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FALCONE S.O.S RIO

FALCONE - perse.com.br · insanos. Em pouco mais de um ano e meio, reservei algumas horas de meu tempo, às vezes varando madrugadas insones, outras vezes, lutando contra o cansaço

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FALCONE S.O.S RIO

FALCONE S.O.S RIO

Raphael Brudovitch

Raphael Brudovitch

Copyright © 2014 Raphael Brudovitch

Direitos reservados ao autor.

Título

Falcone S.O.S Rio

Arte

Marcelo de Lima

Revisão

Jr. Vasconcellos

Alessandro Lira Braga

Diagramação

Blab Consultoria em Idiomas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

Brudovitch, Raphael

Falcone S.O.S Rio / Raphael Brudovitch. – Rio de Janeiro, 2014.

355p. : 21 cm

ISBN não disponível

Registrado na Biblioteca Nacional

1. Literatura brasileira. Ficção Carioca.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá

se copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso,

eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso

consentimento do autor.

Raphael Brudovitch

AGRADECIMENTOS

A criação deste livro despontou através da imaginação fértil na

adolescência, num período também em que heróis americanos

estavam em ascensão; por estas razões e graças à ajuda de

familiares e amigos idealizei Falcone, um herói fora dos padrões

convencionais; mais humano e com identidade própria. A partir daí

viajei em meus devaneios e deixei-me levar pelos pensamentos

insanos.

Em pouco mais de um ano e meio, reservei algumas horas de meu

tempo, às vezes varando madrugadas insones, outras vezes, lutando

contra o cansaço causado pela rotina agitada de trabalho x

faculdade, enfim, mantive-me persistente e motivado pelo apoio de

muitos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desta

história.

Agradeço a Deus pela força, saúde e discernimento pela passagem

dos momentos mais difíceis de minha vida; aos meus pais e avôs

pelo incentivo e minha irmã Bruna, por acreditar e apoiar-me

constantemente do início ao final; a minha tia Cleia que me ajudou

como leitora assídua, com suas ótimas dicas; também agradeço aos

meus amigos Marcelo de Lima que desenhou a capa do livro e o

consultor literário professor Vasconcellos, que me assistiu durante

todo o processo de criação de um autor iniciante.

Raphael Brudovitch

“O SUCESSO DOS JUSTOS É O FRACASSO DOS

INVEJOSOS”

Raphael Brudovitch

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PREFÁCIO

O céu estava nublado e ameaçava chover. Havia um clima de

tensão no local, já dentro do veículo, a situação parecia ainda pior.

Dois homens apontavam suas armas em direção aos reféns e logo a

rua estava tomada de curiosos transeuntes atentos à ação dos

criminosos. Nesse instante, ouve-se o alarde das sirenes

aproximando-se ao local e homens armados chegam preparados

para uma situação que parecia estar sob controle. Atendendo as

denúncias de ameaça terrorista, a força elite da CIPE foi

mobilizada. Eles saíram imediatamente das viaturas com o

emblema da corporação estampado no peito e ficaram a postos,

prontos para usarem suas táticas especiais.

Os pedidos de socorro desesperador que vinham de dentro do

ônibus misturavam-se ao burburinho dos curiosos que assistiam

horrorizados a ousadia dos marginais. No tumulto, um homem

parecia inconformado com o que estava acontecendo e numa

atitude impetuosa, conseguiu se soltar das mãos que o seguravam e

correu em direção ao ônibus. Inesperadamente, uma forte

explosão...

Booom...

Todos se jogaram ao chão para se proteger dos destroços, mas já

não havia nada a ser feito, imediatamente enormes labaredas de

fogo tomaram o veículo. Incrédulos com o que acabara de

acontecer, muitos se perguntavam quem seria capaz algo tão

brutal? Em meio ao caos eminente, o mesmo homem, agora

estirado ao chão, agonizava de dor e tudo parecia deturpar seus

sentidos. Com a força do impacto, caiu a alguns metros de

distância sobre o asfalto quente da rua.

Tum tum...

Raphael Brudovitch

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Estático por alguns instantes estava em choque e o corpo

totalmente ensanguentado.

Tum tum...

Tentou se levantar, mas suas forças esvaíram-se.

Tum tum...

Levantou as mãos como se pedisse por ajuda, mas percebeu que

seu braço direito fora dilacerado e que o mesmo aconteceu com

suas pernas.

Tum tum...

Queria falar, porém, saiam sussurros sem sentido.

Tum tum...

Gritos e pessoas em todas as direções, mas na percepção

agonizante daquele pobre homem tudo parecia acontecer

lentamente.

Tum tum...

Ele ainda parecia resistir à dor, quando os paramédicos chegaram

para socorrê-lo. Então, seus olhos cansados e incontroláveis

fecharam-se.

Tum tum Tum tum...

Raphael Brudovitch

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QUANDO TUDO COMEÇOU

CAPÍTULO 1

(Afeganistão, 2011)

A cordilheira Hindu Kush revela-se imponente com seus picos

nevados ao fundo, já na cidade, milhares de afegãs lotam as ruas de

Cabul e apesar do calor sufocante de 38 graus no mês de julho,

nada parece incomodar populares que transitam com os seus trajes

típicos. Marcas dos projéteis visíveis nos prédios antigos e arcaicos

que mais sujam a paisagem amontoam-se pelas ruas da capital,

além de outras construções menos resistentes. O comercio resiste

às mudanças do século, possuindo uma importância local de artigos

e relíquias afegã, lojas de tecidos e roupas na sua maioria,

misturam-se aos aromas dos temperos expostos aos compradores.

Em outra parte da cidade, um grupo de transeuntes se aglomera em

volta de uma loja de aparelhos eletrônicos, olham atentos pela

vitrine as antigas televisões de segunda mão. A jornalista da rede

Al Jazira exibe novas imagens do terrorista Osama Bin Laden.

Dizendo...

- Depois de um longo tempo sem aparecer em público e

aparentemente com a saúde debilitada. O líder guerrilheiro Faz um

pronunciamento. Nas imagens, ele e seu então braço direito

Mohammed Al Atef, convocam os Mujahidin “guerreiros”

apelando à Jihad “guerra santa” contra os americanos e anuncia um

de seus filhos como seu sucessor para liderar a Al Qaeda “a base”.

Voltamos daqui a pouco, com mais notícias.

Entra os comerciais...

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Dispersos com a notícia, entreolham-se num agitado burburinho

dada a novidade. Nesse instante, ouve-se o chamado de um homem

através das milhares de caixas de som espalhadas pela cidade.

Convocava os cidadãos à oração santa ao profeta Maomé. Pessoas

prosternam-se de joelhos diante de praças e ruas em direção a

Meca.

Originalmente a Al Qaeda tinha como principal objetivo combater

o modelo ocidentalizado do império saudita, o que irritava muito o

líder Bin Laden. Anos se passaram aumentando o número de

inimigos dos judeus e xiitas, aos ocidentais em especial os Estados

Unidos, seu principal alvo em ataques terroristas.

Com este propósito e sabendo a importância de manter os

princípios da guerrilha religiosa muçulmana, seu filho seria a

pessoa mais adequada para dar continuidade ao grupo radical.

Logo a notícia espalhou-se por todas as partes do mundo e o

senado americano reagiu preocupado com a nova ameaça que

acabara de receber, temerosos com um novo ataque.

Após atentados de 11 de setembro, iniciou-se no dia 20 de março

de 2003 uma invasão ao território iraquiano, através da aliança

militar entre Estados Unidos e aliados pactuaram uma “Coalizão”,

consistindo na estratégia de invasão aos países islâmicos por

ofensiva terrestre a partir do Kuwait, adentrando territórios

iraquiano até começarem uma série de ataques aéreos a Bagdá,

Afeganistão e arredores. Abrindo caminhos para as tropas

americanas. Rapidamente dominaram diversos países do oriente

médio, onde permanecem desde então.

Anos em guerra, conseguiram estabelecer a paz em algumas

regiões; mas com a nova ameaça foram mandados mais reforços e

uma série de ataques voltaram a acontecer. Acuados, muitos

terroristas fugiram para outros países; inclusive o Brasil, onde

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prevalece o poder paralelo, com guerras diárias comandadas por

milícias e traficantes que disputam para manter as comunidades

sob seus domínios.

(Rio de Janeiro, carnaval de 2012)

O povo brasileiro se preparava para umas das festas mais populares

e democráticas do mundo - O carnaval. Milhares de foliões

lotavam ruas de várias cidades do país: em Pernambuco, pessoas

dançavam alegremente o frevo juntos dos famosos bonecos de

Olinda; em Salvador, os “micareteiros” seguiam os trios elétricos

ao som do Axé baiano; em São Paulo e no Rio escolas de samba

estavam na contagem regressiva e nos últimos preparativos para

desfilarem no sambódromo do Anhembi e Sapucaí

respectivamente.

Na zona sul da capital carioca, centenas de casas de shows

espalhadas pelos bairros tradicionais, anunciam aos frequentadores

suas atrações em painéis iluminados a LEDs. Na fachada do prédio

Maison em Copacabana, lindas mulatas de corpos esculturais são

expostas com trajes mínimos de passista. Atendendo

principalmente a fiel clientela de estrangeiros que vem a esta época

do ano encantados com as maravilhas que a cidade tem a oferecer.

O público é diversificado, mas em sua maioria homens solteirões

em busca de aventuras e prazeres sexuais. A exceção como o

jovem Paul Born que chegou ao Rio de Janeiro por indicação de

uma amiga que conhecera em Londres. Paul desembarcou na

cidade pela manhã e no caminho até o hotel, lera algumas páginas

de uma revista de viagem semanal com imagem panorâmica do Rio

ilustrada na capa. Acostumado com os livros acadêmicos de

medicina impressionou-se o quanto aquela leitura foi

esclarecedora, pois como muitos estrangeiros, adquirira uma visão

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distorcida do Brasil criada por mitos e ignorância como se capital

do país ainda fosse o Rio de Janeiro.

Já bem acomodado no hotel Windsor Atlântica, observava do

décimo andar o bloco arrastando milhares de foliões na orla,

muitos dançantes animados com as marchinhas de carnaval em

potentes caixas de som e outras pessoas alteradas pelo álcool no

sangue. Anoitecera e não havia nada de interessante em estar

trancado dentro do quarto, logo o tédio era sua melhor companhia.

Assistindo televisão sem entender nada do que diziam os

noticiários, passou para o canal fechado da rede BBC quando um

reporte fazia transmissão ao vivo, algo chamou sua atenção.

Por alguns instantes teve a sensação do tempo parado, com o olhar

fixo a imagem, encantou-se com a bela passista sendo entrevistada,

que solicita ao pedido do repórter sambava com graciosidade e

sorriso estonteante estampado, nesse momento, nada mais fazia

sentido para Paul, era um sentimento confuso e de outras vidas.

Logo, determinado a encontrá-la, ligou para recepção e em poucos

minutos tomou um taxi em direção à felicidade, não sabia como

chegar e tudo o que descobrira viu de relance pela TV o letreiro La

Maison na fachada do lugar.

Seguindo a intuição e ajuda do simpático taxista, não foi difícil

encontrar. O ponto é bem conhecido e um dos lugares mais

movimentado, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Quando

percebeu que a fachada da casa de show era a mesma que vira,

pagou a corrida e saiu do veículo já com o frio nervoso na barriga

que o dominou. Sua apreensão era evidente, mas seu objetivo

maior, então, seguiu para a entrada principal, onde quatro

seguranças faziam a recepção da casa.

Já dentro, o clima de descontração atípico enfatizou sua certeza de

estar no Lugar certo. O som das batidas do tamborim, cuíca, surdo

e outros instrumentos que não conseguira identificar, possui uma

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singularidade convidativa para sambar, puxados por uma voz grave

cantando música típica de carnaval. Adentrando timidamente,

olhava atento os rostos desconhecidos em meio ao tumulto, mas até

agora nada familiar a beleza daquela passista que vira na TV.

Conforme andava pelo salão, atraia olhares das lindas passistas

exibindo seus corpos esculturais; num outro canto, senhoras com

seus longos saiotes e ao meio, o mestre sala e porta bandeira

tinham uma graciosidade que enaltecia o pavilhão da escola, todos

sambavam e cantavam ao som da bateria. Paul observava a alegria

das pessoas, a beleza dos brasileiros, a excentricidade do lugar e a

grande presença de estrangeiros, então entendeu por que país

tornou-se um destino para muitos.

Depois de sondar o lugar posicionou-se próximo a uma pilastra e

mesmo isolado num canto, chamava atenção sua aparência inglesa

com 1,80 de altura, cabelos loiros e olhos azuis no auge dos seus

vinte e quatro anos. Paul estava tão encantado com o carnaval que

na empolgação arriscou alguns passes do samba sem perder o foco

na multidão, de repetente, surge em meio ao tumulto o rosto em

comum, era ela, a menina dos seus olhos.

A partir daí, não desviava os olhos da jovem Clarisse Lima, linda

morena de olhos e cabelo castanhos, com 1,68 de altura e vinte

anos de idade, era sem dúvida a rainha da festa e chamava atenção

de todos com sua beleza estonteante. Sem mais delongas, Paul

resolveu tomar a iniciativa de ir falar com a moça, que no primeiro

instante não reparou a sua presença. Mesmo sentido dificuldade na

língua portuguesa, sua determinação e persistência eram maior, por

está razão, não desistiria facilmente dela. Aproveitando a pausa no

ensaio não sabia o que dizer, então, puxou uma conversa de

imediato usando o samba como pretexto num “portunhol”

improvisado.

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- Hola senhorita, pode ensinar-me a sambar? - Perguntou Paul

timidamente.

- Claro, por que não ensinaria!? - Disse bastante solícita.

- Oh good – Ele estava atento a cada passo.

- Está me acompanhando, não é difícil... Você só precisa se soltar

mais! - Clarisse percebeu que ele não levava jeito, mas algo lhe

chamou sua atenção, Paul despertou um sentimento que ela nunca

sentira antes.

- Oh my god, this is complicated! - Disse Paul.

- O que você falou? - Indagou Clarisse.

- Oh please.

- Tudo bem, nada que alguns anos de prática resolva! - Os dois

riem.

- You very, very beautiful!

- Ah obrigada, thanks... Agora tenho que voltar para o ensaio,

adeus - Disse Clarisse e ao se virar, Paul chamou sua atenção com

um convite inesperado.

- Gostaria de sair you and me?

- Está me chamando pra sair com você? - Perguntou.

- Yes?!

- Aceito, iria gostar muito! - Disse bastante animada e assim

seguiu, Paul deu um pulo de alegria.

Terminado o ensaio, os dois foram para um restaurante próximo e

lá puderam se conheceram melhor conversando diversos assuntos.

Descobriram que tinha muitas coisas em comum e após dialogarem

durante horas, finalmente beijaram-se calorosamente. Depois

seguiram para um hotel onde passaram a noite fazendo amor.

A partir desse encontro, as coisas foram acontecendo rápido na

vida dos dois, no mesmo ano se casaram graças à impaciência da

jovem Clarisse; passaram à lua de mel em Londres onde ela pôde

conhecer melhor a família e o país de seu marido. Paul acabara de

se formar em medicina pela universidade de Cambridge e Clarisse

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no sétimo período de administração na UFRJ (Universidade

Federal do Rio de Janeiro) tinham a vida praticamente estabilizada,

por esta razão, os dois chegaram a um consenso e resolveram

morar no Brasil. No ano seguinte, o primeiro filho do casal,

Michael, uma linda criança e orgulho da família Born.

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UM SONHO DE MENINO

CAPÍTULO 2

(Rio de Janeiro, Brasil 2031)

O sol nasce no horizonte do Atlântico e aos poucos revela

peculiaridades difíceis de igualar. O amanhecer visto é

panoramicamente lindo e exuberante com os primeiros raios de sol

adentrando ruas e esquinas da cidade, desperta toda massa urbana a

mais um dia rotineiro e os forçando aglomerarem-se nos meios de

transportes, praças e bairros com suas largas avenidas.

A brisa fresca matinal bate em seu rosto e o sol antes tímido,

começa a deturpar sua visão “falcônica”, então, puxa os óculos do

bolso e os coloca para ter uma visão mais nítida do que ocorre em

sua volta. Sentindo-se mais próximo de Deus... Não entendia tal

sensação, a não ser o fato de está tão próximo da imagem do seu

filho.

A excentricidade da cidade o fascina com seu encanto cosmopolita,

pois escondida atrás dos grandes prédios e majestosos arranha-céus

modernos, favelas mostram-se imponentes diante de tanta riqueza

na megalópole. São pequenos “feudos dos excluídos” assim

definidos, já que as disparidades existentes são tão gritantes que

parecem principados dentro de uma grande nação... Só que dos

pobres. Vejam bem... Os reis aqui são os chefes das milícias com

suas “rainhas”; príncipes e princesas são os filhos acostumados

com as mordomias proporcionados pelos atos ilícitos dos

poderosos chefões; os súditos... Braços direitos e comparsas; e a

plebe... Os humildes moradores. E sem esquecer-se dos bobos da

corte, da calhorda política e corja engravatada.