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“TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS - CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”. ANO 2 Edição 07 Janeiro/Fevereiro de 2012 Falando de Axé com Mam’etu Maza Kessy Olókun - A Riquisima Deusa dos Mares Quem são os Bantu? Parte III A Importância das Ervas na Umbanda Atare - A pimenta que traz Bênçãos

Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Tudo sobre Umbanda, Candomblé e Cultos Africanos. Cultura e Religiosidade Negra em geral.

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“TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS - CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”.

ANO 2 — Edição 07 Janeiro/Fevereiro de 2012

Falando de Axé com Mam’etu Maza Kessy

Olókun - A

Riquisima Deusa dos Mares

Quem são os Bantu? Parte III

A Importância das Ervas na

Umbanda

Atare - A

pimenta que

traz Bênçãos

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EDITORIAL Saudações amigos leitores, 2012 chegou e nós também (risos), mais uma edição de Falando de Axé, que agora é Bimestral. Primeiramente gostaria de desejar a todos os nossos leitores um FELIZ e MARAVILHOSO 2012, repleto de realizações e muitoooo AXÉ. Gostaria também, de agradecer a vocês pela leitura de nossa revista e dizer que a cada dia que passa, maior é nossa buscar de fazer um bom trabalho, para que seja sempre do agrado de todos. Estamos procurando deixar a revista o mais clara possível, para facilitar impressões da mesma, já que muitos tem pedido e perguntado se a mesma é impressa. Nessa Edição, nossa homenagem é às Divindades dos Águas e Mares, como Agbé, Olókun, Yèmoja e Nossa Senhora dos Navegantes, dentre outros temas abordados neste edição, como Mutakalambo, divindade bantu da caça e a Importância das Ervas na Umbanda. Mais uma vez pedimos desculpas aos nossos leitores por algo e deixo claro que ficamos muito felizes com o interagir dos mesmos conosco. É sempre ótimo o recebimento de sugestões e críticas. Uma Ótima Leitura Amigos...

Por Hérick Lechinski - O Editor

" O l ó d ù m a r è (Meu Deus), aju-da-me a dizer a palavra da ver-dade na cara dos fortes, e a não mentir para ob-ter o aplauso dos débeis." - Mahatma Gandhi

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ÍNDICE Quem são os Bantus? Parte III Pág. 04 Mutakalambo, o Grande Caçador Bantu Pág. 07 Lavagem das Escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim Pág. 10 Festa de Iemanjá em Salvador Pág. 12 Òrìsà do Mês: Olókun, a Riquíssima Deusa dos Mares Pág. 14 Agbé, o Grande Vodùn dos Oceanos Pág. 16 Os Òrìsà mais cultuados no Culto Tradicional Yorùbá Pág. 17 Cargos Pré-Sacerdotais e Sacerdotais no Vodùnsínsen (Religião dos Vodùn) Pág. 22 O Batuque Pág. 25 Entrevista do Mês: Falando de Axé com Mam’etu Maza Kessy Pág. 31 Livro do Mês: Òrìsà Devotion Pág. 34 Folha do Mês: Atare, a Pimenta que traz Bênçãos Pág. 35 Odù do Mês: Òsá méjì, o Odù qual nasceu o Poder Feminino Pág. 37 Personalidades Negras: Mestre Cartola Pág. 39 Santo do Mês: Nossa Senhora dos Navegantes Pág. 41 Diga Não a Banalização do Candomblé Pág. 43 As Crianças e o Candomblé Pág. 46 Ser Umbandista Pág. 47 Filhos de Pemba Pág. 49 A Importância das Ervas na Umbanda Pág. 50 Pai Nosso Umbandista Pág. 52 Homenagem aos Colaboradores Pág. 53 Homenagem ao Bàbálóòrìsà Altair T’Ògún Pág. 54

Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O meu Criador.

Ilè Ògéré Ìb{ - Terra, cujo poder se espalha por todo o Universo, Saudações.

Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente saúdo Èsù, o Poderoso Venerável. Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!!

Kò sí èyí ti yóò móo jeun

Tàbí yóò móo se igúnwà ti kó

Ni fi ti Èsù síwájú

Não existe ninguém que

coma.

Ou esteja instalado com

realeza.

Sem que haja recorrido a

Èsù primeiro.

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QUEM SÃO OS BANTUS? Parte III

O POVO AMBUNDO Os ambundos compunham o ou-trora reino de Ngola, nome que nomeia hoje o moderno país de Angola e foram contatados oficialmente pelos portugue-ses, através de um navegador chamado Paulo de Novais, em 1565. Nessa época era rei Ndembi a angola que mandou por Paulo de Novais, ao rei português, 40 ar-golas de cobre, 40 peças de pau aromáti-co, 35 presas de elefante e alguns escra-vos, não recebendo nenhuma notícia de Paulo Novais, nem dos presentes que en-viou ao monarca português, durante dez longos anos. Quando Paulo Novais vol-tou, em 1575 já era outro rei a governar Angola, e dessa vez Paulo Novais trazia em sua companhia 700 soldados, mari-nheiros e artífices, além de padres jesuí-

tas acomodados em sete ou nove navios. Foi a cobiça que motivou Paulo de No-vais a voltar a Angola, pois se acreditava que o país fosse rico em jazidas de prata, cobre e sal e que através de Angola po-der-se-ia alcançar o fabuloso reino de Monomotapa no outro lado do continen-te, em Moçambique. Paulo de Novais fundeou seus na-vios na ilha de Luanda, na época perten-cente ao rei do Congo, de onde o mesmo extraia cauris que usava como moeda corrente no seu reino. Apesar das cautelas do rei de An-gola, os portugueses saltaram da ilha de Luanda para terra firme, onde começa-ram a construir capelas, casas, feitorias, todo o necessário para estabelecerem-se

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e principiar um lucrativo negócio de ven-da de escravos tendo como parceiro o próprio rei de Angola que já praticava es-se comércio há tempos com outros portu-gueses e europeus de várias procedên-cias. Os ambundos, povo de língua kim-bundo, ocupa grande parte do país, des-de o oceano atlântico, no norte de Ango-la, em direção ao interior, até o rio Cuan-go. São tradicionalmente agricultores e seu principal cultivo também, como os bakongos é o da mandioca, e por exten-são, sua principal fonte de alimentos. Fo-ram pioneiros no plantio do arroz e pro-duzem café de boa qualidade para expor-tação. Talvez seja o grupo mais assimilado à cultura européia, e foi o primeiro a ter escrita para sua língua, o kimbundo.

CRENÇAS DOS AMBUNDOS

Os ambundos acreditam que a vida se dá na terra e também no além-túmulo e que o espírito dos antepassados está sempre presente entre os homens vivos, na forma de antepassados (bakulus) e an-cestrais. O antepassado pode ajudar ou atrapalhar a vida dos vivos aparecendo a

seus descendentes em forma de sonho, e premonições. Pode também vir até seus descendentes através do xinguilamento, ou seja, incorporação de um morto numa pessoa viva (médium) para ditar seus de-sejos ou suas repreensões e maldições. Além dos espíritos dos antepassa-dos, os ambundos também cultuam algu-mas divindades ligadas aos elementos da natureza como as Kiandas e os Kituxis, que deverão ser continuamente apazi-guados para não causarem malefícios aos homens vivos. As crenças e modos de ver o mundo dos bantu, apesar de variar em caracterís-ticas de um povo a outro, mantém certa unidade de pensamento e crença, varian-do muitas vezes apenas a maneira de no-mearem as divindades ou os gênios da natureza. As grandes diferenças são me-ramente lingüísticas, pois as divindades são quase sempre as mesmas, com os mesmos atributos e encargos. No entan-to, o que nos foi legado pelos africanos naquilo que se convencionou chamar de candomblé de congo-angola, têm um for-te substrato bakongo como evidenciare-mos nos capítulos seguintes. No entanto, as crenças entre os bakongos e ambun-dos não oferecem diferenças estruturais como vemos nesses poucos exemplos a seguir.

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A figura do Kimbanda, entre os Ambundos, equivale à figura do Nganga entre os bakongos. O papel desempenhado pelos antepassados se equivale entre os dois povos, e também o das divindades das águas, dos fenômenos atmosféricos e naturais, portanto, nossa herança religiosa não apresenta grandes discrepâncias no tocante ao panteão ou as práticas rituais. Enquanto a Umbanda tem um caráter mais Ambundo – há uma religião muito semelhante em Angola registrada por Oscar Ribas em Ilundo - o

Candomblé de Congo-Angola tem mais elementos do povo bakongo, como demonstraremos em outro capítulo. [1] Os ambundos são o segundo maior grupo étnico de Angola e os bakongos o terceiro. [2] Bakongo plural de kongo [3] Em kikongo esse saco chama-se fútu

Por Dr. Professor Sérgio Paulo Adolfo (Tata Kiundudulu)

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Mutakalambo - O Grande Caçador Bantu

Entre os Tshokwé, o primeiro ca-

çador mitológico de todos os tempos é

Kawa ka Tschimbundu, considerado um

Hamba poderoso prescrito pelo

"Tahi" (Adivinho) na maioria das vezes

em que há necessidade de harmonizar o

caçador.

Mutá é um Hamba encontrado en-

tre os Tschokwé, no qual aparece como

uma divindade dos caçadores terrestres.

Sua representatividade é um cão, aque-

le capaz de farejar a caça, companheiro

inseparável dos caçadores e que tam-

bém recebe Itumbu (Filtros mágicos)

para adentrar as matas.

Mutá aparece sempre, nos cultos,

acompanhado de Sambongo (figura

masculina) e Nambongo (feminina) que

têm como primeira função tornar a caça

benéfica, protegendo os caçadores que

reside nas florestas. Acompanha tam-

bém Mutá o Hamba Samukishi (O se-

nhor das máscaras), aquele que recebe

a primeira Menga do animal abatido e

que somente depois será ofertado a Mu-

tá. Portanto, dentro de um Tshipan-

ga (Cercado onde se encontram os Ham-

ba), Mutá nunca se apresenta só.

Nas regiões de Luanda, Mutaka-

lombo, aparece como uma divindade

dos animais aquáticos e sob as suas or-

dens encontram-se: Kaiongo (sua espo-

sa) que também está ligada aos animais

terrestres, Samba Zundo que ocupa

também o lugar de esposa de Mutaka-

lombo.

Vale a pena res-

saltar que a clas-

se mais alta en-

tre os Bantu é a

do caçador

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Segundo Oscar Ribas: Mutakalombo - espírito que superinten-de na esfera dos animais aquáticos. En-tidade espiritual da fauna aquática. Foi cônego, saiu de Portugal, andou por muitas localidades e morreu velho, ra-zão por que assim é invocado nos seus cânticos. Finou-se num montículo de Sa-lalé, num Musseque das imediações de Luanda. É único com esse nome, passando a a-daptar nas atuações seu cão é o jacaré, de que se serve para punir uma falta grave. Em várias pesquisas Mutakalombo aparece como divindade aquática, que utiliza seu jacaré (Ou crocodilo) para arrebatar mulheres na beira d’água com a finalidade de servi-lo. Aquelas que conseguem sobreviver e retornam, rece-bem o poder de Mutakalombo para sa-cerdote. J u n t o c o m M u t á , e n c o n t r a -mos Mutanjinji, divindade feminina que superintende a esfera dos animais ter-restres, é a “Entidade da Fauna Terres-tre”.

Encontramos também Kabila que serve a Mutanjinji e tem ligação com Mutaka-lombo, sua função é a de Pastor. Quan-do um caçador não consegue abater u-ma peça de caça, e, por intermédio de um Xinguilador (Feiticeiro-Nganga), su-plica a Kabila sua intervenção, este lhe proporciona alguns animais que furta ao amo, difícil de aceder a tais pedidos. Após a caçada, o caçador, como teste-munha de verdade, apresenta ao Xingui-lador as caudas dos animais abatidos. Na sua presença, ajoelha-se bate pal-mas de reverência e, tomada à bênção, informa-o do número de cabeças mor-tas.Regressando ao mato, esquarteja to-das as peças e torna a voltar á casa do Nganga com a carga. Então, cozinham as miudezas e, com a referida iguaria, brinda os Calundus (Divindades justicei-ras e mendicantes), que se manifestam no Xinguilador em estado de possessão.

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Durante a partilha, o caçador permanece de joelhos. Em caso de ingratidão para com a divindade, isto é, se não lhe participar o resultado da caçada, jamais tor-nará a abater uma só peça. É a punição. A palavra Kabila vem de Kubila, que significa "Pastorear". Vale a pena ressaltar que a classe mais alta entre os Bantu é a do caçador, em se-guida vem a dos Ferreiros, e que vários são os ídolos de caça, mas aqui citamos apenas os conhecidos dentro do culto Angola/Kongo no Brasil.

Fonte: http://cobantu.com/divindades/minkisi_mutakalambo.htm

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Lavagem das Escadarias da

Igreja do Senhor do Bonfim

O Senhor do Bonfim (Jesus Cristo)

e Oxalá (Obàtálá/Òsàlá), são sem dúvidas

nenhuma os “santos” mais cultuados na

Bahia. Em Salvador, todo ano, na segunda

quinta-feira de Janeiro, é realizado a La-

vagem das Escadarias de Igreja do Nosso

Senhor do Bonfim, celebração sincrética

afro-católica, realizada por católicos, a-

deptos do Candomblé e da Umbanda, de-

votos de Nosso Senhor do Bonfim e turis-

tas.

Rito de purificação e fé, em que são

louvados e cultuados Nosso Senhor do

Bonfim e Oxalá, o maior de todos os Ori-

xás.

Foi Teodósio Rodrigues de Farias,

um oficial da Armada Portuguesa, quem

trouxe de Lisboa uma imagem do Cristo,

que, em 1745, foi conduzida com grande

acompanhamento para a igreja da Penha,

em Itapagipe. Em julho de 1754, a ima-

gem foi transferida em procissão para a

sua própria igreja, na Colina Sagrada, on-

de a atribuição de poderes milagrosos tor-

nou o Senhor do Bonfim (Cristo) objeto

de devoção popular e centro

de peregrinação mística e sincrética.

Dentro do Candomblé e da Umban-

da, Nosso Senhor do Bonfim (Cristo) é

sincretizado com o pai e maior de todos

os Orixás (Divindades de origem ioruba),

Oxalá, a Divindade criadora, da paz e do

branco imaculado. Que abençoa seus de-

votos com saúde, paz e vida longa. Cultu-

ado as sextas-feiras.

A Lavagem das escadarias do Bon-

fim é a segunda maior manifestação popu-

lar da Bahia, perdendo apenas para o Car-

naval, a primeira. Teve seu inicio em Ja-

neiro de 1996.

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A Lavagem é uma celebração popu-

lar sincrética afro-católica, que faz refe-

rência ao Rito das “Águas de Oxalá”, rea-

lizados nos Templos de Candomblé, reali-

zado em alguns templos no mês de Janei-

ro e em outros no mês de Setembro. Um

Rito de purificação e considerado por

muitos devotos até como um Ano Novo.

Onde é rogado a Oxalá a purificação e as

bênçãos para o novo período que se apro-

xima. Foi um meio em que as Ìyálóòrìsà

(Sacerdotisas de Candomblé) acharam pa-

ra mostrar uma das belezas de sua Cultura

religiosa aos que não pertencem a mesma.

A festa começa com a saída, pe-

la manhã, do tradicional cortejo de baia-

nas da Igreja de Nossa Senhora da Con-

ceição da Praia, o qual segue a pé até o

alto do Bonfim, para lavar com vassou-

ras e água de cheiro as escadarias e

o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bon-

fim. Todos se vestem de branco, a cor de

Oxalá, e percorrem 8 km em procissão,

desde o largo da Conceição até o largo do

Bonfim. O ponto alto da festa ocorre

quando as escadarias da igreja são lavadas

por cerca de 200 baianas vestidas a caráter

que, de suas quartinhas - vasos que trazem

aos ombros - despejam água nas escadari-

as e no átrio da igreja, ao som de palmas,

toque de atabaque e cânticos de origem

africana.

Terminada a parte religiosa, a festa

continua no largo do Bonfim,

com batucadas, danças e barracas

de bebidas e comidas típicas.

É uma festa maravilhosa. Repleta de

muita fé, tanto dos adeptos da Umbanda e

do Candomblé, quanto por parte dos de-

votos de Nosso Senhor do Bonfim, alegri-

as e bênçãos!

Salve Nosso Senhor do Bonfim e

Salve Oxalá.

Êpppaaaa Bába!!!

Por Hérick Lechinski

(Ejòtolà T’Òsùmàrè)

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Festa de Iemanjá em Salvador 02 de Fevereiro

Sem trios elétricos e outros carros de som, proibidos pela Justiça, a última grande fes-

ta popular da Bahia antes do Carnaval começou na madrugada desta quinta-feira (2)

com uma alvorada e chuva na praia do Rio Vermelho, em Salvador. Desde as 4h30

milhares de baianos e turistas, quase todos vestidos de branco e azul, estão reverenci-

ando Iemanjá, a “rainha das águas”, com presentes, orações, música e dança. Perto

das 7h30, o sol já atingia a capital baiana. A festa, a maior do país em homenagem ao

orixá, ocorre anualmente na mesma data.

Ao contrário dos últimos dois anos, os pescadores conseguiram entregar o “presente

principal” para Iemanjá pela manhã, uma das maiores tradições da festa. No total, 30

artistas plásticos se uniram para confeccionar uma concha em resina, ornamentada

com 40 pérolas. Em 2010, o caminhão que transportava o presente foi apreendido pe-

la Polícia Rodoviária Estadual por apresentar irregularidades na documentação e, no

ano passado, a escultura encomendada a um artista plástico de São Paulo sofreu dani-

ficações durante a viagem até a capital baiana.

Pela manhã, o cantor e compositor Carlinhos Brown, que concorre ao Oscar na cate-

goria “Música Original” (parceria com o compositor Sérgio Mendes), também foi ao

Rio Vermelho prestar suas homenagens para Iemanjá. Acompanhado por cerca de 100

timbaleiros, Brown afirmou que há muitos anos comparece à festa para fazer orações

e pedir paz.

“Sem os trios elétricos e carros de som a festa voltou à originalidade. Está mais bo-

nita porque são os devotos a razão de ser de Iemanjá”, disse a professora mineira A-

na Rita Almeida, 32, que há oito anos consecutivos vem a Salvador para reverenciar

Iemanjá.

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A decisão de impedir a circulação de trios elétricos e carros de som durante a festa foi

tomada por moradores do bairro. Após receber muitas queixas, o promotor Heron

Santana (Justiça e Meio Ambiente) fez um acordo com a Prefeitura de Salvador. “O

Rio Vermelho é uma região muito estreita e não comporta grandes veículos de som.

Além disso, estudos da Polícia Militar revelam que a festa ganhou agressividade de-

pois que os carros de som passaram a fazer parte do evento”, disse o promotor.

“Os trios estavam descaracterizando a festa. Como a prefeitura não tomou nenhuma

providência, tivemos de recorrer ao Ministério Público”, disse o presidente da Associ-

ação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho, Lauro Matta.

Logo após a alvorada, os fiéis começaram a colocar os presentes (flores, espelhos,

pentes, perfumes, entre outros) em 300 balaios. De acordo com os organizadores da

festa, 250 embarcações vão transportar as oferendas para o mar no final da tarde.

Tradição A festa em homenagem à “rainha das águas” ganhou popularidade no começo da dé-

cada de 20 do século passado, quando centenas de pescadores contaram que os

“peixes estavam desaparecendo do mar”. Para melhorar o desempenho de suas ativi-

dades, os pescadores fizeram uma promessa para Iemanjá. “A partir daí, todos os a-

nos, eles renovam esta promessa”, disse José Antonio Marques, professor de história.

*De acordo com informações da PM, cerca de 500 mil pessoas participaram da festa

para Iemanjá.

Matéria de Luiz Francisco

Fonte: http://carnaval.uol.com.br/2012/noticias/redacao/2012/02/02/

justica-proibe-trios-e-carros-de-som-na-festa-de-iemanja.htm

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ÒRÌSÀ DO MÊS

Olókum - a Riquíssima Deusa

dos Mares

Olókun é um Òrìsà funfun, uma das mais an-tigas divindades do panteão Iorubá. É a ver-dadeira Senhora dos Oceanos e Mares. Irmã de Olósa (Deusa das Lagoas) e esposa de Odùdúwà (o Patriarca dos Iorubás). É a Mãe de Yèmoja (Divindade do Rio Ògùn), Yèmowó (Esposa de Obàtálá) e Ajésálúngà (Divindade da Riqueza). Olókun também foi esposa de Òrúnmìlà (Òrìsà da Sabedoria). Olókun é bastante cultuada em Ilé Ifè, na Ni-géria, tem seu festival anual celebrado junto a Olósa, sua irmã e rival. No Brasil (Candomblé), o culto a Olókun per-

deu-se e Yèmoja, sua filha, que é uma divin-dade de água doce (Rio Ògùn) na Nigéria, tomou o lugar de sua mãe, tornando-se a Se-nhora dos Mares. Em Cuba (Santeria), o culto a Olókun foi preservado, porém, Olókun passou a ser cul-tuado como uma Divindade masculina, ou até mesmo andrógina, quem sabe, isso se dê ao fato de Odùdúwà (esposo de Olókun), tam-bém possui o título de Oba Olókun (Rei Se-nhor dos Mares), assim como Ifá, que tam-bém detém o título de Olókun (Senhor dos Mares). Hoje, com o resgate do Èsìn yorùbá no Brasil e em muitos outros países, aos poucos as pessoas estão realmente conhecendo e apren-dendo o verdadeiro culto a Olókun. Olókun é cultuada na Nigéria, no Ojó Awo (Dia do Segredo), segundo dia da Semana Tradicional Iorubá. No Brasil, a mesma pas-sou a ser cultuada no sábado (Ojó Àb|méta), dia em que são cultuadas as Ìyába – Rainha Mãe, como Yèmoja, Òsun, Yèwá, etc. Senhora dos Mares, o Mar é sua morada, O-lókun é cultuada para proporcionar prosperi-dades e riquezas para seus devotos. Já que, todas as riquezas existentes no Mar, são per-tinentes a Olókun. Suas cores são o branco, o azul marinho e o preto. Suas principais oferendas são Èko (massa de milho branco cozido), Àkàrà (bolinho de fei-jão fradinho frito em azeite de dendê), Ègbo (milho branco cozido), Àgbón (coco), Ìrèké (cana de açúcar), Oyin (mel), Obì (nós de co-la), Àkè ewéré (cabra), Adiè (galinha), Eyelé (pombo) e Ìgbín (caramujo). Os ìtàn (relatos míticos iorubas) contam que logo que chegou ao Àiyé (Mundo terrestre), Olókun não gostou do que viu, discórdia

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entre os mortais, confusão, negligência, etc, então, resolveu consultar Òrúnmìlà, que após consultar Ifá (oráculo), determinou que Oló-kun realiza-se o ebo (sacrifício) determinado, depois de realizado o Ebo, uma nova morada surgiu para Olókun morar, o Mar, foi onde a mesma construiu seu castelo, repleto de ri-quezas. Muitos dizem que Olókun não gosta muito dos humanos, que é uma divindade bastante complexa, e todos os seres que não respeitam sua morada, o Mar, viram alimentos para seus animais, os peixes. Olókun possui enorme amizade e apreço por Òrúnmìlà, que foi seu esposo e adivinho, e todos os devotos de Òrúnmìlà (Ifá) que pos-suem bom caráter, são abençoados por Oló-kun, com prosperidades, em todos os setores de sua vida. Os Elementos de Culto a Olókun são: Igbá funfun (cabaça branca), Òkòtó funfun (concha branca), Efun (argila branca), Owó eyo (búzios), etc. No Brasil (candomblé) não raspa-se (Inicia) pessoas deste Òrìsà, assim como em Cuba (santeria), quando h| Omo Olókun (filhos de Olókun), os mesmos são iniciados para Yèmoja, sua filha.

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

Saravá Iemanjá 02 de Fevereiro

“...A areia do Mar é seu colchão. A espuma do Mar é seu lençol. Seu travesseiro é pedra branca. A onde Iemanjá vem cantar...”

Odoiá Iemanjá!!!

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Agbé - O Grande Vodùn dos Oceanos

Agbê é o Vodun senhor de Hu, o Mar. Está entre os Tô-vodun, cultuado, sobretudo pe-los hweda, nas circunvizinhanças de Uidá e Grande Popo, no Benin. Ele foi o terceiro filho de Mawu, gerado com sua irmã gêmea Naeté. Ele é representado por u-ma serpente, um símbolo que representa tudo que é perene. Um de seus filhos mais temidos é Dan Toxosu, que manifesta sua própria imagem, nos nasci-mentos de bebês com deformações físicas, pois os fon consideram que crianças com defor-midades são protegidos por Tohosu ou Toxosu (lê-se: Torrossu). A festa anual de Agbê (chamada Gozìn), que celebra a aliança entre os homens e o mar, ocorre em Grande Popo no litoral sudoeste do Benin (antes, em Uidá) todo dia 10 de janeiro, dia que o governo beninense decretou em 1996, como feriado nacional, dedicado à herança ancestral da tradição vodun. A cerimônia, muito concorrida por iniciados do culto vodun vindos de várias partes do Benin, mas ainda também do Togo, Haiti, França, Canadá, EUA e Brasil, é dirigida pelo mais respeita-do sacerdote de Agbê entre os fon, que é o Daagbo Hunon, cuja tradição remonta ao Século XIV. Para muitos, o Daagbo Hunon é o mais importante sacerdote de toda a religião dos voduns.

Fonte: Wikipédia, a Enciclopédia livre

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OS ÒRÌSÀ MAIS CULTUADOS NO

CULTO TRADICIONAL

YORÙBÁ

O L Ó D Ù M A R È / O L Ó R U N /OLÚWA: Para os iorubas, Olódùmarè é o

Deus supremo, não é cultuado com oferendas e nem com sacrifícios, é apenas saudado e venerado. D’Ele vem o axé dos orixás. Cultua-mos Olódùmarè, cultuado os Irúnmolè (Divindades). ILÈ/ONÍLÈ/ÀPÈPÈ-ALÈ: É a Grande Mãe Ter-ra, a Dona da terra, homenageada (cultuada)

para que sempre haja existência, saúde e vida longa. ÈSÙ/ÀGBÓ-ÒDÀRÀ/ELÉGBÁRA: Divindade masculina e primordial, guardião da casa de Olódùmarè/Deus, mensageiro entre as Divin-dades e Senhor do Àse (força vital). Seu culto é indispensável antes de qualquer ritual. Deus da ordem, disciplina e organização, cultuado por seus iniciados e devotos para que aja is-so. OBÀTÁLÁ/OBÀTÁRÌSÀ/GBEGBEKÚNÈGBÈ: Grande divindade, primogênito de Olódùmarè, líder de todos os Funfun (Divindades da Criação), relacionado { cria-ção do Mundo e dos corpos humanos, cultua-do por seus devotos para se ter saúde, longe-vidade e sabedoria. ÒDÙ/ODÙLOGBOJE/ÌYÁ-ELÉHÀÁ: Divindade feminina primordial, representada pelo Igbá Odù (Cabaça de Odù), também chamada de Odùa, é a primeira esposa de Òrúnmìlà, “mãe” de todos os odù. A Iniciação dentro do culto desta Divindade é chamada de Ìpínodù/Ìpanodù. Cultuada assim como Òrúnmìlà, pa-ra que aja a correção de um destino negativo, equilíbrio e realizações por parte de seus de-votos e iniciados.’ ÒRÚNMÌLÀ/IFÁ/ÀGBONMÌRÈGÙN: O Vice de Deus (Olódùmarè), Senhor da sabedoria e do destino, senhor dos oráculos sagrados. Cultuado assim como Ìyá Odùa, para que a pessoa encontre-se na vida, conheça seu des-tino e trilhe por caminhos melhores. A inicia-ção dentro do culto de Òrúnmìlà chama-se Itefá, pode ser realizada por todas as pessoas que desejem a correção de seu destino nega-tivo ou uma vida plena de realização.

YÈMOWÓ: Divindade (Funfun), mulher de Obàtálá, está ligada a menstruação e aos bú-zios. É cultuada por mulheres que possuam problemas menstruais, e para a aquisição de filhos e prosperidades.

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ÈLÀ: Em Abéòkúta, Èlà é uma divindade fe-minina, considerada uma das esposas de Òrúnmìlà, divindade da luz, da paz e da har-monia. Cultuada por seus devotos, para pos-suir um destino harmônico, prospero e feliz. ÀPÉRÉ/ORÍ-INÚ/ÌPÍN-ÈDÁ (ORÍ): Divindade primordial. Está relacionado à origem de cada ser, é a Divindade primordial e pessoal de ca-da pessoa. É a Divindade que faz a ligação da pessoa com seus Ancestrais, Divinos e Mate-riais. Após Èsù, é a primeira Divindade (Irúnmolè) que uma pessoa deve louvar, cul-tuar e agradecer. TODOS devem propiciar (cultuar) Orí, este Òrìsà é cultuado para e-quilíbrio TOTAL e REALIAZAÇÃO. ÀJÀLÀ: Òrìsà funfun, divindade também mui-to ligada a Obàtálá e foi uma das quais tam-bém tiveram seu culto esquecido no Brasil, ou então, miscigenado ao de Obàtálá (Oxalá). É uma Divindade que possui seu culto ligado ao da Divindade Orí (Àpéré). Cultuado para trazer equilíbrio mental, emocional e espiritu-al. ÒKÈ/OLÓKÈ/AJÍBÍSE: Òrìsà Funfun, Divinda-de da Montanha, muito Ligado a Obàtálá. No Brasil, seu culto foi confundido com o de O-bàtálá (Òsàlá) e o de Sàngó, mas é uma di-vindade totalmente distinta de ambos, com culto próprio. No Brasil é bastante cultuado no Candomblé de Nação Èfòn. É Cultuado para elevação material ou espiritual do ho-mem. ODÙDÚWÀ: Òrìsà funfun, irmão de Obàtálá e esposo de Ìyá Olókun. Divindade considera-da por muitos iorubas como criadora do Mundo (Àiyé), grande Ancestral da humani-dade, o patriarca da Civilização Iorubá. Cul-tuado para que sempre tenhamos boa condu-ta e vitórias. OLÓKUN: Divindades dos mares e oceanos, esposa de Odùdúwà e mãe de Yèmoja e Ajé-sálúgà. No Brasil, teve seu culto esquecido e seus domínios perdidos para Yèmoja, sua fi-

lha. Divindade cultuada para que haja felici-dade, prosperidade e riqueza. OLÓSÀ: Divindade dos lagos e lagoas, irmã de Olókun e também sua grande rival. Tam-bém foi esposa de Odùdúwà. É cultuada para que haja purificação espiritual. YÈMOJA/ÀWÒYÒ/OLÓMÚ: Irúnmolè (Orixá) do Rio Ògùn, na Nigéria, filha de Olókun e mãe de Òsun, é a Deusas da pororoca (encontro do rio com o mar) e da pesca. A Divindade mais cultuada no Brasil. Garante aos seus devotos proteção, prosperidade e u-ma boa pesca. AJÉSÁLÚGÀ/ÒGÚNGÚNNÍSÒ/ALÁJÉ: Filha de Olókun, Divindade das espumas do Mar e da Riqueza. Proporciona aos seus devotos rique-zas em todos os âmbitos. ÒRÌSÀ OKO (Aja-n-gele): Òrìsà funfun, foi um grande caçador. Divindade fálica da fa-zenda e do inhame. Cultuado para que haja fartura dentro de casa e na vida de seus de-votos. ÒGÚN/LÁKÁAYÉ/YÁNKÁNNÍRÈ: Orixá pri-mordial, líder de todos os caçadores, filho de Odùdúwá, foi a divindade que descobriu o ferro, tornando-se o regente do mesmo, pro-tege todas as pessoas que trabalhem com este elemento. Muito importante para o desenvol-vimento da humanidade, abre os caminhos, protege seus devotos contra acidente e assal-to. ÒSÓÒSÌ (Òrìsà-ode-aperan): Caçador que veste Màrìwò pààko, foi o principal discípulo de Ògún na arte da caça, tornando-se o caça-dor de uma única flecha, possui o poder da estratégia, poder esse que abençoa seus devo-tos e cultuadores. É também bastante cultua-do para acabar com a negatividade advinda das Àjé (feiticeiras) sobre uma pessoa. ÌJA: Caçador irmão mais novo de Ògún, pos-sui os mesmo atributos de Ode Òsóòsì e é

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cultuado para a mesma finalidade, proteção, fartura e estratégia. ERINLÈ (Òsòòsin): Grande caçadora, muito poderosa, tem forte ligação com a Magia (Ìy|mi) e Òsanyìn, para muitos é esposa de Ògún, para outros de Òsanyìn e para outros ainda, é esposa de Olóògùn Ede. Ligada aos Elefantes, é protetora das caçadoras. Cultuada para trazer prosperidade e coragem. OTIN: Caçadora, possui quase os mesmos a-tributos de Erinlè e proporciona as mesmas bênçãos, é esposa de Ode Òsóòsì. OLÓÒGÙN EDE: Divindade MASCULINA, o grande Feiticeiro de Ede, filho e mensageiro de Òsun, ligado a Ìyámi, é cultuado para tra-zer força, sabedoria e dinheiro. Dá aos seus iniciados e devotos o poder do “encantamento”. ÒSANYÌN: Divindade das folhas, ligada à cura e a magia (possui grande ligação com Ìyámi Òsòròngà), cultuado para que sempre tenha-mos saúde, divindade bastante cultuada por Curandeiros (Onísegùn) e Magos (Olóògùn).

AKÓGÙN: Divindade relacionada com a ma-gia e com Òsanyìn, cultuada para aumentar poderes de magia.

EDAN: Divindade feminina, primordial, filha de Alálè (Ìy|mi Ayé), cultuada na Egbé Ogbó-ní. É cultuada para que haja equilíbrio terres-tre. OMOLÚ/BÚRUKÚ: No culto tradicional Yorùbá (tradição religiosa de Abéòkúta), é o nome pelo qual a divindade Nàná Bùkúù é chamada, divindade da terra e da água, da bexiga, considerada por alguns, como mãe de Obalúayé, por outros, como esposa do mes-mo, é cultuada para evitar morte prematura e doença. SÒNPÒNNÁ/OBALÚAYÉ/BÀBÁ OLÓDE: Di-vindade da terra, da quentura, da febre e das doenças contagiosas. Cultuado para evitar do-enças e morte, também está relacionado à prosperidade. ÒSÙMÀRÈ (ESÙMARÈ)/ EJÒLÁ/ ARÁKA: Di-vindade do Arco-íris e da transformação, rela-cionado às águas da chuva e as águas dos ri-os, é a divindade responsável pelo fluxo das águas no Mundo (Àiyé), está também relacio-nado à Lua (Òsùpá), muito ligado a Omolú, quando cultuado por seus devotos, ajuda o ser humano a melhorar de vida, prosperar, enriquecer. IJÒKÚ: Esposa de Òsùmàrè, divindade cultua-da junto ao mesmo, gerando o equilíbrio de sua energia, cultuada para proporcionar vida longa e prosperidade. YÈWÁ: Divindade feminina, do rio Yèwá em Egbádo, relacionada às serpentes, a Òsùmàrè e a Òrúnmìlà, alguns acreditam ser esposa de Obalúayé. É cultuada para trazer serenidade. OLÚWÉRÉ (ÌRÓKÒ): Divindade cultuada aos pés do Ìrókò - Arvore sagrado, faz tanto o bem quanto o mal, ajuda as mulheres a en-gravidar e aos homens a terem vida longa, mas também é capaz de provocar a hemorra-gia e o aborto. No Brasil foi apenas chamado

de Ìrókò. Deixamos claro que, mesmo

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Olúwéré sendo uma Divindade cultuada aos pés do Ìrókò, a Igi Ìrókò (Árvore Ìrókò) pos-sui suas particularidades dentro do culto. SÀNGÓ/ÀRÌRÀ/AYÍLÉGBÉ ÒRUN: Grande di-vindade, senhor do trovão e o amado marido de Oya. É cultuado para trazer longevidade e bens materiais. OYA/ÌYÁSAN/ABORÍMÉSAN: Divindade femi-nina, do rio Oya (Niger), uma das esposas de Sàngó, a preferida, sempre cultuada junto ao mesmo, é ligada aos ventos e aos nossos an-cestrais (Egún), tem força para trazer bons acontecimentos, cultuada para purificação e força de realização. ÒSUN/ÒSÉMINÍBÚ/ÒPÀRÀ: Divindade femi-nina, Funfun (da Criação). Òsun foi uma grande rainha em terras Ìjèsà, foi esposa de Òrúnmìlà, Ògún, Òsóòsì e Sàngó, mãe de Olóògùn Ede, é a divindade que rege a gesta-ção, o nascimento. Senhora do rio Òsun em Òsogbo, é a Senhora do cobre e do ouro. Cultuada por mães que desejam ter filhos (sadios), para pessoas que buscam a prospe-ridade e o luxo. Propicia casamentos, bons filhos e prosperidades aos seus seguidores. OBÀ: Divindade feminina, do rio Obà, uma das esposas de Sàngó, que lidera a Egbé Elékò (Sociedade composta apenas por mu-lheres guerreiras – amazonas), cultuada para que não haja desentendimentos no casamen-to. DÀDA ÀJÀKÀ: Irmão mais velho de Sàngó, foi um dos reis (Aláàfìn) de Òyó, é cultuado para trazer liderança, principalmente as lide-ranças justas e pacificadoras, está ligado as crianças que nascem de cabelo enrolando, chamadas de Dàda. No Brasil, Àjàkà passou a ser cultuado como um título (qualidade) de Sàngó, mas não é, e sim seu irmão, de perso-nalidade bem distinta inclusive. AGONJÚ: Filho de Àjàkà foi também um dos reis (Aláàfìn) de Òyó, est| ligado a terra e aos

vulcões. No Brasil é cultuado também como um título (qualidade) de Sàngó (Olùfínràn), mas não é, é uma divindade distinta, tal qual seu pai. Cultuado para trazer força e vencer inimigos. BÁYÀNNÌ: Irmã mais velha de Sàngó, ajudou ele a se tornar rei de Òyó, tem força para le-var o homem a fama e é cultuada por seus devotos para tal. ÒRÁNMÍYÀN: Grande rei, filho de Odùdúwà (o patriarca dos Iorub|s) e pai de B|y{nnì, Àjàkà e Sàngó, foi o primeiro rei de Òyó. No Brasil, assim como Àjàkà e Agonjú, é cultua-do como se fosse título (qualidade) de Sàngó, mas é uma divindade distinta do mesmo, seu PAI e ANCESTRAL. Òránmíyàn é cultuado para que haja liderança bem sucedida e paz. ÌBEJÌ/ÈJÌRÉ/EDÚNJOBÍ: É a Divinização dos Gêmeos, ou seja, Gêmeos que se tornam di-vindades. Divindade que protege os gêmeos. Divindade da Dualidade de uma forma geral. Cultuado por famílias, pais e irmãos que pos-suam gêmeos na família, propiciam bênçãos e realizações em todos os sentidos. ÌDÒWÚ: É um aspecto de Èsù que está rela-cionado à Ìbejì. Representado pela criança que nasce após os gêmeos. Toda pessoa que cultua Ìbejì, tem que cultuar Ìdòwú também, para que aja a realização do que foi pedido a Ìbejì.

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KÓNKÓTO (KÓRI): Kóri é uma divindade não conhecida no Brasil (Candomblé), em Cuba (Santeria) é considerada uma Oxum. Kóri é uma divindade jovem (Èwe) e proteto-ra dos jovens. É considerada uma jovem caça-dora, protege os jovens e também as crianças órfãs e adotadas. ARÁGBÓ (EGBÉ): É uma sociedade composta por espíritos amigos, que encontram-se em sociedades no Òrun (espaço espiritual), lide-rada por Ìyálóde e Jàgùn. Propiciam ao seus cultuadores, alegrias, bem estar, amizades, boa convivência social e realizações. EGÚNGÚN: É o Culto aos Ancestrais Masculi-nos, cultuado tanto por homens, quanto por mulheres, para o aperfeiçoamento familiar e social. GÈLÈDÈ: É o Culto aos Ancestrais Femininos, realizado de maneira coletiva, cultuada tanto por homens, quanto por mulheres, para o a-perfeiçoamento familiar e social. ÌGUNNOKO: Divindade da Agricultura, está relacionado aos Ancestrais Masculinos e Fe-mininos de modo coletivo. Cultuado para proporcionar boas colheitas, fertilidade a ter-ra e as mulheres. Comunhão com os ances-trais e paz social. AGEMO: É uma sociedade masculina. ORÒ: É uma sociedade masculina, completa-mente restrita a homens.

ÌYÁMI ÒSÒRÒNGÀ/ELÉYE/EYENÍMÒÒRÈ: Divindade feminina, da magia e bruxaria, Deusa das Feiticeiras. Aspecto negativo da grande Mãe Odùa. Cultuada de maneira apa-ziguadora, para proteção contra o mal, contra feitiços e para barrar o mal advindo de Àjé (feiticeira) e Osó (feiticeiro). Divindade bas-tante perigosa. CUIDADO.

Por Zarcel Carnielli (Òsàlásínà) e Hérick Lechinski (Ejòtolà)

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Kosì – Pessoa não iniciada e não freqüentadora do culto.

Pessoa que não entende nada do culto.

Ahɛ - pessoa não iniciada, po-

rém frequentadora do Vodùnsínsεn.

Hùnɖoté – Pessoa não inicia-da que nasceu para o sacerdó-

cio

Vodúnsì - Qualquer pessoa integrante e iniciada ao

Vodùnsínsεn.

Ahè - Neófito. Pessoa que aca-bou de ser iniciada.

Hùnsi - Ahè de Vodùn

Yáwó, anagó ou anagónù -

Ahè de Vodùn Anagonú ou de um Òrísá. Vodùn Anagonu é um Vodùn de origem Nagô/

Yorubá como: Gŭ, Sakpatá, Ocùn, Cangó, Olisá e outros.

Vodùnsíhè – Aquele que é ini-ciado no Vodùnsínsεn há pou-

co tempo, ou seja, antes de receber o status de maior ida-de espiritual ou de sacerdote.

Vodúnnɔ/Vodúnná ou Hùnnɔ/

Hùnná - Aquele que recebeu o

direito de ser um sacerdote de

um Vodùn após os sete anos.

O recebimento do Mákpo que

seria a cetro que se usa apoia-

do nos ombros que simboliza o

Vodùn no qual fora consagrado

a pessoa recebe o nome do

Vodùn com o sufixo ´´nɔ´´. E-

xemplo: Sakpatánɔ, Sógbónɔ,

Gúnɔ e etc...

OBS: Para receber o Mákpo e

o nome do Vodùn a pessoa

tem que ter o seu próprio

Hùnkpámε.

Hùngán – Seria um segundo

estágio sacerdotal. É aquele

sacerdote que formou Vodúnnɔ

sacerdotes assim imediata-

mente recebe o título de

Hùngán. Exemplo: Hùngán S-

ógbónɔ ou Hùngán Sógbósí.

Aqui acontece o recebimento

do Kpogε que seria uma ben-

gala que simboliza que você

agora é o chefe de mais de

uma comunidade.

OBS: O Kpogɛ também é rece-

bido pelo mais velho de um a-

xé.

Hùngbónɔ/Hùngbóná – Seria

o terceiro estágio sacerdotal. É

aquele sacerdote que formou

três Hùngán. Exemplo: Hùng-

bónɔ Sakpatánɔ ou Hùngbónɔ

Sakpatásí.

Ɖaxó Vodúnnɔ/Ɖaxó Vodún-

ná– Seria o quarto estágio sa-

cerdotal. É aquele sacerdote

que formou seis Hùngbónɔ e

está na linha de sucesso do

akɔ.

Ɖaxó Vodúnsɛnnɔ/Ɖaxó Vo-

dúnsɛnná - Seria o quinto e

último estágio sacerdotal. É

aquele sacerdote que formou

dois Ɖaxó Vodúnnɔ.

Gănyăkú ou Găyăkú – Seria o

título máximo sacerdotal de u-

ma mulher em uma comunida-

de. A líder dos segredos da

morte.

Cargos Pré-Sacerdotais e Sacerdotais no

Vodùnsínsen (Religião dos Vodùn)

Page 23: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Ɖoté/Ɖotε ou Ɖoné/Ɖonε – Seria a pessoa que concretizou

a missão que lhe foi dada ao nascer para o sacerdócio. E-

xemplo: Ɖotε Vodúnnɔ

Cargos em um Hunkpame

Gbεnúgăn – Líder espiritual

Akɔsú / Akɔsí – Líder do Clã

Akɔvĭ – Filhos do clã

Kpεnjígàn – Aquele que é res-ponsável por tudo do Tòvodùn

e pelo Kpεnjí

Gànnyikpεn – Auxíliar do Kpεnjígàn e é aquele que é

responsável pelas invocações dos voduns da casa.

Hunsεgăn – Aquela que é a

responsável pelo culto interno que auxilia o sacerdote. Seria a

senhora que dá o poder aos voduns. Mão abençoada. Não

incorpora.

Náhútɔ ou Náhúgăn – Aquele que preside uma cerimônia de

imolação

Lànhútɔ – Sacrificador dos Vo-duns.

Sεnmátɔ – Aquele que conhe-ce as folhas e sabe colhe-las.

Amáwăfá – Aquele que é en-

canta e prepara as folhas.

Hùnɖevá – Homem de confi-ança do sacerdote e conselhei-

ro que não incorpora.

Hùnsεsí – Primeira mulher de confiança do Tòvodùn e conse-

lheira que não incorpora.

Hùnasísí – Segunda mulher de confiança do Tòvodùn e conse-

lheira que não incorpora.

Hùnayă – Terceira mulher de confiança do Tòvodùn e conse-

lheira que não incorpora.

Hùnasε - Quarta mulher de confiança do Tòvodùn e conse-

lheira que não incorpora.

Hùnasɔ - Quinta mulher de confiança do Tòvodùn e conse-

lheira que não incorpora.

Hùnakɔ - Sexta mulher de con-fiança do Tòvodùn e conselhei-

ra que não incorpora.

Hùnsɔ – Mulher responsável pelas danças no agbasá e res-

ponsável em retirar as vísceras dos animais sacrifica-dos. Também exerce a função de mãe criadeira. Não incorpo-

ra.

Mεhùntɔ – Homem de confian-ça e auxiliar dos ritos espiritu-

ais do sacerdote.

Mεhùnná/Dɛlɛ - Mulher de confiança e auxiliar dos ritos

espirituais do sacerdote.

Xwékúntɔ – Auxíliar do Mεhù-ùntɔ.

Xwékúnná - Auxíliar da Mεhù-

ùnná/Dɛlɛ.

Daáhùntɔ – O pai da comuni-dade. A pessoa que transmite os recados da comunidade pa-

ra o sacerdote

Năhùnná – A Mãe da comuni-dade. A pessoa que transmite os recados da comunidade pa-

ra o sacerdote

Agùntɔ - Auxíliar do Daáhùntɔ.

Agùnná – Auxíliar da Năhùnná.

Hùnɖútɔgàn/ Hùnɖúgán /

Sεnɖúgàn – Aquela que tem o conhecimento das comidas sa-

gradas.

Hɔnzεngàn – Aquela que é responsável por todas as

Gɔzìn da casa e por Legba Honnukɔn.

Ɖogàn – Aquele ou aquela que

é responsável por Legba e a cerimônia do Legbalile.

Page 24: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Ɖónúgán - Aquele ou aquela

que é responsável por invocar

Legba

Gànkútɔ – Aquele que é res-

ponsável em fazer contato com

os ancestrais e responsável

por Ayìzán

Ɖókpεngàn – Aquele respon-

sável pelas cerimônias fúne-

bres.

Huntɔ – Tocador de atabaques

Huntɔgán – Chefe dos tocado-

res de atabaques.

Agbájígán – Aquele que é res-

ponsável pela tranqüilidade do

salão de culto e também pelos

cantos.

Hánjítɔ – O Cantador do culto.

Auxíliar do Agbájígán.

Găntɔ – Tocador do Găn. O

marcador do ritmo.

Atìngán – Aquele que é res-

ponsável pelas árvores sagra-

das.

Fátónɔ – Aquele que tem o po-

der do oráculo na comunidade.

Fátóná - Aquela que tem o po-

der do oráculo na comunidade.

Gugbasávĭ – Aquele respon-

sável pelo tratamento do Vo-

dun Gu e as facas da casa.

Azɔntɔ/ Azɔnkpɔntɔ – Aquele

responsável por Sakpatá.

Asɔgbá – Aquele responsável

pelos rituais de Sakpata.

Sεtɔgán – Aquele responsável

por encantar as águas e o po-

ço.

Dangɔvĭ – Aquele responsável

por Dangbé.

Sòsúgàn – Aquele resposável

por Sógbó e por encantar o fo-

go

Aganmávĭ – Aquele responsá-

vel por Lisà

Măgán – Aquele responsável

pelas rezas e invocações dos

Voduns

Por Ralph Mesquita (Doté Zodaáví)

Page 25: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Batuque é uma religião afro-

b r a s i l e i r a d e c u l t o

aos orixás encontrada

principalmente no estado

do Rio Grande do Sul,

no Brasil, de onde se

estendeu para países vizinhos

como Uruguai e Argentina. É

fruto de religiões dos povos

da Costa da Guiné e

da Nigéria, como as

nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabi

nda e Nagô.

Etimologia

A palavra "batuque" se

originou do verbo "bater”,

numa referência ao bater dos

tambores t íp icos das

cerimônias da religião.

História

A estruturação do batuque no

estado do Rio Grande do

Sul deu-se no início do

século XIX, entre os anos de

1833 e 1859 (Correa, 1988

a:69). Tudo indica que os

primeiros terreiros foram

fundados na região de Rio

Grande e Pelotas. Têm-se

notícias, em jornais desta

região, matérias sobre cultos

de origem africana datadas de

abril de 1878, (Jornal do

Comércio, Pelotas). Já

em Porto Alegre, as notícias

relativas ao batuque datam da

segunda metade do século

XIX, quando ocorreu a

migração de escravos e ex-

escravos da região de Pelotas

e Rio Grande para a capital.

Lembrando sempre que a

língua usada é a iorubá. Cabe

enfatizar e esclarecer que o

batuque não é um segmento

do candomblé baiano, muito

ao contrário, tendo liturgia e

fundamentos próprios, nada

semelhantes ao candomblé.

Os rituais do batuque seguem

fundamentos, principalmente,

das raízes da nação Ijexá,

proveniente da Nigéria e dá

lastro a outras nações como

os je jes do Daomé,

hoje Benim, Cabinda (enclav

e Angolano), Oyó e Nagô, da

região da Nigéria.

O batuque surgiu como

diversas religiões afro-

brasileiras praticadas no

Brasil. Tem as suas raízes

na África, tendo sido criado e

adaptado pelos negros no

tempo da escravidão. Um dos

principais representantes do

batuque foi o Príncipe

Custódio de Xapanã. O nome

batuque era dado pelos

brancos, sendo que os negros

o chamavam de Pará. É da

junção de todas estas nações

que se originou esta cultura

conhecida como batuque. Os

nomes mais expressivos da

antiguidade e de tempos

atuais que, de uma maneira

ou de outra, contribuíram

para a continuidade dos

rituais, foram:

Nagô — Imbrain de Oyá

(SERGS), Volni de Ogun,

Enio Gonçalves de Ogun,

Leda Feijó de Oxum, Norma

Feijó de Xangô, João Pinho

de Xangô, João Cunha de

Xangô, Veleda de Bará

Adague, Arminda de Xapanã,

Vó Lúcia , Zé Coelho de

Odé, Professor Lino Soares

de Odé, Albertina de Bará,

Vó Diva de Odé, Vô

Lourenço de Odé, Gersom de

Oxalá, Eurico de

Olufonjàyé (I.A.N.O), entre

outros.

O Batuque

Page 26: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Ijexá — Paulino de Oxalá Efan, Maria Anto-

nia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel

Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), Jovita

de Xangô; Miguela do Bará, Pai Idalino de

Ogum, Estela de Yemanjá, Ondina de Xapa-

nã, Ormira de Xangô, Pedro de Yemanjá,Pai

Tuia de Bará,Pai Tita de Xangô; Menicio Le-

mos da Yemanjá Zeca Pinheiro de Xapanã,

Mãe Rita de Xangô Aganju,entre outros.

Oyó — Mãe Emília de Oyá Lajá, princesa

Africana , Pai Donga da Yemanjá, Mãe Gra-

tulina de xapanã, Mãe "Pequena" de Obá,

Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoni-

nho da Oxum, Nicola de Xangô, Mãe Moça

de Oxum, Miguela de Xangô, Acimar de

Xangô, Toninho de Xangô e Tim de Ogum,

entre outros.

Jeje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe

Custódio de Xapanã, João Correa de Lima

(Joãozinho do Exú By) responsável pela ex-

pansão do Batuque no Uruguai e Argentina,

Pai Betinho de Xapanã, Zé da Saia do Sobô,

Loreno do Ogum, Nica do Bará, Alzira de

Xangô, Pai Pirica de Xangô;Mãe Dada de

Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará;

Pai Nelson de Xangô, Pai Vinícius de Oxalá

entre outros.

Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos

de Xangô Kamuká(considerado Rei da nação

de Cabinda); Maria Madalena Aurélio da Sil-

va de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai

Henrique de Oxum, Pai Romário de Oxalá,

Pai Gabriel da Oxum,Mãe Marlene de O-

xum, Pai Cleon de Oxalá, Paulo Tadeu do

Xângo Toqui,Pai Jango de Xapanã, Pai Má-

rio da Oxum, Pai Nazário do Bara,Mãe Mag-

da de oxum, Pai Alberto de Xango,Pai Adão

de Bará, Pai Vilmar de Oxalá, Pai Luiz Car-

los de Oxum, Pai Carlos de Aganjú, entre ou-

tros.

Nações

Nação Oyo — se caracterizava principal-

mente pela ordem das rezas: primeiro, tocava

-se para todos os orixás masculinos, depois

para os femininos e finalizava-se com Oyá,

Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, repre-

sentando o rei e a rainha de Oyó) e dizem

também que, ao final da cerimônia, os orixás

carregavam a cabeça dos animais a eles sa-

crificados, já em estado de decomposição, na

boca.

Kanbina — Embora por muitos anos consi-

derassem haver uma ligação com a cultu-

ra banto, ela não cultua nkisis (divindades

banto), mas sim Orixás Yorùbá, os mesmos

de todas as três raízes do Batuque Afrosul,

com acréscimo de algumas divindades como

o Bará (Bará Legba), Zina e a Oyá (Oyá Di-

rã, Oyá Timboá). O culto da Kanbina está li-

gada ao ritual do culto ao grande Aláàfìn

Òyó, que por sua vez está ligada diretamente

ao culto dos Eguns, sabendo que o ritual de

Egun teve inicio em Oyo.

Page 27: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

27

É comum encontrar do lado

de fora da maioria dos tem-

plos da raíz Kanbina o assen-

tamento do Baru Aláàfìn, co-

nhecido por Kamuka, que es-

tá ligado diretamente ao Igba-

lé (casa dos mortos). Desta

forma é a única vertente do

Batuque Afrosul que conse-

guem manter os rituais de

Ìbòrì e feitura quando ocorre

o procedimento de um Aris-

sum (ritual fúnebre), ou,

quando é necessário dar pro-

cedência à preparação de um

Lailẹmí (morto), criando as-

sim uma forte ligação com os

antepassados e os rituais à

Oríxá, sem que misturem os

dois, pois esta é uma religião

voltada exclusivamente a O-

rixá. A Kanbina é considera-

da uma Raíz da Nação Batu-

que Afrosul, pois contém fa-

tores que determinam uma

ramificação, porem faltam

elementos que caracterize u-

ma nova nação dentro da pró-

pria nação Afrosul.

Nação Jeje — assim como a

Cabinda, adotou o panteão

iorubá dos orixás, que são os

mesmos de Ijexá, sendo mui-

to comuns as casas de Jeje-

Ijexá. Muitos sacerdotes da

Nação Jeje do batuque desco-

nhecem a palavra Vodun, em-

bora se tenham relatos de cul-

to a algumas destas divinda-

des antigamente. Os descen-

dentes de Pai Joãozinho do

Bará (Esú By) são os que

mantém firme as tradições

desta nação, como o uso de

agdavís em seus rituais

(chamado "Jeje de pauzi-

nhos"), o assentamento de O-

gum semelhante ao do Vodun

Gun no Daomé, e existência

de pessoas iniciadas para Dan

e Sogbo. As cerimônias se

iniciam com a parte Jeje

(com cânticos no dialeto

fongbe) e a dança em pares

(simbolizando o par da cria-

ção Mawu-Lisa) e o toque

com as "varinhas" e, depois, a

parte iorubá, com as rezas

tradicionais do batuque.

Nação Nagô — é muito pare-

cida com o candomblé tanto

nas cerimônias como nas ca-

racterísticas dos Orixás. Nes-

ta nação usa-se sacrificar os

animais deitados e não sus-

pensos como nas demais. Seu

panteão é mais numeroso e

sua liturgia e dogmas se dife-

rencia das demais nações.

Crenças

O batuque é uma religião ba-

seada no culto às divindades

Africanas, principalmente as

Yorùbá, chamados de Orixá

Page 28: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

28

em sua maioria ligadas a na-

tureza: rios, lagos, matas,

mar, pedreiras, cachoeiras

etc. Seus rituais que envol-

vem paramentos que estão

em parte dentro dos terreiros,

onde permanecem seus as-

sentamentos [Igbá], onde são

invocadas as vibrações de

nossos orixás.

Todo ser humano nasce sob a

influência de um orixá e, em

sua vida, terá as vibrações e a

proteção desse orixá ao qual

está naturalmente vinculado e

que rege seu destino. O orixá

exige a dedicação de seu in-

fluenciado, sendo que este

poderá ser um simples cola-

borador nos cultos, ou até

m e s m o s e t o r n a r

um babalorixá ou ialorixá.

Há uma questão de ordem e-

timológica no termo "Pará":

afirma-se ser este o outro no-

me pelo qual é conhecido o

batuque. Sabe-se que todo

freqüentador de terreiros cha-

ma, na verdade, o peji ou

quarto-de-santo de "Pará" e

não o ritual sagrado dos ori-

xás, este sim o batuque. Essa

questão já está dimensionada

desde os anos 1950, nas pes-

quisas etnográficas de Roger

Bastide sobre a religião afri-

cana no Rio Grande do Sul.

São consideradas Religiões

afro-brasileiras, todas as reli-

giões que tiveram origem

nas Religiões tradicionais a-

fricanas, que foram trazidas

para o Brasil pelos escravos.

As religiões afro-brasileiras

são relacionadas com a religi-

ão iorubá e outras religiões

africanas e diferentes das reli-

giões afro-caribenhas como

a santeria e o vodu.

Orixás

O culto, no batuque, é feito

exclusivamente aos orixás,

sendo Bará (Exu) o primeiro

a ser homenageado antes de

qualquer outro, encontrando-

se seu assentamento em todos

os terreiros.

Os principais orixás cultua-

d o s n o b a t u q u e

são: Bará, Ogum, Oiá-

I a n -

sã,Xangô, Ibeji, Odé, Otim,

O -

ba, Osanha, Xapanã, Oxum, I

emanjá, Oxaláe Orunmilá (lig

ado ao culto de Oxalá).

No batuque, os espíritos de

sacerdotes são chamados de

egungun e constituem uma

categoria à parte, pois são es-

píritos de seres humanos e,

portanto, estão ligados à es-

Page 29: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

29

estrutura da sociedade.

Rituais

Os rituais são próprios e originais e, embora

tenham alguma semelhança com o "Xangô

de Pernambuco", são muito diferentes dos do

candomblé da Bahia.

Os rituais de jeje têm suas rezas próprias

(fon). Ainda se vê este belo ritual em dois

grandes terreiros na cidade de Porto Alegre.

As danças são executadas de par, um de fren-

te para o outro. Há, também, muitas casas

que seguem os fundamentos da nação Oyó,

que se aproxima muito do ijexá, já que estas

duas provêm de regiões próximas na Nigéria.

A principal característica do ritual do batu-

que é o fato de o iniciado não poder saber,

em hipótese alguma, que foi possuído pelo

seu orixá, sob pena de ficar louco.

Cada babalorixá ou ialorixá tem autonomia

na prática de seus rituais. Não existem no-

menclaturas de cargos como há no candom-

blé. Os babalorixás exercem plenos poderes

em seus ilês. Os filhos de santo se revezam

nos cumprimentos das obrigações.

No mínimo uma vez por ano, são feitas ho-

menagens com toques para os orixás, mas as

festas grandes são de quatro em quatro anos.

Chamamos de festa grande a obrigação que

tem ebó, ou seja, quando há sacrifícios de a-

nimais de quatro patas aos ori-

xás: cabritos, cabras, carneiros, porcos, ovelh

a s , a c o m p a n h a d o s

de aves como galos, galinhas e pombos.

Esta obrigação serve para homenagear o ori-

xá "dono da casa" e dos filhos que ainda não

possuem seu próprio templo. A data é, geral-

mente, a mesma que aquele sacerdote teve

assentado seu Orixá, a data de sua feitura. As

festas têm um ciclo ritual longo, que, antiga-

mente, duravam 32 dias de obrigações. Hoje,

diante das dificuldades, duram no máximo

16. O começo de tudo são as limpezas de

corpo e da casa, para descarregar totalmente

o ambiente e as pessoas, de toda e qualquer

negatividade; em seguida, são preparados as

oferendas e sacrifícios ao Bará. A partir deste

momento, os iniciados já ficam confinados

ao templo, esquecendo então o cotidiano e

passam a viver para os Orixás por inteiro até

o final dos rituais. No dia do serão (dia da

obrigação de matança), todos os orixás rece-

bem sacrifícios de animais. Os cabritos e a-

ves são preparados com diversos temperos e

servidos a todos que participarem dos rituais,

tudo é aproveitado, inclusive o couro dos a-

nimais, que sevem para fazer os tambores u-

sados nos dias de toques.

No dia da festa, o salão é enfeitado com as

cores dos orixás homenageados. A abertura

se dá com a chamada invocação aos orixás,

feita pelo sacerdote em frente ao peji (quarto

de santo), usando a sineta (adjá), saudando

todos os orixás. Ao som dos tambores, as

pessoas formam uma roda de dança em lou-

vor aos orixás, a cada um com coreografias

especiais de acordo com suas características.

No final das cerimônias, são distribuídos os

mercados (bandejas contendo todo tipo de

culinária dos orixás, como: acarajé, axoxó

(milho cozido e fatias de coco), farofa de a-

ves, carnes de cabritos (cozidas ou assadas),

frutas, fatias de bolos etc.). Alguns comem

ali mesmo, outros levam para comer em casa.

Page 30: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

30

Durante a semana, são feitos

outros rituais de fundamentos

para os orixás, inclusive a

matança de peixe, que, para

os batuqueiros, significa far-

tura e prosperidade. Os pei-

xes oferecidos são da quali-

dade jundiá e pintado; estes

são trazidos vivos do cais do

porto ou do mercado público,

onde o comércio de artigos

religiosos é intenso.

No sábado seguinte, é feito o

encerramento das obrigações,

com mesa de Ibejes e toque

novamente em homenagem

aos orixás. Neste dia, são dis-

tribuídos mercados com igua-

rias e o peixe frito, signifi-

cando a divisão da fartura e

prosperidade com os partici-

pantes das homenagens aos

orixás. Após o encerramento,

o sacerdote leva os filhos que

estavam de obrigações ao rio,

à igreja, ao mercado público

e à casa de alguns sacerdotes

que fazem parte da família

religiosa, para baterem cabe-

ça em sinal de respeito e a-

gradecimento; este passeio

faz parte do cumprimento dos

rituais. Após o passeio, todos

estão liberados para seguirem

normalmente o cotidiano de

suas vidas.

Egum

No batuque, também temos a

parte dos rituais destinados

ao culto dos Eguns. Este é

um ritual cheio de magia e

segredos onde poucos sacer-

dotes têm o completo domí-

nio.

A casa dos Eguns (espíritos

dos mortos) fica numa cons-

trução separada da casa prin-

cipal, nos fundos do terreno,

onde são feitos diversas obri-

gações em determinadas da-

tas e quando morre alguém

ligado ao terreiro; este local é

denominado Igbalé.

Aos Eguns, também são ofe-

recidos sacrifícios de animais

e comidas diversas que fazem

parte somente deste ritual,

não podendo ser usados em

outras ocasiões.

Os Eguns, assim como os O-

rixás, tem suas rezas

(cânticos) próprias, feitos na

linguagem yorubá, e em dias

de obrigações recebem to-

ques ao som de tambores

frouxos e com o acompanha-

mento de agê (instrumento

feito com uma cabaça inteira

trançada com cordão e contas

diversas).

Cada nação tem rituais dife-

rentes para este tipo de obri-

gação.

Sacerdócio

O b a b a l o r i -

xá ou Iyalorixá tem a respon-

sabilidade de formar novos

sacerdotes, que darão conti-

nuidade aos rituais. Para isto

é preciso preparar novos fi-

lhos de santo, que durante um

certo período de tempo a-

prenderão todos os rituais pa-

ra preservação dos cultos.

O sacerdote chefe deve pas-

sar aos futuros pais ou mães

de santo, todos os segredos

referentes aos rituais, tais co-

mo: uso das folhas (folhas

sagradas), execução de traba-

lhos e oferendas, interpreta-

ção do jogo de búzios, e até

mesmo como preparar um

novo sacerdote.

Geralmente o futuro sacerdo-

te já nasce no meio religioso,

onde conviverá acompanhan-

do todos os diversos rituais

que darão suporte a seus afa-

zeres dentro do culto, e terá

pleno conhecimento de todos

os tipos de situações que en-

frentará em seu futu-

ro templo.

O tempo de aprendizado é

longo, não se forma um ver-

dadeiro sacerdote de orixás

com menos de sete anos de

feitura. Os ensinamentos são

passados de acordo com a e-

volução da capacidade de a-

prendizado que o noviço tem.

Os ensinamentos são feitos

oralmente, não há livros para

ensinar os rituais. A melhor

maneira de aprender tudo é

conviver desde cedo dentro

dos terreiros.

A partir do momento que um

noviço se torna um sacerdote

de orixá, terá as mesmas res-

ponsabilidades daquele que

lhe passou os ensinamentos.

Lembrando que, dentro da

religião afro-brasileira, exis-

tem vários segmentos.

Fonte: Wikipédia, a

Enciclopédia livre

Page 31: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

31

ENTREVISTA DO MÊS

Falando de Axé

com Mam’etu

Maza Kessy

Falando de Axé homenageia Mama Ma-

za Kessy, Sacerdotisa de Kandomblé Ngola/Kongo que tem a sua Nzo (Nzo Nkisi Ndanda-lunda) na Cidade de Santos - SP. Sacerdotisa essa que muito tem contribuído para a Religi-ão Afro-brasileira no Brasil.

Falando de Axé Mam’etu Maza, a senhora poderia nos falar como e quando conheceu o Candomblé e o que lhe le-vou a escolher a mesma como Religião? Mam’etu Maza Kessy Primeiro busquei conhecer o que era o Candom-blé, não chegando a uma conclusão e tendo a necessidade espiritual procurei a Nzo (templo de culto) do José Ribeiro (in memoriam), segundo ele recém chegado da África, há 41 anos passa-do. Falando de Axé A senhora poderia dizer para nossos leitores, de acordo com sua visão e vivência, o que é Can-domblé e o que esta magnífica Religião Afro-

Brasileira representa para senhora? Mam’etu Maza Kessy Representa a força, a magia dos nossos minkise, orixás nas nossas vidas. Falando de Axé Como à senhora descreve o Candomblé de hoje, será que possui diferença em relação ao Can-domblé de antes? Mam’etu Maza Kessy Muita. Antes existia mais cumplicidade, respeito e responsabilidade. Ninguém se intitulava pais ou mães de santo sem ter em mãos os seus direitos dados pelos mais velhos. Falando de Axé Para senhora, qual é a Importância das Crianças e dos Jovens dentro do Candomblé? Mam’etu Maza Kessy São muito importantes, mas, infelizmente os seus responsáveis não fazem muita questão de levá-los aos cultos, talvez, ainda devido ao preconcei-to, acabam ocultando dos seus próprios filhos a religião. Digo importantes, pois os pequenos de hoje são os adultos de amanhã. Falando de Axé O que justifica para a senhora, a grande discrimi-nação em relação ao Candomblé?

Page 32: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Mam’etu Maza Kessy Nada justifica. É uma religião fervorosa, com mui-to respeito. Onde encontramos amor, paz, fé, uni-ão, etc. Belezura pura! Falando de Axé Em sua Nzo (Templo Religioso de Culto aos Min-kisi – Divindades bantus), é realizado algum pro-jeto social? Se sim, por quê? Se não, por quê? Mam’etu Maza Kessy Sim, sentia a necessidade de ajudar aqueles que passam fome, doando cestas básicas. Falando de Axé De acordo com a sua vivência, o que a senhora acredita que falta, para que nossa religião seja mais respeitada e menos descriminada por to-dos? Mam’etu Maza Kessy O nosso empenho em uma união sincera, para ajudar os nossos irmãos que estão na luta por essa causa. Para mim, uma causa nobre. Falando de Axé Mama Maza, a senhora poderia nos falar sobre a Divindade (Nkisi) Ndanda Lunda, que é sua divin-dade regente e também a divindade regente de seu Templo e o que ela representa em sua vida?

Mam’etu Maza Kessy Ela é a minha própria vida. É o meu mundo cheio de amor, paz, ternura, bondade, beleza pura.

...Para mim, UMA

CAUSA NOBRE...

Page 33: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

33

Falando de Axé

O que a senhora poderia nos falar em relação

à hereditariedade sanguínea, principalmente

por parte dos sacerdotes, dentro do Candom-

blé?

Mam’etu Maza Kessy

Acho correto, se não houver sanguíneos para

a continuação e se for à vontade do sacerdo-

te, devera ser entregue a um dos filhos mais

velhos que tenha dignidade, respeito e res-

ponsabilidade.

Falando de Axé

Para finalizar essa nossa maravilhosa conver-

sa, qual é a Mensagem que a senhora deixa

para os nossos leitores, para os candomble-

cistas e para aqueles que lhe admiram e vêem

na senhora um exemplo a ser seguido, seus

descendentes?

Mam’etu Maza Kessy

Para os leitores não se deixarem levar pelos

falsos livros, as falsas mensagens e os falsos

escritores. Existem muitos ainda dignos de

serem lidos e aproveitados.

Aos meus irmãos que tem a árdua missão de

ter uma Nzo (Templo Religioso de Candom-

blé) aberta ao público, informar todo lado

bom do Candomblé para os seus seguidores.

É isso que faço com os meus.

Agradeço a Deus e aos Minkise por terem

colocado em meu caminho filhos maravilho-

sos, a eles eu agradeço do fundo do meu co-

ração e a todas as pessoas que me respeitam,

a minha grande gratidão. Ninguém faz nada

sozinha. Não quero ser a maior e nem a me-

lhor, me sinto igual a todos.

Maza Kessy amem ou a deixem..rsrsrsrs

Page 34: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

34

À medida que o século XXI começa, dezenas de milhões de pessoas praticam a devoção as Divindades chamadas de Òrìsà. Este livro explora o surgimento da devoção a Òrìsà como uma religião mundial, um dos desenvolvimentos mais notáveis e atraentes da história na busca religiosa humana. Originário entre os iorubás da África Ocidental, as tradições variadas que compõem a devoção a Òrìsà são hoje encontrados na África, Américas, Ásia, Europa e Austrália. O “espírito” iorubá revelou-se extremamente resistente em face do comércio transatlântico de escravos, inspirando a perseverança da religião Africana onde quer que seus seguidores se instalaram no Novo Mundo. Entre as manifestações mais significativas da cultura religiosa iorubá persistiu, adaptado, e até floresceu nas Américas, especialmente no Brasil e em Cuba, onde prospera como Candomblé e Lukumi / Santeria, respectivamente. Após o fim da escravidão nas Américas, as migrações gratuitas de profissionais da América Latina e Africanos tem ocorrido a propagação da religião para lugares como Nova York e Miami. Milhares de afro-americanos se voltaram para a religião de seus ancestrais, assim como muitos outros

simpatizantes que não são de descendência Africana. Autores Jacob K. Olupona é professor de tradições religiosas africanas na Harvard Divinity School e professor de Arte Africana e Ciências, na Universidade de Harvard. É autor e editor de vários livros, incluindo Espiritualidade Africana, além primitivismo, e religiões tradicionais africanas na sociedade contemporânea. Terry Rey é professor de religião. É autor de Nossa Senhora da luta de classes: O Culto da Virgem Maria no Haiti e Bourdieu sobre Religião. Professor Wole Soyinka escreveu um capítulo do livro: Os Deuses tolerantes.

Por Wemerson Elias

(Dofono T’Sàngó)

Livro do Mês

Vamos fazer valer a Lei...

Page 35: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

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Nome Yorùbá = Atare, Òbùró, Ata ire, Atayé, Atayé isa, Atayé rere e Etalúyà.

Nome Bantu = Kupiri Nome Popular = Pi-

menta da Costa. Nome Científico = A-

framomum melegueta. Atare é uma folha

masculina, de gún (excitação), ligada ao ele-mento Fogo.

É uma espécie de pi-

menta, originária do conti-nente Africano, é bastante

cultivada no Nordeste Brasi-leiro e recebe o nome de Pimenta da Costa.

Muito utilizada na Li-

turgia do Candomblé e também na do Èsìn yorùbá (Culto Iorub|). Mas mais utilizada que a folha (ewé) desta planta, ainda é a pró-pria pimenta (semente), que nasce em centenas dentro de uma “fava/bolsinha”.

Seu nome em iorubá

significa Ata ire = Pimenta da Felicidade/Bênçãos.

Sinônimo de multipli-

cação, Atare é uma folha da regência do Òrìsà Èsù e de Ìyámi Òsòròngà, muitos a-tribuem também, a regência da mesma à Òsanyìn, embo-ra, todos sabem que o prin-cipal de todas as folhas, que é seu Àse, pertence { Òsanyìn.

Diversas são as finali-

dades ritualísticas da Atare (me referindo { pimenta) dentro de uma Casa de Cul-to, seja Iorubá, Bantu ou Fom, mas as principais são a purificação do hálito antes dos rituais de súplica (Àdúr{) e orações, utilizada em ebo (rituais sacro), prin-cipalmente a Ìyámi (Eléye), utilizada em magias (òògùn), em ojúbo (assentamentos), em {gbo (banhos litúrgicos), etc.

Uma planta conside-

rada ritualisticamente ambí-gua, ou seja, serve tanto pa-ra proporcionar o bem, quanto o mal.

Muito utilizada tam-

bém nos Ajéjé (Ritos fúne-bres). Por isso uma de suas orin (cantigas) é:

“Êta owó Êta ômô

Atare kú gbogbo gbèrù rç o – Três é dinheiro, três é filho. Atare leve os carre-gos da morte.”

FOLHA DO MÊS

Atare - A Pimenta que traz Bênçãos

Page 36: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

36

Atare garante dinheiro, prosperidade e multiplicação e um de seus ofò (encantamentos, garante isso:

Èsù owó Èsù olà Atare kun gbogbo be lúlè Àse.

Èsù de dinheiro. Èsù de fortuna. Atare cheia, explodiu, espalhou-se. Axé.

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

...Meu Deus! O que

estão fazendo com sua obra mais preciosa? Como será o futuro

das próximas gerações?

Como será o PLANE-TA TERRA nos

próximos anos?...

Page 37: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

37

Õsá méjì – O

Odù qual nasceu

o Poder Feminino Õsá méjì ou como também é conhe-

cido, Õsá Çlëyç é o décimo (10º) Odù na

ordem de Ifá, fala no Mërìndínlógún Ifá (Jogo de búzios) com nove (9) búzios a-bertos e sete (7) búzios fechados. É um

odù de natureza feminina, ligado ao ele-

mento fogo, é um Odù extremamente pe-

rigoso.

Este é o principal Odù de Ìyámi Òÿòròngà, e foi por este Odù que as Àjë (feiticeiras) vieram ao Mundo (Àiyé). Está

associado à magia, principalmente ao Po-

der Feminino, ao fogo e a noite.

Este Odù rege também a invocação

dos Odù no Ôpön Ifá.

Rege o sangue, que flui sob seu co-mando, principalmente o sangue mens-

trual.

Õsá méjì criou todos os pássaros e

animais feiticeiros, como os gatos (muitos são reencarnações das próprias Àjë - fei-

ticeiras), os antílopes de pêlos vermelhos

(grandes aterrorizadores dos Ôdç – caça-

dores), a coruja (símbolo de Ìyámi Òÿòròngà e das Àjë – feiticeiras), o bacu-

rau, o pintarroxo, o vermelhão, o abutre,

a andorinha e o Odídçrë. Este Odù (signo) fala de paralisia e

de pessoas estropiadas.

- Àwon Òrìÿà que falam neste Odù = Ìyámi Odù (Odùlogboje), Ìyámi Òÿòròngà, Àwôn Çlëyç (feiticeiras), Ôlösà, Olókun, Yèmoja, Õÿun, Ìrókò, Ôya, Egúngún. - Suas cores = O Vermelho (pupa) - cor

do sangue, mas também aprecia o branco (funfun) e o preto (dúdú).

- Suas folhas = Ewé owú (folha de algo-

dão – Gossypium barbadense), Àlúpàídà (língua de galinha – Sida linifolia), Ewé Iná (folha de fogo – Cidemia hirta). - Corpo Humano = Rege os olhos, as narinas, as orelhas, as pernas, coxas e

pés, a vagina e o principal, o útero. Õsá divide com Ìròsùn méjì a regência do co-

ração (que bombeia o sangue). É Õsá quem preside o fluxo do sangue, a aber-

tura dos olhos e os intestinos, estes fa-zem dele o um dos mais temíveis dos

Odù.

- Os filhos deste Odù = As pessoas nascida sob este odù (signo) são pessoas

bastante alegres e brincalhonas, chegan-do muitas vezes a serem exageradas.

Com intuição muito forte, as mulheres

possuem grande inclinação a feitiçaria. Muitas vezes sendo necessário se inicia-

rem em Ìyámi. As pessoas deste Odù

também são bastante vingativas e des-

confiadas, metódicas, críticas e às vezes

individualistas. São daquelas que só acre-ditam vendo.

ODÙ DO MÊS

Page 38: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

38

- Èwò’s deste Odù = As pessoas que

nascem neste odù não devem visitar mu-

lheres que deram a luz recentemente.

Não podem vestir roupas vermelhas e a-zuis. Não devem beber vinho de palma e

não podem comer carne de galo. Não de-vem usar folhas de Ìrókò e de bambu, e

ter em casa ou utilizar instrumentos de

bambu. Devem evitar praticar relações sexuais durante o dia, não devem olhar

os órgãos sexuais do parceiro ou parcei-ra. E devem ter muito cuidado ao praticar

o mal contra os outros e principalmente a

feitiçaria (manipulação do Àÿç de Ìyámi).

- Odù em Ire – Positivo

Este Odù em Ire fala de saúde, paz e vida

longa, prosperidade, realização de proje-tos profissionais, progresso, boas idéias

no âmbito profissional, mas pede que a pessoa seja um pouco individualista, para

que venha a conseguir algumas realiza-ções. Fala de um relacionamento amoro-

so bom, muitos filhos (homens). Vitória

sobre os inimigos. Deve estar sempre junto à família, respeitar mãe, esposa,

filhas e parentes mulheres. Proteção de

Ìyámi, Olókun ou Ôya. Fala de poderes es-

pirituais, grande força espiritual que pode resolver problemas.

- Odù em Ibi – Negativo

Este Odù em Ibi fala hemorragias, mens-

truação excessiva, doenças de sangue,

doenças nos olhos, para mulher proble-mas no útero e na vagina, para homens

problema com intestinos. Doença prove-niente a feitiçaria. Aborto. Problemas nas

pernas e cardíaco. Dificuldades financei-

ras, muitas vezes proveniente a feitiços ou Ègún (espíritos errantes). Separação,

brigas no relacionamento. Se for homem, pode estar casado com mulher vil. Proble-

mas entre mãe e filho. Vitória dos inimi-gos. Pessoa incrédula, que não leva a re-

ligiosidade a sério. Teimosa, autoritária,

que está perturbada. Muita tristeza.

Por Hérick Lechinski

(Ejòtolà T’Òsùmàrè)

Page 39: Falando de Axé (Janeiro/Fevereiro de 2012)

39

Angenor de Oliveira, mais co-nhecido como Cartola, (1908 -1980) foi um cantor, compositor e violonista brasileiro.

Considerado por diversos músi-cos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete (RJ), mas pas-sou a infância no bairro de La-ranjeiras. Tomou gosto pela mú-sica e pelo samba ainda mole-que e aprendeu com o pai a to-car cavaquinho e violão. Dificul-dades financeiras obrigaram a família numerosa a se mudar para o morro da Mangueira, on-de então começava a despontar uma incipiente favela.

Na Mangueira, logo conheceu e

fez amizade com Carlos Cacha-ça - seis anos mais velho - e ou-tros bambas, e se iniciaria no mundo da boemia, da malandra-gem e do samba.

Com 15 anos, após a morte de sua mãe, abandonou os estudos - tendo terminado apenas o pri-mário. Arranjou emprego de ser-vente de obra, e passou a usar um chapéu-coco para se prote-ger do cimento que caía de ci-ma. Por usar esse chapéu, ga-nhou dos colegas de trabalho o apelido "Cartola".

Junto com um grupo amigos sambistas do morro, Cartola cri-ou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Esta-ção Primeira de Mangueira. Ele

compôs também o primeiro sam-ba para a escola de samba, "Chega de Demanda". Os sam-bas de Cartola se popularizaram na década de 1930, em vozes ilustres como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Al-ves, Mário Reis e Silvio Caldas.

Mas no início da década seguin-te, Cartola desapareceu do ce-nário musical carioca e chegou a ser dado como morto. Pouco se sabe sobre aquele período, além do sambista ter brigado com a-migos da Mangueira, contraído uma grave doença (especula-se que seja meningite) e ter ficado abatido com a morte de Deolin-da, a mulher com quem vivia.

Cartola só foi reencontrado em 1956 pelo jornalista Sérgio Porto (mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta), trabalhando como lavador de carros em Ipanema. Graças a Porto, Cartola voltou a cantar, levando-o a programas de rádio e fazendo-o compor no-vos sambas para serem grava-dos. A partir daí, o compositor é redescoberto por uma nova sa-fra de intérpretes.

Em 1964, o sambista e sua nova esposa, Dona Zica, abriram um restaurante na rua da Carioca, o Zicartola, que promovia encon-tros de samba e boa comida, reunindo a juventude da zona sul carioca e os sambistas do morro. O Zicartola fechou as portas algum tempo depois, e o compositor continuou com seu emprego público e compondo seus sambas.

PERSONALINADES NEGRAS

Agenor de Oliveira “Mestre Cartola”

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Nessa Edição, na colu-na “SANTO DO MÊS”, Falando de Axé faz sua homenagem a Nossa Senhora dos Navegan-tes, Representação da Santís-sima Mãe de Jesus, que é fes-tejada e louvada, todo dia 02 de Fevereiro. E tem na Bahia (Candomblé) e em inúmeros Templos Umbandistas, o sin-cretismo religioso Afro-católico com Iemanjá, Divinda-de Iorubá que no Brasil é a mais cultuada e é considerada a Senhora dos Mares e Mãe de Todos os Orixás. Mas deixamos claro aos nossos leitores, que Nossa Senhora dos Navegantes é Nossa Senhora dos Navegan-tes e Iemanjá é Iemanjá. Não há problema nenhum em cul-tuarmos e louvarmos Iemanjá todo dia 02 de fevereiro, e sim, em não sabermos diferenciar uma da outra.

Para os leitores que a-inda não conhecem a História de Nossa Senhora dos Nave-gantes, aí vai ela, uma ótima leitura.

- Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

Maria é geralmente com-parada à “Estrela do Mar” que protege os navegantes, mos-trando-lhes o melhor abrigo e também o porto da eterna salva-ção. Esta comparação teve iní-cio durante a Idade Média, no tempo das Cruzadas, quando os cristãos atravessaram o Mediter-râneo em demanda da Palesti-na, a fim de defenderem os lu-gares santos da profanação dos infiéis. Eles tinham sempre na memória as lembranças das ter-ríveis travessias marítimas que enfrentavam as frágeis embar-cações da época, por isso recor-riam ao patrocínio de Maria,

quando se viam a mercê das ondas. No tempo das grandes navegações, esta devoção de-senvolveu-se ainda mais entre os navegantes portugueses e espanhóis, que se aventuravam no oceano imenso e desconhe-cido. Antes da partida das cara-velas, os viajantes assistiam a Santa Missa e imploravam a proteção da Mãe dos Navegado-res nas perigosas jornadas de além-mar. Inúmeras invocações e-ram gravadas nas popas dos barcos, os quais sempre traziam uma efígie da Rainha dos Mares no nicho do castelo de proa, ilu-minada por pequena lâmpada, que o fervor da marujada não deixava apagar. Como é natural, logo che-gou ao Brasil à devoção dos ho-

SANTO DO MÊS

Nossa Senhora dos Navegantes, A Mãe

Protetora das Embarcações

02 de Fevereiro

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dos homens do mar, sob os vá-rios títulos conferidos à Padroei-ra Celestial: Senhora dos Mares, da Boa Viagem, dos Navegan-tes, esta última invocação era e é a mais usada pelos pescado-res, homens modestos que diari-amente enfrentavam o furor das ondas à procura do sustento próprio e de suas famílias, a pro-va disto é que os mais conheci-dos Santuários de Nossa Se-nhora dos Navegantes em nos-so país estão situados nas zo-nas de pescaria, como na Praia de Mucuripe, em Fortaleza- Ce-ará, em Penedo- Alagoas, Porto Alegre - Rio Grande do Sul, Santos e Cananéia – Litoral Paulista, em Eldorado – Diade-ma que fica próximo ao braço da Represa Billings e em Parana-guá – Litoral Paranaense. Em todos esses núcleos de pescadores a festa da Padro-eira é celebrada com animadas procissões marítimas, precedi-das da embarcação que leva a Virgem Maria, talvez por esse motivo Nossa Senhora dos Na-vegantes seja geralmente repre-sentada de pé, dentro de uma barca, tendo o Menino Jesus nos braços. Estas festas surgiram com o intuito do povo louvar a Santa e pedir proteção pelas pessoas que navegam, por oca-sião da festa o povo mais humil-de, mas de uma fé incomparável fazia seus pedidos, acendia ve-las e colocava na água enquan-to a procissão náutica passava, tornando assim uma festa de fé

e beleza.

Nossa Senhora dos Navegantes em Portugal Nossa Senhora dos Na-vegantes é, também em Portu-gal, associada ao mar e à prote-ção dos marinheiros pela Santa Mãe de Deus. Mas a diferença é que os portugueses associam-na, principalmente, às comuni-dades pescatórias. A sua festa realiza-se a 15 de Agosto com procissões em várias comunida-des de pescadores por todo o país. Uma das grandes festas a Nossa Senhora dos Navegantes realiza-se em Cascais entre os dias 3 e 15 de Agosto. Durante esta semana, a população reúne-se na Baía de Cascais para u-ma grande mostra gastronômica e artesanal e ainda o lançamen-to de fogo de artifício todos os dias. No final, dia 15, festeja-se Nossa Senhora dos Navegantes numa procissão pelas ruas da vila de Cascais e depois de bar-co até meio da Baía onde se dá a Benção do mar e da vila. Esta festa é também realizada na Costa da Caparica. Também é realizada uma festa em honra da Nossa Se-n h o r a d o s N a v e g a n t e s em Armação de Pêra. Nesta fes-ta há uma procissão pelas ruas da vila e também há uma procis-são pelo mar, com os barcos

dos pescadores e outros barcos.

Fonte: Internet

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES

Ó Nossa Senhora dos Navegan-tes, Mãe de Deus criador do céu, da terra, dos rios, lagos e ma-res; protegei-me em todas as minhas viagens. Que ventos, tempestades, borrascas, raios e ressacas, não perturbem a mi-nha embarcação e que monstro nenhum, nem incidentes impre-vistos causem alteração e atra-so à minha viagem, nem me des-viem da rota traçada. Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é a travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que amea-çam afundar minha frágil embar-cação no abismo do desânimo e do desespero. Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o me-do desaparece; o ânimo e a dis-posição de lutar e de vencer tor-nam a me fortalecer. Com a vos-sa proteção e a bênção de vos-so Filho, a embarcação da mi-nha vida há de ancorar segura e tranqüila no porto da eternidade. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós.

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Diga NÃO a BANALIZAÇÃO do CANDOMBLÉ

Ao longo dos últimos anos, o Candomblé vem passando por uma longa trajetória de mudanças. Mas, em 2011, surpreendeu-me alguns marcos que me levaram a refletir se a milenar Religião dos Òrìsàs, está chegando ao seu fim ou na melhor das hipóteses, no início de uma nova era. Na incessante busca de alguns em cercear-nos de praticar nossos costumes e rituais, temas como o Sacrifício Animal, jamais foram abordados de forma tão contundente, como nesse ano. Mas esse movimento de membros dos ditos “poderes nacional”, em parte, fora desencadeado por adeptos do Candomblé, que indiscriminadamente, não se furtam em profanar o sacro, pulverizando imagens e vídeos que, deveriam permanecer na clausura dos Terreiros de Candomblé. E, por favor, não excetu-e da leitura o “em parte”. Mas, fato é que, há dessa forma, uma incoerência brutal do povo do santo que, impede alguns de seus filhos de presenciarem determinados rituais, a depender do tempo de iniciação, posto, etc., mas não priva a sociedade dos mesmos rituais, expondo-os, nas redes sociais e youtube, por meio de fotos e vídeos de sacrifício, iniciação, etc.

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Além da pujante e desne-cessária divulgação do sacro, vimos também, propagar o nú-mero de “Bàbálòrìsàs” e “Ìyálòrìsàs” que, sem conheci-mento algum sobre a Religião, emergem como erva daninha, querendo ganhar espaço à luz do Candomblé, ou melhor, para o “Povo do Candomblé”. Igual-mente, presenciamos a quase extinção dos Ògáns e Ekéjì, que enxergam nessas importan-tes “graduações”, algo tão ínfimo que, os levam a “manifestar Òrìsà” (leia-se “levam a manifestar” e não “levam a serem manifestados”, pois há uma grande diferença), somente para galgar um título Sacerdotal-de Bàbálòrìsà ou Ìyálòrìsà. Nesse aspecto, é muito mais suntuoso apresentar-se como Bàbálòrìsà e/ou Ìyálòrìsà do que como Ògán ou Ekéjì e, pa-ra fundamentar sua condição, nada melhor que “dar santo”. Antigamente, ouvia bas-tante a expressão “yorùbá baiano” (alusão ao mo-do dos baianos pronunciarem o yorùbá). Saudades dessa ex-pressão, pois isso é coisa do passado, afinal, temos hoje o "yorubanhol", que avassala nos-sa tradição, com as centenas de cânticos de Cuba, provenientes dos CDs do Lazzaro Ros, Abbi-lona, Munequitos de Matanzas e, outros. Temos também as novas tradições, sem fundamentação alguma, senão a busca de im-

pressionar outrem. Temos, ou-tros sim, os plagiadores, que vão a uma festa, observam uma determinada obrigação e/ou cântico e, sem saber do que se refere, implantam em sua casa, como se o ritual/cântico perten-cesse a sua tradição religiosa. Alguém dúvida? Hoje vejo um ritual que nasceu no Ilé Ibúalámo, em função de uma promessa à Ògún ser copi-ado e, até modificado em algu-mas casas. Vejo a cantiga do Àkàrà de Oya, de um ritual do Òpó Àfónjá, ser entoada por pessoas que sequer possuem vínculo de terceira geração, com o Terreiro de São Gonçalo. Mas o que isso importa? O importan-te é cantar: “Ayaba Mi Soro Mi-so Du-e...”. Não sou católico ou cris-tão, sou sim, Candomblecista, mas tive a desonra de presenci-ar nesse ano, o milagre da multi-plicação dos turbantes dantes-cos, que, agora ornam também o Orí dos Deuses. Afinal, para que existe Adé, se posso colo-car um turbante piramidal no Òrìsà? Observei, igualmente, o advento da nova “moda mas-culina” do Candomblé, que es-sencialmente busca refletir a fi-gura de uma ègbón/Ìyálòrìsà, contudo em um homem. Esse cenário, sobrema-neira negativo, convida-nos à reflexão: É o início do fim? O Candomblé existirá no futuro? Em minha opinião, só tivemos um momento na história, pior ao que estamos vivenciando agora.

Isso ocorreu, à época da escravidão, em que muitos da-queles que eram descendentes diretos dos nossos Deuses, fo-ram desumanizados, na pior for-ma, a condição de escravo. Nes-se sentido, o que vou comparar não é a condição da escravidão, pois essa é incomparável e, seri-a muito leviano da minha parte. O que quero dizer é que, tanto na escravidão, como nos dias atuais, tivemos a eminente pos-sibilidade do fim de uma cultura. Para que o Candomblé chegasse até nós, muitos morre-ram nos calabouços frios e úmi-dos dos navios negreiros. Muitos foram jogados ao mar, diante da varíola e tantas outras enfermi-dades que os acometia. Os que sobreviveram a todas as adver-sidades, não perderam a sua fé, pelo contrário, encontraram for-ças para cultuar aquilo que mais acreditavam os Òrìsàs, Voduns e Nkises. Hoje, não há a escravi-dão como outrora. Mas há uma nova escravidão, em que nós mesmos estamos nos subme-tendo. No passado, os escravos viveram a pior condição já exis-tente na história, mas sobressaí-ram-se de forma inteligente, pa-ra que o Culto aos Òrìsàs perdurasse e, sobre-tudo, para que fossem respeita-dos... Correto? Hoje, inversa-

mente, estamos escravizando-

nos em nossos “feudos”, sobres-saindo-nos de forma que não sejamos respeitados à Socieda-de. Exemplifico:

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Uma pessoa que, por e-xemplo, posta no seu álbum do facebook, uma foto sua, imolan-do um Agbo, Obuko, etc, não vive em sociedade, correto? Isso é Awo e deve ser tratado assim! Não interessa a ninguém... Mas porque ele faz isso? Simples, está “confinado” em um “grupo” de “iguais”, mas sem poder mos-tra-se. Nesse caso, ele é escra-vo de si próprio. Muitas vezes, ele até consegue certo respeito do “seu grupo”, mas não da so-ciedade. Para ele não importa revelar o mistério aos não inicia-dos, para ele, o importante é so-lidificar-se como “alguém dife-rente”, em meio ao seu grupo. Ele, por exemplo, quer que seu “grupo” saiba que ele “pode/consegue” imolar um animal. À época da escravidão, ocorria justamente o contrário. Nossos antepassados eram res-peitados em seus grupos, eles não precisavam falar que tinham poderes mágicos/ofós, etc... Pa-ra eles, o respeito da Sociedade era mais importante, pois o res-peito do seu grupo eles já pos-suíam. Outro exemplo disso e-ram algumas mulheres negras visionárias, respeitadíssimas em meio ao seu grupo, mas que, almejavam ainda, a notoriedade e respeito da sociedade externa ao seu “feudo”, tornando-se as “mulheres do partido alto”, para esse povo, não tenham dúvidas, “Awo” era “Awo”. Quando penso sobre is-so, creio que a determinação do que é “Awo” é algo muito mais

para não ser externado do que algo para ser “liberado” fraciona-damente aos iniciados, como ocorre. O que quero dizer com isso? Revelar um determinado “Awo” para alguém que é inicia-do, em um momento inadequa-do, pode causar prejuízos a es-sa pessoa, que poderá não estar ainda preparada para receber/presenciar aquela informação. Já a revelação de determina-dos “Awos”, àqueles que não são iniciados, não traz prejuízo à pessoa que está recebendo a informação, mas sim à Religião! Como por exemplo, a exacerba-da divulgação de Oros, etc. que não traz prejuízos a quem está vendo nas redes sociais, mas sim, grandes prejuízos a religi-ão. Essas razões motivam-me a pensar que essa era é, na verdade, o início do fim da nos-sa religião. Não obstante, em meio a todo esse devaneio im-prudente de parte dos nossos adeptos, deparei-me, também em 2011, com um movimento contrário a tudo isso. Diferente do Orkut, em que muitas pessoas escondidas por de trás de perfis falsos, ata-cavam indiscriminadamente um monte de absurdos (às vezes não) do Candomblé, surgiram pessoas e casas que resolveram se expor, de cara limpa, mos-trando-se contrários e indigna-dos com a profanação do sacro. Quem diria que teríamos pesso-

as/casas, mostrando-se indigna-dos com a profanação do Can-domblé nas redes sociais, sur-gindo dessa forma a Campanha “Diga Não A Banalização do Candomblé”. Tive a felicidade de ver, por exemplo, na “I Homena-gem aos Grandes Ògáns de São Paulo”, a presença de gran-des Ògáns que não foram ho-menageados, mas que estavam presentes para comungar com seus mais velhos, isso é respei-to, é união e, sobretudo ESPE-RANÇA! Acho sim, que esses mo-vimentos ainda são discretos e precisam ganhar força, o verda-deiro povo do Òrìsà deve mani-festar-se, não por meio de perfis falsos, mas de cara limpa. É pre-ciso que as pessoas tenham co-ragem de manifestar a sua opini-ão. Temos que transformar o iní-cio do fim, em o início de uma nova era...

Por Carlos Vinicius (Òpòtún Vinicius)

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As Crianças e o Candomblé

Sendo o Candomblé uma das mais belas e antigas religiões existentes no Brasil, onde os grandes Bàbálóòrìsà e Ìyálóòrìsà (Sacerdotes desta Religião) se iniciaram ainda crianças no culto aos Orixás, e como exemplo disso, cito um dos maiores Bàbálóòrìsà que o Candom-blé já teve e que foi o precursor da Religião em São Paulo, José Bispo dos Santos, o fa-moso Pai Bobó de Ìyásãn, que foi iniciado com quatro anos de idade, pela saudosa Ìyálóòrìsà Cotinha de Ìyéwá - Mãe Cotinha de Ewá – Àse Òsùmàrè (Bahia). Assim sendo, é louvável que as crianças, as-sim como em todas as religiões, freqüentem sim uma Casa de Candomblé, as pessoas têm que ter consciência que um Ilé àse (Casa de Candomblé) possui a mesma Importância de uma igreja para o catolicismo ou um Templo Religioso de outra religião.

Se não for às crianças de hoje, não existirão os Bàbálóòrìsà e Ìyálóòrìsà de amanhã. De-claro isso, assim como declaro que se não e-xistir água e folha, não existirão Orixás. Quando falamos de Candomblé, falamos de uma religião oral, que foi transmitida durante décadas, de pai para filho, dos mais velhos para os mais novos. Por isso é essencial, a presença de Crianças e dos mais novos de uma forma geral nos Cultos de Candomblé. Candomblé não é Macumba (árvore africana da qual se origina um instrumento musical), é Religião como todas as outras. O Candomblé é uma religião rica em cultura (história de nossos antepassados negros e história do Brasil). Essencial ao aprendizado de toda criança. A grande preocupação por parte dos pais des-tas crianças, assim como por parte da Socie-dade, deve ser em relação às crianças esta-rem freqüentando casas sérias e idôneas, já que, desrespeito religioso existe em todas as religiões e não apenas no Candomblé.

Pelo Jornalista Edmilson Monteiro de Araújo

(Bàbálóòrìsà Ode Omi Koefá)

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Ser Umbandista

Ser Umbandista não é ser espírita, pois, "Espírita" é como chamamos aqueles que

seguem o Kardecismo (a doutrina de Allan Kardec), a Mesa Branca, como popularmente

é conhecida.

Aqueles que são adeptos, que seguem e respeitam a Umbanda, devem ser chamados e

respeitados como "Umbandistas".

Ser Umbandista é não ter vergonha da religião que pratica.

Ser Umbandista é amar e lutar pela religião que segue, e não esconder-se por detrás de outras religiões (catolicismo e espiritismo).

A Umbanda é uma religião, que possui ritos litúrgicos próprios, para todas as fases da

vida, como batismo (nascimento), casamento, velório (morte), etc, então é completamente desnecessário, utilizarmos das liturgias de

outras religiões.

Se somos Umbandistas, porque batizarmos nossos filhos na Igreja Católica?

Se somos Umbandistas, porque casarmos

nossos filhos em outras religiões?

Se somos Umbandistas, porque precisamos da extrema unção do padre, para entrarmos

ao céu, hein?

Não vemos evangélicos levarem seus filhos para passarem pelo rito do batismo na igreja

católica, vemos?

Não vemos muçulmanos casarem seus filhos em templos evangélicos ou católicos, vemos?

Então...

Ser umbandista é antes de qualquer coisa,

AMAR, RESPEITAR, NÃO TER VERGONHA E LUTAR pela religião que seguimos.

Ser umbandista é amar e respeitar a Deus (Olórum/Zambi) acima de

todas as coisas!

Ser umbandista é amar a natureza e respeitá-la, pois, Deus e os Orixás fazem parte dela. E se a amamos e a respeitamos, não devemos

degredá-la com oferendas contendo plásticos, garrafas, velas, etc...

Ser umbandista é reconhecer que os Orixás são potencias de Deus, Divindades que manifestam as

qualidades do Criador.

Ser umbandista é ser amante da sabedoria, da virtude, da justiça e da humanidade.

Ser Umbandista é ser amigo dos pobres, dos que sofrem, que choram, que tem fome e

clamam direito de justiça.

Ser Umbandista é querer a harmonia das famílias, dos irmãos, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano, e não se “digladiarem

entre si”.

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Ser Umbandista é levar para o terreno prático, aquele formosíssimo preconceito de todos os luares e todos os séculos, que diz

com infinita ternura aos homens de todas as raças, desde o alto, de uma cruz e com os

braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma só família, sede irmãos”.

Ser Umbandista é pregar a tolerância,

praticar a caridade sem distinção de raças, crenças ou opiniões, é lutar contra a

hipocrisia e o fanatismo.

Ser Umbandista é viver para a realização da paz universal, tendo pelos encarnados o

mesmo respeito que se dedica aos desencarnados.

Ser Umbandista é ter uma crença religiosa

sem tabus ou preconceitos, fundamentada na ética e no bom senso, sem ferir os valores

dos bons costumes.

Ser Umbandista é respeitar a máxima que diz “somos imagens e semelhanças de Deus”,

vendo Deus na presença do semelhante e em nós, através de nossas virtudes de fé, amor,

conhecimento, justiça, lei, evolução e geração.

Ser Umbandista é dar de graça o que de graça recebemos.

Ser Umbandista é nunca ofender, nem

humilhar ao próximo, pois se você assim age é porque ainda não aprendeu os quatro

fundamentos básicos da Umbanda: Fé, Esperança, Caridade, Humildade.

Isso tudo é ser Umbandista, acredito que está

na hora de muitos Umbandistas, principalmente aqueles que se dizem “Espíritas”, reverem seus conceitos e

modificarem o que for preciso, para que assim possamos ser uma RELIGIÃO MELHOR, com adeptos melhores e

conseqüentemente realizados em todos os sentidos.

Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè)

“...É linda, é linda, é linda Babá, é linda.

Pra sempre eu vou te amar ó Umbanda.

Rainha entre o Céu e o Mar.

É linda, é linda, é linda Babá, é linda.

Foi num Terreiro de Umbanda Babá.

Que eu aprendi a caminhar É linda, é linda...”

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Filhos de Pemba

“Oxalá é o Rei. Oxalá é o Pai. Com Oxalá na frente, Filho de Umbanda não cai...” Ser filho de santo (filho de pemba), não é tão fácil quanto parece, mas também não é tão difícil como se imagina. Tudo em nossa vida tem os prós e os contras, depende do olhar de cada um para ver o caminho a ser seguido. Um filho é sempre uma continuação da família, um filho sempre tem a aprender com os seus mais velhos. Um filho é alegria de uma família, a esperança do amanhã... Não poderia ser diferente em relação aos filhos de santo... Todos antes de serem pais ou mães, nascem sendo filhos. Ainda que alguns conforme os tempos de jornada esqueçam-se dos seus primórdios, de como tudo começou, de como foi a essência do saber a cada novo passo dado. Em todo terreiro de Umbanda, encontramos os zeladores, aquelas pessoas que nos espelhamos, que temos como um exemplo de FÉ, como um exemplo de pessoa, pessoa esta que nos acolhem com todo o amor que tem quando pelo amor ou pela dor batemos em sua porta, iniciando aí nossa "Jornada Espiritual" e vai ser com o nosso zelador, que vamos ter os maiores aprendizados que todo filho tem com o pai. Afinal, quando chegamos à porta destes zeladores, chegamos como um neném, que aprende a dar seus primeiros passos na espiritualidade, e que a cada novo passo, uma conquista pra ser comemorada, a cada aprendizado um orgulho de si, pois o aprendizado é a melhor riqueza que um pai pode dar pra um filho, riqueza esta que é levada por toda a nossa vida, por qual for o caminho que desejamos traçar.

Às vezes seguimos caminhos que nos levaram para um futuro desagradável, recebemos broncas dos zeladores, no momento podemos até não achar certo, podemos nos sentir injustiçados, mas aquela bronca chega uma hora que nos fortalece e nos faz guiar pelo caminho certo. Assim como um pai é importante pra um filho, um filho é importante pra um pai... Pois sem descendência não se faz família, não se tem geração. Então, filhos e filhas de pemba, vamos nos conscientizar de nossa importância e principalmente de nossos deveres. Respeitar a hierarquia de nossa casa, cumprir nossos deveres espirituais, procurar nos aprimorar cada vez mais, dar orgulho para os nossos dirigentes e sacerdotes, honrar a espiritualidade que cada um carrega dentro de si e ter plena consciência que tudo acontece na hora certa, para que amanhã possamos ser um bom pai ou mãe, temos que antes ser um bom filho. Meu Saravá a todos. E que Oxalá, o Grande Pai, abençoe a todos

Por Jéssycka Rayanna Sampaio

(Jéssycka Omo Òsun)

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Hoje falarei um pouco sobre a importância da Utilização das Ervas, Folhas e Raízes, perante a nossa Doutrina Umbandista e de algumas de suas inúmeras formas de utilização. Desde o início dos Tempos a Humanidade se envolveu e ne-cessitou se confrontar com os mistérios da Magia e conse-qüentemente a utilização desses Seres que eram desconhecidos, mas em muito maior número do que eles, o reino Vegetal. Na procura das ervas mais apropri-adas para a alimentação ou para a cura de seus males, sentiu as alegrias do sucesso e as triste-zas do fracasso. Em suas expe-riências com elas, descobriu as qualidades de cada uma: ali-mento, medicamento, veneno, alucinógeno e seu uso ritua-lístico. A Árvore Misteriosa, situada no

centro do paraíso, é um símbolo encontrado em todas as culturas espirituais representando a es-trutura do universo. Normalmen-te seus galhos tocam os confins do Infinito e suas múltiplas di-mensões, e seus frutos repre-sentam os atributos positivos do Eterno. Sem exceção, a Árvore Sagrada fez parte das tradições genesía-cas de povos, tais como os mai-as, astecas e incas, os egípcios, os cabalístas, hebreus, persas, druidas, povos nórdicos, chine-ses, japoneses, coreanos, mao-ris, nativos africanos etc. Correlacionando todos esses itens, podemos nos basear que ervas, árvores, folhas, frutos, raízes, são e fazem parte da for-ça viva e vibratória dos Ori-xás,força essa, que norteia a nossa Umbanda e nosso Criador as colocou no mundo para que

TODOS sem exceção possam usufruir de suas benesses, bas-tando para isso querer, estudar, conhecer, ter consciência e res-peito de acordo com seu uso, afinal, já diz o ponto: “As folhas que a Jurema tem, matam e curam também...” Temos que ser respeitosos sem-pre, perante a todas as religiões e segmentos, entender cada doutrina que existe separada-mente em todos os cultos, como costumo citar: ”Cada um no seu Quadrado”. E essa regra também se aplica a nossa Umbanda de Fé, Luz e Caridade, sabemos que os ensi-namentos vêm passados por nossos Guias e Mentores, junto a seus aprendizados ao longo de seu processo evolutivo, junta-mente com isso podemos cons-tatar que como diz o Ditado “O Sol nasce para todos” transpas-semos isso para: “as árvores nascem em todos os jardins, até na rua, apenas temos que aprender a regá-las, cultivá-las e utilizá-las...”

A Importância das Ervas na Umbanda

Por Elis Peralta

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Essa é a beleza de nossa doutri-na, sua flexibilidade e necessi-dade da busca do aprendizado, gerado é claro, pela irradiação de nosso Amado Pai Oxóssi, que visa a busca do conheci-mento com base e discernimen-to e não somente pela exaltação da Fé. Por isso, abram a mente para o conhecimento, aqui não vale a regra “Meu Guia sabe eu não preciso saber”. Mais do que nun-ca, eles nos mostram que essa busca pela Evolução é para ser feita de mãos dadas, lado a la-do, eles no Astral e/ou conosco e nós aqui na Terra mesmo, em nosso dia a dia. Por isso saibamos respeitar e diferenciar as Religiões, mas em nossa Umbanda o conhecimento é para todos, faz parte da Evolu-ção. Eu, Elis Peralta, Sacerdotisa de Umbanda, entendo que o estudo dá base e qualifica nos-sos médiuns a praticarem sua mediunidade em seu dia a dia, por isso ministro: cursos, pales-tras, workshops, visando o a-prendizado em busca da evolu-ção. Por ser realmente um assunto muito vasto, hoje inaugurando a minha Colaboração junto a essa proposta maravilhosa de divul-gação de nossa Religião que é a Revista Falando de Axé, citarei aqui um dos fatores que consi-dero mais importantes para a preparação, potencialização e

retorno de axé em relação a confecção de um banho de er-vas.

Falo sobre isso porque vejo dia-riamente, consulentes e até os próprios médiuns saírem de uma consulta com aquela carinha de interrogação, já ouvi pérolas tais como: mandaram-me quinar a erva, então para ser mais prático e ficar bem forte bati no liquidifi-cador... E por aí vai. Indo diretamente ao nosso enfo-que central que é o banho, to-memos, por exemplo, uma con-sulta em que se foi detectado pela entidade um caso de auto obsessão em que foram pedidos 2 tipos de banhos (que seria re-almente o ideal), um para limpe-za, que seja feito preferencial-mente a noite para que tenha um efeito de realização durante pelo menos 6 a 8 hrs de seu “sono” e o outro de equilíbrio e harmonização que poderá ser tomado ao acordar ou novamen-te ao dormir do dia seguinte, en-tendam bem não vem com bula tá? Cada caso é um caso, estou a-penas exemplificando.

O importante é: deixe as ervas descansarem um pouco da

energia vinda da rua, depois as lave, se tiver uma esteira ou no quintal mesmo, pode

colocá-las em cima, senão po-de ser num pano branco

(utilizado também para esse fim) na sua cozinha ou área, por exemplo, e comece sua

ritualística:

Ofereça e acenda uma vela branca saudando e pedindo

permissão e realização de seu intuito ao utilizar aquela(s) er-

va(s) a Ossaim e Oxóssi.

Utilize instrumentos que se-jam determinados apenas pa-ra esse tipo de ritual: balde,

bacia e afins.

Ponha água (de preferência mineral) dentro da bacia junta-mente com a erva, e macere-a

até extrair o sumo.

Atenção, durante este proces-so (que é o principal), é impor-tante que o filho de fé, cante algum ponto correspondente, que esteja concentrado e vi-

brando positivamente, que uti-lize a sua força da palavra pa-ra potencializar e vibrar o seu banho, saber de sua necessi-dade, seu intuito e para que

esse banho está sendo prepa-rado, esse é o grande poder

realizador seu e de suas mãos, por isso o

“liquidificador” está literal-mente fora de questão (risos).

Retire o excesso das folhas de

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dentro da bacia; tome seu banho de asseio normal; eleve a su-a tigela de banho acima de sua cabeça, agradeça, vibre seu

intuito, peça permissão aos seus guias, protetores e mentores e inicie seu banho ritualístico ou a seqüência indicada, lavan-do bem a cabeça (se pedido for), a nuca, o frontal e os demais

chácras, não se enxugar, toque a toalha no corpo, somente para retirar o excesso de umidade, já que o esfregar cria car-gas elétricas (estática) que podem anular parte ou todo o ba-

nho.

Banho de Descarrego deve ser tomado à noite antes de dor-mir, vista uma roupa branca. Outros tipos de banhos podem ser tomados a qualquer hora e dia, o importante será: Procu-

rar se recolher por pelo menos trinta (30) minutos, mentalizan-do seu orixá ou guia protetor e os intuitos a serem realizados com esse banho. Não esqueçam é claro, de devolver os restos de ervas à terra, com os devidos agradecimentos a Mãe Natu-

reza pela sua utilização.

Estejam assim, certos de que de acordo com seus merecimen-tos, o retorno de Axé (Prana, Força Vibracional) será pleno,

pois dentro da “simplicidade ritualística” da Umbanda unindo a Fé e o conhecimento o resultado é garantido (seja de que

forma ele se apresente) tudo é entendimento e merecimento...

Bons Banhos a todos e muito Axé!!!

Mãe Elis Peralta Dirigente da “Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda” -

Cascadura,RJ. Tel.: 21 3045-2141

Sites:www.tendadeumbandaestreladearuanda.blogspot.com

www.estradacigana.blogspot.com

Pai Nosso

Umbandista

PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS, NOS MARES, NAS MATAS E

EM TODOS OS MUNDOS HABITADOS.

SANTIFICADO SEJA O TEU NOME,

PELOS TEUS FILHOS, PELA NATUREZA, PELAS ÁGUAS, PELA

LUZ E PELO AR QUE RESPIRAMOS.

QUE O TEU REINO, REINO DO BEM, DO AMOR E DA

FRATERNIDADE, NOS UNA A TODOS E A TUDO QUE CRIASTES EM TORNO DA SAGRADA CRUZ,

AOS PÉS DO DIVINO SALVADOR E REDENTOR.

QUE A TUA VONTADE NOS

CONDUZA SEMPRE PARA O CULTO DO AMOR E DA CARIDADE.

DAI-NOS HOJE E SEMPRE A VONTADE FIRME PARA SERMOS

VIRTUOSOS E ÚTEIS AOS NOSSOS SEMELHANTES.

DAI-NOS O PÃO DO CORPO, O FRUTO DAS MATAS E A ÁGUA DAS FONTES PARA O NOSSO

SUSTENTO MATERIAL E ESPIRITUAL.

PERDOAI, SE MERECERMOS, AS

NOSSAS FALTAS E DÁ O SUBLIME SENTIMENTO DO PERDÃO PARA

OS QUE NOS OFENDERAM. NÃO NOS DEIXEIS SUCUMBIR ANTE A LUTA, DISSABORES,

INGRATIDÕES, TENTAÇÕES DOS MAUS ESPÍRITOS E ILUSÕES PECAMINOSAS DA MATÉRIA.

ENVIAI-NOS, PAI, UM RAIO DE TUA DIVINA COMPLACÊNCIA, LUZ E MISERICÓRDIA PARA OS TEUS FILHOS PECADORES QUE AQUI

LABUTAM PELO BEM DA HUMANIDADE. ASSIM SEJA!!!

SARAVÁ UMBANDA!!!

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Minha Homenagem e Gratidão, à todos (que estão comigo dês do começo), que por ami-zade, carinho e respeito, contribuíram (e

contribuem) para que este projeto chamado FALANDO DE AXÉ, seja uma REALIDADE...

Muito Obrigado... E a todos que estão chegando, sejam bem

vindos a nossa Equipe.

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A Falando de Axé, com grande CARINHO e ADMIRA-ÇÃO, presta esta homenagem a memória do Saudoso

Bàbá Altair T’Ògún. “Homens admiráveis, jamais serão esquecidos...”

Altair Bento Oliveira – Altair T’ògún, um sacerdote que enfrentou pre-conceitos e os venceu, na luta de apresentar o conhecimento e tornar público algo que ele, por egoísmo talvez, poderia ocultar e guardar pra si. Altair revolucionou, e se hoje muitos “Ògán” e “sacerdotes” da nação Ketu em especial, sabem cantar corretamente algumas cantigas dos ori-xás, se deve principalmente ao trabalho deste brasileiro e sacerdote que mais se aproximou da visão Iorubá, de que o conhecimento deve ser transmitido e não enterrado. Altair T’ògún infelizmente se foi, porém, felizmente seu conhecimento estará eternizado entre nós, em suas obras, que mesmo quando são co-piadas e mesmo que não seja dado a ele os devidos créditos, todos sempre saberão que ele serviu de fonte. E no dia de hoje, prestamos essa simples e humilde homenagem ao pesquisador, sacerdote e professor, Bàbá Altair T’ògún, que nos deu a imensa honra de sua amizade nas redes sociais e reconhecendo nosso trabalho e de nossa revista, revista esta que visa o mesmo que ele visou num passado, desenterrar o conhecimento e transmiti-lo a todos, para que o conhecimento não volte ao tumulo. Bàbá T’ògún, Sún re o!

Por Zarcel Carnielli (Ilésire Òsàlásínà Omigbàmi)

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Agradecimentos aos nossos Colaboradores.

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