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2 FACULDADE DELTA INSTITUTO CONSCIÊNCIA GO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA INCLUSÃO INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO INCLUSION INCLUSION OF PEOPLE WITH DISABILITIES IN THE LABOUR MARKET GOIÂNIA/GO 2013

FACULDADE DELTA INSTITUTO CONSCIÊNCIA GO CURSO DE ... · CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU ... que considerava somente a patologia ... Todo problema pode ser resolvido apenas

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FACULDADE DELTA

INSTITUTO CONSCIÊNCIA GO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU

DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA

INCLUSÃO

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

INCLUSION

INCLUSION OF PEOPLE WITH DISABILITIES IN THE LABOUR MARKET

GOIÂNIA/GO

2013

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Autores

Alexandra Daniel e Silva

Francisco Jandui Lavor Rolim

Tênio do Prado

INCLUSÃO

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

INCLUSION

INCLUSION OF PEOPLE WITH DISABILITIES IN THE LABOUR MARKET

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Delta e ao Instituto Consciência GO como requisito do Curso de Especialização Lato Sensu em Docência Universitária, para obtenção do título de especialista. Orientadora: MS. Isabel Ana de Moraes

GOIÂNIA/GO

2013

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INCLUSÃO1

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Autores

Alexandra Daniel e Silva2

Francisco Janduí Lavor Rolim3

Tênio do Prado4

Orientadora

MS. Isabel Ana de Moraes5

Resumo: Este trabalho visa fundamentar teoricamente a necessidade de inclusão

da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, mediante o estudo da evolução

da sociedade, da participação da pessoa com deficiência no debate, aprimoramento

da legislação, conscientização da sociedade no reconhecimento da pessoa com

deficiência como ser humano com direitos e deveres idênticos à pessoa sem

deficiência, não obstante as limitações específicas determinadas por sua deficiência,

as barreiras impostas, os dificultadores e as suas necessidades, aliadas ao respeito

e à sua dignidade humana, considerando que é ser humano produtivo que deve ter

tratamento igualitário na medida de sua desigualdade, ante as limitações impostas

por sua deficiência e na esteira da diversidade e das diferenças humanas.

Palavras-chaves: Inclusão, Pessoa com Deficiência, Mercado de Trabalho,

Dignidade e Diversidade Humana, Empregabilidade.

1 Artigo apresentado à Faculdade Delta e ao Instituto Consciência GO, como requisito de conclusão do Curso de

Pós-Graduação com Especialização em Docência Universitária. 2 Alexandra Daniel e Silva – Graduada em Gastronomia. Pós-Graduanda com Especialização em Docência

Universitária. Gastrônoma. E-mail: [email protected]; 3 Francisco Jandui Lavor Rolim – Graduado em Administração de Empresas com ênfase em Marketing. Pós-

Graduando com Especializando em Docência Universitária. Analista de Suporte em Informática. E-mail: [email protected]; 4 Tênio do Prado – Graduado em Direito e em Ciências Contábeis. Pós-Graduado Especialista em Direito Civil,

Direito Constitucional e Direito Administrativo. Pós-Graduando com Especialização em Docência Universitária. Advogado e Presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB Seccional Goiás e do Conselho Federal da OAB. E-mail: [email protected] 5 MS. Isabel Ana de Moraes – Graduada em Letras. Pós-Graduada com Mestrado em Educação. Pós-Graduada

com Especialização em Planejamento; Técnica em Planejamento, Controle e Avaliação de Projeto; Técnica em Leitura e Literatura Infanto-Juvenil; e Administração e Recursos Humanos. E-mail: [email protected]

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Abstract: This paper aims to theoretically substantiate the necessity of inclusion of people with disabilities into the labor market by studying the evolution of society, the participation of people with disabilities in the debate, improvement of legislation, awareness of society in recognition of people with disabilities as a human being with the same rights and duties to non-disabled person, notwithstanding the specific limitations imposed by their disability; barriers, hindering and its allies need to respect and human dignity, whereas it should be productive human be treated as equal to their inequality and diversity, against the limitations imposed by their disability and human diversity. Abstract: This paper aims to theoretically substantiate the necessity of inclusion of people with disabilities into the labor market by studying the evolution of society, the participation of people with disabilities in the debate, improvement of legislation, awareness of society in recognition of people with disabilities as a human being with the same rights and duties to non-disabled person, notwithstanding the specific limitations imposed by their disability; barriers, hindering and its allies need to respect and human dignity, whereas it should be productive human be treated as equal to their inequality and diversity, against the limitations imposed by their disability and human diversity.

INTRODUÇÃO

A pessoa com deficiência6 (PCD7) existe desde o surgimento do ser humano,

e segundo Tênio do Prado (2013, p. 175) objetiva-se:

(...) incessantemente aperfeiçoar o modelo e convivência mútua, respeitosa e igualitária, não obstante os conflitos, diferenças e diversidades. Os primeiros registros de existência da pessoa com deficiência datam de 2.500 a.C., isto é, há 4.513 anos, mas somente em 1948 a humanidade materializou os direitos do ser humano num documento de alcance mundial, denominado Declaração Universal dos Direitos Humanos, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pelas ações de maior relevância no mundo.

Prado conclui que “somente há 64 anos o ser humano passou a se preocupar

efetivamente consigo mesmo”8. A pessoa com deficiência está inserida nesse

contexto.

De acordo com o CENSO demográfico realizado pelo IBGE9 em 2010, existem

cerca de 1.384.000 pessoas com algum tipo de deficiência no Estado de Goiás. No

Brasil são aproximadamente 45,6 milhões, o que representa 23,91% da população

6 Terminologia definida pela ONU e vigente no Brasil e no mundo. Decreto nº 6.949/09 e Decreto nº 7.612/11.

7 Abreviatura de “Pessoa com Deficiência” definida pela ONU e vigente no Brasil e no mundo. Decreto nº

6.949/09 e Decreto nº 7.612/11 8 PRADO, TÊNIO. et al. Juristas do Mundo – A Era dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: Ed. Rede

Publicações Jurídicas, 2013, pág. 175, 178 e 179. 9 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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brasileira. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a ONU estimam no que mundo

existe 1 bilhão de pessoas com deficiência.10

Quanto à empregabilidade da pessoa com deficiência, a sua efetiva alocação

no mercado de trabalho precede de inúmeras ações positivas desde a alfabetização

até a superação de inúmeras barreiras e obstáculos físicos ou atitudinais após a

contratação da pessoa com deficiência, que são verdadeiros fatores de exclusão,

discriminação e impedimento para a profissionalização igualitária entre seres

humanos com essas diferenças e diversidades.

Portanto, o fato da sociedade aceitar o pressuposto de que a pessoa com

deficiência precisa ter inclusão plena e efetiva na sociedade, permitiu a evolução dos

debates e conceitos, com o aprofundamento dos raciocínios, o melhoramento das

leis, e o incentivo da participação dessas pessoas nas decisões que lhe dizem

respeito, “nada sobre nós sem nós”.11 12

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

O conceito de deficiência vem se modificando para acompanhar as inovações na área da saúde e a forma com que a sociedade se relaciona com a parcela da população que apresenta algum tipo de deficiência. Dessa forma, a abordagem da deficiência evoluiu do modelo médico (CID – Código Internacional de Doença) – que considerava somente a patologia física e o sintoma associado que dava origem a uma incapacidade – para o sistema de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF, divulgada pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) em 2001, que entende a incapacidade como um resultado tanto da limitação das funções e estruturas do corpo quanto da influência de fatores sociais e ambientais sobre essa limitação. (IBGE, 2013). Grifamos.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho pode ser

definida como uma necessidade a ser enfrentada pela sociedade, e exigirá esforços

redobrados do aparato estatal e da iniciativa privada para propor soluções e garantir

a efetividade dos resultados positivos mediante aplicação das normas legais internas

10

PRADO, TÊNIO. et al. Juristas do Mundo – A Era dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: Ed. Rede Publicações Jurídicas, 2013, pág. 180. 11

Presidencia da República – Secretária dos Direitos Humanos - Secretária da Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiencia, 2012. www.pessoacomdeficiencia.gov.br 12

Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência instituída pela ONU, conforme Protocolo Facultativo assinado pelo Brasil em Nova Iorque/USA, 2007, resultando no Decreto Legislativo nº 186/08 e Decreto nº 6.949/09.

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e externas, além de inserir travas e pontos de controle nos processos produtivos dos

entes públicos, de modo a permitir a materialização das ações corporativas

ensejadoras de resultados macros, já que a busca por resultados individuais, na

maioria dos casos, é quase impossível diante do universo de pessoas físicas ou

jurídicas a serem alcançadas.

O Governo Federal entende que deficiência é:

Um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas

13.

O ensinamento de alguns sábios pensadores é de grande valia para o

entendimento e o enfrentamento de problemas desta natureza. A citação de

Sócrates (469 a.C. – 399 a.C) merece destaque:

Todo problema pode ser resolvido apenas através de questionamentos e que as soluções fluíram naturalmente, uma vez que cada um de nós possui no subconsciente a capacidade de resolver todos os problemas por nós formulados ou identificados. (Pereira, 2013)

O entendimento e o reconhecimento do problema é um ponto comum entre

todos os pensadores, qualquer técnica de abordagem para resolução do problema

passa pela identificação e qualificação dos atores no processo: Pessoa com

deficiência x Empregabilidade no Mercado de trabalho.

Na prática, a garantia dos direitos da PCD exige ações na esfera do direito

universal e do direito de grupos específicos, tendo sempre como objetivo principal

minimizar ou eliminar a lacuna existente entre as condições da PCD e as das

pessoas sem deficiência, e os obstáculos das variadas naturezas.

A inclusão da pessoa com deficiência, é um ato complexo que,

necessariamente, o seu enfrentamento demandará ações compartilhadas que

permitam satisfazer algumas necessidades da pessoa humana, como a Liberdade,

Autodeterminação, Humanidade, Direitos, Participação, Oportunidades,

Acessibilidae, Integração e Inclusão, dentre outras.

13 Secretária da Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiencia, da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidencia da República – SDH/PR, 2012 – www.pessoacomdeficiencia.gov.br

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NORMAS DE PROTEÇÃO DO TRABALHO DA PCD14

O direito da pessoa com deficiência trabalhar está contemplado em inúmeras

normas legais internacionais e nacionais. Dentre as mais recentes e relevantes,

citamos:

a) A Constituição Federal de 1988 tutela os direitos da PCD nos seguintes termos:

1 – Cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho (art. 1º, II a IV);

2 – Igualdade, livre exercício de qualquer trabalho, o Poder Judiciário apreciará lesão ou ameaça a direito e punição a qualquer discriminação (art. 5º, caput, XIII, XXXV, XLI);

3 – Direito ao trabalho, proibição de discriminação no tocante a salário e critérios de admissão (art. 6º, caput, XXXI);

4 – Saúde, assistência pública, proteção, garantia e integração social (art. 23, II; art. 24, XIV);

5 – Reserva de vagas e critério admissional na administração pública (cota), e aposentadoria especial (art. 37, VIII; art. 40, § 4º, I);

6 – Promoção e integração ao mercado de trabalho e à vida comunitária, salário mínimo de benefício mensal – BCP

15 (art. 203, III, IV, V);

7 – Assegura à criança (até 14 anos – ECA16

), ao adolescente (15 a 18 anos – ECA) e ao jovem (15 a 29 anos, Lei 12.852/13), o direito à educação, profissionalização, dignidade, respeito, liberdade; proteção contra negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão; prevenção e atendimento especializado, integração social, treinamento para o trabalho e a convivência; acesso a bens e serviços coletivos; eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação; acesso a edificações, veículos e transporte (art. 227, caput, § 1º, II, § 2º; e art. 244).

b) A Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência da

ONU17 enumera dezenas de direitos, princípios e obrigações que deverão ser

cumpridos pelos Estados Parte da Organização, a exemplo do Brasil.18

14

Abreviatura de “Pessoa com Deficiência” definida pela ONU, conforme Decreto nº 6.949/09. 15

BPC – Benefício de Prestação Continuada, instituído pelo Governo Federal e pago pelo INSS à PCD que satisfaz as exigências legais. 16

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90. 17

Objeto do Decreto Legislativo nº 186/08 e Decreto nº 6.949/09. 18

Esta Convenção tem força de emenda constitucional, sendo infraconstitucional (abaixo da CF/88) e supralegal (superior à lei federal). Está materializada no Decreto Legislativo nº 186/08 e no Decreto nº 6.949/09;

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c) A Lei 7.853/91 dispõe sobre Políticas Públicas para a PCD, com ações para

inserção no mercado de trabalho e criminalização dos atos discriminatórios;

d) A Lei 8.213/91 e o Decreto 3.298/99, estabelecem percentuais para a

contratação de pessoas com deficiência pelas empresas privadas e o poder público,

respectivamente;

e) A Lei 10.098/00 e 10.048/00, e o Decreto 5.296/04, definem as normas

gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade física, à informação e à

comunicação, em cujo contexto está a Educação e o Transporte. Essas

prerrogativas são imprescindíveis para a inserção da pessoa com deficiência no

mercado de trabalho.

f) A NBR 9050 (Norma Brasileira Registrada), elaborada e publicada pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece os critérios e os

parâmetros técnicos pormenorizados a serem observados e cumpridos por ocasião

da construção, instalação e adaptação de edificações, ambientes, espaços públicos

e privados, de uso coletivo, e equipamentos urbanos de uso da pessoa com

deficiência.

RESERVA LEGAL DE VAGAS PARA A PCD

O art. 93 da Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, instituiu a

obrigatoriedade das empresas privadas com 100 ou mais empregados reservar uma

parcela de seus cargos efetivos às pessoas com deficiência, obedecida a seguinte

proporção e correlação com empregados do quadro funcional (sem deficiência): I –

de 100 a 200 = 2%; II – de 201 a 500 = 3%; III – de 501 a 1.000 = 4%; e IV – de

1.001 a acima = 5%.

Na esfera estatal, os concursos públicos devem reservar um percentual entre

de 5% e 20% das vagas existentes à pessoa com deficiência, conforme prevê a Lei

7.853/89, Decretos 3.298/99 e 5.296/04, e a Lei 8.112/90. Tais vagas são

obrigatórias para cargos efetivos compatíveis com a deficiência. O Poder Público

normalmente utiliza o percentual mínimo de 5%.

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O Governo Federal ainda não instituiu reserva de vagas para a PCD nas

funções de confiança e/ou cargos em comissão. O Estado de Goiás inovou e definiu

a reserva de 5% dessas funções/cargos à PCD, no Plano Goiás Inclusivo19. Referida

providência também é necessária na esfera municipal.

COMPETÊNCIA PARA PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PCD

Compete ao Governo Federal, especificamente ao Ministério do Trabalho e

Emprego (MTE), por sua Delegacia Regional do Trabalho (DRT) fiscalizar o

cumprimento das normas trabalhistas inerentes à pessoa com deficiência.

Ao Ministério Público do Trabalho (MPT), por sua vez, cumpre postular ao

Poder Judiciário a aplicação das medidas protetivas e respectivas penalidades e

sanções administrativas (funcionais), penais (criminais) e cíveis (financeiras) contra

quem atentar contra os direitos coletivos da pessoa com deficiência.

DEFICIÊNCIAS, NECESSIDADES E DIFICULTADORES (Lei de Cotas)

Para efeito da Lei 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da

Previdência Social, também conhecida como Lei de Cotas para fins de

empregabilidade da pessoa com deficiência, levando-se em conta os conceitos e as

definições preconizadas no Decreto nº 5.296/04, são considerados 05 (cinco) tipos

de deficiência: Auditiva, Visual, Física, Intelectual e Psicossocial. Este entendimento

é corroborado pelo FIMTPODER, conforme segue:

a) DEFICIÊNCIA AUDITIVA – Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ e 3.000HZ.

A maior dificuldade com esse tipo de deficiência é a comunicação, porém, não

é um impedimento para o trabalho. Ao se dirigir a uma pessoa surda o interlecutor

deve acenar ou tocá-la levemente, deixando sua face visível de forma que o

interlocutor possa fazer a leitura labial. Deve falar de forma clara, sem desviar o

19

Decreto 7.772/12, publicou o Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Goiás Inclusivo, uma versão estadual do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver Sem Limite, lançado pelo Governo Federal dia 17/11/11 e materializado no Decreto 7.612/11.

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olhar durante a conversa. O uso da Língua de LIBRAS20 é imprescindível para se

manter uma boa relação. Deve instalar sinais visuais onde existe sinais sonoros.

b) DEFICIÊNCIA VISUAL – Considera-se cegueira nas situações em que a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica. Considera-se baixa visão a acuidade entre 0,03 a 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica. Os casos onde a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.

É importante manter o ambiente físico sem muitas mudanças, e sempre que

for falar com a pessoa com deficiência diga o nome dela e o seu nome. A utilização

de placas indicativas e materiais para leitura em braile, bem como a aquisição de

software para leitura de tela de computador e scanner de leitura é indispensável

para obter a acessibilidade à informação e à comunicação. É necessário instalar

piso tátil no ambiente de acesso ao prédio e princiais corredores de locomoção

interna, para direcionamento autônomo da pessoa com deficiência visual.

c) DEFICIÊNCIA FÍSICA – Consiste na alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. Apresenta-se em forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, nanismo, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida durante a vida, exceto deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

São necessárias adequações arquitetônicas conforme prevê as normas da

ABNT21. A ocupação do espaço deve ser compatível com o nível de

comprometimento. As adequações de mobiliários e eliminação de barreiras físicas e

arquitetônicas, como espaços adequados com rampas e portas largas para uso de

cadeira de rodas, e demais itens de acessibilidade no ambiente de trabalho são

imprescindíveis para o bom exercício da atividade laboral pela pessoa com

deficiência física. É preciso alocar a PCD22 física em atividade compatível com sua

deficiência e limitações.

d) DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – O mau funcionamento intelectual significa mente inferior à média, com início antes dos 18 anos, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em

20

Língua Brasileira de Sinais 21

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas institui Normas Brasileiras Registradas (NBR), e no caso da pessoa com deficiência é a NBR 9050 da ABNT. 22

PCD – Pessoa com Deficiência. Esta terminologia foi definida na Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU – Organização das Nações Unidas, inserida no ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto Legislativo 186/08 e Decreto 6.949/09.

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12

pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. É popularmente conhecida como deficiência “mental”.

A pessoa com deficiência intelectual consegue realizar

praticamente todas as tarefas designadas pelo empregador, desde que tenha

recebido treinamento adequado. Deve ser tratada como uma pessoa normal. Ao

dirigir uma ordem procure ser claro e objetivo. Deve ter paciência, pois em alguns

casos pode levar mais tempo para realizar determinada tarefa, o que sugere sua

alocação em atividade compatível com sua limitação e diversidade.

e) DEFICIÊNCIA PSICOSSOCIAL – Este tipo de deficiência consta na Convenção Internacional sobre os Direitos da PCD e também é conhecida como “deficiência psiquiátrica” ou “deficiência por saúde mental ou transtorno mental”. Enquadram-se nesse tipo de deficiência as pessoas que tenham transtornos mentais que gerem impedimentos de longo prazo, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. As orientações acerca da PCD intelectual se aplicam a este tipo de PCD. É popularmente conhecida como deficiência “mental”.

Na prática, sem aprofundar em detalhes técnicos, são comumente utilizados

somente os quatro primeiros tipos de deficiência, sendo que a deficiência

psicossocial, em muitos casos e desde que inequivocamente comprovada, é

considerada deficiência intelectual.

Desta forma, para todos os tipos de deficiência é importante conhecer as

habilidades de cada pessoa com deficiência para encaminhá-la às funções que mais

adequem à sua capacitação e desenvolvimento profissional no momento de sua

contratação.

A PCD NO MERCADO DE TRABALHO

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, estão empregadas nas

empresas com mais de 100 funcionários e no governo do país, 288.600 pessoas

com algum tipo de deficiência, ou reabilitadas, sendo: FÍSICA: 54,68%; AUDITIVA:

22,74%; REABILITADA: 11,84%; VISUAL: 4,99%; MENTAL/INTELECTUAL: 4,55% e

MÚLTIPLA (com mais de um tipo de deficiência): 1,2%.

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Quadro 1: Pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Fonte: www.mte.gov.br

O CUMPRIMENTO DA LEI DE COTAS NO ESTADO DE GOIÁS

A Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91) não está sendo cumprida satisfatoriamente no

Estado de Goiás. Segundo informações apuradas em 201123, a inserção da pessoa

com deficiência no mercado de trabalho do 1º, 2º e 3º setor, empresas privadas e no

poder público municipal e estadual, está aquém da exigência legal, cujas causas

derivam de variados fatores abordados neste trabalho: a) PRIVADO – Cota mínima:

13.945; PCD contratada: 2.758 = 19,7%; b) MUNICÍPIOS – Cota mínima: 6.669;

PCD contratada: 791 = 11,8%; e c) ESTADO – Cota mínima: 1.824; PCD contratada:

871 = 47,7%

A FAMILIA x EMPREGABILIDADE DA PCD

Historicamente a família é bastante protetiva e nem sempre apoia ou tem

condições psicológicas e financeiras que propiciem a inserção da PCD no mercado

de trabalho, pois normalmente exige cuidador de tempo integral, desde o

nascimento (nos casos congênitos), ou desde o fato que deu origem à deficiência,

cuja dependência prevalece, na maioria dos casos, na fase adulta.

23

Fonte: FIMTPODER, extraído da RAIS 2011 (Secretaria Regional de Trabalho e Emprego de Goiás – SRTE/GO).

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Além disso, os tratamentos médicos, hospitalares e medicamentosos,

fisioterapias, dentre outras necessidades, além de onerosas, demandam dedicação

exclusiva, a exemplo da educação e profissionalização. O transporte e a

acessibilidade aos ambientes de uso privado ou coletivo são grandes dificultadores

que normalmente impedem o exercício do direito constitucional de ir e vir, previsto

na Constituição Federal de 1988.

Aliado a isso, faculta à PCD receber do Governo Federal (INSS) o BPC –

Benefício Programado Continuado24 sem ter que trabalhar, o que também desmotiva

o interesse na busca pelo desenvolvimento profissional e emprego, não obstante a

recente alteração promovida pela Lei 7.612/1125 (Plano Viver Sem Limite), que

permite à PCD voltar a receber o PCD em caso de desemprego, o que antes não era

possível.

Por fim, desde o fato que deu origem à deficiência (congênita ou adquirida), a

família é bastante protetiva e normalmente “esconde” a PCD da sociedade e das

oportunidades de profissionalização e emprego com o intuíto de “poupá-las” de

discriminações e enfrentamento dos obstáculos e barreiras existentes na vida de

qualquer pessoa, independentemente de ter ou não algum tipo de deficiência,

enquanto na verdade estão desencorajando-as a usufruirem de sua dignidade

humana e conquistarem o seu espaço na sociedade.

Portanto, a mudança de postura da família da PCD, que deve incentivar,

apoiar e propiciar a busca pelo emprego, mediante a disponibilização das condições

necessárias, pelo Poder Público, Entidades representativas e empregador, é fator

determinante para inclusão da PCD no mercado de trabalho.

DIFICULTADORES E NECESSIDADES – PCD x MERCADO TRABALHO

Em 05/05/2011, foi instituído no Estado de Goiás o FIMTPODER – Fórum de

Inclusão no Mercado de Trabalho da Pessoa com Deficiência e dos Reabilitados do

INSS, composto por órgãos Muncipais, Estaduais e Federais, Ministérios Públicos do

24

BPC – Benefício de Prestação Continuada instituído pelo Governo Federal e pago pelo INSS à pessoa com deficiência que se enquadre nas exigências legais, normalmente no valor de um salário benefício. 25

Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (PCD), derivado da Convenção Internacional sobre os Direitos da PCD (Decreto nº 6.949/09).

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Trabalho, Estadual e de Contas, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goiás

(OAB/GO), Federação da Indústria do Estado de Goiás (FIEG), Instituto Nacional de

Seguridade Social (INSS), SEBRAE, SESI, SENAI, SESC, Entidades das PCD,

dentre inúmeras outras, sendo um colegiado com a missão precípua de discutir,

deliberar e encaminhar reivindicações, providências e medidas que propiciem a

superação de obstáculos para empregabilidade da PCD e dos reabilitados do INSS

(pessoas com mobilidade reduzida transitória).

No decorrer dos trabalhos do FIMTPODER foram mensurados dificultadores e

necessidades da PCD e seus familiares, dos empregadores e de políticas públicas

que obstam ou dificultam a sua inserção no mercado de trabalho. Destacam-se:

1) Sensibilizar as empresas quanto à necessidade de empregar as PCD e sanções previstas para o caso de descumprimento da Lei de Cotas;

2) Sensibilizar a PCD e suas famílias quanto aos benefícios e vantagens em trabalhar (aposentadoria, FGTS, seguro desemprego, etc), divulgando os casos de sucesso;

3) Ausência de sincronismo entre o Empregadores (públicos e privados), Estado, e PCD e suas respectivas Entidades/Instituições;

4) Diagnosticar precisamente a oferta e a procura de vagas para PCD;

5) Ausência de ferramenta acessível para gestão, divulgação e provimento da PCD no mercado de trabalho, com banco de habilitados (talentos) e oferta de vagas em nível regional e nacional;

6) Incentivar e propiciar a capacitação, treinamento e profissionalização da PCD, com o opoio das instituições de integram o sistema FIEG;

7) Apoiar e exigir das empresas que cumpram a Lei de Cotas e adequem suas instalações e espaços físicos, mobiliário e treinem suas equipes para aceitar e conviver com a PCD e suas diferenças;

8) Apoiar as Entidades/Instituições de classe da PCD, assim como os empregadores (públicos e privados) para maximizarem as ações de inclusão da PCD no mercado de trabalho;

9) Propor e articular com o Poder Estatal a implementação de políticas públicas que propiciem a empregabilidade da PCD;

10) Estimular os projetos e programas educacionais de conscientização da sociedade acerca da inclusão da PCD no mercado de trabalho;

11) Divulgar as normas legais dos direitos da PCD à empregabilidade.

De acordo com o Presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com

Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goiás e da mesma

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Comissão no Conselho Federal da OAB,26, existem barreiras e carências da PCD

que obstacularizam o ingresso desta no mercado de trabalho, por exemplo:

1) Baixa ou nenhuma escolaridade e/ou capacitação/treinamento, e carência de cursos específicos para PCD;

2) Falta acessibilidade física, à informação e à comunicação, e transporte acessível;

3) As adequações para um tipo de deficiência não serve, necessariamente, a todos os tipos (ex: piso tátil para PCD auditiva/física; rampa para PCD auditivo);

4) Eliminar as barreiras interpessoais devido a ausência de aperfeiçoamento e sensibilização da equipe de trabalho que a PCD integrará;

5) Discriminação e segregação derivadas de práticas exclusivas do pleno exercício do direito à dignidade humana, como barreiras para acessar ao banheiro, atitudes negativas das pessoas do ambiente de trabalho, etc;

6) Ausência ou falta de fiscalização pelo Poder Público dos direitos da PCD (ex: cumprimento da lei de cotas, vagas reservadas de estacionamento na via pública ou privada, atendimento prioritário, dentre outras);

7) Inexistência de percentual da Lei de Cotas para cargos em comissão e funções de confiança nas esferas municipal, estadual e federal;

8) Necessidade de cuidador familiar ou terceirizado desde o nascimento até a profissionalização e emprego, para determinados tipos de deficiência, persistindo após esta etapa em muitos casos;

9) Elevado custo de vida da PCD (fisioterapias, medicamentos, tratamento médico, órtese/protese, equipamentos e acessórios, cuidador, transporte, alimentação, dentre outras necessidades);

A questão da empregabilidade da PCD também é tratada com bastante

propriedade e equivalência pelo Governo do Estado de São Paulo/SP27.

FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DAS NECESSIDADES DA PCD

Ao longo dos anos foram implementadas inúmeras ações em prol dos direitos

da pessoa com deficiência (PCD), no Brasil e no mundo, porém, somente a partir de

2006 o tema ganhou notoriedade e incentivo, com aplicação prática. No mundo, a

Convenção Internacional sobre os Direitos da PCD, publicada pela ONU, foi

incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda constitucional,

por força do Decreto Legislativo nº 186/08 e do Decreto nº 6.949/09.

26

Tênio do Prado, Presidente da CDPCD da OAB/GO e do Conselho Federal da OAB, dia 06/08/2013, cujo entendimento consta das atas das reuniões ordinárias da Comissão e são frutos dos debates presenciais dos seus membros e dos colaboradores. 27

www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br

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Em 2006, ocorreu a I Conferência Nacional dos Direitos da PCD (Temática:

Nada sobre nós, sem nós). A II Conferência ocorreu em 2008, com a temática

Inclusão, Participação e Desenvolvimento – Um jeito novo de avançar, e se apoiou

nos seguintes eixos estruturantes: Saúde e reabilitação profissional; Educação e

trabalho; e Acessibilidade. A III Conferência ocorreu em 2012, e apoiou-se nos

seguintes eixos temáticos: Inclusão Social, Acessibilidade, Educação e Acesso à

Saúde.

Essas conferências foram precedidas de Conferências Municipais e

Regionais/Estaduais. Nessas plenárias, que contaram com a participação dos

Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional28 e de instituições, entidades e órgãos

governamentais e não governamentais, foram coletados subsídios positivos e

negativos sobre as necessidades e os direitos da PCD, a instituir ou a aperfeiçoar,

em atendimento à exigência da ONU, que determinou aos Estados Parte29 o

desenvolvimento e execução de ações em defesa e na promoção dos direitos da

pessoa com deficiência.

Foi então que surgiu o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência

– PLANO VIVER SEM LIMITE (Decreto 7.612/11), o qual fomentou a elaboração e

implantação de Planos Estaduais e Municipais em todo país. O Estado de Goiás foi

vanguardista ao publicar a versão estadual dia 03/12/1230, denominada PLANO

GOIÁS INCLUSIVO.

Outras ações de relevância tiveram impacto positivo na sensibilização para

consecução dos direitos da PCD, como o Programa PARA TODOS, uma Exposição

que percorre o país apresentando o Movimento Político das PCD que retrata a sua

história, evolução e trajetória, com ênfase ao desenho universal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dos anos foram travadas severas lutas na defesa dos direitos da

pessoa com deficiência, o que resultou nas normas legais vigentes, nacionais e

internacionais. Mas muito há por fazer, mormente quanto a efetivação e aplicação

prática das conquistas já materializadas em diversas legislações, cuja notoriedade e

28

Os Conselhos de Direitos são os interlocutores entre a PCD, a sociedade, as Entidades e o Poder Público. 29

O Brasil é Estado Parte da ONU e assinou o Protocolo Facultativo de adesão à Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência em Nova Iorque – USA, dia 30/03/07, que resultou no Decreto 6.949/09. 30

O Plano Goiás Inclusivo é objeto do Decreto nº 7.772/12.

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força executiva ganharam apoio com a adesão do Brasil à Convenção Internacional

dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e alcançaram o apoio irrestrito do Governo

Federal e de outros Governos Estaduais e Municipais, embora a fiscalização eficaz

ainda seja um alvo e não um resultado contabilizado.

Quanto à inclusão da PCD no mercado de trabalho, as ações ainda são muito

tímidas, incipientes e de pouco resultado prático, não obstante os grandes passos

em busca da superação dos dificultadores e obstáculos naturais da mudança de

postura e quebra de paradigmas vigentes a milhares de anos, e talvez por isso

ultrapassados e contrários ou indiferentes às práticas e aos conceitos atuais de

diversidade e diferenças humanas.

Por outro lado, na dicção de Tênio do Prado, importa ressaltar que:

Os direitos da pessoa com deficiência é um tema novo no Brasil e no mundo. As esferas municipal, estadual e federal do Brasil se movimentam rapidamente desde 2008, mesmo diante da morosidade peculiar dos procedimentos estatais, para dar vazão às inúmeras providências derivadas da Convenção da ONU (...). A quantidade de demandas reprimidas é imensurável e exige dos atores do cenário das PCD dedicação, comprometimento e esforço redobrado em prol das ações efetivas que objetivem a consecução dos resultados positivos no menor prazo possível, com aderência às políticas públicas nacionais e internacionais. É uma corrida contra o tempo, em todos os sentidos, e o Brasil está mobilizado e atuante em todas as esferas, gerando resultados positivos diariamente

31.

O Projeto de Lei nº 7.699/200632, que trata do Estatuto da Pessoa com

Deficiência, aliado aos novos conceitos derivados da funcionalidade da PCD, que

serão definidos no Decreto Regulamentador e as Normatizações do INSS alusivos à

Lei Complementar nº 142/2013, que versa sobre a Aposentadoria Especial da PCD,

trarão inovações ímpares aos direitos da PCD, pois serão definidos os tipos

detalhados de deficiências que terão direito a determinadas prerrogativas, mormente

porque as necessidades (benefícios) para determinado tipo de deficiência não

alcançam, necessariamente, os demais tipos, pois a necessidade e o grau de

deficiência da PCD nem sempre são os mesmos. Isso resultará em definições que

impactarão diretamente na empregabilidade da PCD, positivamente ou não.

Diante do exposto, depreende-se a imprescindibilidade de se combater os

dificultadores delineados neste trabalho e, concomitantemente, prover as

necessidades da pessoa com deficiência para sua inserção satisfatória no mercado

31

PRADO, TÊNIO. et al. Juristas do Mundo – A Era dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: Ed. Rede Publicações Jurídicas, 2013, p. 199. Este livro foi lançado dia 15/01/13 durante o X Seminário Internacional de Juristas, em Lisboa-Portugal, e dia 18/03/13, no Conselho Federal da OAB, em Brasília/DF. 32

Em trâmite no Congresso Nacional, Relatora Mara Gabrilli, tem previsão para votação em 2014.

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de trabalho, mediante alinhamento de forças do Poder Público com a sociedade civil

organizada, entes não governamentais, Instituições representativas da PCD e

demais atores que se dispõem a contribuir com essa gratificante missão precípua,

fazendo valer os direitos materializados em normas legais protetivas dessa

significante e hipossuficiente parcela da sociedade, e instituir novos direitos.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2013.

BRASIL. Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011. Instituiu o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – PLANO VIVER SEM LIMITES. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. BRASIL. Projeto de Lei (PL) nº 7.699/2006. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Senado Federal. Disponível em: www.senadofederal.gov.br. Acessado em: 14/06/2013. CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – Comissão Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília, DF, 2013. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Presidência da Republica, 2011. Fórum Goiano de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS; Material Facilitador para Inclusão e Permanência de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, FIMTPODER, 2013. GOIÁS. Decreto nº 7.772, de 03 de dezembro de 2012. Dispõe sobre o Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência – GOIÁS INCLUSIVO Um Estado para Todos. Diário Oficial do Estado de Goiás de 03/12/12, Goiânia, GO. GUGEL, MARIA APARECIDA. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Concurso Público. Goiânia: ED da UCG, 2006. LEGISLAÇÃO FEDERAL – PESSOA COM DEFICIÊNCIA. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD). Brasília: SDH/PR/SNPD, 2012. Liliane Cristina Gonçalves Bernardes, Avanços das Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência - Uma análise a partir das Conferências Nacionais, Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da Republica, 2012. Luiza Maria Borges Oliveira; Cartilha Do Censo 2010, Presidência da Republica (PR), 2012.

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METODOLOGIA DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) PARA INDICADORES DE DIREITOS HUMANOS / Luíza Maria Borges Oliveira. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) / Coordenação Geral do Sistema de Informações sobre a Pessoa com Deficiência. Brasília: SDH/PR/SNPD, 2012. PARA TODOS. O Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. Disponível em: www.pessoacomdeficiencia.gov.br. Acessado em: 14/06/2013. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SECCIONAL GOIÁS – Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Goiânia, GO, 2013. PRADO, TÊNIO. et al. Juristas do Mundo – A Era dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Brasília: Ed. Rede Publicações Jurídicas, 2013, p. 173-202. SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3. ver. atual. Brasília: SEDH/PR, 2010. SECRETARIA DE ESTADO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – SÃO PAULO, SP. Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br. Acessado em: 14/06/2013.