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64 / AMANHÃ SUL FOR EXPORT Conquistar espaço no mercado internacional (e lutar para preservá-lo mesmo durante as crises) é o que distingue as empresas campeãs em exportação na região sul do Brasil Robson Pandolfi, Leonardo Pujol, Emanuel Neves e Andreas Müller EXPORTAR É PRECISO 64 / AMANHÃ

EXPORTAR É PRECISO - embraco.com · uma planta em Eldorado (MS), que está em processo de instalação. Para 2015, o ... que vive um ciclo de baixa, o consumo de proteínas deve

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SUL FOR EXPORT

Conquistar espaço no mercado internacional (e lutar para preservá-lo mesmo durante as crises) é o que distingue as empresas campeãs em exportação na região sul do Brasil

Robson Pandolfi , Leonardo Pujol, Emanuel Neves e Andreas Müller

Conquistar espaço no mercado internacional (e lutar para

EXPORTAR É PRECISO

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m junho, durante um evento realizado em Porto Ale-gre, o diretor-presidente

da Apex-Brasil, David Barioni Neto, permitiu-se falar rapidamente sobre um dos problemas que atrapalham a inserção do país nos fl uxos de comér-

E cio internacional. Tratava-se de uma clara quebra de protocolo. Na maioria das vezes, Barioni Neto adota um tom motivador, próprio de quem tem o papel de convencer empresários a se aventurarem no mercado exportador.

Naquela noite, porém, Barioni Neto abriu uma brecha em seu discur-so usual. Não se deteve no Custo Brasil, nem nos gargalos logísticos, tampouco na complexidade do sistema tributário que encarece as exportações brasi-leiras lá fora. Em vez disso, preferiu

tocar em uma ferida menos óbvia: a má fama que algumas empresas brasileiras acabam arregimentando perante os grandes compradores internacionais. “Muitas simplesmente somem de vista quando as condições macroe-conômicas, como o câmbio, tornam--se desfavoráveis para a exportação”, apontou Barioni Neto. “Exportar exige convicção e permanência.”

De certa forma, a convicção e a per-manência são justamente os traços que distinguem as empresas que aparecem em destaque nas próximas páginas. Para elas, a exportação não é uma simples vál-vula de escape para a crise no mercado interno; é uma estratégia de longo prazo, que serve como catalisador de investi-mentos em escala, efi ciência e inovação. “São empresas que estão no mercado externo, há bastante tempo, e que fazem de tudo para preservar essa presença – muitas vezes, até sacrifi cando margens de lucro”, defi ne José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior (MDIC), AMANHÃ identifi cou quais foram as empresas que mais exportaram a partir dos por-tos do Sul, em 2014. O levantamento também permite identificar quais lideraram as exportações em seus respectivos setores. Entre os destaques aparecem grupos tradicionais, como Braskem, Petrobras e BRF, e também novos players dispostos a aproveitar as vantagens logísticas do Sul, como Noble Brasil, CHS, Nidera e o novo Grupo Vibra. Como se verá nas próxi-mas páginas, cada um deles aposta em táticas próprias para ganhar espaço lá fora. Mas todos, sem exceção, fazem questão de defender e preservar os clientes que conquistaram – seja qual for o cenário macroeconômico.

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Apoio Realização

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SUL FOR EXPORT

cREScimEnTO RESiLiEnTE

A nOvA gigAnTE dO SUL

A queda na cotação do açúcar tem abalado o setor sucroalcooleiro no mercado internacional. Com estoques cheios, as empresas são obrigadas a diminuir suas margens para não perder espaço lá fora. Apesar disso, a Usaçú-car mantém firme sua estratégia de exportação. Em 2014, os embarques da companhia somaram mais de US$ 574 milhões – o maior fatura-mento do setor de Açúcar e Álcool na região sul. Os números refletem um ciclo de expansão iniciado em 2003, com a incorporação de novas unidades produtivas. Desde então, o complexo da Usaçúcar cresceu de quatro para

A Nidera foi a maior exportadora do setor de Agropecuária do sul do país em 2014. Presente em 20 países, a mul-tinacional holandesa faturou US$ 1,1 bilhão com os embarques realizados pelos portos da região. E os números tendem a crescer ainda mais daqui em diante. Isso porque a Nidera, agora, faz parte da mais nova gigante mundial do segmento. Em maio, a estatal chinesa Cofco se associou a um grupo de inves-tidores internacionais e comprou 51% do capital da Nidera em nível global. Com a operação, a companhia ganhou escala para desafiar as quatro maiores tradings de grãos do planeta – ADM,

Açúcar e Álcool

Agropecuária

Usina de Açúcar Santa terezinha | PR

nidera Sementes | RS

dez usinas. A última aquisição foi a da Costa Bioenergia, de Umuarama, no final de 2013. Além disso, conta com uma planta em Eldorado (MS), que está em processo de instalação. Para 2015, o desempenho da Usaçúcar vai depender do clima. Com o excesso de chuvas, as usinas do Paraná vêm processando cada vez menos cana – na primeira quinzena de julho, a redução foi de 92,1%. “Con-tinuando assim, não será possível moer toda a safra”, adianta Miguel Tranin, presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar do Paraná. Cerca de 80% da produção do Estado vai para o mercado externo.

Bunge, Cargill e Louis Dreyfus. Ao mesmo tempo, a Nidera vem

expandindo sua estrutura logística no sul do país. Em julho, anunciou a intenção de investir R$ 80 milhões em um novo terminal graneleiro em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. O cais terá 198 metros de comprimento e contará com qua-tro silos capazes de armazenar 90 mil toneladas de grãos. “O segredo das exportadoras do setor está exatamen-te na eficiência logística”, diz Antônio Anduluz, economista-chefe da Fede-ração da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).

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Proteína Para crescer sem Parar na crise

Mais uma vez, a BRF – Brasil Foods desponta como a maior exportadora da região sul do país. Em números totais, a companhia somou US$ 2,8 bilhões em vendas para o exterior em 2014. O bom resultado ajudou a impulsionar o lucro líquido da companhia, que totalizou R$ 2,2 bilhões no período – um crescimento de 110% em relação a 2013.

Não foram apenas as exportações, é claro. As me-lhorias de gestão introduzidas na BRF, nos últimos anos, também estão no cerne do desempenho diferenciado. “Hoje, somos uma empresa mais ágil e inovadora. Isso é reconhecido pelo mercado e se reflete na valorização das nossas ações”, explica Agnes Querido, gerente de relações internacionais da BRF. Além disso, a empresa contou com um cenário externo favorável, marcado pela alta no consumo e na produção de proteínas. Os principais itens embarcados foram os derivados do frango, seguidos por suínos e perus, tanto in natura quanto congelados.

E a projeção para os próximos anos segue positiva. “Exceção feita à carne de boi, que vive um ciclo de baixa, o consumo de proteínas deve se manter em ascensão”, acredita Agnes. A expectativa de uma grande safra deve conter a escalada no preço de insumos como o milho e a soja – fortalecendo ainda mais as margens da BRF. Não por acaso, a companhia está investindo. Em 2014, adqui-riu duas empresas na Argentina e inaugurou uma planta no Oriente Médio, além de ter formado joint-ventures na Europa e na Ásia.

Em um país como o Brasil, que se ressente das dificul-dades para exportar algo mais do que grãos e minério de ferro, casos como o da Renault são verdadeiros alentos. Só em 2014, a montadora francesa exportou pelos portos do Sul cerca de US$ 647 milhões. Trata-se de uma queda ex-pressiva, de quase 45% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, é uma prova de que não falta à empresa capacidade de superação. Com sede em São José dos Pinhais, a Renault teve de enfrentar queda nas vendas e uma severa crise na Argentina – para onde costuma escoar até 90% de suas exportações. Só isso já foi um grande baque: no total, a crise argentina fez as exportações da Renault decrescerem de 57,8 mil unidades, em 2013, para 30 mil no ano passado.

Para driblar esses percalços, a Renault decidiu inovar e arejar seu portfólio. Em junho, no 7º Salão do Automóvel de Buenos Aires, a empresa lançou o Renault DusterOch e entrou no segmento de picapes. Esse modelo, aliás, inau-gura um novo nicho de utilitários no Brasil, com picapes de porte médio a compacto. Antes disso, ainda em 2014, a Renault anunciou investimentos de R$ 500 milhões num projeto que resultará em dois novos modelos até 2019. A estratégia de competitividade da Renault também conta com outras duas armas fundamentais: o Renault Tecnologia Américas, em Curitiba, e o Renault Design América Latina, alocado em São Paulo. Os dois centros de pesquisa e desenvolvimento se dedicam de maneira permanente à criação de soluções automotivas adaptadas às preferências do consumidor latino-americano.

alimentos BrF s/a | sc

automotivo renault do Brasil | Pr

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SUL FOR EXPORT

MUITO MAIS DO QUE CERVEJAS

A FORçA DOS DERIVADOS

O ano de 2014 marcou a chegada do Grupo Petró-polis ao sul do país. Segunda maior cervejaria do Brasil, a empresa da região serrana do Rio de Janeiro anunciou investimentos de R$ 900 milhões na construção de duas fábricas no Paraná. As iniciativas fazem parte da estratégia de expansão da marca, que pretende consolidar sua parti-cipação em todo o território nacional, até 2020.

A primeira das plantas do Grupo Petrópolis já tem local definido – será a cidade de Araucária, na região dos Campos Gerais, onde a empresa terá uma maltaria. Com aporte de R$ 300 milhões, as obras serão iniciadas em 2016. O começo das atividades está previsto para o primeiro se-mestre de 2018. A maltaria terá capacidade para beneficiar 160 mil toneladas de cevada por ano e atenderá às demais unidades da companhia no país. Posteriormente, o Grupo Petrópolis pretende construir uma fábrica de cerveja no Paraná, em um município que ainda não foi definido. O objetivo é inaugurá-la nos próximos quatro anos.

Curiosamente, o que coloca o Grupo Petrópolis no ranking das maiores exportadoras do Sul não é a venda de cervejas, e sim de soja. Nos últimos anos, a empresa vem arrendando duas unidades da Imcopa, uma das maiores processadoras de grãos do país. A ideia é diversificar os negócios do grupo a partir de um ciclo de investimentos estimado em R$ 1,4 bilhão até 2021. “Enxergamos boas perspectivas de atuação nesse setor”, reconheceu a em-presa, em nota enviada a AMANHÃ.

Entre as empresas que atuam no setor de biodiesel a partir do sul do país, nenhuma tem tanta projeção no mercado externo quanto a BSBios. Só em 2014, as expor-tações da companhia de Passo Fundo (RS) totalizaram mais de US$ 270 milhões. O grande protagonista desse resultado, porém, não foi o biodiesel propriamente dito, e sim os demais insumos derivados de soja – especialmente o farelo, o óleo vegetal e a glicerina. Produtos que têm feito bastante sucesso, especialmente em mercados exigentes como a Europa. “Isso ocorre em função da grande quali-dade de nossos produtos”, afirma Erasmo Carlos Battistella, diretor-presidente da BSBios.

A busca pela excelência é uma das forças que mantêm a empresa em alta fora do país. Nesse sentido, os processos de fabricação recebem atenção especial. Hoje, a empresa é certificada em algumas das mais importantes normas inter-nacionais de qualidade – como a GMP+B2 e a GMP+B3, referentes à Segurança Alimentar, e a ISCC, que referenda o alto padrão do biodiesel fabricado nas plantas de Passo Fundo (RS) e de Marialva (PR). Alicerçada nestas conquis-tas, a BSBios agora pretende ampliar suas divisas com uma maior presença no mercado asiático. A China, com sua irrefreável demanda por soja e derivados, desponta como o destino com maior potencial de crescimento – mesmo em tempos de desaceleração.

Bebidas BiodieselCervejaria Petrópolis | PR BSBios | RS

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Apoio Realização

Craque no merCado internaCional

os melhores do mundo

O conhecimento e a tradição de quem soma relacionamentos de quatro décadas no mercado interna-cional garantem a permanência da Companhia Cacique de Café Solúvel entre as principais empresas expor-tadoras da região sul. Em 2014, a fa-bricante do Café Pelé faturou mais de US$ 181 milhões em negócios realiza-dos além das fronteiras nacionais. No nicho de café solúvel, aliás, a Cacique figura como a principal produtora e exportadora do Brasil. “Atribuímos esse resultado à constante busca pelo aprimoramento de nossa fábrica e de nossos funcionários”, explica Pedro

Ocupar posições de liderança não é novidade para a JBS. Maior produ-tora de proteínas do mundo, a em-presa fechou 2014 como a principal exportadora no segmento de carnes da região sul, com um faturamento de US$ 799 milhões – quase 53% superior ao de 2013. Atualmente, a multinacional brasileira atende mais de 300 mil clientes em 150 países. No caso da região sul, a companhia conta também com um importante diferencial: a qualidade. “Os pequenos produtores de aves e suínos daqui são considerados os melhores do mundo”, afirma Jerry O’Callaghan, diretor de

Café

Carnes

Cia. Cacique de Café solúvel | Pr

JBs | rs

Fernandes, diretor comercial e de marketing internacional adjunto da Cacique. Atualmente, a empresa comercializa o Café Pelé para cinco continentes, em mais de 80 países, nas modalidades a granel e private label.

O grande desafio, agora, é manter o ímpeto apesar das intempéries que afetam a competitividade dos expor-tadores brasileiros. “A alta da inflação, a dificuldade em receber créditos de ICMS e a proibição de acesso ao café de outras origens têm nos preocupado muito”, relata Fernandes, que também é presidente da Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics).

relações com investidores da JBS.Os embarques da JBS têm como

destino mais frequente os países do Oriente Médio, especialmente os de orientação muçulmana, que fazem exigências bastante específicas para o abate do frango. “Eles sabem que o frango produzido na região sul atende a essas exigências”, explica O’Callaghan. A Ásia e a Europa aparecem na sequência como principais importa-dores. A JBS também vê a região como um polo de eficiência logística. No Sul, os produtores estão mais próximos dos portos. E isso faz toda a diferença para tornar as operações mais lucrativas.

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SUL FOR EXPORTSUL FOR EXPORTApoio Realização

SOLUçõES PaRa TOdOS OS cOnTinEnTES

nO EmbaLO da SUPERSaFRa

A Portobello aposta na diversidade do portfólio para seduzir o mercado internacional – uma tradição que vem sendo mantida desde a fundação da empresa, em 1977. Logo no primeiro ano de atividades, a Portobello já co-meçou a criar relacionamentos com clientes fora do Brasil. Hoje, a compa-nhia remete seus produtos para mais de 70 países, em todos os continentes. Em 2014, as exportações resultaram em um faturamento bruto de quase US$ 38 milhões, o maior do setor no Sul. Ciente das exigências dos clientes internacionais, a Portobello reserva a sua linha premium para a exportação.

Maior cooperativa agrícola do país, a Coamo fechou 2014 com um decréscimo de 11,2% nas exportações – que totalizaram US$ 750 milhões pelos portos do Sul. Mesmo assim, manteve-se no posto de maior ex-portadora do setor cooperativista da região, acompanhada de longe pela Aurora, cujos embarques totalizaram, US$ 487,6 milhões no período. Pude-ra: com sede em Campo Mourão (PR), a Coamo abrange uma rede de quase 28 mil cooperados, com operações no Paraná, em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul.

Mesmo que o preço das com-

cerâmica

cooperativa de Produção

Portobello | Sc

coamo | PR

“Associamos o design e a qualidade a um atendimento diferenciado, sempre com preço justo”, explica Luiz Felipe Brito, superintendente de exportação e outsourcing da empresa. A represen-tatividade das exportações na receita da companhia tem crescido ano a ano – e a ideia é ampliá-la ainda mais. Para isso, a Portobello vem investindo na melhoria da imagem institucional, em promoções e na qualificação de sua equipe comercial. A diversifica-ção de mercados é outra prioridade. O objetivo é ganhar participação nos mercados da Ásia e dos Estados Unidos.

modities venha caindo no mercado internacional, as vantagens obtidas com as altas cotações desses produtos em anos anteriores ainda se refletem positivamente no setor. “As coope-rativas souberam se valer do crédito farto dos últimos anos e realizaram investimentos que surtem efeito ago-ra”, explica Gilson Martins, analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). No primeiro semestre de 2015, as cooperativas paranaenses exportaram US$ 1,2 bilhão. A China foi o princi-pal destino, absorvendo mais de um quarto desse valor.

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ON THE ROAD Há DUAS DécADAS A iNOvAçãO qUE

ROmPE FRONTEiRASA Vancouros comemorou duas décadas de participa-

ção no mercado externo, em 2014. Criada em 1990 com o nome de Curtume Vanzella, a empresa de Rolândia (PR) tem motivos de sobra para festejar a data. Os embarques realizados pela Vancouros renderam um faturamento superior a US$ 143 milhões no ano passado, o maior re-sultado no setor de Couro e Calçados da região sul.

O segmento como um todo está focado nos negócios internacionais. “Cerca de 80% da nossa produção é expor-tada”, informa José Fernando Bello, presidente executivo do Centro das Industrias e Curtumes do Brasil (CIBC). E a explicação é simples: no Brasil, cada vez mais a indústria calçadista substitui o couro por produtos alternativos – como fibras sintéticas, polietileno e borracha. Atualmente, diz Bello, apenas 15% dos calçados brasileiros são produ-zidos em couro.

Entre os produtos exportados pela Vancouros, destacam-se o couro nos estágios de wet blue, raspa e semiacabado. A estratégia de inserção vem se mostran-do bem-sucedida: em 2014, os embarques da empresa cresceram quase 30% em valor absoluto – na contramão da tendência do setor como um todo, que é de retração nas vendas externas. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, os curtumes brasileiros registraram um encolhi-mento de 15,2% nas exportações quando comparadas ao mesmo período do ano passado.

A receita da Whirlpool para crescer leva generosas doses de inovação. Maior fabricante de eletrodomésti-cos do mundo, a multinacional detentora das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid no Brasil destina de 3% a 4% de seu orçamento anual a investimentos em novos produtos e soluções. “A inovação garante a nossa competitividade. Todas as áreas da companhia estão imbuídas nessa missão”, afirma Guilherme Lima, diretor de relações institucionais da Embraco. Sediada em Joinville (SC), a Embraco é o braço da Whirlpool especializado em soluções de refrigeração – e lidera o mercado mundial de compressores herméticos. Para garantir essa posição privilegiada, a Whirlpool reserva atenção especial ao atendimento das mais exigentes normas regulatórias internacionais. “Isso permite que trabalhemos com clientes em qualquer continente”, explica Lima.

O mercado externo é o grande foco da plataforma brasileira da Whirlpool. Historicamente, os clientes internacionais absorvem mais da metade da produ-ção da empresa no Brasil, especialmente no caso dos compressores fabricados pela Embraco. Na visão da Whirlpool, o comércio exterior brasileiro está carente de estímulos. A saída, segundo Lima, é adotar medidas de fomento – como a redução da burocracia e dos re-síduos fiscais – e apostar em diferenciais tecnológicos para obter ganhos de competitividade.

couro e calçados

Eletroeletrônicos

vancouros | RS

Whirlpool | Sc

raphael.franca
Highlight
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SUL FOR EXPORT

gRandE Em qUaLqUER mERcadO

Maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, a CHS marca posição no mercado brasileiro, há 12 anos. E com muito êxito, diga-se. O braço nacional da institui-ção fechou 2014 como maior exportador no segmento de grãos a partir do sul do país, embarcando US$ 496 milhões nos portos de Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS). No país, assim como em toda a América do Sul, o foco da CHS envolve as áreas de originação de grãos – especial-mente de milho e soja –, trading, fertilizantes e etanol. E a estratégia dá bom resultado: desde 2010, a cooperativa registra um crescimento médio de 20% ao ano na receita bruta de suas operações na América Latina.

O bom desempenho é sustentado por um tripé que alia autonomia e agilidade de decisão à solidez financei-ra. Além disso, a CHS também conta com capilaridade global para ter escala e alcançar bons resultados na expor-tação. Ao todo, mantém operações em 25 países – onde se movimenta em frentes diversas, desde nutrição de animais até serviços financeiros e gestão de risco. Essa proposta de internacionalização é também um incentivo a diversificar – na medida em que a cooperativa precisa adaptar seus produtos a diferentes culturas e mercados. O planejamento da CHS inclui, ainda, a duplicação dos volumes de produtos movimentados na América Latina, até 2017. No Brasil, a soja ganhará atenção especial, com investimentos em logística e armazenagem.

grãos cHS do Brasil | PR

EnERgia PaRa SE TRanSFORmaR

O momento não é dos mais favoráveis para a Noble Brasil. Subsidiária do Noble Group, da China, a empresa atua no agronegócio, com ênfase no setor sucroenergé-tico – cujas commodities vêm registrando quedas de preço no mercado internacional. Em 2014, por exemplo, as exportações da Noble Brasil totalizaram US$ 349,1 milhões, uma queda de mais de 30% em relação a 2013. Mesmo assim, a empresa se manteve como a maior exportadora do setor de Energia. Uma posição que deve se fortalecer ainda mais a partir de agora, graças a uma importante mudança em sua estrutura de capital.

Em maio deste ano, a estatal chinesa Cofco anunciou a aquisição de 51% dos papéis da Noble Agri, a controladora das atividades de agronegócio da Noble no mundo. Para realizar a transação, a Cofco se associou a um grupo de investidores internacionais e fez aquisições complemen-tares. Uma delas foi a compra, também de 51% do capital, da holandesa Nidera (veja mais detalhes na página 52).

Com a transação, a Cofco deverá fortalecer ainda mais as operações da Noble no Brasil. Atualmente, a empresa é responsável por quatro usinas de processa-mento de cana-de-açúcar, todas localizadas no Estado de São Paulo. Juntas, as quatro unidades têm capacidade instalada para moer 17 milhões de toneladas de cana por ano. Seus principais negócios são açúcar, etanol e geração de energia.

Energia noble Brasil | RS

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bons ventos norte-americanos

olhos para a África

Aos poucos, a recuperação eco-nômica dos Estados Unidos começa a se refletir no desempenho de al-guns setores exportadores – como é o caso do madeireiro. Em 2014, o fôlego renovado da construção civil norte-americana, aliado ao câmbio favorável, foram responsáveis diretos pelo crescimento de quase 30% nas exportações brasileiras de pinus, se-gundo as estimativas da Associação da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). Para 2015, aliás, a entidade projeta um novo incre-mento na demanda norte-americana. O México e a Arábia Saudita também

Lançado em 2010, o Programa Mais Alimentos Internacional se tornou um dos trunfos da AGCO para exportar mais. Coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a iniciativa financia a venda de máquinas e equipamentos agrícolas brasileiros em outros países, especialmente na África e na América Latina. E vem ajudando a companhia norte-americana, dona de marcas como Massey Ferguson e Fendt, entre outras, a expandir suas vendas a partir do sul do país. Em 2014, os embarques da empresa totalizaram US$ 247,4 milhões, o que representa um aumento

madeira

máquinas e equipamentos agrícolas

braspine madeiras | pr

aGco do brasil | rs

aparecem como destinos promissores .Quem se beneficia desse cenário é

a Braspine. Com sede em Jaguariaíva (PR), a empresa encerrou 2014 com US$ 96 milhões em receitas de ex-portação, conforme os registros do MDIC. O resultado é 8,9% maior que o registrado no ano anterior. A com-panhia atua no tratamento de pinus pelo menos desde 1997. Hoje, projeta--se como uma das mais promissoras companhias do setor no Paraná, o que não é pouco – o Estado detém a maior floresta de pinus do país, com aproximadamente 700 mil hectares plantados.

de 1,5% em relação ao ano anterior, segundo os registros do MDIC.

Neste ano, a AGCO pretende ampliar ainda mais seu alcance in-ternacional. Atualmente, a empresa exporta 18% do que produz para a Ar-gélia, Bolívia, Chile, Paraguai, México e Argentina – a maioria dos embar-ques se dá pelo porto de Rio Grande (RS). Mas a ideia é aproveitar o Mais Alimentos Internacional para chegar à África. “Se a economia mantiver o câmbio nesse patamar, vamos expor-tar muito mais. O cenário é excelente”, diz Francisco Delamare, gerente de exportação da AGCO.

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SUL FOR EXPORTSUL FOR EXPORTApoio Realização

cREScimEnTO Em qUaLqUER cOnjUnTURa

Em bUSca da EScaLa gLObaL

Há anos, a Weg vem contornando os crônicos gargalos estruturais que se impõem aos exportadores brasileiros. Além de apostar em linhas de operação modernas e competitivas, a empresa de Jaguará do Sul conta com um dife-rencial para minimizar as oscilações macroeconômicas: a internaciona-lização. Suas fábricas, por exemplo, estão presentes em dez países – entre eles, Argentina, Alemanha e Estados Unidos. “Assim, nos mantemos fortes mesmo em épocas desfavoráveis ao câmbio”, explica Gustavo Iensen (foto), diretor internacional da Weg.

O resultado dessa estratégia é a ca-

A exportação está na base da estra-tégia de crescimento da Tupy. Maior fundição da América Latina, a em-presa de Joinville (SC) encerrou 2014 com 72,6% de suas receitas oriundas de negócios realizados fora do país – um acréscimo de 8,3 pontos per-centuais em relação ao ano anterior. A maior parte das vendas se concentra no setor automotivo (96,3%), no qual a Tupy é líder na produção de blocos e cabeçotes em ferro. Em números totais, as exportações da Tupy a partir do Sul somaram US$ 477,7 milhões – o maior valor registrado na região entre as empresas de Metalurgia.

máquinas e Equipamentos

metalurgia

Weg Equipamentos | Sc

Tupy | Sc

pacidade de preservar o ritmo de cres-cimento das vendas mesmo quando a economia anda de lado. Em 2014, as exportações da Weg totalizaram US$ 762,3 milhões, praticamente o mesmo valor do ano anterior. Mesmo assim, a receita líquida do grupo cresceu 14,8% no período, totalizando o equivalente a US$ 2,2 bilhões.

Os principais mercados da Weg são os Estados Unidos, a União Europeia e a América Latina. “Neste momento, prospectamos o Leste Europeu como uma oportunidade. A África é outro mercado em que temos muito espaço para crescer”, aponta Iensen.

“Nosso diferencial de conhecimento e tecnologia nos dá competitividade em escala mundial”, explica Leonardo Gadelha, vice-presidente de finanças e administração da Tupy.

Além das unidades de Joinville e de Mauá (SP), a Tupy mantém duas fá-bricas no México, com as quais atende ao mercado norte-americano. E a ideia é fortalecer ainda mais a capacidade de produção internacional. Nesse sen-tido, já está em curso a implantação de uma nova unidade de usinagem no México. Com investimentos de US$ 24 milhões, a fábrica deve entrar em operação até abril de 2017.

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SUL FOR EXPORTApoio Realização

maiS FORça PaRa cOmPETiR Lá FORa bOaS nOTíciaS Em

mEiO à cRiSEMaior produtora e exportadora de papéis do Brasil, a Klabin está disposta a encontrar oportunidades em mio à crise. Afinal, o esfriamento da atividade doméstica tende a pressionar as empresas de menor porte, consolidando a companhia na liderança do setor.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor mun-dial de celulose e o primeiro no segmento de celulose de eucalipto. Espaço para crescer não falta. Não por acaso, o setor como um todo vem ampliando suas operações no país – apesar do cenário econômico desafiador. “A projeção é de investimentos totais de R$ 53 bilhões até 2020”, adianta Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

A Klabin terá uma participação importante nesse ce-nário. Até março de 2016, a empresa deve inaugurar a sua fábrica de celulose na cidade de Ortigueira (PR). A planta integra o ambicioso Projeto Puma, cujos investimentos estão estimados em mais de R$ 5,8 bilhões. Só a planta de Ortigueira terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano.

O projeto deve fortalecer ainda mais a Klabin no mer-cado internacional. Em 2014, a empresa foi a campeã em embarques para o exterior a partir dos portos do Sul, com vendas totais de US$ 456,7 milhões. Ao que tudo indica que esse valor deve crescer ainda mais em 2015. Atualmente, as exportações respondem por 32% do faturamento total da Klabin. Até o ano passado, respondiam por 29%.

A Petrobras viveu um de seus períodos mais turbu-lentos na história. Abalada por denúncias de corrupção, a estatal fechou 2014 com uma queda de 5,9% nas exporta-ções em relação ao ano anterior. O valor dos embarques da empresa foi de US$ 13 bilhões – desse total, pelo menos US$ 880 milhões foram gerados a partir do Sul. É um valor modesto se comparado com o histórico recente da compa-nhia. Mesmo assim, é o suficiente para mantê-la no posto de maior exportadora do setor de Petróleo da região sul.

Os Estados Unidos foram, mais uma vez, o principal destino da Petrobras no mercado externo. Mas ao que tudo indica os norte-americanos vão perder esse posto a partir deste ano – e para os chineses. Nos cinco primeiros meses de 2015, a China adquiriu nada menos que 35% de todo o petróleo exportado pela estatal. É praticamente o dobro do percentual negociado no mesmo período de 2014 (17,4%).

A produção da Petrobras, aliás, deve bater recordes nesse ano. Impulsionada pelo pré-sal, a empresa extraiu 590 mil barris em abril, uma marca inédita para o período. O crescimento está alinhado ao plano de chegar a 2020 com uma produção de 1,5 milhão de barris por dia. Nesse sentido, a região sul aparece como uma plataforma estra-tégica para a empresa. “A posição geográfica das refinarias é um diferencial importante, pois permite o atendimento de Uruguai, Argentina e Paraguai, considerados mercados foco”, explica a companhia em nota a AMANHÃ.

Papel e celulose

Petróleo

Klabin | PR

Petrobras

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SUL FOR EXPORT

QUímica PERFEiTa aLTa ROdagEm cOnTRa a cRiSEOs Estados Unidos deram sinais de retomada na

economia e a Europa, apesar dos problemas com o andar da Grécia, abriu boas oportunidades de negócios nos setores automotivo, industrial e de bens de capital. Com esses fatores, a Braskem encontrou as condições ideais para ampliar sua presença no mercado internacional, em 2014. Os embarques de resinas de polipropileno (PP) para essas duas regiões, por exemplo, movimen-taram 1,9 milhão de toneladas no período – alta de 4% em relação ao ano anterior. A conquista é fruto de um relacionamento sólido e de longo prazo com os clientes. “Parcerias regulares e duradouras fazem com que mantenhamos nossas exportações às regiões mais naturais ao nosso negócio”, explica Roger Marchioni, diretor de negócios internacionais da unidade Polímeros da Braskem.

Essa “química perfeita” se dá a partir da atuação de escritórios espalhados em quase todos os continentes, e que colocam a Braskem ao alcance de compradores em mais de 70 países. “Valorizamos a presença local na relação com os clientes e a antecipação de tendências para melhor servi-los”, acrescenta Marlisa Reche, responsável por gerir o mercado internacional da área de petroquími-cos básicos da empresa. Resultado: em 2014, a Braskem obteve uma receita líquida de US$ 20 bilhões, 3% maior que a do ano anterior. Desse montante, US$ 1,7 bilhão corresponde às exportações realizadas a partir do sul do país. O valor é o maior do setor de petroquímica e man-tém a companhia no posto de terceira maior exportadora da região, atrás apenas da BRF e da Bunge.

Para a Pirelli, a exportação é mais do que uma oportunidade para ganhar escala e estufar as vendas – é também uma forma de contornar os atuais solavancos do mercado brasileiro de pneus. Desde abril, a empresa persegue a meta de expandir suas vendas externas em até 15% neste ano. Coincidência ou não, o objetivo foi traçado em meio a uma crise de demanda que forçou a empresa a suspender a produção e colocar cerca de 2,1 mil funcionários em férias coletivas.

O segmento de borracha, aliás, tem sido um dos mais afetados pela crise – e isso se deve muito à retração da indústria automobilística. “A queda na produção chega a 20% no ano, fora as demissões”, lamenta Gilberto Brocco, presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Bor-racha do Estado do Rio Grande do Sul (Sinborsul). No Estado, a Pirelli deu férias coletivas para 430 empregados da unidade de Gravataí. Apenas a produção de pneus para motocicletas se manteve em atividade permanente no decorrer deste ano.

Daí a importância de ampliar as exportações. A es-tratégia da Pirelli é apostar em mercados onde a venda de veículos se mostra mais aquecida, como nos Estados Unidos e no México. Além desses destinos, os países vizinhos da América do Sul também aparecem entre os alvos prioritários. Tudo para desviar da crise.

Petroquímica Plástico e BorrachasBraskem | RS Pirelli Pneus | RS

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Apoio Realização

Em mEio aos prEdadorEs

a prioridadE agora é intErnacional

Apesar da crise, as empresas do setor químico vêm registrando avanços importantes no mercado internacional. Em 2014, por exemplo, as exportações brasileiras de produtos químicos cres-ceram 2,4% em relação ao ano anterior, segundo os números da Associação Brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim). O impulso foi dado pela melhora no desempenho dos químicos inorgânicos e dos aditivos industriais, que registraram altas de 15,5% e 26,2% nas vendas, respectivamente.

Na região sul, o destaque foi a Incasa, de Joinville (SC). Com uma gama de produtos que serve às mais

A retração das vendas em setores como o automotivo e de construção civil obrigou a ArcelorMittal a mudar de foco. A prioridade, agora, são as exportações. Com operações em mais de 20 países, a siderúrgica pretende compensar a fragilidade das vendas no mercado brasileiro com uma ex-pansão das atividades em países com economia mais aquecida. Atualmente, as exportações – realizadas para as outras unidades da ArcelorMittal no mundo – respondem por 15% da receita bruta do grupo no Brasil. E a meta é elevar esse índice para 23% até 2016.

Química

siderurgia

incasa | sc

arcelormittal | sc

variadas indústrias – de farmacêuti-cas a fabricantes de ração animal –, a empresa faturou US$ 53,7 milhões com as exportações a partir do Sul em 2014. Trata-se do maior valor registrado por uma companhia do setor na região. As perspectivas para o setor em 2015, porém, não são muito animadoras. O cenário é de estoques em alta, cotações em queda e concor-rentes praticando preços predatórios. Ainda assim, a indústria química brasileira conseguiu ampliar o valor de suas exportações em 21,9% no primeiro semestre deste ano – graças à desvalorização do câmbio.

Força para isso não falta. Maior grupo siderúrgico do mundo, a Ar-celorMittal é também a líder em exportações a partir do Sul do Brasil. Em 2014, os embarques realizados na região geraram à empresa uma receita bruta de US$ 51,6 milhões. O valor é 40% inferior ao de 2013 – ainda assim, é o maior do setor nos três Estados do Sul.

Os principais destinos das ex-portações da ArcelorMittal são os Estados Unidos, Canadá e Ásia. Já as importações de vergalhões vêm da América do Sul, especialmente da Bolívia, Paraguai, Colômbia e Peru.

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SUL FOR EXPORT

O ‘TOqUE PESSOaL’ é gLObaL

ESTREia nO TOPO

A qualidade secular do tabaco brasileiro e o atendi-mento customizado aos clientes são a base do sucesso da Souza Cruz no mercado internacional. Para garantir a excelência da matéria-prima, a companhia emprega o Sistema Integrado de Produção do Tabaco (SIPT). O programa estreita laços com os produtores ao direcio-nar investimentos para pesquisa e desenvolvimento, levando tecnologia e renda à lavoura. “Isso garante a integridade da planta colhida, independentemente de mudanças climáticas”, explica Juliana Barreto, gerente de assuntos corporativos da Souza Cruz.

Na outra ponta, aparece o “Personal Touch”, um pacote de serviços diferenciados aos clientes interna-cionais. Esse “toque pessoal” cuida da demanda de cada comprador em seus mínimos detalhes, seja no pré ou no pós-venda, e dá nome à marca de exportação utilizada pela empresa. O resultado é inequívoco. Em 2014, a Souza Cruz originou 23% de todo o tabaco que o Brasil enviou ao exterior. Foram 109 milhões de toneladas embarcadas para 40 diferentes países. Considerando-se as exportações feitas a partir do Sul, a empresa faturou cerca de US$ 560 milhões. Trata-se do maior valor registrado no setor de Tabaco e o 16º no ranking das maiores exportadoras da região em 2014.

Para 2015, a Souza Cruz projeta manter o patamar de 100 a 110 mil toneladas exportadas. Os mercados da Europa e da Ásia serão os principais destinos, absorven-do cerca de 60% desse volume.

Neste ano, a Agrogen Industrial completou 25 anos de atividades. E a data foi comemorada com uma im-portante mudança: em maio, a empresa de Montenegro (RS) lançou o Grupo Vibra, sua nova marca institucional. A mudança vem para reorganizar as diversas operações mantidas pela companhia no setor de agronegócio – como as empresas Nat, Avia e Frango Seva. Mais do que isso, o surgimento do Grupo Vibra ratifica a ascensão da Agrogen nos últimos anos. Especializada na manipulação genética de aves, a empresa atua nesse setor em parceria com a norte-americana Cobb e detém 20% de market share no segmento de matrizes – como são chamados os híbridos criados a partir de animais selecionados.

Em 2014, esse núcleo de negócios faturou US$ 78 milhões no mercado externo e colocou a Agrogen como a principal exportadora da região sul na categoria Tecno-logia. Desde 2009, porém, a companhia passou a colocar foco total na criação avícola. Com capacidade para abater 8 milhões de frangos por mês, a Agrogen opera, hoje, 17 unidades produtivas e obtém 70% de seu faturamento a partir das exportações. Um dos exemplos dessa orientação é a marca de produtos de frango Avia, totalmente dedicada ao mercado internacional – especialmente para o Oriente Médio, Ásia e África, principais destinos dos embarques. O planejamento da Agrogen prevê um maior equilíbrio entre os negócios realizados dentro e fora do país, daqui para frente.

Tabaco TecnologiaSouza Cruz | RS Vibra | RS

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Trading Louis Dreyfus | PR

checkLisT PaRa a eficiênciaLíder mundial no processamento

e comercialização de produtos agrí-colas, a Louis Dreyfus Commodities considera o Brasil o seu mercado mais importante. Nesse contexto, o sul do país surge como uma de suas principais plataformas de negócios. Pelos portos de Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS), a Louis Dreyfus ajuda a exportar boa parte das safras de soja, milho, trigo e arroz colhidas na região. Os embarques realizados pela compa-nhia em 2014, por exemplo, geraram uma receita de mais de US$ 1 bilhão, a maior entre as tradings que atuam nos três Estados.

“Nosso trabalho tem sido funda-

mental para o desenvolvimento das novas fronteiras agrícolas brasileiras”, afirma Roberto Vidal, CEO & Head of Region – North Latam da Louis Dreyfus Commodities. Essa filosofia deve se fortalecer ainda mais daqui para frente. Nos próximos cinco anos, a empresa prertende investir R$ 500 milhões por ano no desenvolvimento de sua estrutura no Brasil. A maior parte desses recursos será aplicada em projetos de logística, com foco no incremento da infraestrutura de esco-amento de grãos. A empresa vê esses setores como desafios prementes do Brasil e o grande canal para diversas oportunidades de expansão.

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