se-ja mais fácil ganhar mobilidade articu-lar, reativar as estruturas musculares e evitar complicações.

No período pós-operatório prima-mos por manter uma boa comunica-ção entre os fisioterapeutas e o médi-co cirurgião, sendo este um fator deci-sivo para uma recuperação bem suce-dida. Como cada vez mais o médico responsável pelo cliente necessita de dados objetivos para poder avaliar a progressão do paciente ao longo das diferentes etapas, temos protocoliza-dos testes de desempenho funcional e de análise de força muscular em mo-mentos específicos.

Desta forma conseguimos monitori-zar de forma objetiva a evolução do paciente moldando a intervenção con-soante as suas limitações. A recolha destes dados permite também que o médico responsável tenha informação acerca do estado da recuperação no momento de decisão da alta médica.

graças às sinergias criadas entre as vá-rias áreas e dos meios técnicos dispo-níveis.

O joelho corresponde a uma das áreas de atuação mais complexas e interessantes dentro do universo da Fisioterapia. De que modo a Fisio-gaspar – quer através da sua equipa de especialistas, quer por intermé-dio das suas tecnologias e metodo-logias terapêuticas – atende às ne-cessidades dos utentes com proble-mas no joelho?

Na nossa perspetiva o sucesso de um tratamento a uma lesão do joelho passa pela integração de todos os pro-fissionais em todo o processo de recu-peração, desde o pré-operatório, ato cirúrgico até ao pós-operatório.

Com mais de 30 anos de expe-riência em Medicina Desportiva Musculoesquelética, o doutor Antó-nio Martins é o coordenador do projeto ‘React’. Tem como princi-pal área de especialização a Cirur-gia Artroscópica e Reconstrutiva do Joelho, detendo um currículo ímpar no acompanhamento de atletas de alta competição e operado despor-tista de renome, desde campeões olímpicos de várias modalidades a futebolistas conceituados dos prin-cipais clubes portugueses. António Martins é também coordenador de Ortotraumatologia do Benfica e di-retor de Serviço de Ortopedia do Hospital Sant’Ana.

António Martins coordena React

A Fisiogaspar é considerada, por muitos, um espaço de referência na área da saúde e bem-estar em Portugal e no estrangeiro desde 1998. Dr. António Martins, coordenador de Ortotraumatologia do Benfica e Diretor Clínico do Hospital Sant’Ana, fala-nos um pouco sobre este espaço no qual desempenha um papel de destaque enquanto ortopedista residente e coordenador do projeto React.

Há 20 anos que a Fisiogaspar é uma clínica com grande ligação à fisiotera-pia do desporto. Hoje em dia, assume um papel de destaque na área da saú-de e bem-estar por ter alargado o seu âmbito de intervenção. Nos 2500 m² onde desenvolve a sua atividade con-vergem as áreas de clínica, fisiotera-pia, hidroterapia, nutrição, medical spa, private gym, health coaching e academia, com forte aposta em tecno-logia e equipamentos de topo.

Nos últimos anos, a transversalidade de serviços e soluções de saúde, bem--estar e otimização da performance tem sido vastamente explorada na Fi-siogaspar. Por essa razão, oferece uma recuperação completa permitin-do que o cliente beneficie de um trata-mento all inclusive. Isto só é possível

Atendendo ao seu estatuto en-quanto líder nacional e nome de re-ferência a nível internacional, que apresentação nos pode fazer da Fi-siogaspar e do modo como a Fisio-terapia é aqui conceptualizada e aplicada?

Saúde 17

Dez2017

feedback, Análise da Marcha ou Tera-pia Neofect.

A definição do plano de intervenção está dependente de uma análise cuida-da do caso pela nossa equipa especia-lizada de médicos, fisioterapeutas, nu-tricionistas, psicólogos, terapeutas da fala e medicina tradicional chinesa.

Análises Clínicas, Cardiologia, Cirur-gia Geral/Plástica, Coaching, Derma-tologia, Fisiatria, Medicina Desporti-va, Geral e Familiar, Ortopedia, Pedia-tria, Psicoterapia e Terapia da Fala

Soluções diferenciadas no plano ali-mentar através da Nutrição Clínica, Desportiva, Pediátrica, na Gravidez e Online, com indicação de suplementa-ção alimentar e dietas personalizadas

Um espaço inspirador, com o objetivo de alcançar a harmonia. Recurso a di-versas Terapias, Chinesa e Orientais

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Duas décadas de experiência propor-cionam um tratamento único, onde são privilegiadas as terapias manuais e onde não existem limitações de tem-po, espaço ou recursos

Com fisioterapeutas especializados em cinesioterapia aquática, propor-ciona a realização de programas de re-cuperação, prevenção e promoção da saúde e é recomendada para todos

Um aspeto diferenciador do vos-so espaço é a inovação por detrás de iniciativas como o projeto React. Em que consiste e quais as vanta-gens para o paciente?

O programa React baseou-se no pa-radigma cada vez mais aceite de que a intervenção em atletas de alta compe-tição deve ser feita integrando conhe-cimentos da área médica, fisioterapia, fisiologia do exercício e nutrição.

Distinguimos a intervenção em con-texto de lesão e em melhoria da per-formance desportiva, pelo que se des-tina não só àqueles que necessitam de tratamento de lesões como também aos que querem melhorar o seu rendi-mento desportivo através da otimiza-ção das suas capacidades físicas.

O programa React foi idealizado com o objectivo de tornar acessível a qualquer pessoa todos os serviços, as mais recentes técnicas e tecnologias que normalmente estão disponíveis para atletas de alta competição.

Outra das opções inovadoras que a Fisiogaspar proporciona aos seus clientes é o programa NeuroReact. Em que consiste e que carateriza-

ção nos pode fazer desta mesma opção terapêutica?

O cliente com patologia neurológica pode apresentar diversas alterações que comprometem a sua funcionalida-de, independência e integração social. As sequelas podem ser a nível motor/sensitivo, comportamentais/emocio-nais, alterações da fala, entre outros.

O programa NeuroReact surge da necessidade de oferecer a estes clien-tes um conjunto de serviços criado por uma equipa multidisciplinar.

O NeuroReact pressupõe uma inter-venção intensiva e individualizada - os nossos clientes podem usufruir de 3 a 6 horas de terapias específicas, como Realidade Virtual, Hidroterapia, Bio-

Fisiogaspar PortugalAv. Estados Unidos da América, 2C 1700-174 Lisboa00351 217 279 [email protected]

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Opinião18

Dez2017

Melhores técnicos de saúde, me-lhores medicamentos e melhores tecnologias de diagnóstico – são os principais fatores da nossa evolu-ção no setor. No entanto, é neces-sário continuar a mostrar resulta-dos positivos e remunerar os nos-sos investidores ligados à indústria farmacêutica, que faz os enormes investimentos na investigação e de-senvolvimento de medicamentos melhorados e novas fórmulas. Só mostrando resultados positivos e só obtendo lucro, é que estes agen-tes continuam a investir, e apenas assim conseguimos continuar a ga-rantir uma qualidade acrescida no nosso envelhecimento.

No que toca à igualdade de direi-tos na saúde, há muito que se lhe diga, mas continua a existir um desfasamento elevado. Não existe, ainda, o mesmo nível de acesso à melhor tecnologia de saúde dispo-nível no mercado e o acesso às me-lhores condições possíveis para to-dos. É de senso comum geral a partilha da vontade em usufruir do melhor no que respeita à saúde,

uma reflexão aprofundada em rela-ção ao contrato social na saúde pre-tendida daqui em diante. Este tema nem sempre consegue fazer o mes-mo barulho do que muitos outros, mas é também através de um movi-mento social que as mudanças de paradigma começam a surgir. E quanto ao investimento público na saúde, parte dele continuará a ser canalizado para interesses privados, como se verificou no ano anterior?

A saúde que queremos ter passa por mudanças mais profundas - mais recursos, mais resultados po-sitivos, menos discriminação. É o que semeamos hoje que colhemos amanhã. E no que toca à saúde, não há ninguém que não dependa dela para o que quer que seja, sen-do portanto um interesse comum. Além disso, vivemos atualmente num cenário que provoca a neces-sidade de constante mudança, e es-ta provocação deve ser feita no sentido de se proporcionar uma mudança no modo de pensarmos e agirmos, para assim conseguirmos alcançar um sistema mais saudável.

mas o melhor custa dinheiro. E neste campo deveria custar? O acesso de excelência à saúde não é, portanto, um direito do cida-dão? Que importância é dada a es-ta componente? Que gestão finan-ceira é realizada? Assim sendo, o prolongamento de vida é uma op-ção de cada um de nós na socieda-de? Ou se paga, ou não se tem di-reito?

Acredito que a resposta à questão “que saúde queremos ter?” não se divide muito entre os cidadãos por-tugueses. Todos nós sabemos o que queremos nesse âmbito. Mas conti-nuam a existir medicamentos inova-dores a aguardar decisão em segui-mento da solicitação de financia-mento público, assim como conti-nuam a existir respostas negativas neste sentido. Isto traduz uma sim-ples realidade - poderiam, cidadãos, estar a usufruir de condições melho-radas, e isso não está a acontecer. Poderiam, doentes, estar a ter uma melhoria muito mais rápida e eficaz no seu estado atual de saúde, e pro-vavelmente não estão. É urgente

Somos um país cada vez mais envelhecido – é um facto. E este facto traz consigo consequências para o nosso futuro e para a qualidade com que vivemos a velhice. É com agrado que reagimos perante as recentes estatísticas relativas à esperança média de vida portuguesa, e temos motivos para isso face à excelente evolução que tem vindo a ser registada. Mas para além de continuarmos a viver mais, queremos continuar a viver melhor.

Que saúde queremos ter?

Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda • Telefones: 22 502 39 07 / 22 502 39 09 • Fax: 22 502 39 08 • Site: www.perspetivas.pt • Email: [email protected] • Gestores de Processos Jornalísticos: José Ferreira e Nuno Sintrão • Periodicidade: Mensal • Distribui-ção: Gratuita com o Jornal “Público” • Depósito Legal: 408479/16 • Preço Unitário: 4€ / Assinatura Anual: 44€ (11 números)

Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins sem autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos do suplemento e o editor não se responsabiliza pelas inserções com erros ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes.

SaúdeSociedade Portuguesa de Anestesiologia 19

Dez2017

As palavras-chave que condicionarão es-te novo mandato serão as que definem um Anestesiologista como Líder, Médico do Peri-operatório, Médico da Emergência e Medicina Intensiva, Médico da Dor, For-mador Competente, focado na Atualiza-ção e Formação Contínua além da Forma-ção de Internos, Defensor da Qualidade e Segurança, Promotor da Inter e Multidisci-plinariedade.

SPA 2014 – 2017Rosário Órfão, presidente reeleita da

SPA fala-nos sobre a atividade da Socieda-de no mandato que terminou: “No último mandato, elaborámos e registámos novos estatutos clarificando as grandes áreas de atividade da Anestesiologia e enquadrando as seções temáticas. Connosco, a Socieda-de cresceu em número de sócios, de sec-ções e grupos de trabalho e a participação ativa dos anestesiologistas triplicou. Reali-zámos três Congressos de elevada qualida-de e participação, o de 2017, batendo to-dos os recordes em número de médicos inscritos (930) e na qualidade científica. Fo-mos parceiros da ESA (European Society of Anesthesiology) na realização do Focus Meeting de 2016. Conseguimos mais um centro de Exame do Diploma Europeu de Anestesiologia em Portugal e mantivemos parceria com o Comité Europeu de Ensino de Anestesiologia para organização bia-nual de Cursos Avançados de Via Aérea

Integramos um grupo de trabalho com a Associação Portuguesa de Cirurgia de Am-bulatório, os SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) e algumas Unida-des de Cirurgia de Ambulatório para elabo-ração de bases de registos informatizados.

Foi nossa preocupação garantir para a Anestesiologia portuguesa e para a Socie-dade como sua representante, a dignidade e destaque merecidos, integrando desde a primeira hora grupos como o Fórum das Sociedades Científicas Médicas e o Conse-lho das Sociedades Médicas portuguesas; representando a especialidade sempre que convidados, e respondendo a todas as questões que os órgãos de comunicação colocaram.

Durante três anos, procurámos mostrar Como a Anestesiologia Mudou o Mundo, com a exposição que percorreu o país”.

SPA 2017 – 2020Para o próximo triénio, a nossa entrevis-

tada avança: “Renovamos a equipe, so-mos de várias gerações, diferentes regiões, de hospitais públicos e/ou privados, pois importa ser abrangente. Formar, renovar e passar testemunho, garantindo a continui-dade.

A direção integra, pela primeira vez, um interno de formação específica espelhan-do a importância que damos ao envolvi-mento de todos desde que abraçam a Anestesiologia. Escolhemos um colega com obra feita no council da ESA.

Em outubro de 2018, comemoraremos o Dia Mundial com o 1º ENIA (Encontro Nacional de Internos de Anestesiologia) no Porto, organizado pela Seção de Internos da SPA. É nosso objetivo cativar os jovens talentos para que fiquem no nosso país.

Projetos relacionados com a Formação, o Trauma e a implementação de progra-mas ERAS (Enhanced Recovery After Sur-gery), pelo seu impacto na melhoria de qualidade de cuidados prestados aos cida-dãos a par do impacto económico, serão fomentados e desenvolvidos pela nova di-reção o que fez incluir nos corpos sociais da SPA colegas com interesse nestas áreas.

Pretendemos que a Sociedade consti-tua um espaço para a melhoria da ativi-dade individual e coletiva da nossa espe-cialidade”.

Em linhas gerais, nova direção da SPA assume o compromisso de:

Promover a colaboração, a troca de ex-periências e a reflexão conjunta;

Dar continuidade e promover a elabora-ção de Recomendações e Guidelines com o objetivo de uniformizar práticas clínicas; permitindo benchmarking, realização de auditorias e melhoria contínua;

Consolidar as Secções e grupos de tra-balho. Estão já planeadas mais duas: Trau-ma e Gestão;

Criar apoios à Investigação em Aneste-siologia, valorizando a inovação, a qualida-de científica;

Continuar a promover a formação con-tínua, certificação e acreditação, criando parcerias e programas de intercâmbio. Manteremos as parcerias já existentes com CEEA e centros de simulação;

Nos dias 9 e 10 de março de 2018, rea-liza-se o Congresso em Lisboa. O título é Anestesiologia the heart. Somos de facto o coração, o core, em que cada vez mais es-pecialidades se apoiam, mas também a al-ma pela dignidade que conseguimos dar aos doentes;

Em paralelo, no dia 10 decorrerá a Reu-nião de Anestesia Pediátrica;

Continuar os projetos de Cooperação com organizações científicas nacionais e internacionais desenvolvendo as novas es-tratégias recentemente acordadas;

Fortalecer parcerias com organizações governamentais e não governamentais que possam influenciar a Anestesiologia nos seus vários campos de atividade;

O projeto é ambicioso e não se esgota nas intenções anunciadas, tudo evolui, as mudanças acontecem, as oportunidades aparecem e enriquecem. Já demos provas de que o conseguiremos levar a bom por-to. É nosso principal objetivo motivar os sócios, mantendo a estratégia de os envol-ver em cada vez maior número, nas ativi-dades da SPA, para em conjunto presti-giarmos a Anestesiologia Portuguesa”.

Dificil imprescindíveis na formação e atua-lização. Anualmente, acolhemos os novos internos de Anestesiologia oferecendo a inscrição na SPA, pois acreditamos que é desde o início que as novas gerações devem integrar a Sociedade. Em 2017, criámos mais um sucesso, o 1º Curso de Formação de Formadores em Aneste-siologia. A formação é o alicerce da qua-lidade e segurança. Organizamos três Tertúlias de Anestesiologia com excelen-te e descontraído convívio de aprendiza-gem e quatro Reuniões de Gestão, Lide-rança e Estratégia para as quais convida-mos diretores de serviço e assistentes graduados sénior que, em conjunto, refle-tiram e discutiram assuntos de gestão im-portantes para o prestígio e liderança dos Anestesiologistas.

Tivemos convidados ilustres, como o Bastonário da Ordem dos Médicos, mem-bros dos corpos sociais das Sociedades Científicas Europeias, da ACSS, do SPMS, colegas de outras especialidades, ex e futu-ros governantes, sociólogos, jornalistas, enfim, preocupamo-nos em proporcionar bons momentos de atualização, formação contínua, debate e reflexão.

Envolvi colegas e serviços de todo o país. Organizamos jornadas desde Guimarães até ao Algarve, sem esquecer os Açores e a Madeira, porque a Sociedade é de todos os Anestesiologistas.

Comemoramos o 60º aniversário da SPA e 30º da revista com evento digno so-bre As Novas Gerações e o exercício da Medicina.

Como presidente da SPA, integrei o gru-po de trabalho que elaborou a 1ª Rede de Referência de Anestesiologia legalizada, um importante marco para a Anestesiolo-gia portuguesa. Mantivemos bom relacio-namento com outros órgãos de Anestesio-logistas. Valorizando o trabalho em equi-pa, inerente à Anestesiologia, estabelece-mos parcerias com outras sociedades científicas nacionais e internacionais.

Em 2 de outubro foram eleitos os novos corpos sociais da SPA, equipa renovada para mais um período de três anos com um programa de continuidade de projetos e ações iniciados no mandato anterior e novos desafios.

Um novo mandato – apresentação de uma nova equipa e um projeto

Saúde Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica20

Dez2017

República da Irlanda, Eslovénia, Espa-nha, Turquia e Reino Unido.

Portugal esteve representado nesta conferência pelo Dr. Aníbal Marinho (presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e parentérica – APNEP), pelo Professor Lino Mendes (secretário da APNEP) e pela Dra. Maria Cândida Cruz (vice-presidente da Asso-ciação Portuguesa da Doença Inflama-tória do Intestino – APDI).

Num grande número de delegações europeias, para além dos representan-tes nacionais das sociedades de nutri-ção, também estiveram presentes mem-bros dos ministérios da saúde e várias representantes de associações de doen-tes dos diferentes países participantes nesta campanha.

A delegação portuguesa, pela pessoa do Dr. Aníbal Marinho, teve a oportuni-dade de apresentar a candidatura de Sintra, cidade que irá acolher a próxima conferência da ONCA.

Porquê Sintra?A Câmara Municipal de Sintra tem

desenvolvido enumeras iniciativas em prol da saúde da população tendo aco-lhido o Encontro Nacional dos Nutricio-nistas das Autarquias organizado pela

Ordem dos Nutricionistas, que se reali-zou no Centro Cultural Olga Cadaval em junho deste ano.

Este evento nacional contou com a presença institucional do Dr. Rui Perei-ra, vice-presidente da Câmara Municipal de Sintra e da Dra. Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

O trabalho desenvolvido pela Câmara de Sintra é muito vasto e tem como ob-jetivo a promoção da saúde junto das fa-mílias e das crianças capacitando-os pa-ra importância da alimentação e de um estilo de vida saudável.

Desde 2015 que a Câmara de Sintra promove mensalmente workshops de culinária aos sábados, para pais e filhos. Estes workshops têm por objetivo capa-citar a comunidade educativa para a preparação e confeção de alimentos saudáveis. Aumentar as food skills, par-ticularmente das crianças e dos jovens, é investir na saúde e bem-estar da popu-lação num futuro próximo.

O aumento do conhecimento ao nível da segurança alimentar, da consciência de consumo, da rotulagem, da prepara-ção e confeção de alimentos saudáveis podem traduzir-se em escolhas alimen-tares mais saudáveis, com consequente impacto na saúde. Os workshops são inspirados na dieta mediterrânica e têm como princípio geral a confeção de re-ceitas simples, económicas e saudáveis que possam ser preparadas em família.

Um outro projeto com um impacto di-reto na saúde foi reconhecido num con-texto científico - o “Projeto Sal Q”. Des-de 2013 que foi implementada uma me-todologia efetiva na redução da quantida-de de sal nas refeições escolares servidas nas escolas do primeiro ciclo do concelho de Sintra assegurando um aporte abaixo do limite máximo recomendado para as crianças destas faixas etárias. O trabalho foi premiado como melhor póster cientí-fico no XVIII Congresso Anual da Asso-ciação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica, em 2016, no Porto.

Portugal no combate à Malnutrição em Saúde

Conferência Internacional da ONCA realiza-se em Sintra em 2018

Em 2010 a Aliança Europeia de Nutrição para a Saúde (ENHA) iniciou conversações com membros do parlamento europeu e outras organizações internacionais para se criar um movimento político em que a malnutrição, associada à doença fizesse parte e se tornasse uma prioridade da agenda europeia.

Foi assim, com apoio do Parlamento Europeu, desde 2010, e a implementa-ção de iniciativas nacionais, desde 2012, que surge em 2014 a campanha internacional ONCA (Optimal Nutritio-nal Care for All) em que se procura re-duzir substancialmente a incidência de malnutrição associada à doença em to-dos os países europeus.

Portugal pediu a sua admissão a este movimento em 2016, tendo sido admi-tido como membro efetivo em dezem-bro de 2016.

No presente ano, a delegação portu-guesa, em colaboração com várias enti-dades de saúde, tem feito um esforço

significativo na redução das diferenças que nos afastam do panorama europeu atual relativamente ao combate à mal-nutrição associada à doença.

Este esforço viria a ser reconhecido quando em 19 de maio de 2017 nos foi atribuída a responsabilidade de organi-zar a conferência da ONCA em Portu-gal em 2018.

Em Bled, na Eslovénia, após a apre-sentação da candidatura portuguesa foi aceite que a conferência se realizaria em Sintra a 12 e 13 de novembro de 2018, com a participação de um grupo mais alargado de países europeus (18 países).

Quarta conferência da Onca em Bled – novembro 2017

No passado dia 13 e 14 de Novembro de 2017 decorreu em Bled, na Eslové-nia, a quarta conferência anual do ON-CA (Nutrição Adequada para Todos) com a presença de delegações de 16 países: Bélgica,  Croácia, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Israel, Itália, Suécia, Holanda, Portugal,

SaúdeAssociação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica 21

Dez2017

cial que lançará o próximo ciclo de de-senvolvimento.

Chegou então o momento de defi-nirmos outras prioridades.

Nas últimas décadas reduzimos a mortalidade nas doenças cardiovas-culares e aumentamos a esperança de vida dos doentes oncológicos. Mas muitas vezes, estas melhorias só ocorrem com a utilização de te-rapêuticas de última geração, dife-renciadas e dispendiosas que por vezes os doentes não conseguem suportar, ou não beneficiam na sua totalidade pelo facto de estarem desnutridos.

Só através da preservação de um adequado estado nutricional e da ma-nutenção de uma adequada mobilida-de, conseguimos preservar a nossa in-dependência e melhorar a nossa quali-dade de vida.

Em Portugal, segundo dados de 2015 do NutritionDay, 46% dos indi-víduos hospitalizados encontrava-se em risco nutricional, apresentando

Apoio do Presidente da Câmara de Sintra à Campanha ONCA

Foi com muita satisfação que a AP-NEP pode constatar, desde o início, um forte empenho da Câmara Municipal de Sintra na realização da Conferência em novembro de 2018 e na vontade de participar e promover diversas iniciati-vas para a promoção de uma nutrição adequada para toda a população do concelho.

Segundo o seu presidente, Dr. Basílio Horta, “a Câmara Municipal de Sin-tra  apoia  esta iniciativa da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Pa-rentérica,  porque reconhece a impor-tância desta temática para um desenvol-vimento inclusivo da comunidade”.

“O debate entre os especialistas nesta matéria é fundamental, assim co-mo campanhas de sensibilização da po-pulação em geral. Os alertas para a im-portância da  realização de rastreios e formação sobre desnutrição junto da terceira idade são um fator de melhoria

perda de peso não intencional nos úl-timos três meses.

Também no nosso país, segundo os dados recentemente divulgados do PEN-3S, 43,5% dos idosos residentes em lares encontram-se desnutridos ou em risco nutricional.

Embora a desnutrição associada a doença seja muito frequente em campos tão variados como as doen-ças oncológicas, doentes críticos, pós-AVC, doenças neurológicas, de-mências, síndrome de fragilidade, doenças respiratórias, doenças gas-trointestinais, entre outras condi-ções clínicas, raramente é despista-da.

Por outro lado a falta de acesso des-tes doentes a terapêuticas nutricionais com vantagens clínicas demonstradas contribui para agravar esta situação, impedindo em muitos casos o trata-mento ou o sucesso do tratamento destas doenças.

É importante que se mude esta reali-dade…

da qualidade de vida que a autarquia apoia e procura aprofundar na sua atua-ção diária”.

Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer

Portugal tem feito um esforço meritó-rio ao longo das últimas décadas, na melhoria dos cuidados de saúde da po-pulação, que se traduziu num aumento significativo da esperança de vida, mas que por outro lado nem sempre se tra-duziu numa melhoria da qualidade de vi-da.

A crise económica veio agravar ainda mais este fosso com um agravamento da qualidade de vida dos portugueses.

É óbvio que durante a crise para enfrentar os crescentes custos dos serviços de saúde foi necessário pro-mover a cortes significativos para a população. Será que fomos longe demais?

Mas invertendo o rumo, a recupera-ção criará a estrutura económica e so-

Saúde Fórum das Tecnologias da Saúde22

Dez2017

Criado em 1992, o Fórum Tecnolo-gias da Saúde surgiu como uma plata-forma que permitia o trabalho e a in-terligação entre o movimento associa-tivo e sindical, na perspetiva de serem refletidas várias questões ligadas ao ensino e ao desenvolvimento das pro-fissões representadas. Não anulando aquela que é a atividade individual de cada associação nas suas áreas especí-ficas de intervenção, atualmente, inte-gram o Fórum Tecnologias da Saúde as associações profissionais das se-guintes áreas: Análises Clínicas e Saú-de Pública; Anatomia Patológica; Au-diologia; Cardiopneumologia; Farmá-cia; Higiene Oral; Medicina Nuclear; Neurofisiologia; Ortoprotesia; Ortóp-tica; Prótese Dentária; Radiologia; Ra-dioterapia; Saúde Ambiental; Terapia da Fala.

de saúde primários em Portugal, com ganhos para o SNS ao nível da pre-venção e do rastreio. Tínhamos a ex-pectativa que com este Governo e com este Ministério da Saúde, as pro-fissões pudessem passar a ter um pa-pel mais ativo nas políticas da saúde, dando os contributos sobre as diferen-tes reformas. Estamos a falar de pro-fissões que estão no sistema público (e privado) de ensino nas quais o Estado está a investir, frustrando depois as ex-pectativas dos jovens profissionais ao permitir que entrem num mercado não regulado, onde vão encontrar pessoas não qualificadas, sendo a sua capacidade de intervenção muito dimi-nuta. Acresce que quando surgem de-núncias de exercício ilegal ou inqualifi-cado torna-se muito difícil atuar. Pre-tendemos assim que o FTS liderando este projeto consiga transferir para as profissões uma capacidade acrescida de participação”. Falamos de um uni-verso de cerca de 30 mil profissionais presentes no território nacional nos próximos cinco anos.

O FTS está a trabalhar com a Admi-nistração Central do Sistema de Saúde

na matéria de reconhecimento de ha-bilitações de cidadãos oriundos de ou-tros estados-membros e, noutro pla-no, mantém o diálogo com o Instituto Nacional de Estatística (INE) com o in-tuito de perceber e corrigir os factos que, na última revisão, colocaram es-tas profissões em dois níveis distintos de classificação (nível 2 e nível 3). Realce-se também a presença do FTS na discussão do ato em saúde na As-sembleia da República.

Para o ano de 2018 estão a ser pro-gramadas algumas iniciativas para di-fundir a missão do FTS em contexto público. Alguns eventos públicos vão assim permitir uma relação e uma maior interação com os profissionais. “Queremos estar mais ativos juntos dos profissionais, para isso muito vai pesar a criação do site que compilará a informação mais atual e pormenori-zada da atividade assim como o histó-rico do FTS”, revela o coordenador.

Ordem uma meta que urgeComo já referimos, nos últimos 15

anos, o FTS tomou uma posição so-

Ao longo dos anos, o Fórum foi de-senvolvendo um papel interventivo, nomeadamente na implementação do Processo de Bolonha, tendo igual-mente encetado o diálogo com diver-sas entidades sobre a classificação portuguesa das profissões integradas nas designadas Tecnologias da Saúde e cuja carreira na administração públi-ca corresponde aos técnicos superio-res de diagnóstico e terapêutica. “O modelo de formação português é único na europa do ponto de vista do desenvolvimento e da organização dos modelos de formação, sendo os profissionais nacionais reconhecidos no contexto europeu e estando as as-sociações que compõem o FTS inte-gradas em plataformas europeias e mundiais”, enaltece o coordenador do Fórum Tecnologias da Saúde, Dr. João José Joaquim.

Apesar da dificuldade de se fazer ou-vir dentro de portas enquanto organi-zação de direito privado — algo que não se verifica com as Ordens às quais é dado o direito de assento na tomada de decisão — ao longo dos últimos anos o Fórum assume outros desafios. Integrado na Comissão para a Refor-ma da Saúde Pública Nacional, a con-vite do ex Diretor-Geral da Saúde Dr. Francisco George, e estabelecido con-tacto com a Coordenação Nacional para a Reforma dos Cuidados de Saú-de Primários o Fórum pretende con-quistar um maior papel de interven-ção: “Consideramos que estas profis-sões estão muito longe de ter o papel que podem e devem ter nos cuidados

Organização supra associativa que integra, atualmente, 15 associações profissionais, o Fórum Tecnologias da Saúde (FTS) tem como objetivo acicatar a reflexão sobre questões relacionadas com as profissões no contexto dos sistemas de saúde. Mais recentemente tem-se constituído como motor para a criação de uma Ordem Profissional, tendo apresentado o projeto na Assembleia da República no passado mês de outubro.

Fórum Tecnologias da Saúde: 25 anos de atividade

FTS - Fórum Tecnologias da SaúdeAPHO - Associação Portuguesa de Higienistas OraisAPLF - Associação Portuguesa de Licenciados em FarmáciaAPOR - Associação Portuguesa de OrtoptistasAPSAi - Associação Portuguesa de Saúde AmbientalAPtA - Associação Portuguesa de AudiologistasAPTAC - Associação Portuguesa dos Técnicos de Análises ClínicasAPTAP - Associação Portuguesa dos Técnicos de Anatomia PatológicaAPTEC – Associação Portuguesa de CardiopneumologistasAPTF – Associação Portuguesa de Terapeutas da FalaAPTMN – Associação Portuguesa de Técnicos de Medicina NuclearAPTN – Associação Portuguesa de Técnicos de NeurofisiologiaAPTO – Associação Profissional dos Técnicos de OrtoprotesiaAPTPD – Associação Portuguesa de Técnicos de Prótese DentáriaART – Associação Portuguesa de RadioterapeutasATARP – Associação Portuguesa dos Técnicos de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear

SaúdeFórum das Tecnologias da Saúde 23

Dez2017

deontológicas na relação que temos, não só com as outras profissões, mas, principalmente, com o utente que tem que ter a garantia que os profissionais são habilitados”. Perante esta conjun-tura, foi com surpresa que os elemen-tos do FTS viram a sua proposta re-provada num ato que o coordenador Dr. João José Joaquim considera de-ver-se “a fatores políticos”.

“Pela seriedade e pela confiança que se conseguiu criar com o Parlamento, com o Ministério da Saúde e com a Presidência da República, tínhamos a expectativa que a proposta fosse apro-vada. Conseguimos, ao contrário do passado, ter interlocutores estáveis nos diferentes grupos parlamentares, porém houve um volte de face estra-nhíssimo e por isso consideramos que foi um processo mais político do que propriamente de racionalidade na de-cisão parlamentar”, aponta o coorde-nador do FTS. O facto de o PSD ter imposto disciplina de voto nesta maté-ria revelou-se inesperada. “Isto nunca se havia colocado, o PSD sempre nos disse que ia ter um papel importante e que estava vinculado com este proces-so”, assinala o Dr. João José Joaquim, levantando ainda o facto de “12 depu-tados do PSD através de uma declara-

bre o processo de autorregulação das profissões que representa e que, se-gundo regulação estatal de 1999, tem como regulador a Administração Cen-tral do Sistema de Saúde. O Decreto--Lei nº 261/93, de 24 de julho, defi-niu a necessidade de regulação do exercício destas profissões, sendo pos-teriormente regulamentado pelo De-creto-Lei nº 320/99, de 11 de agos-to. A partir de 1999, a lei previa a constituição de um Conselho Nacional das Profissões, “onde as associações tinham assento”, assim como os dife-rentes organismos do Estado — De-partamento de Recursos Humanos, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho —, que acabou por nunca se constituir. Além do registo dos profis-sionais e  do reconhecimento do título profissional, através da emissão de uma cédula profissional, a Administra-ção Central do Sistema de Saúde não cumpre outro papel no campo da re-gulação profissional.

Nos últimos anos, situação agravada pelo período de crise económica, a área de intervenção das 15 profissões que integram o FTS tem vindo a ser marcada por “um exercício ilegal e in-qualificado”, alerta o nosso entrevista-do. No sentido de reverter esta situa-ção, aquando da criação da legislação que define o regime jurídico das asso-ciações públicas profissionais em Por-tugal, o FTS decidiu iniciar os traba-lhos em torno da elaboração de uma proposta parlamentar para a criação

ção de voto terem revelado um incó-modo considerável pela posição que foram obrigados a tomar com a impo-sição da disciplina de voto”.

Surpreendidos também pela posi-ção do Conselho Nacional das Ordens Portuguesas (CNOP) que apresentou ao Parlamento um pedido de suspen-são da iniciativa de criação da Ordem dos Técnicos de Saúde, assim como da Ordem dos Fisioterapeutas, o coor-denador considera ter sido esta “uma intromissão abusiva e inaceitável so-bre o poder legislativo”, efetivada com argumentos falsos que revelam um profundo desconhecimento do pro-cesso e da proposta apresentada.

Após um período de reflexão sobre todos estes factos, as 15 associações mantêm o compromisso de continuar a trabalhar: “Vamos iniciar contactos com o Conselho Nacional de Saúde, recentemente criado e manter uma atividade que permita apresentar solu-ções para as políticas em saúde. Sabe-mos que é difícil dentro desta legislatu-ra aparecer uma nova iniciativa, mas vamos continuar a dar o nosso contri-buto apesar das dificuldades e dos obs-táculos que a área da saúde, pelo teci-do profissional e organizacional que tem, torna complexo”.

de uma Ordem profissional. Esse foi o grande foco desta organização nos úl-timos anos e culminou com a apresen-tação de uma proposta ao Parlamento a 20 de outubro deste ano. A mesma foi rejeitada com os votos a favor do PS e do PAN, abstenção do PEV, CDS-PP, PCP e do Bloco de Esquerda e com os votos contra do PSD.

Esta decisão surpreendeu todos os elementos do Fórum que, recorda o Dr. João José Joaquim, havia apre-sentado a proposta e trabalhado a mesma com todos os grupos parla-mentares ainda na anterior legislatura: “Tivemos sempre acolhimento e con-seguimos encontrar convergência nas posições. Solicitamos, de acordo com a lei, ao Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universi-dade de Coimbra a elaboração de um estudo que garante o interesse público da autorregulação destas profissões e que foi apresentado juntamente com uma proposta de estatuto”. O modelo apresentado mostrou-se inovador do ponto de vista da arquitetura jurídica de uma Ordem ao propor-se repre-sentar 15 profissões distintas com uma base científica e de formação co-mum, garantindo a individualidade das profissões.

A posição do Ministério da Saúde, na figura do Secretário de Estado Ad-junto e da Saúde Prof. Doutor Fernan-do Araújo, revelou-se de apoio, atra-vés do envolvimento ativo no proces-so de criação da Ordem, tendo mani-festado “nas diversas reuniões a importância destas profissões no con-texto da saúde e do SNS em Portu-gal”.

Acresce ainda todo o trabalho de-senvolvido com os grupos parlamen-tares, apresentado sempre em igual-dade de circunstância e numa perspe-tiva de fundamentação do interesse. “Invocamos a necessidade desta au-torregulação exatamente pelo contex-to do exercício das profissões, da des-regulação que existe e na salvaguarda do que está constitucionalmente con-sagrado do direito à saúde e à prote-ção da saúde. Temos que ter todos os mecanismos e todas as garantias de que é possível, em cada momento, re-gular o acesso ao exercício das profis-sões, abordar as questões éticas e

“Queremos estar mais ativos juntos dos profissionais, para isso muito vai pesar a criação do site que compilará a informação mais atual e pormenorizada da atividade assim como o histórico do FTS”, revela o coordenador.

Saúde ATARP – Associação Portuguesa dos Técnicos de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear24

Dez2017

Em entrevista com Joana Santos, presi-

dente da direção da ATARP, percebemos

que a sigla desta instituição já não corres-

ponde à sua atual designação “fruto do

acompanhamento da evolução histórica

das profissões, com a integração da Radio-

terapia e da Medicina Nuclear que surgi-

ram posteriormente”. A década de 80

apresentou uma aproximação das três

áreas, na mesma época em que foram re-

conhecidas como métodos de diagnóstico

e tratamento, sendo por isso lógica a sua

integração na ATARP. Esta agregação per-

mitiu acolher associados das três áreas e,

mais recentemente, licenciados em Ima-

gem Médica e Radioterapia numa lógica

que segue o mote “ATARP inclusiva”. “So-

mos a favor da integração. Os nossos só-

cios são profissionais com formação supe-

rior (licenciatura, mestrado e doutoramen-

to) em Radiologia, Radioterapia, Medicina

Nuclear ou Imagem Médica e Radiotera-

pia. Defendemos isto de forma acérrima

tanto que atualizámos os nossos estatutos

muito recentemente para que pudéssemos

os profissionais devem receber os seus títu-

los, mas serem submetidos a uma atualiza-

ção ao longo do seu percurso, tanto mais

que falamos de profissionais que trabalham

com radiação ionizante. “Consideramos que

a formação profissional contínua – defendi-

da, já utilizada e obrigatória em vários países

– é um dos âmbitos que temos que mudar

em Portugal e devemos exigir aos profissio-

nais”. Pensando nesta vertente, a ATARP

defende que todas as áreas que integra te-

nham obrigatoriedade de renovar a sua for-

mação profissional, fazendo prova para esse

efeito. “É para aí que temos que caminhar

para garantir a qualidade dos cuidados de

saúde. Sabemos que há vários profissionais

que se atualizam, através de mais formação,

mas existem vários que não o fazem”, refor-

ça a presidente da direção da ATARP.

Nova Legislação sobre Proteção Radiológica

Outros horizontes que a Associação está

empenhada em transferir para o contexto

nacional prende-se com “as preocupações

com a transposição da diretiva comunitária

2013/59/EURATOM: conhecendo o pa-

pel dos ‘radiographers’ no espaço europeu

e entendendo o que podemos fazer neste

envolvimento das normas de segurança de

base, da diretiva comunitária que tem que

estar transposta até fevereiro de 2018. Os

nossos contributos para a mudança desta

diretiva reforçam o nosso papel enquanto

profissionais que contactam diretamente

com o doente e com a tecnologia que utili-

za radiação, devendo ser os promotores da

proteção radiológica e da otimização dos

procedimentos nas três áreas que repre-

sentamos. Defendemos que o conceito Ra-

diation Protection Officer (RPO) que está

apresentado na proposta de tradução e

que corresponde a um responsável pela

proteção radiológica deve ser um profissio-

nal dos que representamos. Consideramos

que temos conhecimento, competências e

aptidões para o fazer – logicamente defen-

dendo o CPD obrigatório, numa lógica de

intervenção multidisciplinar. Defendemos

que podemos ser RPO e os que pretende-

rem realizar formação reconhecida pela

autoridade competente para o efeito po-

derão ser reconhecidos como ‘expert’.”.

A direção da ATARP assume como uma

das suas grandes preocupações a falta de

aplicabilidade do descrito na lei: “A legis-

lação portuguesa existe, está bem descri-

ta, mas é “letra morta”. Para que seja

efetiva os profissionais que representa-

mos devem ser reconhecidos. Estamos no

terreno e a forma mais lógica de a prote-

ção radiológica existir é ter os profissionais

que manipulam os equipamentos, que se-

lecionam os parâmetros de exposição à ra-

diação, que executam os procedimentos e

que estão em contacto com os doentes, se-

rem RPO. No fundo vamos criar uma cul-

tura de proteção, que é necessária nos

nossos departamentos, que utilizam radia-

ção ionizante”.

“Temos a esperança que a nova Diretiva

Comunitária permita o funcionamento dos

serviços com o nosso contributo direto, no

sentido de promover uma cultura de segu-

rança e proteção radiológica. Se a legislação

for escrita neste sentido nós achamos que a

proteção radiológica pode ser efetiva e que o

Estado português deve reconhecer os profis-

sionais que têm no terreno, que para além

da Licenciatura que os habilita para o exercí-

cio possuem Pós Graduação, Mestrado e até

Doutoramento nestas áreas.”. Neste âmbito,

a ATARP solicitou a revogação do decreto

de lei 227/2008 que considerava que profis-

sionais com grau não superior poderiam ser

responsáveis na área de proteção radiológi-

ca. “Face à nova diretiva esta é uma lei a re-

vogar. Outra das nossas preocupações pren-

de-se com o nosso parque tecnológico. Os

equipamentos considerados de tecnologia

pesada estão reconhecidos, mapeados, mas

sabemos alguns, não cumprem as recomen-

dações de boas práticas, estando muitos de-

les obsoletos”. Uma fiscalização que a

ATARP considera que, no sector privado,

tem sido efetivada, mas que no público não

tem sido tão eficiente.

ter profissionais destas áreas”, salienta a

presidente da direção.

Com uma forte dinâmica internacional,

dentro do seu plano estratégico, a ATARP

marca presença regular nas reuniões da Fe-

deração Europeia, da qual foi membro fun-

dador, assimilando as diferentes visões que

se perspetivam para os “radiographers”. Es-

ta ação alinhada com os seus pares visa a de-

finição conjunta de estratégias de desenvolvi-

mento destas profissões no contexto euro-

peu e nacional.

Na última reunião da Federação Europeia,

que decorreu nos dias 11 e 12 de novembro,

para além da eleição da nova direção da Eu-

ropean Federation of Radiographer Socie-

ties (EFRS) que tem como Presidente Dr. Jo-

nathan McNulty da área da Imagem Médica

e como vice-presidente Charlotte Beardmo-

re de Radioterapia, foram atualizados os ce-

nários de cada país. Segundo Joana Santos,

“Portugal apesar do nível de formação eleva-

do, carece de promover as exigências de for-

mação e atualização contínua ao longo da vi-

da”. Saliente-se que a ATARP defende que

A ATARP - Associação Portuguesa de Técnicos de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear, com estatutos criados em 1969, tem atualizado e acompanhado o historial destas três profissões. O primeiro ato da Associação ocorreu em 1968, sendo que no próximo mês de janeiro se iniciam as comemorações do seu 50º aniversário.

Promover uma cultura de segurança e proteção radiológica

Alguns dos Presidentes da ATARP: Professor Manuel Correia, Dra. Ana Terezinha, Prof. Doutora Joana Santos, Dr. Jorge Moura e Prof. Dr.Graciano Paulo

SaúdeAssociação Portuguesa dos Técnicos de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear 25

Dez2017

Defesa das competências profissionais

Realidade que não escapa ao olhar atento da

direção da ATARP, a associação está a solicitar

pareceres jurídicos com o intuito de auxiliar os

seus profissionais nas questões que os preocu-

pam, nomeadamente a administração de pro-

dutos de contraste e de radiofármacos, prática

da competência dos profissionais que represen-

tam, mas não raras vezes assumida por outros.

“Por exemplo, quando o workflow de trabalho

engloba outros profissionais, não queremos

perturbar mas demonstrar que, como está des-

crito na lei, temos competência para realizar as

administrações que são parte integrante dos

procedimentos que realizamos. Somos questio-

nados por colegas que se deparam com outros

profissionais que assumem esta função e pre-

tendemos auxiliar na resolução da situação, re-

forçando assim que estamos orientados e te-

mos formação dedicada”, reitera Joana San-

tos. A ATARP tem já um parecer jurídico favo-

rável nesse sentido que será apresentado em

breve. “Tentamos estar atentos e atualizados

sobre aqueles que são os nossos conteúdos fun-

cionais, as nossas competências e áreas em que

devemos atuar e o que faz ou não parte dos

nossos conteúdos profissionais. É nessa verten-

te que tentamos emitir pareceres, formação, fa-

zer uma profissão construída defendendo os in-

teresses dos profissionais e a saúde dos nossos

utentes, assim como das equipas que trabalham

connosco. É importante não esquecer que ape-

sar da radiação ser algo que não se vê, não se

cheira e não se sente, é fundamental para o

diagnóstico e tratamento e têm um impacto

imenso na saúde.”, reforça a nossa entrevista

recordando que a luta pelo reconhecimento co-

mo profissão de risco é longa, existindo ainda

muito a fazer nesta área.

do Coração, onde vão decorrer sessões dedica-

das à Ciência, seguidas de um tributo à história

da ATARP com a presença de profissionais das

suas diferentes áreas, abordando a evolução

das suas especialidades nas várias frentes.

A direção da ATARP vai também focar-se na

participação, de 28 de fevereiro a 4 de março,

no European Congress of Radiology onde irá

apresentar uma sessão conjunta com a Asso-

ciação Suíça. Um evento que prima pela abor-

dagem multidisciplinar (técnicos, médicos e físi-

cos) e que se destaca por ser o maior congres-

so europeu que junta as três áreas e toda a in-

dústria que as assiste. Refira-se que a ATARP

estará presente juntamente com a Sociedade

Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear

(SPRMN) em sessões que focam Portugal, um

dos países em destaque este ano nesse evento.

Também neste congresso vai decorrer a reu-

nião da Federação Europeia num encontro

que promove o diálogo entre 38 associações e

cerca de 50 universidades europeias.

Logo após o ECR, a ATARP vai iniciar um

curso online de Proteção Radiológica, forne-

cendo novas ferramentas de atualização aos

profissionais que representa. Uma ação que

envolve médicos, técnicos e físicos numa

abordagem multidisciplinar e integradora:

“Vamos rever conceitos sobre a criação de

níveis de referência e diagnóstico nas nossas

áreas; sobre medidas de proteção radiológi-

ca e de otimização de procedimentos nas

três áreas que representamos”. O curso vai

ter início no dia 7 de março, com inscrições

abertas já no final do mês de janeiro.

Na mesa de trabalhos da ATARP está tam-

bém a participação no Congresso Nacional

de Radiologia (18 e 19 de maio), organizado

pela Sociedade Portuguesa de Radiologia e

Medicina Nuclear: “Fomos convidados para

ter sessões para ‘radiographers’ e sessões

conjuntas com a SPRMN o que para nós é

uma honra e um sinal de valorização do nos-

so trabalho e da importância das equipas

multidisciplinares. Algo gostaríamos replicar

no futuro com outras Sociedades das áreas

que representamos”, assinala Joana Santos.

Em fase de estudo e preparação estão ou-

tros cursos online focados nas três áreas, as-

sim como serão divulgados cursos online

apresentados por entidades europeias.

Os planos traçados para 2018, tentam ir ao

encontro do crescimento e reconhecimento

das profissões que representa, pretendendo

honrar e respeitando os 50 anos de legado. A

atual direção da ATARP pretende continuar a

ser o rosto e a voz das áreas da Radiologia, Ra-

dioterapia e Medicina Nuclear, sendo inclusiva,

aberta a discussões multidisciplinares e queren-

do fazer a diferença. Defendendo a promoção

de cuidados de saúde de qualidade e segurança

dos doentes e profissionais.

Presente no Fórum das Tecnologias da Saú-

de, a ATARP apela à regulação profissional co-

mo medida imprescindível à segurança de

doentes e profissionais de saúde sujeitos a ra-

diação ionizante. “Existe em Portugal exercício

ilegal praticado outros profissionais executam

procedimentos, manipulando equipamentos

para os quais não têm formação, expondo

profissionais e doentes à radiação ionizante

sem qualquer tipo de conhecimento. Enquanto

Associação, apresentámos por várias vezes à

Inspeção-Geral das Atividades em Saúde

(IGAS) situações de exercício ilegal e nada foi

feito. Essa é uma área que nos preocupa, no

entanto foi-nos negada a criação de uma Or-

dem porque supostamente o Estado, agente

regulador, deveria atuar”.

Estas temáticas foram abordadas no XVII

Congresso Nacional da ATARP, que ocorreu

no passado mês de novembro (fotografias).

Agenda 2018 A comemoração do 50º aniversário da

ATARP inicia a ordem de ações já programa-

das para o próximo ano. No dia 20 de janeiro

a ATARP regressa à sua origem, realizando em

Lisboa, um dia de celebração sob a temática

Sessão de Discussão da Directiva Comunitária: Dra Cristina Almeida, Dra Isabel Diegues, Prof. Dr. João Lima e Prof. Dra. Joana Santos

Prof. Dra. Joana Santos e Dr. Altino Cunha, Presidente e Vice-Presidente da ATARP

Saúde Associação Portuguesa de Radioterapeutas26

Dez2017

Fundada em 2006, a ART (anterior-mente designada por Associação dos Técnicos de Radioterapia) é um organis-mo cuja essência remonta à necessida-de, sentida por um conjunto de Radiote-rapeutas, de que os interesses da sua classe fossem devidamente representa-dos. O desejo de ver estabelecida “uma dinâmica própria” revelou-se uma evi-dência há muito aguardada, comprova-da pelo “processo gradual” com que es-ta entidade conseguiu cimentar uma im-portante ligação com um crescente nú-mero de associados, propagados de norte a sul do país.

Assumindo com particular importân-cia, desde a sua génese, o imperativo de desenvolver eventos científicos que se consubstanciassem numa plataforma de diálogo e troca de experiências entre os profissionais desta e de outras classes médicas associadas à Radioterapia, a ART definiu ainda como objetivo elevar o estatuto, reconhecimento e padrão de qualidade do ensino desta especialidade, bem como da respetiva carreira profis-sional, numa lógica onde se engloba ain-da uma postura de parceria e cumplici-dade com outros organismos análogos a nível internacional e europeu.

O desenrolar das primeiras ações da Associação acabariam por coincidir com o período em que Filipe Cidade de Mou-ra se encontrava a desenvolver investiga-ção científica na Holanda, sendo, poste-riormente, convidado a integrar o Comi-té de Radioterapeutas, inserido na So-

correspondam a uma das principais preocupações assumidas pela atual dire-ção da ART.

Sublinhando que, até ao ano de 2014, “a nossa formação era conside-rada uma das melhores da Europa” e que os recém-licenciados eram con-frontados com muito positivas hipóte-ses de empregabilidade além-fronteiras – devido à elevada especialização dos cursos nacionais – a atual direção da ART mostra-se particularmente crítica e preocupada com o modo como as li-cenciaturas de Radioterapia, Medicina Nuclear e Radiologia foram agregadas num só programa de primeiro ciclo do ensino superior. Não subestimando o potencial de sinergia entre as três áreas, que partilham importantes ele-mentos, o organismo contesta o me-nor grau de especialização com que os futuros profissionais serão lançados num mercado de trabalho muito espe-cífico e pouco interessado em técnicos de cariz generalista.

Ainda nesse âmbito, Filipe Cidade de Moura refere outro condicionalismo sen-tido pelos Radioterapeutas nacionais: “em Portugal, não existe grande possibi-lidade de os profissionais fazerem forma-ção enquanto exercem a sua atividade nos hospitais”, lamenta o responsável, antes de sublinhar a ausência “de condi-ções ou incentivos favoráveis” para o de-senvolvimento de competências especí-ficas e avançadas na área da Radionco-logia.

O Radioterapeuta e a sociedadeO modo como o desempenho dos

profissionais desta área é encarado pela sociedade civil é outra importante temá-tica para a ART. Lembrando que o Ra-dioterapeuta estabelece estreita proximi-dade com o doente oncológico, Filipe Cidade de Moura destaca como impera-tivo nas suas funções (para nomear algu-mas): a dosimetria, a administração e controlo de qualidade do tratamento, a braquiterapia, e a gestão de efeitos se-cundários, onde se afigura de relevante importância que os Radioterapeutas possam garantir uma prática segura, au-tónoma e responsável, acompanhada pela investigação e desenvolvimento profissional continuo, tão relevantes na área da Radioncologia.

ciedade Europeia de Radioterapia e Oncologia (ESTRO). Estas experiências, paralelamente ao seu valor curricular, proporcionaram ao Presidente de Dire-ção da ART “uma visão diferente” sobre a profissão, permitindo-lhe inclusiva-mente “comparar a Radioterapia a nível internacional com a realidade portugue-sa”.

Com o objetivo major de importar pa-ra o nosso país inovadoras e diferentes perspetivas sobre a área, foi com reno-vado dinamismo que o nosso interlocu-tor organizou, com a anterior direção, um grupo de associados que assumi-riam, em 2013, a liderança do organis-mo. Esta “foi uma luta para voltar a en-volver os profissionais”, na tentativa de que estes “aderissem, partilhassem e dis-cutissem métodos de trabalho, nomea-damente nos nossos Congressos Nacio-nais”, recorda o Especialista.

Desafios em PortugalFalar em Radioterapia é aludir à inter-

venção de cariz transdisciplinar, assente no planeamento e execução de opções terapêuticas, baseadas na utilização de radiação ionizante. Pela sua natureza e, mais particularmente, atendendo à es-pecificidade de conhecimentos técnicos e científicos exigíveis à sua classe profis-sional – nomeadamente nos domínios da Oncologia, Psicologia, Física, Radio-biologia e Biotecnologia –, não constitui-rá surpresa que a formação e o ensino

O Presidente da Direção da ART, Filipe Cidade de Moura, fala sobre os desafios que os profissionais da área enfrentam em Portugal, antes de revelar as principais conclusões alcançadas na mais recente edição do Congresso Nacional ART.

Radioterapeuta: uma profissão a valorizar

SaúdeAssociação Portuguesa de Radioterapeutas 27

Dez2017

vimento profissional contínuo e das competências do Radioterapeuta”, o Congresso Nacional ART (CNART) é um evento anual de enorme importância para a profissão, em constante processo de valorização. Fazendo uma retrospeti-va da edição do CNART2017, que de-correu em Lisboa, entre 10 e 12 de no-vembro, Filipe Cidade de Moura salienta que se pretendeu “agregar, disseminar e elevar os melhores padrões e práticas nacionais e internacionais”, à medida que “foram explorados e debatidos des-de temas mais atuais, até aos mais con-troversos em Radioncologia”.

Contando com a presença de mais de 200 participantes, o Congresso tradu-ziu-se num verdadeiro “palco para mo-mentos únicos de reflexão e partilha”, acerca de temáticas como o tratamento e a prestação de cuidados ao doente on-cológico. De facto, “a dimensão huma-na faz parte da nossa atividade e, como tal, faz todo o sentido que possamos dar a voz a quem precisa e acredita em nós”, afirma o nosso interlocutor, numa refe-rência a uma das mais importantes ino-vações do Congresso Nacional: a deci-são de incluir o testemunho de um doen-te oncológico, no contexto de mesa redonda, sobre “O Papel do Radiotera-peuta na Sociedade”, onde foram abor-dados tópicos sensíveis sobre “viver com a doença”. Refere ainda o Especialista que, para além de toda a componente

Perante um cenário em que se prevê que aproximadamente um terço da po-pulação portuguesa contrairá uma pato-logia oncológica até ao final da sua vida, e que cerca de 50% destes doentes ne-cessitará de Radioterapia em alguma fa-se da sua doença, o nosso entrevistado acredita que “cada vez mais, serão ne-cessários profissionais capazes de acom-panhar o desenvolvimento tecnológico e proporcionar a melhor resposta possí-vel”, constatando que o papel do Radio-terapeuta Português tem sido, paulatina-mente, reconhecido pela sociedade civil e associações de doentes, bem como ou-tros organismos científicos e profissio-nais, de âmbito nacional e internacional.

Neste contexto, uma reivindicação que, efetivamente, promete continuar a marcar a atuação da ART é o reforço do contacto (e de uma nova abordagem pa-ra) com o doente. “Somos nós que pre-paramos o doente e administramos o seu tratamento, mas a outra parte do acompanhamento – quer pré, durante e pós tratamento (follow up) – merece igual destaque, constata o Presidente da Direção, advogando que “o estreitar de relações com profissionais de vários se-tores da saúde permitiria um melhor acompanhamento inicial (pré Radiotera-pia), controlo atempado de efeitos se-cundários, e uma mais célere recupera-ção do utente a curto, médio e longo prazo, numa política de proximidade com as populações”.

Neste sentido, a ART iniciou uma pri-meira ronda protocolar com Associa-ções de doentes oncológicos Nacionais, tendo celebrado protocolo com a Asso-ciação Oncológica do Alentejo, na mais recente edição do Congresso Na-cional ART. Outras associações manifes-

tecnológica e científica, “a ART quer fa-zer parte da solução de apoio e suporte aos doentes que nos procuram e a todas as Associações que pretendem connos-co colaborar, com vista à melhoria subs-tancial da qualidade de vida” do doente oncológico e seus cuidadores, formais ou informais.

Juntando a colaboração de especia-listas e investigadores oriundos das mais diversas geografias europeias, o evento demarcou-se também pela rea-lização de dois Cursos Avançados Pré--Congresso que, em conjunto com o Programa Principal do CNART2017, culminaram num total de 45 comuni-cações científicas, intensificando-se dessa forma o sucesso de um aconteci-mento anual que permitiu, inclusiva-mente, “reforçar a presença dos Ra-dioterapeutas Nacionais, que estão ca-da vez mais empenhados e motivados para a progressão científica, a regula-mentação profissional pelo processo Ordem, num conjunto de 15 Associa-ções Profissionais que compõem o FÓRUM das Tecnologias da Saúde e a rápida implementação da carreira de “Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica”, recentemente publicada em decreto-lei.

Sempre com as máximas de que Se-guimos Juntos “Pela excelência da Pro-fissão”, finaliza o Radioterapeuta Filipe Cidade de Moura.

taram particular interesse em colaborar com a ART para a consciencialização e desmistificação do cancro na sociedade e, em particular, ao doente oncológico, suas famílias e cuidadores, caracterizan-do-se por uma abordagem holística cen-trada no saber cuidar, valorizando a indi-vidualidade de cada Doente, respeitando as suas crenças, vontades e necessida-des, pela igualdade de direitos e valoriza-ção pessoal.

É ainda de salientar que, no que con-cerne ao doente e aos seus direitos, mais um passo importante foi dado pela ART, tendo sido convidada pela Sociedade Europeia de Radioterapia e Oncologia (ESTRO) a colaborar no mais recente projeto económico, o HERO (Health Economics in Radiation Oncology), que tomou maiores proporções ao jun-tar vários stakeholders em sede de Par-lamento Europeu, onde a ART esteve representada, na discussão pela Visão ESTRO, pelo acesso a uma Radiotera-pia de qualidade, de um modo mais jus-to e igualitário entre os países Europeus. Estima-se que um em cada quatro doen-tes em toda a Europa não recebem ou não têm acessso à Radioterapia proto-colada.

“Every cancer patient in Europe will have access to state of the art radia-tion therapy, as part of a multidisci-plinary approach where treatment is individualised for the specific patient’s cancer, taking account of the patient’s personal circumstances.” (ESTRO)

Congresso Nacional ART 2017Assente numa “estratégia concertada

de interesse nacional para a promoção da ciência, da investigação, do desenvol-

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Sediado em Fátima, o Colégio de São Miguel é uma “instituição de grande prestígio” com mais de cinco décadas de história e de uma missão assente na prestação, à comunidade envolvente, de um serviço de forte vocação social. Mais concretamente, e tal como salienta o atual diretor, Manuel Lourenço, esta corresponde a uma escola “que sempre foi reconhecida pela formação do ser humano em todas as suas dimensões, e não apenas pela transmissão de serviços letivos de excelência”. Fundado pela Diocese de Leiria-Fátima, este foi um estabelecimento de ensino que come-çou por proporcionar formação gratuita a jovens, de modo a atender às carên-cias educativas então sentidas na região.

O que começou, todavia, por ser um projeto constituído por turmas de pou-cos elementos, paulatinamente cresceu ao ritmo com que se foi cimentando o dinamismo da própria localidade. Com o avançar das décadas e a consequente adaptação a múltiplas realidades, tam-bém o modelo de financiamento da ins-tituição se foi moldando, equivalendo atualmente à figura jurídica do Contrato de Associação, através da qual o Estado garante, em territórios onde não exista

três elementos daquilo que mais neces-sário se afigura para a formação de qualquer ser humano nas suas múltiplas dimensões. O forte sentido de responsa-bilidade ou a importância do trabalho equivalem, por seu turno, a outros dos valores ensinados e praticados desde tenra idade. Tão valiosa, no entanto, quanto os predicados acima referidos é a garantia de que a todos sejam possí-veis as mesmas oportunidades de suces-so. “O sucesso nos resultados escolares é, também, evidente, fruto da cultura do trabalho e da exigência. Comprova-o não só os consistentes resultados nos exames nacionais dos últimos anos, mas também o chamado ranking do sucesso, onde em 2016 o Colégio de São Miguel integrou o top 10 nacional das escolas que mais promovem o sucesso no 12.º ano. Este ranking, paralelo ao tradicio-nal, procura refletir a evolução dos alu-nos no seu percurso escolar, atenuando, desta forma, o efeito mais ou menos fa-vorável do contexto socioeconómico”, esclarece o diretor.

É imperativo que se saliente o em-penho que o estabelecimento tem de-dicado aos 80 alunos a seu cargo com necessidades educativas especiais, aos

quais se somam 29 crianças institucio-nalizadas. Acrescente-se, nesse âmbi-to, que a cada um destes estudantes é disponibilizado um acompanhamento de excelência por profissionais espe-cializados que integram os quadros da instituição. De resto, e numa visita pe-las salas de aula ou pelos espaços ex-teriores, dificilmente se evidencia a presença dos cerca de 10% de jovens em situação de risco ou com necessi-dades educativas especiais tal a natu-ralidade com que estes se encontram integrados na vivência do Colégio.

Inovação curricularContando com uma oferta educativa

que se inicia no 2.º ciclo e se prolon-ga até ao final do Ensino Secundário, esta é uma escola que, paralelamente ao serviço de excelência e à cultura de rigor, se diferencia através da inova-ção pedagógica. Além dos Cursos Científico-Humanísticos de Ciências e Tecnologias ou de Línguas e Humani-dades, “somos um dos nove colégios a nível nacional que, a partir do 10.º ano, possui Cursos com Planos Pró-prios”, enfatiza Manuel Lourenço. Trata-se de ofertas de dupla certifica-ção com componentes científica e tec-nológica sólidas. Este espírito inova-dor assume-se como uma incontorná-vel mais-valia, não apenas para os alu-nos, como também para as entidades da área geográfica destes estabeleci-mentos de ensino.

Afinal, “estes cursos têm uma estru-tura curricular definida pelo próprio Colégio que está adaptada à realidade local. As taxas de empregabilidade ou de continuação para estudos superio-res rondam os 100%”. Uma vez que Fátima corresponde a um território onde o setor hoteleiro, a ação social e o fabrico e comercialização de diferen-tes produtos artísticos se afirmam en-tre as principais atividades económi-cas, não constituirá surpresa que a oferta formativa se direcione neste

oferta educativa de cariz público, um serviço gratuito de ensino recorrendo ao contributo de entidades privadas ou do terceiro setor.

Educação e valoresConsciente de que “o serviço que o

Colégio de São Miguel presta à comuni-dade é a sua imagem de marca”, Ma-nuel Lourenço sublinha que, subjacente à “matriz católica” que a caracteriza, es-ta é uma escola “universal”. A compro-vá-lo, saliente-se que aqui estudam crianças e jovens de oito nacionalida-des, entre as quais se incluem filhos de refugiados, não existindo qualquer ele-mento de discriminação, seja ela basea-da na cor da pele, sexo, etnia ou cren-ças religiosas. Tal significa que conceitos como a “solidariedade”, a “integração”, o “respeito pelo outro” ou a “cidadania” são os que melhor se procuram enrai-zar, na certeza de bem preparar as no-vas gerações para a vida em sociedade.

Apenas deste modo se torna possível concretizar o lema que, volvidos mais de cinquenta anos, continua tão premente como outrora – “Amizade, Verdade e Exigência” – ou não se tratassem estes

Formação integral e solidária

O diretor do Colégio de São Miguel apresenta-nos esta nobre instituição, enfatizando o arrojo do seu projeto educativo, bem como os desafios que se impõem no futuro.

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sentido, intensificando a especial relação que a escola estabelece com a comunidade local. Neste contexto a oferta formativa de planos próprios inclui os cursos de Ação Social, Con-tabilidade e Gestão, Atividade Física e Despor-to Adaptados e ainda os cursos de Informática e Design, Cerâmica e Escultura.

Ligação à comunidadeSeria redutor aludir ao Colégio de São Miguel

sem referir o relevo atribuído às atividades extra-curriculares, entendidas como uma componente fundamental para o desenvolvimento artístico, intelectual e social das crianças e jovens. Da culi-nária à programação informática, sem esquecer a música, dança, esgrima, inglês, alemão, entre outros, são efetivamente amplas as hipóteses de aprendizagem que a instituição oferece. “Acre-dito que um projeto educativo que, de forma equilibrada, promova a formação física e intelec-tual, moral e espiritual, artística e afetiva, será um projeto que garante a verdadeira liberdade individual e solidez que permite encarar o futuro com confiança”, enfatiza o diretor.

Os laços umbilicais que unem a escola à so-ciedade civil não se esgotam, ainda assim, nos protocolos estabelecidos com as entidades empresariais ou municipais tendo em vista a realização de estágios. São, pelo contrário, di-versos os projetos que possibilitam aos estu-dantes do Colégio de São Miguel uma valiosa oportunidade para auxiliar os demais, vivendo de forma ativa o valor da solidariedade. A títu-lo de exemplo, destacam-se o projeto de vo-luntariado “Ser+” ou a campanha de Natal, que têm levado os alunos a interagir com as instituições do terceiro setor presentes na re-gião, com o objetivo de compreender quais as principais carências sentidas.

Desafios do futuro“O mundo muda, as pessoas mudam e as me-

todologias e práticas pedagógicas também o de-vem fazer”, sentencia o recém-empossado dire-tor, numa alusão à mentalidade com que sempre encarou os desafios profissionais. Salvaguardan-do, nesse aspeto, que “esta é uma instituição só-lida que funciona muito bem, com um longo his-tórico de sucesso”, Manuel Lourenço acredita que “em todas as áreas existe espaço para a me-lhoria. Os processos de modernização devem ser graduais e sempre envolvendo as pessoas, os profissionais. Fazer bem e cada vez melhor tem de se sobrepor ao fazer muito.” Foi fazendo jus a essa forma de pensar que, num curto interva-lo de tempo, foram criadas duas novas salas de

informática e foram redefinidos vários procedi-mentos pedagógicos e administrativos, refor-çando, maioritariamente, o recurso a novas tec-nologias.

Mas num contexto em que a aposta na qua-lidade dos serviços destinados a crianças e jo-vens com necessidades educativas especiais cedo se assumiu como outra das prioridades do nosso entrevistado, nunca serão excessivas as referências ao pioneirismo educativo. Ain-da a esse respeito, a escola participa no proje-to-piloto de Autonomia e Flexibilidade Curri-cular, promovido este ano letivo pelo Ministé-rio da Educação. “Quando estamos a tatear um caminho novo, nunca sabemos, com cer-teza, qual a direção que estamos a tomar, mas o Ministério tem feito um grande acompanha-mento desta iniciativa e julgo que, por vezes, é o próprio processo que acarreta grandes aprendizagens”.

Pese embora o entusiasmo com que a inten-ção de propor novos paradigmas tem vindo a ser assumida, Manuel Lourenço não esconde os “vários constrangimentos” com que o Colégio de São Miguel se tem debatido, forçando-o a uma constante adaptação a inesperadas realida-des. “Desde há dois anos que o Ministério tem levado a cabo um redimensionamento da rede de ensino particular e cooperativo abrangida por contratos de associação. Tal revisão tradu-ziu-se numa redução de 50% nas turmas de 7.º ano atribuídas a Fátima”.

É neste contexto que o diretor do Colégio de São Miguel evidencia o que lhe parece ser “um erro de avaliação” do Ministério da Educação, na medida em que “Fátima, com o atual núme-ro de turmas, não consegue responder às neces-sidades dos seus habitantes nem das pessoas que aqui exercem a sua atividade profissional”. Acreditando que o impacto económico, social e demográfico que a cidade provoca nas fregue-sias e concelhos vizinhos não foi devidamente levado em consideração, o diretor da instituição lamenta o constrangimento das famílias que, à força dos imperativos legais, se viram forçadas a matricular os filhos em escolas localizadas a lar-gos quilómetros das suas áreas de residência ou de trabalho. “Quero acreditar que, no próximo ano letivo, a situação será reavaliada e que os constrangimentos sentidos neste ano serão re-vertidos”.

Ciente do panorama de incerteza que se avizi-nha, o Colégio de São Miguel promete, contu-do, preservar a marca pedagógica e social que, após cinco décadas, o continua a diferenciar – garantindo, no processo, que os valores da Ami-zade, Verdade e Exigência prosseguirão o seu rumo na sociedade futura.