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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMAS DE GESTÃO KYLLBERT WOUGRAN NOGUEIRA DE OLIVEIRA FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À IMPLEMENTAÇÃO DO ENTERPRISE RISK MANAGEMENT Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Gestão de Projetos. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total. Orientadora: Profª Mirian Picinini Méxas, D.Sc. Niterói 2016

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À … Kyllbert... · linha argumentativa, ... Este novo olhar mais completo sobre os riscos corporativos é comumente referido pela literatura

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Page 1: FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À … Kyllbert... · linha argumentativa, ... Este novo olhar mais completo sobre os riscos corporativos é comumente referido pela literatura

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMAS DE GESTÃO

KYLLBERT WOUGRAN NOGUEIRA DE OLIVEIRA

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À IMPLEMENTAÇÃO DO

ENTERPRISE RISK MANAGEMENT

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Gestão de Projetos. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Orientadora:

Profª Mirian Picinini Méxas, D.Sc.

Niterói

2016

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Ficha Catalográfica

O148 Oliveira, Kyllbert Wougran Nogueira.

Fatores críticos de sucesso associados à implementação do

Entreprise Risk Management / Kyllbert Wougran Nogueira Oliveira. –

2016.

100 f.

Orientador: Mirian Picinini Méxas.

Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão) – Universidade

Federal Fluminense. Escola de Engenharia, 2016.

Bibliografia: f. 92-95.

1. Gestão de projetos. 2. Gestão de risco. 3. Fator crítico de sucesso.

I. Título.

CDD 658.404

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e aos meus pais pelo amor e pelo apoio, que me permitiram

manter uma boa saúde e desenvolver a minha formação escolar, que me ajudaram a concluir

este trabalho.

A minha orientadora professora Mirian Picinini Méxas, D.Sc. por todo o seu apoio,

conhecimentos compartilhados e paciência.

A todos os professores e colegas de curso pelo auxílio direto ou indireto à minha formação.

A minha filha Luísa Wougran Batista de Oliveira, por toda alegria e aprendizado que me

proporciona.

Em especial, a minha esposa Daniela Rocha Batista de Oliveira, pelo apoio incondicional,

companheirismo, amor e parceria.

Aos amigos, pela força e dedicação a mim conferidas. A presença de vocês sempre me faz

muito bem, muito obrigado!

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“Algo só é impossível até que alguém duvide e

acabe provando o contrário”

Albert Einstein

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RESUMO

Apesar da evolução do conceito de Enterprise Risk Management – ERM e difusão no

contexto das organizações, existem poucas pesquisas que abordam o referido tema, o que é

um ponto fraco frente ao desafio de apoiar as empresas na importante missão de garantir a

sobrevivência, crescimento e perpetuidade dos negócios em um ambiente de forte integração

tecnológica, concorrência global e diversos contextos políticos, culturais e econômicos. Nesta

linha argumentativa, esta pesquisa tem como principal objetivo identificar quais fatores

críticos de sucesso mais influenciam na implementação das ações de gestão de riscos

corporativos no ambiente de projetos. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura de

forma estruturada e sistematizada com o apoio das bases de pesquisas com maior abrangência

de artigos científicos sobre a temática abordada, com o objetivo de descrever e esclarecer as

questões centrais da pesquisa a luz do estado da arte sobre o tema em questão. Com a

conclusão desta etapa, foram identificados dez Fatores Críticos de Sucesso - FCS que

serviram como base para fundamentar a pesquisa e para desenvolver o questionário, que foi

utilizado para mapear a percepção dos especialistas de uma corretora de seguros em relação

aos fatores que podem influenciar no sucesso das iniciativas de gerenciamento de riscos

corporativos. Por fim, com a análise dos dados obtidos com o auxílio do referido instrumento

de pesquisa, foram propostas ações com foco na maximização de oportunidades relacionadas

aos principais fatores identificados como críticos para o sucesso de iniciativas de ERM.

Palavras-chave: Enterprise Risk Management. Gerenciamento de Riscos. Fatores Críticos de

Sucesso. ERM.

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ABSTRACT

Despite the evolution of the concept of Enterprise Risk Management – ERM - and it’s

dissemination in the organizations context, there are few researches that cover the theme,

which is a weak point considering the challenge to support companies in the important task of

ensuring the survival, growth and perpetuity of the business in an strong technological

integration environment, global competition and diversified political, cultural and economic

contexts. In this sense, this research has the main objective of identifying which critical

success factors influences the most on Enterprise Risk Management implement in project

environment. To achieve this goal, a structured and systemized review of the literature was

performed, supported by the research bases with the widest coverage of scientific articles on

the subject addressed, in order to describe and clarify the central problem of the research

according to the state of the art on the topic researched. After completing this stage, ten

Critical Success Factors - FCS - were identified, and served as the basis to support the

research and to develop the questionnaire that was used to map the perceptions of experts of

an insurance broker company, regarding the factors that can influence the success of the

Enterprise Risk Management initiatives. In the end, after analyzing the data obtained with the

support of the aforementioned research instrument, actions were proposed focusing on

maximizing opportunities related to the main identified factors as critical for the success of

ERM initiatives.

Keywords: Enterprise Risk Management. Risk Management. Critical Success Factors. ERM.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Relações entre as questões de pesquisa e os objetivos específicos ....................... 18

Quadro 2 - Lista de artigos da base SCOPUS selecionados para a pesquisa ........................... 44

Quadro 3 - Lista de artigos da base SCIELO selecionados para a pesquisa ........................... 48

Quadro 4 - Outras referências importantes para a pesquisa ..................................................... 48

Quadro 5 - Critérios básicos para a categorização dos FCS ..................................................... 50

Quadro 6 - Tabulação dos FCS identificados na literatura por autor e dimensão ................... 51

Quadro 7 - Escala de avaliação................................................................................................. 56

Quadro 8 - Distribuição de frequência dos FCS por grau de influência................................... 64

Quadro 9 - Distribuição de frequência absoluta dos FCS quanto ao grau de influência ......... 65

Quadro 10 - Índice de respostas de FCS por dimensões .......................................................... 77

Quadro 11 - Ranking dos fatores críticos de sucesso .............................................................. 79

Quadro 12 - Compilado das respostas a pergunta aberta do questionário ................................ 81

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Qual das seguintes atividades de gestão de risco os diretores ou comitê de riscos da

sua companhia desempenham? ................................................................................................. 15

Figura 2 - Estrutura do estudo .................................................................................................. 20

Figura 3 - Visão geral do gerenciamento dos riscos do projeto ............................................... 28

Figura 4 - Processos de gestão de riscos................................................................................... 31

Figura 5 - Modelo de governança de Riscos ............................................................................ 35

Figura 6 - Estrutura do modelo de ERM ................................................................................. 37

Figura 7 - Diagrama de respostas ao questionário .................................................................... 62

Figura 8 - Perfil dos respondentes – experiência em gerenciamento de riscos, nível de

escolaridade e tempo de empresa ............................................................................................. 63

Figura 9 - Perfil dos respondentes – Cargo ou Função ............................................................ 64

Figura 10 - Grau de influência do FCS1 .................................................................................. 67

Figura 11 - Grau de influência do FCS2 .................................................................................. 68

Figura 12 - Grau de influência do FCS3 .................................................................................. 69

Figura 13 - Grau de influência do FCS4 .................................................................................. 70

Figura 14 - Grau de influência do FCS5 .................................................................................. 71

Figura 15 - Grau de influência do FCS6 .................................................................................. 72

Figura 16 - Grau de influência do FCS7 .................................................................................. 73

Figura 17 - Grau de influência do FCS8 .................................................................................. 74

Figura 18 - Grau de influência do FCS9 .................................................................................. 75

Figura 19 - Grau de influência do FCS10 ................................................................................ 76

Figura 20 - Frequência dos FCS identificados na pergunta aberta ........................................... 87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Palavras-Chave e respectivos resultados encontrados na base SCOPUS .............. 43

Tabela 2 - Frases de pesquisa e respectivos resultados encontrados na base SCOPUS .......... 44

Tabela 3 - Palavras-Chave e respectivos resultados encontrados na base SCIELO ................ 47

Tabela 4 - Artigos descartados da base de dados SCIELO ..................................................... 47

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LISTA DE SIGLAS

A.C Antes de Cristo

BI Business Intelligence

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission

CRO Chief Risk Officer

ERM Enterprise Risk Management

ERP Enterprise Resource Planning

FCS Fatores Críticos de Sucesso

IRGC International Risk Governance Council

IRM The Institute of Risk Management

ISO International Organization for Standardization

M_o_R Management of Risk

NASA National Aeronautics and Space Administration

OGC Office of Government Commerce

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

PMI-RMP Project Management Institute – Risk Management Professional

S&P Standard & Poor's

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA .............................................. 16

1.2 QUESTÕES DA PESQUISA .............................................................................. 17

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................. 17

1.3.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 17

1.3.2 Objetivo específico .............................................................................................. 18

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................... 18

1.5 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ........................................ 19

1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO .............................................................................. 19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 21

2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE ANÁLISE DE RISCOS .................................... 21

2.2 DEFINIÇÕES E ESTRUTURA DOS PROCESSOS DE GERENCIAMENTO

DE RISCOS .................................................................................................................... 25

2.3 GOVERNANÇA DE RISCOS ............................................................................ 33

2.4 ENTERPRISE RISK MANAGEMENT – ERM .................................................... 36

2.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ............................................................... 40

3. REVISÃO DA LITERATURA – ESTUDO BIBLIOMÉTRICO ....................... 43

3.1 SCOPUS .............................................................................................................. 43

3.2 SCIELO ............................................................................................................... 47

3.3 OUTRAS REFERÊNCIAS IMPORTANTES .................................................... 48

3.4 SINTESE DA REVISÃO DA LITERATURA ................................................... 50

3.5 FCS IDENTIFICADOS NA LITERATURA POR AUTOR E DIMENSÃO ..... 50

4. METODOLOGIA DE PESQUISA ..................................................................... 53

4.1 ETAPAS DA PESQUISA ................................................................................... 54

4.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................. 55

4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................... 55

4.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS .................................................... 60

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 61

5.1 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ................................................................. 61

5.2 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS .................................................... 62

5.3 CONSOLIDAÇÃO DA PESQUISA ................................................................... 66

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6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 88

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 92

APÊNDICE A: Questionário de Pesquisa para Avaliar, de Acordo com a Percepção

dos Especialistas em Gestão de Riscos, o Grau de Influência dos FCS nas Iniciativas

de ERM. .......................................................................................................................... 96

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, especialmente após a crise global em 2008, ocorreu uma

mudança de paradigma sobre a forma que as organizações gerenciam os seus riscos, passando

a ser um ponto forte de atenção de executivos e profissionais envolvidos com projetos.

Diversos escândalos em relatórios financeiros, que resultaram em danos às partes interessadas

ou stakeholders, impulsionaram a expansão de reformas e regulamentação relacionadas à

gestão eficaz e governança sobre os riscos corporativos, como por exemplo, o ato Sarbanes-

Oxley de 2002 (BEASLEY et al. 2010).

Nessa perspectiva, a abordagem baseada em silos passou a ser substituída por uma

visão holística de gerenciamento de riscos. Este novo olhar mais completo sobre os riscos

corporativos é comumente referido pela literatura como Enterprise Risk Management – ERM.

O interesse sobre o assunto continua a crescer e um número cada vez maior de organizações

possui programas de ERM já implementados ou em fase de desenvolvimento. Este

movimento é bem visto pelo mercado, que já conta com consultorias especializadas no

assunto e agências de rating, que consideram o ERM no processo de classificação das

empresas.

Segundo COSO (2004), as práticas relacionadas ao Enterprise Risk Management

– ERM colaboram para a preservação e criação de valor através do tratamento adequado de

riscos e oportunidades, dessa forma, a Gestão de Riscos Corporativos (ERM – Enterprise Risk

Management) é definida como:

Um processo alinhado à estratégia empresarial, realizado em toda a empresa pelo

conselho de administração, diretoria e demais integrantes, com o objetivo de

identificar possíveis eventos que possam afetar a empresa, e gerenciar os riscos para

estar dentro dos seus limites de tolerância, de forma a proporcionar uma garantia

razoável no que diz respeito à realização dos objetivos planejados pela empresa

(COSO; 2004).

A pesquisa divulgada pelo Deloitte (2012) demonstra crescimento do interesse das

empresas em programas de ERM. Em 2012, 62% dos entrevistados informaram que já

possuíam o programa implementado, contra 35%, quando comparado a mesma pesquisa

realizada em 2006. A pesquisa realizada no período de setembro a dezembro de 2012 inclui as

respostas dos Chefes dos Escritórios de Risco (CRO’s - Chief Risk Officers) ou equivalentes

de 86 instituições financeiras com atuação em diversas partes do mundo O ranking das dez

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principais atividades desempenhadas pelos diretores ou membros dos comitês de riscos é

apresentado conforme a Figura 1 a seguir:

Figura 1: Qual das seguintes atividades de gestão de risco os diretores ou comitê de riscos da

sua companhia desempenham?

Fonte: Adaptado de Deloitte (2012).

Neste sentido, com a crescente incorporação das iniciativas de gestão de riscos na

cultura e processos das organizações observa-se também o surgimento de diversas

abordagens, o que causa dúvidas e favorece a ocorrência de falhas na implementação. Dessa

forma, a identificação dos principais Fatores Críticos de Sucesso (FCS) e a sua efetiva

influência na implementação da gestão de riscos no ambiente organizacional podem contribuir

no sentido de evitar possíveis falhas durante a implementação dos processos, tendo em vista

que é possível considerar durante a fase de planejamento o desenvolvimento de ações mais

alinhadas aos principais FCS, levando-se em consideração os seus impactos sobre os

objetivos planejados (THOMYA e SAENCHAIYATHON, 2015; YARAGHI e LANGHE,

2011).

Nessa linha de pensamento, a complexidade da implementação da cultura de

gestão de riscos nas organizações apresenta o desafio de identificar os FCS mais relevantes,

assim como, aqueles que mais influenciam no sucesso das iniciativas de gestão de riscos, uma

49%

51%

57%

58%

68%

73%

75%

78%

81%

98%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Revisar os planos de compensação e incentivos para considerar o

alinhamento dos riscos com recompensas

Ajuda a estabelecer e encaixar o risco na cultura da empresa; promovendo

discussões abertas sobre riscos

Realizar sessões executivas com CRO (Chief Risk Officer)

Definir linhas de relatórios de gestão de risco e independência

Revisar etapas do gerenciamento para remediar qualquer

desconformidade com a política de gestão de risco

Rever a estratégia corporativa para alinhamento com o perfil de risco da

organização

Rever as políticas de gestão de risco individuais, por exemplo, para o

mercado, de crédito, de liquidez, ou de risco operacional

Aprovar a declaração de apetite ao risco

Analisar e aprovar a política global de gestão de risco e / ou quadro ERM

(Enterprise Risk Management)

Rever os relatórios regulares de gestão de risco

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vez que a implementação dessa abordagem envolve diferentes variáveis, tais como: pessoas,

cultura, processos, tecnologia e estratégias de gestão.

1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

No contexto econômico atual as empresas possuem acesso a recursos tecnológicos

que possibilitam buscar novas oportunidades de negócios em qualquer parte do planeta.

Entretanto, essas mesmas condições que viabilizam tal avanço expõem as empresas a um

ambiente com maiores incertezas quanto aos fatores políticos, sociais e econômicos, o que

maximiza os riscos de interconexão e compromete a realização dos potenciais benefícios

esperados dos projetos para entrega da estratégia empresarial.

Segundo a pesquisa PMSURVEY (2013), realizada pelo Project Management

Institute – PMI com a participação de 676 empresas de 9 países, apenas 28% empresas

informaram que possuem processos, metodologias e políticas formais para o gerenciamento

de riscos, contra 58% que conduzem de maneira informal de acordo com interesse e

necessidades dos gerentes de projeto e 15% que não gerenciam os riscos nas suas

organizações.

Em contrapartida, quando perguntados em relação a frequência em que os

objetivos de tempo, custo, qualidade e satisfação do cliente (internos ou externos) são

alcançados pelos projetos, verificou-se que apenas 2% das empresas entrevistas responderam

que sempre conseguem, 59% responderam que na maioria das vezes conseguem, 35%

informaram que raramente alcançam tais objetivos e 3% relataram que nunca conseguem.

Frente ao desafio de garantir a sobrevivência, crescimento e perpetuidade dos

negócios, faz-se necessário identificar os fatores críticos para o sucesso das iniciativas de

gestão de riscos corporativos. Assim como, entender a influência destes fatores nas iniciativas

de gestão de riscos, com foco em assegurar de maneira consistente a definição de um

planejamento alinhado as boas práticas, reconhecendo os riscos como desafios a gestão e

objeto de abordagens analíticas mais detalhadas. Nessa linha argumentativa, é possível fazer

um paralelo entre as falhas dos projetos na entrega dos resultados planejados e a não

existência ou falhas na implementação dos processos, políticas e metodologias de

gerenciamento dos riscos corporativos.

Instituições como o Project Management Institute – PMI, o International Risk

Governance Council – IRGC e o The Office of Government Commerce – OGC abordam os

riscos em seus frameworks e guias, como incertezas resultantes de lacunas no conhecimento.

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Estas lacunas, por sua vez, são resultantes da diferença entre a informação já de conhecimento

da organização e o que ainda é necessário saber acerca do projeto ou iniciativa a ser

empreendida.

Dessa forma, atualmente as empresas se concentram em disseminar uma cultura

proativa para lidar com os riscos, que passa pela identificação de ameaças e oportunidades,

qualificação, quantificação, desenvolvimento e implementação de ferramentas, estratégias de

mitigação e controle dos riscos.

1.2 QUESTÕES DA PESQUISA

A partir da contextualização já apresentada e da situação problema, visualiza-se

interessante para essa pesquisa, o estudo dos fatores críticos que influenciam as chances de

sucesso das iniciativas de gestão de riscos, a partir da contribuição de vários autores. Neste

sentido, surge uma questão central para a pesquisa: Quais são os fatores críticos que

influenciam o sucesso das iniciativas de gerenciamento dos riscos corporativos?

Outras questões secundárias são de interesse desta pesquisa e serão respondidas, a saber:

a) Quais são os fatores de sucesso apresentados na literatura para a gestão de riscos

corporativos e a melhor estrutura para consolidá-los?

b) Quais fatores de sucesso relacionados à gestão de riscos corporativos os autores

citam com mais frequência?

c) Qual a percepção de Especialistas em gestão de riscos em relação aos fatores que

mais influenciam no sucesso das iniciativas de gerenciamento de riscos

corporativos?

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.3.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral identificar quais fatores críticos de

sucesso mais influenciam na implementação das ações de gestão de riscos corporativos no

ambiente de projetos apoiados por uma empresa corretora de seguros.

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1.3.2 Objetivo específico

a) Identificar na literatura os fatores críticos de sucesso mais destacados pelos

autores que abordam o tema Enterprise Risk Management - ERM;

b) Consolidar os fatores críticos de sucesso por categorias;

c) Mapear a percepção dos especialistas acerca do grau de influência dos FCS

identificados na implementação de iniciativas de ERM;

O Quadro 1 apresenta de forma resumida as relações entre as questões de pesquisa e os

objetivos específicos.

Quadro 1: Relações entre as questões de pesquisa e os objetivos específicos

Questões da Pesquisa Objetivo Específico

a) Quais são os fatores de sucesso

apresentados na literatura para a gestão de

riscos corporativos e a melhor estrutura para

consolidá-los?

a) Identificar na literatura os fatores críticos

de sucesso mais destacados pelos autores

que abordam o tema Enterprise Risk

Management – ERM.

b) Consolidar os fatores críticos de sucesso

por categorias.

b) Quais fatores de sucesso relacionados à

gestão de riscos corporativos os autores

citam com mais frequência?

a) Identificar na literatura os fatores críticos

de sucesso mais destacados pelos autores

que abordam o tema Enterprise Risk

Management – ERM.

c) Qual a percepção de Especialistas em

gestão de riscos em relação aos fatores que

mais influenciam no sucesso das iniciativas

de gerenciamento de riscos corporativos?

c) Mapear a percepção dos especialistas

acerca do grau de influência dos FCS

identificados na implementação de

iniciativas de ERM. Fonte: Elaboração Própria.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

No que refere à revisão da literatura, foram pesquisados artigos disponíveis nas

bases SCOPUS e SCIELO, onde o propósito foi a identificação dos fatores críticos que mais

influenciam no sucesso das inciativas de gestão de riscos corporativos – ERM. Este esforço se

justifica pela importância da identificação destes fatores para definição de estratégias de

implementação do ERM de maneira mais assertiva no contexto das organizações, com

maiores chances de atingimento dos objetivos planejados.

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Contudo, não está contemplado no escopo desta pesquisa a abordagem de fatores

críticos de sucesso em cenários de projetos específicos, sendo considerados exclusivamente os

fatores críticos de sucesso aplicáveis de maneira geral, ou em contexto delimitado no

ambiente organizacional de uma empresa corretora de seguros com sede em Salvador- BA e

escritórios no Brasil e no exterior. De forma similar, as inter-relações entre os FCS

identificados é outro ponto que não será abordado no estudo.

1.5 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

Fraser. (2013) e Aven (2012) ressaltam que existem poucas pesquisas sobre os

fatores de sucesso associados à implementação das iniciativas de ERM, que de acordo com

suas visões é um novo paradigma para o gerenciamento dos riscos corporativos. Nesta linha

argumentativa, Cooke-Davies (2002) em seu estudo sobre os fatores críticos de sucesso em

projetos, reforça a importância dos fatores humanos e destaca a relevância da difusão da

educação sobre os conceitos de gestão de riscos, maturidade dos planos e processos de

gerenciamento de incertezas e a visibilidade e manutenção do registro de riscos como os itens

com evidencias mais fortes de influência sobre o sucesso dos projetos.

A importância da pesquisa está na contribuição para literatura a partir da

identificação dos fatores críticos de sucesso para iniciativas de gestão de riscos corporativos,

com a revisão da literatura para a construção da fundamentação teórica e mapeamento das

percepções dos autores e especialistas em gestão de riscos corporativos sobre os fatores que

mais influenciam o sucesso de tais iniciativas. Tal esforço é justificado pelo desejo das

organizações de maximizar oportunidades e minimizar incertezas negativas, antes que as

mesmas se materializem e venham a comprometer as metas e objetivos planejados.

1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO

A Figura 2 apresenta a estrutura do estudo, que está dividido em seis capítulos.

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Figura 2: Estrutura do estudo

Fonte: Elaboração Própria.

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21

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para demonstrar a evolução dos conceitos de gerenciamento de riscos e enquadramento

histórico do tema pesquisado, este capítulo faz um breve apanhado sobre marcos importantes da

história, que remetem ao desenvolvimento das práticas de gerenciamento de riscos, apoio à decisão,

ligação com estudos sobre probabilidade, além de evoluções mais recentes que formam a base dos

padrões atualmente difundidos no contexto das organizações.

2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE ANÁLISE DE RISCOS

A aproximadamente 3200 A.C, no vale Tigre Eufrates, vivia um grupo chamado

Asipu. Eles eram conhecidos por terem a habilidade de identificar a dimensão do problema,

desenvolver ações alternativas e coletar dados sobre prováveis resultados. Dessa forma,

quando uma decisão precisava ser tomada como, por exemplo, incursões arriscadas,

casamentos arranjados, escolha de local apropriado para realização de construções, um

membro Asipu era consultado (COVELLO e MUMPOWER, 1985).

Com a ausência de dados históricos e ferramentas estatísticas, os melhores dados

disponíveis eram os sinais dos deuses, que um Chaman Asipu era especialmente qualificado

para interpretar. Para registro dos sinais o povo Asipu desenvolveu um documento com

espaços definidos para cada alternativa, onde os sinais favoráveis possuíam um espaço maior

do que os sinais desfavoráveis para o registro das informações. Depois de completada esta

primeira etapa o membro Asipu recomendava a alternativa mais favorável em uma espécie de

relatório final que era gravado em uma placa e entregue ao cliente (COVELLO e

MUMPOWER, 1985).

No contexto do povo Asipu, onde a probabilidade matemática e intervalos de

confiança não faziam parte do instrumental utilizado para a análise de riscos, os resultados

eram expressos com certeza, confiança e autoridade, uma vez que o referido povo possuía o

dom de ler os sinais dos deuses. Neste sentido, mesmo em caso de previsões errôneas, a

exemplo do que acontece com outras formas de adivinhação, não representava ameaça para o

sistema, uma vez que eram prontamente racionalizadas de acordo com as premissas iniciais

estabelecidas.

Outras fontes de informações importantes para remontar a origem da análise de

riscos moderna são as ideias religiosas antigas sobre a probabilidade de vida após a morte,

considerando a relevância e gravidade dos riscos para quem possuía esta crença. No século IV

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antes de Cristo, Plato’s Phaedo escreveu numerosos tratados que abordavam o risco para a

alma de ações realizadas no presente e as preocupações sobre como conduzir a vida pela ótica

da existência de vida após a morte (CROCKFORD, 1982).

Nessa linha de pensamento, foi desenvolvida por Arnobius – o ancião, uma das

mais sofisticadas análises sobre o tema. Figura mais importante da Igreja Pagã, Arnobius

competia por fieis com a incipiente Igreja Cristã. O templo de Vénus, local de sacrifício de

virgens e prática de prostituição, era mantido por membros da igreja Pagã de Arnobius, que

tinham uma vida decadente quando comparados com os austeros cristãos que pautavam as

suas vidas no sentido da abnegação – ponto mais atacado pela Igreja Pagã.

Surpreendentemente, após uma visão, Arnobius renunciou as suas antigas crenças

e tentou converter-se para o cristianismo. Contudo, o bispo da igreja cristã negou a realização

do seu rito de batismo por estar desconfiado da sinceridade e reais motivos para a conversão.

Como forma de demonstrar que a sua conversão era autentica, Arnobius escreveu um trabalho

de oito volumes intitulado “Contra os Pagãos”. Neste trabalho são enumerados os argumentos

para a cristandade, e é desenvolvida uma matriz 2 x 2 que contribuiu para a história da análise

probabilística (COVELLO e MUMPOWER, 1985).

Nessa ferramenta Arnobius arguia a partir de duas alternativas: Aceitar o

Cristianismo ou Manter-se Pagão e evoluía com a apresentação de duas possibilidades ou

posicionamentos: Deus existe ou Deus não existe. A partir das respostas concluiu que não

existe diferença entre as primeiras alternativas se a pessoa acredita que Deus não existe.

Entretanto, no caso de Deus existir, ser Cristão agregaria mais valor para a alma do que ser

Pagão. Segundo Covello e Mumpower (1985), o argumento de Arnobius marca o primeiro

registro do princípio da dominância, que é uma abordagem heurística de grande utilidade para

o processo de tomada de decisão sobre condições de risco e incertezas.

Com a evolução dos estudos sobre a teoria da probabilidade com Pascal em 1657,

foi escolhida como primeira aplicação o entendimento da matriz de Arnobius, a partir da

adição de distribuições de probabilidade para a existência de Deus. A partir deste

experimento, Pascal concluiu que o valor esperado de ser um Cristão é superior ao valor

esperado do ateísmo. Em avanço as contribuições de Pascal, em 1692 John Arbuthnot

defendeu a tese que as probabilidades de diferentes potenciais causas de um evento poderiam

ser calculadas. Em 1728, Hutchinson examinou as relações entre probabilidade e utilidade em

situações envolvendo escolhas de risco (COVELLO e MUMPOWER, 1985).

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Com o avanço nos estudos sobre o referido tema, o protótipo da análise de riscos

moderna foi desenvolvido em 1792 com LaPlace, que fez uma análise de probabilidade de

morte com e sem a vacina contra varíola. Mais a frente, em 1865, Isaac Todhunter escreveu

um trabalho intitulado “A história da teoria matemática de probabilidade – do tempo de

Pascal para o de LaPlace”, que abriu novas vertentes para reflexão sobre o fascínio do homem

acerca de jogos envolvendo probabilidade.

No passado, as decisões relacionadas ao gerenciamento de riscos eram baseadas

preliminarmente no senso comum, conhecimento tácito, tentativa e erro, ou conhecimentos e

crenças não científicas. Nos dias atuais, as decisões de gerenciamento de riscos adotam como

base análises quantitativas de riscos de caráter altamente técnico, com o objetivo de ampliar a

confiança de que a análise representa a tendência relacionada aos dados estudados (ORE,

1960).

Apesar das perspectivas históricas sugerirem que certas tendências podem ser

consideradas como importantes fatores de observação, ainda assim, fazer projeções sobre o

futuro é uma tarefa arriscada, especialmente em áreas complexas que exigem análises e gestão

de riscos de mesma magnitude, o que contribui para o crescimento da preferência por

iniciativas de planejamento com maior previsibilidade sobre os resultados e avisos

antecipados sobre eventos futuros em contraponto a ações isoladas e não planejadas para

resposta a crises (ORE, 1960 e CROCKFORD, 1982).

São diversos os esforços para explicar o surgimento do interesse do homem e o

rápido avanço dos estudos sobre probabilidade nos séculos XVII e XVIII. Neste sentido, a

necessidade de respostas para necessidades econômicas específicas da nova classe

mercantilista que desejava ampliar a segurança das suas atividades na forma de seguros é

apontada pela literatura como fator relevante para o desenvolvimento do tema em questão

(CROCKFORD, 1982; ORE, 1960 e DIONNE, 2013).

Nesse contexto, os seguros aparecem como uma das mais antigas estratégias para

lidar com riscos. A origem desta abordagem pode ser traçada na Mesopotâmia em 3000 A.C a

partir das primeiras tentativas de estabelecer taxas de juros com base no valor a ser segurado.

As diferenças entre as taxas cobradas, que variavam de zero para negociações entre amigos ou

no âmbito pessoal, a valores mais altos para atividades consideradas de alto risco, como por

exemplo, as atividades agrícolas, representaram as primeiras tentativas de quantificar e

gerenciar riscos. Nesse contexto, é importante ressaltar a evolução no entendimento dos riscos

marítimos e desenvolvimento de produtos de seguro na Europa nos séculos XVI e XVII a

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partir da evolução das atividades comerciais entre as regiões, que eram realizadas por

centenas de navios carregados com uma grande diversidade de produtos, a exemplo, açúcar,

especiarias, café, chá, algodão, etc. (CROCKFORD, 1982).

Após a segunda guerra mundial os estudos sobre gerenciamento de riscos

ganharam mais força, associados ao uso do mercado segurador para a proteção dos indivíduos

e empresas contra várias fontes de perdas oriundas de acidentes. Em 1950, percebeu-se que o

mercado segurador não conseguiria ser completo ao ponto de atender aos valores esperados

em termos de custos e coberturas para todos os tipos riscos. A partir deste ponto, em 1970

surgiram instrumentos derivados do gerenciamento de riscos tradicional, que se expandiram

rapidamente durante a década de 1980 com a intensificação do gerenciamento de riscos

financeiros, desenvolvimento de mecanismos de regulação internacional e incorporação de

modelos de gerenciamento de riscos nas rotinas das empresas (CROCKFORD, 1982; LOW et

al, 2009; DIONNE, 2013).

O gerenciamento de riscos moderno incorporou novos conceitos e ampliou a sua

abordagem, passando a cobrir as seguintes áreas:

Hazard Risk Management – as partes responsáveis pelo gerenciamento dos riscos

nesta etapa realizam um processo com cinco passos básicos, onde o primeiro visa a

identificação da exposição à situação de risco. Já a segunda etapa objetiva a definição

de estimativas para frequência e severidade do evento de risco. A próxima etapa, tem

como missão a identificação de alternativas de resposta e os passos seguintes são

responsáveis pela implementação das ações de resposta escolhidas e monitoramento

dos resultados e aplicação de ajustes caso seja necessário.

Controles Internos – são mecanismos utilizados pelas empresas para garantir

eficiência e eficácia dos processos e políticas internas, com a máxima adesão das

partes envolvidas, para o atingimento das metas de conformidade em relação à

legislação, regulação e segurança em relação à exatidão do conteúdo dos relatórios

financeiros.

Auditorias internas – tem como objetivo garantir que os controles internos estão

funcionando conforme planejado. Não se trata de uma atividade do processo de

gerenciamento de riscos. Ao invés disso, possui foco em custo, eficiência, e

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efetividades dos processos, até mesmo o de gerenciamento de riscos. Pela perspectiva

de gerenciamento de riscos, os processos de auditoria se concentram na verificação de

conformidade dos procedimentos com as políticas e outras diretivas que norteiam a

execução da atividade. A saída desta atividade geralmente é um relatório onde são

apontadas fragilidades da empresa para seguir as políticas.

Nessa linha argumentativa, de acordo com Dionne (2013), com o avanço dos

processos de gestão de riscos já implementados nas empresas a governança em gerenciamento

de riscos passou a ser essencial e integrada. Com o desenvolvimento de políticas e

mecanismos de monitoramento para apoio ao processo decisório, que no caso das grandes

instituições financeiras, passou a ser suportado e monitorado por um comitê de gerenciamento

de riscos (SCHEER, 2013; CHILESHE e KIKWASI, 2014). Dessa maneira, o gerenciamento

de riscos passou a ser visto como um importante mecanismo para a redução da exposição a

riscos e proteção empresarial.

2.2 DEFINIÇÕES E ESTRUTURA DOS PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE

RISCOS

Segundo o PMBOK (2013), o projeto por definição é um empreendimento com

início e fim definidos, com objetivo de criar um produto único, serviço ou resultado. Nessa

linha de pensamento, são diversas as interconexões e características inerentes aos projetos,

onde os riscos estão intrinsecamente associados durante todo o ciclo de vida (BOWLING e

RIEGER, 2005; ZAFFT, 2012).

Uma vez que as incertezas fazem parte dos projetos e não existe forma de eliminá-

las, o gerenciamento dos riscos assume um caráter subjetivo, onde o papel dos gestores de

riscos consiste em tratar as incertezas de forma pró ativa de maneira a reduzir a sua magnitude

no ambiente dos projetos. Essa subjetividade é explicada pela característica humana de avaliar

os riscos de acordo com as suas próprias percepções, agregando maior complexidade ao

processo de gerenciamento de riscos uma vez que cada pessoa possui a capacidade de analisar

o mesmo risco por óticas diferentes (BANHAM, 2004).

Empresas que realizam uma gestão de riscos eficiente e eficaz conseguem

trabalhar com margens de segurança e contingências menores, por conhecerem melhor a

natureza dos riscos associados as suas atividades e possuírem gestão apropriada para lidar

com incertezas (KERZNER, 2002; BOWLING e RIEGER, 2005). Como resultado, são

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ampliadas as chances de aprovação de investimentos que outrora poderiam ser considerados

muito arriscados, além da liberação de recursos para outras atividades, que anteriormente

estariam alocados em forma de margens de segurança. De acordo com Kerzner (2002),

empresas com excelência em gestão de riscos sabem separar quais riscos não devem assumir

dos que valem a pena correr para a concretização de novas oportunidades de negócio e/ou

projetos.

Intuitivamente quando se pensa em riscos, logo se associa a algo indesejável para

o projeto, com potencial para prejudicar o desempenho e até mesmo inviabilizar a entrega dos

objetivos e resultados planejados. Entretanto, o PMBOK (2013) aborda também a existência

de riscos positivos, que são incertezas com impacto positivo no alcance dos objetivos e

resultados pactuados para o projeto.

Em complemento, Gibson e Young (2012) mencionam que existem riscos que são

gerados internamente ao projeto nas relações entre os times envolvidos e/ou no nível

organizacional, através do sistema de gestão, cultura empresarial ou processos de tomada de

decisão. O referido autor, ainda destaca que este tipo de risco é comum nos projetos, muitas

das vezes com impactos significativos, mas precariamente gerenciados, mesmo em empresas

com processos definidos e implementados para gerenciamento de riscos.

O risco é abordado pela literatura como sendo função da probabilidade de

ocorrência e do impacto nos objetivos e resultados planejados para o projeto (ISO 31000,

2009; BOWLING e RIEGER, 2005; NASA, 2007 e PMBOK, 2013). Neste sentido, Bowling

e Rieger (2005) definem risco como sendo a probabilidade de ocorrência de um evento com

capacidade de afetar negativamente o projeto de maneira parcial ou total, reduzindo as

chances de sucesso do empreendimento.

Para o IRGC (2005), riscos são incertezas resultantes de um evento ou atividades

relacionadas a agregação de valor e frequentemente vêm acompanhados por oportunidades. O

International Risk Governance Consil (IRGC), define riscos de grandes proporções,

geralmente associados a um vasto contexto social, financeiro e econômico, como riscos

sistêmicos. Estes, por sua vez, não se restringem as fronteiras do país de origem do evento e

não podem ser gerenciados por ações isoladas, exigindo uma robusta abordagem de

governança e gestão adequada.

Apesar do esforço para a identificação e implementação de ações de maneira

proativa, o PMBOK (2013) reconhece que os riscos podem ser conhecidos ou desconhecidos,

onde o primeiro grupo é formado por aqueles que foram identificados, analisados e

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incorporados ao planejamento do projeto, e o segundo, são os que não foram identificados e

não possuem ações de mitigação proativas associadas e nem contingência.

A correta gestão dos riscos e alocação, segundo Junior e Carvalho (2013), é um

fator direcionador do sucesso dos projetos e importante processo de tomada de decisão. Sendo

assim, os riscos não devem ser ignorados, e sim, gerenciados, mitigados, transferidos ou

aceitos. Nessa linha argumentativa, Yaraghi e Langhe (2011) definem que o grau de

vulnerabilidade dos projetos aos eventos de risco está intimamente relacionado ao sucesso das

iniciativas de gerenciamento de riscos. Tal esforço visa aumentar a capacidade de adaptação

do projeto, com robustez na execução das estratégias rumo aos resultados planejados.

Atualmente existem diversos guias, frameworks, normas e padrões que abordam o

tema de gerenciamento de riscos com todos os processos e documentos relacionados. O PMI

– Project Management Institute apesar de abordar o tema de riscos no guia PMBOK, possui

um standard específico para o assunto, intitulado Practice Standard For Project Risk

Management e certificação profissional especialista em gerenciamento de riscos, PMI-RMP

(Risk Management Professional).

A OGC – The Office of Government Commerce possui um framework para

gerenciamento de riscos intitulado Management of Risk: Guidance for Practitioners e

certificações profissionais de níveis fundamental e especialista, cujo título obtido é o M_o_R

– Management of Risks Foundation ou Practitioner.

Já o ISO - International Organization for Standardization, possui a norma ISO

31000:2009 – Risk Management que aborda as principais definições, princípios, processos e

ferramentas aplicáveis aos processos de gerenciamento de riscos. Até o presente momento a

norma não tem objetivo de certificação, e sim, de informar e alinhar os conceitos e referências

para as empresas que desejam incorporar os processos de risco as suas rotinas.

Tendo em vista que o tema de gerenciamento de riscos está em pleno

desenvolvimento, certamente existem diversos outros materiais que não foram citados.

Entretanto, as três referências abordadas são as de maior relevância e conhecimento dentro do

meio empresarial e objeto de numerosos estudos no meio acadêmico. O PMI e o ISO

presentes em mais de 150 países e a OCG de origem no Reino Unido e vasta difusão com o

Método Prince 2, de onde o M_o_R é derivado (OGC, 2010).

Segundo o PMBOK (2013), o objetivo do gerenciamento dos riscos é fazer com

que o projeto seja capaz de ampliar a probabilidade e impacto das oportunidades e reduzir a

incidência e efeitos de eventos negativos. Para alcançar tal objetivo são definidos 4 (quatro)

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processos – (planejamento, identificação, análise, planejamento das respostas e controle dos

riscos) e 6(seis) sub processos representados pela Figura 3.

Figura 3: Visão geral do gerenciamento dos riscos do projeto

Fonte: PMBOK, 2013.

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Para o correto entendimento do esquema de processos do PMBOK para

gerenciamento de riscos, é importante notar que eles possuem a mesma estrutura que é

formada por entradas, ferramentas e saídas, onde as entradas são entendidas como tudo que é

preciso para alimentar o processo, as ferramentas são os métodos, técnicas e instrumentos

utilizados para processar as informações de entrada e/ou conseguir novas informações, e as

saídas são os resultados obtidos após a execução do processo.

De maneira simples, o que o diagrama apresenta é um esquema onde se planeja

como será realizado o gerenciamento dos riscos, levando-se em consideração os objetivos do

projeto, lições aprendidas, ferramentas já implementadas na empresa, políticas, partes

interessadas, etc. Como entrega desta primeira etapa, é construído o plano de gerenciamento

dos riscos, que é um documento que compõe o plano de gerenciamento do projeto.

A próxima etapa, no sub processo de identificação de riscos, busca-se identificar

os principais pontos de incerteza do projeto, tanto para riscos negativos, quanto para

oportunidades. Frente a este objetivo, são analisados todos os documentos de planejamento e

de interconexão com outras disciplinas do projeto, como por exemplo, escopo, tempo, custo,

qualidade, aquisições, partes interessadas. O resultado desta etapa do gerenciamento dos

riscos é a construção de um documento nomeado como registro de riscos, que fará parte de

todos os processos de riscos durante todo o ciclo de vida do projeto.

Após a construção do registro de riscos na fase de identificação é realizada a

análise qualitativa. Este processo tem como objetivo identificar, através da priorização dos

riscos identificados, avaliação e atribuição de probabilidade e impacto, os pontos de maior

atenção do projeto com vistas a redução dos níveis de incerteza. Como resultado deste

trabalho, os documentos de planejamento são atualizados e o registro de riscos passa a conter

as informações de análise que possibilitam a priorização dos riscos.

Na fase posterior é realizada a análise quantitativa dos riscos, que consiste em

analisar em termos numéricos as consequências sobre os objetivos do projeto dos riscos

identificados e qualificados nas fases anteriores. Neste momento são construídos os modelos

quantitativos para simulação de cenários tendo como principais informações de entrada, o

registro de riscos, estimativas de custo e cronograma. Como saídas deste processo são

apresentadas as análises probabilísticas para atingir os objetivos de custo e tempo, priorização

dos riscos quantificados e análise de tendência nos resultados da análise quantitativa dos

riscos.

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Com o avanço das análises são planejadas as respostas aos riscos, onde o foco é o

desenvolvimento de estratégias para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças. Para

atingir este objetivo, os riscos são abordados por prioridade, e caso seja necessário são

inseridos recursos, atividades, alterado cronograma e/ou plano do projeto. O PMBOK (2013)

define como estratégias para ameaças as seguintes abordagens:

Prevenir – Consiste em alterar os planos do projeto para eliminar completamente a

ameaça

Transferir – É a estratégia que visa transferir o impacto da ameaça para um terceiro,

assim como a responsabilidade pela implementação das respostas. Um exemplo

clássico da implementação desta estratégia é a contratação de seguros, onde a

seguradora aceita o risco e em troca recebe o prêmio que é pago pelo segurado.

Mitigar – O foco desta estratégia é reduzir a probabilidade e/ou o impacto do risco até

os limites aceitáveis.

Aceitar – não existe nenhuma ação para implementação desta estratégia. Apenas

reconhecer a existência do risco e agir somente se o risco ocorrer.

Para o caso dos riscos positivos ou oportunidades a única estratégia que

permanece a mesma é “Aceitar”. Para os demais casos são adotadas estratégias diferentes,

conforme abaixo relacionado:

Explorar - Esta estratégia é o oposto da “Evitar”, aplicada para ameaças. Pois, neste

caso, o objetivo é garantir que a oportunidade aconteça para benefício do projeto.

Melhorar – É ao contrário de “Mitigar”. Pois o foco é aumentar a probabilidade e/ou

o impacto de uma oportunidade através da identificação e ação sobre os principais

fatores que impulsionam a oportunidade.

Compartilhar – Esta oportunidade visa explorar uma oportunidade que sozinho não

conseguiria, a partir da divisão da responsabilidade ou transferência integral para uma

outra parte com maiores condições de trazer o benefício esperado para o projeto.

Por fim, o sub processo controlar os riscos, onde as respostas aos riscos são

implementadas, novos riscos são identificados, riscos já identificados são monitorados e é

avaliada a qualidade dos trabalhos realizados com o foco no gerenciamento dos riscos. O

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principal ganho deste processo vem da melhoria contínua a partir da conclusão de cada ciclo,

avaliação e ajuste da abordagem com foco na eficiência e eficácia do processo.

De maneira alinhada com outros padrões internacionais de gerenciamento de

riscos, os princípios e linhas gerais da norma ISO 31000 definem o risco como incerteza

quanto aos objetivos, tendo como efeito, desvios em relação ao que foi planejado (ISO, 2009).

Dessa forma, a gestão de riscos compreende um conjunto de ações realizadas de maneira

coordenada no que tange as questões relacionadas ao controle dos riscos. Com o objetivo de

melhor ilustrar a interação entre os processos de risco para a norma ISO 31000 a Figura 4

apresenta todos os processos, as suas relações e fluxo de informações que são representados

por setas que interligam cada fase do processo de gerenciamento de riscos.

Figura 4: Processos de gestão de riscos

Fonte: ISO, 2009.

De acordo com ISO (2009), o fluxo dos processos de gestão de riscos começa

com o plano de comunicação e consulta às partes interessadas em estágio inicial do projeto,

onde questões relativas aos riscos são abordadas. Como a comunicação no ambiente do

projeto acontece durante todo o ciclo de vida, o sucesso na estruturação de bons mecanismos

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de comunicação irá auxiliar no estabelecimento apropriado do contexto, envolvimento das

partes interessadas, identificação de riscos, gestão de mudanças e desenvolvimento de

respostas.

Na etapa de desenvolvimento do contexto, o objetivo é traçar as metas do

gerenciamento de riscos, definir o que será levado em consideração, tanto internamente,

quanto externamente e quais as inter-relações existentes. Nessa linha de pensamento, a

incorporação de parâmetros externos no gerenciamento de riscos contribui para que seja

assegurado que os pontos de atenção das partes interessadas externas estão sendo

considerados no processo, além de requisitos legais e regulatórios, ambiente cultural, político,

legal, financeiro, tecnológico, regional, internacional, dentre outros.

Pela ótica interna, o processo de gestão de riscos deve estar alinhado à estratégia

da organização, cultura, processos, governança e políticas corporativas, uma vez que estes

fatores influenciam a maneira que a empresa gerencia os riscos (DI SERIO et al. 2011;

THAMHAIN e SKELTON; 2007). Dessa forma, os processos de gerenciamento de riscos são

incorporados ao contexto da organização com foco na ampliação da capacidade da empresa

em reconhecer oportunidades, garantindo maior comprometimento das partes interessadas, e

estabelecimento de um ambiente de credibilidade, confiança e agregação de valor (STOLL e

LANER; 2015).

Em linhas gerais, no estabelecimento do contexto são justificados os recursos que

serão empregados para a realização dos processos de gestão de riscos através do

estabelecimento de objetivos claros, definição de responsabilidades, abrangência das

atividades de gestão de riscos, metodologia, escolha dos indicadores de desempenho, de

maneira que a estratégia escolhida para o gerenciamento dos riscos esteja alinhada ao cenário,

objetivos organizacionais e necessidades dos projetos (PURDY, 2010; RABECHINI JUNIOR

e MONTEIRO DE CARVALHO, 2013). Neste sentido, os critérios de riscos são definidos

para serem utilizados para avaliar a significância do risco para a organização. Estes critérios

poderão ser derivados de marcos regulatórios, requisitos legais e/ou políticas da organização.

O próximo processo abordado pelo referido padrão é o de avaliação dos riscos.

Nesta etapa, os riscos são identificados e listados tendo como referência eventos com

potencial para afetar o projeto, tanto positivamente como negativamente. Um ponto de

atenção desta fase é que a identificação deverá ser o mais abrangente possível, tendo em vista

que os riscos que não forem identificados na fase de identificação não serão considerados nas

fases de análise posteriores.

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Com o avanço na identificação dos riscos é iniciado o processo de avaliação, onde

o objetivo é auxiliar o processo de tomada de decisão sobre os riscos que necessitarão de

tratamento. A decisão sobre aplicar respostas aos riscos ou simplesmente manter os controles

existentes irá depender do posicionamento da organização em relação aos riscos, limites de

tolerância e demais critérios estabelecidos durante a fase de planejamento.

Após a análise dos riscos e seleção dos que irão receber tratamento, são

desenvolvidos os planos de resposta contendo o detalhamento das opções consideradas, os

benefícios esperados, pessoas responsáveis pela aprovação e execução das ações e os critérios

de medição de desempenho. Como parte do processo de gestão de riscos, a fase de

monitoramento e análise crítica é a etapa onde são estabelecidas as vigilâncias regulares e

checagem dos riscos identificados e analisados nas fases anteriores. O objetivo desta etapa é

verificar se os controles continuam eficazes, coletar informações que possam contribuir para o

melhoramento dos processos de gestão de riscos, identificar nos riscos, detectar mudanças no

cenário e implementar os planos de tratamento dos riscos.

Por fim, com o objetivo de tornar a análise de riscos uma atividade rastreável e

com aproveitamento dos registros como mecanismos para a melhoria contínua dos métodos,

processos e ferramentas, são criados os registros do processo de gestão de riscos. Estes, por

sua vez poderão ser consultados por outros projetos com convergências de características, o

que traz benefício para a organização e melhora o desempenho e maturidade da governança

corporativa a partir do gerenciamento de riscos (PURDY; 2010; RENN, 2005).

2.3 GOVERNANÇA DE RISCOS

O termo governança nos últimos 10 anos vem ganhando popularidade e presença

na literatura especializada em relações internacionais, ciência política, sociologia, tecnologia e

investigação de riscos (BOTHA e VAN NIEKERK, 2013; WENTHOLT et al. 2009). Nessa

linha argumentativa, a governança em riscos traz consigo o núcleo de princípios de

governança para o contexto de risco e incertezas relacionadas ao processo de tomada de

decisão (RENN, 2005). Esta abordagem inclui, mas não se limita, aos três elementos mais

amplamente conhecidos da análise de risco (avaliação, gestão e comunicação dos riscos).

Na perspectiva de governança de riscos são considerados contextos legais,

institucionais, sociais e econômicos, onde o risco é avaliado, com envolvimento das diversas

partes interessadas. Os processos abrangem a análise das relações complexas entre os mais

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diversos atores, regras, convenções, processos internos e mecanismos relacionados à forma

como as informações relativas aos de risco são coletadas, analisadas e comunicadas, assim

como, o mapeamento do processo de tomada de decisão.

As atividades de governança de riscos não se limitam a situações onde existe

apenas uma autoridade única. Em outras palavras, abrange ações de atores governamentais e

privados com interesses e riscos compartilhados. Neste sentido, a natureza do risco exige a

colaboração e a coordenação entre as mais diversas partes interessadas. Governança de risco,

portanto, não se limita a um processo de risco com muitas interconexões e atores, mas

também exige a consideração de fatores contextuais, como arranjos institucionais (por

exemplo, o quadro regulamentar e legal que determina a relação, os papéis e as

responsabilidades dos atores e coordenação de mecanismos, como os mercados, incentivos ou

normas, cultura política, incluindo diferentes percepções sobre risco (RENN e SELLKE,

2011).

A literatura comumente se refere ao termo governança de riscos como GRC –

Governança, Risco e Conformidade, que inicialmente foi utilizado no âmbito de consultorias

de gestão, e posteriormente foi difundido para outros ramos de atividade. Nesta abordagem, o

G, que representa a palavra governança, traz a definição de repartição de poder entre a

diretoria, gerência e acionistas, ou também pode ser abrangido como uma série de ações

realizadas pela administração da empresa, e difundidas através das diversas camadas de

gestão. Em avanço, o R é utilizado para fazer referência a palavra risco, que é um termo

utilizado de diversas maneiras diferentes, desde a avaliação de riscos simples ao tratamento de

riscos complexos no âmbito empresarial. Já o C de conformidade, inicialmente significa

adesão às leis e regulamentos aplicáveis, assim como, políticas internas da empresa

(STEINBERG, 2011).

O IRGC – International Governance Council, com o objetivo de melhor estruturar

a abordagem de gerenciamento de riscos, reduzindo lacunas de conhecimento, trabalha no

desenvolvimento de recomendações de políticas de governança em riscos, assim como em

modelos de aplicação que envolvem os principais conceitos relacionados a governança em

riscos e recomendações para aplicação.

De acordo com o IRGC (2005) a governança de riscos pode ser definida como um

mecanismo que lida com a identificação, análise, gerenciamento e comunicação dos riscos em

um nível estratégico, com participação das partes interessadas, regras, processos e critérios

utilizados pela empresa para determinar o quanto as informações coletadas sobre os riscos são

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relevantes, e o nível de análise e comunicação das mesmas. Os princípios da abordagem estão

pautados na transparência, efetividade e eficiência, responsabilidade, foco estratégico,

sustentabilidade, equidade e alinhamento legal, de maneira que as soluções desenvolvidas

possam ser executadas de forma aceitável pela sociedade e demais partes interessadas.

Figura 5: Modelo de governança de riscos

Fonte: IRGC, 2005.

O modelo de governança de riscos do IRGC, representado pela Figura 5, faz a

distinção entre análise e entendimento do risco, onde para o caso do primeiro item, o principal

procedimento é o de apreciação, e o posterior tem como principal atividade o gerenciamento

dos riscos na camada de decisão sobre o que fazer. Com esta separação entre apreciação e

gestão o modelo busca maximizar a objetividade e transparência de ambas atividades, de

maneira que as responsabilidades sejam permeadas nos outros três elementos que compõem o

modelo: pré -análise, caracterização e avaliação e comunicação.

De maneira resumida, o modelo proposto pelo IRGC para governança de riscos se

inicia na atividade de pré – análise, onde é planejada a abordagem de gerenciamento de riscos

e são definidos os avisos antecipados para os riscos, de forma a propor uma estrutura que

permita a definição do problema e como ele será tratado. Na fase de apreciação, é estruturada

a base de informações para apoio a decisão de suportar ou não o risco e de que forma seria

possível reduzi-lo ou contê-lo. Na próxima etapa, intitulada caracterização e análise, são

pesados valores sociais na classificação dos riscos como aceitáveis, toleráveis e intoleráveis, o

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que envolve a avaliação dos benefícios sociais, econômicos e ambientais frente a exposição

aos riscos.

Na etapa de gerenciamento de riscos, os riscos considerados toleráveis precisarão

de uma ação adequada de gestão. Neste sentido, esta fase envolve o desenvolvimento e

implementação de ações e respostas para evitar, reduzir, transferir ou reter os riscos. Por fim,

a etapa de comunicação possibilita que as partes interessadas e sociedade em geral sejam

capazes de entender os riscos e reconhecer a importância dos processos de governança de

riscos.

Para o IRGC (2005) a comunicação efetiva, contendo a explicação das decisões

sobre os riscos, permite que as partes interessadas se mantenham informadas e contribui para

a criação de um ambiente de confiança nas ações relacionadas ao gerenciamento de riscos de

forma a propiciar o desenvolvimento de concentrações específicas em direção ao Enterprise

Risk Management – ERM, que será abordado de forma mais detalhada na próxima sessão do

presente trabalho.

2.4 ENTERPRISE RISK MANAGEMENT – ERM

Como extensão do processo clássico de gerenciamento de riscos, conhecido como

Hazard Risk Management, o Enterprise Risk Management –ERM ou em português,

Gerenciamento de Riscos Corporativos, emergiu no final da década de 1980. A base desta

abordagem é que as empresas devem gerenciar os riscos corporativos como um único

programa com ações coordenadas de gerenciamento de riscos, processos de controle interno,

auditorias internas e ações de conformidade (COSO, 2004; ZHAO et al. 2012; HALLOWELL

et al. 2013).

Uma das definições mais populares de ERM encontrada na literatura é a difundida

pelo COSO (2004), que define o ERM como o processo de identificação dos maiores riscos

que confrontam os objetivos organizacionais, com a finalidade de estimar os efeitos destes

riscos sobre os processos de negócio, endereçando as incertezas de maneira sistemática e

coordenada. Neste sentido, o planejamento e implementação de ações com alocação de

responsabilidades para cada parte interessada em relação ao tratamento dos riscos é

considerado fator crucial para o sucesso da estratégia.

Segundo COSO (2004) o modelo de ERM está estruturado em quatro categorias –

estratégico, operações, relatórios e conformidade. Dessa forma, a primeira categoria tem o

objetivo de endereçar as metas de alto nível que suportam a missão da organização. A

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segunda, diz respeito ao uso efetivo e eficiente dos recursos. Em relação aos relatórios, o foco

é o nível de confiabilidade dos documentos e conformidade está alinhado ao objetivo de

atender aos requisitos legais e regulamentares. O objetivo desta separação das categorias é

permitir o foco específico nos fatores que compõem o ERM e facilitar a distinção dos

objetivos e expectativas para cada categoria (Ver Figura 6).

Figura 6: Estrutura do modelo de ERM

Fonte: COSO, 2004.

Além das categorias, são estruturados os componentes que são ações inter-

relacionadas derivadas do processo de gestão. Fazem parte destes componentes, o ambiente

interno, que define como o risco é percebido e endereçado pelas pessoas da organização, isso

inclui a filosofia de gerenciamento de riscos, o apetite da empresa para correr riscos,

integridade, valores éticos e o ambiente em que a operação da empresa acontece. Seguindo o

modelo, é destacada a definição dos objetivos como um componente, uma vez que este deverá

estar definido antes que seja possível identificar os possíveis eventos que venham a

comprometer o seu atingimento.

Os próximos seis componentes seguem a mesma linha do PMBOK (2013) e ISO

(2009), relacionados como identificação de evento, análise de riscos, resposta ao risco,

atividades de controle, informação e comunicação e monitoramento. Um ponto de destaque da

abordagem do COSO (2004) para o ERM é o fato do mesmo não ser um processo serial, onde

um componente afeta somente o próximo da sequência. Neste modelo, o efeito é

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multidirecional, tendo em vista a interação entre os processos e influência de um componente

sobre os outros.

Os processos do ERM fazem parte do sistema de gestão das empresas e está inter-

relacionado com os outros processos corporativos de tomada de decisão. Entretanto, os

objetivos da gestão de riscos corporativos possuem escopo definido e não devem ser

confundidos com os demais processos da empresa (FRASER, 2013; SHARMAN 2002). De

maneira geral, os processos de ERM envolvem vários elementos para compor o processo de

tomada de decisão com informações sobre os riscos envolvidos. Entretanto, a decisão

particularmente selecionada dentre as opções apresentadas não é determinada pelo ERM e,

portanto, está no escopo das demais camadas de gestão da empresa.

No início da década de 1990 a agência de rating Moody’s foi a pioneira no

reconhecimento do ERM como componente e ferramenta de valor agregado no processo de

análise de riscos (FRASER e SIMKINS, 2009). Inicialmente a Moody’s buscou entender

exposições aos riscos de empresas não financeiras com foco especial em exposição

econômica em relação as finanças nos mercados de commodities e energia. Para tanto, o

modelo desenvolvido foi estruturado em quatro pilares, abaixo listados:

Governança de Riscos – aborda questões relacionadas ao engajamento da diretoria da

empresa na definição da filosofia e incorporação na cultura organizacional, assim

como o apetite para riscos e alocação de recursos para a realização das atividades com

este foco.

Gerenciamento de Riscos – se concentra em conhecer os processos de controle de

riscos e linhas de comunicação em todos os níveis de implementação da disciplina de

riscos. Além disso, este pilar tem como missão compreender como os limites de riscos

estão estabelecidos e diversificados no portfólio de atuação da empresa, como os

riscos influenciam no processo de tomada de decisão, tecnologias e quais os

mecanismos que a empresa utiliza para mitigação e controle dos riscos.

Análise de Riscos e Quantificação – trata a forma como a empresa aborda os riscos

de forma que eles sejam reduzidos à um nível aceitável, assim como, avalia a

efetividade do monitoramento dos riscos e comunicação.

Infraestrutura de Riscos e Inteligência – é o pilar que tem a missão de avaliar se

existe infraestrutura de gerenciamento de riscos para suportar os sistemas corporativos

e o quão confiáveis e precisos são os modelos de risco.

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Após o primeiro passo dado pela Moody’s em direção ao ERM, a agência de

rating Standard and Poor’s anunciou em 2008 que iria utilizar o ERM no processo de rating

de segurança de crédito para empresas não financeiras (SIMKINS, 2008). O argumento

utilizado pela S&P (Standard & Poor’s) para a utilização do ERM no seu processo de

classificação foi que as empresas que tinham práticas mais avançadas de gerenciamento de

riscos conseguiam maiores níveis de estabilidade e, portanto, tinham maior probabilidade de

repagar as suas dívidas e obrigações.

Inicialmente a S&P anunciou que o modelo COSO – Committee of Sponsoring

Organizations of the Treadway Commission iria ser o padrão a ser seguido. Contudo, após a

divulgação das linhas gerais para o processo de classificação declinou da ideia e reconheceu

que o fato da empresa não estar em conformidade com as práticas estabelecidas no referido

modelo, não significa que ela não possua efetivos processos de gerenciamento de riscos.

Nessa linha de pensamento, a S&P passou a elaborar um benchmark sobre as boas práticas

desenvolvidas pelas empresas em relação ao ERM, e a partir deste estudo, medir a

efetividades das ações e processos de gerenciamento de riscos para a atribuição do rating.

Um ponto de atenção destacado na literatura que dificulta a implementação do

ERM é que existem muitas definições e ao entrar em contato com o assunto muitas das vezes

se tem a impressão de que é muito trabalho (TUOHY, 2004). A partir desta impressão surge

um ponto de reflexão, que se desenvolve acerca de quais os resultados que o ERM irá entregar

que não seriam alcançados pelos processos tradicionais de gerenciamento de riscos. Neste

sentido, em 2004 foi publicado um artigo na revista Risk & Insurance, intitulado ERM: All

Talk, Little Action, em português, todos falam e pouca ação. O artigo de Tuohy (2004) traz

uma reflexão a partir do ponto que não existem desacordos quanto ao reconhecimento da

importância do ERM no mercado segurador. Entretanto, não existem muitas evidências de

implementação na prática.

Frente ao desafio de superar as objeções ao ERM, o modelo vem evoluindo a

partir da coordenação de esforços em conexão com outros processos organizacionais, de

maneira que as definições complexas, que agregam pouco valor a discussão sobre o tema, são

evitadas e dão lugar a uma abordagem mais simples e focada na necessidade dos negócios.

Neste sentido, a abordagem acerca da gestão de riscos corporativos está se

desenvolvendo a partir de duas perspectivas. A primeira, Hazard ERM, focada em controle de

perdas, seguros, transferência, retenção e eliminação de riscos, segue a linha mais tradicional

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de gestão de riscos com uma questão diferencial que é a integração dos silos em uma

abordagem única que tem o objetivo de melhorar o entendimento sobre as exposições inter-

relacionadas. A segunda linha de desenvolvimento é Finance ERM, que está alinhada às

atividades do mercado financeiro, taxas de retorno do capital, interação entre ativos

financeiros, ganhos reportados e fluxo de caixa. Esta abordagem, por sua vez, está suportada

por modelos computacionais para gestão dos ativos financeiros e projeção de resultados

futuros.

Segundo COSO (2004), o ERM pode ser utilizado em organizações de qualquer

tamanho, onde uma grande corporação pode utilizar uma estrutura mais complexa com

diversos níveis de responsabilidade sobre os riscos e escritório de gestão de riscos, e um

negócio pequeno pode adaptar a abordagem ao seu contexto e integrar as práticas aos

processos já existentes ou de forma isolada com foco em entender os desafios para o

desenvolvimento da estratégia empresarial. Essa abordagem moderna sobre o ERM traz uma

mensagem mais simples, onde os esforços são direcionados para o entendimento dos impactos

dos riscos e inter-relações entre ameaças e oportunidades para agregação de valor no contexto

das organizações e sucesso na difusão das boas práticas em gerenciamento de riscos

corporativos.

2.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

Com a revisão da literatura é possível verificar que durante anos prevaleceu o

paradigma relacionado ao gerenciamento de riscos, onde as empresas abordavam os riscos por

uma perspectiva baseada em silos, ao invés de uma visão holística de gestão, comumente

referenciada como ERM (YARAGHI, 2011; HOPKIN, 2010). Nessa perspectiva, a

abordagem geral sustentava o argumento que as empresas teriam aumento de desempenho ao

adotarem os conceitos de gestão de riscos corporativos. Já outras obras destacavam a

complexidade da implementação dos conceitos na prática, apesar das partes interessadas

reconhecerem o valor da abordagem para as organizações (TUOHY, 2004; SAX e TORP,

2015).

Sendo assim, levando-se em consideração o contexto organizacional e ramo de

atividade em que a empresa está inserida, existem diversas variáveis que podem influenciar o

sucesso do processo de implementação dos conceitos de ERM na prática. Dessa maneira, a

identificação das variáveis que podem ampliar a chance de sucesso ou fracasso no

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atingimento das metas estabelecidas torna-se imprescindível para a execução da estratégia

empresarial (ROCKART, 1979).

Na década de 1960 o conceito original de fatores críticos de sucesso ou FCS foi

apresentado por D. Ronald Daniel, que mais a frente foi expandido e aprimorado por Rockart

(1979) com o objetivo de definir as necessidades de informação da alta gestão das

organizações. Dessa maneira, Rockart e Bullen (1981) definem os FCS como áreas

fundamentais de uma determinada atividade, onde as informações e objetivos que o executivo

realmente necessita são realizados através dos resultados favoráveis. Este conjunto de

informações serve para que o executivo possa saber se será necessário executar alguma

atividade de correção de curso ou se está tudo correndo conforme planejado para assegurar a

competitividade de desenvolvimento da organização.

De forma complementar, Rockart e Bullen (1981) apresentam outras definições

sobre FCS, que de forma resumida podem ser abordadas de forma consolidada. Neste sentido,

os FCS podem ser definidos como áreas focais de atividades, foco de atenção da alta direção,

em que os resultados favoráveis são determinantes para o atingimento dos objetivos

planejados, atingimento das metas e prosperidade do negócio.

Na visão de Sanchez e Robert (2010) os FCS representam os pontos onde a gestão

está ou deveria estar concentrando os seus esforços para a manutenção da competitividade da

organização. Tratando-se de uma ferramenta poderosa para explicitar as variáveis em que a

gestão da organização deverá endereçar ações com foco no cumprimento da missão

empresarial.

Apesar da identificação de FCS aparentar ser relativamente simples, com a oferta

de uma ferramenta corporativa de impacto relevante, não é um processo fácil (FREUND,

1988; BEASLEY et al. 2010). De maneira complementar, os referidos autores recomendam

que os FCS sejam o menos genérico possível, para que tenham uma representação mais

significativa como ferramenta de gestão e possam ser combinados para apoiar o objetivo

estratégico da empresa, além de suportar as áreas funcionais a partir de definições específicas.

Freund (1988) aponta que muitas vezes ocorrem problemas de interpretação entre os

conceitos de FCS e indicadores de desempenho, ressaltando a importância de destacar que o

primeiro representa uma descrição objetiva das coisas que devem ser feitas, e o segundo

apresenta a maneira como os resultados devem ser medidos.

Os FCS desde 1970 têm sido utilizados como uma medida de gestão em diversos

seguimentos e áreas de atuação, tais como serviços financeiros, sistemas de informação,

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indústria de transformação, gestão de projetos, gestão da qualidade, gestão da cadeia de

suprimentos, etc. (FREUND, 1988; BEASLEY et al. 2010; BANASADEGH et al. 2014).

No âmbito da gestão de riscos, a identificação de fatores críticos de sucesso é

capaz fazer a ponte entre a literatura e as práticas, de forma a estimular que as organizações

racionalmente avaliem a possibilidade de direcionarem os seus recursos para as coisas que

realmente fazem a diferença entre sucesso e fracasso no cumprimento da tarefa empresarial

(BANASADEGH et al. 2014). Nessa linha de pensamento, Yaraghi (2011) reforça que

existem inúmeras variáveis que podem influenciar o desempenho de uma organização,

levando-se em consideração o contexto no qual o negócio está inserido. Neste sentido, a

identificação das variáveis críticas torna-se vital para que o negócio seja capaz de atingir os

objetivos estabelecidos.

A partir da revisão da literatura sobre os fatores críticos de sucesso para a

implementação da abordagem ERM nas organizações, a ser tratada no Capítulo 3, verificou-se

que alguns artigos trazem casos de sucesso para tratar o tema, enquanto outros trazem os FCS

como mecanismos de facilitação do processo de implementação do ERM.

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3. REVISÃO DA LITERATURA – ESTUDO BIBLIOMÉTRICO

Foram realizadas pesquisas nas bases SCOPUS e SCIELO para fundamentação da

revisão da literatura sobre o tema central do trabalho, tendo como referência para tabulação

das informações e apresentação dos resultados o trabalho de COSTA (2010). Esta etapa da

pesquisa teve como objetivo apresentar a base de conhecimento consolidada na literatura,

assim como o que tem de mais recente sobre o tema abordado, onde o acesso se deu por meio

do Portal de Periódicos da Capes no período de 30 de agosto de 2015 a 13/10/2015.

Adicionalmente, foram realizadas buscas na web, com o intuito de construir uma abordagem

sistematizada para a estruturação da pesquisa de maneira que fosse facilitada a análise da

abrangência do tema central da pesquisa para estabelecimento do ponto de partida.

3.1 SCOPUS

Inicialmente utilizou-se palavras-chave de forma isolada para a realização das

buscas na base de dados SCOPUS, onde os termos escolhidos foram: “Enterprise Risk

Management”; “Risk Governance”; “Critical Success Factors”. Buscou-se neste momento a

investigação e identificação do quantitativo geral de publicações, sem aplicação de filtros de

busca para refinamento dos resultados da pesquisa. Na Tabela 1 são apresentados os

resultados.

Tabela 1 –Palavras-Chave e respectivos resultados encontrados na base SCOPUS

Palavras-Chave SCOPUS

Registros Encontrados

“Enterprise Risk Management” 490

“Risk Governance” 498

“Critical Success Factors” 4351 Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa efetuada por meio do Portal Periódicos Capes, na Base

SCOPUS, acessada no período de 30 de agosto a 13 de outubro de 2015.

As três palavras-chave pesquisadas de forma isolada nas bases SCOPUS

retornaram registros sobre variados temas acerca dos assuntos Enterprise Risk Management,

Gerenciamento de Riscos e Fatores Críticos de Sucesso, como por exemplos, modelos

estatísticos de apoio à decisão, desafios em relação à mudança climática, riscos biológicos,

riscos ambientais, E-commerce, gerenciamento de emergências e riscos à saúde, FCS

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aplicados na educação à distância, Sistemas Integrados de Gestão (ERP), gerenciamento de

qualidade, dentre outros.

Com o objetivo de refinar a pesquisa e reduzir a dispersão dos assuntos abordados

pelos registros encontrados, algumas palavras-chave foram combinadas, de maneira a

convergir para o tema central do presente trabalho, a partir da aplicação do parâmetro de

busca para restringir os resultados apenas para artigos publicados em periódicos no período de

2007 a 2015, sendo descartados artigos e review relacionados aos anais de conferências,

artigos publicados em livros e artigos em idiomas diferentes de português e inglês, chegou-se

ao resultado apresentado na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Frases de pesquisa e respectivos resultados encontrados na base SCOPUS

Palavras-Chave SCOPUS

Registros Encontrados

“Enterprise Risk Management” AND

Success

9

“Risk Governance” AND Project 28

“Critical Success Factors” AND “Risk

Management”

34

TOTAL 71 Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa efetuada por meio do Portal Periódicos Capes, na Base

SCOPUS, acessadas no período de 30 de agosto a 13 de outubro de 2015.

Por fim, após a aplicação dos filtros para o refinamento das buscas, 71 artigos

foram considerados válidos. Dentre esses registros, foram selecionados os artigos com maior

aderência ao tema central da pesquisa, através da análise dos títulos e resumos. Após a

conclusão desta segunda etapa de seleção, com base nos títulos e resumos, 20 artigos foram

selecionados para leitura e análise mais detalhada, sendo estes considerados aderentes e

relevantes para o desenvolvimento do presente estudo e apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 – Lista de artigos da base SCOPUS selecionados para a pesquisa

Autor / Ano de Publicação Breve Resumo

Stoll e Laner (2015) O artigo utiliza um estudo de caso para identificar como os

requisitos de engenharia de sistemas devem ser analisados, a

luz dos padrões de gestão, para a promoção de uma

abordagem sistêmica envolvendo as partes interessadas,

requisitos regulatórios e legais voltados à implementação do

Enterprise Risk Management - ERM com o apoio de

sistemas corporativos.

Stoll e Laner (2015) Este artigo aborda fatores relacionados a segurança da

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informação vis-à-vis com as recomendações da ISO/IEC

27001 – Segurança da Informação, como mecanismo de

mitigação de riscos de falhas técnicas, fraudes, espionagem,

sabotagem e ataques cibernéticos, com o objetivo de

promover uma gestão integrada dos riscos corporativos.

Thomya e Saenchaiyathon

(2015)

O estudo relaciona o gerenciamento dos riscos com o

desempenho organizacional para a criação dos benefícios

para as partes interessadas e eliminação de falhas no alcance

dos objetivos planejados através do reconhecimento da

cultura organizacional como fator crítico para iniciativas de

ERM.

Sax e Torp (2015) Um estudo de caso com empresas dinamarquesas top 500 é

utilizado para testar os efeitos da segurança psicológica e

estilo participativo de liderança no desempenho das

empresas no gerenciamento dos riscos.

Hallowell et al. (2013) O artigo examina, a partir de um estudo de caso com 52

Departamentos de Transportes – DOT dos Estados Unidos, o

grau de formalização e uso das práticas de ERM, de forma a

identificar com o apoio dos executivos entrevistados e

revisão da literatura, os fatores mais relevantes para o

sucesso das iniciativas com este foco.

Thamhain e Skelton

(2007)

O objetivo principal desta pesquisa foi explorar as práticas

de gestão e processos de negócios associados ao ERM em

projetos complexos e intensivos em tecnologia, como é o

caso dos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D,

com foco no envolvimento das partes interessadas e ações

tomadas logo nas fases iniciais do projeto para reduzir a

exposição à riscos específicos, assim como, garantir o

comprometimento dos recursos e performance na entrega

dos resultados acordados.

Fraser (2013) Este artigo aborda uma revisão da literatura sobre Enterprise

Risk Management - ERM, com ênfase na identificação das

características essenciais, com o objetivo de apresentar um

guia para simplificar o processo de implementação e ampliar

a eficácia no alcance dos resultados esperados.

Botha e Van Niekerk

(2013)

Refere-se ao estudo sobre governança de riscos a partir de

um estudo de caso sobre um projeto intitulado Views From

the Frontline - VFL que faz parte da iniciativa global das

Nações Unidas para a redução de desastres.

Scheer (2013) O objetivo da pesquisa foi estudar o impacto das novas

tecnologias, inovadoras no setor industrial, no que tange as

questões relacionadas aos riscos emergentes e segurança. A

partir do projeto iNTeg-Risk, foram compilados os

resultados de 17 estudos de caso e buscou verificar como os

mesmos cobriam as questões relacionadas à governança de

riscos.

Heintz et al. (2012) O referido artigo foi desenvolvido a partir de dois estudos de

caso, onde o primeiro visava investigar o nível de aceitação

das políticas relativas à avaliação e gestão de riscos entre os

decisores, e o segundo, buscou mapear oportunidades de

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melhorias e recomendações para ampliar a chance de

sucesso para futuras implementações.

Zafft (2012) A presente pesquisa analisou falhas de projetos na entrega

dos resultados esperados, em virtude da abordagem de

realização estar direcionada de maneira isolada e

operacional, quando deveria ser conduzida como uma

carteira de projetos com estregas de resultados claros para o

negócio.

Wentholt et al. (2009). O referido artigo investiga a queda da confiança do público

em relação à governança de riscos no âmbito de alimentos,

tendo como base a quantidade de crises internacionais e na

Europa, além do baixo nível de transparência das práticas de

gerenciamento de riscos e participação das pessoas no

processo de tomada de decisão.

Chileshe e Kikwasi (2014) Trata-se de uma pesquisa desenvolvida com o objetivo de

investigar a percepção dos profissionais da construção em

relação às práticas de análise e gerenciamento de riscos.

Banasadegh et al. (2014) O estudo visa classificar e priorizar os Fatores Críticos de

Sucesso - FCS necessários para gestão de risco, tendo como

estudo de caso o setor de petróleo e gás no Irã.

Junior e Carvalho (2013) O trabalho objetiva compreender o impacto da gestão de

risco no desempenho do projeto, a partir da investigação do

grau de difusão de práticas de gestão de risco em empresas

brasileiras. O estudo de caso pesquisou 415 projetos com

níveis diferentes de complexidade em diferentes setores

industriais no Brasil."

Gibson e Young (2012) O referido estudo aborda os FCS para implementação de um

sistema de gestão de riscos operacionais, com a revisão da

literatura e aplicação de questionário para confirmação dos

fatores mais relevantes.

Aven (2012) Trata-se de uma revisão da literatura que aborda o desafio

para produzir novos conhecimentos em gestão de riscos e os

seus FCS e o importante papel dos periódicos e normas

internacionais.

Yaraghi e Langhe (2011) O trabalho apresenta um método por perspectivas para

identificação dos FCS em sistemas de gerenciamento de

riscos.

Sanchez e Robert (2010) O artigo propõe FCS para ajudar a medir o desempenho

estratégico e monitorar a materialização de riscos e

oportunidades que influenciam o desempenho da carteira de

projetos.

Low et al. (2009) O objetivo desta pesquisa foi examinar como as empresas de

construção chinesas tentam gerenciar riscos externos

(financeiros, políticos e culturais) durante o período que se

aventuram fora do seu país de origem. Fonte: Elaboração própria.

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3.2 SCIELO

Foram realizadas buscas na base SCIELO através de palavras-chave, onde os

termos escolhidos foram: “Enterprise Risk Management”; “Risk Governance and Risk

Management”; “Critical Success Factors”. Como resultado da pesquisa na base de dados,

encontrou-se 4 artigos apresentados na Tabela 3, que foram lidos e analisados para verificação

de convergência com o tema central da pesquisa, que foi observada em 2 trabalhos.

Adicionalmente, vale destacar que foi realizada a busca com os termos em português

“Gerenciamento de Riscos Corporativos”, “Governança de Riscos” e “Fatores Críticos de

Sucesso e Gerenciamento de Riscos”, com retorno de 1 (um) registro para o primeiro termo e

nenhum registro para os outros termos pesquisados.

Tabela 3 – Palavras-Chave e respectivos resultados encontrados na base SCIELO

Palavras-Chave Scielo

Registros Encontrados

“Enterprise Risk Management” 1

“Risk Governance” 1

“Critical Success Factors” and “Risk

Management”

2

Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa efetuada por meio do Portal Periódicos Capes, na Base

SCIELO, acessadas no período de 30 de agosto a 13 de outubro de 2015.

Conforme apresentado na Tabela 4, os trabalhos que foram descartados

abordavam temas diversos e não relacionados aos objetivos do presente estudo, como

exemplos, gerenciamento de riscos para implantação de sistemas ERP – Enterprise Resourse

Plannig, comunicação e governança de riscos aplicadas no caso de áreas contaminadas por

chumbo. Os outros 2 (dois) artigos aderentes à pesquisa estão relacionados no Quadro 3.

Tabela 4 – Artigos descartados da base de dados SCIELO

Motivo do Descarte Quantidade de Artigos

Descartados

Justificativa da Ação

Aderência ao tema central da

pesquisa.

3 Artigos não aderentes ao

tema central da pesquisa.

TOTAL 3 Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa efetuada por meio do Portal Periódicos Capes, na Base

SCIELO, acessadas no período de 30 de agosto a 13 de outubro de 2015.

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Quadro 3 – Lista de artigos da base SCIELO selecionados para a pesquisa

Autor / Ano de

Publicação

Breve Resumo

Di Serio et al. (2011) A pesquisa descreve a implementação do ERM em três

empresas brasileiras com atuação global e avalia os desafios e

fatores de facilitação. Além de propor um modelo que associa

os benefícios do gerenciamento de riscos para o processo de

transformação organizacional considerando os resultados

obtidos em termos de desempenho e cultura da empresarial.

Rabechini Junior e

Monteiro de Carvalho

(2013)

O artigo examina o impacto da gestão de riscos no desempenho

dos projetos a partir de um estudo de caso envolvendo 415

empresas de diferentes setores industriais brasileiros e variados

níveis de complexidade. Fonte: Elaboração própria.

3.3 OUTRAS REFERÊNCIAS IMPORTANTES

Com o objetivo de agregar maior abrangência a pesquisa, foram realizadas buscas

adicionais no Portal de Periódicos CAPES, além de revistas, livros e documentos disponíveis

na web, com conteúdo especializado sobre o tema abordado pelo presente trabalho. Como

resultado desta etapa adicional de buscas, foram selecionados, após leitura e análise, 14

artigos, 16 livros, 5 jornais / revistas e 9 documentos por apresentarem convergência com o

tema central da pesquisa e informações importantes para elucidação das questões levantadas

pelo presente estudo, conforme Quadro 4 a seguir:

Todas as referências foram citadas no Capítulo 2 – Fundamentação Teórica.

Quadro 4 – Outras referências importantes para a pesquisa

Autor / Ano de

Publicação

Base de

Pesquisa

Título da Fonte de Publicação Tipo de

Documento

Zhao et al. (2012) Emerald Management Decision

Artigos

Freund (1988) Planning Review

Rockart (1979)

Scopus

Harvard Business Review

Sharman (2002) British Journal Of Administrative

Management

Cooke-Davies (2002) International Journal Of Project

Management

Simkins (2008) Journal Of Applied Finance

Purdy (2010) Risk Analysis

Renn e Sellke (2011) Performability Engineering

Page 49: FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À … Kyllbert... · linha argumentativa, ... Este novo olhar mais completo sobre os riscos corporativos é comumente referido pela literatura

49

Dionne (2013) Risk Management And Insurance

Review

Covello e Mumpower

(1985)

Wiley

Online

Library

Risk Analysis

AABO et al. (2005) Journal Of Applied Corporate Finance

Rockart (1981) Massachusetts Institute of Technology

- MIT

Crockford (1982) Palgrave Macmillan

Likert (1932) Archives of Psychology

Dusilek (1984) JUERP

Livros

Barton et al. (2002) Fei Researsh Foundation

Kerzner (2002) Bookman

COSO (2004) Comittee of Sponsoring Organizations

of The Treadway Commission - COSO

IRGC (2005) International Risk Governance

Council -IRGC Renn (2005)

Vergara (2007) Atlas

Hwang (2010) Kolb Series In Finance

Beasley et al. (2010) Comittee of Sponsoring Organizations

of The Treadway Commission - COSO

Hopkin (2010) The Institute Of Risk Management

OGC (2010) Office of Government Commerce -

OGC

PMBOK (2013) Project Management Institute – PMI

Steinberg (2011)

Jhon Wiley & Sons, Inc. Cendrowski e Mair,

(2009)

Fraser e Simkins (2009)

Gray (2012) Penso - Artmed

Ore (1960) American Mathematical Monthly

Jornais/

Revistas

Berry (1998) Risk Management

Banham (2004) Journal Of Accountancy

Tuohy (2004) Risk & Insurance

Bowling e Rieger (2005) Bank Accounting & Finance

Ward (2006) Standard & Poor's

Documentos

NASA (2007) NASA

Rims (2008) RIMS

ISO (2009) International Organization For

Standardization – ISO

IRM (2012) Institute of Risk Management

Paixão (2014) Universidade Federal Fluminense

Deloitte (2012) Deloitte

PMsurvey (2013) Project Management Institute - PMI

Araújo (2015) Universidade do Minho

Fonte: Elaboração própria a partir de pesquisa efetuada por meio do Portal Periódicos Capes, livros e

documentos com conteúdo especializado.

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50

3.4 SINTESE DA REVISÃO DA LITERATURA

Para melhor endereçamento dos fatores críticos de sucesso identificados com a

revisão da literatura, o Quadro 5 apresentada os critérios básicos que foram considerados para

embasar a categorização dos FCS de acordo com as dimensões apresentadas por COSO

(2004): Estratégico, Operações, Comunicação e Conformidade.

Quadro 5: Critérios básicos para a categorização dos FCS

Dimensões Critério Básico

Estratégico

Objetivos de alto nível, alinhados e suportados pela missão da

empresa.

Alinhamento entre apetite para riscos e a estratégia

Estrutura Organizacional

Cultura Empresarial

Governança

Atitudes em relação ao risco

Operações

Alinhamento entre autoridade e responsabilidade

Eficácia e Eficiência no uso dos recursos

Comprometimento e Competência

Estrutura de processos

Treinamento e Capacitação

Tecnologia

Controles organizacionais

Comunicação

Confiabilidade dos relatórios

Efetividade

Alinhamento com as necessidades das partes interessadas

Qualidade das informações

Conformidade

Leis aplicáveis e regulamentações

Funções e Responsabilidades

Código de conduta

Fonte: Adaptado de COSO, 2004.

3.5 FCS IDENTIFICADOS NA LITERATURA POR AUTOR E DIMENSÃO

Em seguida, são apresentados os FCS citados pelos autores pesquisados, sendo

que de maneira agrupada e categorizada de acordo com as dimensões citadas anteriormente.

O Quadro 6 é uma contribuição importante para pesquisa no que se refere à abrangência do

tema Enterprise Risk Management a partir da visão de diversos autores que abordam o

assunto em questão, levando-se em consideração as dimensões abordadas pelo COSO

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(2014) e os FCS identificados na etapa de revisão da literatura. Esta apresentação

consolidada das informações, foi motivada pelo desejo de simplificar e tornar direta a

apresentação dos autores que fundamentam cada um dos fatores estudados pelo trabalho, de

forma a constituir uma fonte rápida de consulta para os que desejarem avançar no

conhecimento detalhado sobre cada FCS analisado pela pesquisa, com vistas à atualização

profissional, avanço no interesse sobre o tema e/ou desenvolvimento de novas pesquisas.

Quadro 6: Tabulação dos FCS identificados na literatura por autor e dimensão

Dimensões Fatores Autores

Estratégico Comprometimento da

alta gestão

Banasadegh et al. (2014); Hallowell et

al. (2013); Sax e Torp (2015); Gibson e

Young (2012); Yaraghi e Langhe

(2011); Di Serio et al. (2011); Berry

(1998); PMBOK (2013); ISO (2009);

OGC (2010); Bowling e Rieger (2005);

Simkins (2008); Dionne (2013).

Tolerância e apetite

para riscos

Gibson e Young (2012); Thomya e

Saenchaiyathon (2015); PMBOK

(2013); Dionne (2013); ISO (2009);

OGC (2010); COSO (2004).

Aproveitamento de

oportunidades

Sax e Torp (2015); Rabechini Junior e

Monteiro de Carvalho (2013); PMBOK

(2013); ISO (2009); OGC (2010);

Sharman (2002); Berry e Phillips

(1998).

Operações Ponto focal no

processo de ERM

Sax e Torp (2015); Stoll e Laner

(2015); Banham (2004); Zhao et al.

(2012).

Consciência e cultura

de riscos

Banasadegh et al. (2014); Hallowell et

al. (2013); Sax e Torp (2015); Stoll e

Laner (2015); Gibson e Young (2012);

Gibson e Young (2012); Thomya e

Saenchaiyathon (2015); Yaraghi e

Langhe (2011); Di Serio et al. (2011);

PMBOK (2013); ISO (2009); OGC

(2010); Ward (2006); Cendrowski e

Mair (2009); Hopkin (2010); IRM

(2012).

Disponibilidade de

recursos

Hallowell et al. (2013); Stoll e Laner

(2015); Gibson e Young (2012);

Yaraghi e Langhe (2011); PMBOK

(2013); ISO (2009); OGC (2010);

AABO et al. (2005); RIMS (2008)

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Identificação de riscos,

análise e resposta

Botha e Van Niekerk (2013); Sax e

Torp (2015); Stoll e Laner (2015); Di

Serio et al. (2011); Berry (1998);

PMBOK (2013); ISO (2009); OGC

(2010); FRASER (2010).

Indicadores de risco,

monitoramento,

revisão e melhoria

Botha e Van Niekerk (2013); Stoll e

Laner (2015); Gibson e Young (2012);

Di Serio et al. (2011); PMBOK

(2013); ISO (2009); OGC (2010);

Dafikpaku (2011); Hwang (2010);

Beasley et al. (2010).

Comunicação Comunicação de riscos Banasadegh et al. (2014); Gibson e

Young (2012); Yaraghi e Langhe

(2011); PMBOK (2013); ISO (2009);

OGC (2010); Barton et al. (2002);

Dafikpaku (2011).

Conformidade Conformidade da

instituição com leis e

regulamentos

aplicáveis.

Hallowell et al. (2013); Stoll e Laner

(2015); Gibson e Young (2012); Di

Serio et al. (2011); Berry (1998);

PMBOK (2013); ISO (2009); OGC

(2010); Barton (2002). Fonte: Elaboração Própria.

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4. METODOLOGIA DE PESQUISA

Este capítulo tem como proposta apresentar a metodologia da pesquisa, dentro de

um fluxo lógico, onde os fatores críticos que mais influenciam no sucesso das iniciativas de

Enterprise Risk Management – ERM sejam identificados, assim como, os objetivos propostos

para este estudo sejam atingidos de maneira satisfatória.

Metodologia de pesquisa, segundo Dusilek (1984), é uma abordagem sistemática

de condução de estudos, com procedimentos racionais e lógicos voltados à solução de

problemas que afetem o conhecimento do homem. Nessa linha de pensamento, a palavra

pesquisa é utilizada no contexto acadêmico como referência ao exame cuidadoso, ou

detalhado, com o objetivo de investigar e descobrir novas informações e relações, assim como

expandir e verificar o conhecimento existente.

De acordo com Vergara (2007), a pesquisa exploratória é recomendada nos casos

em que existe pouco conhecimento acumulado e sistematizado sobre o objeto de estudo. O

referido autor tem a sua abordagem baseada em dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos

meios. No primeiro ponto, a pesquisa é considerada exploratória por estar fundamentada em

referência bibliográfica. Quanto ao segundo ponto, relativo aos meios, a pesquisa é

considerada bibliográfica em virtude de ter como produto final um estudo direcionado,

desenvolvido a partir de referencial teórico disponível nas produções literárias sobre o tema

em questão.

Apesar do assunto gerenciamento de riscos ser amplamente difundido e contar

com um grande número de referências bibliográficas, ainda existe pouca produção acadêmica

sobre os fatores críticos para o sucesso das iniciativas de gerenciamento de riscos

corporativos. Dessa forma, este estudo realizou uma pesquisa exploratória, com o objetivo de

tornar o tema mais explícito e proporcionar maior familiaridade e elucidação acerca do

problema de pesquisa. Para tanto, com o objetivo de fornecer suporte teórico ao estudo, a

pesquisa realizou-se a partir da revisão estruturada e sistematizada da literatura com artigos de

revistas especializadas, periódicos, livros e material disponível ao público em geral. As

principais bases pesquisadas durante a etapa de revisão da literatura foram SCOPUS e

SCIELO.

O presente trabalho é caracterizado como exploratório, em virtude do seu

objetivo; a pesquisa do tipo exploratória tem como principal finalidade a fomentação de novas

ideias, e/ou o esclarecimento e a modificação de ideias já existentes. De acordo com Vergara

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(2007), exige que o pesquisador seja familiarizado com a realidade investigada, por isso, uma

vez que acontece em área com pouco conhecimento acumulado e sistematizado.

Para Araújo et al. (2008), é uma abordagem metodológica adequada a busca pela

compreensão, exploração ou descrição de acontecimentos em contextos complexos, com a

existência e influência simultânea de diversos fatores. De forma que o investigador seja capaz

de identificar as interações entre os fatores relevantes para o entendimento da dinâmica do

fenômeno e/ou processos investigados. De forma similar, Yin (2009) destaca a relevância da

investigação prática para ampliação do conhecimento acerca de elementos de determinada

teoria já desenvolvida e/ou desenvolvimento de novos conceitos.

Neste sentido, é realizada uma consulta aos especialistas, com o objetivo de

mapear a percepção destes profissionais em gerenciamento de riscos acerca dos fatores que

podem influenciar no sucesso das iniciativas de gerenciamento de riscos corporativos, com o

auxílio de questionário construído e disponibilizado a partir da ferramenta on line

encuestafacil.com. Com a conclusão deste levantamento de informações, são propostas ações

relacionadas aos principais FCS identificados, com vistas a ampliar as chances de sucesso

para iniciativas com foco na implementação do ERM.

4.1 ETAPAS DA PESQUISA

Com o objetivo de ampliar a compreensão acerca das etapas planejadas para a

pesquisa e atingir os objetivos propostos, segue abaixo o detalhamento de cada etapa:

Revisão da literatura para mapear os fatores considerados críticos para o sucesso das

iniciativas de gestão de riscos corporativos, assim como, os mais citados pelos autores

pesquisados;

Desenvolvimento do instrumento de pesquisa (questionário) que foi aplicado aos

especialistas em gestão de riscos para identificar, dentre um conjunto de FCS

mapeados na etapa de revisão da literatura, aqueles que mais influenciam no sucesso

das iniciativas de gestão de riscos corporativos, além do procedimento de coleta de

dados que também faz parte do escopo desta etapa.

Consolidação da Pesquisa para análise dos resultados, bem como, estruturação de

conclusões da pesquisa.

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4.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Dentro dos objetivos definidos para o estudo, o grupo de pessoas ou empresas de

interesse da pesquisa é definido como Universo ou população. Contudo, existem casos em

que a população a ser pesquisada está em número superior a capacidade operacional de

realização do estudo. Segundo Dusilek (1984), para estes casos é necessário utilizar o

processo de amostragem para extrair uma parcela dessa população para investigação. O

objetivo do processo de amostragem é estabelecer um subconjunto que represente a população

de acordo com os objetivos da pesquisa. Para se ter uma amostra probabilística, a parcela da

população deve ser extraída de forma que os membros desse grupo tenham a mesma chance

estatística de integrarem a amostra (DUSILEK, 1984).

Vergara (2007), define universo, ou população, como um conjunto de elementos

com características convergentes com os interesses do estudo. Em complemento, a amostra é

definida com um critério de representatividade a partir do universo selecionado.

O universo desta pesquisa é uma corretora cativa* do segmento de seguros,

especializada em gerenciamento de riscos, estruturação de programas de seguros e garantias

no Brasil e no exterior, representada por seus aproximadamente 97 integrantes, dentre estes,

93 com experiência na área de gerenciamento de riscos, que foram consultados a partir de

uma amostra não probabilística por julgamento.

4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

De acordo com a visão de Vergara (2007), que defende a necessidade da coleta de

dados para responder ao problema da pesquisa, o presente trabalho reconhece a validade do

referido posicionamento, tanto para o estudo de caso, quanto para a revisão da literatura.

Nessa linha argumentativa, é definido para este trabalho que a revisão da literatura e o

questionário são os instrumentos de coleta de dados para a pesquisa bibliográfica e estudo de

caso, respectivamente.

A pesquisa bibliográfica, realizada com o apoio de artigos publicados em revistas

especializadas, periódicos, livros e materiais disponíveis ao público em geral, objetivou, a

partir dessa pesquisa estruturada, construir uma base de conhecimento teórico para o estudo,

*Corretora cativa – empresa constituída para intermediar os assuntos de seguros junto ao mercado segurador, em

apoio exclusivo às empresas do mesmo grupo empresarial em que está inserida.

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identificando informações relevantes sobre o tema, com a contribuição de autores para o

atendimento do objetivo deste estudo.

Os fatores críticos de sucesso para a implementação da gestão de riscos

corporativos – ERM, identificados na revisão de literatura, foram a base para o

desenvolvimento do questionário, com o objetivo de construir um instrumento de pesquisa em

alinhamento com o referencial teórico do estudo para endereçamento dos objetivos da

pesquisa.

Vale ressaltar que antes do envio do questionário de pesquisa foi realizado um

pré-teste, para validar as questões e as opções de resposta propostas, permitindo maior

precisão na formatação final do instrumento de pesquisa (VERGARA; 2007).

O questionário de pesquisa tem um total de 15 questões, sendo 4 questões iniciais

sobre o perfil do respondente, 10 fechadas e 1 discursiva. Em relação à escala para avaliação

dos fatores críticos de sucesso identificados na revisão da literatura, optou-se pela utilização

da escala Likert unipolar de 5 pontos, uma vez que a mesma possibilita medir o grau de

influência dos FCS para implementação de iniciativas de ERM, utilizando opções de resposta

que variam do grau de influência muito alta para a influência muito baixa, onde cada opção é

representada por um número em uma escala de 1 a 5. Isto permite descobrir níveis de opinião

sobre o assunto pesquisado, diferentemente de uma simples pergunta de resposta sim ou não

(LIKERT, 1932; GRAY, 2012).

As escalas adotadas pelo questionário foram adaptadas com base no trabalho de

Gray (2012) e estão representadas pelo Quadro 07. No Apêndice A encontra-se o

Questionário de Pesquisa completo.

Quadro 7: Escala de avaliação

Fonte: Adaptado de Gray (2012).

Em uma etapa introdutória, foi coletado com o instrumento de pesquisa

informações sobre o perfil do respondente, e em outra etapa, os entrevistados tiveram acesso a

informações sobre a pesquisa, o conteúdo abordado e a importância de sua participação.

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Dessa forma, as informações obtidas contribuíram com dados importantes para responder ao

problema da pesquisa.

Neste sentido, segue abaixo a relação dos 10 FCS que mais influenciam o

processo de implementação de iniciativas de ERM de acordo com a revisão da literatura, que

foram analisados pelos especialistas quanto ao grau de influência no processo de

implementação de iniciativas com este foco:

Comprometimento da alta gestão – é reconhecido como um fator crítico de sucesso

por ser uma força interna de propulsão da implementação do ERM na organização

(SHARMAN, 2002; WARD, 2006). De maneira que os demais integrantes percebem

o processo como prioritário e essencial para a organização, o que facilita o

alinhamento da estratégia de riscos com os objetivos da organização (BOWLING e

RIEGER, 2005; SIMKINS, 2008).

Tolerância e apetite para riscos – por definição, tolerância a riscos é o grau,

quantidade ou o volume de riscos ao qual uma organização está disposta a tolerar e

apetite para riscos é o grau de incerteza que a empresa está disposta a aceitar tendo

como expectativa uma recompensa (PMBOK, 2013). Nessa perspectiva, estes dois

fatores são componentes do modelo de negócio que fazem o balizamento entre os

objetivos primários da organização e o nível de conforto desejado para atingi-los

(COSO, 2004; ISO, 2009).

Aproveitamento de oportunidades - um fator de sucesso para estratégias de ERM,

segundo Sharman (2002) é o grau de aproveitamento das oportunidades. É

reconhecido pela literatura, que o foco da abordagem de riscos muitas das vezes se

concentra nas ameaças e não envolvem os mecanismos de alavancagem das

oportunidades com o esforço necessário. De acordo com (Berry e Phillips, 1998),

quando uma organização possui uma capacidade maior de gerir riscos do que seus

concorrentes isto se consolida um importante diferencial competitivo, uma vez que ela

entende melhor os cenários de incerteza e amplia as chances de alavancar novas

oportunidades.

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Ponto focal no processo de ERM – é importante que a empresa tenha um responsável

por gerenciar e supervisionar os riscos (BANHAM, 2004). Em alguns casos aparece a

posição do Chief Risk Officer, que é o responsável pelo escritório de gerenciamento de

riscos, como mecanismos de facilitação da interlocução entre investidores e

integrantes para assuntos relacionados à gestão de riscos. Como alternativa ao

responsável pelo ERM, Zhao et al. (2012) define executivos sêniores e comitês de

gestão de risco como possíveis substitutos.

Consciência e cultura de riscos – de acordo com IRM (2012), a cultura de risco faz

parte da cultura corporativa e descreve os valores, crenças, conhecimentos, atitudes e

entendimentos sobre os riscos compartilhados por um grupo de pessoas, em particular,

funcionários de uma determinada organização, times ou grupos de trabalho com

interesse comum. Adicionalmente, a cultura e consciência de riscos devem permear

em todos os níveis da organização de forma que o processo de tomada de decisão

tenha como componente a consciência do risco (WARD, 2006; CENDROWSKI e

MAIR, 2009; HOPKIN, 2010; HEINTZ et al. (2012).

Disponibilidade de recursos – pessoal qualificado, orçamento, experiência, tempo

necessário para a implementação do ERM. De maneira que os processos de

gerenciamento de riscos sejam melhorados a partir do envolvimento das pessoas e

correta alocação dos recursos, ferramentas e técnicas (AABO et al. 2005; RIMS,

2008).

Identificação de riscos, análise e resposta – a partir de fontes internas e externas de

riscos as organizações identificam, analisam e desenvolvem as respostas as exposições

mapeadas. Com a execução destas ações, é possível desenvolver uma lista dos

principais riscos com potencial influência sobre os resultados planejados, o que a

ajuda no processo de priorização para estruturação de respostas para reduzir a

probabilidade de ocorrência e/ou impacto destes eventos (PMBOK, 2013; ISO, 2009;

OGC, 2010; FRASER, 2010).

Indicadores de risco, monitoramento, revisão e melhoria – os indicadores de riscos

também são referenciados pela literatura como early warning indicators, em

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português, indicadores de alerta antecipados, que ajudam o processo de

monitoramento dos riscos através do estabelecimento de limites que são gatilhos para

ações proativas para gerenciar os riscos em conformidade com o planejamento

realizado (PMBOK, 2013; ISO; 2009; OGC, 2010; DAFIKPAKU, 2011; SANCHEZ e

ROBERT, 2010). Através do processo de monitoramento contínuo dos riscos e da

eficiência e eficácia dos processos de gerenciamento dos riscos é possível verificar se

os processos de ERM, políticas e procedimentos ainda continuam atendendo as

necessidades do negócio. Sendo assim, através do processo de revisão e

aperfeiçoamento os processos, políticas e planos podem ser melhorados

continuamente com o objetivo de suportar o desempenho organizacional (HWANG,

2010 e BEASLEY et al. 2010).

Comunicação de riscos – o fluxo de informações entre as partes envolvidas nos

processos de riscos é fator crítico para iniciativas de ERM. A transparência e fluidez

do processo de comunicação entre as diversas camadas de gestão e operação da

empresa faz com que as estratégias de gestão de riscos sejam mais bem desenvolvidas,

tendo em vista a maior compreensão das partes envolvidas sobre os riscos. Outro

ponto importante do processo é a precisão e agilidade das informações com vistas a

garantir que os riscos sejam relatados entre as camadas de gestão da organização e

sejam integrados ao processo de tomada de decisão (BARTON et al. 2002;

DAFIKPAKU, 2011).

Conformidade da instituição com leis e regulamentos aplicáveis – é destacado pela

literatura com fator relevante para verificar conformidade das práticas da instituição

com as políticas, leis e regulamentos internos e externos. De forma que, as empresas

com comportamento mais alinhado com os padrões reconhecidos pelo mercado como

boas práticas são valorizadas e aceitas mais facilmente como um bom parceiro de

negócios pelos seus clientes e fornecedores (COSO, 2004; HALLOWELL et al. 2013;

BARTON, 2002).

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60

4.4 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

Nesta pesquisa, os dados coletados foram organizados sob a forma de tabelas,

quadros e de níveis agrupados por categorias criadas para análise. O tratamento dos dados, de

acordo com Vergara (2007), é a seção onde é apresentado ao leitor como os dados coletados

serão utilizados e a justificativa da escolha do método de tratamento para atingir aos

propósitos do projeto.

Desta forma, os dados obtidos foram tratados por meio de estatística descritiva,

com a compilação dos dados a partir da moda, que representa o valor mais frequente ocorreu

na amostra. Com esta ação, foi possível construir gráficos para a compilação dos dados e

apresentação de distribuição de frequência dos FCS pesquisados.

Após a conclusão desta etapa, foi realizada a análise dados coletados, a luz da

revisão bibliográfica sobre o tema pesquisa, com o objetivo de verificar convergências entre

as percepções, e lacunas de informações que se apresentem como oportunidades para o

desenvolvimento de futuros estudos sobre o tema.

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61

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Para a realização da etapa de mapeamento das percepções dos especialistas em

gestão de riscos corporativos sobre os fatores que mais influenciam no sucesso de inciativas

de implementação do ERM, foi desenvolvido um questionário composto por um total de 15

questões, sendo 4 questões iniciais sobre o perfil do respondente, 10 fechadas e 1 discursiva

(conforme apresentado no Apêndice A - Questionário de pesquisa para avaliar, de acordo com

a percepção dos especialistas em gestão de riscos, o grau de influência dos FCS - Fatores

Críticos de Sucesso nas Iniciativas de ERM - Enterprise Risk Management).

Inicialmente, durante a fase de pré-teste, o questionário foi enviado para 4

especialistas, com o objetivo de validar as questões e as opções de resposta propostas,

permitindo maior precisão na formatação final do instrumento de pesquisa. Nesta ocasião, 2

especialistas retornaram o contato com as seguintes recomendações:

Modificar o título do questionário para inclusão do texto completo, Fatores Críticos de

Sucesso, ao invés de somente FCS;

A inclusão na folha de introdução do questionário dos conceitos principais abordados

pela pesquisa, a saber, ERM e FCS;

Maior detalhamento do texto explicativo do FCS5 – Consciência e Cultura de Riscos,

com o objetivo de tornar mais claro o entendimento das bases adotadas pela pesquisa

para tratamento do assunto em questão.

As recomendações realizadas na etapa de pré-teste foram consideradas pertinentes

para a melhoria do instrumento de pesquisa e, portanto, incorporadas ao questionário através

de um processo de revisão na ferramenta on line encuestafacil.com.

Em etapa posterior, foi enviado um e-mail para todos os especialistas informando

os objetivos da pesquisa e a importância da participação a partir da resposta ao questionário,

além de orientações para encontrar o e-mail da pesquisa, caso o mesmo fosse direcionado para

caixa de spam ou lixo eletrônico. Cumprido este passo, o questionário foi enviado por e-mail

aos respondentes, com apenas 4 casos onde foi necessário o contato telefônico e reenvio do

link para o questionário.

O universo pesquisado é composto por 93 especialistas, com diferentes formações

acadêmicas, cargos, experiência em gerenciamento de riscos e tempo de empresa. A aplicação

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do questionário foi iniciada no dia 18/03/2016 e finalizada no dia 1 de abril de 2016,

conforme apresentado pela Figura 7.

Figura 7: Diagrama de respostas ao questionário

5.2 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

Dentre os 93 especialistas consultados, 60 responderam ao questionário, sendo

que destes, 13 responderam de forma incompleta e foram descartados, o que resultou em um

quantitativo final de 47 respondentes, representando uma taxa de retorno de 51%. No que se

refere ao perfil dos respondentes, apresentado pela Figura 8, é importante destacar que 38%

dos profissionais consultados possuem mais de 10 anos de experiência em gerenciamento de

riscos, 44,68% são pós-graduados, 12,77% possuem titulação de mestre e 32% possuem entre

3 e 6 anos de tempo de empresa.

0

10

20

Diagrama de Respostas

Respondidos

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Figura 8: Perfil dos respondentes – experiência em gerenciamento de riscos, nível de

escolaridade e tempo de empresa

A Figura 9 ilustra a característica especialista da corretora de seguros pesquisada

no que tange as questões relacionadas à riscos, uma vez que dos 47 respondentes, 35

executam funções diretamente relacionadas com riscos, totalizando 74% dos especialistas,

distribuídos entre as mais diversas funções, além dos demais respondentes (26%), que

conduzem funções de apoio ao processo de gerenciamento de riscos relacionadas aos temas

conformidade, sistemas, processos, gestão financeira, garantias e apoio administrativo (ver

Figura 9).

Outro ponto relevante a ser destacado, com os resultados apresentados pela Figura

9, foi a abrangência no mapeamento da percepção dos especialistas que desempenham as mais

diversas funções relacionadas ao gerenciamento de riscos, com a participação de profissionais

de apoio operacional, funções estratégicas, como o Vice Presidente, Técnicas, a exemplo,

Engenheiro Civil, Analista de Sistemas, Administrador e Economista, assim como os

Gerentes de Riscos e outros especialistas com programas específicos sobre o tema em

questão, o que contribuiu para o estabelecimento de uma visão holística sobre os FCS, em

alinhamento com os fundamentos do ERM.

34%

9%19%

38%

Anos de experiência em Gerenciamento de

Riscos:

até 3 anos

entre 3 e 6 anos

entre 6 e 9 anos

mais de 10 anos

30%

32%

23%

15%

Tempo de empresa

até 3 anos

entre 3 e 6 anos

entre 6 e 9 anos

mais de 10 anos

0,00%12,77%

44,68%

40,43%

2,13%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Doutorado Mestrado Pós - Graduação Superior Ensino Médio

Nível de Escolaridade

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64

Figura 9: Perfil dos respondentes – Cargo ou Função

Para estruturação dos dados coletados e sistematização da apresentação dos

resultados, foram utilizadas as mesmas bases demonstradas no Quadro 6 “Tabulação dos FCS

identificados na Literatura por Autor e Dimensão” com o objetivo de dar mais fluidez a

pesquisa através da simplificação do processo de compreensão. Dessa forma, as frequências

atribuídas aos 10 fatores críticos de sucesso avaliados quanto ao grau de influência no sucesso

de iniciativas de ERM, são demonstradas nesta subseção a partir de quadros e gráficos.

Quadro 8 – Distribuição de frequência dos FCS por grau de influência

Fatores Críticos de Sucesso

Grau de Influência

Escala de Avaliação

5 -

Muito

Alta

%

(Frenq.)

Respostas

4 - Alta %

(Frenq.)

Respostas

3 -

Média

%

(Frenq.)

Respostas

2 -

Baixa

%

(Frenq.)

Respostas

1 -

Muito

Baixa

%

(Frenq.)

Respostas

Comprometimento da alta

gestão (FCS1) 28 22,58% 12 5,04% 7 7,87% 0 0,00% 0 0,00%

Tolerância e apetite para

riscos (FCS2) 8 6,45% 20 8,40% 11 12,36% 7 41,18% 1 50,00%

18

43 3 3

2 2 21 1 1 1 1 1 1 1 1 1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Freq

uên

cia

de R

esp

ost

as

Cargo ou Função

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65

Aproveitamento de

oportunidades (FCS3) 5 4,03% 30 12,61% 12 13,48% 0 0,00% 0 0,00%

Ponto focal no processo de

ERM (FCS4) 14 11,29% 24 10,08% 7 7,87% 1 5,88% 1 50,00%

Consciência e cultura de

riscos (FCS5) 16 12,90% 21 8,82% 9 10,11% 1 5,88% 0 0,00%

Disponibilidade de

recursos (FCS6) 4 3,23% 31 13,03% 8 8,99% 4 23,53% 0 0,00%

Identificação de riscos,

análise e resposta (FCS7) 15 12,10% 27 11,34% 5 5,62% 0 0,00% 0 0,00%

Indicadores de risco,

monitoramento, revisão e

melhoria (FCS8) 10 8,06% 28 11,76% 8 8,99% 1 5,88% 0 0,00%

Comunicação de riscos

(FCS9) 11 8,87% 22 9,24% 13 14,61% 1 5,88% 0 0,00%

Conformidade da

instituição com leis e

regulamentos aplicáveis

(FCS10)

13 10,48% 23 9,66% 9 10,11% 2 11,76% 0 0,00%

Total 124 100% 238 100% 89 100% 17 100% 2 100%

FCS com maiores frequências de resposta

Fonte: adaptado de Paixão (2014).

O Quadro 8 apresenta uma consolidação dos dados da pesquisa em termos

numéricos, de forma que é possível destacar que 28 especialistas selecionaram o

“Comprometimento da Alta Gestão (FCS1)” como o FCS que apresenta um nível de

influência muito alta no sucesso de iniciativas de ERM, representando 22,58% das respostas

dos participantes da pesquisa entre os fatores considerados de impacto muito alto. Além disso,

são destacados por células na cor cinza os demais fatores com maior frequência de respostas

em para cada grau de influência da escala, com destaque para o nível de influência muito

baixa, onde os FCS 4 e 2 ficaram empatados, cada um com 50% dos votos de um total de 2

registros alocados para este nível de avaliação.

Quadro 9 – Distribuição de frequência absoluta dos FCS quanto ao grau de influência

Fatores Críticos de Sucesso

Grau de Influência

Escala de Avaliação

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa TOTAL

Comprometimento da alta gestão

(FCS1)

59,57% 25,53% 14,89% 0,00% 0,00% 100%

Tolerância e apetite para riscos

(FCS2)

17,02% 42,55% 23,40% 14,89% 2,13% 100%

Aproveitamento de oportunidades

(FCS3)

10,64% 63,83% 25,53% 0,00% 0,00% 100%

Ponto focal no processo de ERM

(FCS4)

29,79% 51,06% 14,89% 2,13% 2,13% 100%

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66

Consciência e cultura de riscos

(FCS5)

34,04% 44,68% 19,15% 2,13% 0,00% 100%

Disponibilidade de recursos (FCS6)

8,51% 65,96% 17,02% 8,51% 0,00% 100%

Identificação de riscos, análise e

resposta (FCS7)

31,91% 57,45% 10,64% 0,00% 0,00% 100%

Indicadores de risco,

monitoramento, revisão e melhoria

(FCS8)

21,28% 59,57% 17,02% 2,13% 0,00% 100%

Comunicação de riscos (FCS9)

23,40% 46,81% 27,66% 2,13% 0,00% 100%

Conformidade da instituição com

leis e regulamentos aplicáveis

(FCS10)

27,66% 48,94% 19,15% 4,26% 0,00% 100%

FCS com maiores frequências de resposta

Fonte: adaptado de Paixão (2014).

No Quadro 9 observa-se, a partir do contraponto entre o número de respostas para

cada FCS e o número total de respondentes, que o “Comprometimento da Alta Gestão

(FCS1)” foi considerado por 59,57% dos especialistas como um fator de influência muita alta

para o sucesso de iniciativas de ERM. Outro destaque foi que para o grau de influência muito

alta na escala de avaliação, 9 entre os 10 fatores foram considerados pela maioria dos

especialistas como de alta relevância para iniciativas de ERM, o que demonstra um

alinhamento entre as percepções dos especialistas e a revisão da literatura, que aponta os

referidos fatores como muito importantes. Em contrapartida, apenas 2 especialistas citaram os

fatores “Tolerância e apetite para riscos (FCS2)” e “Ponto focal no processo de ERM (FCS4)”

como fatores com influência muito baixa nas iniciativas de ERM, ou seja, 4% dos 47

respondentes da pesquisa.

5.3 CONSOLIDAÇÃO DA PESQUISA

Nesta subseção da pesquisa os dados são consolidados a partir da frequência

relativa de respostas, e apresentados de forma gráfica, de forma a ilustrar a avaliação de cada

fator crítico de sucesso de acordo com a percepção e experiência dos especialistas. Podendo-

se destacar, a partir da análise da Figura 10, desenvolvida com base nos dados coletados, que

o FCS “Comprometimento da Alta Gestão (FCS1)” não foi considerado por nenhum

especialista como um fator de baixo ou muito baixo grau de influência.

Observa-se que a maioria dos respondentes considera o FCS1 como de influência

muita alta, correspondendo a 59,57%. Isso comprova os achados da revisão da literatura onde

os autores Sharman (2002), Ward (2006), Bowling e Rieger (2005), Simkins (2008)

consideram este fator muito importante.

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67

Comprometimento da alta gestão (FCS1)

Figura 10 – Grau de Influência do FCS1

Tolerância e apetite para riscos (FCS2)

Considerado por 42,55% dos especialistas como fator de influência alta, o fator

“Tolerância e apetite para riscos (FCS2)” apresenta registros de respostas em todas as faixas

de avaliação, sendo que a maior frequência de respostas está concentrada nos graus muito alto

e alto, com 59,57%, conforme demonstrado na Figura 11. Quando observado o percentual

somado dos demais graus de avaliação do referido FCS é possível verificar que o valor se

aproxima do percentual agregado dos fatores de maior influência, com diferença percentual de

apenas 19,15%.

Este fator, de acordo com a literatura, a partir de Gibson e Young (2012); Thomya

e Saenchaiyathon (2015), PMBOK (2013), Dionne (2013), ISO (2009), OGC (2010) e COSO

(2004), é destacado como relevante para o ERM por ser um dos determinantes para o

estabelecimento das práticas de gerenciamento de riscos nas organizações, onde as empresas

com maior tolerância a riscos tendem a ter práticas menos rigorosas para esta finalidade,

quando comparadas com empresas com menos tolerância, que por sua vez possuem ou

buscam o desenvolvimento de controles mais rigorosos, processos, políticas e procedimentos

específicos para tratar os riscos. A tolerância a riscos expressa o grau, quantidade ou o volume

de riscos ao qual uma organização está disposta a tolerar, devendo, portanto, compor o

modelo de negócio para o balizamento entre os objetivos primários da organização e o nível

de conforto desejado para atingi-los.

59,57%

25,53%

14,89%

0,00% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS1

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68

Figura 11 – Grau de influência do FCS2

Aproveitamento de oportunidades (FCS3)

Observa-se na Figura 12, que nenhum respondente o considerou como de baixa ou

muito baixa influência. Sendo importante ressaltar que este resultado está em alinhamento

com a literatura e standards para gerenciamento de riscos, que destacam a capacidade das

empresas aproveitarem as oportunidades como importante fator para a atenuação dos efeitos

dos riscos negativos e promoção do desenvolvimento corporativo. Isto é observado na Figura

12 a partir do descolamento acentuado da percepção dos especialistas, quando comparado o

percentual de respostas dos que consideraram o fator como de alta influência, 63,83%, com o

somatório do percentual dos demais graus de influência, com 36,17% do total dos

respondentes. A maioria considera alta a influência deste fator, o que pode ser comprovado na

literatura através dos autores Sax e Torp (2015), Rabechini Junior e Monteiro de Carvalho

(2013), PMBOK (2013), ISO (2009), OGC (2010), Sharman (2002) e Berry e Phillips (1998).

17,02%

42,55%

23,40%

14,89%

2,13%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS2

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69

Figura 12 – Grau de influência do FCS3

Ponto focal no processo de ERM (FCS4)

Este fator apesar de apresentar uma votação distribuída entre os graus de

influência na escala de avaliação, conforme apresentado na Figura 13, verifica-se que 29,79%

dos especialistas percebem o FCS como de influência muito alta e a maioria, 51,06% como de

influência alta, representando um percentual acumulado de 80,85%. Apenas 4,26% dos

especialistas consideram o FCS como de influência baixa ou muito baixa, o que é um ponto

curioso, onde poderia ser feito o seguinte questionamento “Será que os especialistas

reconheceram o Ponto Focal no Processo de ERM como um FCS de influência baixa ou

muito baixa, porque consideraram que a responsabilidade em relação ao ERM é

compartilhada e função de todos os envolvidos ou realmente a percepção deles é que este

fator é de pouca relevância para iniciativas com o referido foco?”.

De acordo com a análise dos dados coletados é possível afirmar que em

alinhamento com a percepção da maioria dos especialistas, ter um responsável ou ponto focal

no processo de ERM, como mecanismos de facilitação da interlocução entre as partes

interessadas para assuntos relacionados à gestão de riscos, é de grande relevância para o

sucesso das iniciativas de Enterprise Risk Management, o que pode ser evidenciado na

literatura através dos trabalhos de Sax e Torp (2015), Stoll e Laner (2015), Banham (2004) e

Zhao et al. (2012).

10,64%

63,83%

25,53%

0,00% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS3

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70

Figura 13 – Grau de influência do FCS4

Consciência e cultura de riscos (FCS5)

Com diferença de 2,13% para o terceiro e quarto fatores de maior nível de

influência na escala de avaliação, o fator “Consciência e cultura de riscos (FCS5)” foi

avaliado pelos especialistas como o quinto FCS com maior nível de influência. Além disso, a

Figura 14, apresenta que não foram registradas respostas que apontassem para um grau de

influência muito baixa.

Em alinhamento com o observado na revisão da literatura, onde diversos autores,

Banasadegh et al. (2014), Hallowell et al. (2013), Sax e Torp (2015), Stoll e Laner (2015),

Gibson e Young (2012); Gibson e Young (2012), Thomya e Saenchaiyathon (2015), Yaraghi

e Langhe (2011), Di Serio et al. (2011), PMBOK (2013), ISO (2009), OGC (2010), Ward

(2006); Cendrowski e Mair (2009), Hopkin (2010) e IRM (2012), reconhecem os aspectos

relacionados à cultura corporativa, valores, crenças, conhecimentos, atitudes e entendimentos

sobre os riscos compartilhados por um grupo de pessoas, times e grupos de trabalho, como de

grande influência para iniciativas de ERM, os dados analisados apontam no mesmo sentido,

com a maioria dos especialistas, 44,68%, reconhecendo o FCS como de influência alta,

seguido de 34,04% que percebem o fator como de influência muito alta, representando um

total de 78,72% dos respondentes.

29,79%

51,06%

14,89%

2,13% 2,13%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS4

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71

Figura 14 – Grau de influência do FCS5

Disponibilidade de recursos (FCS6)

A Figura 15, a seguir, demonstra que nenhum especialista considerou o fator

como de influência muito baixa, o que remete a interpretação de que a disponibilidade de

recursos, de acordo com a visão destes profissionais consultados, é um fator determinante

para o avanço das concentrações de ERM. Observa-se que apesar da distribuição das

respostas na escala de influência, existe uma grande concentração de registros na porção da

escala onde os especialistas reconhecem o fator como de influência muito alta e alta, com

8,51% e 65,96% respectivamente. Na literatura, a partir das pesquisas dos autores, Hallowell

et al. (2013), Stoll e Laner (2015), Gibson e Young (2012), Yaraghi e Langhe (2011),

PMBOK (2013), ISO (2009), OGC (2010), AABO et al. (2005) e RIMS (2008), o referido

FCS é considerado muito importante para iniciativas de ERM por trazer consigo componentes

cruciais para o sucesso das referidas iniciativas, a exemplo, pessoal qualificado, orçamento,

experiência e prazo, além do melhoramento dos processos de gerenciamento de riscos a partir

do envolvimento das pessoas e correta alocação dos recursos, ferramentas e técnicas.

34,04%

44,68%

19,15%

2,13% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS5

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72

Figura 15 – Grau de influência do FCS6

Identificação de riscos, análise e resposta (FCS7)

De acordo com a Figura 16, este fator apresenta o maior nível de influência na

escala de avaliação quando comparado com os demais fatores críticos de sucesso. Em outras

palavras, verifica-se que a parte da escala de avaliação que compreende os graus de influência

muito alta e alta para o referido FCS corresponde a 89,36% das avaliações dos especialistas.

Além disso, nenhum respondente considerou este fator como de influência baixa ou muito

baixa para o sucesso de iniciativas de ERM. Isto é suportado pelos autores Botha e Van

Niekerk (2013), Sax e Torp (2015), Stoll e Laner (2015), Di Serio et al. (2011), Berry (1998),

PMBOK (2013), ISSO (2009), OGC (2010) e FRASER (2010), que consideram esta

habilidade como um fator de extrema relevância para a realização objetivos corporativos, a

partir do mapeamento e análise de fontes internas e externas de riscos, e estruturação de

respostas adequadas às ameaças e oportunidades.

Outra explicação para a elevada acumulação de votos nos graus de influência alta

e muito alta se deve ao fato das atividades de identificação, análise e resposta aos riscos

estarem intimamente ligadas ao objeto central do trabalho dos profissionais consultados, que

atuam no setor de seguros e, para o desempenho das suas atividades, devem identificar e

entender os riscos, tendo em vista a necessidade de estruturação de programas de seguros

alinhados às exposições identificadas, em alinhamento com as necessidades dos clientes.

8,51%

65,96%

17,02%

8,51%

0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS6

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73

Figura 16 – Grau de influência do FCS7

Indicadores de risco, monitoramento, revisão e melhoria (FCS8)

Nota-se com a análise da Figura 17, que este fator demonstra uma influência alta

considerável, sendo 59,57% das respostas dos especialistas, o que pode ser interpretado como

uma convergência na percepção dos especialistas, com o reconhecimento da importância do

desenvolvimento de métricas para o monitoramento, revisão e melhoria dos processos de

gerenciamento de riscos como de importância muito alta ou alta para iniciativas de ERM.

Ainda em relação a este ponto específico, 21,28% dos respondentes consideram o referido

FCS, na escala de avaliação, como de influência muito alta para o sucesso das iniciativas de

ERM. Adicionalmente, observa-se um grau de influência média relevante, com 17,02% das

respostas. Além disso, 2,13% dos especialistas avaliam o fator como de influência baixa.

Este resultado é convergente ao encontrado na literatura, a partir dos estudos dos

os autores, Botha e Van Niekerk (2013), Stoll e Laner (2015), Gibson e Young (2012), Di

Serio et al. (2011), PMBOK (2013), ISO (2009), OGC (2010), Dafikpaku (2011), Hwang

(2010) e Beasley et al. (2010), que destacam a importância do FCS para verificação e

melhoria contínua dos processos de ERM, políticas e procedimentos, para garantir que os

mesmos ainda continuam atendendo as necessidades do negócio.

31,91%

57,45%

10,64%

0,00% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS7

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74

Figura 17 – Grau de influência do FCS8

Comunicação de riscos (FCS9)

Observa-se a partir dos dados apresentados pela Figura 18, que este fator

apresenta 23,40% das respostas correspondentes ao grau de influência muito alta, em

contrapartida, uma elevada influência média, de acordo com a escala de avaliação, com

27,66%. É possível inferir, a partir das informações apresentadas, que o FCS comunicação de

riscos é reconhecido pelos especialistas como crucial para o gerenciamento de riscos, em

virtude da capacidade de engajamento das partes interessadas, alinhamento correto de

informações e unificação dos objetivos em relação ao que precisa ser desempenhado para

gerenciar os pontos de exposição do projeto e/ou iniciativas, onde muitas vezes acontecem

ruídos, com potencial para comprometimento das entregas acordadas e, objetivos idealizados

para o empreendimento.

De forma complementar, um total de 22 respostas (correspondente a maioria dos

especialistas, 46,81%) reconhecem o FCS como de influência alta e um índice de apenas

2,13% analisam o fator como de influência baixa. Este resultado pode ser comprovado através

da literatura com os autores Banasadegh et al. (2014), Gibson e Young (2012), Yaraghi e

Langhe (2011), PMBOK (2013), ISO (2009), OGC (2010), Barton et al. (2002 e Dafikpaku

(2011), que apontam o FCS como de forte relevância no contexto de gerenciamento de riscos.

21,28%

59,57%

17,02%

2,13% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS8

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75

Figura 18 – Grau de influência do FCS9

Conformidade da instituição com leis e regulamentos aplicáveis (FCS10)

Em linha com o apresentado pela Figura 19, este fator exibe um percentual

acumulado de respostas nas posições “Muito Alta” e “Alta” da escala de avaliação,

equivalente a 76,60% dos registros, sendo que deste número, 27,66% dos especialistas

reconhecem o fator como de influência muito alta e 46,81% (a maioria) percebem o fator

como de influência alta. Estes dados remetem a interpretação de que existe uma convergência

de percepções entre os especialistas de que o referido FCS possui relevância considerável para

o desenvolvimento de iniciativas de ERM, tendo em vista que o desenvolvimento e

disseminação de códigos de conduta entre os integrantes, auditorias internas, ações de

conformidade, reduzem a exposição aos riscos em cada ponto funcional da empresa,

reduzindo por sua vez a exposição geral da organização por esta perspectiva.

Por outro lado, este ponto pode não ter sido um consenso entre todos os

especialistas, tendo em vista que aproximadamente 30%, reconheceram o FCS como de

influência média ou baixa para iniciativas de ERM, o que faz sentido se forem consideradas

as bases do ERM, que preconizam a gestão holística e integrada de riscos, de forma que a

conformidade com padrões, leis e processos em cada departamento ou área funcional da

empresa (silos) não garantem que os riscos estão sendo corretamente gerenciados, por se

deixar escapar por esta perspectiva, os riscos de integração entre as áreas, bem como das

outras dimensões não abrangidas no contexto dos departamentos funcionais, quando

abordados de forma isolada.

23,40%

46,81%

27,66%

2,13% 0,00%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS9

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76

Além disso, com 19,15% (correspondente a 9 respostas) na porção média da

escala, o fator é o quarto em número de respostas que reconhecem os FCS analisados por esta

pesquisa como de influência média para iniciativas de ERM.

A literatura comprova, com os trabalhos de Hallowell et al. (2013), Stoll e

Laner(2015), Gibson e Young (2012), Di Serio et al. (2011), Berry (1998), PMBOK (2013),

ISO (2009), OGC (2010) e Barton (2002), que o referido fator é relevante para o ERM, por ter

seu foco na verificação de conformidade das práticas da instituição com as políticas

corporativas, leis e regulamentos internos e externos. De forma a contribuir para que as

empresas sejam aceitas, reconhecidas e valorizadas pelo mercado como parceiras de negócios

dos seus clientes, investidores e fornecedores. Em relação aos 2,13% dos especialistas que

reconheceram o fator

Figura 19 – Grau de influência do FCS10

5.3.1 - Fatores Críticos de Sucesso por dimensões e grau de influência

Esta subseção tem como objetivo apresentar os principais fatores críticos de

sucesso, agrupados por dimensões e grau de influência na escala de avaliação. Para tanto, o

Quadro 10 demonstra a frequência de respostas, em termos percentuais e em ordem

decrescente, para até 5 (cinco) fatores com maior grau de destaque em cada faixa de

influência da escala de avaliação. Sendo importante ressaltar que para alguns graus de

influência é apresentado um quantitativo inferior ao mencionado anteriormente, tendo em

vista que para estes casos há poucos FCS ou nenhuma resposta registrada para o respectivo

grau de influência. Além disso, as quatro colunas mais à direita do Quadro 10 apresentam a

27,66%

48,94%

19,15%

4,26%0,00%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

5 - Muito Alta 4 - Alta 3 - Média 2 - Baixa 1 - Muito Baixa

Grau de Influência - FCS10

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77

média das observações dos principais FCS por dimensões (Estratégico, Operações,

Comunicação e Conformidade), com vistas a identificar as dimensões predominantes para

cada grau de influência na escala de avaliação dos FCS.

Quadro 10 – Índice de respostas de FCS por dimensões

Gra

u d

e In

flu

ênci

a

Dimensão Fatores Críticos de Sucesso

%

(Freq.)

Respostas

(%)

Frequência por Dimensão

Est

ra

tégic

o

Op

era

ções

Co

mu

nic

ação

Co

nfo

rmid

ad

e

5 -

Mu

ito

Alt

a

Estratégico Comprometimento da alta gestão (FCS1) 59,57%

20% 60% 0% 20%

Operações Consciência e cultura de riscos (FCS5) 34,04%

Operações Identificação de riscos, análise e resposta

(FCS7)

31,91%

Operações Ponto focal no processo de ERM (FCS4) 29,79%

Conformidade Conformidade da instituição com leis e

regulamentos aplicáveis (FCS10)

27,66%

4 –

Alt

a

Operações Disponibilidade de recursos (FCS6) 65,96%

20% 80% 0% 0%

Estratégico Aproveitamento de oportunidades (FCS3) 63,83%

Operações Indicadores de risco, monitoramento, revisão e

melhoria (FCS8)

59,57%

Operações Identificação de riscos, análise e resposta

(FCS7)

57,45%

Operações Ponto focal no processo de ERM (FCS4) 51,06%

3 -

Méd

ia

Comunicação Comunicação de riscos (FCS9) 27,66%

40% 20% 20% 20%

Estratégico Aproveitamento de oportunidades (FCS3) 25,53%

Estratégico Tolerância e apetite para riscos (FCS2) 23,40%

Operações Consciência e cultura de riscos (FCS5) 19,15%

Conformidade Conformidade da instituição com leis e

regulamentos aplicáveis (FCS10)

19,15%

2 -

Baix

a Estratégico Tolerância e apetite para riscos (FCS2) 14,89%

20% 60% 0% 20% Operações Disponibilidade de recursos (FCS6) 8,51%

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78

Gra

u d

e

Infl

uên

cia

Dimensão Fatores Críticos de Sucesso

%

(Freq.)

Respostas

(%)

Frequência por Dimensão

Est

ra

tégic

o

Op

era

ções

Co

mu

nic

ação

Co

nfo

rmid

ad

e

Conformidade Conformidade da instituição com leis e

regulamentos aplicáveis (FCS10)

4,26%

Operações Ponto focal no processo de ERM (FCS4) 2,13%

Operações Consciência e cultura de riscos (FCS5) 2,13%

3 -

Mu

ito

Ba

ixa

Estratégico Tolerância e apetite para riscos (FCS2) 2,13%

50% 50% 0% 0% Operações Ponto focal no processo de ERM (FCS4) 2,13%

Fonte: adaptado de Paixão (2014).

Destaca-se no Quadro 10, na faixa de avaliação dos fatores com grau de influência

muito alta, o FCS “Comprometimento da alta gestão (FCS1) com 59,57% das respostas dos

especialistas, seguido dos FCS “Consciência e cultura de riscos (FCS5)” e “Identificação de

riscos, análise e resposta (FCS7)”, representando 34,04% e 31,91% das respostas,

respectivamente. Em alinhamento com os resultados apresentados, é possível afirmar que de

acordo com a percepção dos especialistas consultados, que as iniciativas de ERM devem

contar com o apoio da alta gestão para desenvolvimento dos processos e ações, de forma

integrada com a cultura da empresa para melhor conexão dos processos de identificação,

análise e resposta aos riscos com as rotinas de trabalhos e projetos, onde a figura de um ponto

focal para às concentrações com este enfoque é considerado importante.

Ainda sobre a faixa de avaliação dos FCS de influência muito alta, a dimensão

com maior representatividade é “Operações”, com 60% dos principais fatores críticos de

sucesso deste grupo. Este resultado pode ser melhor entendido, quando observado o perfil da

amostra, que é formado por especialistas do setor de seguros, onde o foco principal das

atividades está no entendimento dos riscos e dimensionamento das proteções securitárias de

forma convergente com as necessidades dos clientes e/ ou negócios apoiados, onde pelo

menos 3 dos 5 FCS apresentados na faixa de influencia muito alta pertencem a dimensão

“Operações”.

Outro ponto relevante é que entre os fatores de influência muito baixa está o FCS

“Ponto focal no processo de ERM (FCS4)”, que foi citado por 2,13% dos especialistas em

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79

suas respostas, sendo que este mesmo fator, de acordo com a percepção de 51,06% dos

especialistas é considerado como o quinto fator com maior grau de influência para iniciativas

de ERM dentre os fatores na faixa “Alta” da escala de avaliação.

As dimensões mais representativas em cada grau de avaliação são, “Operações”

(60%) para o grau de influência “Muito Alta”, “Alta” (80%), “Média” (20%), “Baixa” (60%),

seguida da dimensão “Estratégico” (20%) atribuído aos graus de influência “Muito Alta” e

“Alta”, “Média” (40%), “Baixa” (60%). Para o grau de avaliação de influência “Muito Baixa”

as dimensões “Estratégico” e “Operações” possuem a mesma relevância entre os dois fatores

que compõem este grupo. Vale ressaltar, em relação a dimensão “Comunicação”, que nenhum

dos principais fatores de influência muito alta e alta está sob esta dimensão de acordo com a

percepção dos especialistas que responderam à pesquisa. Além disso, a dimensão

“Conformidade” é representada de forma igualitária entre os graus de influência “Muito

Alta”, “Média” e “Baixa”, com 20%. Ao passo que esta mesma dimensão não apresenta

nenhuma presença entre os principais FCS dos graus de influência “Alta” e “Muito Baixa” na

escala de avaliação.

5.3.2 - Ranking dos fatores críticos de sucesso

O Quadro 11 apresenta os FCS que mais influenciam no sucesso de iniciativas de

ERM de acordo com a percepção dos especialistas consultados por esta pesquisa. Neste

sentido, para elaboração do ranking dos FCS foi considerado o total de registros na escala de

avaliação de influência muito alta para cada fator analisado, dividido pelo número total de

respondentes. Com isso, foi possível organizar os Fatores Críticos de Sucesso para iniciativas

de ERM do mais votado para o menos votado.

Quadro 11 – Ranking dos fatores críticos de sucesso

Dimensões Fatores % de Respostas

(IP-MA) Posição

Estratégico Comprometimento da alta gestão (FCS1) 59,57% 1º

Operações Consciência e cultura de riscos (FCS5) 34,04% 2º

Operações Identificação de riscos, análise e

resposta (FCS7)

31,91% 3º

Operações Ponto focal no processo de ERM (FCS4) 29,79% 4º

Conformidade Conformidade da instituição com leis e 27,66% 5º

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80

regulamentos aplicáveis (FCS10)

Comunicação Comunicação de riscos (FCS9) 23,40%

Operações Indicadores de risco, monitoramento,

revisão e melhoria (FCS8)

21,28% 7º

Estratégico Tolerância e apetite para riscos (FCS2) 17,02% 8º

Estratégico Aproveitamento de oportunidades

(FCS3)

10,64% 9º

Operações Disponibilidade de recursos (FCS6) 8,51%

10º

Fonte: adaptado de Paixão (2014).

Verifica-se no Quadro 11 que os FCS 1, 5 e 7 ocupam o primeiro, segundo e

terceiro lugares no ranking, respectivamente, com participação de 59,57% para o primeiro

colocado, seguido de 34,04% para o segundo e 31,91% para o terceiro. Este resultado pode

ser interpretado a partir da perspectiva que para ter sucesso na implementação de iniciativas

de ERM é fortemente recomendado conseguir o apoio da alta gestão, despertar a consciência

de riscos em todos os integrantes e partes interessadas envolvidas no processo, além de

integrar os processos e ações de gerenciamento de riscos à cultura organizacional, com o

objetivo de melhorar o desempenho na execução das atividades de identificação, análise e

resposta aos riscos para estruturação das proteções empresariais.

Além disso, observa-se que os Fatores Críticos de Sucesso 3 “Aproveitamento de

oportunidades” e 6 “Disponibilidade de recursos” foram o menos votados na faixa de

avaliação de influência “muito alta”, o que desperta curiosidade, quando estes resultados são

comparados com os achados da revisão da literatura, que atribuem uma alta relevância do

aproveitamento das oportunidades no contexto geral de gerenciamento de riscos, uma vez que

as oportunidades, quando concretizadas, colaboram para amenizar os efeitos dos riscos

negativos e, portanto, desempenham um importante papel na realização da missão

empresarial.

Outro ponto relevante diz respeito à “Disponibilidade de recursos”, que a primeira

vista pode ser entendida como determinante para o desenvolvimento das concentrações em

torno do tema ERM, mas que pode não ser o ponto mais crítico, conforme demonstrado pelo

ranking do Quadro 11, uma vez que a empresa pode ter todos os recursos disponíveis e não

conseguir despertar a consciência de riscos nos seus integrantes, e/ou incorporar os valores

essenciais do ERM na cultura organizacional, o que de certa forma demonstra que o FCS

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81

possui menos força para garantir o sucesso de iniciativas de gerenciamento de riscos

corporativos, quando comparado com outros fatores mais votados pelos especialistas.

5.3.3 - Resposta à pergunta aberta – contribuições adicionais dos especialistas

O Quadro 12 exibe as respostas a pergunta aberta do questionário de pesquisa

sobre quais fatores, de acordo com a experiência em gerenciamento de riscos dos

respondentes, possuem maior grau de Influência ou são considerados críticos para o sucesso

de iniciativas de Enterprise Risk Management – ERM. A resposta a esta pergunta, apesar de

não ser obrigatória no âmbito do questionário, foi realizada por 62% dos respondentes, que

registraram as suas contribuições de maneira livre. Neste sentido, para tornar a leitura mais

objetiva e focada nos FCS, foi criado o Quadro 12, que está dividido em duas colunas, onde a

primeira apresenta na integra a resposta do especialista, e a segunda apresenta um resumo das

ideias levantadas como FCS identificados em cada resposta.

Quadro 12 – Compilado das respostas a pergunta aberta do questionário

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

1

The greatest factors with the biggest

influence in my career is risk.

Analyzing all the information's from

the Contract Terms and Conditions to

personal client's needs, is what strikes

and makes my job the most fun,

learning experience.

Also, there may be times when a loss

may occur, this is also enjoyable

because you get to see how the

insurance kicks in.

Análise de termos e condições

contratuais em alinhamento com

as necessidades dos clientes.

FCS 7

Tradução: Os fatores relacionados a

riscos são os de maior influência na

minha carreira profissional. Tendo em

vista que a partir da análise das

informações dos termos e condições

dos contratos em alinhamento com as

necessidades do cliente, o trabalho

torna-se prazeroso e rico em termos de

experiência e aprendizado. Além disso,

no momento em que o sinistro ocorre,

é possível verificar o papel dos

seguros.

Aprendizado a partir de

experiências com sinistros.

FCS8

Cobertura de seguros vis-à-vis

exposição a riscos.

FCS7

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82

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

2 De forma geral, a equipe responsável

pela identificação, mapeamento e

mitigação de riscos tem um alto grau

de competência técnica e

comprometimento.

No entanto, as pessoas que estão na

frente (linha de negócio) que devem

implementar e acompanhar os

processos ainda não tem 100% de

dedicação ao tema. Demanda de maior

aculturação quanto à consciência da

importância do Risk Management.

Difusão da cultura de riscos.

FCS5

Consciência da importância do

Risk Management.

FCS5

3 Incertezas do negócio: Quanto maior

exposição a ganhos/perdas maior o

interesse em entender e gerenciar os

riscos.

Lições aprendidas. FCS8

Ampliação da previsibilidade

dos resultados a partir da gestão

adequada dos riscos.

FCS7

4 Dentre os fatores críticos mais

importantes para o sucesso de um

ERM, exalto a cultura de riscos entre

os integrantes, um líder focado na

evolução deste processo e

investimento.

Difusão da cultura de riscos. FCS5

Foco da liderança para

investimento e desenvolvimento

dos processos do ERM.

FCS1

5 Disposição da alta gerência em

assegurar um ERM de boa qualidade. Apoio da alta gestão. FCS1

Difusão da cultura de riscos. FCS5

Acompanhamento e

comunicação sobre os riscos

avaliados.

FCS9

6 A atividade da empresa e seu possível

efeito à sociedade/ imagem.

Atividades com menor exposição

tendem a se observar os riscos visíveis

e não visíveis.

Análise da atividade da empresa

e os seus possíveis efeitos à

sociedade e impactos quanto a

imagem do negócio.

FCS7

7 1. Envolvimento e compromisso da

alta Liderança.

2. Disponibilidade de recursos para o

Desenvolvimento.

3. Identificar, Analisar e Atuar.

Envolvimento e compromisso da

alta liderança.

FCS1

Disponibilidade de recursos para

o Desenvolvimento.

FCS6

Identificar, analisar e atuar. FCS8

8 1. Comunicação clara.

2. Visão de longo prazo.

3. Conscientização do diretor de

contrato. Apoio qualificado.

Comunicação clara. FCS9

Visão de longo prazo. FCS – ESP.†

Conscientização do diretor de

contrato.

FCS5

Apoio qualificado. FCS – ESP.

† FCS – ESP: Fator Crítico de Sucesso indicado pelos especialistas. Os itens com esta referência não possuem

equivalentes entre os 10 fatores estudados por esta pesquisa.

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83

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

9 Na minha opinião o ERM deve ser

algo vivo, constante e presente na vida

dos projetos. Percebo que as

avaliações de risco são bem feitas,

porém, com o tempo são guardadas na

gaveta e acabam ficando em segundo

plano.

Tornar o ERM algo vivo,

constante e presente na vida dos

projetos.

FCS – ESP.

10 1. Comunicação e treinamento.

2. Definição dos objetivos.

3. Responsabilidades (papéis)

definidas.

Comunicação e treinamento. FCS9

Definição dos objetivos. FCS9

Definição clara dos papeis/

responsabilidades.

FCS – ESP.

11 Uma empresa que tenha uma cultura

de riscos, sempre começando pela alta

gestão, é capaz de lidar com

instrumentos de gestão dos riscos de

forma integrada à sua operação, como

parte do processo de tomada de

decisão, a fim de alinhar as

expectativas de todos em face aos

resultados possíveis dos passos dados

pela empresa.

Difusão da cultura de Riscos. FCS5

Apoio da alta Gestão. FCS1

Integrar a gestão de riscos ao

processo de tomada de decisão.

FCS – ESP.

12 Na minha opinião, os fatores com

maior grau de influência são os ligados

à alta gestão, legislação ou exigências

contratuais. Infelizmente nem todos

entendem a importância de análise,

gestão e tratamento dos riscos, as

prioridades de cada integrante são

diferentes de acordo com sua atuação

na organização. Desta forma, para que

todos contribuíssem com o ERM, esta

teria que ser uma diretriz adotada pela

empresa e exigida para todas as áreas.

Apoio da alta gestão, FCS1

Legislação e/ou exigências

contratuais.

FCS10

Alinhamento de prioridades

entre integrantes e a

organização.

FCS – ESP.

Difusão das diretrizes do ERM

por todas as áreas da empresa.

FCS5

13 São fundamentais para o sucesso do

ERM a "compra" do projeto pela alta

gestão e que exista uma cultura

organizacional que promova a gestão

proativa dos riscos, com a respectiva

meritocracia para os agentes/gestores

aderentes ao processo. Sem estes

elementos o ERM se esvazia e perece

no próximo exercício fiscal.

Patrocínio e apoio a alta gestão. FCS1

Cultura organizacional que

promova a gestão proativa dos

riscos.

FCS5

14 Entendo que o comprometimento da

alta gestão e a consciência e cultura de

riscos são os fatores determinantes

para o sucesso das práticas de ERM

em uma organização.

Comprometimento da alta

gestão.

FCS1

Consciência e cultura de riscos. FCS5

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84

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

15 1. Envolver e ouvir todas as

interlocuções, obtendo deles o

comprometimento no processo.

2. Registro de aprendizados (lições

aprendidas) e a correspondente

abrangência, conforme o caso.

3. Acompanhamento dos processos de

mudanças (sentido amplo) de

forma revisitar sempre as questões

de risco, como se estivesse

interagindo pela primeira vez.

4. Prática da cultura de risco a parir

de agendas de diálogo com a linha

de empresariamento e equipes

ligadas a ela.

5. Processo de monitoramento

contínuo de riscos e soluções aos

mesmos, para verificar a sua

eficácia e ajustar/adequar medidas /

premissas.

Envolver e ouvir todas as

interlocuções, obtendo deles o

comprometimento no processo.

FCS5

Registro de aprendizados

(Lições aprendidas) e a

correspondente abrangência,

conforme o caso.

FCS8

Acompanhamento dos processos

de mudanças (sentido amplo) de

forma revisitar sempre as

questões de risco, como se

estivesse interagindo pela

primeira vez.

FCS7

Prática da cultura de risco a parir

de agendas de diálogo com a

linha de empresariamento e

equipes ligadas a ela.

FCS5

Processo de monitoramento

contínuo de riscos e soluções

aos mesmos, para verificar a sua

eficácia e ajustar/adequar

medidas / premissas.

FCS8

16 1. Consciência da alta gestão.

2. Cultura de risco.

3. Indicadores, monitoramento,

revisão/ melhoria.

4. Comunicação.

5. Conformidade.

Consciência da alta gestão. FCS1

Cultura de risco. FCS5

Indicadores, monitoramento,

revisão/ melhoria.

FCS8

Comunicação. FCS9

Conformidade. FCS10

17 Comprometimento incondicional e

irrestrito do empresário. Comprometimento

incondicional e irrestrito do

Empresário.

FCS1

18 Destacaria com grande peso a cultura

da empresa para com o tema risco. Aderência da cultura

organizacional com o tema

riscos.

FCS5

19 O engajamento da alta gestão é, no

meu entendimento, o Fator Crítico de

Sucesso mais relevante, haja vista que

somente com esse envolvimento é que

o ERM conseguirá atingir o seu

objetivo precípuo de suportar a tomada

de decisão com base em riscos. Além

disso, entendo também que o rigor

conceitual (normas, definições, etc.)

seja um fator crítico, uma vez que toda

decisão deveria estar suportada em

conceitos já estabelecidos, como por

exemplo a definição de risco

(probabilidade x consequência), a

distinção entre mitigação e

contingência, etc.

Apoio da alta gestão. FCS1

Suporte ao processo de tomada

de decisão com base em riscos.

FCS – ESP.

Rigor conceitual (normas,

definições, etc.).

FCS – ESP.

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85

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

20 Acompanhamento Acompanhamento dos riscos. FCS8

21 Engajamento claro da alta direção no

processo de implementação, de forma

que os responsáveis pelo dia-a-dia

também estejam devidamente

alinhados com o macro - objetivos da

empresa.

Apoio da alta gestão. FCS1

22 1. Cultura empresarial forte em

Gerenciamentos de Riscos

2. Comprometimento da Liderança ao

adotar uma gestão permanente e

obsessiva em relação aos processos

de GR e suas consequências /

impactos.

Cultura empresarial forte em

gerenciamentos de Riscos.

FCS5

Comprometimento da liderança. FCS1

23 Entendo que o primeiro ponto para

obter sucesso na implementação do

ERM é o envolvimento do diretor de

contrato, se o líder do projeto não

apoiar a iniciativa e cobrar de sua

equipe, a ferramenta não será um

sucesso. Uma vez que todos no projeto

entendem a importância do

gerenciamento de risco, a

implementação irá funcionar melhor.

A pessoa responsável pelo ERM deve

ter um bom nível de maturidade e

experiência. Uma boa ferramenta

também é importante para ajudar a

gerenciar os riscos e possibilitar cobrar

ações dos responsáveis nas datas

estabelecidas.

Apoio da alta gestão. FCS1

Qualificação e maturidade da

pessoa responsável pela

implementação, manutenção e

desenvolvimento do ERM.

FCS4

Compromisso na realização das

ações acordadas.

FCS – ESP.

24 1. Engajamento de todos os níveis de

gestão.

2. Políticas e diretrizes internas para o

assunto bem definidas.

3. Focal point comprometido com

todas as fases da implementação.

4. Qualidade das informações

(histórico, experiência,

acuracidade);

Engajamento de todos os níveis

de gestão.

FCS5

Políticas e diretrizes internas

para o assunto bem definidas.

FCS – ESP.

Ponto Focal ERM

comprometido com todas as

fases da implementação.

FCS4

Qualidade das informações

(histórico, experiência,

acuracidade).

FCS – ESP.

25

Baseado na minha experiência, acho

que o fator com maior grau de

influência, necessário para o sucesso

do ERM é o comprometimento da

empresa em relação aos riscos. Uma

empresa que tem em sua cultura o

aprendizado de situações ocorridas em

outras empresas ou até mesmo algo

ocorrido internamente, em menor es-

Comprometimento da empresa

com relação a riscos

FCS1

Cultura o aprendizado a partir de

situações ocorridas em outras

empresas e/ou internamente

FCS8

Page 86: FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ASSOCIADOS À … Kyllbert... · linha argumentativa, ... Este novo olhar mais completo sobre os riscos corporativos é comumente referido pela literatura

86

Respostas para questão discursiva FCS identificados nas respostas

dos especialistas

FCS

equivalente

cala, aproveitam melhor as

oportunidades de implementar um

ERM adequado.

Muitas vezes, quando se fala de risco

para alguns departamentos, é comum

ouvirmos "ah, mas isso não acontece

aqui". É justamente essa crença que se

torna um fator de fracasso para

algumas empresas.

26 1. Cultura de gerenciamento de riscos

inserida no dia a dia da empresa.

2. Percepção dos líderes da empresa

sobre a importância do tema.

Cultura de Gerenciamento de

riscos inserida no dia a dia da

empresa.

FCS5

Percepção dos líderes da

empresa sobre a importância do

tema.

FCS1

27 1. Fixação de objetivos.

2. Comprometimento de todos os

envolvidos, independentemente do

nível hierárquico.

Fixação de objetivos. FCS – ESP.

Comprometimento de todos os

envolvidos, independentemente

do nível hierárquico.

FCS5

28 Eficiente fluxo e ferramentas de

comunicação e sistemas de gestão bem

fundamentados.

Eficiente fluxo e ferramentas de

comunicação e sistemas de

gestão bem fundamentados.

FCS9

29 1. Participação e comprometimento

da liderança.

2. Identificação, avaliação e

monitoramento dos riscos.

3. Disponibilização de recursos para

eventual mitigação dos riscos.

4. Acompanhamento dos riscos.

Participação e comprometimento

da liderança.

FCS1

Identificação, avaliação e

monitoramento dos riscos.

FCS7

Disponibilização de recursos

para eventual mitigação dos

riscos.

FCS6

Acompanhamento dos riscos. FCS8

Na Figura 20 é apresentado um gráfico de colunas, onde é possível verificar a

frequência de citação dos fatores como de maior grau de influência para iniciativas de ERM

de acordo com a percepção dos especialistas. Vale destacar, que o “FCS 5 – Consciência e

Cultura de Riscos” foi o mais citado pelos especialistas, com 17 registros, uma diferença de 1

voto para o FCS1, o que demonstra uma alternância de posições em relação ao ranking

apresentado pelo Quadro 11, onde o referido fator ocupa a segunda posição. Contudo, vale

ressaltar que apesar dos resultados apresentados pela questão aberta do questionário

demonstrarem alternância de posições entre os FCS, de acordo com a percepção dos 29

especialistas que responderam à referida questão, os Fatores Críticos de Sucesso 5 (cinco),

1(um) e 7 (sete) permaneceram entre os 5 (cinco) mais votados, demonstrando que os

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87

referidos FCS são reconhecidos como muito importantes para iniciativas de ERM nas duas

situações apresentadas.

Por outro lado, nenhum especialista citou os FCS 2 e 3 em resposta à pergunta

aberta, o que não difere muito dos resultados apresentados pelo Quadro 11, onde os referidos

fatores ocupam a terceira e a segunda posição, respectivamente, entre os FCS com menor

frequência de votação na escala de influência muito alta.

Adicionalmente, com denominação de “FCS – ESP.” e representados pela coluna

hachurada da Figura 20, foram citados 12 fatores que não foram abrangidos por esta pesquisa

como de influência importante para o sucesso de programas com foco na implementação do

ERM, sendo considerados como únicos os FCS similares citados por mais de um especialista.

Neste sentido, como parte do processo de desenvolvimento de novas pesquisas sobre o

referido tema, estes fatores poderão ser abordados como objetos de análises específicas.

Figura 20 – Frequência dos FCS identificados na pergunta aberta

17

16

12

9

6

5

2 2 2

0 00

2

4

6

8

10

12

14

16

18

FCS5 FCS1 FCS – ESP. FCS8 FCS9 FCS7 FCS4 FCS6 FCS10 FCS2 FCS3

Fre

qu

ênci

a d

e Id

enti

fica

ção

FCS Identificados na pergunta aberta

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88

6. CONCLUSÃO

Este capítulo abrange as conclusões deste trabalho a partir das seguintes

perspectivas: quanto aos objetivos; quanto à revisão bibliográfica e quanto aos resultados da

pesquisa. Ao final, são apresentadas reflexões que poderão ser objetos de estudos específicos

de pesquisas futuras.

Quanto aos objetivos geral e específicos, são respondidos plenamente por esta

pesquisa, com o avanço na realização de toda estrutura proposta, elencada de forma resumida

pelos seguintes levantamentos:

• Bibliográfico, que realizou a busca dos principais conceitos, definições e informações

sobre o tema pesquisado, o que possibilitou identificar quais fatores críticos de

sucesso mais influenciam na implementação das ações de gestão de riscos

corporativos de acordo com a opinião de diversos autores.

• Busca em livros, revistas especializadas e documentos que tratam de Enterprise Risk

Management - ERM.

• Dados coletados a partir da aplicação do questionário de pesquisa em uma corretora de

seguros no período de 18/3/2016 a 01/04/2016, cuja ação visava o mapeamento da

percepção dos especialistas acerca dos fatores que mais influenciam o sucesso de

iniciativas de ERM, que contemplou o seu objetivo geral.

A revisão bibliográfica possibilitou a identificação de um conjunto de dez fatores

críticos de sucesso – FCS para iniciativas de ERM, que foram os seguintes: (i)

Comprometimento da Alta Gestão; (ii) Tolerância e Apetite para Riscos; (iii) Aproveitamento

de Oportunidades; (iv) Ponto Focal no Processo de ERM; (v) Consciência e Cultura de

Riscos; (vi) Disponibilidade de Recursos; (vii) Identificação de Riscos, Análise e Resposta;

(viii) Indicadores de risco, Monitoramento, Revisão e Melhoria; (ix) Comunicação de Riscos;

(x) Conformidade da Instituição com Leis e Regulamentos Aplicáveis.

Por meio da identificação dos FCS e verificação da percepção dos especialistas

acerca da efetiva influência dos mesmos no sucesso de iniciativas de ERM, foi possível

contribuir no sentido de identificar os FCS com maior grau de influência, tendo em vista a

possibilidade de considerar durante a fase de planejamento o desenvolvimento de ações mais

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alinhadas aos principais FCS, levando-se em consideração os seus impactos sobre os

objetivos planejados e correto envolvimento das diferentes variáveis, tais como, pessoas,

cultura, processos, tecnologia e estratégias de gestão.

Apesar de existirem poucas pesquisas sobre os fatores de sucesso associados à

implementação de iniciativas de Enterprise Risk Management, o tema já é reconhecido pela

literatura como um novo paradigma para o gerenciamento de riscos, reforçando a importância

da difusão da educação sobre o tema e aplicação prática na rotina das empresas.

A Governança de Riscos é uma abordagem intrínseca ao ERM e se desenvolve a

partir de três elementos básicos e amplamente conhecidos da análise de risco (avaliação,

gestão e comunicação dos riscos). Nesta abordagem, são considerados contextos legais,

institucionais, sociais e econômicos, onde o risco é avaliado, com envolvimento das diversas

partes interessadas. Os processos abrangem a análise das relações complexas entre os mais

diversos atores, regras, convenções, processos internos e mecanismos relacionados à forma

como as informações relativas aos de risco são coletadas, analisadas e comunicadas, bem

como, o mapeamento do processo de tomada de decisão. A literatura comumente se refere ao

termo governança de riscos como GRC – Governança, Risco e Conformidade.

Outro aspecto relevante é que o termo ERM traz uma extensão ao processo

clássico de gerenciamento de riscos, que é baseado em silos, estimulando o gerenciamento

dos riscos corporativos a partir de um único programa de ações coordenadas com foco em

riscos, controles, auditorias internas e ações de conformidade. Dessa forma, o assunto

desperta o interesse das empresas, além de consultorias especializadas no assunto e agências

de rating que já reconhecem as iniciativas de ERM no processo de classificação das empresas.

Verifica-se com a amplitude de artigos consultados, e materiais de pesquisa

utilizados, que o estudo reuniu as principais referências para estruturação da pesquisa e

elucidação do tema em questão, com a abordagem objetiva e prática, ao trazer para o foco os

fatores críticos de sucesso mais relevantes para o Enterprise Risk Management e consultar

especialistas do setor de seguros para mapear as suas percepções sobre o grau de influência

dos FCS identificados na revisão da literatura em um contexto empresarial.

Quanto aos resultados, esta pesquisa teve como objetivo identificar quais fatores

críticos de sucesso mais influenciam na implementação das ações de gestão de riscos

corporativos, de forma que o processo de implementação de ações com o referido foco tenha

maior chance de sucesso, tendo como ponto de partida para alocação de trabalho e recursos os

FCS que mais influenciam no sucesso do ERM.

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Apesar da resposta à pergunta aberta não ser obrigatória no âmbito do instrumento

de pesquisa utilizado, 62% dos especialistas a responderam. A partir destas contribuições, foi

possível observar a frequência dos fatores mais citados, com destaque adicional para 12

fatores que não foram abrangidos de forma específica por esta pesquisa, denominados como

“FCS – ESP”, que constituem uma oportunidade de desenvolvimento de novos estudos sobre

o tema.

A seguir são listados os FCS sugeridos pelos especialistas:

• Visão de longo prazo;

• Apoio qualificado;

• Tornar o ERM algo vivo, constante e presente na vida dos projetos;

• Definição clara dos papeis/ responsabilidades;

• Integrar a gestão de riscos ao processo de tomada de decisão;

• Alinhamento de prioridades entre integrantes e a organização;

• Suporte ao processo de tomada de decisão com base em riscos;

• Rigor conceitual (normas, definições, etc.);

• Compromisso na realização das ações acordadas;

• Políticas e diretrizes internas para o assunto bem definidas;

• Qualidade das informações (histórico, experiência, acuracidade);

• Fixação de objetivos.

Como oportunidades relacionadas aos principais FCS identificados, o presente

estudo reconhece que o trabalho em equipe, quando bem realizado, incrementa a capacidade

da empresa em identificar, analisar e responder aos riscos, fator considerado por esta pesquisa

como o principal FCS para uma implementação de sucesso do ERM. Na sequência, em

relação ao comprometimento da alta gestão, entende-se que ações com foco em objetivos

planejados pela empresa ao invés de iniciativas individuais ou pontuais contribuem para que a

alta gestão desperte maior interesse sobre o tema “riscos” e passe a incluir o tópico nas

agendas corporativas e ações específicas em suporte ao processo decisório.

Apesar do ERM trazer uma abordagem holística sobre o tema riscos, onde cada

ator é responsável por uma parte do todo de forma integrada, um ponto focal do processo de

ERM é destacado como um FCS para implementação do modelo. Sendo assim, destacam-se

como importantes pontos de atenção, o desenvolvimento de competências específicas,

capacidade de inserção harmoniosa na estrutura e cultura da empresa, sem a ocorrência de

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conflitos de autoridade e responsabilidades, bem como, o estímulo à integração de pessoas e

processos de acordo com os objetivos a serem alcançados.

Vale ressaltar que a estratégia corporativa deve estar respaldada por ações com

foco específico na garantia da conformidade com leis e regulamentos aplicáveis, para que não

haja desvios de conduta por parte dos seus integrantes, investidores e/ou fornecedores em

conexão com o negócio, tendo em vista a missão de garantir a proteção empresarial e a boa

imagem da empresa junto ao mercado, e principalmente os seus clientes. De forma

complementar, as concentrações de ERM devem contar com uma abordagem que abranja o

aproveitamento de oportunidades a partir da melhoria continuada dos processos, além das

competências e habilidades das pessoas envolvidas em entender as demandas do negócio e

transformá-las em ações que considerem os riscos no processo de tomada de decisão, bem

como, incluam o monitoramento e comunicação adequada dos mesmos durante todo o ciclo

de vida dos projetos.

Por fim, esta pesquisa demonstra-se relevante, por contribuir para identificação

dos principais fatores críticos de sucesso (FCS) para iniciativas de ERM, no sentido de evitar

possíveis falhas durante a implementação dos processos, tendo em vista a possibilidade de

considerar durante a fase de planejamento o desenvolvimento de programas com o referido

foco, ações mais alinhadas aos principais FCS, levando-se em consideração os seus impactos

sobre os objetivos planejados. Espera-se com esta pesquisa, fomentar novos estudos sobre o

tema FCS e ERM, de maneira que a base de conhecimento cresça com a contribuição dos

pesquisadores e crescente interesse sobre o tema.

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APÊNDICE A: Questionário de Pesquisa para Avaliar, de Acordo com a Percepção dos Especialistas em Gestão de Riscos, o Grau de Influência dos

FCS nas Iniciativas de ERM.

QUESTIONÁRIO

Pesquisa de Mestrado em Sistemas de Gestão

Pesquisa de Mestrado em Sistemas de Gestão Questionário de pesquisa para avaliar, de acordo com a percepção dos especialistas em gestão de riscos, o grau

de influência dos FCS - Fatores Críticos de Sucesso nas Iniciativas de ERM - Enterprise Risk Management.

O questionário é parte integrante da pesquisa de mestrado a respeito dos fatores mais críticos para o sucesso de iniciativas de Enterprise Risk Management –

ERM, ou do português, Gerenciamento de Riscos Corporativos, e tem como objetivo coletar dados para embasamento da etapa empírica da pesquisa em

complemento a revisão da literatura já consolidada em etapa anterior do estudo. Este instrumento de pesquisa é composto por 15 questões, sendo destas, 4

iniciais sobre o perfil do respondente, 10 fechadas e 1 é discursiva, de forma que o tempo necessário para respondê-las será de aproximadamente 10 minutos.

Definições para referência:

1 - Fatores Críticos de Sucesso – FCS

Segundo Rockart e Bullen (1981), os FCS podem ser definidos como áreas focais de atividades, foco de atenção da alta direção, em que os resultados

favoráveis são determinantes para o atingimento dos objetivos planejados, atingimento das metas e prosperidade do negócio.

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2 - Enterprise Risk Management - ERM

De acordo com COSO (2004), o ERM é definido como o processo de identificação dos maiores riscos que confrontam os objetivos organizacionais, de

maneira que seja possível estimar os efeitos destes riscos sobre os processos de negócio, endereçando as incertezas de maneira sistemática e coordenada.

Perfil do Respondente

1. Anos de experiência em Gerenciamento de Riscos: a) até 3 anos; b) entre 3 e 6 anos; c) entre 6 e 9 anos; d) mais de 10 anos

2. Tempo de Empresa: a) até 3 anos; b) entre 3 e 6 anos; c) entre 6 e 9 anos; d) mais de 10 anos

3. Nível de Escolaridade: a) Ensino Médio; b) Superior; c) Pós - Graduação; d) Mestrado; d) Doutorado

4. Cargo ou Função:

Fatores Críticos de Sucesso para Iniciativas de Enterprise Risk Management - ERM

Por favor, responda as questões abaixo, levando em consideração a escala de avaliação apresentada para a análise dos fatores, que de acordo com a sua

percepção e experiência em gestão de riscos, influenciam no sucesso de iniciativas para implementação de iniciativas de ERM – Enterprise Risk Management.

Escala de Avaliação

Fonte: Adaptado de Gray (2012).

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Fator Crítico de Sucesso (FCS) Informações Gerais sobre o FCS

Grau de Influência

Muito

Alta Alta Média Baixa

Muito

Baixa

Comprometimento da

alta gestão (FCS1)

Força interna de propulsão da implementação do ERM – Enterprise Risk Management na

organização, de maneira que os demais integrantes percebem o processo como prioritário e

essencial para a empresa, o que facilita o alinhamento da estratégia de riscos com os

objetivos da organização.

Tolerância e apetite

para riscos (FCS2)

É o grau, quantidade ou o volume de riscos ao qual uma organização está disposta a tolerar

e apetite para riscos é o grau de incerteza que a empresa está disposta a aceitar tendo como

expectativa uma recompensa (PMBOK, 2013). Nessa perspectiva, estes dois fatores são

componentes do modelo de negócio que fazem o balizamento entre os objetivos primários

da organização e o nível de conforto desejado para atingi-los.

Aproveitamento de

oportunidades (FCS3)

É o grau de aproveitamento das oportunidades pela empresa. É reconhecido pela literatura,

que o foco da abordagem de riscos muitas das vezes se concentra nas ameaças e não

envolvem os mecanismos de alavancagem das oportunidades com o esforço necessário. De

acordo com (Berry e Phillips, 1998), quando uma organização possui uma capacidade

maior de gerir riscos do que seus concorrentes isto se consolida um importante diferencial

competitivo, uma vez que ela entende melhor os cenários de incerteza e amplia as chances

de alavancar novas oportunidades.

Ponto focal no processo

de ERM

(FCS4)

A empresa ter um responsável por gerenciar e supervisionar os riscos (BANHAM, 2004).

Em alguns casos aparece a posição do Chief Risk Officer, que é o responsável pelo

escritório de gerenciamento de riscos, como mecanismos de facilitação da interlocução

entre investidores e integrantes para assuntos relacionados à gestão de riscos. Como

alternativa ao responsável pelo ERM, Zhao et al. (2012) define executivos sêniores e

comitês de gestão de risco como possíveis substitutos.

Consciência e cultura

de riscos

(FCS5)

De acordo com IRM (2012), a cultura de risco faz parte da cultura corporativa e descreve

os valores, crenças, conhecimentos, atitudes e entendimentos sobre os riscos

compartilhados por um grupo de pessoas, em particular, funcionários de uma determinada

organização, times ou grupos de trabalho com interesse comum. Neste sentido, a cultura e

consciência de riscos devem permear em todos os níveis da organização de forma que o

processo de tomada de decisão tenha como componente a consciência do risco.

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Fator Crítico de Sucesso (FCS) Informações Gerais sobre o FCS

Grau de Influência Muito

Alta

Alta Média Baixa Muito

Baixa

Disponibilidade de

recursos

(FCS6)

Pessoal qualificado, orçamento, experiência, tempo necessário para a implementação do

ERM. De maneira que os processos de gerenciamento de riscos sejam melhorados a partir

do envolvimento das pessoas e correta alocação dos recursos, ferramentas e técnicas.

Identificação de riscos,

análise e resposta

(FCS7)

A partir de fontes internas e externas de riscos as organizações identificam, analisam e

desenvolvem as respostas as exposições mapeadas. Com a execução destas ações, é

possível desenvolver uma lista dos principais riscos com potencial influência sobre os

resultados planejados, o que a ajuda no processo de priorização para estruturação de

respostas para reduzir a probabilidade de ocorrência e/ou impacto destes eventos.

Indicadores de risco,

monitoramento, revisão

e melhoria (FCS8)

Os indicadores de riscos também são referenciados pela literatura como early warning

indicators, em português, indicadores de alerta antecipados, que ajudam o processo de

monitoramento dos riscos através do estabelecimento de limites que são gatilhos para ações

proativas para gerenciar os riscos em conformidade com o planejamento realizado. Através

do processo de monitoramento contínuo dos riscos e da eficiência e eficácia dos processos

de gerenciamento dos riscos é possível verificar se os processos de ERM, políticas e

procedimentos ainda continuam atendendo as necessidades do negócio e estão sendo

melhorados continuamente.

Comunicação de riscos

(FCS9)

O fluxo de informações entre as partes envolvidas nos processos de riscos é fator crítico

para iniciativas de ERM. A transparência e fluidez do processo de comunicação entre as

diversas camadas de gestão e operação da empresa faz com que as estratégias de gestão de

riscos sejam mais bem desenvolvidas, tendo em vista a maior compreensão das partes

envolvidas sobre os riscos. Outro ponto importante do processo é a precisão e agilidade das

informações com vistas a garantir que os riscos sejam relatados entre as camadas de gestão

da organização e sejam integrados ao processo de tomada de decisão.

Conformidade da

instituição com leis e

regulamentos aplicáveis

(FCS10)

Conformidade das práticas da instituição com as políticas, leis e regulamentos internos e

externos. De forma que, as empresas com comportamento mais alinhado com os padrões

reconhecidos pelo mercado como boas práticas são valorizadas e aceitas mais facilmente

como um bom parceiro de negócios pelos seus clientes e fornecedores.

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Questão Discursiva

De acordo com a sua experiência em Gerenciamento de Riscos, quais são os fatores com maior grau de Influência ou que você considera crítico para o sucesso

de iniciativas de Enterprise Risk Management – ERM? Favor descrever no campo abaixo quantos Fatores Críticos de Sucesso - FCS julgar necessários.

Agradeço a sua participação. Muito obrigado.