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FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS FACUNICAMPS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA BEATRIZ LEMES RODRIGUES JÉSSICA EVELLIN MARTINS DE MELO VERÔNICA LEMES RODRIGUES A APLICAÇÃO DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA ATUAL EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA GOIÂNIA-GOIÁS 2018/2

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FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS – FACUNICAMPS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

BEATRIZ LEMES RODRIGUES

JÉSSICA EVELLIN MARTINS DE MELO

VERÔNICA LEMES RODRIGUES

A APLICAÇÃO DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA ATUAL

EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA

GOIÂNIA-GOIÁS

2018/2

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BEATRIZ LEMES RODRIGUES

JÉSSICA EVELLIN MARTINS DE MELO

VERÔNICA LEMES RODRIGUES

A APLICAÇÃO DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA

ATUAL EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito

para nota da disciplina de TCC, necessária para a graduação do

curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas –

FacUnicamps.

Orientação da Profa. Dra. Rosângela Aparecida Cardoso.

GOIÂNIA-GOIÁS

2018/2

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A APLICAÇÃO DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA

ATUAL EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA

THE APPLICATION OF THE THEORY OF MULTIPLE

INTELLIGENCES IN THE CURRENT BRAZILIAN CHILD EDUCATION

BEATRIZ LEMES RODRIGUES1

JÉSSICA EVELLIN MARTINS DE MELO2

VERÔNICA LEMES RODRIGUES3

ROSÂNGELA APARECIDA CARDOSO4

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a aplicabilidade da Teoria das Inteligências Múltiplas na sala de aula da

Educação Infantil no século XXI, tomando por base pesquisas bibliográficas sobre as inteligências múltiplas e

relacionando documentos que norteiam a educação brasileira. Entende-se que não existe uma inteligência geral,

pois cada ser humano apresenta um conjunto específico de múltiplas inteligências. Desse modo, compreende-se

que a criança possui suas individualidades e potencialidades, que serão desenvolvidas a partir de atividades

variadas, atribuindo-se atenção especial a todos os tipos de Inteligências, pois todas são igualmente importantes

na sociedade atual. Assim, cabe ao professor a função de mediador do processo de ensino/aprendizagem,

proporcionando experiências próximas às situações reais e envolvendo jogos, brincadeiras, projetos e tecnologia

em suas aulas. Este também utilizará a avaliação não como uma forma de medir a inteligência de cada criança,

mas como instrumento de regulação, orientação e análise de desenvolvimento. Espera-se que a Educação Infantil

possibilite a formação integral da criança, garantindo que os cuidados e a educação sejam indissociáveis.

Palavras-chave: Inteligências Múltiplas. Educação Infantil. Prática Pedagógica.

ABSTRACT

This study aims to analyze the applicability of theory of multiple intelligences in the classroom of early

childhood education of the 21st century, based on bibliographical research on multiple intelligences and relating

documents that guide Brazilian education. It is understood that there is no general intelligence, since each

human being presents a specific set of multiple intelligences. In this way it is understood that the child has its

individualities and potentialities, which will be developed from varied activities, with special attention given to

all the types of intelligences, since all are equally important in today´s society. Thus, it is the teacher´s role as

mediator of teaching/learning process, providing experiences close to the real situations and involving games,

projects and technologies in their classes. This will also use evaluation not as a way of measure the intelligence

of each child, but as an instrument of regulation, guidance and analysis of development. It is hoped that Early

Childhood Education makes possible the integral formation of the child, ensuring that care and education are

inseparable.

Keywords: Multiple Intelligences. Child Education. Pedagogical Practice.

1 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail:

[email protected] 2 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail:

[email protected] 3 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-mail:

[email protected] 4 Professora Orientadora, Doutora em Letras e Linguística, Faculdade Unida de Campinas – FacUnicamps. E-

mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

Pensando na aplicabilidade da Teoria das Inteligências Múltiplas, a escola que engloba

a Educação Infantil, no Brasil do século XXI, compreende a importância do desenvolvimento

integral da criança, contemplando todas as inteligências, visto que cada uma possui

combinações únicas de inteligências, habilidades, competências, interesses, dificuldades e

potencialidades.

A escola do século XXI está inserida em uma sociedade que se torna cada vez mais

complexa, estando presente a tecnologia como um dos fatores que contribuem para isso.

Logo, a escola precisa ampliar as possibilidades de formação, a fim de que o aluno

desenvolva seu espectro de inteligências, atentando para os interesses e potencialidades de

cada um.

Desse modo, a visão da criança em sua integridade é compatível com a do Currículo

brasileiro no tocante à Educação Infantil. Atualmente, não é aceitável, nessa etapa da

educação, o atendimento assistencialista, pois sabe-se que a criança precisa desenvolver-se em

sua totalidade, sendo que o cuidar e educar devem estar presentes na educação com a mesma

intensidade.

É relevante que o professor em sua prática educativa compreenda que cada educando

possui uma maneira particular de aprender e apresenta habilidades mais desenvolvidas do que

outras. Cabe ao professor buscar meios de proporcionar experiências que atendam às

necessidades do grupo e às individualidades das crianças, além de oferecer situações de

aprendizagem que se assemelhem a situações reais presentes em seu cotidiano.

O professor de Educação Infantil no século XXI, que tem como referência a Teoria

das Inteligências Múltiplas, conduzirá o seu trabalho de modo a planejar aulas que envolvam

a todos, buscando metodologias adequadas à turma e às particularidades dos alunos. Essas

metodologias devem estar permeadas de brincadeiras e jogos, possibilitando o aprendizado de

maneira prazerosa e despertando o interesse. Nesse contexto, a avaliação é um meio de aferir

como as inteligências se desenvolvem em cada criança.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A Teoria das Inteligências Múltiplas surgiu em 1979 com o projeto de pesquisa sobre

o potencial cognitivo humano realizado pelo psicólogo Howard Gardner e seus colaboradores

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da Harvard Gratuate School of Education. Tal teoria contestou a visão da existência de uma

inteligência geral e originou a ideia de múltiplas inteligências, reconhecendo nove tipos de

inteligências que possuem certa autonomia.

Assim, um indivíduo com competências intelectuais é capaz de criar e resolver

problemas a partir de habilidades que resultarão em um produto novo e promoverão a

aquisição de novos conhecimentos. Essas capacidades podem ser privilegiadas em

determinados contextos culturais conforme sua importância e valorização dentro de uma

determinada cultura (GARDNER, 1994, p. 46). Dessa forma, reconhece-se que o contexto em

que o indivíduo está inserido interferirá no desenvolvimento de seus potenciais.

São critérios para habilitar as múltiplas inteligências: autonomia de sistemas cerebrais

justificadas a partir de lesões cerebrais; existências de indivíduos excepcionais;

desenvolvimento específico de cada inteligência e da proficiência em determinadas

capacidades; evolução de inteligências ao longo da existência e valorização de acordo com

contexto evolutivo; estudos psicométricos; observação por meio de tarefas psicológicas

experimentais da operação isolada de cada inteligência em relação à outra; conjunto de

operações centrais que acionam atividades específicas de cada inteligência; e a existência de

sistemas simbólicos ou notacionais em cada inteligência (GARDNER, 1995, p. 21).

Atendendo a cada um dos critérios mencionados anteriormente, foram elencadas e

conceituadas por Gardner nove inteligências, nomeadas como: Linguística, Lógico-

Matemática, Espacial, Musical, Corporal-Cinestésica, Interpessoal, Intrapessoal, Naturalista e

Existencialista.

A Inteligência Linguística é a capacidade de se comunicar de maneira bem sucedida,

seja por linguagem oral, escrita ou gestual. Está presente no indivíduo que possui facilidade e

prazer em explorar palavras, estruturas da linguagem, sintaxe, semântica, significados, etc.

Ela se evidencia em jornalistas, escritores, vendedores, políticos, etc.

Entende-se por Inteligência Lógico-Matemática a aptidão com raciocínio lógico,

abstrato, conceitual, criação de hipóteses, organização de cadeias de pensamento, operações

com cálculos, resolução e levantamento de problemas matemáticos ou científicos.

Matemáticos, cientistas, contadores, advogados e programadores de computador são

exemplos de pessoas que se destacam nestes aspectos.

Por sua vez, a Inteligência Espacial é a inclinação na percepção da realidade espacial

do mundo, essencialmente por meio da visão e tato. Requer a imaginação e abstração do

mundo, de modo a visualizá-lo com precisão e transformar satisfatoriamente elementos

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utilizando-se da facilidade em trabalhar as formas, cores, traços, representações e espaços

com harmonia e sensibilidade. Está presente explicitamente em arquitetos, artistas,

navegadores e pilotos, entre outros profissionais.

Quanto à Inteligência Musical, vale ressaltar que está associada à eficiência musical

envolvendo sons e silêncio, melodia, tons, ritmos, sensibilidade, timbre, discriminação e

combinação harmônica de notas musicais e letras de músicas, além da expressão por meio de

instrumentos musicais e voz. Ela se encontra bem desenvolvida em cantores, compositores,

instrumentistas, maestros, enfim, pessoas intimamente ligadas à música.

Em relação à Inteligência Corporal-Cinestésica, cabe enfatizar que se refere à destreza

em utilizar o corpo em atividades que podem envolvê-lo em sua totalidade ou parcialidade.

Necessita de equilíbrio entre a mente e o corpo, posto que os movimentos voluntários

recebem comandos mentais. Necessita de habilidades físicas particulares, tais como:

equilíbrio, força, precisão, controle corporal, flexibilidade, coordenação, entre outras.

Ademais, é a capacidade de expressar, produzir, criar, transformar algo, por meio do corpo, de

maneira eficiente e fácil. Esta inteligência é percebida em atletas, mímicos, dançarinos,

cirurgiões, artesões, mecânicos, etc.

A Inteligência Interpessoal implica a perícia em compreender, entender e mobilizar o

próximo ao relacionar-se com ele, considerando seus humores, sentimentos, interesses,

especificidades e personalidade a partir da leitura dos comportamentos humanos. Geralmente,

tais pessoas são vistas como líderes e possuem muitos amigos. Tais competências são

visíveis, por exemplo, em terapeutas, professores, líderes religiosos e atores.

No que concerne à Inteligência Intrapessoal, trata-se da capacidade de se

autoconhecer, percebendo suas próprias emoções, sentimentos, desejos, capacidades,

limitações, anseios, tendo visão clara de si. É ser capaz de se autocontrolar, regular seus

próprios comportamentos e ter autoestima. Terapeutas, psicólogos, líderes religiosos e

filósofos apresentam essas competências.

A Inteligência Naturalista consiste na facilidade em reconhecimento e categorização

de elementos da natureza, como plantas, animais, aspectos geográficos e fenômenos naturais.

Envolve, também, a percepção apurada dos seres vivos e não vivos, de modo a discriminá-los.

As pessoas que apresentam tal capacidade geralmente possuem sensibilidade e preocupação

com as ações que envolvem a natureza, como é o caso do biólogo, geógrafo, agrônomo,

paisagista, veterinário, zootécnico e meteorologista.

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Denomina-se Inteligência Existencialista a capacidade de compreender sobre a

existência humana e a do mundo, a origem do universo, bem como a de problematizar e

resolver questões existenciais, que envolvem conhecimentos profundos sobre o universo. A

inteligência que busca o descobrimento das verdades e o desvelamento do desconhecido

evidencia-se em filósofos, teólogos, astrônomos, cientistas e arqueólogos.

A organização em nove inteligências é contestável, pois, a partir de investigações,

podem ser acrescentadas novas. No presente estudo, não se abordará a Inteligência

Existencialista, por ser de difícil trato no nível escolar que será discutido e devido à

necessidade de mais pesquisas para que, de fato, ela seja integrada ao grupo de inteligências

pesquisadas por Gardner. Ou seja, para ser caracterizada como uma inteligência, ela deverá

passar por uma análise considerando critérios que a habilitarão para este fim.

Expostas as especificidades de cada inteligência, é relevante compreender que cada

indivíduo possui uma mistura de parcelas das diferentes inteligências e que os indivíduos se

diferem pela maneira que elas se combinam em cada um (SMOLE, 1999, p. 9). As diferentes

faculdades intelectuais sobressaem nos alunos de diferentes maneiras: “Somos quem somos

porque lembramo-nos das coisas que nos são próprias e nos emocionamos, e a inteligência faz

com que cada ser humano seja um ser único e compreenda plenamente o significado dessa

individualidade.” (REVISTA EDUCAÇÃO, 2011, p.1).

3 METODOLOGIA

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica, embasada teoricamente

nas inteligências múltiplas. A priori, foram selecionados os livros julgados relevantes na

fundamentação teórica da investigação. Partiu-se da leitura e análise de alguns livros de

Howard Gardner, o precursor da teoria.

Com o intuito de encontrar respostas para a problematização da aplicabilidade teórica

das múltiplas inteligências na prática do professor, adentrou-se na exploração de bibliografias

de autores que buscam o emprego da teoria no contexto escolar, tais como Thomas

Armstrong, Kátia Smole e Celso Antunes, sendo este último fundamental para a análise

conforme o contexto brasileiro.

Ademais, buscou-se relacionar a teoria das Inteligências Múltiplas aos documentos

que regulamentam a educação no Brasil, sendo estes: a “Lei de Diretrizes e Bases da

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Educação Nacional”, de 1996; o “Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil”, de

1998; a “Base Nacional Comum Curricular”, de 2017; e o “Relatório para a UNESCO da

Comissão Internacional sobre Educação no Século XXI”, de 1997.

Posteriormente, procedeu-se ao estabelecimento de relações da teoria de Howard

Gardner com a prática pedagógica, considerando-se os avanços tecnológicos e a presença da

tecnologia no âmbito escolar, haja vista que, no século XXI, tornou-se indispensável o auxílio

de meios tecnológicos na prática docente.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando que cada inteligência é importante, tanto para o indivíduo quanto para a

sociedade, percebe-se que a escola brasileira, em pleno século XXI, continua não atribuindo

atenção suficiente a todas elas, valorizando a inteligência linguística e a lógico-matemática

em detrimento das outras.

Apesar do prestígio atribuído a certas capacidades cognitivas, é necessário pensar que

há determinadas profissões em que o desenvolvimento de algumas faculdades é essencial. Por

exemplo, há que se considerar que o arquiteto precisa desenvolver algumas habilidades,

dentre elas as vinculadas à inteligência espacial.

Ademais, cumpre ressaltar que solucionar os diversos problemas que surgem e

enfrentar toda a sua complexidade implica recorrer a uma ampla gama de inteligências. Sendo

assim, quanto mais desenvolvidas elas forem, mais facilmente se resolvem as aporias. Mais

especificamente no contexto escolar, quando certa instituição não prestigia as inteligências

manifestadas em determinados indivíduos e não lhes oferece o auxílio necessário para o

progresso das mesmas, este fato causa a falta de interesse do aluno na escola, interferindo de

maneira negativa na sua formação (SMOLE, 1999, p. 9).

A sociedade não necessita apenas de pessoas que possuem conhecimentos linguísticos

e lógico-matemáticos. Afinal, uma sociedade avançada progride em todos os campos, posto

que as profissões estão cada vez mais complexas e o desenvolvimento em uma maior

amplitude de habilidades se torna cada vez mais necessário. Conforme Smole (1999, p. 15),

“Gardner considera, por exemplo, que seria difícil resolver um problema de matemática sem

utilizar também as dimensões linguísticas e espaciais [...]”. Dessa forma, a escola atual deveria

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pensar no desenvolvimento integral do aluno, para que este seja capaz de atuar na sociedade

em qualquer área com que se identifique.

De acordo com a teoria de Gardner, a inteligência foi considerada nas escolas como

algo ao qual se atribui valor, ou seja, que pode ser medido. O teste do QI é um exemplo claro

de instrumento de medida. Considerava-se que, por meio de perguntas em folhas, seria

possível saber se a pessoa era “inteligente”, classificando-a como alguém que teria sucesso

em sua vida. Porém aquele cujo resultado fosse baixo era julgado menos inteligente e sem

futuro promissor. Então, tal estudante se via desmotivado.

Mesmo no século XXI, as escolas brasileiras permanecem aplicando testes com os

mesmos formatos, com perguntas para serem respondidas em folhas. Se o aluno não se sai

bem nos testes é classificado como “ruim” em tais disciplinas. E percebe-se que as escolas

não estão preocupadas em buscar alternativas para superar tais dificuldades dos alunos, pois

julgam que eles não sabem o conteúdo porque não se esforçaram o bastante para assimilá-lo.

A escola seleciona conhecimentos básicos que os alunos devem saber, tratando todos

como iguais. Se o indivíduo domina tais conhecimentos, terá chances maiores de atingir o

ensino superior. Um exemplo atual de teste compatível com esta realidade é o Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM), que busca englobar os conhecimentos ensinados pela

escola. Quem obtiver pontuações maiores ingressará nas melhores universidades. De fato, tal

procedimento reforça ainda mais a ideia de aferir a inteligência, fato que é notado a partir de

frases recorrentes na sociedade, tal como: “Ele é inteligente, pois teve nota alta no Enem”.

A Teoria das Inteligências Múltiplas convida a repensar a maneira como se entende o

termo “inteligência”. Com base nessa teoria, deve-se considerar que os indivíduos bem

sucedidos no ambiente escolar não são os únicos inteligentes, visto que há também aquele que

obtém sucesso em outros ambientes, como o esportivo ou o musical. Afinal, “dificilmente

talentos da música ou dos esportes, por exemplo, são reconhecidos em uma sala de aula

convencional. Esse descompasso pode levar à desmotivação e diminuição do interesse pelas

atividades escolares [...]” (LEÃO; RANDI, 2017, p. 8).

Ainda no século XXI, percebe-se que a escola brasileira continua a valorizar as

inteligências lógico-matemática e linguística, sendo a seguinte afirmação de Gardner (1994, p.

269) ainda atual: “a escola moderna coloca um destaque cada vez maior na capacidade lógico-

matemática e em determinados aspectos da inteligência pessoal. As capacidades intelectuais

restantes são, em sua maioria, consignadas a atividades extraclasses ou recreativas quando o

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são”. Em vista disso, o teórico compreende que a escola pouco mudou na maneira de

conceber o aluno, pois continua não alcançando a todos de maneira eficiente.

O fracasso escolar ocorre, em muitos casos, pelo fato de a escola querer que o aluno se

adapte a ela, mesmo que esta não vá ao encontro das aptidões, características e interesses do

educando, reprimindo e menosprezando a personalidade e potencialidades do mesmo. Nesse

sentido, cumpre salientar que “uma escola que leve em consideração a teoria de Gardner deve

ter como propósito desenvolver as inteligências e auxiliar as pessoas a atingir harmonia em

seu espectro de inteligências” (SMOLE, 1999, p. 19). Então, é preciso pensar em uma escola

que valorize o desenvolvimento de todos os tipos de inteligências.

4.1 A Associação entre o Currículo da Educação Infantil e a Teoria das Inteligências

Múltiplas

O currículo brasileiro da Educação Infantil está relacionado com a Teoria das

Inteligências Múltiplas, uma vez que ambos estão de acordo com o desenvolvimento integral

da criança. Para iniciar a vinculação da Teoria das Inteligências Múltiplas com a Educação

Infantil é importante perceber que a maneira como se entende este nível de educação é

resultado de uma evolução, na qual houve a superação da ideia de que esta tinha como

responsabilidade básica o cuidar. A Educação Infantil passou a ser mais valorizada,

transitando de uma etapa anterior à Educação Básica para tornar-se uma etapa integrante da

mesma. Então, “com a promulgação da LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte

integrante da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e o

Ensino Médio” (BRASIL, 2017, p. 35).

A ampliação da atribuição de importância para a Educação Infantil também pode ser

notada com a sua incorporação, em 2013, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (BRASIL, 1996). Afinal, no artigo 2°, a pré-escola consta como etapa obrigatória

e, no artigo 3°, há o reconhecimento do dever dos pais ou responsáveis quanto à realização

da matrícula da criança a partir dos quatro anos.

No Brasil do século XXI, sabe-se que a prática na Educação Infantil não deve ser mais

apenas do cuidado, mas também do desenvolvimento da criança em sua integridade e que a

Teoria das Inteligências Múltiplas defende o estímulo do desenvolvimento das inteligências

desde a mais tenra idade do indivíduo. De acordo com essa concepção, na Educação Infantil,

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deve haver o fortalecimento da vinculação entre educar e cuidar e as escolas devem

organizar suas propostas pedagógicas com o intuito de acolher e ampliar o conhecimento de

mundo, complementando a educação familiar (BRASIL, 2017, p. 34).

A Teoria das Inteligências Múltiplas afirma que as crianças precisam ser inseridas em

um ambiente que possibilite o desenvolvimento de todas as inteligências desde o seu

nascimento, opondo-se assim a um tipo de educação assistencialista, predominante nos

primórdios da história da Educação Infantil, que visava apenas ao cuidar. Nesse sentido,

convém acrescentar que “a concepção educacional era marcada por características

assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e

igualdade” (BRASIL, 1998, p. 17).

Ademais, o perfil do professor, de acordo com o Referencial Curricular Nacional

para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 41), caracteriza-se por ser polivalente, ou seja,

o professor estuda, conhece e ensina qualquer tipo de conhecimento específico de cada área e,

ao mesmo tempo, desenvolve a autonomia da criança quanto aos cuidados básicos. E a Teoria

das Inteligências Múltiplas também busca esse perfil, já que o professor precisa de meios para

desenvolver os alunos em suas inteligências e, para isso, necessita conhecer os símbolos

específicos de cada uma e ter conhecimento suficiente para poder desenvolvê-las. O mais

adequado seria se, além do professor polivalente, houvesse também os especialistas em

algumas inteligências, como o professor de Educação Física, de Música, de Inglês e de

Informática, que ministrariam aulas extracurriculares em uma escola de tempo integral.

Quando se pensa na Educação Infantil, deve-se ter em mente a busca pelo

desenvolvimento pleno da criança, haja vista que, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Infantil (BRASIL, 1996), estabelece-se que a finalidade da Educação Infantil é o

desenvolvimento integral da criança nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, de

maneira a complementar a ação da família e da comunidade.

Na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) são elencados os direitos das

crianças de brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, sendo que o currículo

está organizado nos seguintes campos de experiências: “O eu, o outro e o nós”; “Corpo,

gestos e movimentos”; “Traços, sons, cores e formas”; “Escuta, fala, pensamento e

imaginação”; “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. A seguir, serão

conceituados os campos de experiências de acordo com este documento, os quais serão

relacionados às inteligências por meio do critério de intensidade de ligação entre eles.

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O campo “O eu, o outro e o nós” corresponde ao autoconhecimento, ao conhecimento

do outro e da própria inserção na sociedade, de modo a promover a visão positiva de si,

conhecer e respeitar a diferença entre as pessoas. A partir da comparação de si com o outro,

constrói-se a diferenciação e identificação de similaridades com o próximo, resultando na

construção da identidade e do autoconhecimento. Este campo se relaciona à Inteligência

Interpessoal e Intrapessoal, por desenvolver competências ligadas ao conhecimento de si e à

relação com o outro.

O âmbito “Corpo, gestos e movimentos” é desenvolvido por meio da exploração do

ambiente, utilizando-se do corpo, gestos e movimentos, promovendo o conhecimento de si a

partir das descobertas dos limites e potencialidades e da apropriação das diferentes linguagens

para interação com os seres em sua volta. A Inteligência Corporal-Cinestésica e Musical

relacionam-se com este campo.

No plano “Traços, sons, cores e formas”, o indivíduo tem contato com diferentes

formas artísticas, que envolvem diferentes linguagens, dentre elas as artes visuais, o teatro e a

música. A partir de experiências diversas, a criança cria sua própria maneira de expressão,

envolvendo as diversas possibilidades da arte, ao mesmo tempo em que aprofunda o

conhecimento de si, das suas emoções e do outro, construindo, também, uma visão da

realidade em que se insere. Este campo comunica-se com a Inteligência Musical, Espacial e

Corporal-Cinestésica.

A esfera da “Escuta, fala, pensamento e imaginação” envolve as diferentes formas de

comunicação, desde o movimento do corpo, a expressão facial e a oralidade. A fala tem

grande importância neste âmbito, assim como a escuta. A relação da escrita na Educação

Infantil surge conforme a curiosidade, e o gosto pela leitura é desenvolvido a partir do contato

com diferentes gêneros textuais e o manuseio de livros. A Inteligência Linguística

correlaciona-se com este campo.

Na dimensão “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”, a criança se

depara com um universo a descobrir, frequenta os mais diversos espaços e se situa no tempo,

percebe as relações matemáticas, observa que acontecem transformações, tanto em si como

em seu entorno, e relaciona-se com o mundo físico e com as pessoas que a circundam. Este

âmbito está associado à Inteligência Lógico-Matemática, Espacial e Naturalista.

Em suma, compreende-se que, no âmbito da Educação Infantil, é possível associar o

currículo brasileiro do século XXI à Teoria das Inteligências Múltiplas, pois ambos possuem

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uma visão de criança em sua plenitude, como um ser histórico, inserido em um contexto,

capaz de aprender e transformar a realidade.

4.2 A Teoria das Inteligências Múltiplas nas Práticas da Educação Infantil

A concepção básica do professor que utiliza a Teoria das Inteligências Múltiplas em

sua prática é que cada aluno possui suas individualidades e uma combinação única de

inteligências. Gardner (1994, p. 293) afirma que cada pessoa aprende determinada

competência de uma maneira específica, devido ao fato de nosso cérebro ser dividido em

partes onde se alojam inteligências que se constituem nos indivíduos em níveis diferentes, ou

seja, algumas habilidades são mais desenvolvidas do que outras. Por isso, algumas pessoas

apresentam mais dificuldade em exercer algumas funções e, ao mesmo tempo, muita

facilidade em responder a outras. Portanto, é de suma importância que aluno e professor

saibam reconhecer essas individualidades e busquem aperfeiçoá-las da melhor maneira

possível.

Essa individualidade também se evidencia no âmbito da memória, que, ainda segundo

o autor, existe em formas diversas, associadas a diferentes competências, não havendo uma

memória geral. Conforme Antunes (1998, p. 91), “cada pessoa que alega ter ‘boa memória’,

caso se observe com atenção, perceberá que essa ‘boa memória’ é facilmente situada em áreas

ligadas a suas múltiplas inteligências”.

Sendo assim, memória e inteligência estão intrinsecamente relacionadas e se

manifestam de maneira particular em cada indivíduo. Por exemplo, uma pessoa pode ter

facilidade com resolução de problemas matemáticos e efetuação de cálculos e ter boa

memória numérica. Outra possibilidade seria o bom desempenho de um indivíduo na oratória

e elevado nível de memorização visual de imagens. Em outras palavras, “o cérebro humano

também não abriga uma memória geral e sim formas de memorização e competências de

concentração subordinadas a cada uma das inteligências” (ANTUNES, 1998, p. 91).

Por certo, o professor em sua prática deve ter um olhar apurado, de modo a perceber

que seus alunos possuem diferentes maneiras de memorização e, por isso, é importante que

este varie sua metodologia de ensino para a aprendizagem de todos, sem exclusão.

Dessa forma, a partir das pesquisas de Ebbinghaus, Antunes (1998, p. 93) afirma: “[...]

Se o que se aprende não é ligado a algo que se conhece, essa aprendizagem permanecerá no

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cérebro apenas por algum tempo, que será tanto menor quanto menos essa relação for

percebida [...]”. Para que a memorização seja de longo prazo e significativa, e se torne uma

aprendizagem, o aluno deve se constituir como um ser ativo, capaz de pensar sobre a sua

realidade, de relacionar os conhecimentos apresentados a ele com seus conhecimentos

prévios, de modo a assimilá-los e aplicá-los em sua vida. Estas conexões resultarão em

conhecimentos mais elevados.

Referente ao desenvolvimento dos potenciais cognitivos, Gardner (1994, p. 214)

declara que “devido à hereditariedade, treinamento precoce ou, com toda a probabilidade, a

interação constante entre estes fatores, alguns indivíduos desenvolverão determinadas

inteligências muito mais do que outros”. Isto é fato, mas, ainda de acordo com o autor, cada

indivíduo deveria receber pelo menos uma oportunidade mínima para se desenvolver em cada

faculdade. Assim sendo, o desenvolvimento das inteligências decorre dos seguintes fatores:

herança biológica e lesão cerebral, experiência pessoal, e contexto histórico e cultural.

Quando se consideram os fatores mencionados, obtém-se uma visão de que a

inteligência não é apenas uma herança biológica, mas também é fruto de estímulos positivos e

negativos, que tanto podem contribuir para que uma inteligência alcance seu apogeu ou déficit

de desenvolvimento. A experiência de vida e o contexto histórico em que o indivíduo está

inserido são determinantes na direção que cada inteligência seguirá.

Os elementos culturais são fundamentais no desenvolvimento das inteligências. Por

exemplo, considerando-se que, no Brasil, o beisebol não é um esporte popular, o contato com

esse esporte é raro e dificilmente encontram-se pessoas que possuam alto grau de habilidade

em sua prática.

O indivíduo se adapta ao ambiente em que está exposto, por meio de sua exploração e

com ações de modificação do mesmo. Por conseguinte, se o ambiente sempre for variado e

nele forem acrescentados novos recursos, mais estímulos serão apresentados, possibilitando

um processo de aprendizagem constante, com conhecimento de mundo mais profundo. Ou

seja, “quanto mais ‘inteligente’ e diversificado for o ambiente e quanto mais incisivas as

intervenções de mediadores, mais capazes se tornarão as pessoas e menos importante será sua

herança genética” (REVISTA EDUCAÇÃO, 2011, p. 1). Fica patente que a escola tem papel

fundamental na potencialização das capacidades dos alunos, de maneira integral, já que essa é

a sua função.

Para Celso Antunes (2014, p. 18), as inteligências são como janelas de um quarto que

se abrem aos poucos, havendo estímulos para cada etapa de cada abertura. Nesse sentido, as

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inteligências possuem janelas que, apesar de apresentarem níveis iguais de abertura em

indivíduos da mesma idade, são diferentes, pois a história genética influencia, podendo causar

efeitos maiores ou menores aos estímulos sobre essa abertura, acelerando seus efeitos ou

tornando mais lentos.

Consoante a teoria de Gardner, o professor que atua com uma visão de que existem

múltiplas inteligências compreende que as pessoas são diferentes, pois aprendem de diversas

maneiras e se identificam com determinadas habilidades nas quais se sobressaem. Assim,

quando se exploram os interesses dos alunos e se adota uma prática pedagógica que envolve a

todos, é possível alcançar progresso sem excluir alguém. Portanto, é inadmissível comparar

um aluno com outro e considerar aquele que apreendeu determinado conhecimento primeiro

como mais inteligente, pois cada pessoa possui o seu tempo e maturidade para desenvolver

suas capacidades.

O professor brasileiro do século XXI que busca uma prática educativa centrada no

indivíduo e desejoso de desenvolver ao máximo o potencial intelectual de cada aluno precisa

mudar suas estratégias de ensino e assumir uma visão democrática, trabalhando as diferenças

de modo a usá-las a favor dos alunos.

Para Armstrong (2001, p. VI) a essência da teoria das inteligências múltiplas “é

respeitar as muitas diferenças entre as pessoas, as múltiplas variações em suas maneiras de

aprender, os vários modos pelos quais elas podem ser avaliadas, e o número quase infinito de

maneiras pelas quais elas podem deixar uma marca no mundo”. Desta forma, o professor deve

considerar que os educandos possuem diferentes interesses e inteligências e que há diferentes

maneiras de ensinar com materiais variados, dando ênfase a diferentes competências.

Segundo Antunes (REVISTA EDUCAÇÃO, 2011, p. 1), existem três proposições

fundamentais referentes às inteligências múltiplas. São elas: cada indivíduo é único e possui

potencialidades cognitivas específicas; quando se percebem e se respeitam as singularidades,

o ensino se torna mais eficaz, posto que se buscam meios de desenvolver as habilidades; e os

objetivos educacionais só serão atingidos se houver competência e planejamento adequados.

Os próximos assuntos explanados se referem a aspectos importantes ao trabalho do

professor, baseando-se na Teoria das Inteligências Múltiplas e considerando documentos

relevantes para a orientação das aulas.

4.3 O Planejamento das Aulas

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A relação do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,

1998) com a Teoria das Inteligências Múltiplas é perceptível, posto que ambos argumentam

que o professor deve planejar suas aulas de modo a envolver situações de aprendizagens

particulares de acordo com as capacidades das crianças. Basta considerar que, segundo esse

mesmo documento (BRASIL, 1998, p. 32), “o professor deve planejar e oferecer uma gama

variada de experiências que responda, simultaneamente, às demandas do grupo e às

individualidades de cada criança”.

Planejar aulas implica desafiar as crianças para a resolução de problemas em situações

de interação e comunicação entre elas e com os adultos, possibilitando a construção

significativa de novos saberes. Cabe enfatizar que o produto da resolução do problema deve

ser valorizado e socializado numa tentativa de construção cada vez mais satisfatória e

consistente. Portanto, um professor que se baseia na Teoria das Inteligências Múltiplas

compreende que “o ambiente da sala de aula pode ser visto como uma oficina de trabalho de

professores e alunos, um espaço estimulante e acolhedor, de trabalho sério, organizado e

alegre” (SMOLE, 1999, p. 28).

Em consonância com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(BRASIL, 1998, p. 35), “a prática educativa deve buscar situações de aprendizagens que

reproduzam contextos cotidianos nos quais, por exemplo, escrever, contar, ler, desenhar,

procurar uma informação etc. tenha uma função real [...]”. Sendo assim, o ambiente de sala de

aula deve buscar ao máximo criar situações-problemas que se assemelham e que estejam

contextualizadas com a realidade da criança.

De acordo com esse referencial, o planejamento das aulas precisa abranger três

categorias de conteúdos. Os conteúdos conceituais consistem na aprendizagem de conceitos,

princípios e fatos; os conteúdos procedimentais envolvem o “saber fazer”; e os conteúdos

atitudinais se referem a atitudes, valores e normas.

Tais categorias de conteúdos se assemelham às quatro aprendizagens julgadas pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como

fundamentais para a educação no século XXI, as quais são organizadas em quatro pilares

denominados: “Aprender a conhecer”, “Aprender a fazer”, “Aprender a viver junto” e

“Aprender a ser”. “Aprender a conhecer” implica incorporar ferramentas para a compreensão;

“Aprender a fazer” significa saber agir na realidade da qual faz parte; “Aprender a viver

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junto” é contribuir e cooperar nas práticas sociais; e “Aprender a ser” é a união dos três

pilares supracitados (UNESCO, 1997, p. 90).

Associando-se a visão de desenvolvimento das inteligências defendidas por Gardner

com a perspectiva do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e da

UNESCO, fica evidente que Gardner não fragmenta a aprendizagem, distinguindo-a em

diferentes tipos, mas pensa na aprendizagem por meio de situações que se assemelhem às de

solução de problemas reais. Portanto, o desenvolvimento das “diferentes aprendizagens”

citadas anteriormente se dará à medida que o professor contemple em suas aulas situações que

envolvam as mesmas, ou seja, situações da realidade em que a criança se insere.

Quando se trata de conteúdos, o Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (BRASIL, 1998) e a Teoria das Inteligências Múltiplas compreendem que o

desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos acontece quando a realidade não é

fragmentada. Em vista disto, o referencial tece a consideração de que para melhor

compreensão e percepção da realidade, é necessária a integração e relação entre os conteúdos,

sem fragmentação.

Conforme Gardner (1994, p. 296), ao planejar aulas, os professores precisam optar por

meios que melhor desenvolverão no indivíduo suas competências e habilidades, por exemplo,

disponibilizando materiais que ele possa explorar e, a partir dos mesmos, desenvolver suas

capacidades. É necessário que o professor tenha como objetivo o estímulo de cada uma das

inteligências. A fim de que isso ocorra com êxito, suas aulas devem ser planejadas

criteriosamente, buscando, com cuidado, meios que estimulem as diversas inteligências, para

o desenvolvimento completo do individuo.

4.4 As Metodologias de Ensino

Tendo a Base Nacional Comum Curricular como orientadora do currículo, o

professor adotará, como eixos estruturantes de sua prática, as interações e a brincadeira,

“experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por

meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita

aprendizagens, desenvolvimento e socialização” (BRASIL, 2017, p. 35).

A prática do professor na Educação infantil, de acordo com a Base Nacional Comum

Curricular, deve ter sempre intencionalidade educativa, que se traduz na organização e

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promoção de atividades que levem as crianças a explorar todos os campos de

desenvolvimento. Além disso, essa intencionalidade educativa necessita levar em

consideração as múltiplas inteligências existentes em cada criança, pois “parte do trabalho do

educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas

e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno

das crianças” (BRASIL, 2017, p. 37).

Consoante Gardner (1994, p. 297), as inteligências podem ser tratadas como assuntos,

ou como meios para a aprendizagem de assuntos variados. Uma opção seria trabalhar

diferentes inteligências a partir de um recurso, como o computador, dependendo da atividade

executada no mesmo. Por exemplo, para aprender a programar um computador, a Inteligência

Lógico-Matemática é fundamental, pois é necessária a realização de procedimentos rigorosos

para atingir uma meta passando por numerosas etapas. Mas considerando um indivíduo com

facilidades na Inteligência Espacial, que esteja desempenhando a mesma função

(programação de computadores), percebe-se que seria interessante que houvesse a orientação

da tarefa com algum material que lhe proporcionasse maior facilidade no entendimento, como

um diagrama espacial.

Para que as inteligências obtenham melhores resultados, a criança deve inserir-se em

ambientes que a estimulem e permitam o seu desenvolvimento, potencializando sua

inteligência. Nesse sentido, “Gardner sugere que a inteligência tem mais a ver com a

capacidade de resolver problemas e criar produtos em ambientes com contextos ricos e

naturais” (ARMSTRONG, 2001, p. 13).

Celso Antunes (2012, p. 23) orienta o professor com a seguinte sugestão: “providencie

para que o crescimento da criança seja marcado por desafios frequentes, mas que não a

estressem”. Assim, em sociedades com grande avanço tecnológico e em que há

competividade entre as pessoas em relação a status, as crianças estão expostas a um excesso

de informações complexas e recebem estímulos incessantemente de diferentes meios. Isso

pode ser nocivo e deve ser tratado com cautela, posto que nada em excesso faz bem, como diz

Antunes (2014, p. 14): “a obsessão por tentar estimular o cérebro, o tempo inteiro, é tão

nociva quanto dar comida ao estômago em quantidade excessiva”.

Uma estratégia de ensino e aprendizagem interessante na Educação Infantil são os

projetos que possibilitam o desenvolvimento de qualquer tipo de inteligência, garantindo a

participação ativa e o envolvimento integral do aluno, que será desafiado a ser investigador,

pesquisador e questionador. Desse modo, de acordo com Antunes (2012, p. 79), o projeto se

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constitui como “um esforço desafiador voltado para a solução de problemas e que busca

respostas convincentes, encontradas pelos alunos e orientadas pelo professor ou por uma

equipe de professores [...]”.

Um projeto significativo é aquele que possui objetivos claros, envolve a todos,

possibilita o trabalho em equipe, leva à reflexão, é bem planejado, valoriza a curiosidade do

aluno, busca envolver a família, sempre que viável, e caracteriza o aluno como protagonista.

4.5 Os Jogos e as Brincadeiras no Desenvolvimento das Inteligências

As brincadeiras e os jogos fazem-se cada vez mais presentes nas escolas, não como

um momento recreativo, mas com fins pedagógicos. Tal procedimento é positivo, uma vez

que, enquanto se brinca, também se aprende. Então, segundo Antunes (2014, p. 37), “o jogo é

o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individualidade e à

meditação individual”.

Os jogos e as brincadeiras despertam o interesse da criança e fazem com que ela tenha

iniciativa e se esforce por alcançar o objetivo proposto. Conforme o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 28), o professor que se utiliza das

brincadeiras para observar e registrar os processos de desenvolvimento obterá informações

sobre as capacidades sociais, afetivas e emocionais de uso de linguagem.

Considerando que, na Educação Infantil, as crianças apresentam curto tempo de

atenção, faz-se necessário proporcionar momentos de brincadeiras, pois, na primeira infância,

elas têm em sua essência um universo de fantasias. Dessa forma, esse documento (BRASIL,

1998, p. 14) postula que “as crianças têm direito, antes de tudo, de viver experiências

prazerosas nas instituições”.

Fazendo um paralelo entre a concepção do Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil (por meio das brincadeiras a criança recria e estabiliza os saberes

referentes a uma ampla gama de conhecimentos) e a visão da Teoria das Inteligências

Múltiplas (é preciso utilizar-se de recursos que possibilitem uma experiência mais concreta

com o real), pode-se inferir que é necessário que o professor tenha consciência de que as

brincadeiras devem ser utilizadas na sala de aula com intencionalidade didática e objetivos

educacionais pré-estabelecidos, para que, de fato, promovam o desenvolvimento significativo

da criança.

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O jogo e a brincadeira não podem ser instrumentos para disponibilizar-se ao aluno sem

que haja objetivo de aprendizagem, planejamento, mediação, organização do tempo ou ensino

sistemático sobre o conhecimento que se deseja tratar. O professor precisa ter claro, ao

planejar uma aula com jogos e brincadeiras, quais são as habilidades que deseja desenvolver,

o que pode utilizar além destes recursos didáticos para potencializar a aprendizagem dos

alunos, considerando as características singulares de suas faculdades.

Celso Antunes (2014, p. 36) argumenta que o jogo estimula o interesse do educando,

já que este aprecia jogar, constituindo-se em um instrumento que auxilia na construção de

aprendizagens, no avanço da edificação da personalidade e coloca o professor como

responsável por conduzir, estimular e avaliar o desenvolvimento do aluno.

4.6 A Tecnologia no Âmbito Escolar

A internet é uma das mais importantes criações humanas da atualidade e tem como

finalidade expandir a comunicação e o acesso à informação. A cada dia, a internet tem se

tornado mais presente e acessível a todos, chegando ao ponto de se tornar uma competência

exigida na sociedade e, consequentemente, demandar que as escolas se adaptem às novas

tecnologias.

Sendo assim, usar a tecnologia como ferramenta de ensino se tornou indissociável nos

currículos escolares brasileiros. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular

(BRASIL, 2017, p. 11), “o aluno precisa compreender, utilizar e criar tecnologias digitais”.

Por conseguinte, o professor precisa desvelar métodos para articular o uso desse meio com o

desenvolvimento cognitivo do educando.

Segundo Luiz Carlos Pais (2010, p. 10), para que a utilização desse instrumento atue

como um suporte didático qualificado, é necessário que o professor retifique sua prática

pedagógica, pois apenas uma boa estrutura tecnológica, mesmo sendo importante, não garante

uma mudança significativa na educação, considerando-se que o uso tecnológico visa ampliar

o acesso à informação, potencializando a melhoria do ensino. Ainda de acordo com Pais

(2010, p. 14), é necessário que o educador se mantenha engajado na pesquisa e no

aprimoramento do uso tecnológico desde sua formação.

Inclusive, Pais (2010, p. 15) afirma que seria necessária a reformulação das diretrizes

que regem a formação contínua dos professores, para que os mesmos saibam lidar com os

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desafios da inserção tecnológica em sala de aula e possam acompanhar os avanços

tecnológicos.

A tecnologia se constitui como uma ferramenta interessante e eficiente para

desenvolver as inteligências múltiplas em sala de aula. Conforme Juana María Sancho et al.

(2006, p. 21), “o estudo, a experimentação e a exploração da informação, em qualquer área do

currículo escolar, melhora imediatamente a motivação, o rendimento e as capacidades

cognitivas do aluno”, então a tecnologia bem empregada possibilitará o desenvolvimento do

aluno em todas as áreas auxiliando no aperfeiçoamento das suas inteligências.

Há que se considerar o fato de que algumas tecnologias oferecem melhores condições

de aprendizagem. Nesse sentido, quanto mais interativa for a relação do usuário com as

informações de determinado software, mais significativa pode tornar-se a aprendizagem

(PAIS, 2010, p. 16). Dessa maneira, o aluno se torna um agente construtor do seu

conhecimento, interagindo com o objeto de estudo.

Em suma, mesmo com a facilidade e amplitude de acesso às tecnologias da

informação, vale ressaltar que é necessário que o professor esteja capacitado a realizar uma

intervenção que relacione as tecnologias com os campos de experiências do currículo da

Educação Infantil, trazendo contribuições positivas para o desenvolvimento integral do aluno.

4.7 A Avaliação dos Alunos

Considerando-se que “as inteligências se manifestam de maneiras diferentes em níveis

desenvolvimentais diferentes, tanto a avaliação quanto a estimulação precisam ocorrer de

maneira adequada" (GARDNER, 1995, p. 32). É necessário que o professor analise

criteriosamente e entenda o perfil de inteligência dos seus alunos, para que possa escolher

métodos de estimulação e avaliação adequados para os mesmos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), no artigo 24,

inciso V, referente à avaliação na Educação Básica, esclarece que esta deve ser contínua e

cumulativa do desempenho do aluno, preponderando os aspectos qualitativos sobre os

quantitativos e os resultados ao longo do período em detrimento das eventuais provas finais.

Quanto à Educação Infantil, essa lei, no artigo 31, inciso I, define que a avaliação deve

ocorrer por meio do acompanhamento e registro do desenvolvimento, sem a finalidade da

promoção.

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A avaliação, segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(BRASIL, 1998, p. 59), é entendida como uma forma de acompanhamento do processo de

aprendizagem da criança, em que se observam, registram e analisam os avanços dela, além de

fornecer ao professor a oportunidade de repensar, refletir e ajustar o processo de

ensino/aprendizagem. Uma avaliação que se utiliza de registros, de portfólios e da observação

possibilita perceber o aluno, tanto integralmente como em suas particularidades, o que

permite ao professor selecionar atividades que desenvolvam todos os alunos, sem que haja

exclusão.

A Teoria das Inteligências Múltiplas, em consonância com o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil, compreende que a avaliação deve favorecer a

autoestima da criança e não instigar o sentimento de fracasso. Também percebe a importância

de deixá-la a par do seu processo de aprendizagem, favorecendo a autoavaliação saudável,

que ressalte os avanços e que reflita sobre as dificuldades, buscando alternativas para superá-

las. Afinal, “as avaliações também promovem a autoavaliação, um passo essencial para que o

indivíduo continue a aprender depois de deixar o ambiente escolar formal (GARDNER, 1995,

p. 6)”. Fica patente que ambos percebem o caráter formativo que a avaliação tem no processo

de aprendizagem.

A Teoria das Inteligências Múltiplas, segundo Antunes (1998, p. 110), não prioriza a

valoração dos resultados obtidos pelas crianças, mas sim o desempenho do aluno durante o

processo de aprendizagem. Assim, faz-se necessária a análise reflexiva de relatórios de

desenvolvimento, a observação da frequência, dos portfólios pessoais com todas as

produções, com o intuito de analisar a evolução e rejeitar práticas que medem o quanto de

informações foram apreendidas.

A intenção não é avaliar a maneira como a inteligência de cada aluno é constituída

para buscar metodologias de ensino adequadas para cada um, pelo fato de esta prática ser

inviável em salas de aula brasileiras (sobretudo as que compõem a rede pública), que possuem

dezenas de alunos na mesma sala. O intuito é que se entenda que, quando o professor varia as

suas metodologias, este pode atingir uma quantidade maior de alunos na promoção da

aprendizagem. Conforme esclarece Gardner: “Os meios de avaliação que sugerimos deveriam

buscar fundamentalmente as capacidades de resolver problemas ou elaborar produtos nos

indivíduos, através de uma variedade de materiais” (1995, p. 34).

O professor é responsável por avaliar o desenvolvimento do aluno e mediar o processo

de aprendizagem de maneira a levá-lo a potencializar suas competências, servindo de “ponte”

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entre aluno-objeto- realidade. Logo, o professor é aquele que desperta o interesse pelo

aprendizado e orienta com o intuito de oferecer ao aluno o caminho mais adequado.

Cada conhecimento possui uma maneira apropriada de ser avaliado. Cabe ao professor

utilizar meios adequados de avaliá-lo. No âmbito dessa questão, Gardner ressalta: “Uma

importante alegação da teoria é que cada inteligência é relativamente independente das outras

e que os talentos intelectuais de cada indivíduo, digamos, em música, não podem ser julgados

a partir de suas habilidades em matemática” (1995, p. 11).

Desse modo, pensar em avaliação implica pensar em formas adequadas de avaliar os

alunos de acordo com seus potenciais e considerando seus avanços. É preciso avançar nos

métodos de avaliação, buscar maneiras novas de obter informações relativas ao

desenvolvimento, pois o que se tem de meios tradicionais de avaliação é restrito e pouco

revela sobre o progresso do aluno.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho, percebeu-se plausibilidade da aplicação da Teoria das

Inteligências Múltiplas na prática do professor brasileiro que atua na Educação Infantil,

quando este se utiliza de didática apropriada para permitir o desenvolvimento do conjunto de

inteligências do aluno. A referida didática envolve uma avaliação que compreenda as

particularidades dos alunos, a fim de conduzi-los a um processo que permita seu progresso de

maneira satisfatória.

Considerando que cada inteligência é importante, tanto para o indivíduo quanto para a

sociedade, percebe-se que a escola brasileira, em pleno século XXI, continua não atribuindo

atenção suficiente a todas elas, valorizando a inteligência linguística e a lógico-matemática

em detrimento das outras. Entretanto, é negativo para a escola sustentar estereótipos que

atribuem inteligência ao indivíduo que se sobressai na resolução de problemas lógicos e

linguísticos, já que indivíduos que possuem talentos em outras áreas também podem ter

papéis relevantes socialmente. Nesse sentido, cumpre salientar que, na atual sociedade

complexa e dinâmica, há uma demanda para a resolução de variadas situações que necessitam

de diferentes competências.

Relacionando a Teoria das Inteligências Múltiplas com documentos que orientam a

Educação Infantil, infere-se que a prática do professor deve voltar-se para o educar e o cuidar,

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possibilitando o desenvolvimento da criança em sua plenitude. Dessa forma, o professor deve

reconhecer as características de cada aluno e buscar alternativas para uma educação mais

inclusiva.

Portanto, a atual Educação Infantil brasileira, demanda um significativo investimento

na inserção de recursos que busquem potencializar as inteligências das crianças. É

imprescindível que as práticas educacionais, utilizando-se de jogos, brincadeiras, tecnologias,

dentre outras ferramentas, priorizem as vivências e interesses infantis, de modo a ampliar o

conhecimento de mundo, as habilidades e as potencialidades do educando.

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