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Joana Catarina Sampaio Ferreira Farmácia Vitória - Guimarães

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Joana Catarina Sampaio Ferreira

Farmácia Vitória - Guimarães

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

i

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Vitória

Novembro de 2014 a Fevereiro de 2015

Joana Catarina Sampaio Ferreira

Orientador : Dr.(a) Álea Abreu ____ ______________________________ Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Helena Vasconcelos __________ ________________________

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______ Assinatura: ______________________________________

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para uma experiência tão enriquecedora e

gratificante, nomeadamente:

À Dr.ª Álea Abreu Ferreira por me ter recebido na Farmácia Vitória, pela orientação e

profissionalismo, por tudo o que me ensinou e pela confiança depositada;

A toda a equipa da Farmácia Vitória um agradecimento muito especial por me terem acolhido

tão bem, pela paciência e conhecimentos transmitidos, e pelo excelente ambiente de trabalho;

À Comissão de Estágios da faculdade, em especial à minha tutora, Prof.ª Doutora Helena

Vasconcelos, pela orientação, disponibilidade e apoio prestado em todas as dúvidas e questões

surgidas.

Um agradecimento muito especial aos meus pais, irmão e namorado que sempre acompanharam

a minha formação académica. Obrigada por todo o apoio e por acreditarem tanto em mim.

Agradeço ainda às amigas de curso, por todos os momentos e conselhos, e que ficam para a

vida: Ana, Andreína, Carolina, Filipa, Isabel e Joana.

A todos, um sincero obrigada.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Resumo

No âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, ministrado na Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, realizei o meu estágio curricular na Farmácia Vitória, em

Guimarães, sob a orientação da Dr.ª Álea Abreu Ferreira, entre Novembro de 2014 e Fevereiro de

2015.

O estágio curricular permite pôr em prática todos os conhecimentos teóricos e científicos

adquiridos ao longo do mestrado, bem como adquirir novos saberes, nomeadamente ao nível da gestão

da farmácia, circuito do medicamento desde as encomendas até à dispensa, e no atendimento e

aconselhamento ao utente.

O presente relatório resume sucintamente a experiência vivida, os conhecimentos adquiridos e

as atividades desenvolvidas ao longo do meu estágio. Este documento está dividido em duas partes. A

primeira está relacionada com o funcionamento da farmácia e com todas as tarefas realizadas ao longo

do estágio, que permitiram contactar com a realidade profissional do farmacêutico comunitário,

nomeadamente com todas as funções e responsabilidades inerentes à profissão. A segunda parte

descreve os temas desenvolvidos ao longo do estágio, que permitiram aprofundar os meus

conhecimentos, mas também informar os utentes da FV.

O primeiro tema escolhido foi a queda de cabelo, um problema de saúde que afeta a auto-estima

de muitas pessoas, como tal é importante conhecermos o que pode provocar a queda e o que podemos

fazer para melhorar a saúde dos cabelos, fornecendo a informação aos utentes através de panfletos.

O segundo tema foi sobre a dispepsia e azia, duas das perturbações digestivas mais comuns

entre a população. O objetivo foi aprofundar os conhecimentos já adquiridos, elaborando um protocolo

de indicação farmacêutica, que auxilia no aconselhamento ao utente, bem como organizar a

informação mais relevante para o utente e transmiti-la através de panfletos informativos.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

v

Índice

Agradecimentos ...................................................................................................................................... iii

Resumo .................................................................................................................................................... iv

Índice de Figuras .................................................................................................................................... viii

Índice de Tabelas ................................................................................................................................... viii

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................... ix

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

2. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA VITÓRIA ............................................................ 1

2.1 Localização, Perfil dos utentes e Horário de Funcionamento ................................................. 1

2.2 Espaço Físico e Funcional ........................................................................................................ 2

2.3 Recursos Humanos .................................................................................................................. 3

3. GESTÃO DA FARMÁCIA .................................................................................................................... 4

3.1 Sistema Informático ................................................................................................................ 4

3.2 Gestão de stocks...................................................................................................................... 4

3.3 Critérios de aquisição .............................................................................................................. 4

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO .......................................................................................... 4

4.1 Realização de Encomendas ..................................................................................................... 4

4.2 Receção e Conferência de Encomendas.................................................................................. 5

4.3 Armazenamento ...................................................................................................................... 6

4.4 Controlo de prazos de validade ............................................................................................... 6

4.5 Devoluções .............................................................................................................................. 7

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS ....................................................................................................... 7

5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica .............................................................................. 7

5.1.1 Receita Médica .................................................................................................................... 8

5.1.2 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico ........................................................................ 8

5.1.3 Regime de Comparticipação de Medicamentos ................................................................. 9

5.1.4 Conferência de Receituário ............................................................................................... 10

5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica ........................... 11

6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACEUTICOS ................................................................... 11

6.1 Medicamentos e produtos de uso veterinário ...................................................................... 11

6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal .......................................................................... 11

6.3 Produtos Fitoterápicos e Suplementos Alimentares ............................................................. 12

6.4 Produtos de alimentação especial ........................................................................................ 12

6.5 Dispositivos Médicos ............................................................................................................. 13

7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS .................................................................................................. 13

7.1 Laboratório ............................................................................................................................ 14

7.2 Aquisição de Matérias-primas ............................................................................................... 14

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

vi

7.3 Manipulação .......................................................................................................................... 14

7.4 Rotulagem ............................................................................................................................. 15

7.5 Preço de venda ao público .................................................................................................... 15

7.6 Comparticipação.................................................................................................................... 15

8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FV ........................................................................... 15

8.1 Avaliação da tensão arterial e da frequência cardíaca .......................................................... 16

8.2 Determinação da glicemia ..................................................................................................... 16

8.3 Determinação do Colesterol Total e Triglicerídeos ............................................................... 17

8.4 Controlo do peso corporal .................................................................................................... 17

8.5 Administração de Vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação ........................... 17

8.6 Serviço de Dispensa ao Domicílio .......................................................................................... 17

9. FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................................... 17

10. VALORMED ................................................................................................................................ 17

11. QUEDA DO CABELO ................................................................................................................... 18

11.1 Enquadramento ..................................................................................................................... 18

11.2 Fundamento Teórico ............................................................................................................. 18

11.2.1 A estrutura do cabelo ........................................................................................................ 18

11.2.2 O ciclo de crescimento do cabelo ...................................................................................... 19

11.3 Causas da queda de cabelo ................................................................................................... 19

11.4 Diagnóstico da queda de cabelo ........................................................................................... 21

11.5 Tratamento da queda de cabelo ........................................................................................... 22

11.5.1 Outras técnicas .................................................................................................................. 24

11.6 A importância da nutrição ..................................................................................................... 24

11.6.1 Água ................................................................................................................................... 24

11.6.2 Vitaminas ........................................................................................................................... 24

11.6.2.1 Vitaminas do Complexo B.............................................................................................. 25

11.6.3 Antioxidantes ..................................................................................................................... 25

11.6.4 Oligoelementos ................................................................................................................. 26

11.6.5 Ácidos Gordos Polinsaturados ........................................................................................... 26

11.6.6 Aminoácidos ...................................................................................................................... 26

11.7 O papel do farmacêutico ....................................................................................................... 27

11.8 Considerações finais .............................................................................................................. 27

12. INDICAÇÕES FARMACÊUTICAS EM CASOS DE PERTURBAÇÕES DIGESTIVAS ............................ 29

12.1 Enquadramento ..................................................................................................................... 29

12.2 Automedicação e o papel do farmacêutico na indicação farmacêutica ............................... 29

12.3 Perturbações digestivas ........................................................................................................ 30

12.4 Dispepsia ............................................................................................................................... 30

12.4.1 Causas da Dispepsia .......................................................................................................... 30

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

vii

12.4.2 Dispepsia Funcional ........................................................................................................... 31

12.4.3 Mecanismos fisiopatológicos da dispepsia funcional ....................................................... 31

12.4.4 Diagnóstico da dispepsia funcional ................................................................................... 32

12.4.5 Tratamento da dispepsia ................................................................................................... 33

12.5 Azia ........................................................................................................................................ 33

12.5.1 Causas da azia .................................................................................................................... 34

12.5.2 Mecanismos patofisiológicos da azia ................................................................................ 34

12.5.3 Diagnóstico da azia ............................................................................................................ 35

12.5.4 Tratamento da azia ............................................................................................................ 35

12.6 Indicação Farmacêutica no tratamento da dispepsia e azia ................................................. 36

12.6.1 Antiácidos .......................................................................................................................... 36

12.6.2 Modificadores da secreção ácida ...................................................................................... 37

12.6.2.1 Antagonistas do recetor H2 ........................................................................................... 37

12.6.2.2 Inibidores da bomba de protões ................................................................................... 37

12.7 Dispepsia e Azia na Gravidez ................................................................................................. 38

12.8 Considerações finais .............................................................................................................. 39

14. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 40

15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 41

16. ANEXOS...................................................................................................................................... 49

16.1 Anexo I – Folheto Informativo “Queda de cabelo: causas, tratamento e prevenção” ......... 49

16.2 Anexo II – Protocolos de Indicação Farmacêutica ................................................................. 51

16.3 Anexo III – Folheto Informativo “Azia e Dispepsia Funcional” .............................................. 58

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Índice de Figuras

Figura 1: Estrutura do cabelo saudável

Figura 2: Ciclo do crescimento do cabelo: fase anágena, fase catágena e fase telógena

Figura 3: Padrão Masculino e Feminino de AAG

Figura 4: Transplante em ratos de células da papila dérmica derivadas de hPSCs e que induziram

crescimento de cabelo

Figura 5: Alimentos onde se podem encontrar cada uma das vitaminas. A melhor maneira de obter

quantidades suficientes de vitaminas é seguir uma dieta saudável, que inclui uma grande variedade

de frutas e legumes.

Figura 6: Mecanismos patofisiológicos envolvidos na DF

Figura 7: Refluxo do ácido gástrico para o esófago responsável pela azia

Índice de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio

Tabela 2: Equipa de colaboradores da FV e respetivas funções

Tabela 3: Valores de Referência da glicemia

Tabela 4: Antiácidos

Tabela 5: Modificadores da secreção ácida (MNSRM)

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Lista de Abreviaturas

AA – Alopecia Areata

AAG – Alopecia Androgenética

CNP – Código Nacional Português

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DCI - Denominação Comum Internacional

DF – Dispepsia Funcional

DHT – Di-hidrotestosterona

FDA – Food and Drug Administration

FV – Farmácia Vitória

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I. P.

IVA – Imposto Valor Acrescentado

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

PCHC - Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

PV- Prazo de validade

PVP – Preço de Venda ao Público

SNS – Sistema Nacional de Saúde

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

1

Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio

PARTE I – Estágio na Farmácia Vitória

1. INTRODUÇÃO

O farmacêutico tem vindo a desempenhar um papel relevante na sociedade como prestador de

cuidados de saúde. Sendo o farmacêutico o último profissional de saúde a estar em contacto com o

utente/doente assume uma posição preponderante na transmissão da informação mais atualizada,

assegurando o uso correto e racional do medicamento, bem como na sensibilização para a adoção de

um estilo de vida saudável.

A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em colaboração com a Ordem dos

Farmacêuticos, proporciona aos seus estudantes a oportunidade de realizar um estágio curricular em

farmácia comunitária. A realização deste estágio tem como objetivo favorecer, em situações reais, a

consolidação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, permitindo assim ao estudante obter as

competências essenciais para o desenvolvimento de atividades no âmbito de farmácia comunitária.

Com o presente relatório pretendo fazer uma breve descrição de todos os conhecimentos

adquiridos ao longo do estágio, bem como das atividades desenvolvidas (Tabela 1). Estagiei na

Farmácia Vitória (FV), durante quatro meses (Novembro a Fevereiro), sob a orientação da Dr.ª Álea

Abreu.

2. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA VITÓRIA

2.1 Localização, Perfil dos utentes e Horário de Funcionamento

A FV, que pertence ao grupo empresarial Lifejourney S.A, localiza-se na Alameda Doutor

Mariano Felgueiras, na freguesia de Creixomil, concelho de Guimarães e distrito de Braga.

Semana/

Atividades Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Armazenamento/

reposição de

produtos

Receção e

conferência de

encomendas

Organização do

receituário

Controlo de prazos

de validade e

verificação física de

stocks

Preparação de

medicamentos

manipulados

Medição de

parâmetros

fisiológicos e

bioquímicos

Atendimento ao

público

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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A FV possui uma localização privilegiada, uma vez que se encontra no interior do centro

comercial GuimarãeShopping, em frente ao centro hospitalar do Alto Ave, próxima de escolas, centro

de camionagem e correios. Devido à sua localização, a FV recebe diariamente uma grande diversidade

de utentes, no entanto, uma grande parte são utentes fixos, maioritariamente idosos ou portadores de

doenças crónicas.

O horário de atendimento ao público da FV é de segunda a quinta-feira das 9h às 23h, à sexta-

feira, ao sábado e vésperas de feriado das 9h às 24h e ao domingo das 9h às 22h. Para além disto

integra também o plano de turnos de serviço permanente rotativo, ficando em funcionamento desde a

hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte.

2.2 Espaço Físico e Funcional

De acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) e com o artigo 29º do D.L. n.º 307/2007,

de 31 de Agosto, a FV dispõem de instalações que garantem a segurança, conservação e preparação

dos medicamentos, mas também a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo

pessoal.1,2

Assim sendo, a FV está dividida em diversas áreas individualizadas e distribuídas por dois

pisos. No piso 0 encontra-se uma ampla área de atendimento ao público, onde se encontram nove

postos de atendimento, devidamente equipados e identificados. Para que o atendimento seja ordeiro e

organizado existe um sistema de senhas, que permite três tipos de atendimentos, ou seja, a senha A

destina-se ao atendimento geral, a senha B ao atendimento prioritário e a senha C destina-se às

reservas. Atrás dos postos de atendimento estão expostos produtos de venda livre, nomeadamente

produtos sazonais, suplementos alimentares, produtos dietéticos, dermocosmética, produtos de higiene

oral, bem como de higiene íntima, corporal e capilar. De fácil acesso aos utentes encontram-se

produtos de dermocosmética, produtos capilares e puericultura. Junto à entrada da FV encontra-se uma

balança que determina o peso corporal.

Também no piso 0 encontra-se o gabinete de atendimento personalizado, no qual se realizam os

serviços de saúde complementares, nomeadamente determinação dos parâmetros bioquímicos e

fisiológicos, administração de medicamentos e vacinas não incluídas no Programa Nacional de

Vacinação (PNV). Este espaço permite, sempre que necessário, um diálogo mais confidencial e

reservado entre o farmacêutico e o utente e, ocasionalmente, permite a realização de rastreios e de

consultas de nutrição. Neste piso encontram-se também as instalações sanitárias, destinadas à equipa

da FV.

No piso 1 encontra-se uma zona de receção e verificação de encomendas e várias áreas de

armazém, o laboratório, destinado à elaboração de manipulados, onde estão armazenadas as matérias-

primas, bem como variadas fontes bibliográficas, incluindo a Farmacopeia Portuguesa e o Formulário

Galénico Português, o gabinete da diretora técnica, onde exerce funções de gestão e administração da

FV, um posto para tratar exclusivamente das entregas aos domicílios e uma sala de refeições.

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Tabela 2: Equipa de colaboradores da FV e respetivas funções

Neste piso encontra-se o robô, um sistema de armazenamento automático controlado

computacionalmente, onde são armazenados a maior parte dos medicamentos existentes, exceto

xaropes, ampolas e embalagens de grandes dimensões. O robô permite uma economia de espaço,

devido ao armazenamento compacto, facilita e otimiza a dispensa de medicação e permite auxiliar no

controlo dos prazos de validade.

2.3 Recursos Humanos

A FV possui uma vasta equipa qualificada, multidisciplinar e dinâmica que garantem o bom

funcionamento do serviço ao utente, detalhada na Tabela 2:

Colaborador Função

Dr.ª Álea Ferreira Diretora Técnica

Dr.ª Marta Leite Farmacêutica Adjunta

Dr.ª Ana Dias

Farmacêuticas

Dr.ª Ana Lima

Dr.ª Ana Raquel Cunha

Dr.ª Eliana Ferreira

Dr.ª Helena Magalhães

Dr.ª Tânia Matos

Anabela Teixeira

Técnicos de Farmácia

Frank Freitas

Isabel Ferreira

Isaura Freitas

Marco Lopes

Pedro Freitas

Sandra Faria

Sofia Fernandes

Sofia Oliveira

Raquel Monteiro

Anabela Vieira Técnicos Auxiliares de Farmácia

Ismael Araújo

Sandra Martins Relações Públicas

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3. GESTÃO DA FARMÁCIA

3.1 Sistema Informático

Nos dias de hoje é imprescindível o uso de um sistema informático para realizar todas as

atividades em farmácia comunitária. O software utilizado na FV é o Sifarma 2000, uma ferramenta

que permite a realização e receção de encomendas, gestão de stocks, controlo de prazos de validade

(PV), processamento do receituário, bem como otimização do atendimento e aconselhamento ao

utente, trazendo maior eficiência e qualidade aos serviços prestados.

3.2 Gestão de stocks

Uma gestão de stocks eficaz é quando há um equilíbrio entre os produtos que são

encomendados e os que são dispensados, que asseguram o bom funcionamento da farmácia, sem

causar desajustes financeiros.

Assim sendo, para cada produto define-se o stock máximo e o stock mínimo, por forma a evitar

a retenção do produto e, simultaneamente, evitar a rutura do stock.

A FV realiza uma gestão cuidada dos seus produtos passíveis de venda, tendo em conta diversos

critérios, nomeadamente o perfil dos utentes e suas necessidades, a sazonalidade, o registo de vendas,

as condições comerciais oferecidas, a disponibilidade financeira, entre outros.

3.3 Critérios de aquisição

A aquisição de qualquer produto depende de vários critérios, nomeadamente da rotatividade, da

sazonalidade e do PV, tendo em vista a rentabilização de stocks.

O aprovisionamento de matérias-primas/medicamentos/produtos farmacêuticos pode ser feito a

distribuidores grossistas/ armazenistas e diretamente aos laboratórios ou seus representantes legais.

A selecção de fornecedores é feita tendo em conta diversos fatores, nomeadamente preço,

bonificações, descontos, prazos de entregas, entre outros.

4. ENCOMENDAS E APROVISIONAMENTO

4.1 Realização de Encomendas

A FV trabalha com quatro distribuidores grossistas, o principal é a Alliance Healthcare,

seguindo-se a OCP Portugal, Proquifa e Plural. Os distribuidores grossistas são os principais

fornecedores das farmácias pois comercializam uma vasta gama de produtos e oferecem um serviço

rápido e efetivo.

Diariamente, uma das farmacêuticas responsáveis pelas encomendas realiza a mesma com

recurso ao sistema informático Sifarma 2000 que gera automaticamente uma proposta de encomenda,

tendo em conta os stocks mínimo e máximo de cada produto. No entanto, esta proposta deve ser

analisada cuidadosamente de tal forma que, podem ser efetuadas alterações que se considerem

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necessárias, de acordo com as condições apresentadas e com as necessidades dos utentes. Depois de

aprovada, a encomenda é enviada via modem para o distribuidor grossista.

Além das encomendas diárias, existem situações de pedidos pontuais, quando o produto não

existe na farmácia ou é de entrega urgente, que implicam a comunicação via telefone com o respetivo

fornecedor ou através do Sifarma 2000 (encomendas instantâneas), sendo entregues no horário de

entrega mais próximo.

Realizam-se encomendas diretas ao laboratório ou seus representantes quando economicamente

é mais vantajoso e quando se pretende maior quantidade do produto, porém o aprovisionamento é mais

demorado.

4.2 Receção e Conferência de Encomendas

A receção das encomendas e a respetiva confirmação são efetuadas logo após a sua entrega por

parte dos fornecedores. Estes fazem-se acompanhar dos respetivos produtos encomendados,

devidamente acondicionados em contentores específicos ("banheiras"), em caixas de cartão ou em

contentores térmicos, no caso dos produtos que necessitam de conservação a temperaturas entre os 2-

8ºC. Cada encomenda vem acompanhada da respetiva guia de remessa ou fatura e respetivo duplicado,

na qual constam as seguintes informações: identificação da farmácia e do fornecedor; número da

fatura; designação individual de cada produto e Código Nacional Português (CNP); quantidades

pedidas e enviadas; preço de venda à farmácia (PVF), imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e

preço de venda ao público (PVP), se aplicável; eventuais bonificações; e valor total da encomenda. No

caso de existirem encomendas de psicotrópicos ou estupefacientes, as faturas são ainda acompanhadas

pelas guias de requisição destes produtos, com um número correspondente, devidamente assinada e

autenticada. Por cada psicotrópico/estupefaciente é enviada uma requisição, a qual deve ser

conservada na farmácia durante 3 anos.3

A encomenda é rececionada através do Sifarma 2000 e todos os parâmetros da fatura são

verificados, bem como o estado de conservação dos produtos adquiridos. Os produtos de frio,

psicotrópicos e estupefacientes são os primeiros a serem rececionados, conferidos e armazenados. No

final da introdução de todos os produtos entregues confirma-se se o valor faturado e o número total de

unidades coincidem com o valor que o Sifarma 2000 exibe.

Após a receção da encomenda, os produtos de venda livre que não têm preço impresso na

cartonagem (PIC), são etiquetados com o preço. O cálculo do mesmo tem em consideração o preço a

que a farmácia comprou o produto, acrescido da margem de comercialização e o IVA.

Durante a conferência das encomendas, se se detetar inconformidades, estas são comunicadas

ao fornecedor sob forma de reclamação.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Sempre que se confirma a encomenda o software imite uma nota de entrega da encomenda que

se anexa ao original da fatura, sendo que os originais e duplicados são arquivados em dossiers

distintos.

A receção e verificação de encomendas constituíram a primeira fase do meu estágio, que me

permitiu o contacto inicial com todos os produtos disponíveis na farmácia e a relação com nomes

comerciais, essencial para me integrar na dinâmica da gestão de stocks e, posteriormente, no

atendimento ao público.

4.3 Armazenamento

Após a receção e conferência da encomenda, procede-se ao armazenamento dos produtos que

deverá obedecer a determinadas condições de conservação, nomeadamente temperatura, iluminação e

humidade, de forma a garantir a qualidade dos produtos. Por outro lado, uma boa organização dos

produtos torna o atendimento mais rápido e eficaz.

A FV possui vários locais de armazenamento. A maioria dos medicamentos são armazenados no

robô, no entanto os excessos e os medicamentos que não podem lá ser guardados estão organizados no

armazém por ordem alfabética, no caso dos medicamentos de marca, ou pela Denominação Comum

Internacional (DCI), no caso dos medicamentos genéricos.

Os produtos que apresentam maior rotatividade e os produtos de venda livre, como PCHC

(Produtos de Cosmética e Higiene Corporal), suplementos alimentares e produtos de puericultura

encontram-se mais próximos da zona de atendimento, para rentabilizar o tempo necessário aquando da

dispensação dos medicamentos, e por forma a serem visíveis pelos utentes. Todos os produtos em

excesso são acondicionados no armazém.

Os medicamentos que necessitam de ser conservados a uma temperaturas compreendidas entre

os 2ºC e os 8ºC, tais como vacinas e insulinas são conservados num frigorífico destinado a esse efeito.

Independentemente dos produtos, estes devem ser armazenados segundo a regra First expired, First-

Out (FEFO), de forma a promover a rotação dos stocks e obter uma melhor gestão dos PV.

A par da receção e conferência de encomendas, o armazenamento foi uma das primeiras tarefas

que desenvolvi durante o meu estágio. Esta fase é de extrema importância pois permite conhecer a

organização da FV e dos produtos, por forma a efetuar, mais tarde, um atendimento mais eficiente ao

utente.

4.4 Controlo de prazos de validade

O controlo dos PV permite garantir a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos. Como

tal, o seu controlo deve ser efetuado através da verificação dos PV em momentos distintos: aquando da

receção e conferência das encomendas e através da verificação da listagem mensal emitida pelo

Sifarma 2000 com os produtos que possuem PV a expirar. Através destas listagens confirmam-se os

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7

PV mas também quantidades, permitindo detetar erros de stock, que devem ser corrigidos, por forma a

evitar falhas na gestão dos mesmos.

Os medicamentos e produtos de saúde que se encontram no robô são também controlados, uma

vez que são introduzidos individualmente e com o respetivo PV. Os produtos que não se encontram

armazenados no robô analisam-se manualmente os PV. Todos os produtos cujo PV termina nos

próximos seis meses devem ser escoados o mais rapidamente possível, como tal estão dispostos numa

gondola específica e sujeitos a um preço especial. Os produtos cujo PV é igual ou inferior a dois

meses são retirados para posterior devolução ao fornecedor.

No caso de o PV não estar correto corrige-se na ficha de produto, senão os produtos são

recolhidos e devolvidos aos fornecedores, acompanhados de uma nota de devolução.

4.5 Devoluções

A devolução de um produto pode dever-se a vários motivos, nomeadamente produtos retirados

do mercado, irregularidades relativamente à encomenda entregue (exemplo: troca de produtos),

embalagem ou produto danificados, produtos indevidamente acondicionados e PV expirado ou prestes

a terminar.

Através do Sifarma 2000 emite-se uma nota de devolução ao fornecedor. Posteriormente, o

fornecedor procede à troca do produto ou emite uma nota de crédito a descontar na fatura mensal

seguinte. No caso de não ser aceite a devolução, o produto é devolvido competindo à farmácia assumir

o prejuízo.

5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS

A dispensa de medicamentos é definida como um “serviço clínico em que o farmacêutico avalia

o processo de uso da farmacoterapia, disponibiliza a medicação, em condições clínicas, e informa, de

modo personalizado, o doente ou o cuidador sobre o Processo de Uso dos Medicamentos (PUM), quer

estes sejam industrializados ou manipulados”.4

Esta é a principal atividade de um farmacêutico de oficina, um papel de grande

responsabilidade, no qual põe em prática os seus conhecimentos, contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida dos utentes.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de Agosto, os medicamentos de uso humano

podem ser classificados em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos não

sujeitos a receita médica (MNSRM).5

5.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os MSRM são vendidos exclusivamente em farmácias e são apenas dispensados mediante

apresentação de receita válida por parte do utente.

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8

Os MSRM podem ainda ser subdivididos em: medicamentos de receita médica não renovável

(destinados a tratamentos de curta duração, com validade de 30 dias), medicamentos de receita médica

renovável (destinam-se a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados; podem ser adquiridos

sem necessidade de nova prescrição médica; a receita é composta por três vias e tem a validade de 6

meses), medicamentos sujeitos a receita médica especial (medicamentos que contenham substâncias

estupefacientes ou psicotrópicas, ou medicamentos que possam criar toxicodependência em casos de

uso anormal) e medicamentos de receita médica restrita (medicamentos de utilização reservada a

certos meios especializados, como os medicamentos de uso exclusivo hospitalar ou em ambulatório e

medicamentos destinados a patologias cujo diagnóstico é efetuado apenas em meio hospitalar).5

5.1.1 Receita Médica

A prescrição de MSRM é efetuada a partir de uma receita médica via informática ou,

excepcionalmente, via manual, que inclui obrigatoriamente a respetiva DCI da substância ativa, a

forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia. Em cada receita médica podem ser

prescritos até quatro medicamentos distintos, sendo que o número total de embalagens prescritas não

pode ultrapassar o limite de duas por medicamento, nem o total de quatro embalagens, exceto quando

a dispensa dos medicamentos é em quantidade individualizada, para os quais podem ser prescritos até

quatro embalagens iguais por receita.6

Nos dias de hoje, as receitas via informática são as mais prescritas pelos profissionais de saúde.

Estas facilitam a comunicação entre o prescritor e o farmacêutico, aumentando a segurança quer na

prescrição quer na dispensa.7

Quando as receitas são prescritas manualmente estas só podem possuir

uma via, cuja validade são 30 dias, e requerem uma justificação: “a) Falência do sistema informático;

b) Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela

respetiva Ordem profissional; c) Prescrição ao domicílio; d) Outras situações até um máximo de 40

receitas médicas por mês.”7,6

Para a receita, via informática ou via manual, ser aceite na farmácia é necessário que a mesma

obedeça a um conjunto de normas, estabelecidas nos artigos 9º e 11º, respectivamente, da Portaria n.º

137-A/2012 de 11 de Maio.6

É importante referir que existem determinados medicamentos que têm de ser prescritos

isoladamente, isto é, a mesma receita médica não pode conter outros medicamentos, nomeadamente:

estupefacientes e psicotrópicos, medicamentos manipulados, produtos dietéticos com caráter

terapêutico, produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus.8

5.1.2 Dispensa e Aconselhamento Farmacêutico

No que respeita á dispensa de medicamentos, o farmacêutico tem a responsabilidade de validar a

receita, ou seja, certificar-se se a prescrição obedece às normas estabelecidas, bem como verificar

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possíveis interações medicamentosas, contra-indicações, alergias e intolerâncias e se a posologia é

adequada ao utente.

Durante a dispensa, o utente deve ser informado de quais os medicamentos disponíveis na

farmácia com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento

prescrito, bem como sobre aqueles que são comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS) e

o que tem o preço mais baixo disponível no mercado. Ou seja, dentro do mesmo grupo homogéneo

(medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem) a farmácia deve ter

pelo menos três dos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo dispensar o de

menor preço, salvo se for outra a opção do doente.6 Portanto, os medicamentos podem ser prescritos

de duas formas distintas8:

por DCI: em que o utente pode optar por qualquer medicamento que apresente o

mesmo CNPEM (o que corresponde à mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de

embalagem similares ao prescrito).

por nome comercial ou do titular: neste caso o médico pode indicar, na receita, as

justificações técnicas que impedem a substituição do medicamento prescrito com denominação

comercial, nomeadamente:

o “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º” - “Medicamento com margem ou índice

terapêutico estreito”;

o “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º” - “Reação adversa prévia”;

o “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º” - “Continuidade de tratamento superior a 28

dias” Neste caso, o utente pode optar por medicamentos similares ao prescrito,

desde que sejam de preço inferior.

Sempre que surjam exceções na receita médica, é importante realçar, que devem ser

devidamente assinaladas no sistema informático de forma a ficarem claras no verso da receita após a

impressão.

Posteriormente à seleção do medicamento ou produto farmacêutico cabe ao farmacêutico

fornecer todas as informações ao utente para uma adequada utilização, esclarecendo dúvidas sobre a

posologia, oralmente e por escrito, se necessário, bem como possíveis reações adversas, e condições

especiais de armazenamento.

5.1.3 Regime de Comparticipação de Medicamentos

A comparticipação é a fração do preço de um MSRM que é financiada pelo SNS ou por outras

entidades com quem tenham estabelecido acordos, nomeadamente Serviços de Assistência Médico-

Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), trabalhadores dos correios, EDP (Energias de Portugal),

entre outros. Portanto existem utentes que beneficiam da comparticipação simultânea de dois

organismos (SNS e outro), usufruindo assim de um sistema de complementaridade de entidades.

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10

No que diz respeito ao SNS, a comparticipação de medicamentos faz-se através do regime

geral ou do regime especial. No caso do regime geral, o Estado paga diferentes percentagens do

medicamento de acordo com o escalão: Escalão A - 90%, Escalão B - 69%, Escalão C - 37%, Escalão

D - 15%, consoante as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, as entidades que o

prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes que sofram de determinadas patologias.7, 9

Relativamente ao regime especial de comparticipação, este destina-se aos beneficiários, ou

seja, aos pensionistas cujo rendimento "não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida",

bem como, ao tratamento de determinadas patologias ou grupos especiais de utentes.10

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus também são abrangidos por um

regime de comparticipação. As tiras-teste para determinar glicemia, cetonemia e cetonúria tem uma

comparticipação de 85% e as agulhas, seringas e lancetas são comparticipadas a 100%.7

Os

medicamentos que são imprescindíveis à vida do utente são comparticipados na totalidade.

Os medicamentos dispensados são registados no Sifarma 2000 e, de acordo com a

comparticipação correspondente, o utente paga a percentagem que não é comparticipada. No verso da

receita são impressas as informações referentes ao ato de dispensa e é emitida uma fatura. No caso de

a dispensa ser referente a medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, o Farmacêutico tem de

preencher uma série de informações relativas ao doente, ao médico prescritor e ao adquirente.

5.1.4 Conferência de Receituário

Após a dispensa dos medicamentos, as receitas aviadas são conferidas, assinadas e carimbadas,

de modo a que sejam consideradas válidas e, assim, a farmácia receba o valor da comparticipação.

Caso se detete algum erro, procede-se à correção, sendo, por vezes, necessário contactar o utente.

Depois de conferidas, as receitas são ordenadas por lotes de 30 unidades e por entidade

comparticipadora.

No final de cada mês, através do Sifarma 2000, procede-se ao fecho dos lotes e imprime-se o

verbete de identificação do lote, onde consta toda a informação referente ao mesmo lote.

Mensalmente, elabora-se uma relação-resumo dos lotes referente ao conjunto dos lotes e imprime-se

as faturas para cada entidade comparticipadora.11

Portanto, as receitas comparticipadas pelo SNS, juntamente com toda a documentação

(verbetes, relação-resumo e faturas) são enviadas para o Centro de Conferencia de Faturas (CCF),

enquanto que as receitas comparticipadas por outras entidades são enviadas para Associação Nacional

de Farmácias (ANF) que, posteriormente, distribui pelos respetivos organismos.

Na FV cada colaborador é responsável por conferir o seu próprio receituário. Durante o meu

estágio, quase todos os dias, separei as receitas por entidade comparticipadora, e ordenei-as por lotes.

Na FV há um farmacêutico responsável por voltar a conferir as receitas, bem como proceder aos

procedimentos acima referidos.

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11

5.2 Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Indicação Farmacêutica

Os MNSRM são utilizados para tratar patologias de menor gravidade ou problemas de saúde

autolimitados, não sendo obrigatório a apresentação de uma prescrição médica para os adquirir e,

normalmente, não são comparticipados, salvo algumas situações, que deverão estar previstas na

legislação.12

É frequente em situações de transtornos menores como gripes/constipações, alergias ou afeções

da pele, o utente solicitar medicação por iniciativa própria (automedicação) ou pedir orientação

(indicação farmacêutica).

Tendo em conta que a maioria dos utentes que chegam ao balcão não têm conhecimentos

suficientes para decidirem sobre qual o medicamento mais adequado à sua situação, a intervenção de

um profissional de saúde e especialista no medicamento torna-se fundamental no processo de uso de

MNSRM. Neste caso estamos perante indicação farmacêutica em que o “farmacêutico responsabiliza-

se pela seleção de um medicamento não sujeito a receita médica ou de eventual tratamento não

farmacológico com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde considerado como um

transtorno menor ou sintoma menor, entendido como problema de saúde de carácter não grave,

autolimitante, de curta duração, que não apresente relação com manifestações clínicas de outros

problemas de saúde do doente.”1

Durante o estágio surgiram diversas situações de indicação farmacêutica e de automedicação e

apercebi-me da importância do farmacêutico nestes casos, constatando que é de facto um trabalho

enriquecedor e que exige um grande conhecimento.

Verifiquei que os MNSRM a que os utentes mais recorrem são laxantes e obstipantes,

antigripais/antitússicos/descongestionantes, analgésicos/antipiréticos e antiácidos.

6. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACEUTICOS

6.1 Medicamentos e produtos de uso veterinário

Tendo em conta que a farmácia é um local procurado pelas pessoas para comprarem

medicamentos e outros produtos para os seus animais, é muito importante que o farmacêutico esteja

informado sobre o uso adequado desses mesmos produtos, por forma a conseguir intervir, aconselhar e

esclarecer duvidas durante a dispensa.

A FV não tem uma grande variedade de produtos veterinários, pois a procura incide,

essencialmente, nos antiparasitários internos e externos, coleiras e anticoncepcionais para animais de

companhia, como cães e gatos.

6.2 Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

De acordo com o INFARMED, PCHC é “qualquer substância ou preparação destinada a ser

posta em contato com as diversas partes superficiais do corpo humano” com o propósito de “limpar,

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12

perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores

corporais”.13

O interesse por parte das pessoas relativamente a estes produtos tem vindo a crescer,

consequentemente a oferta é cada vez maior, como tal cabe ao farmacêutico estar bem informado por

forma a aconselhar correta e eficazmente o utente que o aborda.

A FV tem uma grande diversidade de marcas comerciais, organizadas por gamas,

nomeadamente Avene®, Uriage®, Bioderma®, La Roche Posay®, Caudalie®, Lierac® e Filorga®.

De realçar que as marcas comerciais mais relacionadas com dermocosmética estão expostas nos

lineares atrás dos postos de atendimento, por outro lado as marcas comerciais mais reconhecidas pelo

papel estético e cosmético estão em lineares ao alcance dos clientes.

Esta área está em constante crescimento e renovação, como tal os colaboradores da FV têm a

oportunidade de participar em formações periódicas para actualizarem os seus conhecimentos. Ao

longo do estágio tive o privilégio de ter algumas formações nesta área, nomeadamente: Avene®,

Uriage® e Rene®.

6.3 Produtos Fitoterápicos e Suplementos Alimentares

Os produtos fitoterápicos são obtidos a partir de plantas medicinais, com o intuito de prevenir,

aliviar ou curar patologias. Tendo em conta que na sua composição existem substâncias ativas,

requerem o mesmo cuidado como aquando da dispensa de produtos não fitoterápicos.12

Relativamente aos suplementos alimentares, tem se verificado uma procura crescente destes

produtos que são uma fonte concentrada de substâncias nutrientes, vitaminas, minerais, entre outros, e

que servem como complemento ou suplemento ao regime alimentar normal. É importante recordar que

estes produtos não substituem a adoção de um estilo de vida saudável e apresentam efeitos adversos,

quando utilizados inapropriadamente ou em excesso.14

Na FV os produtos fitoterápicos são muito procurados para o tratamento de obstipação e

insónia, bem como os suplementos alimentares multivitamínicos e produtos de emagrecimento.

6.4 Produtos de alimentação especial

Os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são todos os que “devido à sua

composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de

consumo corrente, são adequados ao objectivo nutricional pretendido e comercializados com a

indicação de que correspondem a esse objectivo”.15

Este tipo de alimentação procura satisfazer as necessidades nutricionais de pessoas com

perturbações digestivas ou metabólicas, de pessoas que apresentam condições fisiológicas especiais,

bem como latentes ou crianças.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

13

A FV tem ao dispor dos utentes uma grande diversidade de produtos para este fim. No caso de

latentes ou crianças tem disponível uma vasta variedade de leites, papas, farinhas e boiões adaptados

às diferentes etapas do desenvolvimento e às necessidades particulares dos bebés e das crianças. Para

adultos existem produtos com valor energético baixo ou reduzido, destinados ao controlo de peso e

suplementos nutritivos hiperproteicos e hiperenergéticos.

Uma vez mais, o farmacêutico deve ter conhecimento de todos os produtos para alimentação

especial por forma a responder às necessidades da população, bem como, transmitir a importância do

leite materno nos primeiros meses de vida do bebé.

6.5 Dispositivos Médicos

De acordo com o Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho, dispositivo médico é “qualquer

instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em

combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para

fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo

médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios

farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses

meios”.16

O conceito “dispositivo médico” engloba uma diversidade de instrumentos de saúde que podem

ser usados para diversos fins. Alguns dos dispositivos médicos que se podem encontrar na FV são

material de penso, material de ostomia, seringas, meias de compressão, fraldas, testes de gravidez,

preservativos, entre outros.

7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Até à era da industrialização todos os medicamentos eram preparados por farmacêuticos e,

posteriormente, dispensados nas farmácias. É inquestionável a importância das indústrias

farmacêuticas na preparação dos medicamentos, porém continuam a ser preparados em farmácias

hospitalares e farmácias de oficina ou quando há uma lacuna a nível industrial ou quando se pretende

personalizar a terapêutica.17

De acordo com Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril designa-se Medicamento manipulado

“qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de

um farmacêutico”.18

Os medicamentos manipulados são apresentados como fórmula magistral quando o

medicamento se destina a um utente de acordo com a prescrição médica, enquanto o preparado

oficinal, preparado segundo indicações da farmacopeia ou de um formulário, destina-se a vários

utentes, logo é distribuído em múltiplas embalagens para dose única.17

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7.1 Laboratório

Na FV existe um laboratório destinado à preparação dos medicamentos manipulados, que

cumpre as normas estipuladas pela Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho e a área mínima exigida na

Deliberação n.º 2473/2007, de 28 de Novembro.19,20

Neste espaço são armazenadas todas as matérias-

primas e materiais de embalagem e está arquivada toda a informação relativa à preparação dos

manipulados, designadamente os boletins de análise das matérias-primas acompanhadas da folha de

produto, as fichas de preparação de manipulados, o boletim de análise de medicamentos manipulado

para venda aos utentes e as fichas de cálculo do preço de venda.

7.2 Aquisição de Matérias-primas19

As matérias-primas e os materiais de embalagem podem ser adquiridos em distribuidores

especializados ou nos fornecedores habituais, o importante é que sejam distribuidores autorizados pelo

INFARMED.

As matérias-primas deverão satisfazer as exigências da monografia do respetivo manipulado,

como tal é exigido o boletim de análise que inclui o número do lote da matéria-prima.

O farmacêutico é responsável por assegurar qualidade das matérias-primas, assim sendo, na

receção da encomenda deve verificar se a matéria-prima encomendada é a rececionada, bem como o

seu o boletim de analise, integridade da embalagem e condições de higiene e conservação.

7.3 Manipulação

Segundo a Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho: “a preparação de fórmulas magistrais ou de

preparados oficinais só pode ser realizada pelo farmacêutico director técnico ou sob a sua supervisão e

controlo”. Antes de iniciar a preparação do manipulado, o farmacêutico deve certificar-se que estão

disponíveis todas as matérias-primas, equipamento, documentação e materiais de embalagem

necessários.19

Aquando da preparação de um medicamento manipulado deve preencher-se a ficha de

preparação referente a cada manipulado. Nessa ficha deve-se identificar o nome do utente e médico

prescritor (se aplicável), o nome do manipulado, forma farmacêutica e quantidade preparada, bem

como as matérias-primas utilizadas (nome, fornecedor, número de lote, PV, quantidade pesada), a

técnica de preparação, o material de embalagem, o prazo de utilização, a análise organolética e o PVP.

No final é atribuído um número de lote interno, sendo que este consiste no número do manipulado e o

ano em que o mesmo é preparado. Posteriormente as fichas de preparação são arquivadas de forma a

permitir, se necessário, uma consulta rápida dos manipulados produzidos.

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7.4 Rotulagem

Finda a preparação deve proceder-se ao acondicionamento do manipulado em embalagem

apropriada e em seguida rotular a mesma.

O rótulo deve conter toda a informação necessária ao doente nomeadamente: identificação da

farmácia e do diretor técnico, nome do doente, fórmula do medicamento, número do lote interno,

prazo de utilização e condições de conservação do medicamento preparado, instruções especiais,

como, por exemplo, «agite antes de usar», «uso externo» (em fundo vermelho), via de administração e

posologia.19

7.5 Preço de venda ao público

O cálculo do PVP dos medicamentos manipulados por parte das farmácias comunitárias é

composto por três vertentes distintas: o valor dos honorários, o valor das matérias-primas e o valor dos

materiais de embalagem. O cálculo dos honorários baseia-se no fator F que é actualizado, automática e

anualmente. Determina-se o PVP aplicando a fórmula: (Valor dos honorários + Valor das matérias-

primas + Valor dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA à taxa em vigor.21

7.6 Comparticipação

Atualmente encontra-se em vigor o despacho nº18694/2010, 18 de Novembro, que estabelece as

condições de comparticipação de medicamentos manipulados e aprova a respetiva lista aprovada

anualmente por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde, mediante proposta

do conselho directivo do INFARMED, I.P. Os medicamentos que fazem parte dessa lista são

comparticipados em 30 % do respectivo preço.22

Na FV são preparados um pequeno número de manipulados, sendo os mais frequentes cremes e

pomadas. Quando se pretende manipulados mais elaborados, a FV reencaminha o utente para outra

farmácia.

Durante o estágio curricular tive a oportunidade de preparar misturas de atl com dermovate; atl

com elocom, dermovate com ictiol, solução de álcool a 70 com ácido bórico, vaselina salicilada,

vaselina com enxofre.

8. SERVIÇOS FARMACÊUTICOS PRESTADOS NA FV

As farmácias, além de serem locais de dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos, têm

evoluído na prestação de serviços de saúde, reconhecidos pelos utentes, por forma a promover a saúde

e o bem-estar dos mesmos.

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A Portaria n.º1429/2007, de 2 de Novembro define quais os serviços farmacêuticos que as

farmácias podem prestar. No entanto, para a prestação de determinados serviços as farmácias devem

dispor de instalações adequadas e autonomizadas, bem como o material e os aparelhos apropriados.23

A FV tem uma série de serviços ao dispor do utente, que passo a descrever de seguida, sendo os

mais requisitados a determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos.

Durante prestação dos serviços, sobretudo na determinação dos parâmetros fisiológicos e

bioquímicos, o farmacêutico tem a oportunidade de interagir com o utente abordando as patologias

que originam a necessidade de realização de alguns destes testes, esclarecer dúvidas, aconselhar

medidas não farmacológicas e farmacológicas salientando sempre a importância e a necessidade de

intervenção médica, bem como incentivar o controlo periódico dos parâmetros bioquímicos e a adesão

à terapêutica (se for o caso).

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de fazer a determinação da pressão arterial,

colesterol total, triglicerídeos e glicemia, e apercebi-me que são serviços muito requisitados pelos

utentes da FV.

8.1 Avaliação da tensão arterial e da frequência cardíaca

Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos, ou seja, apresentam valores de

tensão arterial aumentados. A hipertensão arterial carateriza-se por valores de tensão arterial sistólica

superiores ou iguais a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de tensão arterial diastólica

superiores a 90 mm Hg.24

A determinação da tensão arterial é o teste mais solicitado na FV. A medição é efetuada por um

tensiómetro automático, o qual determina a pressão sistólica e diastólica e a frequência cardíaca

8.2 Determinação da glicemia

A avaliação da glicemia (quantidade de açúcar no sangue) é essencial no controlo da diabetes

e na sua identificação precoce em indivíduos saudáveis, tendo em conta os valores de referência

(Tabela 3).

Este teste é bastante simples e rápido de se realizar. Para a sua realização é apenas necessária a

colheita de uma gota de sangue numa tira de reagente específica, sendo posteriormente colocada no

aparelho automático de punção capilar.

Jejum 2h depois da refeição

Hipoglicemia <70 mg/dl <70 mg/dl

Normal Entre 70 – 100 mg/dl Entre 70 – 140 mg/dl

Pré-diabetes Entre 100 – 126 mg/dl Entre 140 – 200 mg/dl

Diabetes >126 mg/dl >200 mg/dl

Tabela 3: Valores de Referência da Glicemia25

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8.3 Determinação do Colesterol Total e Triglicerídeos

As hiperlipidémias e as hipertrigliceridémias são importantes fatores de risco das doenças

cardiovasculares. Após um período de jejum de 9 a 12 horas, o valor de colesterol total (a soma do

colesterol LDL e HDL) deve ser, na maioria dos casos, inferior a 190 mg/dl.26

Relativamente aos

triglicerídeos os valores de referência devem ser inferiores a 150 mg/dl.

Com um aparelho rigoroso e sofisticado é possível avaliar os níveis de colesterol e dos

triglicerídeos do utente de forma rápida, segura, simples e praticamente indolor, utilizando as tiras

específicas para cada determinação.

8.4 Controlo do peso corporal

A FV dispõe também de uma balança automática que possibilita a determinação do peso

corporal, a altura e o índice de massa corporal dos utentes.

8.5 Administração de Vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação

De acordo com a Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro, um dos serviços farmacêuticos

prestados pelas farmácias é a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação

(PNV) como o caso da vacina contra a Gripe sazonal. A administração deverá ser executada por

farmacêuticos com formação adequada reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos.23

8.6 Serviço de Dispensa ao Domicílio

A Portaria n.º 1427/2007 de 2 de Novembro autoriza as farmácias a dispensarem medicamentos

ao domicílio, bem como aceitarem pedidos feitos pela Internet, sob determinadas normas e condições.

Os pedidos podem ser efetuados via telefone ou correio eletrónico e pretendem disponibilizar

medicação e outros produtos à população de Guimarães e concelhos limítrofes.27

9. FARMACOVIGILÂNCIA

A FV faz o seguimento farmacoterapêutico dos seus utentes, como tal sempre que haja suspeitas

de reações adversas a qualquer medicamento, estas são notificadas ao INFARMED através da

aplicação Portal Ram.

10. VALORMED

A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que se responsabiliza pela gestão dos

resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora do uso. Esses resíduos são colocados no contentor

VALORMED que existe na FV ao dispor de todos os utentes. Quando cheios, e após a preparação dos

mesmos, estes são recolhidos pelos armazenistas.

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Figura 1: Estrutura do cabelo saudável Adaptado de 29

PARTE II – Trabalhos desenvolvidos durante o estágio

11. QUEDA DO CABELO

11.1 Enquadramento

O primeiro projeto desenvolvido na FV foi a realização de um panfleto informativo sobre a

queda de cabelo (ANEXO I). A ideia surgiu do facto de me ter apercebido que este problema afeta

muitas pessoas, homens e mulheres, e cada vez mais a população jovem. Além disto constatei que

cada vez mais, e através dos media, existem múltiplos produtos que prometem resolver a queda de

cabelo. Também a indústria farmacêutica e dermocosmética tem procurado alternativas no tratamento

desta problemática, bem como conhecer quais os mecanismos fisiológicos que provocam a queda,

desenvolvendo, assim, princípios ativos que sejam eficazes.

Na realização do meu panfleto procurei, através de uma linguagem simples, sintetizar a

informação mais relevante, realçando que existem diversas causas que estão por detrás da queda do

cabelo, consequentemente o tratamento é distinto e personalizado, sem esquecer a importância da

alimentação na saúde do nosso cabelo, bem como as medidas não farmacológicas.

11.2 Fundamento Teórico

O cabelo tem uma grande influência na auto-estima de homens e de mulheres, influenciando

assim a forma como as pessoas se relacionam com os outros. Ter um cabelo bonito, cuidado e

saudável tem uma importância estética, mas também é um sinal de saúde e de bons cuidados com o

cabelo. Por outro lado, tem como funções proteger a cabeça das radiações solares e da abrasão

mecânica.

11.2.1 A estrutura do cabelo

Cada fio de cabelo - composto por medula interna, córtex

e cutícula – tem origem no folículo piloso. A cutícula é a camada

externa do fio de cabelo, formada por escamas sobrepostas,

responsável pela textura, brilho e maciez (Figura 1). O folículo

piloso produz queratinócitos, que por sua vez produzem

queratina. A queratina dá força, resistência e cor ao cabelo.

Pequenos vasos sanguíneos transportam substâncias ativas até à

raiz do cabelo, alimentando-o, e contribuindo para o crescimento do cabelo, uma vez que essas

substâncias estimulam o processo de divisão celular.28,29

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11.2.2 O ciclo de crescimento do cabelo

Após o nascimento, cada folículo piloso passará por uma sucessão de ciclos que permitirá a

formação de 20 a 30 fios de cabelo. O ciclo de crescimento de cada fio de cabelo compreende três

fases consecutivas (Figura 2):

- Fase de crescimento ou fase anágena corresponde à proliferação e diferenciação dos

queratinócitos, promovendo a formação e crescimento de cabelo; dura entre dois e seis anos, sendo

que, num couro cabeludo saudável, 85 a 90% dos folículos pilosos estão nesta fase;

- Fase de transição ou fase catágena dura algumas semanas e nesta fase a divisão das células

capilares diminui; cerca de dois terços do folículo piloso é destruído, no entanto as células da papila

dérmica não são destruídas e mantém-se no bolbo capilar;

- Fase de repouso ou fase telógena dura três a quatro meses, e corresponde à queda do cabelo,

para iniciar-se um novo ciclo de crescimento. O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês,

sendo considerado normal a perda de 50-80 fios de cabelo por dia.30,29

11.3 Causas da queda de cabelo

A queda de cabelo preocupa e tem um grande impacto na vida das mulheres e dos homens,

podendo variar desde uma rarefação ligeira até à calvície total.

Apesar do ciclo do cabelo ser um mecanismo altamente regulado, em que os diferentes

compartimentos do folículo estabelecem numerosas trocas moleculares, promovendo a passagem de

uma fase do ciclo para a seguinte, existem diversas causas que podem perturbar esse equilíbrio,

provocando a queda excessiva do cabelo30

, nomeadamente:

Alopecia Androgenética (AAG): desordem multifatorial causada por interações entre diversos

genes, fatores ambientais e hormonais (excesso de androgénios masculinos – Di-Hidrotestosterona

(DHT)), sendo uma das causas mais comuns de queda de cabelo progressiva. Os folículos pilosos têm

recetores de androgénios, como tal, na presença destas hormonas são ativados os genes que diminuem

a fase anágena. Tendo em conta que a fase anágena determina o comprimento do cabelo, o

comprimento do novo cabelo torna-se mais curto do que o que o procedeu, levando, eventualmente, a

uma aparência careca.32,33

Figura 2: Ciclo de crescimento do cabelo: fase anágena, fase catágena e fase telógena Adaptado de 31

Fase Anágena Fase Catágena Fase Telógena Fase Anágena

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Figura 3: Padrão

Masculino e Feminino

da AAG Adaptado de 37

Este tipo de alopecia ocorre sob o efeito dos androgénios em indivíduos

geneticamente susceptíveis. Em caucasianos afeta cerca de 50% dos homens a

partir dos 50 anos.30

A AAG é mais comum entre os homens, podendo

manifestar-se mesmo durante a adolescência, que tipicamente apresentam uma

diminuição da espessura do cabelo e/ou um retrocesso do limite frontal da

implantação do cabelo. Muitas mulheres desenvolvem um certo grau de

calvície que se carateriza pela diminuição da espessura do cabelo na parte

superior ou coroa do couro cabeludo, não afetando o limite frontal do

cabelo.33,34

Mulheres com AAG não significa que têm excesso de androgénios

circulantes, podem apresentar níveis elevados de 5α-redutase (que converte a

testosterona em di-hidrotestosterona), mais receptores de androgénio, e níveis

mais baixos de citocromo P450 (que converte a testosterona em estrógeno). De acordo com outros

sintomas, nomeadamente menstruação irregular ou acne pode ser necessário avaliar a função

endócrina.33

A partir das escalas “The Norwood Scale” e “The Savin Scale” (Figura 3), que representam o

padrão masculino e feminino, respetivamente, os especialistas estudam a progressão da queda e

reencaminham para o tratamento mais adequado a cada caso.35,36

Alopecia Areata (AA): afeta, igualmente, homens e mulheres. A etiologia é desconhecida, no

entanto está relacionada com fatores auto-imunes e genéticos. Carateriza-se pela formação de áreas

arredondadas totalmente lisas e sem pelo, cujo tamanho e número são variáveis. Em casos raros em

que há perda total do cabelo designa-se alopecia areata total ou quando caem todos os pelos do corpo,

alopecia areata universal.34

Eflúvio Telogénico: normalmente a queda de cabelo inicia-se dois a quatro meses após o fator

desencadeante que provoca grande stress no organismo. É uma das causas mais comuns de perda de

cabelo de forma difusa. A perturbação no ciclo do cabelo, aumenta a fase telógena, ocorrendo uma

queda intensa dos cabelos que estão nessa fase. Existem várias causas que podem estar associadas a

este fenómeno, designadamente o pós-parto, febres altas, cirurgias, hospitalizações, hemorragias,

traumas emocionais, deficiências nutricionais, metais pesados.32

Eflúvio Anagénico: este tipo de queda de cabelo deve-se ao tratamento de quimioterapia, uma

vez que, os medicamentos atuam na divisão celular e afetam o crescimento do cabelo. Desta forma,

quando o tratamento é concluído, o cabelo volta a nascer. A radioterapia também provoca perda de

cabelo, no entanto é de forma localizada, de acordo com a área corporal que recebeu o tratamento.38

Traumática: inclui as técnicas capilares de fraca qualidade, como o uso de

coloração/descoloração, permanente ou alisamentos, o abuso do calor extremo, bem como os

penteados que puxam muito a raiz do cabelo, que muitas vezes leva à perda de cabelo nas regiões

frontal, temporais e periauriculares.34,39

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Tricotilomania: condição psiquiátrica/ psicológica, relacionada com um transtorno obsessivo-

compulsivo, em que o paciente tem uma vontade incontrolável de puxar o próprio cabelo. Este

transtorno é diagnosticado em todas as idades, mas os pré-adolescentes e adolescentes são os mais

propensos.39

Doença ou desequilíbrio hormonal: a queda de cabelo pode ser um sintoma de uma doença

como Lupus Eritematoso Disseminado (LED), sífilis, diabetes ou problemas da tiróide (hipo ou

hipertiroidismo). Também pode ser um sinal de uma alteração das hormonas femininas ou masculinas

(estrogénios e androgénios) – por exemplo no pós-parto, na menopausa – bem como deficiências

nutricionais graves (deficiências de proteínas, ferro, zinco, biotina) ou mulheres com fluxo menstrual

muito abundante.34

Medicamentos: A queda de cabelo pode ser um efeito adverso de determinados grupos

terapêuticos, designadamente anticontracetivos orais, alguns antigotosos, anticoagulantes e

antidepressivos. Este efeito secundário tem sido associado à administração de lítio, betabloqueadores,

varfarina, heparina, anfetaminas e levedopa, bem como a doxorrubicina utilizada em quimioterapia e

que provoca a queda total do cabelo.34

Infeções fúngicas: Tinea capitis é um tipo de fungo que infeta o couro cabeludo, levando à

quebra do cabelo e à descamação do couro cabeludo. Este tipo de queda de cabelo é frequente entre as

crianças.38

Nutrição: há vários fatores relacionados com a alimentação que alteram o ciclo normal do

cabelo, nomeadamente os transtornos alimentares, como a bulimia e anorexia, o excesso de vitamina

A obtido através de suplementos e medicamentos, e a falta de proteínas e de ferro conduz à produção

anormal de cabelo.40

11.4 Diagnóstico da queda de cabelo

Sendo normal cair entre 50 a 80 fios de cabelo todos os dias, a queda torna-se excessiva e

anormal quando se encontram grandes quantidades na escova, durante a lavagem, ou na almofada. É

importante perceber há quanto tempo dura a queda, se estão mais finos, o risco do cabelo mais largo,

se há alteração no limite frontal do cabelo ou aparecerem algumas falhas no cabelo.32,34

O farmacêutico tem um papel importante no aconselhamento pessoal, uma vez que muitas

pessoas recorrem primeiramente à farmácia à procura de soluções. De facto as causas são diversas,

como tal o diálogo entre o farmacêutico e o paciente é fundamental de forma a excluir algumas

possíveis causas. No entanto poderá ser imprescindível uma consulta num médico especialista que

avaliará pormenorizadamente a história clínica (herança genética, patologias, medicação), cuidados

alimentares e estilo de vida, exame físico, análises sanguíneas, determinando assim a origem da queda

de cabelo.

Fig. 4c Fig. 4d

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O exame físico ao cabelo e couro cabeludo permite diagnosticar a queda de cabelo e está

dividido em três etapas. Em primeiro lugar examina-se o couro cabeludo e procuram-se sinais de

eritema, descamação ou inflamação. Posteriormente avalia-se a densidade e a distribuição do cabelo, e

em terceiro lugar analisa-se o calibre, comprimento, forma e fragilidade do fio de cabelo. Se a história

clínica e exame físico, bem como os testes laboratoriais, não forem suficientes para traçar um

diagnóstico claro, pode ser necessário realizar uma biopsia.33

11.5 Tratamento da queda de cabelo

Cada tipo de alopecia possui características específicas necessitando de um diagnóstico clínico

para avaliação das causas que desencadeiam o problema, com o objetivo de tratar a causa com o

tratamento adequado, sendo que quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento,

melhores serão os resultados.

Em algumas situações, não é necessário fazer um tratamento farmacológico para eliminar a

origem da queda de cabelo, pois são situações autolimitadas. Ou seja, em situações de stress

emocional, a pessoa deve procurar actividades que ajudem a relaxar, como por exemplo o exercício

físico, deverá adotar uma alimentação saudável, aumentar os cuidados com os cabelos e a qualidade

dos produtos, limitando a exposição a substâncias químicas (como a utilização de secador de cabelo,

alisamentos, colorações ou permanentes) podendo, assim, limitar ou interromper a queda de cabelo.

O tratamento do eflúvio telogénico baseia-se na identificação e tratamento ou correção da causa

subjacente. Ou seja, no caso de haver uma patologia subjacente, o tratamento da mesma poderá

atenuar a queda do cabelo, e em situações cuja queda poderá ser provocada por certos medicamentos,

poderá ser possível substituir ou suspender os mesmos. Em outros casos é necessário proceder a um

tratamento tópico ou oral, ou mesmo a outro tipo de técnicas, sob vigilância de um médico

especialista. No entanto, a queda do cabelo provocada pela doença do couro cabeludo, relacionada

com o Lupus Eritematoso Disseminado, não é reversível.34

Assim sendo, o médico especialista, após o diagnóstico, decidirá qual o tratamento mais

adequado a cada um dos casos:

Minoxidil a 2%: aprovado e indicado pelo Food and Drug Administration (FDA) para o

tratamento de AAG, demonstrou que estabiliza a queda de cabelo na maioria dos indivíduos,

aumentando o tempo do fio de cabelo em fase anágena, apesar do mecanismo de ação ainda não ser

conhecido. Esta solução cutânea deverá ser aplicada no cabelo e couro cabeludo secos duas vezes por

dia, durante quatro a oito meses ou mais para a observação de crescimento de cabelo. Destaca-se o

cuidado no manuseamento e aplicação do Minoxidil, uma vez que pode promover o crescimento de

pelos nas sobrancelhas, zona malar, queixo e lábio superior. Apesar de ter apresentado eficácia, há

alguns relatos que referem a paragem do crescimento capilar e, por vezes, o regresso à aparência

anterior nos três a quatro meses após interrupção do tratamento. É importante realçar que mulheres em

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idade fértil com AAG, que solicitem contracepção oral, devem optar por pílulas com menor

quantidade de androgénios. 41,33

Finasterida: aprovado pelo FDA no tratamento da AAG. O seu mecanismo de ação é inibir a

5α-redutase tipo 2 humana (presente nos folículos pilosos) e bloquear a conversão periférica da

testosterona em DHT. Nos homens com queda de cabelo de padrão masculino, o couro cabeludo calvo

contém folículos pilosos miniaturizados e níveis elevados de DHT, desta forma a finasterida inibe a

miniaturização dos folículos pilosos revertendo o processo da calvície. O médico prescritor avalia a

eficácia e duração do tratamento, mas normalmente é necessário uma toma diária durante três a seis

meses para se visualizarem resultados, sendo que a interrupção do tratamento poderá reverter o

processo. O uso da finasterida não é recomendado nem a mulheres em idade fértil nem a mulheres

grávidas, pois a absorção do fármaco pode provocar a malformação no feto do sexo masculino

(anormalidades na genitália externa, feminização). Em mulheres que estejam a amamentar o risco

permanece, já que a finasterida pode estar presente no leite materno. Especial atenção para os

parceiros sexuais, de mulheres (grávidas ou em idade fértil), que estejam a utilizar finasterida, pois

poderão haver quantidades de finasterida no sémen, mesmo que mínimas.41,42

Espironolactona: é um inibidor competitivo fraco da ligação dos androgénios aos seus

recetores e diminui a síntese de testosterona, no entanto a FDA não considera que possa ser usada no

tratamento da AAG.33

Corticosteróides: pode ser usado em situações cuja queda de cabelo é provocado por

inflamações, nomeadamente na AA, pois acredita-se que o próprio sistema imunitário danifica o

folículo piloso. As injeções de corticosteróides são aplicadas pelo dermatologista nas áreas sem

cabelo, no entanto não impede a formação de outras. O crescimento do cabelo, geralmente, manifesta-

se em quatro semanas. O paciente também pode usar corticosteróides em creme ou loções, sob

vigilância do médico, em simultâneo com as injeções ou antes da administração destas.43

Antralina: é um imunomodulador não específico, seguro e eficaz no tratamento da AA. Os

cremes com antralina, em várias concentrações, podem ser aplicados diariamente e por longos

períodos. Se ocorrer crescimento do cabelo, será percebido entre oito e doze semanas.33,43

Num quadro de AA, a escolha do tratamento depende da extensão da perda de cabelo, ou seja,

se menos de 50% do couro cabelo estiver afetado opta-se pelas injeções de corticosteróides, associadas

ou não a corticoterapia oral, se estiver envolvido mais de 50% é necessário uma multiterapia. Pode ser

necessário que estes tratamentos se prolonguem por meses ou anos.33

Terbinafina ou itraconazol: administração oral, durante seis a doze semanas, no tratamento da

Tinea capitis.34

A FDA não aprova nenhuma medicação para tratar especificamente a tricotilomania, no entanto

alguns medicamentos podem ajudar a controlar os sintomas, como é o caso da clomipramina

(antidepressivo), N-acetilcisteina (aminoácido que influencia os neurotransmissores do humor) e

olanzapina (antipsicótico).44

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Figura 4: Transplante em ratos de

células da papila dérmica

derivadas de hPSCs e que

induziram crecimento de cabelo. Adaptado de 46

11.5.1 Outras técnicas

No sentido de resolver a queda de cabelo, assunto que preocupa e afeta homens e mulheres,

novos tratamentos tem surgido no mercado. A técnica FUE (Folicular Unit Extration) é o mais recente

processo de transplante capilar, recomendado no tratamento da calvície. Esta intervenção é indolor,

após anestesia local, e consiste na extracção de folículos capilares viáveis, do couro cabeludo do

próprio paciente, seguida de implantação nas áreas afectadas pela calvície, desta forma o risco de

rejeição é mínimo ou inexistente.45

Um estudo recente de Alexey Terskikh, e seus colaboradores,

propõe a estimulação de células estaminais humanas pluripotentes

(hPSCs) que se transformam em células da papila dérmica e, assim,

iniciam o crescimento do cabelo. Estes investigadores defendem que

esta técnica tem potencial para ser mais eficaz que os atuais

transplantes capilares pois as células estaminais fornecem uma fonte

ilimitada de células ao doente. O estudo foi realizado em ratos (Figura

4), o próximo passo é testar a técnica em humanos.46

11.6 A importância da nutrição

Durante o aconselhamento, o farmacêutico tem a oportunidade de transmitir a importância de

adquirir uma alimentação saudável e equilibrada, pois a nutrição do cabelo e couro cabeludo é uma

parte fundamental de qualquer tratamento.

O cabelo reflete o estado geral do organismo, pois quando há um problema de saúde ou uma

deficiência nutricional o cabelo pode parar de crescer e tornar-se frágil e quebradiço.

11.6.1 Água

A água é importante para a saúde do corpo em geral e potencialmente boa saúde do cabelo.47

11.6.2 Vitaminas

Vitamina C ajuda a produzir e manter o colagénio saudável, o tipo de tecido conjuntivo

encontrado dentro de folículos pilosos. Os alimentos ricos nesta vitamina são os pimentos crus,

vegetais verde escuro como brócolos, morangos, papaia, kiwi e laranja, em geral todos os citrinos.47

Vitamina E ajuda a manter a integridade das membranas celulares dos folículos pilosos e

atua como um antioxidante, promovendo simultaneamente a pele e cabelos saudáveis, e pode ser

encontrada no óleo de gérmen de trigo, óleo de girassol e frutos secos como avelãs, amendoim,

amêndoa, castanha do pará, bem como no kiwi, vegetais verdes e abacate.47

Betacaroteno é convertido em vitamina A, sempre que necessário, mantendo o crescimento

normal e desenvolvimento ósseo, invólucro de protecção em torno das fibras nervosas, bem como

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Figura 5: Alimentos onde se podem encontrar cada uma das vitaminas. A melhor maneira de

obter quantidades suficientes de vitaminas é seguir uma dieta saudável, que inclui uma grande

variedade de frutas e legumes. Adaptado de 48

promover a pele saudável, cabelo e unhas. O melão, pêssego, brócolos, abóbora, espinafre são alguns

dos alimentos ricos em betacaroteno.47

11.6.2.1 Vitaminas do Complexo B

Vitamina B5 (Ácido Pantoténico) dá flexibilidade, força e brilho e ajuda a prevenir a perda

de cabelo e grisalhos. Esta vitamina está presente em carnes, grãos integrais (moagem pode removê-

lo), brócolos, abacate, geleia real, ovários de peixes. 47,48

Vitamina B7 (Biotina) participa em inúmeras reações enzimáticas no organismo e no

metabolismo de proteínas, gorduras e açúcares. Apesar da deficiência em biotina ser rara, pode

provocar erupções na pele e perda de cabelo. Um estudo da Universidade de Harvard considera-a

importante para preservar a força e textura do cabelo. Boas fontes alimentares de biotina são ovos,

fígado e soja.47,48

Vitamina B9 (Ácido Fólico) participa na divisão das células do folículo piloso e no

crescimento do cabelo. Vegetais folhosos, legumes, fígado, fermento de padeiro, alguns produtos de

cereais enriquecidos, sementes de girassol.47,48

Vitamina B12 (Cianocobalamina) ajuda a prevenir a perda de cabelo e pode ser encontrada

em peixes, ovos, frango e leite.47,48

Níveis deficientes de Vitamina B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina) e B3 (Niacina) também podem

contribuir para a desnutrição das células foliculares.47

11.6.3 Antioxidantes

O selénio é necessário para o metabolismo de iodo. Os estudos de caso têm indicado que a

deficiência de selénio pode levar ao desenvolvimento de cancro, doença cardíaca, e alterar o

crescimento do cabelo. A castanha do Pará, farinha de trigo e gema de ovo são alguns dos alimentos

ricos em selénio.47,49

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As vitaminas A, C e E são também antioxidantes que renovam o turnover da pele e a síntese de

colagénio.47

11.6.4 Oligoelementos

Os alimentos ricos em cálcio, nomeadamente laticínios, espinafres, leguminosas, nozes e

sementes ajudam a melhorar a estrutura dos ossos e dentes, e uma fração de cálcio do corpo estimula

mediadores celulares que atuam sobre os fosfolípidos da membrana celular em células foliculares de

cabelo. 50,47

A deficiência de ferro provoca anemia microcitica e hipocrómica, mas afeta outros órgãos,

incluindo a pele e os folículos pilosos. Alimentos ricos em ferro de origem animal são as carnes e os

frutos do mar, e os de origem vegetal são nozes, castanhas, feijão e legumes. É muito importante

referir que os alimentos ricos em Ferro para anemia, de origem vegetal, devem ser consumidos sempre

com uma fonte de vitamina C para melhorar a absorção de Ferro.47,51

O zinco é essencial para a produção de DNA e RNA, que por sua vez leva à divisão normal da

célula folicular. O zinco é encontrado na carne, peixe e frutos do mar, feijão, nozes, cereais integrais e

laticinios.47,52

O iodo é imprescindível para o correto funcionamento da tiróide, logo o seu mau funcionamento

pode contribuir para o crescimento anormal dos pêlos. Os alimentos mais ricos em iodo são frutos do

mar e os peixes de água salgada. O sal iodado também pode prevenir carências de iodo.47,53

11.6.5 Ácidos Gordos Polinsaturados

Os Ácidos Gordos Polinsaturados desempenham um papel importante na estrutura celular, na

função de barreira, na síntese lipídica, na inflamação e na imunidade. A deficiência de ácidos gordos

essenciais provoca uma secagem do couro cabeludo e na pele. Estes nutrientes ajudam a reduzir a pele

seca e escamosa. Entre os ácidos gordos polinsaturados, existem os ácidos gordos da série ómega 6 e

os ácidos gordos da série ómega 3, que se distinguem com base na sua estrutura química e nas

diferentes funções que cada um desempenha.47,54

Fontes de Ómega 6: óleos vegetais (amendoim, soja, girassol, milho, etc.), frutos oleaginosos,

cereais integrais e sementes.54

Fontes de Ómega 3: gordura e óleo de fígado de peixes (ex.: salmão, sardinha, enguia, óleo de

fígado de bacalhau) e hortícolas de cor escura (ex.: brócolos, espinafres).54

11.6.6 Aminoácidos

O organismo precisa de determinados aminoácidos para produzir o colagénio (lisina,

metionina, glicina e prolina) e queratina (cisteína, lisina, arginina e metionina), proteínas que

estimulam o crescimento do cabelo e combatem a queda do mesmo.

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Arginina - lacticínios, peixe, carne, aves, farinha de aveia, grão de bico, soja, sementes de

abóbora, sementes de girassol e nozes.

Cisteína - aves, suínos, leite, legumes, brócolos e cereais integrais

Metionina - peixe, ovos, sementes, folhas verdes, brócolos, abóbora e nozes

Lisina - peixe (especialmente o salmão, sardinha e bacalhau), lacticínios, aves, carne

vermelha, carne de porco, legumes, nozes, spirulina e leguminosas.

Glicina - peixe, carne, leite, soja, espinafre, couve, feijão, couve, banana e kiwi.

Prolina - carne, lacticínios, ovos, espargos, abacate, feijão, brócolos, espinafre, legumes e

soja

É importante referir que a lisina e a metionina são aminoácidos essenciais, ou seja, o organismo

não os produz e só consegue obtê-los a partir da dieta.55

11.7 O papel do farmacêutico

As pessoas afetadas pela queda de cabelo, geralmente procuram o conselho de um farmacêutico,

antes de procurar um médico. O farmacêutico, de acordo com a experiencia profissional e com o

diálogo que estabelece com o paciente, será capaz de perceber se é um caso de queda pontual, cujas

causas podem ser tratadas com produtos e conselhos que estejam ao seu alcance, ou por outro lado

encaminhar o utente para um médico especialista.

Na Farmácia estão disponíveis múltiplos produtos para queda de cabelo, nomeadamente loções

anti-queda e champôs fortificantes, dermatologicamente testados, e suplementos alimentares que

fornecem os nutrientes fundamentais para o crescimento e fortificação do cabelo.

O farmacêutico deverá aproveitar o diálogo com o paciente para transmitir conselhos

fundamentais para ter um cabelo bonito e saudável, nomeadamente:

- estilo de vida equilibrado: evitar o stress procurando formas de o atenuar, como por exemplo

fazer exercício físico, praticar uma alimentação saudável, e fazer um descanso decente;

- higiene capilar: produtos adequados ao tipo de cabelo, mantê-los limpos e evitar altas

temperaturas, produtos à base de químicos e técnicas que agridam o cabelo e o couro cabeludo.

11.8 Considerações finais

Após a elaboração deste projeto considero importante relembrar que a queda de cabelo no dia-a-

dia é normal, no entanto, devemos estar atentos quando a queda se torna excessiva. De facto, a queda

de cabelo apresenta características específicas e causas distintas que devem ser avaliadas por um

profissional de saúde.

Muitas pessoas já sofreram com a queda de cabelo em alguma fase da sua vida e outras tantas

sofrem com a queda progressiva, como tal a quantidade de produtos destinados ao tratamento deste

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problema é cada vez maior, e a farmácia é um dos primeiros locais onde as pessoas recorrem para

receberem aconselhamento do farmacêutico.

O farmacêutico tem um papel importantíssimo no aconselhamento, no sentido em que, de

acordo com os seus conhecimentos e com os produtos disponíveis na farmácia poderá orientar o

paciente no sentido dos melhores resultados. Através do diálogo, o farmacêutico conseguirá perceber

se a causa da queda do cabelo é uma situação pontual ou se requer a consulta de um médico

especialista. Portanto, como futura farmacêutico considero relevante o estudo deste problema, por

forma a aconselhar e encaminhar os utentes, da melhor maneira possível.

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12. INDICAÇÕES FARMACÊUTICAS EM CASOS DE PERTURBAÇÕES

DIGESTIVAS

12.1 Enquadramento

Atualmente, o farmacêutico é um dos profissionais de saúde mais requisitados por parte dos

utentes, uma vez que, geralmente, a farmácia é a primeira opção da população quando o seu estado se

saúde se altera. Como tal o farmacêutico tem o dever de aconselhar e prestar cuidados de saúde de

forma eficaz e correta.

Ao longo do meu estágio curricular apercebi-me que relativamente a diversas perturbações

digestivas, algumas pessoas tinham por hábito automedicarem-se, influenciadas também pela

publicidade nos meios de comunicação, e outras dirigiam-se à farmácia para serem aconselhadas por

profissionais de saúde. Como tal, achei relevante e interessante recordar e aprofundar os meus

conhecimentos nesta área, nomeadamente na azia e na dispepsia.

12.2 Automedicação e o papel do farmacêutico na indicação farmacêutica

No início de 1983, Portugal iniciou a introdução no mercado dos medicamentos de venda livre

ou seja, medicamentos que não requerem prescrição médica.56

Daqui advém o fenómeno da

automedicação, uma parte integrante do sistema de saúde. De acordo com o Despacho n.º 17690, de

10 de Agosto de 2007 “a automedicação é a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que

se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência

ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde.”57

A implementação da automedicação permitiu a diminuição dos custos da saúde, uma vez que os

doentes adquirem medicamentos sem a receita médica, logo o número de consultas diminui e os gastos

com a comparticipação também.58

Os medicamentos que não requerem prescrição médica destinam-se a doenças ligeiras,

nomeadamente resfriados, febres moderadas, tosse, perturbações digestivas, queimaduras solares entre

outros. No entanto, os medicamentos não são inofensivos, como tal no decorrer da automedicação

deve consultar o médico ou aconselhar-se com o seu farmacêutico: se os sintomas persistirem, se se

agravarem ou se tiver uma recaída, se existir dor aguda, se não melhorar depois de utilizar medicação,

se surgirem efeitos ou reações adversas, sempre que suspeite de uma situação grave, se sofrer de

outras patologias ou se estiver a utilizar outros medicamentos. Os MNSRM também não são

recomendados em bebés, gravidas e durante a amamentação.59

É importante que automedicação seja sempre orientada por um profissional de saúde, pois

existem riscos envolvidos, porque os sintomas necessários ao diagnóstico de patologias mais graves

podem ser omitidos pelos MNSRM e porque a terapêutica prescrita pode tornar-se ineficaz.58

O farmacêutico, como agente que dispensa MNSRM e que contacta com o doente, deverá obter

a informação necessária para avaliar o problema de saúde específico de cada utente (nomeadamente

sobre qual é o problema, quais são os sintomas, há quanto tempo persistem e se já tomaram

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medicação), deverá dirigir o doente para consulta médica, caso seja necessário, e em caso de

patologias menores, deverá informar, aconselhar e educar o utente, dispensando medicamentos em

caso de necessidade.1

12.3 Perturbações digestivas

São várias as perturbações digestivas que obriga o doente a recorrer com frequência à farmácia.

Entre elas destacam-se a dispepsia, azia, flatulência, diarreia, obstipação, náuseas e vómitos. As

perturbações abordadas serão a dispepsia e azia.

Estas perturbações podem ser aliviadas pelo recurso a MNSRM, no entanto é importante ter em

conta que podem indiciar lesões graves que necessitem de consulta médica. Como tal, é importante ser

acompanhado pelo farmacêutico que saberá avaliar se é necessário dirigir o utente para o médico ou

para a urgência hospitalar.

Nas situações em que os sintomas possam ser aliviados com recurso a MNSRM, e de acordo

com as queixas, idade, doenças e terapêutica concomitante, o farmacêutico selecionará qual os

medicamentos indicados para cada doente. Posteriormente, o farmacêutico indicará a posologia

adequada, bem como as medidas não farmacológicas que também aliviam os sintomas, ou seja,

prestará todos os conselhos indispensáveis ao sucesso do tratamento aconselhado.58

12.4 Dispepsia

A dispepsia é um dos sintomas mais comuns em cuidados primários, e apesar de não se

conhecer a prevalência exata, sabe-se que predomina nas mulheres e estima-se que um quarto da

população mundial sofra de dispepsia todos os anos e que toda a população mundial, em algum

momento da vida, sofrerá um episódio de dispepsia.60

A dispepsia é um sintoma, ou conjunto de sintomas, que ocorre na porção superior do trato

gastrointestinal. A dispepsia pode ser descrita como uma sensação de dor ou ardor na parte superior do

abdómen, ou como a ocorrência de indigestão, saciedade precoce (sensação de plenitude antes de

ingerir uma quantidade normal ou suficiente de alimentos) ou enfartamento pós-pandrial (sensação

desagradável de persistência prolongada dos alimentos no estômago).60

A dispepsia é, muitas vezes, acompanhada por outros sintomas, nomeadamente inchaço, azia e

náuseas ou vómitos. No entanto a disfagia, vómitos recorrentes, perda involuntária de peso

significativa, anemia de hemorragia gastrointestinal ou massa abdominal superior são sintomas que

poderão apontar a existência de outra patologia.61

12.4.1 Causas da Dispepsia

Existem várias causas que podem estar na origem da dispepsia, designadamente patologias que

afetam o estômago e o duodeno. Portanto, a dispepsia pode surgir em consequência de: dispepsia

funcional, refluxo gastroesofágico, gravidez, determinados medicamentos (como por exemplo a

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aspirina e AINES), úlcera péptica (uma das causas mais representativas de dispepsia) – lesão

localizada no estomago e/ou duodeno, provocada por infeção pela bactéria Helicobacter pylori ou pelo

uso de aspirina e AINES -, doença pancreática ou cálculos biliares e cancro. Também o estilo de vida

pode ser a causa destas queixas, nomeadamente o stress, cansaço, tabaco e álcool, bem como comer

rápido, em grandes quantidades e alimentos ricos em gordura.62,63,64

É importante ter em consideração

que algumas situações de indigestão pode resultar da secreção insuficiente de enzimas digestivas.65

12.4.2 Dispepsia Funcional

De acordo com o consenso Rome III, a dispepsia funcional (DF) é uma das causas mais comuns

de perturbação digestiva na prática clínica - saciedade precoce, enfartamento pós-pandrial, dor

epigástrica ou ardor - na ausência de uma patologia orgânica, sistémica ou metabólica. O consenso

Rome III subdividiu a DF em duas categorias de diagnóstico, nomeadamente a dispepsia induzida

por alimentos (que se caracteriza pela saciedade precoce e enfartamento pós-pandrial) e a síndrome

da dor epigástrica (dor e ardor).66

A DF é uma condição prevalente em todo o mundo e, de acordo com Piessevaux et al. (2009) e

Welen et al. (2008), é mais prevalente nas mulheres. Outro estudo também evidenciou que, com o

avançar da idade, a prevalência dos sintomas de dispepsia aumentam, no entanto, o predomínio dos

mesmos não é influenciado pelo nível social das pessoas. Pacientes com DF relataram que esta

condição tem um grande impacto na qualidade da sua saúde, em particular a indigestão e a dor

abdominal, sendo esse impacto comparado à asma e doença inflamatória do intestino. Considerando

que os sintomas da doença do refluxo gastroesofágico, da doença inflamatória do intestino e da DF

sobrepõem-se e podem coexistir no mesmo paciente é crucial esclarecer quais são os sintomas

predominantes e qual o impacto que tem na qualidade de vida. 67

De acordo com os sintomas utilizados como critérios de diagnóstico, o inchaço e as náuseas que

muitas vezes coexistem na dispepsia foram excluídos por serem inespecíficos. A azia também foi

excluída pois provavelmente o diagnóstico primário é a doença do refluxo gastroesofágico.63

Concluiu-se também que as náuseas, vómitos e queixas relacionadas com a refeição, como por

exemplo enfartamento pós-pandrial estão fortemente associadas à perda de peso. 67

12.4.3 Mecanismos fisiopatológicos da dispepsia funcional

A DF inclui vários tipos de pacientes com sintomas muito heterogéneos. A combinação de

fatores ambientais, genéticos, fisiológicos e psicológicos proporciona sintomas muito diversos, como

tal é importante distinguir a evolução e tratamento para cada caso. 67

Múltiplos mecanismos patofisiológicos (Figura 6) estão envolvidos na DF, nomeadamente

alterações na motilidade gastrointestinal, hipersensibilidade visceral, hipersensibilidade à secreção

normal de ácido no estômago, infeções pela Helicobacter pylori, pós-infeção por Salmonella

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gastroenteritidis e Giardia lamblia, factores psicológicos (por exemplos alteração do sono e

ansiedade), bem como o sistema imunitário.67

12.4.4 Diagnóstico da dispepsia funcional

Se os sintomas de dispepsia forem persistentes, o paciente deverá consultar o médico. O

diagnóstico inicia-se com a avaliação da história clínica do paciente, bem como o exame físico. Nem

sempre é necessário realizar exames complementares, nomeadamente em pessoas mais jovens e na

ausência de sintomas de alarme (por exemplo perda de peso inexplicada, vómitos recorrentes, disfagia

progressiva, odinofagia, perda de sangue gastrointestinal, e história familiar de cancro gastrointestinal

superior).63,68

De acordo com os critérios de Rome III, a endoscopia digestiva alta é o exame que permite

distinguir a DF da dispepsia de causas orgânicas.66

Este exame deve ser realizado por todos os pacientes que apresentem sintomas de alarme, bem

como todos os pacientes com idade superior a 50 anos. Estão também indicados para realizar este

exame, todos os pacientes cujo tratamento com inibidores da bomba de protões durante 4-8semanas

tenha falhado, bem como os que não responderam à erradicação da H.pylori.63

A Endoscopia digestiva alta ou esofagogastroduodenoscopia permite examinar a mucosa

desde a boca até à primeira parte do intestino - duodeno. Na garganta é aplicado um spray anestésico

local e através de um tubo fino e flexível com uma camara e uma luz, cuja imagem é transmitida para

um monitor, avalia-se o revestimento dos órgãos. Em alguns casos é administrado medicação sedativa

endovenosa. Durante o exame pode ser necessário a remoção de pólipos, colheita de biopsias ou

administração de fármacos para controlo da hemorragia. Geralmente este exame tem a duração de 5 a

20minutos.69

Uma vez que não existe um único exame que confirme o diagnóstico, existem diversos testes

que determinam a patofisiologia da DF e que devem ser realizados após a endoscopia digestiva alta,

Figura 6: Mecanismos patofisiológicos envolvidos na DF. Adaptado de 67

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como por exemplo avaliação do esvaziamento do conteúdo gástrica e da motilidade gástrica. Também

podem ser recomendados testes para avaliar a presença de Helicobacter pylori, raio X, tomografia

computorizada e testes de alergia alimentar. 67,70

12.4.5 Tratamento da dispepsia

No caso de ser diagnosticado uma doença orgânica responsável pelos sintomas, o médico

deverá proceder ao tratamento adequado a cada um dos casos. Em situações em que se detetou a

presença de uma infeção por Helicobacter pylori o médico poderá entender que deve ser feito um

tratamento, no sentido de erradicar a bactéria.68

Os procinéticos estão indicados especialmente para os portadores da síndrome do desconforto

pós-prandial, pois melhoram a motilidade gastroduodenal. Os antidepressivos tricíclicos e os

inibidores da captação de serotonina, em baixas doses, têm demonstrado bons resultados, uma vez que

bloqueiam a transmissão da dor do trato digestivo para o cérebro.71

Outras terapias alternativas podem

ser recomendadas, principalmente quando existem elevados níveis de stress que podem ser a causa da

DF. Por exemplo a hipnoterapia, ajuda algumas pessoas com distúrbios digestivos a reduzir os

sintomas de dor e desconforto.70

Em casos de insuficiência das enzimas digestivas poderá aconselhar-se a toma de substitutos

dessas enzimas, como por exemplo a pancreatina e a pancrealipase, que vão ajudar no processo de

digestão.65

A indicação farmacêutica é recomendada em casos de perturbações digestivas ocasionais e

ligeiras, quando não existem sinais e sintomas que exijam avaliação médica.

Algumas situações ligeiras podem ser aliviadas pondo em prática determinadas medidas não

farmacológicas e algumas alterações no estilo de vida devem ser recomendadas a todos os que sofrem

de dispepsia. Em termos alimentares devem ser evitados café, chocolate e alimentos gordurosos, pois

retardam o esvaziamento do estomago e as refeições devem ser mais pequenas e frequentes. Outras

medidas importantes para aliviar a sintomatologia é a perda de peso, cessação tabágica, não se deitar

logo depois de terminar as refeições, não usar roupa apertada e manter a cabeça mais elevada na

cama.60

12.5 Azia

A azia ou pirose é descrita como um aperto ou ardor na parte de trás da garganta ou na zona do

peito, podendo ocorrer um sabor amargo ou ácido na parte de trás da garganta. A dor surge após a

ingestão de alimentos, pode ocorrer durante a noite, e geralmente piora quando a pessoa se deita ou se

curva.72,73

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12.5.1 Causas da azia

Vários fatores podem ser a causa da azia, como tal a alteração de hábitos de vida e evitar a

automedicação pode ser suficiente para controlar os sintomas.74

Determinados alimentos e bebidas podem provocar o refluxo ácido, nomeadamente os

alimentos fritos ou gordurosos, uma vez que são de digestão lenta, tendem a ficar mais tempo no

estomago; alimentos picantes, produtos com tomate, cebolas, mostarda e ketchup, vinagre e citrinos;

chocolate e hortelã-pimenta podem relaxar o esfíncter, permitindo a subida do ácido; álcool, café e

bebidas com cafeína, tendem a aumentar a acidez do estomago.72

É importante que referir a aspirina, anti-inflamatórios e analgésicos, excepto o paracetamol,

podem também provocar sintomas de azia, bem como a gravidez, a presença de certas bactérias,

úlcera, hérnia de hiato ou refluxo gastroesofágico.74,75

Os MNSRM podem ser úteis no alívio dos sintomas da pirose ocasional, quando usados de

forma adequada. No entanto, quando o uso destes fármacos se torna frequente ou prolongado, ou

quando os sintomas não melhoram com a alteração da alimentação e dos hábitos de vida, acima

referidos, torna-se necessário um diagnóstico médico.74

Além da frequência dos episódios de azia, existem outros fatores que requerem avaliação

médica urgente nomeadamente: vómitos sanguinolentos ou escuros, fezes pretas ou cor marrom, perda

de peso involuntária, dificuldade em engolir, tosse ou pieira, sensação de queimação e pressão no

peito.76

12.5.2 Mecanismos patofisiológicos da azia

A azia ocorre quando o ácido do estomago reflui para o

esófago. Fisiologicamente, após a deglutição, o músculo

inferior do esófago (esfíncter esofágico inferior), que contacta

o estômago, relaxa permitindo a entrada dos alimentos no

estômago e contrai de seguida. Se o esfíncter enfraquece, o

ácido gástrico pode subir para o esófago, irritando o

revestimento do mesmo e provocando dor (Figura 7).77

O ácido estomacal quando reflui para o esófago pode provocar, além da azia, garganta

inflamada persistente, rouquidão, tosse crónica, asma, dor no peito. Quando o refluxo do ácido é

recorrente pode levar ao desenvolvimento da doença do refluxo gastroesofagico e, até, cancro

esofágico.74

A azia ocasional não é alarmante, no entanto pode reduzir a qualidade de vida influenciando o

dia-a-dia, o sono e as refeições.

Figura 7: Refluxo do ácido gástrico para o

esófago responsável pela azia Adaptado de 77

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12.5.3 Diagnóstico da azia

Em situações em que os episódios de azia são frequentes, quando os medicamentos que utiliza

para aliviar os sintomas deixam de ser eficazes ou quando existe algum sintoma alarmante pode ser

necessário efetuar outros exames complementares, por forma a avaliar a presença de outra patologia

cujo sintoma seja a azia. Esses exames de diagnóstico são:74

Endoscopia digestiva alta ou esofagogastroduodenoscopia – tal como foi referido

anteriormente, no diagnostico de dispepsia, este exame pretende avaliar a o revestimento dos órgãos

desde a boca até à porção inicial do intestino delgado, o duodeno.69

Manometria Esofágica – exame que avalia o funcionamento do esófago através da introdução

de uma sonda na narina que progride até ao estomago. O objetivo é avaliar a pressão e a coordenação

das contrações musculares do esófago em repouso e durante a deglutição, através dos sensores da

sonda. Indiretamente estuda-se o movimento dos alimentos desde a boca até ao esófago.78

pHmetria – exame que monitoriza o pH do esófago durante 24 ou 48 horas utilizando uma

sonda que é introduzida na narina e progride até ao esófago. Esta sonda é fixada exteriormente com

um adesivo e as variações de pH vão sendo registadas num pequeno computador. Existe ainda a

possibilidade de, através de endoscopia, prender um sensor na mucosa do esófago, cujos valores de pH

são gravados num pequeno computador transportado pelo paciente. Este exame permite saber quando

e durante quanto tempo ocorre refluxo de ácido para o esófago. Geralmente este exame tem a duração

de 24 ou 48 horas e o paciente deverá fazer o dia-a-dia habitual.79

12.5.4 Tratamento da azia

Quando a azia é uma situação ocasional, os MNSRM que procuram neutralizar/reduzir a

secreção ácida são uma boa opção para aliviar nos sintomas. No entanto, apesar de não necessitarem

de prescrição médica, as pessoas devem ter em consideração que, como qualquer medicamento,

comporta riscos e devem ser usados de forma correta e racional, sob vigilância de um profissional de

saúde.

É importante transmitir aos utentes quais as medidas não farmacológicas que podem pôr em

prática, no sentido de melhorar o desconforto, nomeadamente parar de fumar, pois o tabaco estimula a

produção de ácido e provoca o relaxamento do esfíncter; evitar o stress, uma vez que uma vida agitada

pode desencadear azia (o receio de ter azia também pode provocar a própria azia); manter o peso

adequado, pois o excesso de gordura pode exercer pressão no estomago, causando azia; diminuir a

quantidade de alimentos por refeição, uma vez que grandes refeições pressionam o estomago e

estimulam a libertação de ácido; deitar-se duas ou três horas depois da última refeição; dormir com a

cabeça mais elevada em relação ao corpo; evitar situações que possam aumentar a pressão sobre o

abdómen; evitar roupas apertadas.72,74,80

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12.6 Indicação Farmacêutica no tratamento da dispepsia e azia

Farmacologicamente, os antiácidos, antagonistas dos recetores H2 e inibidores da bomba de

protões são MNSRM, que podem ser dispensados sob orientação farmacêutica, quer no tratamento da

dispepsia, quer no tratamento da azia.

Antes da dispensa e aconselhamento de qualquer um dos fármacos, é da responsabilidade do

farmacêutico questionar o utente, nomeadamente quais são sintomas, como se manifestam as

dificuldades digestivas, qual o seu regime alimentar e como se caracterizam os seus estilos de vida;

bem como aconselhar medidas não farmacológicas.

12.6.1 Antiácidos

Os antiácidos removem ou neutralizam ácido do conteúdo gástrico e assim aliviam a dor.

Quando administrados em quantidade suficiente para elevar marcadamente o pH gástrico, inibem a

atividade péptica, dado que a pepsina é inactivada entre pH 7 e 8.81

Existem diferentes antiácidos disponíveis no mercado (Tabela 4), que se se distinguem pela

capacidade neutralizadora, teor de sódio, capacidade de absorção e efeitos colaterais. Idealmente deve

ser um potente neutralizador, barato, não ser absorvido, baixo teor de sódio, bem tolerado e paladar

agradável.65

Geralmente, os antiácidos são tomados 1 a 3 horas após as refeições e ao deitar ou em

função das manifestações sintomáticas.81

O Bicarbonato de Sódio é um potente antiácido,

barato, de rápida, mas curta ação. O Carbonato de

cálcio é um neutralizador rápido, prolongado e potente.

Quando as doses de bicarbonato de cálcio e carbonato de

cálcio, nos antiácidos, eram elevadas e se ingeria

simultaneamente com leite, ocorria frequentemente a

síndrome lactoalcalina (alcalose, hipercalcemia e

insuficiência renal) manifestada por cefaleias, anorexia,

náuseas e vómitos, astenia, dores abdominais,

obstipação, sede, poliúria. Atualmente poderá acontecer

quando há ingestão de grandes quantidades de cálcio com

leite.65,82,81

Os antiácidos que contenham bicarbonato ou

carbonato, como promovem a libertação de dióxido de

carbono, podem causar náuseas, distensão abdominal,

flatulência e arrotos. Ter em consideração que o cálcio

estimula a secreção ácida, como tal, pode ser necessário a administração frequente do antiácido.82

Substância ativa Nome comercial

Alginato de Sódio +

Bicarbonato de Sódio +

Carbonato de Cálcio

GAVISCON

Bicarbonato de Sódio ALKA-SELTZER

Carbonato de Cálcio +

Carbonato de Magnésio RENNIE DIGESTIF

Carbonato de di-hidróxido

de Alumínio e de Sódio KOMPENSAN

Carbonato de di-hidróxido

de Alumínio e de Sódio +

Dimeticone

KOMPENSAN-S

Fosfato de Alumínio PHOSPHALUGEL

Hidróxido de Alumínio PEPSAMAR

Hidróxido de Alumínio +

Hidroxido de Magnésio +

Dimeticone MAALOX PLUS

Hidróxido de Magnésio LEITE MAGNESIA

PHILLIPS

Tabela 4: Antiácidos

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O Hidróxido de Alumínio, de todas as formas de administração do alumínio, é o mais

frequente, com início de ação lento, mas prolongado. A sua utilização frequente pode provocar prisão

de ventre, e como se liga ao fosfato (a nível intestinal) eliminando-o, pode causar carência sistémica

de fosfato. O Hidróxido de Magnésio, atua mais rapidamente que o hidróxido de alumínio, mas pode

provocar diarreia. Assim sendo, existem combinações fixas destes dois agentes para ultrapassar o

efeito laxante do magnésio e o efeito obstipante do alumínio. Ter em atenção em doentes renais, pois o

magnésio pode provocar hipermagnesemia, que se traduz hipotensão, náuseas, diminuição de reflexos,

paralisia muscular e depressão respiratória.65,82

O dimeticone ou simeticone presentes em alguns antiácidos têm a função de eliminar o excesso

de gases abdominais.81

12.6.2 Modificadores da secreção ácida

12.6.2.1 Antagonistas do recetor H2

O bloqueio dos recetores H2 da célula parietal do estômago inibe a secreção hidrogeniónica. Os

antagonistas dos recetores H2 competem de forma reversível com a histamina e ligam-se aos

respetivos recetores das células parietais do estômago inibindo a produção de ácido.81,82

Existem quatro antagonistas dos receptores H2, designadamente Cimetidina, Ranitidina,

Famotidina e Nizatidina. São fármacos menos potentes que os inibidores da bomba de protões, no

entanto reduzem 70% da secreção ácida durante 24 horas. A Famotidina 10mg é o único MNSRM

deste grupo terapêutico (Tabela 5).81,82

Os antagonistas do recetor H2 são bem tolerados, com baixa incidência de efeitos adversos,

nomeadamente diarreia, obstipação, dor de cabeça, fadiga e dor muscular.81,82

A Famotidina de 10 mg pode ser tomado 1 ou 2 vezes por dia, 1 hora antes das refeições. Ter

em atenção as pessoas que estejam a fazer um tratamento com determinadas cefalosporinas

(Cefpodoxima, Cefuroxima), ciclosporina, o antivírico Delaviridina e certos antifúngicos (Itraconazol

e Cetoconazol).83

12.6.2.2 Inibidores da bomba de protões

Os inibidores da bomba de protões (IBP) inibem a secreção ácida por inibirem a ATPase de H+

e K+ das células parietais do estômago (inibição da bomba de protões), ao ligarem-se covalentemente

aos grupos sulfidrilo da cisteína da bomba ATPase.82

O esomeprazol, lansoprazol, omeprazol, pantoprazol, picoprazol, timoprazol e rabeprazol são

profármacos que se tornam ativos em ambiente ácido, e têm a capacidade de reduzir 80 a 95% da

produção de ácido do estômago. Normalmente, este tipo de medicamentos são administrados 30

minutos antes das refeições.82

O único IBP que é MNSRM é o Omeprazol 10mg (Tabela 5).

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Tabela 5: Modificadores da secreção ácida (MNSRM)

Geralmente os inibidores da bomba de protões causam poucos efeitos adversos, sendo os mais

comuns náuseas, obstipação, diarreia, flatulência e dor abdominal.

No entanto, sendo o ALBOSAN um MNSRM é importante ter em consideração que o

omeprazol potencia o efeito de alguns fármacos, nomeadamente a varfarina, diazepam, triazolam,

flurazepam, imipramina e clomipramina. Por outro lado reduz a absorção do cetoconazol e do

itraconazol e aumenta, por exemplo, a concentração plasmática de ciclosporina.81

12.7 Dispepsia e Azia na Gravidez

Oito em cada dez mulheres sofrem de dispepsia durante algum momento da gravidez. Também

a azia é frequente durante a gravidez, afetando 22% das mulheres durante o primeiro trimestre, 39%

no segundo e 72% no terceiro.84,85

Este tipo de perturbações digestivas causam o mesmo género de sintomas nas grávidas, no

entanto durante a gravidez é mais provável que ocorram devido às alterações hormonais, ou seja, ao

aumento da progesterona que torna a digestão mais lenta, devido ao crescimento do feto que aumenta

a pressão no estômago e ao relaxamento do esfíncter inferior do esófago. A probabilidade de sofrer

episódios de indigestão, nesta fase da vida, também aumenta quando a pessoa já teve situações de

dispepsia antes de estar grávida, quando não se trata da primeira gravidez, bem como na última fase da

gestação.84,85

Durante a gravidez, as alterações de hábitos de vida e alimentares podem ser cruciais para evitar

ou aliviar este tipo de sintomas:

- É essencial que a futura mãe deixe de fumar uma vez que o tabaco não só relaxa o músculo do

esfíncter esofágico, permitindo o refluxo ácido, bem como aumenta o risco de nascimento prematuro,

nascimento com baixo peso à nascença, aborto ou síndrome da morte súbita infantil.84

- É importante praticar uma alimentação saudável, equilibrada e variada de forma a obter os

nutrientes necessários, e também para evitar a indigestão. Deve ter em consideração os alimentos que

poderão contribuir para estes sintomas, como tal, deve evitá-los, nomeadamente os alimentos

condimentados e gordurosos, bem como bebidas que contenham cafeína.84,85

- Tal como se recomenda para todas as pessoas que sofrem destas perturbações: as refeições

devem ser em pouca quantidade e mais frequentes, deve-se comer lentamente e deve evitar deitar-se

durante as duas horas seguintes à refeição.84,85

Substância ativa Nome comercial

Antagonista do

recetor H2 Famotidina 10mg LASA

Inibidor da bomba

de protões Omeprazol 10 mg ALBOSAN

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Nas situações em que a prática destas medidas não farmacológicas não são suficientes para

aliviar os sintomas, o farmacêutico deve encaminhar a utente para o médico, por forma a prescrever

qual dos medicamentos que neutralizam ou reduzem a secreção ácida são mais adequados.

12.8 Considerações finais

Tendo em consideração que a farmácia é, cada vez mais, o primeiro local onde as pessoas se

dirigem quando sentem alguma alteração no seu estado de saúde, considero que a elaboração deste

projeto ampliou os meus conhecimentos, bem como me sensibilizou para a importância e para o

impacto que a indicação farmacêutica pode ter na qualidade de vida das pessoas.

De facto, apercebi-me que as pessoas têm cada vez mais o hábito de se automedicarem, ou

influenciados pela publicidade, ou porque alguém conhecido experimentou e funcionou bem ou

porque a própria pessoa já conhece e costuma resultar. Eu, como futura farmacêutica, considero que

pôr em prática a indicação e aconselhamentos farmacêuticos é das funções mais estimulantes, pois ao

fazê-lo podemos alterar muitos hábitos nos utentes, alertar para situações graves, e melhorar a

qualidade de vida.

Um dos objectivos deste tema era preparar-me para o aconselhamento ao utente em situações de

azia e dispepsia, nomeadamente, conhecer as suas causas, perceber quais os fatores que merecem

acompanhamento médico, quais as alterações no estilo de vida que podem aliviar a dor e desconforto,

bem como indicar o MNSRM adequado, se necessário. Como tal, elaborei protocolos de indicação

farmacêutica na dispepsia e azia (ANEXO II), nos quais inclui toda a informação que o farmacêutico

deve ter em consideração quando alguém surge na farmácia, com o objetivo de se automedicar ou para

pedir orientação do profissional de saúde. Posteriormente elaborei um panfleto (ANEXO III) de cariz

informativo e educacional, com linguagem clara e acessível, dirigida aos utentes da FV, no qual inclui

o conteúdo mais relevante.

Uma vez mais realço a importância do aconselhamento de um profissional de saúde, pois

apesar de os medicamentos usados nas perturbações digestivas ligeiras e ocasionais serem MNSRM,

comportam efeitos adversos, como tal é essencial promover a toma segura e correta dos mesmos.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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14. CONCLUSÃO

Os quatro meses de estágio na FV foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora a

nível académico e a nível profissional.

O estágio foi uma mais-valia para consolidar os conhecimentos pré-existentes, bem como

adquirir novos saberes. Tive, também, o privilégio de me integrar numa equipa de colaboradores

muito prestáveis e experientes, num ambiente acolhedor e saudável, que contribuíram muito para o

sucesso do meu estágio, aos quais volto a reiterar o meu sincero agradecimento.

Ao longo destes meses apercebi-me que a farmácia não é apenas um local de dispensa de

medicamentos. De facto, o farmacêutico é um profissional de saúde muito requisitado pelos utentes

para esclarecimento de dúvidas e aconselhamento, no qual depositam muita confiança. Como tal, o

farmacêutico, deve aproveitar a proximidade com os utentes para promover o bem-estar e a saúde

geral da população.

Na minha opinião cumpri os objectivos propostos para este estágio, que contribuiu para

estimular o meu sentido de responsabilidade e autonomia, bem como vivenciar o dia-a-dia de um

farmacêutico comunitário, uma profissão que requer formação constante, dedicação e trabalho.

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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TUARIO [acedido em 19 de Fevereiro de 2015];

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

48

82. Hoogerwerf WA, Pasricha PJ. Pharmacotherapy of acidity, peptic ulcers, and gastroesophageal

reflux disease. In: Brunton LL, Lazo JS, Parker KL, eds. Goodman & Gilman´s The

Pharmacological Basis of Therapeutics. 11thed. McGRAW-HILL. 967-981;

83. INFARMED: Resumo das Caraterísticas do Medicamento (LASA 10mg). Acessível em:

www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=29925&tipo_doc=rcm [acedido em 2

de Março de 2015];

84. NHS Choices: Indigestion and heartburn in pregnancy. Acessível em:

www.nhs.uk/conditions/pregnancy-and-baby/pages/indigestion-heartburn-pregnant.aspx#close

[acedido em 15 de Fevereiro de 2015];

85. Rennie: Heartburn in pregnancy. Acessível em: www.rennie.co.uk/en/heartburn-in-pregnancy/

[acedido em 15 de Fevereiro de 2015].

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

49

16. ANEXOS

16.1 Anexo I – Folheto Informativo “Queda de cabelo: causas, tratamento e prevenção”

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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16.2 Anexo II – Protocolos de Indicação Farmacêutica

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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16.3 Anexo III – Folheto Informativo “Azia e Dispepsia Funcional”

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2014/2015

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Hospital de Braga

Joana Catarina Sampaio Ferreira

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital de Braga

Setembro de 2014 a Outubro de 2014

Joana Catarina Sampaio Ferreira

Orientador: Dr.ª Antonieta Silva

________________________________

O presente relatório foi elaborado em parceria com Tiago André Oliveira Leite

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

iii

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros

autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a

citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de

______

Assinatura: ______________________________________

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

iv

Agradecimentos

Para o desenvolvimento e realização do Estágio Curricular em Farmácia Hospitalar foi

fundamental o apoio, disponibilidade e profissionalismo de vários intervenientes, como tal,

gostaríamos de expressar os mais sinceros agradecimentos:

ao Hospital de Braga, por ter proporcionado as condições necessárias para a realização do

estágio;

à Dr.ª Ana Plácido, Diretora dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga, pela

amabilidade e disponibilidade;

à Dr.ª Antonieta Silva, orientadora do nosso estágio, pela simpatia, boa disposição,

dedicação e acompanhamento incansável;

às restantes farmacêuticas, Dr.ª Betânia Faria, Dr.ª Catarina Gomes, Dr.ª Isabel Marcos, Dr.ª

Joana Gomes, Dr.ª Joana Gonçalves, Dr.ª Paula Marques, Dr.ª Rita Fortunato, Dr.ª Sara

Barroso, Dr.ª Sylvie Martins e Dr.ª Vera Marques, pela simpatia, conhecimentos

transmitidos, atenção e orientação;

a todos os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica, Assistentes Técnicas e Assistentes

Operacionais, pela forma como nos receberam e pela disponibilidade e ajuda sempre que

solicitados;

à Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, pela

oportunidade de realização deste estágio, uma experiência enriquecedora a nível pessoal e

académico.

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

v

Resumo

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são departamentos com autonomia técnica e

científica, orientados pela Administração dos Hospitais, e dirigidos obrigatoriamente por um

farmacêutico hospitalar. Nos hospitais, os farmacêuticos hospitalares constituem um grupo

profissional de elevada qualificação técnica e científica responsáveis pela terapêutica

medicamentosa, qualidade, eficácia e segurança da mesma, bem como gestão dos custos.

O estágio realizado nos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga, durante os meses de

Setembro e Outubro de 2014, permitiu experienciar o papel e a importância do farmacêutico

hospitalar.

O presente relatório pretende descrever todas as áreas de atuação e atividades exercidas pelo

farmacêutico hospitalar, nomeadamente, gestão e logística de stocks, controlo de qualidade,

produção de medicamentos, circuitos de distribuição e ensaios clínicos.

Ressalvamos que este estágio, incluído no Mestrado Integrado de Ciências Farmacêuticas da

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, permitiu estabelecer uma relação entre toda

aprendizagem teórica adquirida e o saber que se constrói com a experiencia profissional.

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

vi

Índice Resumo ................................................................................................................................................. v

Índice de Figuras .................................................................................................................................. ix

Lista de abreviaturas ............................................................................................................................. x

1. O Hospital de Braga .................................................................................................................... 1

2. Serviços Farmacêuticos ............................................................................................................... 1

2.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga ............................................ 2

2.1.1. Espaço Físico ....................................................................................................................... 2

2.1.2 Horário de Funcionamento ...................................................................................................... 2

2.1.3 Recursos Humanos .................................................................................................................. 3

3. Sistema de Gestão da qualidade .................................................................................................. 3

4. Organização e de Gestão dos Serviços Farmacêuticos ................................................................ 3

4.1. Seleção de Medicamentos ...................................................................................................... 3

1.2 Aquisição de Medicamentos ................................................................................................... 4

1.3 Receção de Encomendas ......................................................................................................... 5

1.4 Armazenamento....................................................................................................................... 5

5. AUE ............................................................................................................................................. 6

6. Produção ...................................................................................................................................... 7

6.1 Preparações não estéreis .......................................................................................................... 8

6.2 Reembalagem de medicamentos ............................................................................................. 8

6.3 Produção de estéreis ................................................................................................................ 8

7. Distribuição ................................................................................................................................. 9

7.1 Distribuição Clássica ............................................................................................................... 9

7.1.1 Armazéns Avançados ............................................................................................................ 10

7.1.2 Pyxis® ................................................................................................................................... 10

7.2 Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) ................................................. 11

7.3 Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial ......................................................................... 12

7.3.1 Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos .................................................................... 12

7.3.2 Hemoderivados ...................................................................................................................... 13

7.3.3 Gases Medicinais ...................................................................................................................... 14

7.3.4 Extra Formulário ................................................................................................................... 15

7.4 Ambulatório ................................................................................................................................. 16

8. Hospital de Dia Oncológico ...................................................................................................... 16

9. Ensaios Clínicos ........................................................................................................................ 19

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

vii

10. Bibliografia ............................................................................................................................ 20

11. Anexos ................................................................................................................................... 22

11.1. Anexo I – Recursos humanos dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga ............. 22

11.2 Anexo II - Kanbans ................................................................................................................. 23

11.3 Anexo III - Ciclo kanban ......................................................................................................... 23

11.4 Anexo IV – Exemplo de uma Nota de encomenda ................................................................ 24

11.5 Anexo V – Exemplo de uma Fatura ....................................................................................... 25

11.6 Anexo VI - Autorização de Utilização Especial Medicamentos de Uso Humano – Impresso de

Uso Obrigatório pelos Requerentes .................................................................................................. 26

11.7 Anexo VII - Justificação clínica para pedido de Autorização de Utilização Excecional .......... 27

11.8 Anexo VIII – Exemplo de uma Ficha de Preparação .............................................................. 28

11.9 Anexo IX - Prescrição de uma bolsa de nutrição parentérica para o Serviço de

Neonatologia.....................................................................................................................................31

11.10 Anexo X - Registo diário de bolsas de nutrição parentérica fornecidas pela CUF

Descobertas ....................................................................................................................................... 32

11.11 Anexo XI – Planeamento dos pedidos semanais ............................................................... 33

11.12 Anexo XII – Exemplo de um Pedido Semanal .................................................................... 34

11.13 Anexo XIII – Tabela de registo de pedidos semanais ........................................................ 35

11.14 Anexo XIV – Exemplo de um Pedido Urgente ................................................................... 36

11.15 Anexo XV – Exemplo de uma prescrição médica .............................................................. 37

11.16 Anexo XVI – Exemplo de um Mapa Farmacoterapêutico .................................................. 38

11.17 Anexo XVII – Exemplo de um mapa de distribuição em dose unitária.............................. 39

11.18 Anexo XVIII – Anexo X (Modelo nº 1509) .......................................................................... 40

11.19 Anexo XIX – Certificado de Autorização de Utilização de Lote (CAUL) ............................. 41

11.20 Anexo XX – Certificado de análise de um Hemoderivado ................................................. 42

11.21 Anexo XXI - Modelo nº 1804 (Via Serviço) ........................................................................ 43

11.22 Anexo XXII – Modelo n.º 1804 (via farmácia) .................................................................... 44

11.23 Anexo XXIII – Tabela das cores que identificam os gases medicinais ............................... 45

11.24 Anexo XXIV - Registo de verificação de níveis de gases medicinais .................................. 46

11.25 Anexo XXV – Registo de contagem e reposição de stocks de gases medicinais ............... 47

11.26 Anexo XXVI - Justificação de Receituário de Medicamentos Extra-Formulário ................ 48

11.27 Anexo XXVII - Medicamentos comparticipados para uso em ambulatório ...................... 49

11.28 Anexo XXVIII – Receita Hospitalar ..................................................................................... 51

11.29 Anexo XXIX – Cartão HB .................................................................................................... 52

11.30 Anexo XXX - Informação ao doente sobre a terapêutica .................................................. 53

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

viii

11.31 Anexo XXXI – Consentimento Informado .......................................................................... 54

11.32 Anexo XXXII - Autorização de Dispensa de Medicamentos pelos SF em Regime

Ambulatório ...................................................................................................................................... 55

....................................................................................................................................................... 56

11.33 Anexo XXXIII - Folha Farmacoterapêutica - Quimioterapia ........................................... 57

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

ix

Índice de Figuras

Figura 1 - Certificado de Qualidade

Figura 2 - FDS

Figura 3 - Pyxis®

Figura 4 - Tanques de Gases Medicinais

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

x

Lista de abreviaturas

AIM - Autorização de Introdução no Mercado

AUE - Autorização de Utilização Especial

AO - Assistentes Operacionais

AT - Assistentes Técnicos

CEIC – Comissão de Ética para a Investigação Clínica

CFT - Comissão de Farmácia e Terapêutica

CAUL - Certificado de Autorização de Utilização do Lote de Fabrico

DCI - Designação Comum Internacional

DIDDU - Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

DS - Diretor de Serviço

FDS - Fast Dispensing System

FH - Farmacêutico Hospitalar

FHNM - Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

FHJMS - Formulário Hospitalar da José de Mello Saúde

HB - Hospital de Braga

INCM - Imprensa Nacional Casa da Moeda

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

MEP - Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

MFR - Medicina Fisica de Reabilitação

OMS – Organização Mundial de Saúde

PDA - Personal Digital Assistant

PV - Prazo de Validade

SC - Serviços Clinicos

SF - Serviços Farmacêuticos

SNS - Serviço Nacional de Saúde

UCIC - Unidade de Cuidados Intensivos Coronários

UCIP - Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes

UCIPED - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátrico

UCISU - Unidade de Cuidados Intensivos de Serviço de Urgência

TDT - Técnicos de Diagnostico e Terapêutica

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

1

1. O Hospital de Braga

O Hospital de Braga (HB) localiza-se na zona Este da cidade de Braga, em Sete Fontes, na

Freguesia de São Victor. O HB está integrado no Serviço Nacional de Saúde (SNS), no âmbito de

uma parceria público privada, e é gerido pelo Grupo José de Mello Saúde. Este novo hospital abriu

portas em Maio de 2011, substituindo o antigo Hospital São Marcos.1

O HB tem uma área de construção de 140.000 m², com capacidade de internamento até 705

camas, alargando, assim, os cuidados médicos a aproximadamente 1,2 milhões de pessoas dos

distritos de Braga e Viana de Castelo. Estas novas instalações estão equipadas com tecnologia de

primeira linha, permitindo conciliar a assistência medica, investigação e o ensino universitário de

excelência.1

2. Serviços Farmacêuticos

Os serviços farmacêuticos (SF) são serviços autónomos que, nos hospitais, asseguram a

terapêutica medicamentosa aos doentes, gerem a qualidade, a eficácia e segurança dos

medicamentos, integram as equipas de cuidados de saúde e promovem ações de investigação

científica e de ensino.2,3

São responsabilidades dos SF:2

Seleção, aquisição, armazenamento e distribuição dos medicamentos e outros produtos

farmacêuticos;

Implementação e monotorização da política do medicamento;

Gestão de medicamentos experimentais e dispositivos de administração;

Gestão da segunda maior rubrica de orçamento dos hospitais.

São funções dos SF:2

A selecção e aquisição de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos;

O aprovisionamento, armazenamento e distribuição dos medicamentos experimentais e os

dispositivos utilizados para a sua administração, bem como os demais medicamentos já

autorizados, eventualmente necessários ou complementares à realização dos ensaios

clínicos;

A produção de medicamentos;

A análise de matérias-primas e produtos acabados;

A distribuição de medicamentos e outros produtos de saúde;

A participação em Comissões Técnicas;

A Farmacovigilância;

A colaboração na elaboração de protocolos terapêuticos;

A participação nos Ensaios Clínicos;

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

2

A colaboração na prescrição de Nutrição Parentérica e sua preparação;

O desenvolvimento de ações de formação.

2.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Braga

2.1.1. Espaço Físico

Os SF do HB encontram-se no piso -1 e no piso 0 (farmácia de ambulatório). A área dos SF

do piso -1 é composta por:

Receção - local que dispõem de uma porta para o exterior e a partir da qual são recebidas as

encomendas;

Armazéns:

o Estupefacientes e Psicotrópicos;

o Hemoderivados;

o Grandes volumes;

o Inflamáveis;

o Citotóxicos;

o Nutrição;

o Colírios;

o Gases medicinais;

o Geral;

o Ensaios clínicos.

Gabinetes;

Biblioteca;

Salas de apoio a distribuição clássica;

Sala de apoio a distribuição unitária;

Sala de devoluções;

Área de ensaios clínicos;

Vestiários;

Sala de Produtos do Frio;

Sala de lavagens;

Sala de quarentena.

2.1.2 Horário de Funcionamento

Os SF do HB encontram-se em funcionamento de segunda a sexta-feira das 8 às 20h. Existe

um horário de prevenção entre as 20h e as 8h do dia seguinte e ao fim de semana das 20h de sexta-

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

3

feira até às 8h de segunda-feira. Para o horário de prevenção é previamente definido um

farmacêutico hospitalar. A farmácia de ambulatório funciona entre as 8 e as 17 horas.

2.1.3 Recursos Humanos

Os SF do HB são compostos por:

Diretor de serviço (DS);

Farmacêuticos Hospitalares (FH) ou Técnicos Superiores de Saúde;

Técnicos de Diagnostico e Terapêutica (TDT);

Assistentes Técnicos (AT);

Assistentes Operacionais (AO). (Anexo I)

3. Sistema de Gestão da qualidade

A Direção da Qualidade e Gestão do Risco tem como função

garantir a qualidade dos serviços do HB, ou seja, a segurança e

satisfação dos utentes e profissionais de saúde.2

O HB implementou o sistema de gestão de qualidade, em todos

os Serviços Clínicos (SC), incluindo os SF, que promove a validação e a

qualidade dos procedimentos operacionais. Os SF são dirigidos pela

norma ISSO 9001:2008 e foram certificados pela Caspe Healthcare

Knowledge Systems (CHKS), em Junho de 2013 (Figura 1).2

Todos os procedimentos padronizados dos SF do HB estão relatados e arquivados no Manual

da Qualidade. No entanto, existe uma plataforma online, a Plataforma da Qualidade, onde estão

descritos os procedimentos de todos os SC, e que podem ser consultados por todos os

profissionais de saúde do HB. Quando se pretende alterar/acrescentar um novo procedimento nos

SF, primeiro tem de ser validado pela Diretora de Serviço, e posteriormente pelo Departamento de

Qualidade do HB.

4. Organização e de Gestão dos Serviços Farmacêuticos

4.1. Seleção de Medicamentos A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a selecção de medicamentos como um

“processo contínuo, multidisciplinar e participativo, que pretende assegurar o acesso aos fármacos

necessários num determinado nível assistencial tendo em atenção critérios de eficácia, segurança,

qualidade e custo, promovendo assim o uso racional dos mesmos.”4

Figura 1: Certificado

de Qualidade

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

4

Nos dias de hoje existe uma elevada quantidade de medicamentos disponíveis no mercado,

como tal, cada hospital, através da Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), desenvolvem

processos de selecção de medicamentos, centrando-se na procura de informação, avaliação crítica da

literatura, análise comparativa das terapêuticas alternativas, avaliação de segurança e

farmacoeconómica. Essa selecção baseia-se no Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

(FHNM) e no Formulário Hospitalar da José de Mello Saúde (FHJMS), sempre com objetivo de

assegurar as necessidades terapêuticas dos doentes do HB. Em situações clinicas específicas pode

ser necessária a prescrição de medicamentos não incluídos no FHNM.2,4

1.2 Aquisição de Medicamentos

É da responsabilidade do FH garantir aos doentes os medicamentos, produtos farmacêuticos e

dispositivos médicos da melhor qualidade sem atrasos ou interrupções. Deste modo, é necessário

efetuar a aquisição dos medicamentos e dispositivos médicos com base nas necessidades

terapêuticas dos doentes.2

A gestão dos produtos nos SF é realizada de três formas diferentes consoante o tipo de

medicamento. Assim sendo, os produtos hemoderivados, psicotrópicos e estupefacientes são

controlados por um sistema de kanbans. O kanban consiste num cartão (Anexo II), onde está escrito

o nome, código, o ponto de encomenda e stock máximo, que é colocado juntamente com o

medicamento em questão, de forma a sinalizar o ponto de encomenda. Quando se atinge o kanban,

significa que só existe a quantidade do produto correspondente ao ponto de encomenda. Assim

sendo, o kanban deve ser retirado e colocado num local específico para que a AT responsável possa

proceder à encomenda do produto evitando assim a rutura do stock (Anexo III). Os produtos

citotóxicos são controlados de forma manual, ou seja, um FH com base numa estimativa daquilo que

vai necessitar no mês seguinte faz uma lista daquilo que vai ser necessário encomendar. Os restantes

produtos farmacêuticos são geridos através do sistema informático. Este, do histórico de consumos,

calcula quais os stocks máximo e mínimo (medicação suficiente para 15 dias) para cada produto.

Quando é atingido o ponto de encomenda, o FH responsável gera uma lista com os

medicamentos a encomendar e respetiva quantidade. As AT, de acordo com a lista gerada pelo FH,

elaboram uma nota de encomenda (Anexo IV), que dependendo do valor da encomenda pode

necessitar de ser validade por um FH (500-10000€) ou pelo Administrador (≥10000€). De salientar

que para a definição do ponto de encomenda é tido em conta os consumos e respetiva variação, os

custos e o tempo de satisfação dos pedidos.

Os gases medicinais, uma vez que são difíceis de quantificar diariamente, apenas são

encomendados após o seu enchimento. Desta forma, a empresa responsável dirige-se ao HB e

quantifica o volume dos tanques procedendo de seguida ao seu enchimento. A encomenda só

é realizada posteriormente para a regularização dos stocks. Em casos pontuais de rutura de

stocks, é feita uma compra direta ao distribuidor.

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

5

1.3 Receção de Encomendas

As encomendas são rececionadas por um AO na receção dos SF do HB, que assina a guia de

remessa e/ou fatura (Anexo V) e/ou guia de transporte. O AO é responsável por conferir qualitativa

e quantitativamente todos os medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos,

verificando a integridade da mesma e conferindo o lote, o prazo de validade e se, de facto,

corresponde à encomenda pedida. Posteriormente, o AO ou AT regista, informaticamente, a entrada

da encomenda, introduzindo o nº de requisição, o nº e data do documento, o tipo de documento,

quantidade, lote e prazo de validade dos produtos. Por fim, regista-se o nº de receção da encomenda

na guia de remessa e/ou fatura, a AT arquiva e o AO armazena os produtos no local apropriado.

No momento da receção de encomendas deve dar-se prioridade a determinados produtos,

nomeadamente aos refrigerados, os hemoderivados e os estupefacientes. O AO deve também

garantir que o transporte foi realizado em condições apropriadas de refrigeração (entre os 2-8ºC).

Em relação aos hemoderivados, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde,

I.P. (INFARMED) emite um certificado de autorização de utilização do lote, que deverá

acompanhar, obrigatoriamente, a guia de remessa e/ou fatura e o anexo VII presente na Portaria n.º

981/98, de 8 de Junho, e que posteriormente são arquivados por um FH.4, 5

No caso de haver alguma inconformidade, contacta-se o laboratório/distribuidor, e o produto

fica armazenado em quarentena enquanto se aguarda uma decisão.

1.4 Armazenamento

O local de armazenamento de todos os medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos

médicos deverá apresentar o espaço necessário para circulação dos funcionários, bem como

condições de luz, temperatura, humidade e segurança adequadas.4

Tal como na receção, os produtos de frios e os hemoderivados têm prioridade no momento do

armazenamento. Como tal, os medicamentos que requerem refrigeração são colocados nos

frigoríficos ou camaras frigoríficas, acoplado a um sistema que controla e regista a temperatura, bem

como um alarme automático.

Toda a medicação que não requer condições especiais de armazenamento são colocados no

armazém geral, devidamente rotulada e arrumada por ordem alfabética. Os colírios, contrastes e

materiais de penso, e os concentrados eletrolíticos e suplementos/dietas encontram-se nas respetivas

salas. Também todos os grandes volumes, por exemplo os soros, encontram-se num armazém

individualizado. Todos os inflamáveis são guardados numa sala individualizada, com características

que garantam a segurança.

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos (MEP) estão guardados em cofres de dupla

fechadura, numa sala individualizada, com acesso restrito aos FH, através da leitura óptica de um

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cartão. Os hemoderivados e fármacos para ensaios clínicos (EC) estão em salas individualizadas,

organizados por ordem alfabética. Aqueles que necessitam de refrigeração são armazenados no

frigorífico.

Os citotóxicos são armazenados numa sala diferente dos outros medicamentos, onde existe

também um frigorífico para o caso da medicação que requer conservação em frio.

Por fim, os gases medicinais são armazenados noutro local, fora dos SF por razões de

segurança.

5. AUE

Nem todos os medicamentos necessários para o tratamento de determinadas patologias

possuem Autorização de Introdução no Mercado (AIM) em Portugal. Muitos deste medicamento são

indispensáveis, pelo que se for necessário a sua utilização por determinada instituição de saúde em

Portugal, é necessário a obtenção de um Autorização de Utilização Especial (AUE) que é concedida

pelo INFARMED ao abrigo do disposto no artigo 92.º do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de

Agosto mediante o cumprimento dos requisitos descritos e aprovados pela Deliberação n.º

105/CA/2007. Perante razões fundamentadas de saúde pública, o INFARMED, ao abrigo do

disposto no artigo 93.º do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, na sua actual redacção, pode

também autorizar a comercialização de medicamentos sem autorização ou registo válidos em

Portugal ou que não tenham sido objecto de um pedido de autorização ou registo válido, observados

os requisitos e condições definidas no regulamento aprovado pela Deliberação n.º 105/CA/2007, em

1 de Março de 2007.6,7

Ao abrigo do artigo 92.º do Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, a obtenção de AUE

pode ser feito por duas modalidades:

a) Autorização a entidades possuidoras de autorização de aquisição directa de medicamentos

com regime de internamento;

b) Autorização a fabricante, ou distribuidor por grosso, devidamente autorizado ou a titular de

autorização de introdução no mercado, para colocação no mercado dos lotes de

medicamentos estritamente necessários a colmatar eventuais rupturas de stocks de

medicamentos comprovadamente sem alternativa terapêutica;

“O pedido de AUE é apresentado ao INFARMED pelo director clínico ou entidade

equivalente da instituição de saúde onde o medicamento vai ser administrado, mediante prévia

autorização do respectivo órgão máximo de gestão, sob proposta fundamentada do director do

serviço que se propõe utilizar o medicamento, e parecer da comissão de farmácia e

terapêutica”(Anexo VI). Tratando-se de um medicamento extra formulário, este deve ser

acompanhado de uma justificação clinica (Anexo VII). Para que o AUE seja concedido é necessário

que6:

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7

A autoridade requerente seja uma instituição de saúde com autorização de aquisição directa

de medicamentos;

Não existam em Portugal medicamentos similares;

Os medicamentos serem considerados imprescindíveis para a terapêutica;

O medicamento possua AIM em pais estrangeiro ou, caso contrario, apresente provas

preliminares de benefícios clínicos e cuja eficácia e segurança de emprego sejam fortemente

presumidas à luz dos resultados de ensaios precedentes.

Caso o AUE seja autorizado pelo INFARMED, este é comunicado ao requerente através de

um documento onde devem constar6:

Identificação do estabelecimento de saúde autorizado a utilizar o medicamento;

Identificação do medicamento autorizado, incluindo composição qualitativa e quantitativa

em substâncias ativas e forma farmacêutica;

Prazo de validade da autorização;

Número de unidades autorizadas.

Importa salientar que os requerimentos de AUE para os medicamentos não abrangidos por

avaliação prévia hospitalar devem ser submetidos anualmente, durante o mês de Setembro.6

6. Produção

A produção de medicamentos manipulados é fundamental a nível hospitalar uma vez que

permite adaptar o medicamento ao perfil ou características especificas do doente. Deste modo, é

possível suprimir alguns inconvenientes tais como:

Existência de componentes não tolerados pelo doente no medicamento industrializado;

Dosagens inadequadas nos medicamentos industrializados;

Forma farmacêutica inadequada do medicamento industrializado;

Associação de substâncias ativas não presentes no medicamento industrializado;

A produção de medicamentos a nível hospitalar engloba a preparação de formas

farmacêuticas estéreis e não estéreis, fracionamento e reembalagem de medicamentos, preparação

de medicamentos citotóxicos e preparação de nutrição parentérica.

Na produção, o FH vai ser responsável pela validação, preparação, embalagem, reembalagem

e controlo de qualidade dos manipulados, pelo que se deve reger pelas “Boas Práticas a Observar na

Preparação de Medicamentos Manipulados em Farmácia de Oficina e Hospitalar” disponível em

anexo na Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho assim como a legislação em vigor no DL nº 95/2004,

de 22 de Abril.8,9

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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6.1 Preparações não estéreis

No HB, a preparação de formas farmacêuticas não estéreis é realizada numa sala com

temperatura e humidade controladas e onde se encontram disponíveis as matérias-primas, assim

como todo o material de apoio necessário à preparação e armazenamento da forma farmacêutica.

Na realização de cada preparação é preenchida uma ficha de preparação (Anexo VIII) onde se

regista a composição quantitativa e qualitativa da forma farmacêutica, as matérias-primas, a

aparelhagem e o material de embalagem utilizados, os cálculos, técnica de preparação e ensaios de

verificação realizados com o intuito de garantir a qualidade do produto final, a quantidade e forma

farmacêutica preparada, assim como um exemplar do rótulo de identificação e informações que

garantem a rastreabilidade do produto. Após a preparação da forma farmacêutica e realização de

todos os registos, esta é colocada num balcão de apoio próprio, sendo depois transportada por um

AO para o SC que fez o pedido.

6.2 Reembalagem de medicamentos

A reembalagem de medicamentos orais no HB pode ocorrer para as seguintes situações:

Medicamentos não embalados por unidade;

Medicamentos sem identificação do princípio ativo ou lote ou prazo de validade por

unidade;

Quando é necessário fracionar os medicamentos;

Para a reembalagem é necessário proceder à desblisteração

dos medicamentos e colocação numa maquina própria, a Fast

Dispensing System (FDS) (Figura 2), que posteriormente vai emitir

uma fita com os medicamentes devidamente reembalados. Este

trabalho é realizado por um TDT. Depois de reembalado, o

medicamento fica identificado com Denominação Comum

Internacional (DCI), dosagem, lote de origem, lote interno, data de

reembalagem, data de validade e laboratório.

O processo de reembalagem é uma mais-valia pois permite

uma maior rentabilização dos medicamentos utilizados.

6.3 Produção de estéreis

No HB apenas é realizada a preparação de formas farmacêuticas não estéreis e a reembalagem

de medicamentos. As bolsas de nutrição parentérica são preparadas no Hospital CUF Descobertas

em Lisboa e a quimioterapia, reconstituição e diluição de fármacos citotóxicos são preparadas no

Hospital CUF Porto. As instalações adequadas para a preparação de produtos estéreis entrarão em

funcionamento brevemente.

Figura 2: FDS

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Relativamente à nutrição parentérica, o Serviço de Neonatologia é um dos SC que requer a

preparação de formulações adapatadas a cada um dos recém-nascidos. Como tal, o médico prescreve

a bolsa de acordo com as necessidades do doente (Anexo IX), o FH do Hospital CUF Descobertas

valida e prepara, e posteriormente são entregues nos SF do HB, normalmente ao final do dia. No

HB, o FH responsável regista a receção das bolsas (Anexo X), confere a temperatura, os

componentes da mistura bem como os dados do doente.

7. Distribuição

A distribuição de medicamentos nos hospitais é um processo essencial no circuito do

medicamento da responsabilidade dos SF, garantindo uma utilização segura, eficaz e racional dos

mesmos, no internamento e em ambulatório. Os objectivos deste procedimento são garantir o

cumprimento da prescrição e a administração correta, e desta forma reduzir os erros de medicação,

nomeadamente a administração de medicamentos não prescritos, troca da via de administração e

erros de dose. Visa também a monitorizar a terapêutica, racionalizar a distribuição e os custos

associados à medicação.2,10

No HB consideram-se quatro tipos de distribuição, que se distinguem pelas suas

características, designadamente a distribuição clássica, a distribuição individual diária em dose

unitária (DIDDU), a distribuição em regime ambulatório e os circuitos especiais de distribuição.

7.1 Distribuição Clássica

A distribuição clássica é o método mais antigo de distribuição de medicamentos em ambiente

hospitalar. Este método baseia-se na dispensa de medicamentos pelos SF a cada um dos SC, tendo

em conta as necessidades da enfermaria correspondente.11

Portanto, de acordo com o calendário pré-

estabelecido (Anexo XI), o enfermeiro chefe de cada SC efetua, semanalmente, o pedido semanal

(Anexo XII) electrónico, previamente definido de acordo com as características do serviço, de forma

a garantir o bom funcionamento do mesmo. O pedido semanal de cada um dos SC deve ser enviado

durante a véspera do dia de entrega estipulado.

O FH tem como função avaliar e validar o pedido e dispensar a medicação. Um AO e/ou TDT

prepara o pedido utilizando o Personal Digital Assistant (PDA), aquando do picking, minimizando

possíveis erros, e desta forma, a medicação vai sendo debitada informaticamente. Posteriormente

agrupa os medicamentos requisitados pelo SC, preenchendo no final uma tabela de registo dos

pedidos semanais (Anexo XIII). Os pedidos semanais são preparados no dia anterior ao dia da

entrega. Em horário pré-definido, o AO transporta o pedido até ao SC correspondente, o enfermeiro

responsável pela receção confere o pedido através da guia de entrega e armazena a medicação.

Quando necessário podem ser fornecidos pedidos urgentes, (Anexo XIV), ou seja, casos em

que não se pode esperar pelo pedido semanal. O pedido é solicitado informaticamente, até às 13h, e

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assim que estiver pronto coloca-se num balcão de apoio para depois ser transportado até ao SC

correspondente por um AO. Os soros e os produtos do frio apenas são preparados imediatamente

antes de se efectuar a entrega dos pedidos, seja um pedido semanal ou urgente.

A distribuição clássica permite que nos SC haja um acesso mais fácil e rápido à medicação,

no entanto apresenta várias desvantagens, nomeadamente a falta de contacto com a prescrição

medica não permite ao FH acompanhar a farmacoterapia de cada doente, e assim partilhar os seus

conhecimentos, bem como, dificuldades no controlo dos stocks, o custo dos mesmos, o mau

armazenamento e a perda de medicação por expiração do prazo de validade.11

De três em três meses,

um AO dos SF faz a verificação dos prazos de validade de todos os produtos, fornecidos pela

farmácia hospitalar, que estão na enfermaria de cada SC.

É importante referir que em todos os SC existe um “carro de emergência”, que apenas é

aberto em situações em que uma emergência o justifique. Sempre que o carro é aberto é obrigatório

verificar os prazos de validade, bem como repor ao máximo todos os produtos, sendo que esta

função é da responsabilidade de um enfermeiro.

7.1.1 Armazéns Avançados

O conceito de Armazéns Avançados (AA) foi implementado em três SC do HB,

nomeadamente 4B, 4C e 4D. Os SF e os SC definem quais os produtos farmacêuticos e respetivo

stock, de acordo com os consumos do SC.

Sempre que um produto é utilizado, os enfermeiros, mediante prescrição médica, fazem o

registo no sistema informático, dando, assim, saída do produto do AA. Após o registo, a quantidade

em stock de cada material é imediatamente atualizada. Neste momento, não são considerados stocks

máximos nem mínimos nos AA, mas sim níveis de reposição. Ou seja, às segundas e quintas-feiras

faz-se a reposição de todos os produtos farmacêuticos até ao nível de reposição estipulado.

Este conceito permite uma melhoria na gestão de stocks, logo uma diminuição dos custos,

maior controlo dos produtos utilizados nos SC, e os enfermeiros deixam de ter a responsabilidade na

gestão dos stocks.12

7.1.2 Pyxis®

O sistema semi-automático Pyxis® (Figura 3) - armário controlado eletronicamente e gerido

por um software - está presente na Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP). O stock de

cada produto é definido pelas três entidades, tendo sido definido o stock máximo e stock mínimo

para cada referência de medicamentos com base nos consumos médios anuais.13

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

11

Todos os dias, o FH responsável pela Pyxis® analisa o

stock quantitativa e qualitativamente, e diariamente são

repostos os medicamentos cujo stock fique abaixo do stock

mínimo. Às quintas-feiras, sextas-feiras e vésperas de feriado

são restabelecidos os stocks máximos de todos os produtos.

A Pyxis® tem como desvantagem a baixa capacidade

de armazenamento de medicamentos, mas por outro lado o

stock é controlado informaticamente. A deslocação do FH à

UCIP permite o contacto com os elementos da enfermagem,

ajudando na resolução de questões que surjam no quotidiano.

7.2 Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU)

A DIDDU é o sistema sistema de distribuição de medicamentos que permite o

acompanhamento farmacoterapêutico do doente, diminuindo os riscos de interações e

racionalizando a terapêutica. Neste tipo de distribuição, a medicação é dispensada, em doses

individuais unitárias, para um período de 24horas.2

O médico faz a prescrição dos medicamentos, de forma eletrónica, e imediatamente fica

disponível para os SF. Neste processo, cada FH tem a seu cargo a análise e validação dos SC

atribuídos, logo, tem um papel ativo e de grande responsabilidade, pois cabe ao FH identificar

apoiar e resolver erros na prescrição médica, nomeadamente interações, duplicação de terapêuticas,

posologias inadequadas, alergias ou medicamentos extra-formulário (Anexo XV). Os soros,

injetáveis de grande volume, paracetamol EV, insulinas, estupefacientes, hemoderivados,

“medicamentos de domicílio”, todos os medicamentos colocados em SOS não são dispensados por

DIDDU.

Neste momento, o único equipamento semi-automático que está a apoiar a preparação da

DIDDU é o FDS, que é responsável pela reembalagem das formas farmacêuticas orais sólidas,

identificadas por doente, para um dia. O KARDEX® é um dispositivo rotativo vertical que

movimenta gavetas de diferentes tamanhos (pequenas, médias e grandes), cada qual contendo um

produto farmacêutico, à exceção dos produtos de grande volume, bolsas de nutrição parentérica,

suplementos alimentares, e produtos refrigerados – “produtos externos” – dispensados

manualmente. O KARDEX® tem como vantagens reduzir os erros humanos e melhorar a segurança

durante a dispensa, porém, durante o nosso estágio o seu uso foi suspenso para analise.14

Como tal,

retirou-se toda a medicação e organizou-se em estantes, dispostas em espelho, em três zonas pré-

definidas - a zona dourada (produtos de alta rotatividade), a zona branca (produtos de baixa

rotatividade) e a zona rosa (produtos de maior volume). Desta forma é possível que dois TDT

estejam a preparar dois SC, simultaneamente, o que era impossível com o KARDEX®, pois apenas

Figura 3: Pyxis®

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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permitia preparar um SC de cada vez. Portanto, após a validação é emitido o mapa

farmacoterapêutico de cada SC (Anexo XVI), que fica disponível informaticamente no FDS, bem

como as etiquetas de identificação dos doentes para colocar nas gavetas do respetivo serviço, os

mapas de distribuição em dose unitária (Anexo XVII), os produtos externos e os produtos

“brancos”. Esses mapas são organizados por SC e por ordem alfabética dos produtos, os primeiros

da lista correspondem aos da zona dourada, de seguida os da zona branca e posteriormente os da

zona rosa. Os produtos externos são todos os produtos que não estão zona anteriormente descrita,

como por exemplo os produtos refrigerados e bolsas de nutrição, e os produtos brancos referem-se

aos fármacos cuja prescrição é esporádica e como tal não estão na zona da dose unitária. Com esta

alteração pretende-se que haja uma diminuição no tempo de preparação das gavetas. A preparação

da medicação dispensada em dose unitária é da responsabilidade dos TDT. Quando chega à hora de

saída da medicação de cada um dos SC, a mala com as gavetas é transportada por um AO.

Quando as malas retornam aos SF, toda a medicação das gavetas que não tenha sido

administrada é devolvida informaticamente ao doente, depois de se verificar o prazo de validade e o

estado de conservação.

7.3 Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial

Determinados medicamentos, devido às suas características particulares, estão sujeitos a uma

legislação especial, e como tal foram instituídos circuitos especiais de distribuição. Nomeadamente

hemoderivados, estupefacientes e psicotrópicos, citotóxicos e imunossupressores, que devido aos

seus efeitos adversos podem ser utilizados para outros fins não terapêuticos. Os gases medicinais

(gases e misturas de gases utilizados em seres humanos) também apresentam um circuito e

legislação próprios.

7.3.1 Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Os MEP atuam diretamente no Sistema Nervoso Central (SNC), como estimulantes ou

depressores, e como tal podem trazer benefícios terapêuticos a diversas doenças, mas também

causar habituação ou dependência física e psíquica, devido à estreita margem terapêutica.15

Como

tal, e por estarem normalmente associadas a actos ilícitos, estão sujeitas a um controlo apertado e

legislação especial, descrita no Decreto-lei nº 15/93 de 22 de Janeiro16

, que estabelece o “Regime

jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos”, Lei n.º 45/96 de 22 de Janeiro17

,

que altera o Decreto-Lei n.º 15/93, o Decreto Regulamentar n.º 61/94 de 12 de Outubro18

e a

Portaria n.º 981/98 de 8 de Junho19

sobre “Execução das medidas de controlo de estupefacientes e

psicotrópicos”).

De forma a combater o tráfico ilícito dos MEP e o uso indevido dos mesmos, existem

normas que visam o controlo rigoroso do seu circuito desde a encomenda, transporte, dispensa e

administração.15

NO HB, os MEP encontram-se armazenados numa sala individualizada, com

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acesso restrito aos FH, através da leitura óptica de um cartão. Nessa sala, os fármacos estão

devidamente organizados e rotulados em cofres de dupla fechadura, e todos os SC também dispõem

de um cofre no qual armazenam o stock pré definido pelos SF e enfermaria do SC. Para garantir a

conformidade de todo o circuito dos MEP pelo HB, todos os movimentos são registados no livro de

requisições correspondente ao anexo X (Anexo XVIII) da Portaria nº 981/98, de 8 de Junho.

Todos os dias o FH responsável pelos MEP procede à contagem do stock diário nos

SF, e periodicamente procede à contagem dos stocks dos MEP em cada um dos SC que utiliza este

tipo de medicação.

Posteriormente à administração deste tipo de medicamentos, prescritos pelo médico, a

equipa de enfermagem do SC correspondente regista no livro de requisições, de forma a repor o

stock do SC. Esse impresso - anexo X (Modelo nº 1509) - depois de devidamente preenchido, sem

rasuras, e assinado pelo director de serviço ou legal substituto é entregue aos SF. Cada requisição

corresponde apenas a uma substância ativa e o enfermeiro deve preencher os seguintes campos:

serviço, nome do medicamento, forma farmacêutica e dosagem, o nome dos doentes a quem se

administrou a medicação, cama ou nº de processo, a quantidade, data de administração e rubrica do

enfermeiro que administrou. Quando o FH recebe o impresso da requisição confirma se está

devidamente preenchido, assina e repõe a quantidade utilizada, e no canto superior direito coloca-se

o número de saída interno, de forma sequencial. O AO responsável pela entrega dos MEP assina o

impresso bem como o enfermeiro que os recebe, com os respetivos números mecanográficos e a

data de entrega. Sendo o anexo X constituído por um original e um duplicado, o original é arquivado

no SF e o duplicado no SC.20

Apesar deste tipo de distribuição ser morosa e exigir maior disponibilidade de tempo por

parte do FH responsável, desta forma garante-se maior controlo na administração aos doentes,

permite controlar o stock e evitar atos ilícitos.

7.3.2 Hemoderivados

Os hemoderivados são medicamentos derivados do soro ou plasma humano, tais como

albumina, imunoglobulinas e factores de coagulação. Devido às suas características e há

possibilidade de haver transmissão de infeções, os hemoderivados estão sujeitos a um controlo

apertado de qualidade.2

Uma vez que pertencem à classe de medicamentos de origem biológica, o seu processo de

libertação envolve uma avaliação detalhada da documentação de produção de cada lote individual

assim como a realização dos ensaios laboratoriais especificas para tipo de produto por parte do

INFARMED.21

No fim da avaliação é emitido um certificado de autorização desse mesmo lote

(CAUL) (Anexo XIX) juntamente com um certificado de análise que define se o produto em

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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Figura 4: Tanques de gases medicinais

questão esta aprovado para utilização terapêutica (ANEXO XX). No momento de receção de

hemoderivados estes devem vir acompanhados pela guia de remessa, CAUL e certificado de análise.

De acordo com o Despacho Conjunto nº 1051/2000, de 14 de Setembro todos os

medicamentos hemoderivados prescritos e cedidos em meio hospitalar, devem ser identificados e

registados num impresso próprio, modelo nº 1804 da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM)

(Anexos XXI e XXII).5 A requisição de hemoderivados é constituída por duas vias:

Via Farmácia;

Via Serviço.

O médico do SC que requisita o hemoderivado preenche o quadro A e B da requisição

enviando de seguida aos SF. Nos SF é o FH responsável que preenche o quadro C. Posteriormente,

um AO encarrega-se de transportar o medicamento hemoderivado, nas condições adequadas, ao SC

correspondente. No SC um enfermeiro confirma e assina num local próprio a receção da medicação.

A “Via Serviço” da requisição é enviada juntamente com o medicamento hemoderivado para ser

feito o registo de administrações por um enfermeiro, sendo posteriormente arquivada no processo

clinico do doente. A “Via Farmácia” é devolvida e arquivada nos SF.

7.3.3 Gases Medicinais

De acordo com o Decreto de Lei 128/2013, de 5 de Setembro, os gases medicinais

(medicamento) são “os gases ou a mistura de gases, liquefeitos ou não, destinados a entrar em

contacto direto com o organismo humano e que desenvolvam uma atividade apropriada a um

medicamento, designadamente pela sua utilização em terapias de inalação, anestesia, diagnóstico in

vivo ou para conservar ou transportar órgãos, tecidos ou células destinados a transplantes, sempre

que estejam em contacto com estes”.22

Os gases medicinais, na forma pura ou em mistura, podem ser medicamentos ou dispositivos

médicos, e de acordo com a sua forma farmacêutica podem ter indicações terapêuticas distintas. Tal

como acontece com os medicamentos, os gases medicinais (medicamentos) estão incluídos nas

Farmacopeias e são sujeitos a um processo regulamentar de autorização – AIM - antes de serem

colocados no mercado.23

Os gases medicinais podem ser

acondicionados em cilindros ou em reservatórios

criogénicos. Os cilindros são transportáveis,

pressurizados, com capacidade máxima de

enchimento de 150L de água, e estão

identificados de acordo com uma norma

internacional (EN 1089-3:2004), em que o corpo

da garrafa é branco e as ogivas tem uma cor

específica de acordo com o gás incorporado (Anexo XXIII). No caso dos reservatórios criogénicos

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

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podem ser fixos (designados de depósitos ou tanques) (Figura 4) ou móveis (designados de

cisternas), termicamente isolados, que acondicionam gases criogénicos ou liquefeitos a temperaturas

muito baixas, sendo o gás removido no estado gasoso ou liquido.23

O FH responsável pelos gases medicinais tem as seguintes funções, de acordo com as boas

práticas inerentes: seleção, aquisição, gestão de stock, receção, armazenamento, distribuição,

manuseamento, monotorização, controlo e supervisão. Os SF são responsáveis por garantir as

necessidades do HB, evitando ruturas e excessos de stock de gases medicinais.23

No caso dos

reservatórios criogénicos, quando a sua capacidade atinge o 50% é feito um pedido de reposição

pela empresa fornecedora (PRAXAIR). O AO que é responsável pela receção das garrafas deve

conferi-las qualitativa e quantitativamente, e devolver as garrafas vazias ou avariadas ao fornecedor,

sempre com o supervisionamento do FH. No caso dos reservatórios criogénicos, situados fora dos

SF por questões de segurança, um elemento dos SF deve acompanhar o abastecimento, e registar a

quantidade existente no reservatório inicialmente e depois da descarga.23

De acordo com a necessidade de cada SC é feito um pedido informático das garrafas, e em

troca devolvem, as vazias. No caso dos gases armazenados nos reservatórios criogénicos – ar

medicinal, oxigénio medicinal e protoxido de azoto - são distribuídos até aos SC através de um

circuito fechado de canalizações de cobre. Diariamente, um AO é responsável por registar os níveis

de gases nas rampas e nos tanques exteriores (Anexo XXIV) e pela contagem e reposição de

garrafas de oxigénio nos SC (Anexo XXV). Nos internamentos, a contagem e reposição é feita por

um AO.

O FH responsável pelo circuito dos gases medicinais deverá garantir a qualidade e a

segurança dos mesmos.

7.3.4 Extra Formulário

A prescrição, produção e distribuição de medicamento a nível hospitalar é sempre realizado

tendo como guias de referência o FHNM.2 No HB em vez do FHNM é utilizado o FHJMS, que foi

elaborado com base no FHNM. Este formulário contém os medicamentos selecionados para o uso

hospitalar no HB pelo que o médico o deve consultar no ato da prescrição. Contudo, por vezes

existem patologias cujos fármacos mais apropriados não se encontram abrangidos neste formulário.

Nesssa situação o médico prescritor deve solicitar, de forma devidamente justificada, a utilização de

um medicamento extra-formulário. Assim sendo, o médico deve preencher um impresso (Anexo

XXVI) que é enviado à CFT. A CFT vai avaliar o pedido e decidir se deve ou não permitir a

utilização do medicamento solicitado. Após a autorização é enviado o pedido aos SF para que seja

realizada a dispensa dos medicamentos.

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Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

16

7.4 Ambulatório

“No âmbito da política do medicamento e do acesso à prestação de cuidados de saúde, o

Serviço Nacional de Saúde assegura a dispensa de medicamentos a título gratuito em regime de

ambulatório nas farmácias hospitalares em situações especiais.”24

A farmácia de ambulatório surge

assim da necessidade de aumentar o controlo e vigilância em determinadas terapêuticas, da

racionalização dos recursos económicos e também pelo facto da comparticipação total dos

medicamentos apenas ser possível em regime hospitalar. A grande vantagem para o doente da

distribuição em regime ambulatório é a possibilidade de realizar a terapêutica em casa e sem

qualquer custo na aquisição dos medicamentos.2 Contudo, a dispensa em regime ambulatório apenas

é realizada para determinadas patologias crónicas (Anexo XXVII).

A distribuição em regime ambulatório deve ser feita por um FH, em instalações reservadas e

apoiado por um sistema informático que permita obter informações sobre medicamentos

dispensados, doentes, diagnósticos, custos e reacções adversas.2

No HB, a farmácia de ambulatório encontra-se acessível e num local próximo das consultas

que os doentes frequentam. As suas instalações são compostas por uma sala de espera, uma sala de

armazenamento dos medicamentos e uma sala de atendimento. O sistema informático utilizado é o

GLINT.

Para a obtenção dos medicamentos, o doente ou representante, deve se dirigir à farmácia de

ambulatório acompanhado da prescrição médica (Anexo XXVIII) e do cartão HB (Anexo XXIX). O

FH verifica então se a prescrição se encontra dentro da validade (4 meses) e através do número HB

acede ao sistema informático e procede à dispensa dos medicamentos. No ato da dispensa o doente

ou representante assina o documento de informação do doente sobre a terapêutica (Anexo XXX) e o

consentimento informado (Anexo XXXI) onde é assegurado que todas as informações e dúvidas

referentes à medicação dispensada foram esclarecidas pelo FH. A medicação é fornecida em

quantidade para um mês sendo que o doente apenas pode voltar a levantar medicação, pelo menos,

vinte e um dias após o último levantamento. Através dos registos informáticos também podemos

verificar se o doente realiza corretamente a terapêutica. É de salientar que sempre que um doente

inicia um novo medicamento ou surja alguma alteração na sua terapêutica, é requerida, por parte do

médico, uma autorização de dispensa de medicamentos pelos SF em regime ambulatório (Anexo

XXXII).

8. Hospital de Dia Oncológico

Devido aos desenvolvimentos da biologia molecular e genética, grandes avanços têm sido

feitos no âmbito do tratamento oncológico, sendo que actualmente, existe uma variedade

considerável de fármacos citotóxicos disponíveis.

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Citotóxicos, também conhecidos como antineoplásicos ou citostáticos, são fármacos

utilizados no tratamento de neoplasias malignas quando a cirurgia ou a radioterapia não são

possíveis ou se mostraram ineficazes, ou ainda como adjuvantes da cirurgia ou da radioterapia como

tratamento inicial.

O medicamento anticanceroso ideal é aquele que destrói apenas as células cancerosas sem

lesar as normais, contudo, este fármaco não existe. Apesar da estreita margem entre o benefício e o

dano, muitas pessoas com cancro podem tratar-se com medicamentos anticancerosos

(quimioterapia) e algumas podem curar-se, sendo que actualmente os efeitos secundários da

quimioterapia podem ser minimizados.25

O tratamento com fármacos citotóxicos, pode se dividir em:

Neo-adjuvante ou de indução: quimioterapia que se inicia antes de qualquer terapêutica

cirúrgica ou de radioterapia cujo objectivo é diminuir o estado tumoral;

Adjuvante: quimioterapia que se inicia apos um tratamento inicial para diminuir o risco de

metástases;

Paliativo.

Geralmente, são utilizados protocolos com associação de citotóxicos para a obtenção de

resultados mais eficazes. Para muitos tipos de tumores existem já combinações estabelecidas e

adequadamente validadas. O nome desses protocolos é designado por siglas com as letras do nome

genérico ou então o nome comercial.

Exemplos:

FOLFOX - Folinato de Calcio + Fluorouracilo + Oxaliplatina;

FOLFIRI - Folinato de Calcio + Fluorouracilo + Irinotecano);

R-CHOP - Rituximab + Ciclofosfamida + Hidroxidoxorubicina (Doxorubicina) +

Oncovin ® (Vincristina) + Prednisona;

A posologia varia de acordo com a superfície de área corporal, que é calculada utilizando a

altura e peso do doente, podendo sofrer alterações, assim como o intervalo de administrações.

A terapia citostática é muitas vezes acompanhada de efeitos adversos, sendo que muitas

pessoas receiam esses efeitos. Contudo, convém lembrar que:

Nem todos os doentes apresentam efeitos adversos;

Os efeitos adversos podem ser ligeiros;

Diferentes fármacos podem causar diferentes efeitos adversos;

Muitos do efeitos adversos podem ser eliminados ou minimizados.

É Portanto, importante, acompanhar o tratamento do doente e explicar quais os efeitos

secundários e qual a melhor forma de os controlar.

Apesar de os diversos fármacos apresentarem efeitos adversos diversos, existem também

alguns efeitos que são comuns á maioria dos citotóxicos. Entre estes efeitos, podemos destacar:

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hiperuricemia, náuseas e vómitos, mielotoxicidade, teratogenicidade, alopecia e alteração da

resposta imunológica.

As náuseas e vómitos são sintomas comuns no tratamento com citotóxicos que causa grande

desconforto ao doente. Estes efeitos podem ser agudos (quando ocorrem nas 24 horas após o

tratamento), retardados (quando ocorrem para além das 24 horas após o início do tratamento) ou

antecipatórios (quando ocorrem antes de doses subsequentes). Os sintomas agudos são tratados

consoante o risco de emese, sendo geralmente utilizado um antagonista específico dos receptores

5HT3 da serotonina (por exemplo ondansetron) muitas vezes associado a dexametasona. Os

sintomas refratários são tratados com dexametasona apenas ou em combinação com metoclopramida

ou a metopimazina. Os sintomas antecipatórios devem ser prevenidos adicionando lorazepam ou

ondansetrom a terapêutica.

A mielotoxicidade é outro dos sintomas comuns, sendo que antes de cada tratamento dever

ser efetuado uma contagem celular no sangue periférico e se não tiver ocorrido recuperação medular

as doses devem ser reduzidas ou o tratamento adiado. Importa salientar que a duração e efetios

mielotoxicos podem ser minimizados através da administração de factores de crescimento

hematopoéticos, como por exemplo o filgrastim.

Através de uma boa hidratação, podemos reduzir a insuficiência renal geralmente associada

ao metotrexato e a cisplatina, sendo que no caso do primeiro, a alcalinização da urina impede a sua

precipitação. No caso do metotraxato, deve também ser utilizado juntamente com folinato de cálcio

para evitar os efeitos adversos resultantes do antagonismo que este apresenta para com o acido

fólico. A cistite hemorrágica pode ser prevenida através de utilização de um uroprotetor, como por

exemplo, a mesna.26

Os medicamentes citotóxicos tem um circuito complexo desde a prescrição até à

administração, passando por médicos, FH e enfermeiros. O médico é responsável pelo diagnóstico

do doente oncológico e juntamente com uma comissão, decidem qual a protocolo que o doente vai

seguir. Depois de prescrito o protocolo com o tratamento é emitido electronicamente e arquivado no

processo do doente (Anexo XXXIII). Este processo segue para o FH que é responsável pela análise

e validação da prescrição, assim como a manipulação e gestão do stock. No caso do HB, uma vez

que não possui um local com as condições necessários a preparação dos citotóxicos, o FH

responsável envia um pedido para a CUF Porto os preparar. O doente, no dia anterior ou no próprio

dia, realiza análises que são avaliadas pelo enfermeiro, que decide se o doente prossegue o

tratamento ou se é necessário fazer alterações ao mesmo. No caso de haver alterações, o médico

altera a prescrição, sendo esta validada novamente pelo FH que depois envia a listagem de

preparações ao hospital CUF Porto para que a medicação seja preparada, catalogada com lote e PV e

posteriormente enviada em veículo de transporte especial para o HB, juntamente com o mapa de

produção emitido e um guia de transporte. Os medicamentos são rececionados no hospital de dia

oncológico por um FH que juntamente com a ajuda de um enfermeiro verificam se a medicação

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enviada corresponde ao doente. Por fim é efetuada a administração dos medicamentos aos doentes

por parte de um enfermeiro.

9. Ensaios Clínicos

De acordo com a Lei nº21/2014, de 16 de Abril, que regula a realização de EC de

medicamentos para uso humano, EC corresponde a “qualquer investigação conduzida no ser

humano, destinada a descobrir ou a verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou outros efeitos

farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais, ou a identificar os efeitos

indesejáveis de um ou mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a distribuição, o

metabolismo e a eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de apurar a respetiva

segurança ou eficácia”.27

A realização de um EC requer a autorização da Comissão de Ética para a Investigação Clínica

(CEIC), responsável por avaliar os benefícios e riscos, do INFARMED, bem como do Conselho de

Administração do HB. Durante o decorrer do EC, o INFARMED executa ações de inspeção e

supervisão, de forma a garantir que são utilizadas as Boas Práticas Clínicas.27

Os SF devem garantir a conformidade do circuito dos medicamentos experimentais, dos

dispositivos para a sua administração, e dos medicamentos complementares à realização dos EC,

garantindo segurança, qualidade, responsabilidade e transparência. Os SF são responsáveis por

verificar e confirmar que o medicamento e auxiliares chegam nas condições apropriadas, pelo

armazenamento, no caso de ser necessário preparar a medicação de estudo devem garantir as boas

práticas, pela dispensa, pela recolha da medicação não utilizada e respetiva devolução ou destruição

de forma adequada.28

No decorrer de um EC, os direitos dos participantes prevalecem sobre os interesses da ciência

e da sociedade, são tomadas todas as precauções para proteger a sua privacidade, respeitando o

principio da dignidade humana e dos direitos fundamentais.27

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10. Bibliografia

1. Hospital de Braga: O Hospital. Acessível em: www.hospitaldebraga.pt/Section/O+Hospital

(acedido a 18 de Outubro de 2014);

2. Ministério da Saúde. Manual de Farmácia Hospitalar (2005). Conselho Executivo da

Farmácia Hospitalar;

2. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso. Decreto-Lei nº 44 204, de 2 de Fevereiro de

1962. Legislação Farmacêutica Compilada;

3. Costa FA. O papel das Comissões de Farmácia e Terapêutica. Revista da Ordem dos

Farmacêuticos, 84: 36 – 38;

4. Ministérios da Defesa Nacional e da Saúde. Despacho Conjunto nº 1051/2000. Diário da

República, 2ª Série, nº 251, 30 de Outubro de 2000;

5. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto. Diário da República, 1ª Série,

nº 167;

6. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso. Deliberação nº 105/CA/2007, de 1 de Março.

Legislação Farmacêutica Compilada;

7. Ministério da Saúde. Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho. Diário da República, 1ª Série B, nº

129;

8. Ministério da Saúde. Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de Abril. Diário da República, 1ª Série A,

nº 95; Legislação Farmacêutica Compilada;

9. Administração Central do Sistema de Saúde. Boas Práticas na Área do Medicamento

Hospitalar. Acessível em: http://acss.min-saude.pt (acedido a 11 de Outubro de 2014);

10. Santos A, Galvão C, Ferreira S, Carvalho A, Carinha PH. Procedimento de Validação de

Distribuição Clássica no Centro Hospitalar de São João, EPE. Atas do VIII Colóquio de Farmácia

2012; 78-84;

11. Costa, J. Implementação de Armazéns Avançados em Ambiente Hospitalar – Estudo de caso.

Universidade do Minho, Outubro de 2013;

12. Miranda P, Pinto M, Pereira R, Ribeiro E, Ferreira S, Carvalho A, Carinha PH. Reposição do

Sistema Semi-Automático Pyxis® num Hospital Central Universitário: Avaliação do Número de

Unidades Repostas. Atas do VIII Colóquio de Farmácia 2012; 85-100;

13. Pereira A, Ferreira S, Carvalho A, Carinha PH. Dispensa de medicação em dose unitária: a

realidade no sistema semiautomático KARDEX® dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de

São João, EPE. Atas do VIII Colóquio de Farmácia 2012; 44-49;

14. INFARMED: Saiba mais sobre Psicotrópicos e Estupefacientes. Abril de 2010;

15. INFARMED, Gabinete Jurídico e Contencioso. Legislação Farmacêutica Compilada: Decreto-

Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro;

16. INFARMED: Gabinete Jurídico e Contencioso. Legislação Farmacêutica Compilada: Lei n.º

45/96, de 3 de Setembro;

17. INFARMED: Gabinete Jurídico e Contencioso. Legislação Farmacêutica Compilada: Decreto

Regulamentar n.º 61/94, de 12 de Outubro;

18. INFARMED: Gabinete Jurídico e Contencioso. Legislação Farmacêutica Compilada: Portaria

n.º 981/98, de 8 de Junho;

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19. Gonçalves C, Galvão S, Ferreira S, Carvalho A, Carinha PH. Procedimento de distribuição de

estupefacientes e psicotrópicos no Centro Hospitalar de São João, EPE. Atas do VIII Colóquio de

Farmácia 2012: 127-133;

20. Braga F (2013). Boletim do Cim. Medicamentos Derivados do Plasma Humano. Revista da

Ordem dos Farmacêuticos, 107;

21. INFARMED: Gabinete Jurídico e Contencioso. Legislação Farmacêutica Compilada: Decreto-

Lei n.º 128/2013, de 5 de Setembro;

22. Dinis E, Capoulas M, Neves V (2012). Manual De Gases Medicinais. Ordem dos

Farmacêuticos. Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar;

23. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso. Despacho n.º 13382/2012, de 4 de Outubro.

Legislação Farmacêutica Compilada;

24. Manual Merck. Quimioterapia. Acessível em: www.manualmerck.net (acedido a 29 de

Outubro de 2014);

25. Infarmed- Citotoxicos. Prontuário Terapêutico Online. Acessível em: www.infarmed.pt

(acedido a 29 de Outubro de 2014);

26. Assembleia da República. Lei nº 21/2014, de 16 de Abril. Diário da República, 1ª Série, nº 75;

27. Ministério da Saúde, Comissão de Ética para a Investigação Clínica. Circuito dos produtos

medicinais investigacionais e auxiliares em ensaio clínico.

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11. Anexos

11.1. Anexo I – Recursos humanos dos Serviços Farmacêuticos do

Hospital de Braga

Diretor de Serviço

Dr.ª Ana Plácido

D ASSIST

TÉCNICOS

TÉC.

DIAGNÓSTICO

TÉCNICOS SUP. DE

SAÚDE

ASSIST.

OPERACIONAIS

Ana Paula Pinto

Catarina

Ribeiro

Virgínia Graça

Catarina Pinheiro

João Carlos

Gonçalves

João Pedro Silva

Liliana Silva

Maria Joana Neto

Maria Manuela Silva

Antonieta Silva

Betânia Faria

Catarina Gomes

Isabel Marcos

Joana Gomes

Joana Gonçalves

Paula Marques

Rita Fortunato

Sara Barroso

Sylvie Martins

Vera Gonçalves

Alexandre Silva

Armando Samy

Armanda Costa

Bruno Gouveia

Carlos Rodrigues

Diogo Gomes

Diogo Ribeiro

Filipa Araújo

Francisco Teixeira

José Carlos

Ribeiro

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Estupefacientes/ Hemoderivados

11.2 Anexo II - Kanbans

11.3 Anexo III - Ciclo kanban

Base

Ambulatório

Ambulatório Interno

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11.4 Anexo IV – Exemplo de uma Nota de encomenda

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11.5 Anexo V – Exemplo de uma Fatura

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11.6 Anexo VI - Autorização de Utilização Especial Medicamentos de Uso

Humano – Impresso de Uso Obrigatório pelos Requerentes

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11.7 Anexo VII - Justificação clínica para pedido de Autorização de

Utilização Excecional

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11.8 Anexo VIII – Exemplo de uma Ficha de Preparação

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11.9 Anexo IX - Prescrição de uma bolsa de nutrição parentérica para o

Serviço de Neonatologia

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11.10 Anexo X - Registo diário de bolsas de nutrição parentérica fornecidas

pela CUF Descobertas

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11.11 Anexo XI – Planeamento dos pedidos semanais

Dia da semana Serviços Clínicos

Segunda-feira

1D, 1E

Hospital de Dia (Medicação, Soros), Hemodialise,

Reumatologia, Anatomia Patológica, Patologia Clínica,

Esterilização

Soros 2B, Soros 2C

Armazéns Avançados: 4B, 4C, 4D

Terça-feira 4E, UCIC, UCIC – sala de Pacemaker, UCIPed, Neurocríticos

Consultas Piso 4: Dermatologia, Cir. Vascular, Endocrinologia,

Imunoalergologia, Cardiologia, Pneumologia

Quarta-feira Radiologia, Hemodinâmica, Medicina Nuclear, Radioterapia

2B, 2C, 2D, 2E

Consultas Piso 2: Estomatologia, Cirurgia Geral, Cirurgia

Plástica, Otorrino, Oftalmologia, Gastro, Urologia

Quinta-feira 3B, 3C, 3D, 3E, 1ª (Psiq. Homens, Psiq. Mulheres, Psiq,

Consulta), UCIP, 1C

Consultas Piso 3: Ortopedia, MFR, MFR – cinesioterapia,

Terapia da Fala, Terapia Ocupacional

Armazéns Avançados: 4B, 4C, 4D

Sexta-feira

5B, 5C, 5D, 5E

Bloco de Partos, Neonatologia

Soros 2B, Soros 2C, Soros 2D, Soros 2E

Consultas Piso 5: Hospital Dia Pediatria,

Ginecologia/Obstetrícia

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11.12 Anexo XII – Exemplo de um Pedido Semanal

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11.13 Anexo XIII – Tabela de registo de pedidos semanais

4ª Feira

Serviço Nº

Pedido

Manipulados/

Outros

Picking

Prateleiras

Picking

Soros

Validação Entrega

Radiologia

Hemodinâmica

Med. Nuclear

Radioterapia

Piso 2B

Piso 2C

Piso 2D

Piso 2E

Consultas

Piso 2

Estomatologia

Cir. Geral

Cir. Plástica

Otorrino

Oftalmologia

Gastro

Urologia

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11.14 Anexo XIV – Exemplo de um Pedido Urgente

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11.15 Anexo XV – Exemplo de uma prescrição médica

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11.16 Anexo XVI – Exemplo de um Mapa Farmacoterapêutico

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11.17 Anexo XVII – Exemplo de um mapa de distribuição em dose unitária

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11.18 Anexo XVIII – Anexo X (Modelo nº 1509)

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11.19 Anexo XIX – Certificado de Autorização de Utilização de Lote (CAUL)

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11.20 Anexo XX – Certificado de análise de um Hemoderivado

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11.21 Anexo XXI - Modelo nº 1804 (Via Serviço)

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11.22 Anexo XXII – Modelo n.º 1804 (via farmácia)

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11.23 Anexo XXIII – Tabela das cores que identificam os gases medicinais

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11.24 Anexo XXIV - Registo de verificação de níveis de gases medicinais

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11.25 Anexo XXV – Registo de contagem e reposição de stocks de gases

medicinais

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11.26 Anexo XXVI - Justificação de Receituário de Medicamentos Extra-

Formulário

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11.27 Anexo XXVII - Medicamentos comparticipados para uso em

ambulatório

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11.28 Anexo XXVIII – Receita Hospitalar

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11.29 Anexo XXIX – Cartão HB

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11.30 Anexo XXX - Informação ao doente sobre a terapêutica

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11.31 Anexo XXXI – Consentimento Informado

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11.32 Anexo XXXII - Autorização de Dispensa de Medicamentos pelos SF em

Regime Ambulatório

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11.33 Anexo XXXIII - Folha Farmacoterapêutica - Quimioterapia