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FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADOS: ADOLESCENTES ABRIGADOS: UMA PROPOSTA DE RESGATE UMA PROPOSTA DE RESGATE DOS VÍNCULOS DOS VÍNCULOS Adriane Cristine Oss-Emer Adriane Cristine Oss-Emer Soares Soares Stela Regina Welter Stela Regina Welter

FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADOS: UMA PROPOSTA DE RESGATE DOS VÍNCULOS Adriane Cristine Oss-Emer Soares Stela Regina Welter

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FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E FAMÍLIAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ADOLESCENTES

ABRIGADOS: UMA ABRIGADOS: UMA PROPOSTA DE RESGATE PROPOSTA DE RESGATE

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INTRODUÇÃO

Este trabalho faz parte das atividades desenvolvidas pelo Projeto de Extensão

“Famílias de crianças e adolescentes abrigados: uma proposta de resgate dos vínculos”. Tal projeto está inserido nas

atividades de estágio curricular desenvolvido pelo Curso de Psicologia da UFSM em

algumas Instituições de Abrigos da cidade.

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Este projeto visa trabalhar as relações familiares de crianças e adolescentes que se encontram em situação de abrigamento ou

em ASEMA (Apoio sócio-educativo em meio aberto) em três instituições de Santa Maria. As ações desenvolvidas procuram resgatar ou fortalecer os vínculos entre familiares e

crianças e adolescentes abrigados.

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Três instituições estão inseridas nas atividades propostas pelo projeto. A

instituição 1 é um local de abrigamento para meninos de seis a doze anos de idade, em situação de risco pessoal ou social. Esta

instituição funciona nos regimes de abrigo e ASEMA, atendendo em média vinte meninos.

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A instituição 2 abriga meninos de seis a dezoito anos e tem a finalidade de dar

proteção, apoio e educação as crianças abandonadas, negligenciadas ou em situação

de vulnerabilidade social. A instituição funcionava em duas modalidades, casas-lares

e apartamento, em regime de abrigo. Atualmente disponibiliza somente atendimento

sócio-educativo em meio aberto.

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A instituição 3 atua na modalidade de abrigo. A medida de abrigamento inclui a possibilidade de acolher meninas e meninos, preferencialmente

grupos de irmãos. As meninas devem ter entre 0 e 15 anos de idade, já os meninos não podem

ultrapassar aos 5 anos idade.

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OBJETIVOS

Resgatar os vínculos familiares de crianças e adolescentes que se encontram em situação de

abrigamento;Oferecer apoio às famílias das crianças que estão abrigadas, no sentido de trabalhar o retorno da criança/ adolescente à família;

Trabalhar as principais dificuldades das famílias, que têm levado ao rompimento dos vínculos ou

ao afastamento temporário da criança/adolescente do ambiente familiar;

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Construir um espaço de discussão das situações emergenciais nas relações

criança/adolescente e família, dentro do universo institucional, subsidiando

tecnicamente as ações;Possibilitar o alívio de ansiedades e “culpas”, que se apresentam na família das crianças

que se encontram abrigadas.

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ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

. Grupos de orientação à familiares

. Visitas domiciliares

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1.Grupos de orientação à familiares

Os grupos de orientação à familiares foram desenvolvidos nas instituições 1 e 3. Estes têm

um caráter de orientação aos familiares e seguem o referencial teórico de grupo operativo. Os grupos eram realizados quinzenalmente, com

duração média de 1 hora. Nestes foram discutidos assuntos e trocadas experiências

referentes às relações e as novas configurações familiares. Abordaram-se também, questões relacionadas ao comportamento das crianças

institucionalizadas, tendo como base o desenvolvimento infantil e a realidade sócio-econômica vivenciada pelos participantes.

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1.1 Grupo de orientação a familiares da Instituição 1

Na instituição 1 o grupo vêm sendo realizado desde o ano de 2003, em freqüência quinzenal,

e participação flutuante de em média cinco familiares. Os principais temas discutidos foram:

questões relacionadas a agressividade, violência, sexualidade, limites, respeito, uso de drogas e relações familiares. Tais temas foram sugeridos pelos próprios participantes, e pelas

coordenadoras do grupo, diante da percepção da necessidade de serem trabalhados.

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Outra característica do grupo é a de acolhimento, o que é proporcionado não só pelas coordenadoras, mas também pelos

demais participantes, que através da troca de experiência tentam auxiliar na resolução das dificuldades momentaneamente enfrentadas.Cabe ressaltar, uma maior participação das

mães que tem os filhos em regime de ASEMA, o que vem a comprovar o afastamento afetivo

que provoca a medida de abrigamento.

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1.2 Grupo de orientação a familiares da Instituição 3

Este grupo foi uma nova proposta de trabalho, introduzida no segundo semestre do ano de

2005, tendo em vista a extrema necessidade de se trabalhar com as famílias das crianças e

adolescentes abrigados, no sentido de resgatar e/ou fortalecer os vínculos afetivos.

O grupo de familiares foi realizado com freqüência quinzenal. Participaram deste, em

torno de dois pais, a cada encontro, totalizando no final dos cinco grupos, cerca de seis familiares acompanhados pelo serviço.

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2. Visitas domiciliares

As visitas domiciliares surgiram no ano de 2004, como uma nova proposta de trabalho, em razão

de considerar-se imprescindível o contato da instituição com as famílias das crianças e adolescentes. As visitas foram realizadas

quinzenalmente e, contava-se com a participação dos meninos e cuidadoras por eles

responsáveis na Instituição, além das estagiárias do serviço de Psicologia.

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RESULTADOS

1. Grupo de familiares na instituição 1

O grupo de familiares na instituição 1 adquiriu um caráter de extrema importância para os

participantes, que fizeram do mesmo um local onde podiam trabalhar suas angustias, seus medos e ansiedades além de aspectos relacionados ao

resgate e/ou fortalecimento dos vínculos familiares. Além das discussões ocorridas no grupo

freqüentemente os familiares procuravam as coordenadoras pedindo orientações em questões

que transcendiam as temáticas dos encontros.

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2. Grupo de familiares na instituição 3

Na Instituição 3 iniciou-se o processo de construção do grupo. Esta etapa inicial

caracterizou-se por aproximar as famílias à Instituição e ao Serviço de Psicologia. Cabe

ressaltar que a proposta inicial (grupo) não se configurou como o planejado, pois o que acabou acontecendo foram intervenções isoladas em função da realidade de cada

familiar. Não houve uma “troca grupal”, os pais se dirigiam unicamente as coordenadoras na busca de informações ou soluções para suas

conflitivas.

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Visitas domiciliares

As visitas familiares têm possibilitado um novo olhar sob as famílias e suas dificuldades, assim como um melhor entendimento da

criança ou adolescente abrigado, no sentido de compreender suas demandas e com isso

melhor atendê-los na instituição. Em geral, as crianças e suas famílias mostravam-se

satisfeitas e valorizadas por receber este tipo de atenção, por ter alguém que se interesse

em saber sobre suas vidas.

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Desde o início as cuidadoras passaram a expor sua satisfação com esta nova atividade, pois sua

visão sobre o comportamento dos meninos mudou a partir do momento que puderam

compreender as possíveis causas e a realidade vivida por eles. Nessas ocasiões muitas novas

questões surgiram e a meta planejada de estabelecer essa ligação entre familiares e

cuidadores foi alcançada. Outro fator positivo foi à obtenção de informações mais exatas e

provenientes de fontes mais seguras acerca dos meninos, permitindo repensar seus casos, suas

perspectivas de forma mais realista e viável.

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RESULTADOS GERAIS

Salientamos também que a aproximação com as famílias têm permitido as instituições

refletir sobre suas ações e mesmo sobre suas concepções a respeito da família. Assim,

evitam-se acusações e tentam-se compreender e manter ações conjuntas entre

a instituição e a família, o que tem se colocado como um importante desafio a ser

enfrentado.

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