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FAMÍLIA E ELITES NO AGRO-FLUMINENSE: CANTAGALO DO OITOCENTOSEliana Vinhaes
Mestre em História Social do Brasil UFRJDocente da UERJ/UNESA
IntroduçãoO estudo desenvolvido procura recuperar a história de um grupo de atores da
História, através de levantamento de dados que se cruzam com o auxílio de
documentação variada. Este procedimento de investigação conhecido como
Prosopografia pretende elucidar um universo a ser estudado e formular uma série de
questões padronizadas como origens de sua fortuna, local de nascimento, escolhas
matrimoniais, organização familiar, formas de ocupação etc. Pode ser explicitado como
o método de investigação das características comuns do passado de um grupo de
atores, através do estudo coletivo de suas vidas (STONE, L:1981;45-6 HEINZ, F.
2006:9).
A noção de elites nem sempre é precisa, pois marcada pela percepção social que
os diversos atores adotam acerca das condições desiguais dadas aos indivíduos, ao
desempenharem seus papéis sociais e políticos. Esta imprecisão pode ser corrigida se
conceituarmos a noção de elites como aquele grupo de indivíduos e suas famílias, que
ocupam posições de destaque em uma sociedade e que dispõem de poderes, de
influência e de privilégios inacessíveis a grande parte do conjunto de seus membros. E
não se submetem necessariamente, à posição social unicamente referenciada ao seu
lugar na produção (HEINZ, F. 2006:8).
Em uma dada sociedade, em um determinado contexto, uma minoria dispõe de
privilégios decorrentes de qualidades valorizadas socialmente. No plural a palavra elites
qualifica todos aqueles que compõem o grupo minoritário situado no cimo da hierarquia
social e que se arrogam, em virtude de sua origem, seus méritos, de sua cultura ou de
sua riqueza, o direito de dirigir e negociar as questões de interesse da coletividade
(BUSINO, G. 1992:4).
Trata-se, portanto, de um conceito amplo e flexível que pode ser construído com o
estudo de categorias ou grupos sociais situados no topo das estruturas de autoridade, ou
de gestão e de riquezas. De fato, o termo elites aponta para uma vasta zona de
investigação incorporando profissionais da política, empresários, legisladores e outros
(SCOTT 1995:9, HEINZ, 2006:7).
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Nosso trabalho pretende reconstituir o processo que destaca os atores eleitos nos
quadros das elites de Cantagalo no oitocentos, identificando como se formam estas
elites, considerando suas fortunas, o âmbito de seus poderes e a composição de suas
famílias.
Para tanto, utilizamos uma documentação variada na reconstrução de um
passado fugidio que perpassa estes atores históricos, dentro de um contexto específico.
Entre a documentação manuseada citamos inventários pós mortem, listas anuais do
Almanaque Laemmertz, registros paroquiais de casamento é óbitos, censos
demográficos, relatórios de Presidente de Província, genealogias, livros de viajantes e
cronistas de época.
A região: CantagaloEste estudo histórico-regional parte do pressuposto de que uma região se constitui
em uma unidade de análise, possibilitando quase a totalidade documental de uma dada
região que pode ser acompanhada na sua longa duração (CARDOSO, C. 1979:72-80). O
processo de migrações e de mobilidade social de uma dada população pode oferecer
elementos de permanência e de mudança importantes para o entendimento da
formação social regional e geral (GOUBERT, P.79).
Cantagalo, em meados do XIX, se apresentava como um pujante contexto de
estabilidade e mudança.
Mas vamos às suas origens. A região iniciou seu povoamento em meados do
século XVIII. Neste contexto, o conflito mais agudo se expressava em torno do confronto
entre garimpeiros e comunidades indígenas. O processo de aldeamento será o grande
responsável pelo deslocamento progressivo destas comunidades.
Em 1784 já se formava um núcleo de povoamento com cerca de 200 moradores,
na sua maioria portugueses e mineiros, nos chamados sertões de Macacu.
Pelo Alvará de 09 de março de 1814, o antigo arraial se eleva a distrito das Novas
Minas de Cantagalo. Chamou-se, então, vila de São Pedro de Cantagalo cujos limites se
estendiam do rio Paraíba, na altura da serra dos Órgãos, passando a se confrontar com
Magé, Macacu, Macaé e Campos dos Goitacazes, até alcançar o rio Paraíba, na divisa
com Minas Gerais (VINHAES, E. 1992:28, DIAS, A. 1998:19).
Das antigas lavras à criação do município de São Pedro de Cantagalo passaram-
se décadas em que se produziu cereais, café, cana de açúcar, milho, arroz, feijão,
mandioca, batata doce etc.
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Na década de 1830, o povoado do distrito de Cantagalo já contava com 4.000
habitantes. Além, nas freguesias de Sumidouro, Santa Rita e São Francisco de Paula já
se contava uma população de 12.000 habitantes. Os produtos da Vila eram conduzidos
em bestas cargueiras aos portos do rio Macacu e daí transportados para o Rio de
Janeiro (DIAS, A. 1998:23).
Progressivamente, as fazendas de café vão ocupando a região. Entre 1860-66
Tschudi esteve em Cantagalo e dizia, então, estar “em um dos mais importantes centros
de cultivo de café do país” (TSCHUDI, J. 1980:3).
O perfil geral das elitesEstamos na segunda metade do dezenove quando as relações escravistas
passam a dar seus primeiros sinais de declínio, com a extinção do tráfico
intercontinental, com a África. Conseqüentemente o sistema agrário fluminense teria seu
abalo, na ausência de um de seus componentes constitutivos: o trabalho escravo.
A inversão maciça em terras e cativos forjou um perfil de elites que floresceu entre
cafeeiros, moendas, pilões, engenhos, matas virgens, capoeiras e escravos.
Com o esgotamento da terra propícia para o crescimento dos cafeeiros, diante de
fronteira fechada, as elites locais vão se deparar com a urgência da busca de
alternativas à sua reprodução (FRAGOSO, J. L.1983:38; VINHAES, E. 1992:50).
Estes grandes proprietários de terras e escravos, gradativamente vão concentrar
em suas mãos o acesso à terra, à escravaria e aos cargos públicos e políticos locais.
São vários os fazendeiros de café que vão desempenhar funções variadas como juízes
de paz, vereadores, advogados, juízes de órfãos, delegados de polícia. Podemos mesmo
afirmar que, em determinados casos, prestígio, poder e riqueza convergiam para poucas
mãos, quando do apogeu da economia cafeeira local.
Podemos citar Antonio Machado Botelho Sobrinho que, em 1854 era um pequeno
fazendeiro, sem engenho. Cinco anos se passaram e ele passa a ser considerado um
fazendeiro de café (LAEMMERTZ: BN). Sua família se originaria em Portugal, cujo tronco
vem de João Machado Botelho (1761-1826), que era natural da ilha de São Jorge, nos
Açores. Este ancestral teria emigrado para o Brasil em 1786, radicando-se, inicialmente,
na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Roca do Alferes (hoje Pati do Alferes).
Estabelece-se em Cantagalo, a partir de 1804 e, em 1809 funda a fazenda Monte Alegre,
depois chamada da Torre (cordeiro). Seus filhos Antonio, João e Joaquim tornar-se-iam,
posteriormente, proprietários de terras em Santa Maria Madalena, São Francisco de
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Paula e São Sebastião do Alto. Joaquim torna-se proprietário da fazenda Monte Verde,
que lhe coube por herança de sua segunda esposa, D. Caetana Josefa da Conceição. A
irmã de Caetana, Rosa Cândida de Jesus (1752-1834) e seu marido se tornaram
proprietários na região do Córrego dos Índios.
Em Relatório de Presidente de Província (1851), Luis Pedreira do Couto Ferraz
comenta:“Fazendas há, no Município de Cantagalo especialmente, em que já se pode notar adiantamento já pela
maneira porque são preparados os terreiros, já pelo emprego de diversas máquinas e estufas” (Relatório de
Presidente de Província 1851: BN)
Viajantes, cronistas, agentes estrangeiros já explicitavam em suas descrições
sobre a região, a tendência progressiva à concentração de terras e fortunas, derivadas
da nova fonte de enriquecimento: a economia cafeeira.
Pela Lista de Qualificação de Votantes (Câmara Municipal de Cantagalo, 1856)
constatamos que um total de 34,9% da riqueza local concentrava-se em mãos de 4,7%
da população votante – aquela que detinha mais de 10.000$000 de renda líquida anual.
Há que se considerar que os votantes já eram selecionados entre os que detinham mais
de 100$000 de renda líquida anual.
Pelo Quadro Geral da População Livre de Cantagalo, quando do Recenseamento
de 1872 identificamos algumas possibilidades acerca da tendência geral da população
branca disponibilizada para o casamento. De um total de 7123 homens livres, 2053 eram
casados (28,8%). Quanto às mulheres livres, de um total de 4.944, 1.397 eram casadas
(28,2%). Mas havia um total de 4.495 homens livres e solteiros (63,1%) e 2.994
mulheres livres e solteiras (60,5%). Estes dados nos apontam para um mercado
matrimonial efetivo na região. Muitos homens e mulheres livres e solteiros estariam
habilitados para o matrimônio. Claro está que, entre estes, havia os que já haviam
estabelecido relações consensuais ou eram idosos. Entretanto, grosso modo, por volta
de 1870 homens e mulheres se distribuíam equilibradamente para um eventual
casamento.
Este Quadro nos aponta para a população livre, branca, brasileira ou estrangeira
que comporia um perfil aproximado destas elites locais. Neste quadro geral da população
livre, podemos afirmar que de um total de 9.295 pessoas, 60,64% eram homens e
39,36% mulheres. A maioria dos homens, pelo Censo de 72 era brasileira, mas menos
de 50% eram letrados.Entre as mulheres, a maioria era brasileira e analfabeta. Estes
dados nos dão alguns indícios do perfil desta elite local.
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No censo de 1890, 31,6% da população local masculina é branca e solteira. As
mulheres brancas e solteiras perfaziam um total de 26%.
Nesta data, os casados brancos perfaziam um total de 11,4% da população. Entre
as mulheres casadas e brancas temos uma população de 12,6%.
Família e Elite em CantagaloPensar a família como o locus da produção e reprodução das elites nos
possibilitou um novo olhar para identificarmos a dinâmica das vivências destes homens
de poder, status e fortuna. Muitos estudos recentes têm investigado as estratégias de
reprodução de seus familiares e de seus bens acumulados, no oitocentos.
O casamento religioso na Igreja era o único lícito, desde o início de XIX. Portanto
sua prática era considerada usual e a constituição de uma família era condição
necessária em regiões agrárias e o matrimônio legal viabilizava o seu acesso,
ocasionando uma alta taxa de legitimidade dos filhos (FARIA, S. 1994).
Dentre estes casamentos que buscavam a legitimação social podemos apontar
que, embora com a utilização de argumentos românticos, como o amor entre os
cônjuges, em muitos documentos permanece a determinação familiar como a grande
responsável pelas questões matrimoniais (BRUGGER, S. 1996:93-94).
Sem dúvida, para as elites, o matrimônio tinha um significado importante. As elites
agrárias fluminenses não fugiram aos ditames da Igreja na obtenção do reconhecimento
social. A busca da legalidade nas uniões matrimoniais aproximou-se, de um lado, da
Legislação Civil e, de outro, das exigências religiosas.
Mesmo as Ordenações Filipinas, que desde o período colonial vigoravam como
corpo jurídico, embora não voltadas especificamente para o enlace matrimonial, tratavam
de seus aspectos pecuniários e penais. Nos Livros quarto e quinto eram abordadas
matérias comerciais e penais, e nestes exemplares encontram-se títulos referentes à
propriedade dos bens do casal, ao sistema dotal e à herança. A questão da meação
aparece freqüentemente nos inventários do XIX, que garantia a metade da fortuna
amealhada pela família para cônjuge que sobrevivesse à morte de seu parceiro. A outra
metade passava pelo processo de partilha equânime, entre os filhos legítimos
(BRUGGER, S. 1995:99, VINHAES, E. 1992).
Os inventários pós-mortem ratificavam uma aceitação social, sem exigência de
prova testemunhal ou documental da contratação do matrimônio, mas garantia a meação
e a partilha.
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A geografia do mercado matrimonialA escolha do cônjuge para se estabelecer o contrato matrimonial, provavelmente
passou por muitas influências, no tempo. Bacellar nos adverte de que a recorrência de
padrões confiáveis nem sempre nos é garantida. Entretanto, algumas aproximações
podem ser tentadas, considerando que estamos revelando formas de convivência das
elites agrárias fluminenses, do XIX.
Utilizando os Registros Paroquiais de Casamento para Cantagalo, na segunda
metade do XIX, podemos levantar algumas considerações.
A seleção dos registros seguiu o critério de identificação dos nomes listados no
Almanaque Laemmertz, como titulares do império, ou seus pais ou seus filhos, ou seus
viúvos (as). O NOME selecionado explicita determinados atores históricos de destaque
na região. A listagem sócio-profissional encontrada no Almanaque cotejada com
inventários pós-mortem e com minuciosa leitura levantada ano a ano nos permite
acompanhar a trajetória dos negócios empreendidos por determinados homens ou
mulheres. Sem dúvida, figuras de destaque estão enumeradas nas suas listagens
representando as várias atividades diversificadas que foram desempenhadas num
determinado tempo, por determinado empreendimento comercial.
Foram estudados e selecionados 342 registros de casamento a partir destas
referências. Pudemos identificar, através esta fonte citada, a proveniência dos noivos. A
prática do matrimônio local nos mostra que, nas décadas de 1850-90 a origem dos
noivos que nascem em Cantagalo vai se avolumando nestas três décadas (25,5%;
32,25; 47,9%). As noivas, por sua vez, eram predominantemente originárias de
Cantagalo, como nos demonstra o exame dos dados (63,1%; 65,2%;78%).
Esta documentação nos garante boa margem de segurança, quando levamos em
conta que a tendência das elites, como estratégia matrimonial segura, na consolidação
de prestígio, poder e fortuna utiliza os registros de seus matrimônios lícitos. A grande
maioria dos casamentos foi realizada no município de Cantagalo e contribuiu para a
reconstituição das famílias locais.
Alguns registros fugiram ao balizamento utilizado, por terem sido efetuados
anteriormente à massa documental levantada, outros foram feitos fora do município,
inclusive no da Corte.
Do universo selecionado, os noivos oriundos de Portugal, entre 1850-90
perfizeram, respectivamente, nas três décadas os seguintes percentuais 21,82; 23,7% e
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28,7% do total de noivos das elites locais. Detectamos uma ligeira elevação no
contingente de noivos originários em Portugal. Mas a década de 1870 recebe um grande
fluxo imigratório português, que se distribuíram por todas as faixas da hierarquia social
local. O quadro abaixo nos permite constatar este movimento de chegada de
portugueses à região e que contraem o matrimônio.TABELA 1. A ORIGEM DOS NOIVOS: ELITE DE CANTAGALO (1850-80)NOIVOS
DÉCADA CANTAGALO % REGIÃO % PORTUGAL % OUTROS %1850 34 25,5 6 4,5 29 21,8 40 301860 38 32,2 15 12,7 28 23,7 32 27,11870 35 47,9 10 13,6 21 28,7 5 6,8Fonte: Registros Paroquiais de Casamento- Cantagalo 1850-90NOIVASDécada Cantagalo % Região % Portugal % Outros % Total
1850 84 63,1 4 3 4 3 13 9,7 1331860 77 65,2 9 7,6 9 7,6 14 8,4 1181870 57 78 9 12,3 3 4,1 2 2,7 73Fonte: Registros Paroquiais de Casamento – Cantagalo 1850-90
A escolha do cônjuge para se estabelecer o contrato matrimonial provavelmente
passou por várias influências (FRAGOSO, J. 2007).TABELA 2. ORIGEM DA POPULAÇÃO LIVRE QUE SE CASA EM CANTAGALO - 1850-80NOIVOS DÉCADA PORTUGAL % BRASIL % OUTROS %1850 74 26,5 185 66,3 20 7,11860 91 30 184 62,5 19 6,51870 97 37,1 160 61,3 4 1,5
NOIVASDÉCADA PORTUGAL % BRASIL % OUTROS %1850 15 5,6 244 91 9 3,41860 30 10,5 251 87,8 5 1,71870 16 6,7 220 93 17 7,2Fonte: Registros Paroquiais de Casamento. Cantagalo 1850-80
Entre as elites, entretanto, o perfil da entrada de noivos portugueses, nos 30 anos
estudados permaneceu na faixa de 20%. Não constatamos aumento significativo de
entrada de noivos portugueses no mercado matrimonial local nestas faixas. Os que
entraram na região provavelmente eram imigrantes pobres.
As noivas, por outro lado, eram dominantemente brasileiras nas décadas
estudadas (91% ; 87,8%; 92,8% respectivamente). Podemos acrescentar que as noivas
das elites eram brasileiras e nascidas na freguesia de Cantagalo, ou imediações, como
se pode constatar (63,1%; 65,2%; 78% respectivamente).
Se somarmos os noivos das elites originários de Portugal, com os provenientes de
outras regiões do Brasil, ou mesmo da Europa passamos a um total significativo de
estrangeiros na região (77,1%; 63,5%; 39,1% respectivamente). Houve uma tendência
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de diminuição de noivos estrangeiros chegando ao mercado matrimonial local, nas
décadas estudadas. Presume-se que, ou passou a haver mercado mais atrativo, ou as
famílias tenderam à fixação e sedimentação, ocupando terras adquirindo seus cativos e
distribuindo cargos de destaque.
Podemos cotejar estes dados com pesquisas anteriores que comprovam a
tendência à concentração da terra e à ocupação efetiva da região, conforme Registros
Paroquiais de Terra e Listas do Almanaque Laemmertz, demonstrando a distribuição de
cargos políticos entre fazendeiros proeminentes do café (VINHAES, E. 1992). Estes
homens proeminentes da localidade desempenharam cargos variados na política, na
justiça, na administração pública e eram dominantemente proprietários de terras e
escravos.
Observando mais detidamente as Listas do Almanaque, entre os anos 1850-65,
constatamos que de um total e 1728 nomes, somente 70 eram negociantes e, dentre
estes, muitos aparecem somente uma ou duas vezes nestas listagens. Presume-se que
possam ter se transferido para outros municípios, ou mesmo mudaram de atividade
profissional. Podem ter continuado no mesmo ramo de atividade e residindo no local,
mas acabaram diluídos entre aqueles, cujos negócios não foram adiante e portanto, nem
foram mais mencionados nas Listagens. Podem ter passado pelo processo de
empobrecimento, ou abandonaram a região.
Outra reflexão que podemos apontar sobre o mercado matrimonial local é que as
noivas se sedimentam na região em que nasceram, mesmo após o casamento. Os
homens, entretanto, filhos das elites locais se deslocam para outras regiões. Constata-se
uma grande defasagem entre o número de mulheres e homens que se casam onde
nasceram. Possivelmente esta constatação comprova que houve um movimento espacial
dos jovens filhos das elites. Este movimento aponta para a fuga de relações
endogâmicas nos contratos de casamento.
TABELA 3. GRAU DE CONSANGÜINIDADE ENTRE A ELITE LOCAL
DÉCADARELAÇÕES CONSANGÜÍNEAS TOTAL DE CASAMENTOS
1850 18 1331860 16 1181870 12 73
Fonte: Registros Paroquiais de Casamento- Cantagalo 1850-1880
Esta tabela nos demonstra os baixos percentuais de consangüinidade entre as elites locais. Como podemos visualizar, na década de 1850 temos um percentual de
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13,5% de casamentos consangüíneos, seguidas, respectivamente, nas décadas de 1860-70 pelos seguintes percentuais:13,5% e 16,4%.
Cruzando estes dados com a média de filhos dos casais da elite local, recuperada a partir da análise de 21 inventários, num total de 152 filhos, de ambos os sexos chegamos à estimativa de 7,2 filhos por casal. Destes 21 inventários extraímos de 18 deles, a discriminação dos sexos dos filhos, que perfizeram um total de 68 filhos e 68 filhas, coincidentemente. Presume-se que, ainda que com algumas variáveis, estes filhos chegavam ao mercado matrimonial numa percentagem equivalente de homens e mulheres. Se os casamentos registrados apresentam, como vimos, uma distância entre o número de noivos e noivas da localidade, podemos deduzir que, ou os noivos potenciais se deslocavam para outras regiões, ou se tornavam celibatários, ou estabeleceram relações consensuais e seus registros não aparecem nesta fonte documental.
A morte das elites locaisLevantamos os óbitos das elites locais entre os períodos de 1859-1888. A partir
destes dados gerais construímos alguns quadros elucidativos.
TABELA 4. ÓBITOS DA ELITE DE CANTAGALO - faixas etáriasADULTOS JOVENS CRIANÇAS TOTALH % M % H % M % H % M % 10084 33 46 18,1 6 2,4 6 2,4 41 16,1 54 21,3 254* 11 óbitos s/ idade * 6 óbitos s/ sexo ( incluídos no total )Fonte: Registros Paroquiais de Óbito-Cantagalo: 1859-1888
Procuramos levantar a idade média das mortes das elites. Os homens em média faleciam em torno de 50 anos e as mulheres por volta de 45 anos. Os jovens rapazes representam o maior índice de mortes. Não pudemos precisar as causas recorrentes dos óbitos, uma vez que poucos registros apresentam a “causa mortis” e, quando o fazem sua clareza é duvidosa. As raparigas parecem ser mais protegidas da morte que os rapazes. Entre as crianças de menos de 14 anos, a média dos falecimentos girava em torno dos 2 anos e meio, não ultrapassando os 3 anos. Do total de 254 óbitos, 33% reflete a mortalidade infantil, dentre os quais, 16,9% eram meninas e 16,1% eram meninos.
TABELA 5. ÓBITOS DOS SOLTEIROS - ELITE DE CANTAGALOHomem % Mulher % Total % Soma G.19 7,5 10 3,9 29 11,4 254
Fonte: Registros Paroquiais de Óbitos -Cantagalo: 1859-88
Podemos observar que o segmento da elite que morre solteiro não ultrapassa os 11,4% do total. Consideramos solteiros aqueles cujos óbitos ocorrem com idade acima de 14anos. Destes, 7,5% compõe o universo de homens que morrem sem se casar, em comparação com 3,9% de mulheres que não se casam.
Quanto ao percentual geral das elites, os óbitos infantis, mesmo entre as elites é bastante alto, girando em torno de 37,4%.
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Agregando-se os dados obtidos pelos registros de óbitos infantis, jovens e solteiros temos uma população de 53,6% que não chega sequer ao casamento, denotando esta incapacidade de reprodução da própria elite.
Por outro lado, a média de filhos da elite girando em torno de sete ou oito filhos parece corrigir as perdas que os óbitos incidem sobre si.
A elite rústicaArbitramos denominar um segmento da elite como rústica por se tratar de famílias
que, partilhando das fortunas locais, dos cargos de poder e prestígio demonstram circular no âmbito restrito da própria região, não somente pelas estratégias matrimoniais, como pelo acesso aos cargos públicos existentes. Poderíamos dizer que são famílias reconhecidas pela sociedade local, que participam como testemunhas (compadrio) nos casamentos da elite, que oferecem suas fazendas e capelas para a realização do ritual do casamento, que desfrutam de títulos de mérito e prestígio, que possuem extensas propriedades de café e ampla escravaria e que casam seus filhos com outras famílias da elite local.
Citamos o exemplo de João Guerreiro Bogado, casado D. Maria Justina da Purificação. Um de seus filhos, Joze Guerreiro Bogado casa-se (09/09/1854) com D. Querubina Angélica Vieira. Os noivos são nascidos e batizados na freguesia de Cantagalo. D. Querubina é filha de Paulo Vieira de Carvalho e Souza e de D. Rita Angélica da Fonseca, ambos fazendeiros de renome local, tidos como filhos legítimos. Participam do casamento como testemunhas João Lopes Martins, Antonio Luis Ribeiro e Luis Vieira de Cravalho.
Após 4 anos João Guerreiro Bogado casa sua filha, Maria Luiza de Figueiredo, com Francisco Luis da Silva Freire Jr. ambos filhos legítimos, nascidos e batizados em Cantagalo. O noivo é filho do viúvo de D. Guilhermina Umbelina da Encarnação, Sr. Francisco Luis da Silva Freire. Como testemunhas se apresentaram o Comendador Joaquim Jose da Silva, o Capitão João Lopes Martins Jr. E o sr. Plácido Lopes Martins.
A outra filha de João Guerreiro Bogado casa-se a 23/06/1860 com Coleto da Silva Freire. Ambos filhos legítimos, nascidos e batizados na freguesia de Cantagalo. O noivo é filho do Comendador Manoel Joaquim da Silva Freire e de D. Anna Cândida Freire (falecida).
No ano seguinte, a 25/04 1861, Francisco Guerreiro Bogado com 25 anos, outro filho de João Guerreiro Bogado casa-se com D. Ambrosina Maria de Magalhaens, filha de Francisco Coelho de Magalhaens e de D. Clara Maria de Magalhaens. Ambos os noivos, nascidos e batizados na Freguesia de Cantagalo.
Esta pequena amostragem, de uma parte da trajetória da família Bogado sugere os acordos matrimoniais entre os pares da elite rústica. Estas famílias que participaram do acordo matrimonial de seus herdeiros têm algumas características recorrentes, que nos sugerem algumas generalizações. São famílias de prestígio, poder e fortuna local. São tradicionais proprietários de terras e escravos, sedimentados na região desde os anos 1850 e seus filhos nasceram e se batizaram em Cantagalo.
Dos noivos que permanecem na região podemos citar Coleto Antonio da Silva Freire que, em 1862 aparece listado no Almanaque Laemmertz iniciando sua unidade produtiva. Passados quinze anos Colleto &Família é reconhecido como fazendeiro de café
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em Santa Rita do Rio Negro, Juiz de Paz e Suplente de Subdelegado. Portanto, João Bogado não teve do que se arrepender, ao ter escolhido este genro bem sucedido.
De outra feita, Ambrozina, neta do Capitão João Lopes Martins casa-se com Francisco, outro filho de Bogado e D. Eulália Lopes Martins, filha do Capitão João Lopes Martins casa-se com Joze, filho de Bogado
Este filho de Bogado, Joze Guerreiro Bogado, desde 1857 aparece listado no Almana que Lemmertz Inicialmente aparece como fazendeiro sem engenho, que no ano seguinte passa a ser engenho de ripes e em 1859 é descrito como fazendeiro de café, com engenho de pilão e terreiro de pedra, mantendo-se como fazendeiro bem sucedido até 1865, limite de nosso levantamento.
Francisco Luis da Silva Freire Jr., genro de Bogado, que se casa em 1858 aparece em 1861 como fazendeiro de engenho de ripes e de café.
Os pais de Colleto e Francisco – Manoel e Francisco – casam seus filhos, que são primos entre si, com as irmãs Bogado.
Este pequeno exemplo foi resgatado com a ajuda dos cruzamentos de registros de casamento, óbito, inventários e a Listagem do Almanaque Laemmertz. Entretanto, outras famílias foram recuperadas, cujas estratégias se assemelham às citadas acima, o que nos pareceu ser um perfil recorrente deste segmento de elite, que casa suas famílias com outras afins, dentro de um segmento de destaque da região. Podemos dizer que são cruzamentos de linhagens próximas.
E esta teia de relações e estratégias vai construindo a história de algumas famílias das elites agrárias.
A elite cortesãUtilizamos o conceito de elite cortesã para o segmento local que apresentou
características diversas das da elite rústica. Eram famílias que possuíam terras e escravos em Cantagalo, entretanto, eram absenteístas, participavam de um circuito social que extrapolava a região, casavam-se com famílias de outros municípios do agro fluminense, ou paulista, ou mineiro.
O exemplo mais evidente era o da família Clemente Pinto. O patriarca Antonio Clemente Pinto tinha suas raízes em Portugal. Neto de João Clemente Pinto e D. Maria Gonçalves e filho de Manuel Jose Clemente Pinto e D. Luiza de Miranda, Antonio Clemente Pinto casa-se com D. Laura Clementina da Silva Pinto. Deste casamento nascem dois filhos: Bernardo e Antonio. Bernardo casa-se com D. Ambrozina Leitão da Cunha (viúva de James ou Diogo Archibald Campbel). D. Ambrozina era filha do Dr. Ambrosio Leitão da Cunha (Barão de Mamoré) e de D. Maria Jose da Gama e Silva (irmã da Baronesa de Souza Franco) As irmãs descendiam da linhagem dos Távora.
Pois bem, Antonio Clemente Pinto casa-se com D. Maria Fernandes Chaves, filha do Barão de Quarain e de D. Maria Jose Machado Chaves.
Bernardo Clemente Pinto vai receber o título de 2° Barão de Nova Friburgo e com D. Ambrozina terá seis filhos. Destes seis filhos, Braz de Nova Friburgo casa-se com D. Maria Jose de Souza Dantas. Laura de Nova Friburgo, outra filha do casal Bernardo e Ambrozina, casa-se com o Dr. Fernando de Souza Dantas. Dois irmão que se casam com a família Souza Dantas. Por sua vez, Luiz Rodolfo de Souza Dantas, filho do Dr. Fernado
11
e de D. Laura casa-se com Cecília Maria Amália de Souza Dantas, filha de Jose Pinto de Souza Dantas.
Esta teia emaranhada de relações também vai ocorrer com Antonio, o outro filho de Antonio Clemente Pinto e D. Maria Fernandes Chaves. Este casa-se com Georgina Darrique Faro, neta do 3° Barão do Rio Bonito. Alice Clemente Pinto, irmã de Antonio casa-se com Rodolfo Epifanio de Souza Dantas.
Estas são uma série de relações e estratégias que se articula e se diversifica entre ilustres figuras do Império. Esta família, possuidora de 11 fazendas no município de Cantagalo, estende suas propriedades por São Fidelis, Nova Friburgo e Rio de Janeiro.
Esta elite que denominei cortesã amplia suas relações com outras esferas do agro fluminense e vai buscar seus matrimônios além do município de Cantagalo. São exemplo de homens muito poderosos e ricos, que circulam por espaços de poder, prestígio e fortuna bem mais amplos do que os da elite rústica. Suas relações não se restringem ao espaço político, econômico e cultural do município, ou mesmo suas redondezas.
Considerações finaisSão muitos os trabalhos que se voltam para a pesquisa das elites1. Procuramos
apontar algumas características das elites agrárias fluminenses procurando iluminar algumas estratégias utilizadas pelos “eleitos”, para sua produção e reprodução, enquanto setor dominante da sociedade.
Ao que nos parece, as elites agrárias fluminenses passaram pelos traços estruturais de formação das áreas de fronteira agrícola, ou seja, áreas que foram progressivamente ocupadas com a utilização de terras produtivas, inicialmente ocupadas por uma população composta de portugueses e indígenas, que aos poucos incorporou as populações africanas.
Seu povoamento se inicia com lavouras de alimentos e aos poucos as grandes propriedades de café, ou cana de açúcar vão ocupando suas terras e suas gentes.
Identificamos em Cantagalo a tendência recorrente em acumular fortuna baseada em concentrar terras e homens. Terras cobertas de cafeeiros, matas virgens, escravaria. Na esteira desta concentração, poder, prestígio vão sendo apropriados por determinados segmentos da sociedade. Nos idos do XIX a terra de Cantagalo vai consolidando uma elite que se abastece das riquezas da região e se reproduz através de estratégias variadas tecendo famílias de “fino trato”. Foram famílias que na segunda metade do oitocentos superaram a extinção do tráfico intercontinental e desenvolveram formas de incorporação de terra e trabalho que possibilitaram sua reprodução por longo tempo2.
1 Susan M Socolow, Juan Carlos Garavaglia, Juan Carlos Grosso, Joseph L.Love, Bert J. Barickman, Frank D. Mc Cann, Michael L. Connif, Alfonso W Quiroz, Muriel Nazzari, Carlos Bacellar, Joao Fragoso, Carla Maria de Carvalho Almeida,Antonio Carlos Jucá de Sampaio, Martha Daisson Hameister, Thiago luiz Gil, Alexandre Vieira Ribeiro, Roberto Guedes, Luciana Marinho Batista, Maria Fernanda Martins, Flavio M. Heinz Christophe Charle, Paulo-André Linteau e muitos outros com abordagens próximas ou distantes. Podemos citar o sociólogo Giovanni Busino e outros que contribuem para o estudo das elites e da prosopografia como método das biografias coletivas. Não poderíamos deixar de citar Lawrence Stone que deu uma definição clássica ao método que tanto auxilia o estudo das elites.Podemos acrescentar Peter Burke em estudo clássico sobre as elites de Veneza e Amsterdã.2 VINHAES, E. Cantagalo: as formas de organização e acumulação da terra e d riqueza local. 1850-90 IFCS:UFRJ. 1992
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Acumularam cargos políticos, públicos locais e mesmo no espectro da Corte do Rio de Janeiro.
Procuramos mostrar neste texto algumas práticas das elites locais desenvolvendo estratégias matrimoniais que possibilitaram a reiteração destes segmentos específicos. Segundo pudemos observar, os grupos de destaque livres e brancos foram capazes de enriquecer entre florescentes cafeeiros, casando-se entre si e partilhando suas fortunas, poder e prestígio entre seus herdeiros, nos meados do XIX. Verificamos estratégias matrimoniais que fugiram à endogamia, mas que buscaram soluções de consolidação dos espaços conquistados. Verificamos a movimentação de noivos da elite efetuando casamentos com noivas sedentárias, mas também exemplificamos casamentos entre segmentos das elites locais. As filhas das elites, que se casam em Cantagalo, no período estudado caracterizam-se por serem originárias dominantemente do município.
Pelo que pudemos constatar pelos registros de casamento o excedente de filhos da elite, solteiros provavelmente vai buscar suas parceiras fora de Cantagalo, entre os grupos dominantes. Pensamos, a partir destes dados, como nos aponta Alida Metcalf, que a provável movimentação dos jovens em busca de outras regiões para fundar novos fogos foi uma prática utilizada nas regiões de fronteira aberta, enquanto nas regiões onde a consolidação das fortunas ocorreu, a tendência de fixação e reprodução de cargos com a ocupação das terras e ampliação do contingente escravo, muitos deles provenientes do tráfico interno, quando da extinção do tráfico intercontinental foi a estratégia utilizada. Dos dados levantados podemos deduzir que se o percentual de homens e mulheres jovens é proporcional e, se as noivas escolhem um percentual de “estrangeiros”, há um excedente de homens jovens que, provavelmente se desloca para outras regiões.
Entretanto este “estrangeiro” é muito mais aquele que vem de outras regiões próximas do que de outros países. A elite de Cantagalo é brasileira.
O percentual de óbitos dos filhos das elites brasileiras é bastante alto, o que nos sugere que sua reprodução se dá com altas taxas de nascimento. Identificamos vários casos de irmãos recebendo o mesmo nome de outros, já falecidos. É como se restituíssem a perda de seus descendentes. Esta taxa é significativa nos primeiros anos de vida.
Procuramos contribuir com algumas reflexões sobre a segmentação das elites em seu grupo cortesão e rústico. Estas elites, provavelmente, contem contradições em seu interior, que poderão ser estudadas.
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