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Resumos TRibuTáRios iob

Introdução ao Estudo

do ICMs

VoluME I

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Fabiana Zecchin Montanari MarastoniAdvogada, formada pela UniFMU; Pós Graduada em Gestão Empresarial, pela Uni-versidade Nove de Julho; Consultora de Impostos há 16 anos pela IOB (Informações Objetivas)/Folhamatic/SAGE - Especializada em ICMS/IPI/ISS; Instrutora e palestrante pela mesma instituição, ministrando curso sobre diversos temas da área tributária. Coautora dos livros Manual Prático de Preenchimento da EFD (ICMS/IPI e Contribui-ções) e Escrituração Fiscal Digital e Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e).

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Sumário

Preâmbulo ........................................................................................... 7

1. Normas e CoNCeitos Gerais ...................................................... 13

1.1. Introdução ao Estudo do Sistema Tributário Nacional ............... 13

1.2. Competência Tributária ............................................................... 15

1.2.1. Tipologia da Competência Tributária .............................. 17

1.2.1.1. Competência tributária comum ....................... 17

1.2.1.2. Competência tributária privativa ...................... 17

1.2.1.3. Competência cumulativa .................................. 18

1.2.1.4. Competência residual ....................................... 18

1.2.1.5. Competência extraordinária ............................. 18

1.3. Limitação do Poder de Tributar ................................................... 18

1.3.1. Princípios Constitucionais .............................................. 18

1.3.1.1. Princípio da Legalidade ou Princípio da Reser-va Legal ............................................................. 19

1.3.1.2. Princípio da Anterioridade ............................... 19

1.3.1.3. Princípio da Noventena .................................... 20

1.3.1.4. Princípio da Irretroatividade ............................ 20

1.3.1.5. Princípio da Seletividade .................................. 21

1.3.1.6. Esquema Prático dos Princípios Constitucionais . 21

1.3.2. Imunidades ...................................................................... 22

1.3.2.1. Imunidade musical ........................................... 23

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10 Fabiana Zecchin Montanari Marastoni

1.3.3. Abrangência terminológica da EC nº 75/2013 ................ 25

1.3.4. Reflexos Tributários ......................................................... 30

1.4. Repartição de Receitas Tributárias ............................................... 32

1.4.1. Esquema sobre a Repartição das Receitas Tributárias ..... 32

1.4.2. Fundos de Participação ................................................... 33

1.5. Conceito de Tributo .................................................................... 34

1.5.1. Tipologia dos Tributos ..................................................... 35

1.5.1.1. Impostos da União ............................................ 35

1.5.1.2. Impostos dos estados ........................................ 36

1.5.1.3. Impostos dos municípios ................................. 37

1.5.1.4. Taxas ................................................................. 38

1.5.1.5. Empréstimo Compulsório ................................ 38

1.5.1.6. Contribuições Sociais ....................................... 38

1.5.1.7. Contribuição de melhoria ................................ 39

1.6. Obrigações Tributárias ................................................................ 39

2. iCms - reGras Gerais ..................................................................... 41

2.1. Cálculo do ICMS “por Dentro” ................................................... 43

2.2. Alíquota e Benefícios Fiscais na Legislação do ICMS de São Paulo............................................................................................ 44

2.3. Alíquota Incidente nas Saídas de Mercadorias Importadas ......... 45

2.4. Inaplicabilidade ........................................................................... 46

2.5. Conteúdo de Importação ............................................................. 46

2.6. Benefícios Fiscais ......................................................................... 47

2.6.1. Redução de Base de Cálculo ............................................ 47

2.6.2. Isenções ........................................................................... 48

2.7. Contribuintes e Responsável ....................................................... 50

2.7.1. Figuras especiais de responsabilidade ............................. 54

2.7.1.1. Diferimento ...................................................... 54

2.7.1.2. Suspensão ......................................................... 56

2.7.1.3. Substituição tributária ...................................... 57

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 11

2.8. Crédito ........................................................................................ 59

2.8.1. Créditos básicos............................................................... 61

2.8.1.1. Insumos ............................................................ 61

2.8.1.2. Mercadorias para revenda ................................. 62

2.8.1.3. Importação ....................................................... 62

2.8.1.4. Exportação ........................................................ 62

2.8.1.5. Material de uso ou consumo ............................ 62

2.8.1.6. Ativo imobilizado ............................................. 63

2.8.1.7. Construção de um bem imóvel ........................ 66

2.8.1.8. Energia elétrica ................................................. 66

2.8.1.9. Serviço de transporte ........................................ 68

2.8.1.10. Combustíveis .................................................... 69

2.8.1.11. Crédito extemporâneo ...................................... 70

2.8.1.12. Vedação ao crédito ............................................ 70

2.8.1.13. Glosa de créditos .............................................. 72

2.8.1.14. Aquisição de mercadoria com substituição tri-butária .............................................................. 73

2.8.1.15. Manutenção de crédito ..................................... 74

2.8.1.16. Operações com diferimento ............................. 74

2.8.1.17. Crédito outorgado ............................................ 74

2.8.1.18. Crédito acumulado ........................................... 75

2.8.1.19. Transferência de créditos específicas no RICMS/SP ......................................................... 76

2.8.1.20. Créditos indevidos - Regularização .................. 76

3. admiNistração tributária ........................................................ 77

3.1. Introdução ................................................................................... 77

3.2. A Administração Tributária: Definição e Principais Funções ...... 78

3.3. Fiscalização ................................................................................. 80

3.4. Dívida Ativa ................................................................................. 84

3.5. Certidão Negativa ........................................................................ 85

3.5.1. Certidão Negativa e perecimento do direito .................... 88

3.6. Últimas Considerações sobre o Tema .......................................... 90

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12 Fabiana Zecchin Montanari Marastoni

4. ilíCito tributário......................................................................... 93

4.1. Modalidades de Ilícito Tributário ................................................ 93

4.1.1. Sonegação Fiscal .............................................................. 93

4.1.2. Apropriação Indébita ....................................................... 95

4.1.3. Evasão Fiscal ................................................................... 98

4.1.4. Supressão de Escrituração e Livros ................................. 101

4.1.5. Crimes Tributários Eletrônicos ....................................... 103

referêNCias biblioGráfiCas .......................................................... 109

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1. norMas e conceitos Gerais

1.1. IntRODuçãO AO EStuDO DO SIStEmA tRIButáRIO nA-CIOnAL

Sistema Tributário Nacional é o conjunto de normas concernen-tes ao Direito Tributário que estão dispostas na Constituição Federal. Na atual Carta Magna de 1988, o Sistema Tributário Nacional é disciplinado, no seu Título VI, Capítulo I, artigos 145 até 162.

Uma vez que o Sistema Tributário Nacional brasileiro vem sendo tratado na Constituição Federal, podemos considerá-lo rígido, ou seja, de difícil modificação, pois sempre exigirá emenda constitucional para modificar ou aperfeiçoar seu texto legal; por outro lado, oferece maiores garantias aos contribuintes.

A Constituição Federal estabelece a relação de tributos que podem ser instituídos e disciplina a aplicação de cada um como meio principal de obtenção de receitas para o Tesouro Nacional, para os cofres dos Es-tados, do Distrito Federal e dos Municípios. Impõem, também, limites princípios e competências para que a pessoa política (União, Estados e Municípios) possa exercer o seu poder de tributar.

A Constituição brasileira, portanto, impõe certas barreiras para que o tributo possa existir no mundo jurídico, são chamadas garantias cons-titucionais a favor do contribuinte, uma vez que os entes tributantes são obrigados a observar as suas premissas. Este fato evita que o Estado cobre tributos de forma excessiva, fora dos padrões preconizados na Constitui-ção Federativa do Brasil.

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Para dos SANTOS RIBEIRO (2004), as regras constitucionais visam estabelecer e manter o equilíbrio fiscal entre o Ente Estatal e o Contri-buinte, evitando a ilegalidade e a inconstitucionalidade da cobrança dos tributos.

O atual Sistema Tributário elenca as seguintes espécies de tributos: Impostos, taxa e contribuição de melhoria, contribuições especiais e em-préstimo compulsório.

Por tributo podemos entender como a prestação pecuniária im-positiva, em moeda ou cujo valor se possa exprimir, que não constitua uma punição pela realização de um ato ilícito. O tributo deverá ser ins-tituído em lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Os impostos são tributos cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Os impostos se caracterizam por serem de cobrança e não darem um retorno ao contribuinte sobre o fato gerador. Por exemplo, um imposto sobre posse de automóvel não necessariamente será revertido em melhorias das condições das vias urbanas ou rodovias.

Existe uma distinção entre impostos indiretos e impostos diretos, explica dos SANTOS RIBEIRO (2004). Impostos diretos são pagos dire-tamente pelo contribuinte (o Imposto de Renda, por exemplo), enquanto os impostos indiretos são aqueles que têm o preço embutido no valor da transação. Um exemplo é o ICMS. Impostos indiretos também não têm qualquer variação na renda do contribuinte.

As taxas diversamente dos impostos são tributos incidentes sobre um fato gerador e que são aplicados em contrapartida a esse fato gerador. Uma taxa só pode ser instituída por uma entidade tributante da mesma competência. Por exemplo: taxas sobre iluminação pública só podem ser cobradas pelos municípios. Não necessariamente o pagante da taxa vai usar o serviço, apenas terá o serviço à disposição.

As contribuições de melhoria decorrem da execução de obras pú-blicas, sendo cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições. É instituída

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 15

para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra a valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite in-dividual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel bene-ficiado (artigos 145, III, da Constituição Federal de 1988 e 81 do Código Tributário Nacional).

As contribuições especiais são uma modalidade de tributo com ca-racterísiticas diversas dos impostos, taxas e contribuições de melhoria e que têm como característica principal sua destinação; como exemplo, te-mos contribuições para custeio da seguridade social.

Empréstimo compulsório é o tritbuto que tem como ponto principal a previsão de ser restituído, e visa financiar uma despesa extraordinária causada por guerra, calamidade, ou ainda investimento público de caráter urgente (artigos 148, II, e 150, § 1º, da CF).

1.2. COmPEtênCIA tRIButáRIA

No Brasil, cada nível de governo tem o direito de instituir os impos-tos e contribuições que lhes são constitucionalmente atribuídos e que per-tençam à sua competência tributária privativa. Claramente, a nossa Carta Magna define as competências tributárias de cada esfera administrativa não havendo, em princípio, possibilidade de sobreposição de competên-cias em relação aos impostos e à maioria das contribuições.

O Departamento Fiscal deve conhecer os limites de competência de cada ente tributante, pois não raro deparam-se as empresas com problemas de conflito de competências, como ocorre no caso do serviço de beneficiamento, que ora tem a incidência do ISS ora a incidência do ICMS.

O serviço de beneficiamento consta da lista de serviços da Lei Complementar nº 116/2003, a qual dispõe sobre em quais serviços ha-verá a incidência exclusiva do imposto municipal. No entanto, também encontramos o beneficiamento como uma das modalidades de indus-trialização, conforme descrito no artigo 4º do Regulamento do ICMS - Decreto nº 45.490/2000.

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Diante do conflito de competência tributária, caberá ao Departa-mento Fiscal definir pela incidência de um outro imposto, analisando o caso concreto e, como veremos mais adiante neste trabalho, a destinação do bem beneficiado.

A Constituição Federal brasileira de 1988 em seus artigos 153 a 156 definiu a repartição de competências de forma taxativa.

Competem à União os impostos sobre Importação (II), Exportação (IE), Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR), Produtos Indus-trializados (IPI), Operações de Crédito, Cambio e Seguro ou relativas a Títulos ou valores mobiliários (IOF), Propriedade Territorial Rural (ITR) e sobre Grandes Fortunas (IGF) este último tributo ainda aguarda disciplina legal para regulamentá-lo (artigos 153 a 156 da Constituição Federal de 1988).

A União pode, também, instituir outros impostos, expressamente não compreendidos em sua competência tributária, desde que sejam não cumulativos e não contenham fato gerador ou base de cálculos próprios dos discriminados na Constituição.

Os Estados, e o Distrito Federal têm competência para instituir im-postos sobre Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Trans-porte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), Proprie-dade de Veículos Automotores (IPVA) e Transmissão Causa Mortis de Bens Imóveis e Doação (ITCMD) de qualquer bem ou direito. Os Estados e o Distrito Federal também podem instituir contribuições para o custeio da previdência social de seus funcionários (artigo 155 da Constituição Fede-ral de 1988).

Competem aos Municípios os impostos incidentes sobre Proprie-dade Predial e Territorial Urbana (IPTU); Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI) (artigo 156 da Constituição Federal de 1988)

Os Municípios também podem instituir contribuição para o custeio da previdência social de seus funcionários.

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 17

união (art. 153 Da cF)

eStaDoS (art. 155 Da cF)

municíPioS (art. 156 Da cF)

Imposto sobre Produtos Estran-geiros (II)

Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD)

Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)

Imposto de Exportação (IE) ICMS ITBI

Imposto sobre a Renda e Proven-tos de Qualquer Natureza (IR)

IPVA ISS

Imposto sobre Produto Indus-trializados (IPI)

Imposto sobre Grandes Fortu-nas, nos termos de Lei Comple-mentar (IGF)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)

1.2.1. tipologia da Competência tributária

1.2.1.1. Competência tributária comum

A competencia tributária será comum sempre que a nossa Consti-tuição Federal não definir uma competencia específica, ficando assegura-do a todos os entes tributantes a possibilidade de instituir e cobrar taxa e contribuições de melhoria sobre circuntâncias de mesma natureza. Assim, a Receita Federal poderá exigir uma taxa de serviço para expedir um Pare-cer ao Contribuinte, ao mesmo passo que o Estado poderá exigir uma taxa de serviço para elaborar uma Resposta à Consulta, cada qual respondendo sobre a matéria que lhe cabe.

1.2.1.2. Competência tributária privativa

A competência tributária é privativa no sentido de ser exclusiva. A Constituição Federal, ao fazer a divisão das competências, atribui alguns tributos para a União, alguns para os Estados e alguns para os Municípios. Ao fazer esta divisão, a Constituição a faz de maneira inflexível, de ma-neira definitiva, com exclusividade. Somente o ente que recebe a compe-tência tributária pode exercê-la. A atribuição de competência para um dos entes implica na automática incompetência dos demais.

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1.2.1.3. Competência cumulativa

Uma vez que o Distrito Federal não pode ser dividido em Muni-cípios, são atribuídas competências legislativas reservadas a estes entes tributantes e aos Estados. Portanto, o Distrito Federal poderá instituir tributos de competência dos Municípios e dos Estados; neste momento, se apresenta a natureza cumulativa.

1.2.1.4. Competência residual

Denomina-se residual a competência em face da possibilidade da União instituir impostos e contribuições novos, ou seja, não previstos na Constituição Federal. Para isto, se faz necessária a publicação de uma Lei Complementar e o novo tributo não poderá conter o mesmo fato gerador e base de cálculo dos tributos já existentes.

1.2.1.5. Competência extraordinária

A União poderá instituir, na iminência ou no caso de guerra exter-na, impostos extraordinários, compreencidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (ver artigo 154 da Constituição Federal).

1.3. LImItAçãO DO PODER DE tRIButAR

A doutrina divide a limitação ao poder de tributar em dois aspectos diferentes: o primeiro deles são os princípios constitucionais, que têm a função de regular e nortear a competência dos entes políticos; o segundo, são as imunidades, que por si só proíbem a tributação sobre certos bens, pessoas ou fatos com o objetivo de proteger determinados conteúdos mo-rais da Constituição Federal.

1.3.1. Princípios Constitucionais

Os Princípios Constitucionais constituem limitadores do poder tri-butante do Estado, os quais impedem que haja extrapolação na criação e exigência de novos tributos e aumento nos já existentes. Para o estudo adequado do ICMS, temos que analisar os seguintes princípios conforme ensina PERES E MARIANO (2006):

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 19

- Princípio da Legalidade ou Princípio da Reserva Legal;

- Princípio da Anterioridade;

- Princípio da Noventena;

- Princípio da Irretroatividade;

- Princípio da Seletividade.

1.3.1.1. Princípio da Legalidade ou Princípio da Reserva Legal

De acordo com o Princípio da Legalidade ou Princípio da Reserva Le-gal, para a instituição ou majoração do tributo, é necessário uma lei anterior (editada anteriormente). Tal princípio não é apenas tributário, pois se proje-ta sobre todos os ramos do Direito, estando descrito no artigo 5º, II, da CF:

Art. 5º (...) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

Como exemplo recente, temos a CPMF, que não mais é cobrada em nosso país tendo em vista a sua não aprovação na Assembleia Legislativa e, portanto, em virtude da inexistência de ato legal que o institua.

1.3.1.2. Princípio da Anterioridade

Outro princípio muito importante e que é bastante utilizado na de-fesa da empresa é o Princípio da Anterioridade.

Este princípio determina que a instituição ou majoração de tributo somente produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte (artigo 150, III, “b”, da CF/1988), como é o caso do ICMS. No Brasil, o exercício financei-ro começa no dia 1º de janeiro e se prolonga até o dia 31 de dezembro de cada ano. São exceções a este princípio, ou seja, podem ser instituídos ou majorados no mesmo exercício financeiro o Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

As reduções na tributação não estão sujeitas à aplicação deste prin-cípio, podendo ocorrer no mesmo ano fiscal.

Este princípio não deve ser confundido com o Princípio da Anuali-dade, segundo o qual, para que um tributo seja criado ou majorado, se faz

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necessário prévia autorização orçamentária de forma anual. A Constitui-ção Federal de 1988 não recepcionou esse princípio.

1.3.1.3. Princípio da Noventena

O terceiro príncípio aplicável ao ICMS é o “Princípío da Novente-na”, estabelecido pela Emenda Constitucional nº 42/2003, que dispõe que a majoração ou criação de um tributo somente produzirá efeitos depois de noventa dias da data da publicação da lei que os instituiu ou aumentou (artigo 150, III, “c”, da CF/1988). Constituem exceção a este princípio:

1. Imposto de Importação (II);

2. Imposto de Exportação (IE);

3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

4. Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);

5. Imposto de Renda (IR);

6. Empréstimo Compulsório motivado por calamidade pública, guerra externa ou sua iminência;

7. Imposto Extraordinário de Guerra (IEG);

8. fixação da base de cálculo do IPVA e do IPTU.

Quanto ao II, IE, IPI e IOF, a exceção baseia-se no fato de que estes tributos são considerados regulatórios de mercado.

1.3.1.4. Princípio da Irretroatividade

O Princípio da Irretroatividade tributária, também conhecido ape-nas como irretroatividade, é o princípio de Direito Tributário que estabe-lece que não poderá haver cobrança de tributo sobre fatos que acontece-ram antes da entrada em vigor da lei que o instituiu. Segundo a doutrina majoritária, tal princípio decorre da ideia de irretroatividade das normas, de acordo com a Constituição, artigo 5º, segundo a qual “a lei não preju-dicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Mais especificamente, este princípio encontra seu fundamento legal na Consti-tuição Federal, em seu artigo 150, III, “a”:

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 21

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

1.3.1.5. Princípio da Seletividade

O Princípio da Seletividade abrange uma seleção que está presente na legislação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Servi-ços de Transporte de Natureza Intermunicipal e Interestadual e Serviço de Comunicação Onerosa) e na legislação que rege o IPI (imposto que tem sua incidência na circulação de mercadoria industrializadda ou importa-da). O objetivo é variar a alíquota de acordo com a essencialidade do bem.

Significa que, ao se deparar com um bem de maior essencialidade, a alíquota será menor e, pela lógica, se for o bem de menor essencialidade, a alíquota será maior. Tais incidências são consideradas para os tributos in-diretos, isto é, aqueles em que o ônus tributário repercute no consumidor final. Com isso, as técnicas do Princípio da Seletividade visam promover justiça fiscal, inibindo os efeitos negativos provocados por esses impostos, que tendem “regressividade”.

1.3.1.6. Esquema Prático dos Princípios Constitucionais

A nossa Carta Magna em seus artigos 150 a 152 traz diversos prin-cípios limitadores e norteadores da competência de tributar. Acabamos de elencar aqueles que, a nosso ver, são entre todos os mais importan-tes, sem, contudo, desprezar os demais. Em face disto e tendo em vista o caráter dinâmico desta obra, trazemos abaixo a relação completa dos princípios constitucionais, inspirados no Livro do Ilustríssimo professor Roberval Rocha - “Coleção OAB” - Direito Tributário - Editora Jus Podivn:

limitaçõeS conStitucionaiS ao PoDer De tributar (artigoS 150 a 152)

Princípio da Legalidade (artigo 150, I);Princípio da Isonomia (artigo 150, II);

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limitaçõeS conStitucionaiS ao PoDer De tributar (artigoS 150 a 152)

Princípio Irretroatividade (artigo 150, III, “a”);Princípio da Anterioridade (artigo 150, III, “b”);Princípio da Anterioridade Nonagesimal (artigo 150, III “c”);Princípio do Não Confisco (artigo 150, IV);Princípio da Não Limitação ao Tráfego de Pessoas e Bens (artigo 150, V);Princípio da Imunidade Recíproca (artigo 150, IV, “a”);Princípio da Imunidade dos Templos (artigo 150, IV, “b”);Princípio da Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos dos Trabalhadores, Insti-tuições de Educação e Assistência Social, Sem Fins Lucrativos (artigo 150, IV, “c”);Princípio da Imunidade dos Livros, Jornais, Periódicos e Papéis Utilizados em sua Impressão (artigo 150, IV, “d”;Princípio da Transparência (artigo 150, § 5º);Princípio da Exigência de Lei Específica para Conceção de Benefícios Fiscais (ar-tigo 150, § 6º);Princípio da Uniformidade Geográfica (artigo 151, I);Princípio da Vedação à União de tributação diferencial da renda das obrigações da dívida pública dos demais entes federados (artigo 151, II, in fine);Princípio da Vedação à União de instituição de isenções heterônomas (artigo 151, III);Princípio da Não Discriminação em Razão da Procedência ou Destino (artigo 152).

1.3.2. ImunidadesComo já o dissemos trata-se de uma limitação ao poder de tributar.

A imunidade só atinge a obrigação principal, permanecendo, assim, as obrigações acessórias devidas.

Podemos definir a imunidade tributária como uma barreira insti-tuída por um dispositivo de nossa Constituição Federal que veda a in-cidência de tributação sobre determinado fato, determinada pessoa e/ou determinada categoria de pessoas.

Imunidades tributárias aplicadas aos impostos:

a) imunidade da renda e dos serviços dos templos de qualquer culto;

b) imunidade recíproca às pessoas políticas;

c) imunidade dos partidos políticos;

d) imunidade dos sindicatos dos empregados;

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao Estudo do ICMS e outros temas Tributários - Volume I 23

e) imunidade das instituições assistências e educacionais sem fins lucrativos;

f) imunidade dos jornais, livros, periódicos e o papel destinado a sua impressão em relação aos impostos.

Consequentemente, por exemplo, as Igrejas, em razão do referido artigo não recolhem Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e nem Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Imunidades Específicas

São aquelas que se referem a um imposto determinado. Exemplo:

a) imunidade tributária concedida no Imposto sobre Produtos In-dustrializados (IPI) aos produtos industrializados exportados (artigo 153, § 3º, III, de nossa Constituição Federal);

b) imunidade em relação ao Imposto sobre a Propriedade Territo-rial Rural (ITR) para as pequenas glebas rurais quando o pro-prietário que as explore não possua outro imóvel.

Importante

A diferença da imunidade tributária para a hipótese de não incidência é que a primeira é prevista em nossa Constituição e a segunda é criada por lei tributá-

ria, tal como a lei do ICMS, por exemplo.

1.3.2.1. Imunidade musical

Para dispor sobre a mais recente imunidade constitucional traze-mos aqui trechos do texto elaborado pelos advogados Carolina Batosso e Eduardo Behar (ambos do escritório “Rubens Naves Santos Advogados”) que ilustra muito bem os conceitos e dificuldades de interpretação desta nova modalidade de limitação ao poder de tributar.

“A EC nº 75, publicada no DOU de 16.10.2013, inclui fonogramas e vi-deofonogramas musicais e literomusicais no rol de imunidade a impostos trazida pela CF em seu artigo 150, que, agora, passou a contar com a in-clusão da alínea “e”:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

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VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fun-dações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de edu-cação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou ar-quivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela EC nº 75)

(...).” (destaque nosso)

A PEC da Música nº 98/2007, é na realidade, um Projeto de Emenda Constitucional já antigo - de 2007 - originado pelo deputado Otavio Leite (PSDB/RJ) e tem como linhas mestras: o combate à contrafação (popular-mente chamada de pirataria), o revigoramento do mercado fonográfico brasileiro e a difusão da cultura musical a todas as classes sociais do Bra-sil, em especial, as menos privilegiadas.

Na justificação da PEC, o deputado argumenta que o mercado foi dominado por produtos ilegais e postos empregatícios informais, o que tornou o produto pirata infinitamente mais acessível no quesito “preço”, inviabilizando a concorrência entre o produto pirata e o original; este, sujeito a uma carga tributária altíssima que torna o custo final do produto muitíssimo maior para o consumidor.

Por este motivo, acreditou-se que a referida PEC, ao desonerar de impostos praticamente todas as fases envoltas no processo de produção de música composta e/ou gravada por artistas brasileiros, bem como co-mercializada em seus diversos suportes, atenuará sensivelmente a barreira econômica que pesa sobre o produto original, tornando-o mais acessível ao consumo, popularizando ainda mais seu acesso às classes menos pri-vilegiadas do País.

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1.3.3. Abrangência terminológica da EC nº 75/2013

Carolina Batosso e Eduardo Behar propõem uma análise prévia dos termos técnicos do novo dispositivo legal visando uma melhor compreen-são e para isto o dividem em 5 partes:

Assim, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos municípios ins-tituir impostos sobre:

a) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil (...);

b) contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasilei-ros e/ou (...);

c) contendo obras em geral interpretadas por artistas brasileiros...;

d) bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham...;

e) salvo na replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil - de acordo com o conceito trazido pela Lei dos Direitos Autorais, fonograma é toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual.

Em outras palavras, fonograma é uma gravação de som de uma in-terpretação musical.

Ex.: a música Carinhoso, de Pixinguinha, se cantada por Marisa Monte, é um fonograma; se cantada por Ivete Sangalo, é outro fonograma, e assim por diante.

Videofonograma, por sua vez, é a gravação de som e imagem de uma interpretação musical, ou seja, os vídeos musicais.

Ex.: a gravação de um show onde Marisa Monte canta a música Ca-rinhoso.

Produzidos no Brasil: os autores chamam a atenção para a subjeti-vidade do texto legal

Quis a norma mencionar “produção” enquanto sinônimo de exe-cução de som? (ex.: show musical no Credicard Hall). Ou referiu-se, em