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De 1.850 a 1.936 CASA LAPORT, cuja razão social era VIÚVA LAPORT & CIA. empresa estabelecida à Rua Andrade Neves, 148 em Pelotas-RS. Em 1850 firmou contrato de representação com SCHOLBERG & CIE, empresa BELGA estabelecida a Avenie Roger nº 6 na cidade de LIÉGE. A SCHOLBERG & CIE era especializada no comércio e exportação de artigos de cutelaria, armas e munições, artigos de bazar e ferragens. De 1854 a 1882, com o falecimento da VIÚVA LAPORT o Sócio ALEXANDRE GADET alterou a razão social para SCHOLBERG & GADET. Nesse período nem todas as lâminas traziam estampada a logomarca Coqueiro. De 1882 a 1894, após o falecimento de ALEXANDRE GADET a razão social da empresa passou a SCHOLBERG, JOUCLA & SILVA. Na época LEOPOLDO JOUCLA era importador de vinhos e Vice-cônsul da França. A partir desse período todas as lâminas traziam como logomarca um COQUEIRO. De 1894 a 1907, a denominação social, após a retirada do Sócio SILVA, passou a SCHOLBERG & JOUCLA. De 1907 a 1936 a razão social passou a SCHOLBERG & CIA., sendo Sócios da Empresa a Sra.CLEMENTINE SUEYDER SCHOLBERG e os Srs. EUGÊNIO BELMONDY e JOÃO H. JACOTETT. Foi a melhor fase da empresa Em quase um século de atividade a SCHOLBERG, cuja logomarca era um coqueiro em pé ou deitado, importou milhares de lâminas de facas, facões, punhais, espadas de caça, sabres, adagas e algumas remessas de canivetes. Sempre caracterizados por produtos de excelente qualidade importados da Alemanha, Bélgica e França. A SCHOLBERG teve representações em Rosário de Santa Fé na Argentina, denominada BROQUA SCHOLBERG & CIA, e Montevidéu no Uruguai com a denominação de BROQUA & SCHOLBERG. Muitas das facas importadas por BROQUA & SCHOLBERG de Montevidéu encontram-se em mãos de Colecionadores Brasileiros. Mas é raríssima a faca importada por BROQUA, SCHOLBERG & CIA., da Argentina, em mãos de Brasileiros. Com a fama adquirida ao longo dos 86 anos de atividades, os artigos de cutelaria da SCHOLBERG Brasileira, Uruguaia e Argentina, pela qualidade, são muito procurados e adquiriram alto valor de mercado. Hoje são necessários cuidados especiais para aquisição dessas peças dado o grande número de falsificações. Nem mesmo os mais hábeis desses inescrupulosos falsificadores conseguem enganar o Colecionador atento ou profissional competente habituado a nomenclatura dos aços utilizados na época. A proliferação dessas peças falsificadas é tamanha que por informações dos lesados já é possível identificar suas origens. FACAS, FACÕES E ADAGAS BESOURO E FORMIGA Duas marcas que são as grandes paixões dos Gaúchos. Produzidas na década de 30, forjadas com carbono alto teor, essas duas marcas assemelham-se em qualidade. Eram ferramentas para qualquer atividade do cotidiano, conquistaram o homem do campo e logo passaram a ser disputadas por Churrasqueiros e Colecionadores da cidade. Mesmo quem possui peças de cutelaria fina internacional não deixa de ter em seu acervo exemplares da Formiga e Besouro Estas também tem sido objeto de falsificações, notadamente na fronteira oeste do Estado, zona da campanha divisa com Uruguai e Argentina, com grandes incidências em Uruguaiana, Santa Maria, Rosário do Sul e Bagé. É fato lamentável, pois nessas regiões os Gaúchos costumam andar pilchados a rigor e ostentar na cintura facas e adagas dessas duas marcas.

Facas Antigas

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De 1.850 a 1.936

CASA LAPORT, cuja razão social era VIÚVA LAPORT & CIA. empresa estabelecida à Rua Andrade Neves, 148 em Pelotas-RS. Em 1850 firmou contrato de representação com SCHOLBERG & CIE, empresa BELGA estabelecida a Avenie Roger nº 6 na cidade de LIÉGE. A SCHOLBERG & CIE era especializada no comércio e exportação de artigos de cutelaria, armas e munições, artigos de bazar e ferragens. De 1854 a 1882, com o falecimento da VIÚVA LAPORT o Sócio ALEXANDRE GADET alterou a razão social para SCHOLBERG & GADET. Nesse período nem todas as lâminas traziam estampada a logomarca Coqueiro. De 1882 a 1894, após o falecimento de ALEXANDRE GADET a razão social da empresa passou a SCHOLBERG, JOUCLA & SILVA.

Na época LEOPOLDO JOUCLA era importador de vinhos e Vice-cônsul da França. A partir desse período todas as lâminas traziam como logomarca um COQUEIRO. De 1894 a 1907, a denominação social, após a retirada do Sócio SILVA, passou a SCHOLBERG & JOUCLA. De 1907 a 1936 a razão social passou a SCHOLBERG & CIA., sendo Sócios da Empresa a Sra.CLEMENTINE SUEYDER SCHOLBERG e os Srs. EUGÊNIO BELMONDY e JOÃO H. JACOTETT. Foi a melhor fase da empresa

Em quase um século de atividade a SCHOLBERG, cuja logomarca era um coqueiro em pé ou deitado, importou milhares de lâminas de facas, facões, punhais, espadas de caça, sabres, adagas e algumas remessas de canivetes. Sempre caracterizados por produtos de excelente qualidade importados da Alemanha, Bélgica e França.

A SCHOLBERG teve representações em Rosário de Santa Fé na Argentina, denominada BROQUA SCHOLBERG & CIA, e Montevidéu no Uruguai com a denominação de BROQUA & SCHOLBERG. Muitas das facas importadas por BROQUA & SCHOLBERG de Montevidéu encontram-se em mãos de Colecionadores Brasileiros. Mas é raríssima a faca importada por BROQUA, SCHOLBERG & CIA., da Argentina, em mãos de Brasileiros. Com a fama adquirida ao longo dos 86 anos de atividades, os artigos de cutelaria da SCHOLBERG Brasileira, Uruguaia e Argentina, pela qualidade, são muito procurados e adquiriram alto valor de mercado.

Hoje são necessários cuidados especiais para aquisição dessas peças dado o grande número de falsificações. Nem mesmo os mais hábeis desses inescrupulosos falsificadores conseguem enganar o Colecionador atento ou profissional competente habituado a nomenclatura dos aços utilizados na época. A proliferação dessas peças falsificadas é tamanha que por informações dos lesados já é possível identificar suas origens.

FACAS, FACÕES E ADAGAS BESOURO E FORMIGA Duas marcas que são as grandes paixões dos Gaúchos.

Produzidas na década de 30, forjadas com carbono alto teor, essas duas marcas assemelham-se em qualidade. Eram ferramentas para qualquer atividade do cotidiano, conquistaram o homem do campo e logo passaram a ser disputadas por Churrasqueiros e Colecionadores da cidade. Mesmo quem possui peças de cutelaria fina internacional não deixa de ter em seu acervo exemplares da Formiga e Besouro

Estas também tem sido objeto de falsificações, notadamente na fronteira oeste do Estado, zona da campanha divisa com Uruguai e Argentina, com grandes incidências em Uruguaiana, Santa Maria, Rosário do Sul e Bagé.

É fato lamentável, pois nessas regiões os Gaúchos costumam andarpilchados a rigor e ostentar na cintura facas e adagas dessas duas marcas.

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Mas são as facas e facões da marca Touro (Hans Wolf) as peças mais valiosas e mais disputadas pelos Gaúchos. Foram produzidas por Dobradores de Solingen, são rústicas, robustas e raras.

J. A. Henckels Co. - Zwilling A pérola da cutelaria internacional

É hoje uma das fábricas mais antiga de Solingen em atividade.Já em 1731, Johann Peter Henckels registrou a logomarca ZWILLING (gêmeos).

Nos 274 anos de atividades de J. A. HENCKELS houve seismudanças da logomarca da empresa.

É das empresas mais premiadas em exposições internacionais. Em 1939 inventou e patenteou o processo FRIODUR ( aço gelo endurecido). As peças mais valorizadas são as antigas, forjadas em ligas de aço com alto teor de carbono. Possuem fio inigualável de excelente dureza e alta resistência em camadas finíssimas, capazes de chegarem a fio de navalha.

MARCAS FAMOSAS MAIS CONHECIDASSOLINGEM /ALEMANHA

J. A. HENCKELS - ZWILLING - GÊMEOSGEBR. WEYSBERGER (CORNETA)HERDERFRIEDRICH HERDER ABR. & SOHNRICHARD HERDERHEINRICH BÖKER & CO. (ARBOLITO)EDWARD WÜSTHOF (Dreizack Werk – Trident)HANS WOLF ( TOURO )LUCKHAUS & GUNTHER – REMSCHEIDGÜSSSTAHLPUMA WEK & SOHNDFUTSCMEWARE ( Touro )BLECK MANAFEISNTALS 525C.J.HERBERTZERNST E. WITTE ( KRONECK )SOLWAE. BONSMANN

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CHAVE DE BREMEMDREITURM – J.A.SCHMIDT & SÖHNEALEXANDER COPPELKORF & HONSBERG - REMSCHEIDWIDDERHARTMANNF. DICKH.K.W. – HENCKELS – HAMMESFAHR

SHEFFIELD/ INGLATERRA MARCAS INGLESAS MAIS CONHECIDAS

JOSEPH RODGERS & SONSJAMES RODGERS & SONSWILKINSON OLD RAM – OLDRAMHORSEMANSTELLA WORKSROBISORBYJOHN BUY & CO.BALL BROTHERS SUCÇEXTORRE DE HÉRCULES

Destaque para as marcas reais Inglesas JOSEPH RODGERS e JAMES RODGERS, cujas peças projetam o melhor estilo da cutelaria finada nobreza Inglesa. As facas forjadas, no estilo BOWIE, com espessura deaté 6 mm. com cabos de chifre de cervo ou marfim, muito utilizadas porCaçadores, alcançam alto valor comercial no mercado de cutelaria fina.

MARCAS REAIS INGLESAS(usadas nas facas de Joseph Rodgers & Sons)

CUNHO REINADO(S) DE PERÍODO

George II, III e IV anterior a 1830

William IV 1830 - 1837

Victória 1837 - 1901

Edward VII 1901 - 1910

George V e VII 1910 - 1952

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As laminadas de uso doméstico, os faqueiros, e os trinchantes pela qualidade, designe e requinte refletem o esplendor da aristocracia da época. A RODGERS produziu de 1.830 a 1956, aproximadamente. Outra fábrica que merece destaque especial é a WILKINSON que iniciou atividades em 1.772, fabricando espadas e armas de fogo. Em 1.804 lhe foi conferido o título de Armeiro Real, quando passou a fabricar as espadas do Reino Inglês. As Espadas WILKINSON combateram Napoleão e os Russos na Guerra da Criméia. A partir de 1.887 começou a fabricação de navalhas de altíssima qualidade e outros artigos de Cutelaria.

FACAS DE TESOURAS DE TOSQUIA

Tesouras de tosquiar, esquilar ou tosar, denominações dadas as tesouras utilizadas no corte da lã de ovelhas. Há mais de século essas tesouras foram empregadas na tosquia de ovelhas no Rio Grande do Sul. Por seu clima frio e boas pastagens de campo nativo o Estado possui o maior rebanho de ovelhas do País e o maior acervo de tesouras de tosquia. Substituídas por modernas máquinas de tosquiar foram esquecidas nos galpões das fazendas.

Dos galpões das Estâncias para a cintura dos Gaúchos.

Há muito tempo, de forma artesanal, essas antigas tesouras passaram a ser transformadas em facas por ferreiros e artesãos cuteleiros da zona da campanha no interior do Estado. As tesouras importadas, produzidas com aço carbono de alto teor, com ligas semelhantes as encontradas nas facas Inglesas e Alemãs da época, despertaram o interesse de Cuteleiros qualificados que passaram a transformá-las em facas de excelente qualidade.

Destaque especial na Cutelaria Gaúcha.

A transformação das tesouras em facas é tarefa trabalhosa e requer bons conhecimentos na área de Cutelaria. No seu formato original tem curvatura no sentido da ponta e do dorso para o fio e não apresenta toda a dureza que essa nomenclatura de aço pode oferecer, por desnecessário para tesouras

Na transformação precisam ser:

1- destemperadas 2- batidas3- recortadas 4- formatadas5- retemperadas 6- polidas7- encabadas 8- Afiadas

Os antigos métodos de tempera, substituídos por tratamento térmico em modernos fornos permitem que os aços das tesouras Inglesas e Alemãs atinjam de 57 a 59 HRC. Um disperdício para um material de qualidade em extinção. No processo artesanal rudimentar são aquecidas, batidas e recortadas a esmeril, destemperando e tornando-as inadequadas ao uso. As tesouras produzidas no Brasil, Uruguai e Argentina não possuem a mesma qualidade, razão pela qual não faremos referência a nenhuma marca.

TESOURAS ALEMÃS MAIS CONHECIDAS

Gebr. Weyersberger Corneta Solingen < 1.890Gebr. Weysrsberger Cabeça coroada Solingen < 1.890

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Gebr .Weysrsberger Três lanceiros Solingen < 1.890J. A. Henckels Willing Solingen < 1.742Herder Candelabro Solingen < 1.890

Chave de Bremem Chave Germany < 1.792Cocaco Germany < 1.890

Duas espadas cruzadas Sem inscrição Solingen < 1.890Richard A. Herder Solingen < 1.890

Güssstahl Garantirt Germany < 1.890Friedrich Herder Abr.Sohn Solingen < 1.890

Korf & Honsberg Germany < 1.890H.A.Livramento Solingen < 1.890

Luckhaus & Günther Remscheid < l.880S 525 Espada Solingen < 1.890

W. Germany Martelo e Torques Germany < 1.880

OUTRAS MARCAS DE QUALIDADE

Scholberg & Cia Coqueiro Bélgica < 1.907Broqua & Scholberg Sol Bélgica < 1.907Broqua & Scholberg Sol England < 1.915

Col Cutos USA < 1.900Cecco Itália < 1.900Boker USA < 1.904

TESOURAS INGLESAS MAIS CONHECIDAS

Burgon & Ball Sheffield < 1.880Hunter S M Sheffield < 1.880

Bawson Brothers Sheffield < 1.890Cast Steel W.x P. Ward Sheffield < 1.895Improved W.x P. Ward Sheffield < 1.895

Garranted Cast Steel Ward Sheffield < 1.895Chas Masghwitzjung Birmingham < 1.880

Jonh Buy & Cº Ltª Fawres Shefield < 1.890Reuss & Cº Mazzeppa Sheffield < 1.900

Sheperd Boy < 1.880Success Ball Brother Shefield < 1.900

Sound O tambor < 1.910Torre de Hércules < 1.900

Oldram W.W. Wilkinson Gelsea < 1.887 Solid Steel – Walter Wilkinson Gelsea < 1.887

Observação: As tesouras SHEFFIELD sem a inscrição ENGLAND foram produzidas entre 1.830 a 1.890. Não há exatidão absoluta nas datas de início e término de produção de tesouras das marcas aqui mencionadas.

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Entre as facas, adagas e facões antigos de produção nacional merecem destaque especial as gaúchas FORMIGA e BESOURO, produzidas na época com carbono alto teor e forjadas, apresentavam dureza superior as obtidas com aços carbonos produzidas hoje, de acordo com a A.B.N.T.

São materiais para todos os tipos de serviços doméstico ou campeiro, de dureza entre 56 e 58 HRC. Formatos adequados ao cotidiano, essas peças despertam, ainda hoje, o interesse de usuários, colecionadores e comerciantes.

Nas importadas antigas, entre os gaúchos, as peças mais cobiçadas são as SCHOLBERG, cuja marca é um coqueiro em pé ou deitado. Esses materiais foram importados de 1850 a 1936.Inicialmente por Scholberg & Gaddet, sendo sucessores Scholberg e Joucla e por último Scholberg & Cia. Os importadores eram pelotenses e os exportadores de Liége na Bélgica.Esses materiais, mesmo produzidos a mais de século, não têm concorrentes, hoje, em aços da mesma nomenclatura. Eram produzidos como ferramentas, apresentavam qualidade, resistência e durabilidade. Nos mesmos moldes, as peças antigas importadas de outros paises tinham o mesmo tratamento e mais tecnologia. Entre elas destaques especiais para as produzidas em Solingen na Alemanha, Sheffield na Inglaterra e ainda as Suécas, Austríacas e Francesas, entre outras. Na linha das peças importadas há procura por facas, facões, espadas, baionetas, sabres e talheres.

Tesouras Inglesas mais conhecidas

Marca ou Logomarca Localidade País Época1.Bawson Brothers Sheffield England <18902.Cast Steel W.X.P.Ward Sheffield England <18953.Improved W.X.P.Ward Sheffield England <18954.Garranted Cast Steel Ward Sheffield England <18955.Chas Masghwitzjung Birmingham England <18806.Burgon & Ball Sheffield England + Século7.Hunter SM Sheffield England + Século8.Jonh Buy & Co Lta Fawres Sheffield England <18909.Reuss & Co Mazzeppa Sheffield England + Século10.Sheperd Boy - England +/-188011.Success Ball brother Sheffield England +/-190012.Sound (Otambor) - England + Século13.Torre de Hércules - England +Século14.Oldram W.W.Wilkinson Gelsea England <188715.Solid Stell- Walter Wilkinson - England <1887

Observação: As tesouras Sheffield sem a inscrição England foram produzidas entre 1830 à 1890.

Tesouras Alemãs mais conhecidas

Marca ou Logomarca Localidade País Época1.Chave de Bremem - Germany <18902.Cocaco - Germany <18903.Corneta Gebr.Weyersberg Solingen Germany <18904.Cabeça Coroada Gebr. Weyersberg Solingen Germany <18905.3 Lanceiros Gebr. Weyersberg Solingen Germany <18906.2 Espadas Cruzadas (sem inscrição) Solingen Germany <18807.Gussstahl - Germany + Século8.J.A.Henckels Zwilling Solingen Germany 17429.Rich. A. Herder Solingen Germany <189010.F. Herder A. S Nº Solingen Germany <189011.Herder Solingen Germany + Século12.Korf & Honsberg - Germany + Século13.H.A.Livramento Solingen Germany 1890<14.Luck. Haus & Gunther - Germany +120 anos15.S 525 (espada) Solingen Germany 1890<16.W Germany (martelo e troques) Solingen Germany +110 anos

Outras Marcas de Qualidade 1.Col Cutos - USA Secular2.Keiser - USA Secular3.Boker - USA Secular4.CECCO - Italian Secular

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Marca mais valorizada no Rio Grande do Sul

Marca ou Logomarca Localidade País ÉpocaScholberg & Cia (coqueiro) Liége Bélgica 1888 a 1936Broqua & Scholberg (sol) Liége Bélgica 1888 a 1936

Conhecida como coqueiro em pé ou deitado, a marca da SCHOLBERG é parte do folclore e das tradições gaúchas, tanto em facas, tesouras de tosquia, sabres ou espadas.

Esses materiais eram importados de Liége na Bélgica de 1850 a 1936.

Inicialmente por Scholberg & Gaddet, sendo sucessores Scholberg & Joucla e posteriormente Scholberg & Cia.Essas peças são disputadas por colecionadores, tradicionalistas e usuários bem informados.

É BOM SABER

Celebrated, Waranted, Cast Steel e Englisch Steel, sem menção a uma cidade Inglesa, indica que as lâminas foram produzidas na Alemanha, Áustria e Boêmia e eram destinados ao mercado nortes americanos até 1891.

Uma lei tarifária do Estados Unidos de 1890 passou a obrigar que o nome do país de origem esteja timbrado na lâmina das facas importadas. Essa prática foi adotada por muitos fabricantes.

CAST STEEL – aço fundido inventado em 1740 para fazer molas de relógios, foi muito usado em lâminas entre 1840 e 1920.

STAINLESS STEEL – aço inoxidável inventado em 1914.

SHEAR STEEL e DOUBLÉ SHEAR STEEL – aço aparado ou duplamente aparado – tipo de lâmina obtida do golpeamento de cilindro de aço em alta temperatura. O termo “Doublé” era usado quando inicialmente o próprio cilindro era obtido dessa forma.

A WILKINSON iniciou atividades em 1772 fabricando espadas e armas de fogo. Em 1804 lhe foi conferido o título de Armeiro Real, quando passou a fabricar as espadas do Reino Inglês. A partir de 1887 começou a fabricação de navalhas de altíssima qualidade e outros artigos de cutelaria.

Fabricante Tipo Origem Mínimo MáximoZwilling J.A.Henckels L C Solingen R$ 450,00 R$ 650,00Zwilling J.A.Henckels F C Solingen R$ 550,00 R$ 1.200,00 Scholberg & Joucla L C Bélgica R$ 430,00 R$ 800,00 Scholberg & Joucla F C Bélgica R$ 750,00 R$ 1.500,00

Scholberg & Cia. L C Bélgica R$ 480,00 R$ 950,00 Schorberg & Cia. F C Bélgica R$ 700,00 R$ 1.150,00

Herder L C Solingen R$ 420,00 R$ 1.850,00Friedr. Herder Abr. & Sohn L C Solingen R$ 350,00 R$ 580,00

Black Mana L C Solingen R$ 350,00 R$ 650,00Black Mana F C Solingen R$ 650,00 R$ 950,00

Fein stail L C Solingen R$ 340,00 R$ 650,00S 525 L C Solingen R$ 350,00 R$ 650,00

Herstellen S Kroneck L C Germany R$ 390,00 R$ 600,00Gebr.Weyersberg. Corneta F C Solingen R$ 700,00 R$ 1.150,00Gebr.Weyersberg. Corneta L C Solingen R$ 330,00 R$ 650,00

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Richard Herder L C Solingen R$ 320,00 R$ 550,00Hans Wolf -Dobrador (Touro) F C Solingen R$ 750,00 R$ 2.550,00

Luckhaus & Günther L C Germany R$ 370,00 R$ 580,00Dfutscmeware ( Touro ) F C Solingen R$ 550,00 R$ 1.100,00 Joseph Rodgers & sons F C Inglesa R$ 1.150,00 R$ 2.500,00

Joseph Rodgers L C Inglesa R$ 500,00 R$ 1.200,00Horseman L C Inglesa R$ 380,00 R$ 650,00Robisorby L C Inglesa R$ 350,00 R$ 500,00

St ella Works L C Inglesa R$ 320,00 R$ 450,00

Fabricante Tipo Origem Mínimo MáximoFaca Formiga L C Brasileira R$ 170,00 R$ 350,00Faca Besouro L C Brasileira R$ 170,00 R$ 350,00

Facão Formiga F C Brasileira R$ 160,00 R$ 295,00Facão Besouro F C Brasileira R$ 160,00 R$ 295,00Adaga Formiga L C Brasileira R$ 140,00 R$ 395,00Adaga Besouro L C Brasileira R$ 140,00 R$ 395,00Facão Herder F C Solingen R$ 270,00 R$ 550,00

Facão H.K.W. Henckels F C Solingen R$ 270,00 R$ 550,00Facão Collins F C U.S.A. R$ 250,00 R$ 380,00

Fabricante Tipo Origem Mínimo MáximoScholberg & Cia. Liége Bélgica R$ 65,00 R$ 350,00

J.A.Henckels Zwilling Solingen Alemanha R$ 75,00 R$ 370,00Hunter Sheffield Inglaterra R$ 55,00 R$ 250,00

Burgon & Ball Inglaterra R$ 50,00 R$ 230,00Gebr. Weyersberg Solingen Alemanha R$ 60,00 R$ 270,00

Herder Solingen Alemanha R$ 60,00 R$ 280,00Richard A. Herder Solingen Alemanha R$ 65,00 R$ 280,00Friedrich Herder Solingen Alemanha R$ 65,00 R$ 280,00

Keiser U.S.A. R$ 65,00 R$ 260,00

. O que é prata de lei ?

As graduações presentes nos objetos de prata indicam o grau de pureza do material. Quanto maior a pureza, mais alto é o número da graduação. A prata em estado puro tem teor 999 ou 1000.A partir de 80% de pureza, a prata é chamada de lei, expressão que tem origem numa lei portuguesa do séc. XV, promulgada na tentativa de regulamentar a manufatura de prata.Hoje, utiliza-se na prática esta nomenclatura:

- Prata Baixa: toda aquela que contenha mais de 200 milésimos de liga (cobre).- Prata de Lei teor 800: contém 20% de liga.- Prata de Lei teor 833: contém 16% de liga.- Prata de Lei teor 835: contém 16% de liga.- Prata de Lei teor 900: contém 10% de liga.

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- Prata de Lei teor 925 ou Sterling: contém 7,5% de liga.

Atenção: A alpaca normalmente vendida em lojas como prata baixa, não se trata de prata e sim de uma imitação. A alpaca é uma liga de niquel, cobre e zinco, tambem conhecida como prata alemã.

2. Como se classefica a pureza do ouro?

O ouro classifica-se em kilate (medida de pureza) e classefica-se em:

- Ouro 24k: é o ouro totalmente puro- Ouro 22k: contém 8.33% de liga.- Ouro 18k: contém 25% de liga.- Ouro 14k: contém 41.66% de liga.- Ouro 10k: contém 58.33% de liga.

Gaúchos de Faca na Bota

Autor: J. C. Paixão Cortes

Há dias comentando com o grande vate da nossa poesia regionalista, Glauco Saraiva, sobre a importância que o gaúcho dá à faca e suas múltiplas utilidades, reunimos juntos uma série de anotações, das quais extraí em síntese as seguintes:

Do paleolítico à idade dos metais, a faca acompanha a história da humanidade.

Aço... Damasco, Toledo, lança, espada, adaga e faca. Impérios, conquistas, invasões, vitórias, derrotas, domínios... assim o homem escreveu a própria história.

Na América... espanhóis e portugueses. A lança e as espadas definiram as fronteiras sul-americanas. A miscigenação racial e o meio plasmaram os tipos humanos.

O Pampa e a guerra, e o pastoreio. Gaúcho, tipo característico da América do Sul.

Peleia, faca, adaga, boleadeiras e mango.

Dificilmente definiríamos a história social do gaúcho, sem a complementação da faca. Na luta, no trabalho, nas lides domésticas, nas artes campeiras, na lenda, na superstição.

Page 10: Facas Antigas

Da infância da terra à maturidade histórica, a faca é uma constante na vida do gaúcho primitivo, tirou as botas "garrão de potro" e nestas aprestilhou as velhas esporas "nazarenas" com rosetas pontiagudas que impulsionaram o cavalo.

Com a faca talhou o couro para retovar as três pedras das boleadeiras, indispensáveis outrora nas lides campeiras e temíveis na guerra. E atou a faca na ponta de uma taquara, quando os clarins reclamaram as lanças crioulas nas extremaduras da Pátria.

O gaúcho primitivo desprezou a arma de fogo e a nobreza da luta estava no ferro branco.

Com a faca o gaúcho agrediu e defendeu. Faca "voluntária" numa peleia... Faca que, debaixo dos pelegos, tranquiliza o sono.

Com a faca o gaúcho cortava a própria melena ou "aparava trança de china". Tosava de cola e crina e aparava os casos do pingo nas vésperas de carreira.

O guasca enamorado, com a faca apanhou a flor que ofereceu à sua amada. Beijando a cruz da adaga o guasca traído jurou vingança. E o "aço que canta" corcoveava na bainha bordada de flores.

Com a faca o gaúcho falquejou a canga para os bois puxarem as estradas do Rio Grande.

Carneadeira, chavasca, prateada, língua de chimango, ferro branco, choco, xerenga... seja qual for a denominação popular, a faca, o facão e a adaga estão incorporados à vida do homem sul-rio-grandense.

É tal a sua utilidade que no campo ou na cidade, o gaúcho que se preza tem sua faca à mão.

A faca sangra a rês. Coureia, longueia, carneia, prepara a costela para o assado e o couro pra o laço: corta o churrasco e apara os tentos. Enquanto o piá com sua faquinha prepara a forquilha para o bodoque, a velha, na cozinha corta o charque para o "arroz de carreteiro".

Em noites de São João, a gauchinha crava a faca no tronco da bananeira, para antecipar a sorte. Com a faca cortando a terra o campeiro "vira o casco", cruzando dois capinzinhos sobre a simpatia infalível.

Faca não se dá. Faca se vende mesmo de presente, pela moeda de menor valor. E o amigo paga para não perder a amizade.

É com a faca que o gaúcho corta o "amarelinho" para tragar as introspecções do cismarento cigarro de palha.

Com a faca o gaúcho pelejou em entreveros revolucionários, corpo a corpo; dançou na "faca maruja" e trabalhou, castrando o gado.

Com a faca o gaúcho falquejou a própria história do Rio Grande.

Da infância da terra à maturidade histórica, a faca prolongou o braço do gaúcho.

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Do acalanto materno:Dorme filhinhoDorme meu amorQue a faca que cortaDá talho sem dor

Ao conselho paterno: "Cavalo de boa boca, mulher de bom gênio, faca de bom fio".

A faca, uma companheira inseparável do gaúcho!!!

Resolvi no entanto, no presente artigo estender-me em outras considerações sobre o assunto, desenvolvendo ainda mais o que havia escrito em breve trabalho intitulado "vestimenta gaúcha".

Faca gaúcha e suas características gerais

A necessidade do emprego da faca pelo gaúcho em diferentes atividades, aliada a fatores econômicos e sociais da sua própria formação, faz surgir no comércio rio-grandense variados tipos dessa peça.

No entanto, em traços gerais podemos dizer que a faca gaúcha, se caracteriza por ter uma lâmina de seção triangular: com um só gume, sendo a parte superior da lâmina conhecida por "lombo" ou "costas". Apresenta um comprimento em torno de 33 cm e uma largura ao redor de 3,5 cm tendo em algumas delas, na lâmina, além do "gavião" normal, orifícios, ranhuras, entalhes que se relacionam no trabalho do gaúcho, na sua faina campeira. Os cabos são chatos ou meio oitavados (estão presos ao "espigão").

Podem ser de madeira ou chifre. Ou ainda mais delicados, de metal, de prata e ouro, cujas bainhas apresentam desenhos e modernamente cenas ou motivos regionais. A bainha de couro, metal, couro e metal ou ainda de chifre. A primeira é usada principalmente nas lides campeiras diárias; feitas de couro cru ou sola, muitas vezes bordada com finos tentos. Quando de prata ou níquel, pode ser lavrada, cinzelada ou bordada a ouro, com motivos diversos, acompanhando os desenhos do cabo da faca. Numa bainha destacamos a "ponteira e o bocal", reforços no início e no fim da mesma (às vezes, "anel" no meio): a "espera" ou "orelha" responsável por sua fixação na guaiaca. Ampliando a própria bainha, no meio rural, vamos encontra,r às vezes, a chaira, assentador da faca, constituído por uma peça de aço cilíndrica de comprimento médio de 30 cm munido de cabo, onde se assenta o fio da lâmina.

Maneiras de usar

Variando de região para região, a faca pode ser usada na cintura, das seguintes maneiras:

a) à altura das cadeiras, em posição enviezada, com a parte correspondente ao fio, virada para cima, aproveitando o gaúcho comumente, para no cabo que se destaca, pendurar seu relho, através do fiel, (às vezes, as esporas também). Esse costume é habitual no campeiro fronteirisca.

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b) do lado do corpo (geralmente do esquerdo) com o fio virado para baixo e o cabo inclinado para frente. Em ambas as posições a faca está segura à cinta ou guaiaca, pela bainha. Pode no entanto ficar esta segura a uma espécie de espera de couro, com alça independente por onde passa o cinto ou a guaica, ficando a faca pendurada, aparecendo junto à perna pelo lado externo. Da mesma forma de como é usado o facão de mato (não confundir com o punhal). Esta modalidade é encontradiça entre gaúchos dos "Campos de Cima da Serra". No período em que a moda fazia obrigatório o uso do colete a cava deste era lugar seguro para o gaúcho da cidade, calçar sua pequena faca. Desapareceram também os gaúchos atrevidaços de "faca na bota"...

Denominações folclóricas

Xerenga ou ainda caxerengue — Faquinha pequena, velha. Julgamos derivar de caxiringuengue — faca velha; sem cabo; oriundo do indígena kiceringuengue; do kice — faca segundo Coruja, ou de quice mais renguenque, este do afro, segundo Spalding. Estas denominações também conhecidas em outros estados do Brasil.

Chavasca — Fronteirismo galponeiro. Possivelmente de chavascada. Existe também chavasco — tosco, grosseiro.

Choto — Faca pesada, feio.

Língua de ximango — O formato de lâmina — comprida e fina — lembra a língua do ximango, (Milvago e eluroecephalus) ave de rapina dos campos do Rio Grande do Sul.

Ferro branco — De arma branca.

Prateada — Devido ao cabo ou à bainha (ou ambos) serem de prata ou metal dessa cor.

Farinheira — de lâmina larga tornando-se própria para servir farinha no churrasco.

Carneadeira — Especificamente própria para tirar couro e evitar furos nos mesmos. Com a ponta volteada para cima. Extensivo a qualquer faca afiada.

Adaga — Do latim daga. Arma de defesa pessoal. Geralmente possui junto ao cabo uma guarda em forma de S. Tem um comprimento maior do que as facas normais; fio num dos lados de toda a lâmina ou, ainda, acrescido na extensão próxima da ponta do outro lado: ou dois gumes em toda a distância: um sulco de cada lado da lâmina, no sentido de seu comprimento. O "espigão não fica no prolongamento do lombo" como nas demais, mas sim no meio da lâmina.

Faca famosa de outrora

Dentre elas destacamos uma, integrada até mesmo hoje, no folclore gauchesco: "a coqueiro". Não era fabricada na cidade de Pelotas, como muitos pensam, mais sim importada pela firma Scholberg, cuja sede comercial estava em Liége, Bélgica. A referida firma, com filiais em Montevidéu, sob o nome de

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Broqua & Scholberg e na cidade de Rosário na Argentina, estabeleceu em Pelotas, no ano de 1850, uma outra filial, sob a razão comercial Joucia, Scholberg & Silva. Como sócios faziam parte, além de pelotenses, o francês Leopoldo Joucia, vice-cônsul da França (ou pessoa representativa daquele governo) e que também estava ligado ao comércio de famosos vinhos franceses. Mais tarde outro gaulês incorporou-se à firma: Armand Gadet.

Mas a firma Scholberg pelotense era especializada na importação de armas, metais finos, talheres, cutelaria fina, ferragens, apetrechos de caça, munições, artigos de cristofel, quinquilharias afora peças que no decorrer de seu desenvolvimento comercial foram importantes fornecedores e das quais realizamos precioso levantamento, inclusive fotográfico com slides e cujos estudos daremos divulgação oportunamente.

Esta firma, na grande parte de seus artigos especialmente os de "metal branco garantido", traziam gravados além desses dizeres, a insígnia de um pé de coqueiro ou uma estrela de cinco pontas.

As facas vinham da Bélgica quase prontas recebendo aqui a postura do cabo e bainha. Dentro de vários tipos dos catálogos que Jouela, Scholberg & Silva possuíam, o gaúcho dava preferência à marca do "coqueiro" e desta a "coqueiro deitado", pois era um "ferro branco para qualquer lida"...

Esta marca aparecia junto ao cabo, colocada ao longo da lâmina (no comprimento) paralelo ao gume. Existia também o "coqueiro em pé", em que o mesmo ficava com a base virada para o fio, ou melhor, na largura da lâmina. O curioso é que em frente da própria firma — Andrades Neves, 651 em Pelotas, existia um pé de coqueiro, além de ver-se a título de propaganda, presa a distância da parede da referida casa, uma enorme faca colocada paralelamente a uma não menor espingarda de caça.

Não sei se o coqueiro ali visto já existia na via pública ou foi plantado posteriarmente pelos fundadores da firma. Teria o mesmo motivado o nome da marca? Ou ainda servido de inspiração ou aproveitamento para que o nome do famoso aço "coqueiril", dos quais as facas serem confeccionadas, fosse auditivamente associada ao coqueiro, pelo nosso gaúcho do campo, para maiores efeitos comerciais e publicitários, perfeitamente compreensível na época.

Mas a verdade é que embora a firma tivesse cerrado suas portas em 1936, ainda hoje, na esquina de fronte, onde outrora se transferira — atualmente ocupada pela casa Alegre — encontra-se um pé de coqueiro que, ferindo o plano urbanistíco do centro da Princesa do Sul, ainda é conservado como tradição na cidade, juntamente com outro existente na frente do colégio Gonzaga.

Atualmente quem tem a felicidade de possuir uma faca "coqueiro" a guarda como verdadeira jóia gauchesca. Talvez por isso o brilhante poeta chucro do pago Jaime Caetano Braum, dedicou-lhe este poema:

Faca coqueiro

Cabo de madeira brancaE a folha de palmo e meio,Esta faca que palmeioSovando uma palha buena

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Larga, assim como novenaNas festanças do DivinoFoi presente do GaldinoFilho de Dona Pequena!

Na prancha meio azuladaDeste regalo campeiroEstá gravado um coqueiroAssim como um distintivoQue me faz lembrar, altivo,O charrua melenudo.Bombeando longe, sisudo,O velho solo nativo!

É nesse ferro criouloQue o meu fôlego embacia,A cancha reta braviaPor onde o fumo se espalha,Com ele eu ajeito a palha,Longueio, e, aparo crina,E a barba, pra ver a chinaQuando não tenho navalha!

Quando corto meu churrascoDeixo branqueando o espeto,E se na encrenca dos meioNão sobre garrafa inteiroPois este ferro campeiroDe ponta como de pranchaTem mania de abrir canchaNo costilhar do parceiro!

Por isso é que ao te palmear,Sovando a palha de milhoEu sinto, ó rude utensílioQue muito primeiro que euO guasca já te benzeuQuando num berro de touro,Junto ao "bendito"de couroNalgum rival te embebeu!

E ao te arrancar da bainhaDe ponteira reforçadaEvoco a rudez passada,De teu áspero trajetoQuando o xiru analfabetoContigo de companheira

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Nas andanças da fronteiraLonqueava o nosso dialeto!

Traste mil vezes relíquiaPor ser presente de amigo:Hei de levar-te comigoSempre ao alcance do braçoE acolherar no teu açoO presente e o passadoAté que pranche enredadoPor algum "seio de laço"!

E fica certo, GaldinoAo te agradecer de novo,Que no singelo retovoDo meu gauderiar sem norteEsta faca enquanto corte,Até os últimos momentos,Há de estar lonqueando os tentoDa nossa amizade forte!