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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO CHARLES EVERTON DE MORAIS VIANA A REGULAMENTAÇÃO DA LEI DO PASSE NO DIREITO BRASILEIRO E SEUS REFLEXOS NO FUTEBOL CABEDELO - PB 2017

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

CHARLES EVERTON DE MORAIS VIANA

A REGULAMENTAÇÃO DA LEI DO PASSE NO DIREITO BRASILEIRO E SEUS REFLEXOS NO FUTEBOL

CABEDELO - PB 2017

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CHARLES EVERTON DE MORAIS VIANA

A REGULAMENTAÇÃO DA LEI DO PASSE NO DIREITO BRASILEIRO E SEUS REFLEXOS NO FUTEBOL

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Desportivo Orientador: Prof. Dr. Alexandre Cavalcanti

CABEDELO – PB

2017

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CHARLES EVERTON DE MORAIS VIANA

A REGULAMENTAÇÃO DA LEI DO PASSE NO DIREITO BRASILEIRO E SEUS REFLEXOS NO FUTEBOL

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_____/2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Cavalcanti Andrade Araújo

ORIENTADOR – FESP

____________________________________________________ Prof. Ms. Herleide Herculano Delgado

MEMBRO – FESP

____________________________________________________ Prof. Ms. Maria do Socorro da Silva Menezes

MEMBRO – FESP

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À minha mãe (in memoriam), e em especial a minha esposa que sofreu e sorriu junto comigo durante a concretização deste trabalho.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

O Deus por ter me dado forças nas horas mais difíceis, por ter guiado e

iluminado meus caminhos e por proporcionar-me mais uma vitória.

Ao professor Dr. Alexandre Cavalcanti pela dedicação empenhada, por não

desistir de me orientar acreditando no meu potencial para o término desse trabalho.

À minha esposa Lilia Danielle, meus filhos Hugo Kennedy, Charles Filho,

José Augusto, Victória Zélia e Victor Daniel, meu pai José Maria, meus irmãos

Daniel Jeferson e Viana Filho, pela compreensão por minha ausência nos encontros

familiares.

A minha mãe Josefa Zélia (in memoriam), embora fisicamente ausente, mas

sua presença era perceptível ao meu lado, dando-me força.

Aos professores do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp, que

contribuíram ao longo dessa caminhada, por meio das disciplinas e debates, para o

desenvolvimento desta pesquisa.

Aos funcionários da Fesp, pela presteza e atendimento quando nos foi

necessário.

Aos colegas de turma pelos momentos de amizade e entretenimento.

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Desejar é o primeiro passo para a conquista de nossos sonhos.

Rémy Gourmont

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................... 07

2 ESTUDO DAS LEIS DESORTIVAS BRASILEIRAS ........................................ 08

2.1 UTILIZAÇÃO DAS NORMAS ............................................................................ 09

2.2 ALMANAQUE DO FUTEBOL ............................................................................ 11

3 AS LEIS E SUAS EVOLUÇÕES ...................................................................... 11

3.1 LEI DO PASSE ................................................................................................. 12

3.2 LEI ZICO 8.672/93 ............................................................................................ 13

3.3 LEI PELÉ 9.615/98 ........................................................................................... 14

3.4 LEI 9.981/00 ..................................................................................................... 16

3.4.1 Para o Clube/Agremiação .............................................................................. 16

3.4.2 Para o Jogador/Atleta de Futebol ................................................................. 16

3.5 LEI 10.672/03 .................................................................................................... 17

3.6 LEI 12.395/11 .................................................................................................... 19

3.7 LEI 13.155/15 .................................................................................................... 19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 21

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 24

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A REGULAMENTAÇÃO DA LEI DO PASSE NO DIREITO BRASILEIRO E SEUS REFLEXOS NO FUTEBOL

CHARLES EWERTON DE MORAIS VIANA * ALEXANDRE CAVALCANTI ANDRADE ARAÚJO **

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade principal apresentar a relação entre o desporto brasileiro e as suas normas que regem a matéria, especificamente em relação ao passe dos jogadores/atletas que estão atrelados aos seus respectivos clubes/agremiações, visando também analisar as legislações vigentes com suas características voltadas para o futebol profissional, possibilitando maiores acertos em suas administrações e minimizando erros que possam vir a prejudicar ambas as partes no tocante a falta de informação aqueles que cometerem por falta de leitura e/ou conhecimento adequado para com determinada norma específica. Para tanto, o principal objetivo é contribuir para que tenhamos uma melhoria quer seja no planejamento e/ou gestão esportiva, como também para que a legislação esportiva sirva relevantemente de ferramenta para uma ótima administração esportiva. Foi feita uma pesquisa de bibliografia e de natureza qualitativa para abordar a temática analisada, com uso do método dedutivo. PALAVRAS-CHAVE: Lei do Passe. Jogador de Futebol. Direito Desportivo.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A lei do “passe” ou “passe livre” é a regulamentação entre atletas/jogadores

e clubes/agremiações perante as normas desportivas no direito brasileiro, essas leis

veem apresentando uma considerada evolução ao longo dos anos. Tivemos 1941 o

Decreto Lei 3.199/41, que na época foi idealizado por João Lyra Filho, um famoso

jurista que pretendia estruturar o desporto brasileiro.

Após a Copa do Mundo de 1950, o Brasil passa por uma mudança e temos a

edição de uma nova norma sobre o desporto no país, onde é importante

* Bacharelando no Curso de Graduação em Direito, semestre 2017.2, FESP. E-mail: [email protected]. ** Orientou este TCC. Doutor pela UMSA, Universidad del Museo Social Argentino. Especialista em Direito Constitucional pela ESA - Escola Superior da Advocacia. Especialista em Direito Penal pela FESMIP, Fundação Escola Superior do Ministério Público. Possui graduação em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (2003). Assessor Jurídico da Secretaria de Comunicação do Estado da Paraíba - SECOM. Professor da FESP - Faculdades de Ensino Superior da Paraibana na disciplina Deontologia Jurídica e Introdução ao Estudo do Direito. Professor da FPB - Faculdade Potiguar da Paraíba, nas disciplinas Filosofia Jurídica, Hermenêutica Jurídica, Ética e Introdução ao Estudo do Direito. Professor Convidado pela Universidade Federal da Paraíba, para disciplina Ética e Legislação Odontológica. Professor Convidado pela Universidade Federal da Paraíba, para a disciplina Noções Gerais de Direito, no Curso de Administração de Empresas. E-mail: [email protected].

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destacarmos a Lei 6.257/51, está, servindo para o aperfeiçoamento e

implementação da Lei do Passe 6.354/76 e os Decretos 81.102/77 e 82.877/77,

todos normatizando o direcionamento do esporte no país e principalmente o passe

dos jogadores/atletas e as condições para os clubes/agremiações.

Em 1988 com a promulgação da Constituição Federal (CF), o artigo 217 da

CF oficializa a prerrogativa do desporto constitucional, passando a normatização e

suas prerrogativas aos postulados que constituem a estrutura da legislação

desportiva. O Estado por sua vez passou a ter o dever de incentivar e fomentar as

práticas desportivas como direito de cada um e também garantir a autonomia

desportiva e administrativa das entidades e de reconhecimento da Justiça

Desportiva perante a Constituição Federal.

À elaboração das leis que versam sobre desporto no plano do legislativo,

teve imposição nos limites, segundo o princípio da autonomia desportiva que

estabelece sua discricionariedade, delimitou o poder executivo e estabeleceu que o

poder judiciário ficasse responsável pela sua interpretação e aplicação das normas.

Essa medida foi estabelecida principalmente para preservar o desporto brasileiro,

mesmo, que na prática não exista autonomia entre o desporto e dirigentes em seu

funcionamento e organização.

Considerando essa sucinta introdução, saliente-se que o desígnio deste

estudo não é a de defesa em prol de atletas/jogadores e/ou de clubes/agremiações,

mas sim estudar os direitos destes, através de normas que possam atender os

anseios legais de ambos, com a necessidade de exercerem suas atividades, dentro

do que é estabelecido pela nossa Carta Magna e sua lei desportiva específica.

2 ESTUDO DAS LEIS DESPORTIVAS BRASILEIRAS

Para determinado objeto, foi realizado um estudo documental com sua

elaboração a partir de materiais como livros e publicações na internet, com intuito de

identificar as mais diversas legislações por meio da sua leitura. Nesse sentido foram

realizadas diversas pesquisas nas normas anteriores e vigente, publicações do

gênero esportivo e artigos especializados.

Também foram verificados também diversos documentos e a jurisprudência

que estão relacionados às entidades ligadas ao futebol, como a Confederação

Brasileira de Futebol (CBF) e a instituição maior, que rege as confederações de

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futebol no mundo, que é, neste caso, a Federação Internacional de Futebol

Associação (FIFA).

Fig. 1: Federação Internacional de Futebol Fig. 2. Confederação Brasileira de Futebol. Associação.

Fonte: Alex Rodrigues – Agência Brasil, 2017. Fonte: MoWA Sports, 2017.

A FIFA é a entidade máxima que rege os regulamentos da prática de futebol

no mundo, no entanto falha quando não estabelece leis de cunho geral relacionados

ao vínculo trabalhista do jogador/atleta deixando a cargo das confederações, no

nosso caso a CBF, que por sua vez também não tem autonomia direta, ficando essa

deliberação nas mãos dos nossos congressistas e ministros, que por sua vez não

possuem um bom entendimento da verdadeira realidade a qual passa o

jogador/atleta de futebol.

2.1 UTILIZAÇÃO DAS NORMAS

O direito desportivo, como um ramo autônomo do direito, por possuir

independência legal e doutrinária em relação aos demais, se utiliza como fonte

principal para sua normatização as leis propriamente ditas. No entanto, por questões

conceituais e teóricas, é preciso saber que o direito desportivo pode ser considerado

como o:

Ramo do direito sob a égide de regime jurídico próprio (desportivo), composto de um conjunto sistematizado de princípios, preceitos e normas desportivas harmônicas, inter-relacionáveis, sobretudo no aspecto metodológico, técnico e científico, reunidos de forma coordenada e lógica, formadores de um todo unitário (SCHMITT, 2016, p. 53).

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Podemos dizer que a existência de um ramo específico e leis próprias de

direito desportivo se dá porque:

É inegável que o desporto é algo presente na vida de todas as pessoas, sem exceção, seja de modo direto ou indireto, seja um praticante ou um mero espectador. Em função de toda a importância social, econômica, comercial, educacional e cultural do desporto, o Estado se viu obrigado a tratá-lo como uma questão jurídica, de modo a regulamentá-lo, assim como fez com diversos outros fenômenos da sociedade (WAMBIER, 2016, p. 15).

Tratando da autonomia e dos requisitos para assim ser considerado o direito

desportivo, Castro (2014, p. 11) nos diz que:

Os pressupostos determinantes para a autonomia científica de uma disciplina jurídica são: i) a manifestação de uma realidade social devidamente delimitada e claramente identificada; ii) a presença de categorias jurídicas próprias e homogêneas; e iii) a existência de princípios jurídicos singulares que sirvam para dar um entendimento conjunto, integrado e sistemático das normas que compõem tal ramo. Verificados os pressupostos indicados acima, podemos tranquilamente afirmar que o Direito Desportivo Puro, ou seja, a Justiça Desportiva, por versar sobre uma realidade social delimitada e identificada, por possuir característica jurídica própria e também princípios jurídicos singulares, pode, sem qualquer dificuldade, ser considerado como um ramo autônomo do direito.

Assim, sendo a lei a principal fonte do direito desportivo, temos que foram

utilizadas como nossa maior referência as três leis a seguir, e algumas

reformulações da última, que são as seguintes:

Lei do Passe (Lei nº 6.354/76);

Lei Zico (Lei nº 8.672/93);

Lei Pelé (Lei nº 9.615/98) e suas reformulações;

a) Lei 9.981/00

b) Lei 10.672/03

c) Lei 12.395/11

d) Lei 13.155/15

Estas são as principais normas estabelecidas para que tenhamos um início na

legislação do direito desportivo brasileiro, sendo fundamentais para o nosso estudo,

pois regem a matéria do direito desportivo, sendo legislações específicas que

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normatizam as atividades em estudo, dando organização às atividades de desporto

e controlando a atuação destas atividades.

2.2 ALMANAQUE DO FUTEBOL

Os livros nos possibilitam descrever que as normas desportivas em nosso país

são imparciais, tratando-se de todos os ambitos esportivos, mesmo quando alguns

autores discordam e afirmam que tudo é voltado para o lado futebolístico, devido

sermos conhecidos como país do futebol, mas para a fonte do direito é indiferente

(MELO FILHO, 2014).

Fig. 3 Livro de direito desportivo, 2014.

Assim, desponta claro que se vive a era da massificação e planetarização do

desporto, em especial da modalidade do futebol, em que há uma convicção

generalizada. No entanto, faremos este estudo ao pé da letra do Direito Desportivo,

direcionado para os atletas ligados ao futebol, resumindo-se apenas a esta

modalidade.

3 AS LEIS E SUAS EVOLUÇÕES

A constante evolução do desporto no Brasil e a diversidade de questões que

necessitavam de uma legislação específica que disciplinasse os parâmetros dessas

atividades futebolísticas transformaram-se em disposições legais que regem o

desporto brasileiro ao longo de décadas.

A esse respeito, Aidar (2013, p.17), explica com relação as evoluções que:

Na era Vargas, em meados de 1930 a 1945, inicia-se o período do direito desportivo, com o primeiro decreto, pois até então, o desporto era

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entendido como algo lúdico, nada profissional, e neste período cessa a segregação racial, existente até aquela época na sociedade, onde o desporto era tão somente praticado por filhos da elite.

Ao longo dos anos, as leis do desporto brasileiro vêm evoluindo e trazendo

benefícios cada vez mais importantes para os atletas e agremiações/clubes

futebolístico, pois a ausência de regulamentação fazia com que a atividade se desse

de maneira desordenada, sem regras concretas de aplicação, ficando ao arbítrio das

entidades superiores estabelecerem os ditames da atividade desportiva,

prejudicando muitas vezes os atletas e os clubes.

A busca incessante para se chegar a uma lei que possa atender os anseios

dos jogadores/atletas e as delimitações dos clubes/agremiações sem prejudicar

ambos de forma direta ou indireta e dentro da norma, onde se estabelece os direitos

e deveres no cumprimento do que é determinado, é o grande desafio que vem

estabelecendo melhorais a cada lei promulgada.

3.1 LEI DO PASSE (Lei nº 6.354/76)

A primeira Lei que dispunha sobre as relações de trabalho desportivo para

com jogador/atleta profissional de futebol. Podemos destacar esta Lei como há

inicial e importantíssima para o direito desportivo brasileiro e para os

jogadores/atletas ligados ao futebol. A partir dessa Lei que surgiu a nomenclatura

“passe”, que formalizava um tipo de vinculo de trabalho entre o jogador/atleta de

futebol e o clube/agremiação, com especificações como horário de trabalho,

remuneração, férias, dentre outras.

Em seu artigo 11 a lei define que “passe era a importância devida por um

empregador a outro, pela cessão do atleta durante a vigência do contrato ou depois

de seu termino, observadas as normas desportivas pertinentes” (BRASIL, 1979).

Nesse sentido seria um tipo de transação financeira entre clubes/agremiações, pela

venda de um determinado jogador/atleta, mesmo estando ao fim do seu contrato de

trabalho, pois essa Lei estabelecia que o jogador estabelecia vínculo empregatício

com o clube/agremiação até sua negociação.

O artigo 3º dispunha da relação do contrato de trabalho do jogador/atleta de

futebol com o clube/agremiação, ressalvando-se em seu capítulo I, que as partes

contratantes deveriam ser devidamente individualizadas e caracterizadas, passando

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para o capítulo 2º a estipulação do tempo de contrato de trabalho que em nenhuma

hipótese poderia ser inferir há 03 (três) meses ou superior a 02 (dois) anos,

finalizando no capítulo 3º definindo a forma de remuneração, especificando valor do

salário, gratificações e prêmios se houvesse, e se concedesse bonificação como

luvas, convencionar previamente o seu valor.

3.2 LEI ZICO (Lei nº 8.672/93)

Em 06 de julho de 1993 há tão esperada “Lei Zico”, chega para dar uma

guinada na legislação de desporto brasileiro com diretrizes mais democráticas,

aparece com intuito de desburocratizar o esporte e possibilitar maior autonomia

entre jogadores/atletas de futebol, clubes/agremiações para com o Estado.

O passe era apresentado como bonificação para os clubes/agremiações que

formassem jogadores/atletas de futebol, e que estes jogadores por acaso se

destacassem dentro do clube/agremiação passariam a ter visibilidade por outros

clubes, possibilitando uma transferência por meio de empréstimo ou venda, quer

seja na forma de divisão cotada em porcentagens ou em sua cota na totalidade.

Para o atleta de futebol era desnecessário o seu aprisionamento ao

clube/agremiação por meio do passe, pois desta forma ficaria impossibilitado de

exercer a sua escolha, mesmo em condições vantajosas financeiramente e/ou

pessoal. O clube que detinha seus direitos reservados “passe”, caso o negócio não o

agradasse, o jogador/atleta de futebol não seria liberado para transferência, ficando

a mercê e vontade para outro tipo de negociação que aparecesse e interessasse ao

seu clube/agremiação.

Com relação à Lei Zico, Melo Filho (2014) esclarece as inovações e os

aspectos trazidos pela norma:

[...] com a „Lei Zico‟ o conceito de desporto, antes adstrito e centrado apenas no rendimento, foi ampliado para compreender o desporto na escola e o desporto de participação e lazer; a justiça desportiva ganhou uma estruturação mais consistente; facultou-se o clube profissional transformar-se, constituir-se ou contratar sociedade comercial; em síntese, reduziu-se drasticamente a interferência do estado fortalecendo a iniciativa privada e o exercício da autonomia no âmbito desportivo, exemplificada, ainda, pela extinção do velho conselho nacional de desportos, criado no estado novo e que nunca perdeu o estigma de órgão burocratizado, com atuação cartorial e policialesca no sistema desportivo, além de cumular funções normativas, executivas e judiciais. Ou seja, removeu-se com a „Lei Zico‟ todo o entulho autoritário desportivo, munindo-se de instrumentos legais que visavam a

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facilitar a operacionalidade e funcionalidade do ordenamento jurídico-desportivo, onde a proibição cedeu lugar à indução.

Com a promulgação da Lei Zico o desporto brasileiro recebeu o conceito de

verdadeiro desporto, antes, era restrito e praticamente concentrado em seu

rendimento, a partir da referida Lei, o desporto foi ampliado e implementado nas

escolas e práticas de lazer, ganhando uma estrutura consideravelmente consistente,

facultando ao clube/agremiação sua transformação em uma sociedade comercial.

Essa Lei possibilitou para o desporto uma vasta liberdade e uma estimada

autonomia, concomitante com os seus 71 artigos, todos relacionados à

transparência e dentro das normas constitucionais.

3.3 LEI PELÉ (Lei nº 9.615/98)

Promulgada no dia 24 de março de 1998, a Lei Pelé chega para revogar a

Lei Zico, entretanto, se mantém praticamente dentro do que estabelecia sua

antecessora, apenas inovando em algumas questões que fortaleceria o advento do

desporto brasileiro. Um ponto fundamental que aponta como parte da solução

financeira para os clubes/agremiações é sua transformação em empresa.

A Lei Pelé em seu artigo 27 altera a redação anterior e restabelece sua

liberdade para qualquer entidade, adotando forma jurídica pela prática da atividade

esportiva profissional, antes, o artigo 27 da Lei Zico, concedia às sociedades

juridicamente previstas na legislação a prática de atividade esportiva profissional,

portanto, não era exigida sua transformação em clube empresa.

Tal alteração torna-se inconstitucional inclusive violando os princípios da

Constituição Federal (CF) tais como a autonomia desportiva (art. 217, I, CF/88) e a

liberdade de associação (art. 5º, XVII, CF/88).

Em uma de suas falas com relação à Lei Pelé, o advogado Silveira (2011),

indaga sob as inconstitucionalidades da referida lei.

Contudo, foi em 1993 que a legislação desportiva começou a sofrer suas maiores transformações. A Lei 8.672, a „Lei Zico‟, de autoria do secretário de esportes, Artur Antunes Coimbra jamais teve aplicação, mas teve real influência na „Lei Pelé‟. Esta simplesmente copiou a maioria dos dispositivos daquela. Impelido por razões que nos fogem discutir, o ministro extraordinário dos esportes, Edson Arantes do Nascimento entendeu que a legislação desportiva não deveria chamar-se de „Lei Zico‟, e sim de „Lei Pelé‟. E assim nasceu este atentado ao desporto brasileiro, repleto de inconstitucionalidade e desrespeito ao desporto nacional.

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Há diversas versões que tratam sob um possível plágio da Lei Zico,

transcrevendo o que seria chamado de retrocesso do direito normativo, cabendo-nos

fazer cumprir as normas da Lei Pelé, em meio às discussões do aparato jurídico

desportivo, em que se trata do fim do passe e a transformação dos clubes em

empresas.

Em seu pontual e respeitado comentário, Melo Filho (2013) foi incisivo sobre a

letra legal da referida lei.

[...] dotada de natureza reativa, pontual e errática, que, a par de fazer a „clonagem jurídica‟ de 58% da „Lei Zico‟, trouxe como inovações algumas „contribuições de pioria‟: o fim do „passe‟ dos atletas profissionais resultando numa predatória e promíscua relação empresário/atleta; o reforço ao „bingo‟ que é jogo, mas não é desporto, constituindo-se em fonte de corrupções e de „lavagem de dinheiro‟, geradoras inclusive de CPI; e, a obrigatoriedade de transformação dos clubes em empresas, quando mais importante que a roupagem jurídica formal é a adoção de mentalidade empresarial e profissional dos dirigentes desportivos. Ou seja, a „Lei Pelé‟, produto de confronto e não de consenso, com ditames que usaram a exceção para fazer a regra, restabelece, de forma velada e sub-reptícia, o intervencionismo estatal no desporto, dissimulada pela retórica da modernização, da proteção e do „elevado interesse social‟ da organização desportiva do País.

Na linguagem popular com a chegada da Lei Pelé, os atletas foram

desvinculados parcialmente do clube, à medida que seu contrato de trabalho tinha o

seu vínculo encerrado com determinado clube/agremiação, ele poderia se transferir

para outro clube, mesmo que não estivesse uma transação financeira pré-definida

ou um pagamento pré-agendado por seu passe.

Juridicamente falando, o vínculo de natureza desportiva de um jogador com

um determinado clube/agremiação se transformaria em acessória há um vínculo

empregatício. Ao término do contrato o vínculo necessariamente será encerrado

entre ambos e nenhuma quantia ficará pendente, podendo o jogador atuar por

qualquer clube/agremiação que deseje representar, pois o passe deixou de existir e

consequentemente deixou de ser devido.

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3.4 LEI 9.981/00

Lei que veio alterar diversos artigos da Lei Pelé (Lei 9.615/98) como forma

de alcançar mais benefícios para o desporto brasileiro. Cito uma importante

alteração no artigo 92, em que o legislador deixou bastante claro com relação à

situação do jogador/atleta que estivesse com o passe livre, na data em que entrasse

em vigor a referida Lei, que este permaneceria nesta condição e sua recisão de

contrato de trabalho seria incorporada pela Consolidação das Leis Trabalhistas

(C.L.T), nos termos dos artigos 479 e 480.

Essa Lei também fez alterações relevantes onde destacamos dois

momentos em que ela trata de assuntos relacionados diretamente aos

clubes/agremiações e os jogadores/atletas de futebol.

3.4.1 Clube/Agremiação

Conhecida como o fim da Lei Pelé a Lei 9.981/00, a referida Lei chega para

desmistificar o conceito clube empresa, tratando inicialmente de realizar alteração

em seu artigo 27, desobrigando os clubes há transformarem-se em empresas, no

entanto por consequência foram deliberadas diversas restrições relacionadas aos

patrocinadores e investidores para os clubes/agremiações de futebol.

Para Pelé, como um tipo de desabafo, ele fala que a lei que transcrevia seu

nome passava há deixar de existir, “A Lei Pelé não existe mais”, pois da forma que

foi estabelecida a nova Lei, as dificuldades de patrocínio entre empresas,

marketeiros, fundos e investidores, todos relacionados ao mundo futebolístico não

iriam mais existir.

3.4.2 Jogador/Atleta de Futebol

A Lei 9.981/00 também altera o chamado Sistema Nacional de Desporto que

tem como principais finalidades a promoção e seu aprimoramento das práticas

desportivas de rendimento, em seu artigo 13 parágrafo único tratando-se de: O

desporto de rendimento pode ser organizado e praticado: a) de modo profissional,

caracterizada pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o

atleta e a entidade de prática desportiva; b) de modo não profissional, identificado

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pela liberdade de prática e pela existência de contrato de trabalho, sendo permitido o

recebimento de incentivos materiais e de patrocínios.

No tocante aos incentivos materiais, podemos dizer que seria um contrato de

formação atlética e/ou técnica, um contrato de um estágio, uma ajuda de custo,

bolsa, vales alimentação e transporte, prêmios ou cachês em dinheiro. O chamado

trabalhador autônomo, não é reconhecido pelo desporto brasileiro, pois a legislação

esportiva específica reconhece o jogador de futebol profissional que tenha algum

vínculo empregatício com algum clube, e que receba alguma remuneração firmada

em contrato de trabalho, isso nos artigos. 28 para atletas e 94 para jogadores de

futebol, todos contidos na Lei 9.981/00.

3.5 LEI 10.672/03

Esta lei foi promulgada em 15 de maio de 2003. Também estabelecida para

alterar e melhorar alguns artigos da Lei Pelé (Lei 9.615/98), podemos destacar

inicialmente as formas de indenização, seguindo o regulamento de transferência da

FIFA, que trata das indenizações estabelecidas como, indenização de formação e/ou

revelação e indenização por promoção.

Podemos dar ênfase também ao vínculo empregatício de trabalho do

jogador/atleta de futebol com o clube/agremiação. Cito dois artigos que modificaram

a forma de como era estabelecido o contrato de trabalho ou vínculo empregatício e

suas porcentagens e multas por quebra de contrato de trabalho desportivo, que

abaixo serão transcritos.

Primeiramente, nos atemos ao art. 28, § 2º, I, II, III. Esse artigo trata das

disposições do vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva contratante e

tem natureza acessória ao respectivo vínculo trabalhista, dissolvendo-se, para todos

os efeitos legais: com o término da vigência do contrato de trabalho desportivo; ou

com o pagamento da cláusula penal nos termos do caput deste artigo; ou ainda com

a rescisão decorrente do inadimplemento salarial de responsabilidade da entidade

desportiva empregadora prevista nesta Lei.

Significando que o jogador/atleta de futebol teve seus direitos relacionados

ao vínculo empregatício com o clube/agremiação no tocante ao seu contrato de

trabalho, onde foram impetradas normas como forma de garantia, tanto em sua

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vigência determinada como ao seu término, aplicando-se penalidades estipuladas na

norma para o descumprimento de seu advento.

No que tange ao contido no art. 28, § 4º, I, II, III, IV, vemos que já em seu

segundo artigo que estabelece à redução automática do valor da cláusula penal

prevista no caput deste artigo, aplicando-se, para cada ano integralizado do vigente

contrato de trabalho desportivo, os seguintes percentuais progressivos e não

cumulativos:

Tabela 01: Percentuais progressivos e cláusula penal.

Valor em Porcentagem Após cada ano

10% Primeiro ano

20% Segundo ano

40% Terceiro ano

80% Quarto ano

Fonte: Elaboração própria (2017), adaptado de Brasil (2003).

Com intuito de reduzir a grande número de cláusulas penais, essas

porcentagens foram estabelecidas para que os contratos de trabalho fossem

cumpridos em sua totalidade ou em praticamente 90% (noventa por cento) da sua

totalidade, sem rompimentos unilaterais ou bilaterais.

A finalidade primordial é atender às demandas que são relacionadas ao não

cumprimento do contrato firmado em sede de trabalho desportivo, com intuito de se

beneficiar a parte que agir dentro do que foi estabelecido no referido contrato de

trabalho desportivo, pautado na lei, consequentemente descumprido pela parte

contrária.

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3.6 LEI 12.395/11

Praticamente voltada para cláusulas indenizatórias e compensatórias

relacionados aos jogadores de futebol e clubes, a Lei 12.395, promulgada em março

de 2011, chega revogando uma cláusula penal do artigo 28 da Lei Pelé (Lei

9.615/98) estabelecendo mais duas cláusulas, uma indenizatória e a outra

compensatória, desta forma resolvendo diversos imbróglios que versavam com

grande incidência unilateral e/ou bilateral das cláusulas penais, que ocorriam pelo

descumprimento de contratos, recisões e/ou rompimentos por jogadores de futebol e

clubes/agremiações.

A Lei 12.395/11, em seu artigo 28, incisos I e II, passou a orientar as partes

contratantes sob as penalidades que ocorreriam caso acontecesse descumprimento

de inadimplemento contratual, estabelecendo uma cláusula indenizatória desportiva,

quando se tratar de transferência do jogador para o futebol para clube internacional

ou nacional, estabelecendo um prazo de até 30 meses, ficando a cláusula

compensatória desportiva sobre a responsabilidade da entidade da prática

desportiva para com o jogador de futebol.

3.7 LEI 13.155/15

Com o aprimoramento do direito de imagem estabelecido na Lei 12.395/11

em seu artigo 87-A “o direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou

explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos,

deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo”

(BRASIL, 2011).

No amplo sentido exposto pelo texto acima mencionado, os

clubes/agremiações ficaram, de certa forma, protegidos, e assim passaram a se

utilizar de maneira fraudulenta do contrato de imagem para tentar enganar a

legislação trabalhista vigente, fazendo uso de contratos de jogadores de futebol na

maioria das vezes muitos lucrativos e altos financeiramente, e em minoria eram

encontrados contratos irrisórios como forma de não chamar atenção para os altos

valores.

A Lei 13.155, promulgada em 4 de agosto de 2015, proporcionou duas

mudanças significativas referente à Lei Pelé (Lei 9.615/98), que foi impedir que as

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fraudes relacionadas aos contratos de imagem fossem coibidas perante a legislação

trabalhista.

No artigo 31 da referida Lei, a mudança foi expressamente benéfica ao

jogador e atleta de futebol, onde foi referenciado para o clube/agremiação pagar o

valor que foi estipulado no contrato de direito de imagem que estivesse em atraso

pelo período igual ou superior a 90 (noventa) dias, como também a autorização para

o jogador/atleta de futebol se transferir para qualquer outro clube/agremiação de

futebol quer seja no país ou no exterior, conforme a Lei expressa no dispositivo

abaixo transcrito:

Art. 31. a entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos (BRASIL, 2015).

Já a outra alteração que foi realizada pela Lei nº 13.155/15, foi com relação

aos percentuais que são aplicados nos contratos de direito de imagem,

aperfeiçoando ainda mais o artigo 87-A, em seu parágrafo único, transcrevendo o

seguinte:

Art.87-A. (omissis) [...] Parágrafo único. Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso de sua imagem para a entidade de prática desportiva detentora do contrato especial de trabalho desportivo, o valor correspondente ao uso da imagem não poderá ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta, composta pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem (BRASIL, 2015).

O texto a qual faz menção o artigo, traduz para a realidade que contratos de

direito de imagem firmados entre jogadores/atletas e os clubes/agremiações com

conotação de contrato especial de trabalho, devem estabelecer o limite que é

determinado com fixação no seu pagamento no tocante a 40% (quarenta por cento)

de toda a remuneração para ao jogador/atleta de futebol, sendo composta pelo

somatório do direito de imagem e salário integralmente.

Sobre o direito de imagem, Bittar (2015) assim se posiciona:

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[...] reveste-se de todas as características comuns aos direitos da personalidade. destaca-se, no entanto, dos demais, pelo aspecto da disponibilidade, que, com respeito a esse direito, assume dimensões de relevo, em função da prática consagrada de uso de imagem humana em publicidade, para efeito de divulgação de entidades, de produtos ou de serviços postos à disposição do público consumidor.

Essas alterações foram para proporcionar o máximo de segurança para a

justiça trabalhista direcionada ao meio desportivo, preservação e cumprimento do

contrato de direito de imagem dos jogadores/atletas de futebol. Tais alterações

serviram como experiência e objeto de estudo para os administradores/presidentes

dos clubes/agremiações, como forma de resguardar o seu método institucional e

inserção do seu planejamento relacionado ao contrato de direito de imagem, sem

descumprir o que é estabelecido pela norma trabalhista desportiva.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as normas aqui mencionadas têm suas peculiaridades relacionadas

ao direito desportivo brasileiro, e ambas veem apresentando considerados avanços

em benefício para os jogadores de futebol e clubes/agremiações, modernizando a

cada item adicionado, modificado ou vetado, embora, essas Leis sejam

responsáveis pela regulação de todas as entidades desportivas no território

brasileiro, a sua aplicação é praticamente direcionada aos jogadores e clubes de

futebol.

Nesse estudo referenciamos a primeira lei que impulsionou as questões

relacionadas ao desporto no Brasil e destacamos sua importância para o avanço

que temos nas nossas Leis atuais, entretanto, como o assunto tem uma abrangência

muito extensa, deverão surgir diversas questões controvérsias aos interesses

pessoais e particulares de cada situação. Por isso a importância de se ter um vasto

conhecimento, baseado nas leis vigentes para solucionar questões direcionadas ao

passe dos jogadores de futebol atrelado aos clubes/agremiações.

Quando o assunto são as leis que referenciam o passe dos jogadores, que

inicia sua formação desde as categorias de base, em seguida obtendo ascensão ao

elenco profissional, consequentemente a detenção desse passe fica atrelada ao

clube/agremiação, tornando-se principal gestor dos direitos econômico e financeiro,

para qual quer negociação que possa surgir.

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Situações como essas, refletem diretamente no Poder Judiciário em especial

para Justiça do Trabalho brasileira, criando um protecionismo, causando grande

insegurança jurídica e repercutindo questões que ultrapassam até valores

negociados por clubes/agremiações, repercutindo assuntos como o previdenciário

estabelecido no contrato de trabalho desportivo e a postura fiscal.

O futebol é a prática desportiva mais desenvolvida e conhecida do nosso

país, com uma imensa admiração em todo o cenário nacional e popularidade

inserida em todas as classes societárias, necessitava de uma regulamentação

jurídica, com destinação específica para seus principais contemplados que são os

jogadores e os clubes/agremiações.

Hoje nossas normas desportivas são bastante específicas, os contratos de

trabalho desportivo que são vinculados aos jogadores, estipulam cláusulas

contratuais diferenciadas que determina e direciona os clubes/agremiações para que

sigam dentro da legalidade, quer seja no vínculo empregatício e suas

peculiaridades, mas também na relação com o direito de imagem, salários, multas,

luvas, dentre outras. Especifica benefícios para os clubes/agremiações como o

direito de arena, que é uma forma de negociação do uso da imagem de eventos

esportivos entre clubes/agremiações com empresas de marketing e transmissão.

O vínculo empregatício entre jogador/atleta e clube/agremiação, antes

denominado de “passe”, hoje especificado como contrato de trabalho desportivo foi

uma conquista excepcional por parte do jogador/atleta de futebol, determinando que

o clube/agremiação assegurasse o direito de indenização, quer seja por quebra de

contrato unilateral, bilateral ou transferência para outro clube/agremiação no país ou

no exterior, com prazos definidos e penalidades aplicadas para o seu não

cumprimento.

Ainda, é preciso evoluir quando tratamos de questões relacionadas ao direito

desportivo brasileiro, entretanto, é notório que com a introdução da Lei Pelé (Lei

9.615/98) e suas alterações legais, tivemos um avanço estimadamente positivo em

relação ao que era estabelecido anteriormente, citamos a condição do jogador/atleta

de futebol que mantinha seu vínculo empregatício ligado ao clube/agremiação,

mesmo ao término do seu contrato de trabalho, só podendo ser liberado para jogar

em outro clube/agremiação, quando o detentor do seu passe mostrasse interesse

em negocia-lo por um valor específico determinado e que aparecesse algum

clube/agremiação interessado em pagar a quantia estipulada.

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A revogação dessa condição a qual se submetia o jogador/atleta de futebol

foi uma conquista exorbitante, possibilitando que as negociações fossem tratadas de

forma justa e rentável para as partes envolvidas diretamente, cabendo aos

dirigentes/administradores dos clubes/agremiações, promoverem o futebol de forma

que possa possibilitar, sermos um dos maiores exportadores de jogador/atleta para

o mundo, aumentando suas receitas e fortalecendo o futebol do país com o alto nível

dos jogadores/atletas nos mais diversos campeonatos.

Por fim a aplicação das referidas Leis aqui mencionadas, como a Lei

6.354/76 que até hoje ainda possui artigos inseridos nas Leis 8.672/93 (Lei Zico) e

9.615/98 (Lei Pelé) e suas alterações contidas nas Leis 9.981/00, 10.672/03,

12.395/13 e 13.155/15, todas com o intuito de delimitar a sua aplicação mesmo

subsidiária em consolidação às normas do trabalho no direito desportivo.

Portanto, chegamos à conclusão que o desporto jurídico brasileiro teve um

avanço consideravelmente positivo ao longo desses quase 80 (oitenta) anos,

transformando questões pertinentes do direito desportivo, como a promulgação da

Lei do Passe, esta surgindo e dando benefícios para o direito jurídico desportivo,

beneficiando principalmente o jogador/atleta de futebol, idealizando uma concreta

empatia entre jogadores e clubes/agremiações e consequentemente direcionando-

os a um só norte, que é o futebol limpo, sem querelas, restrições e/ou impedimentos,

quer seja dentro das quatro linhas, quer seja no âmbito dos tribunais, quando a

questão é judicializada.

THE REGULATION OF THE PASS LAW IN BRAZILIAN LAW AND ITS FOOTBALL REFLECTIONS

ABSTRACT

The main purpose of this study is to present the relationship between the Brazilian sport and its rules governing the matter, specifically in relation to the players / athletes' pass that are linked to their respective clubs / associations, in order to analyze the legislation in force with their characteristics aimed at professional football, allowing greater success in their administrations and minimizing errors that could harm both parties regarding the lack of information those who commit for lack of reading and / or knowledge appropriate to a specific standard. Therefore, the main objective is to contribute to the improvement of both sports planning and / or management, as well as for sports legislation to serve as a tool for optimal sports administration. A qualitative and bibliographical research was done to approach the analyzed subject, using the deductive method. KEYWORDS: Passage Law. Football player. Sports Law.

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em: 14 nov. 2017. ______. Lei nº 8.672/93 (Lei Zico). Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 14 nov. 2017. ______. Lei nº 9.981/00. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 14 nov.

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