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Êxtase Adriana Mello Barotto [email protected] 26 de setembro de 2008 Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina – CIT/SC GETOF / DVS/ SES e HU/UFSC

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Êxtase

Adriana Mello [email protected]

26 de setembro de 2008

Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina – CIT/SC

GETOF / DVS/ SES e HU/UFSC

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Êxtase – 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA)

“Droga do amor”, XTC, E, Adam, MDM, bala, ecstasy

Fonte: http://www.drugwise-droguesoisfute.hc-sc.gc.ca/facts-faits/ecstasy_e.asp.

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ÊXTASE - MDMA

• Derivado de anfetamina que combina propriedades estimulantes e alucinógenas

• Pode conter outras substâncias (MDEA, anfetaminas, ketamina, cafeína, AAS, Ibuprofeno,...)

• Efeitos primários “positivos” – aumento da auto-estima, simpatia e empatia, melhora da comunicação e relação com as pessoas, sentimento de euforia, aumento da energia emocional e física. -“entactógeno” (?)

• Tolerância : aumento de efeitos indesejáveis (trismo, náusea, dores musculares, sudorese, taquicardia, fadiga, insônia) e diminuição dos efeitos “prazerosos”

Ferigolo, M.; Medeiros, F.B.; Barros, H.M.T. Rev Saúde Pública, 32(5):487-95, 1998.Frare, G.L. Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina, UFSC, 2006.

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ÊXTASE (MDMA) - HISTÓRICO

• Síntese – 1912? 1914 – Merck

• 1965 – Shulgin (EUA)- produziu e consumiu MDMA

–”prazeroso”

• “Me sinto absolutamente limpo por dentro, e não há nada

mais que pura euforia. Eu nunca havia me sentido tão bem,

ou acreditado que isto fosse possível. A pureza, a claridade,

e o maravilhoso sentimento de força interior permaneceram

durante o resto do dia e da noite. Estou conquistado pela

profundidade da experiência...” A. Shulgin

Almeida, S.P.; Silva, M.T.A. Rev. Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000Peroutka, S.J. N Engl J Med, 317:1543-1543, 1987Ferigolo, M.; Medeiros, F.B.; Barros, H.M.T. Rev Saúde Pública, 32(5):487-95, 1998.

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ÊXTASE (MDMA) - HISTÓRICO

• 1978 – auxiliar psicoterapêutico

• 1977 a 1984 – época de ouro da pesquisa terapêutica com

MDMA

• 1985 – Episódio China White

• Até 1985 não era uma substância controlada e era

legalmente disponível

• 1985 – EUA – Comissão de emergência – Categoria 1

• 1987 – Peroutka – Univ. Stanford – EUA – 39% já haviam

utilizado êxtase

Almeida, S.P.; Silva, M.T.A. Rev. Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000Peroutka, S.J. N Engl J Med, 317:1543-1543, 1987Ferigolo, M.; Medeiros, F.B.; Barros, H.M.T. Rev Saúde Pública, 32(5):487-95, 1998.

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ÊXTASE - HISTÓRICO

• Europa – Ibiza (Espanha) – 1987- 88 “Raves”

• 1990 (Reino Unido) – proibição “raves”

• Cultura “dance clubber”

• Ilegalidade não diminuiu o número de usuários

Almeida, S.P., Silva, M.T.A. Revista Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000

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ÊXTASE - HISTÓRICO

• Brasil – 1994 (São Paulo) - Amsterdã - grupo seleto de

pessoas em clubes noturnos.

• 1995 -“Raves”.

• 2000 – Primeiro laboratório de êxtase em São Paulo.

• CEBRID – 2002 - Colocado como alucinógenos 1% -

consumo baixo porém preocupante.

• Atualmente – “raves”, festas e clubes noturnos embalados

por música eletrônica.

• Custo por comprimido entre 30 e 50 reais.

• Classe média e alta.Almeida, S.P., Silva, M.T.A. Revista Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000 Almeida, S.P., Silva, M.T.A. Rev Bras Psiquiatr, 2003;25(1):11-7.

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ÊXTASE – PADRÕES DE USO NO BRASIL

Artigo :Ecstasy (MDMA): Effects and patterns of use reported by users in São Paulo

• Idade média de 24 anos• Solteiros, nível superior e classe média• 61,6% - pelo menos 1 vez/semana (50% - 1 compr., 46%

mais de um compr.)• 63% em companhia de várias pessoas, em ambientes

ligados ao lazer noturno (raves – 78,8%, lugares para dançar- 69,2% e festas 53,8%)

• 93,3% associada a outras drogas (maconha, tabaco e LSD)

Almeida, SP;Silva,MT. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(1):11

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ÊXTASE – MECANISMOS DE AÇÃO

• Promove a liberação de serotonina (5-HT) e dopamina

• Inibe a recaptação da 5-HT, dopamina e noradrenalina

• Diminui a atividade da Enzima Triptofano Hidroxilase (TPH)

• “Esgotamento intraneural de serotonina”

• Afinidade por receptor alfa 2 adrenérgico, M1 colinérgico e H1 Histaminérgico.

A curto prazo:

Almeida, S.P.; Silva, M.T.A. Revista Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000.Frare, G.L. Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina, UFSC, 2006.

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ÊXTASE – MECANISMOS DE AÇÃO

• ↓ duradouras nos níveis de 5-HT e 5-HIAA.

• ↓ atividade da TPH até 1 semana após sua administração – síntese de nova enzima

• possível formação de um metabólito tóxico (?) neurotoxicidade

• problemas psiquiátricos e dano em processos cognitivos: ↓ memória, paranóia, depressão, ataques de pânico

A longo prazo:

Lyles, J.; Cadet Research Reviews 42, 155-168, 2003 Almeida, S.P.; Silva, M.T.A. Revista Panamericana de Salud Pública, 393-402 2000

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Farmacocinética

- Efeitos psicoestimulantes do MDMA são observados 20 a 60 minutos após a ingestão de doses moderadas do êxtase (75 a 100 mg), persistindo por 2 a 4 horas.

- O pico de concentração plasmática ocorre 2 horas após administração oral, e os níveis residuais (0,005 mg/L) são encontrados 24 horas após a última dose.

- A área sobre a curva do MDMA sugere uma farmacocinética não linear, ou seja, o consumo de doses elevadas da substância pode produzir aumento desproporcional nos níveis plasmáticos.

- Xavier, C.A.C. et al. Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos,

mecanismo de ação e abordagem clínica / Rev. Psiq. Clín 35 (3); 96-103, 2008

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Neurotoxicidade

• Estudos mostram que o consumo de MDMA pode resultar

em dano nos terminais nervosos serotoninérgicos e

dopaminérgicos

• Induz apoptose via estimulação do receptor 5-HT2A em

neurônios corticais

• Achados sugerem neuroadaptações pela hiperestimulação

levando a “down-regulation” dos receptores 5-HT2A

• Densidades dos receptores 5-HT2A pós sinápticas foram

significativamente menores em todas as áreas corticais

estudadas.

Capela, JP, et al.NeuroToxicology 28(2007)868-875

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Artigo:MDMA use and neurocognition: a meta-analytic review

• 23 estudos incluídos na análise

• MDMA foi associado com piora no funcionamento neurocognitivo.

• Achados não variaram em função da metodologia de estudo

empregada

• Maioria dos estudos incluíram usuários de outras drogas, com

exceções

• Dificuldade em clarificar a diferença entre usuários “recreacionais” e

dependentes

• Os mecanismos podem envolver neurotoxicidade serotoninérgica –

novos estudos são necessários

• Déficits: atenção, velocidade de processamento de informação,

memória verbal e não verbal, aprendizado

Kalechstein, AD. Psychopharmacology(2007)189:531-37

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ÊXTASE – INTOXICAÇÃO AGUDA

• Hipertensão, taquicardia, taquipnéia, agitação• Nos casos graves: hipertermia, hipotensão e

colapso cardiovascular• Midríase• Arritmias, IAM, Dissecão de Aorta• Edema agudo de pulmão não cardiogênico e

SARA• Neurológico: excitação, agitação, anorexia,

nistagmo, delírio, convulsões e coma. Edema cerebral, com hiponatremia e SIADH

• Náuseas, vômitos e diarréia. Hepatotoxicidade.

Sinais e sintomas

Micromedex Healthcare Series – POISINDEX – 2007

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ÊXTASE – INTOXICAÇÃO AGUDA

• Rabdomiólise e mioglobinúria – IRA

• Acidose metabólica (láctica)

• Hipercalemia e desidratação

• Coagulopatia (CIVD) e trombocitopenia

• Palidez, diaforese e piloereção

• Espasmos musculares, tremores, hiperreflexia, mioclonia,

convulsões, opistótono, rigidez, acinesia

• Ansiedade, comportamento anti-social, instabilidade

emocional, euforia, paranóia e alucinações.

Sinais e Sintomas

Micromedex Healthcare Series – POISINDEX – 2007Frare, G.L. Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina, UFSC, 2006.

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ÊXTASE – AVALIAÇÃO LABORATORIAL

• Eletrólitos (sódio, potássio), CPK / CK-MB, gasometria arterial,

função renal, função hepática, glicemia, coagulação (TAP, TTPa,

plaquetas), parcial de urina.

• Pode-se colher 30ml de urina para a confirmação da utilização de

MDMA.

Essa substância pode ser detectada na urina até 24-72 hs

pela triagem toxicológica habitual de drogas de abuso

(metanfetamina) e análise confirmatória em HPLC / MS

* Outros exames: ECG e TC crânio

Exames

Micromedex Healthcare Series – POISINDEX – 2007

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Tratamento Geral

• Assegurar ventilação (ABCD)• Descontaminação: 1 dose de CA se a ingesta foi há

menos de 1 hora.• Agitação – Diazepam. Evitar butirofenonas e

fenotiazinas• Hipertensão – Diazepam. Casos não responsivos –

Nitroprussiato (labetalol é controverso – evitar)• Taquicardia – Diazepam. Se persistir taquicardia

importante - protocolo ACLS. Evitar beta bloqueadores• ICO – Diazepam, AAS, Nitroglicerina• Sd.Serotoninérgica – Ciproheptadine Fonte : Up to date – acesso 25/09/08

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hypothalamus

ACTHTSHFS

HLH

PRLGH

ADHOcytoci

n

hypophysis

Complicação 1: ENCEFALOPATIA Intoxicação Hídrica e Hiponatremia

• Ingestão exagerada de água

• Secreção inapropriada do hormônio anti-diurético (ADH), mediada pela ação serotoninérgica.

• Nas festas, o stress agudo e o excesso de estímulos visuais e Nas festas, o stress agudo e o excesso de estímulos visuais e auditivos podem contribuir para secreção do ADH.auditivos podem contribuir para secreção do ADH.

Hartung, T.K.; Schofield, E.; Short, A.I.; Parr, M.J.A.;Henry, Q.J. Med, 95:431-7, 2002.

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Estudo: Êxtase e Secreção Inapropriada do ADH

• Estudo de 2006 compara usuários de êxtase (clubbers)

com não usuários mostrando que há aumento na

secreção de ADH e ocitocina nos usuários. 

• Média da concentração de ADH aumentou no grupo

MDMA (1.28 +/- 0.29 para 1.43 +/- 0.41 pmol/l), mas

diminuiu nos outros participantes (1.23 +/- 0.42 para 1.16

+/- 0.0.34 pmol/l).

Wolff, K.; Tsapakis, E.M.; Winstock, A.R.; Hartley, D.; Holt, D.; Forsling, M.L.;Aitchison, K.J. J Psychopharmacol. 20(3):400-10, 2006

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Mecanismo de Ação ADH

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ENCEFALOPATIA HIPONATRÊMICA

Sinais e sintomas:

- Cefaléia, náuseas e vômitos, astenia, confusão mental,

alucinações, ↓ consciência, coma, convulsões.

- Dosagem do Sódio sérico (usualmente < 120 mEq/l)

- Tomografia Computadorizada revelando edema cerebral

DIAGNÓSTICO

OBS: Em todo o paciente com suspeita de intoxicação por êxtase deve-se dosar a Natremia

Hartung, T.K.; Schofield, E.; Short, A.I.; Parr, M.J.A.; Henry, Q.J. Med, 95:431-7, 2002

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TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO HÍDRICA

• Restrição de água livre (água, soro glicosado)

• Níveis séricos de Sódio baixos, associado a um quadro clínico crítico (sinais de edema cerebral, coma, convulsões)– Iniciar infusão de NaCl a 3 % a velocidade de 1 a 2

mEq/kg/hora.– A reposição não deve ultrapassar 12 mEq/l nas primeiras

24 horas (risco de síndrome da desmielinização osmótica)

• Diurético de alça (furosemide)

• Suporte clínico avançado

Hartung, T.K.; Schofield, E.; Short, A.I.; Parr, M.J.A.; Henry, Q.J. Med, 95:431-7, 2002

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INTOXICAÇÃO HÍDRICA GRAVE E INGESTÃO DE ÊXTASE

• Paciente de 15 anos, sexo feminino

• Admissão na Emergência do Hospital

Universitário da UFSC em 21/06/2005 às 13

horas com diminuição do nível de consciência e

vômitos.

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Resumo da história(relatada pela acompanhante):

• Paciente previamente hígida• Quadro agudo: sonolência algumas horas antes

da admissão apresentando vômitos e um episódio de crise convulsiva

• Ausência de febre, sem história de trauma recente

• Foram à danceteria na noite anterior• Uso de álcool e/ou outras drogas: negado pela

acompanhante• Posteriormente foi relatado que a paciente

havia ingerido aproximadamente 20 garrafinhas de água (10 litros)

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Exame Físico e Exame Toxicológico

• Ex físico: REG, sonolenta (Glasgow-10)

• PA: 110/80 FC:80, midríase bilateral

• Ausculta cardíaca e pulmonar normal

• Sem rigidez de nuca, afebril

• Apresentando vômitos

• Triagem para drogas de abuso: Resultado positivo para Metanfetamina – resultado fornecido às 15h30 (2 horas após a admissão) pelo TOXEM.

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Exame Laboratorial

• Exame bioquímico (result. 5 horas após a admissão)

– Hemograma: Ht- 34,7 Hb- 11,7 Leu - 16200 / 16% de bastões.

– Na: 116 mEq/L; K: 3,4 mEq/L

– Creatinina: 0,6 mg/dL; Uréia: 14 mg/dL;

– Glicose: 158 mg/dL;

– CK: 743 U/L; CKMB: 21 U/L

• Hiponatremia severa

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Tomografia computadorizada de crânio

TC crânio revelou sinais de edema cerebral (apagamento dos sulcos entre os giros corticais e diminuição dos ventrículos)

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Evolução do quadro

• Paciente em estado semi-comatoso

• Persistiu com vários episódios de vômitos

• Apresentou 2 episódios de crise convulsiva

• Piora dos níveis séricos de Sódio

• Conduta: transferência à UTI

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Transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva

(18 horas após a admissão)• Na UTI chegou em estado semicomatoso

(glasgow: 9), ainda midriática, normotensa e afebril

• Tratamento instaurado:– restrição hídrica – cloreto de sódio a 3% (lentamente)– Furosemida 10 mg IV– Controle rigoroso do volume de diurese e

níveis séricos de Sódio.

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3 dias de internação na UTI: melhora progressiva do quadro

Alta da UTI: Na plasmático = 135 mEq/L Tomografia computadorizada de crânio normal.

Após recuperação de consciência e melhora do quadro, a paciente foi interrogada e referiu ingesta de apenas um copo de champagne na véspera, desconhecendo / negando uso de êxtase ou outra droga.

Alta hospitalar

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Complicação 2: HIPERTERMIA

• São descritas temperaturas > 43 graus celsius

• Hipertermia induz: rabdomiólise, mioglobinúria, insuficiência renal aguda, dano hepático e CIVD.

• Condições de uso favorecem a hipertermia

• O aumento da temperatura parece ser dose dependente

No Reino Unido 15 pessoas/ano morrem após a ingestão de MDMA e a maioria destas mortes é atribuída a conseqüências da hipertermia.

.

Green, A.R.; O’Shea, E.; Colado, M.I.A. European Journal of Pharmacology, 500, 3-13, 2004

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Artigo: Thermoregulatory effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamine (MDMA) in

humans

• Participantes de 18 a 35 anos receberam MDMA (2mg/kg) ou placebo em temperatura de 30 ou 18 graus celsius.

• A temperatura corporal aumentou em média 0,6 graus (em ambiente quente) e 0,3 graus (em ambiente frio) nos que usaram MDMA.

• As elevações foram provavelmente em decorrência do aumento na taxa metabólica (50 a 100%) e da diminuição da sudorese.

Freedman, RR, Johanson, CE,Tancer, ME.Psychopharmacology(2005)183:248-56.

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Artigo: Multiple Toxicity From 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (“Ecstasy“)

• Série de 7 pacientes que ingeriram MDMA no mesmo ambiente (clube noturno)

• 1- M, 20 a, compr ?, comatoso, 43ºC, FC:130 bpm, PA: 60/35 mm Hg, K: 7,7 mmol/L, pH: 7,12 - PCR 1 hora após (2,4 mg/L)

• 2- M,22 a, compr ?, comatoso, 38,5ºC, FC: 14O bpm, PA: 80/40 mm Hg, K:6,8 mmol/L, pH: 7,0 – Ins. Hepática, rabdomiólise, óbito 58 hs após.(0,93mg/L)

Greene SL , et al. Am J Emerg Med, 2003 Mar;21(2):121-4

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Artigo: Multiple Toxicity From 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (“Ecstasy“)

• 3- M, 18 a, 5 compr. + 1 g “speed powder“, agitado, 41,6ºC, FC: 170 bpm, PA: 100/40 mm Hg, K: 5,5, pH: 7,24 , alteração hepática e renal, alta após 32 dias com deficit cerebelar residual (0,35 mg/L)

• 4- M, 23 a, 2 compr., quadro leve, alta após 8 hs (0,25 mg/L)

• 5- M, 18 a, 4 compr., quadro leve, alta após 4 hs (0,23 mg/L)

Greene SL , et al. Am J Emerg Med, 2003 Mar;21(2):121-4

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Artigo: Multiple Toxicity From 3,4-Methylenedioxymethamphetamine (“Ecstasy“)

• 6- F, 18 a, 2 compr., quadro leve, alta após 6 hs (0,13 mg/L))

• 7- M, 17 a, 1 compr., quadro leve, alta após 2 hs (<0,1 mg/L)

Os casos apresentados ilustram os efeitos tóxicos do MDMA e a relação entre concentrações séricas de MDMA e toxicidade.

Greene SL , et al. Am J Emerg Med, 2003 Mar;21(2):121-4

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Substance Abuse Treatment, Prevention, and Policy 2008, 3:14 doi:10.1186/1747-597X-3-14

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TRATAMENTO DA HIPERTERMIA

• Uso de BZD, minimizar esforço, aumentar perda de calor (retirar roupas, banho de esponja e ventiladores), banhos de imersão

• Hidratação (Soro fisiológico)

• Dantrolene pode ser utilizado nos pacientes que não respondem aos BZDs e as medidas agressivas de resfriamento corporal. Dose total relatada 1-10 mg/kg

Micromedex Healthcare Series – POISINDEX – 2007Ecstasy and dantrolene. Autores: Barrett PJRevista: BMJ. 1992 Nov 14; 305(6863): : 1225

Ecstasy and dantrolene. Autores: Tehan BRevista: BMJ. 1993 Jan 9; 306(6870): : 146..

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Artigo – MDMA induced hyperthermia: a survivor with na initial body temperature of

42,9°C (JAccid Emerg Med 1997;14:336-338)

Autores descrevem um caso de um jovem masculino, 19 anos que sobreviveu a hipertermia devido ingesta de MDMA (3 cp).Desenvolveu convulsões, acidose metabólica e falência respiratória. Foi manejado com assistência ventilatória, hidratação, diazepam,medidas de resfriamento corporal e administração precoce de dantrolene.

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CONCLUSÕES

• A notificação de uso de êxtase no Brasil pode ser baixo, mas é crescente e atinge população cada vez mais jovem (apreensão aumentou 725% em 2007)

• As complicações agudas, principalmente a hipertermia e a encefalopatia hiponatrêmica são graves e necessitam reconhecimento pela equipe médica e intervenções adequadas;

• Os efeitos neurotóxicos parecem estar relacionados a dano nos terminais nervosos serotoninérgicos;

• Os efeitos a longo prazo estão sendo estudados, e apontam para alterações neurocognitivas, principalmente em relação a memória.

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ÊXTASE

• “... ainda há lacunas sobre o mecanismo de ação da MDMA, sobre a interação da MDMA com outras substâncias, sobre os motivos das diferenças nas reações individuais à droga e sobre as conseqüências do uso a longo prazo.”

• “É fundamental a capacitação de profissionais de saúde para intervenções médicas de emergência em casos de intoxicação e complicações do uso.”

Almeida, S.P.; Silva, M.T.A. Rev. Panamericana de Salud Pública, 393-402, 2000

Page 41: Êxtase Adriana Mello Barotto adrianambarotto@hotmail.com 26 de setembro de 2008 Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina – CIT/SC GETOF

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