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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 14 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 2 Abril 2009 Respirar Dióxido de Carbono é Bom. Andar de Bicicleta não é.

FAZENDO 14

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Page 1: FAZENDO 14

Boletim do que por cá se faz.

FAZENDO

Edição nº 14 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

2 Abril 2009

Respirar Dióxido de Carbono é Bom. Andar de Bicicleta não é.

Page 2: FAZENDO 14

#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAna Correia

Aurora RibeiroCristina Carvalhinho

Ecoteca do FaialIlídia QuadradoJoão Bettencourt

Maria C. MagalhãesPedro NuvemPedro PorteiroTomás Silva

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

FOTOGRAFIA CAPAMark Faria

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

SOCIEDADE AMOR DA PÁTRIA

Fundada a 28 de Novembro de 1859 por cidadãos fa-ialenses que praticavam o rito Maçónico, a Sociedade Amor da Pátria está intimamente ligada à história re-cente da ilha do Faial e da Autonomia Regional. Isto porque foi neste local que funcionou durante alguns anos a Assembleia Regional dos Açores, tendo tido lugar no seu salão principal o acto inaugural da I Legislatura, a 4 de Setembro de 1976, na presença do Presidente da República General Ramalho Eanes e do Primeiro Ministro Mário Soares.Para além da vertente recreativa, desde cedo a So-ciedade alargou os seus fins a outras actividades de carácter cultural, económico e de beneficência.Como iniciativas destacam-se, entre outras, a inau-guração de escolas primárias nocturnas, o estabelec-imento da Caixa Económica Faialense, não só com o intuito comercial, mas também para subsidiar obras de beneficência e instrução e a promoção de serões artísticos e literários onde eram recolhidos donati-vos para instituições de caridade da ilha.O actual edifício foi inaugurado a 30 de Junho de 1934, sendo que as anteriores instalações arderam num enorme incêndio ocorrido em 1930. Edifício de elevada qualidade, projectado pelo famoso Ar-quitecto Norte Júnior, destaca-se no tecido urbano da cidade da Horta, pelo que pela sua qualidade arquitectónica com características “art deco”, em 1984 mereceu a classificação de Imóvel de Interesse

Público.No ano de 2001, a Sociedade foi agraciada pelo Pres-idente da República com a Ordem do Mérito – Mem-bro Honorário e pelo Governo Regional dos Açores declarada Instituição de Utilidade Pública.Tendo em conta o seu prestigioso passado, é para nós, membros da actual Direcção, motivo de or-gulho conduzir os destinos da Sociedade Amor da Pátria, fazendo parte activa do presente e futuro da Instituição, honrando o seu notável passado. Com esta vontade de dignificar o seu nome, estão em curso importantes iniciativas com vista a adaptar a Sociedade aos novos tempos e atrair novos sócios (desde Maio de 2008 até ao presente, inscreveram-se cerca de 50 novos sócios). Só assim, poderemos ter a garantia de um futuro promissor onde os sócios e a sociedade faialense sintam orgulho neste Clube. Destacamos algumas mudanças implementadas por esta Direcção, nomeadamente nos espaços interi-ores, na tentativa de melhoria do bem-estar dos que frequentam a Sociedade. Estão em curso obras para reabilitação do rés-do-chão do edifício, adaptando um espaço para multi-usos, nomeadamente para utilização pelos mais no-vos.Teremos, muito em breve, uma sala com computa-dores para que os sócios possam aceder à Internet, bem como, em fase final de criação, está a página da Internet da Sociedade. No âmbito das novas tecnolo-gias, adoptámos o e-mail como veículo para informar

os sócios das várias iniciativas agendadas, bem como de outros assuntos de interesse geral e implemen-támos um novo método para cobrança das quotas, incentivando a transferência bancária.Tem sido nossa vontade, igualmente, voltar a trazer o requinte e a alegria aos tradicionais bailes. Para além destes, surgiu um novo baile com a designação de “Baile de Primavera”, com a próxima data já agen-dada para o dia 09 de Maio.Para além dos Bailes, na vertente recreativa e cultur-al, temos realizado vários eventos desde exposições a serões de música ao vivo no bar da Sociedade, a colóquios e outras iniciativas que várias entidades nos têm proposto para realizar nestas instalações.No próximo mês de Maio iniciar-se-ão as pinturas dos espaços exteriores do edifício, melhorando a imagem da Sociedade, ainda por cima num ano tão importante como este, em que o Amor da Pátria comemora o seu 150º Aniversário. Neste âmbito foi criada uma Comissão Organizadora que está re-sponsável por preparar um programa de actividades que proporcionem uma efeméride memorável.São estas as iniciativas realizadas e programadas para os próximos tempos, sempre com a motivação e responsabilidade de dinamizar esta importante In-stituição, adaptando-a aos novos tempos e, sempre, dignificando o seu importante legado.

João Bettencourt

NOME: ChrisIDADE: 27 anosORIGEM:Suiça /França /Bélgica/VietnameDATA DE CHEGADA: Julho de 2005PROFISSÃO:BiólogoCASA: Alugada

Porque veio?Para trabalhar num Whale Watching. Fiz um programa europeu, que se chama Eurodisseia e que dá aos licenciados uma oportunidade de 1º emprego. Inscrevi-me na Bélgica para fazer um estágio na minha área e calhou haver um aqui nos Açores. Se tivesse calhado na Bielor-rússia, tinha ido para lá.

Porque ficou?Simplesmente porque gosto disto! E também porque recebi uma oferta de trabalho para con-tinuar cá. O estágio tinha-o feito com o Norberto e depois fui voluntário no DOP durante um mês e lá ofereceram-me um trabalho para estudar os polvos. Entretanto, entre outras coisas, eu estou a trabalhar sobre o potencial do desenvolvimento

da aquacultura nos Açores.

O que gostas mais aqui? Açorianos e tudo que tem a ver com isso!

Até quando?Não sei...

O que podia melhorar a tua estadia no Faial?

Um skate park.

Aurora Ribeirohttp://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées...

Crónicazinha...

PrimaveraFazendo

Fotografia de Mark Silva

No próximo dia 4 de Abril realizar-se-á na Horta uma série de aconteci-mentos culturais no âmbito do evento Primavera Fazendo. Este evento cultural multidisciplinar, produzido pela recentemente criada Associação Cultural Fazendo e integrado nas ac-tividades paralelas do III Festival de Teatro do Faial, terá, nesta primeira edição, a duração de um dia espalhan-do-se por três pontos diferentes da cidade da Horta.Para abertura das festividades con-vidam-se os faialenses a optarem por fazer as suas compras no Mercado Municipal onde serão surpreendidos por uma instalação a cargo de Tomás Silva. Na parte da tarde espera-se jazz e sol no jardim da C.A.S.A. com o Zeca Trio. Neste espaço poder-se-à

também contemplar a exposição do fo-tógrafo Mark Silva. À noite, e depois de um saltinho ao Teatro Faialense para a apresentação da peça “Quatro Contos de Café “ pelo grupo de teatro Carro-cel, a instalação permanente da Fábrica da Baleia terá nova companhia pela mão de alguns artistas locais, nomeada-mente Aurora Ribeiro (videoarte), Ken Donald e Pedro Solà. A animação musi-cal noctívaga estará a cargo do projecto de música urbana Babdujah e do DJ lis-boeta Mike Stellar. A entrada na Fábrica da Baleia terá o valor de 3 euros com direito a consu-mo.

A Direcção

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCAA Mulher Sem Cabeça

Já foi visto...

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“Johnny Guitar”Uma película de Nicholas Ray

Foi numa sala com bancos de ma-deira, com um projector Philips FP-3 portátil, que vi pela primeira vez a película (em reposição) “Johnny Gui-tar”, uma produção de 1956. Depois vi mais umas quantas vezes e com mais atenção. Estava perante um Western e dos bons. (De repente, lembrei-me dos filmes de Sérgio Leone, mas isso é outra “coisa”…) O filme apresenta uma história não convencional para o género, na medida em que gira em

torno de duas mulheres rivais, de temperamentos fortes, a proprietária de um “saloon” e uma fazendeira histérica e sexualmente reprimida. A realização é ex-celente, imprimindo um bom ritmo ao filme, do início ao fim. Os diálogos são inteligentes. A banda sonora é um outro ponto alto, onde naturalmente se destaca a conhecida canção-título, composta pelo famoso maestro Victor Young e por Peggy Lee, uma das maiores cantoras americanas dos anos 50, que também a in-terpreta. O trabalho de cores, auxiliado pelas características técnicas do sistema utilizado, é deveras sensacional.No elenco, os grandes nomes são os de Joan Crawford e Mercedes McCambridge. O filme foi produzido no ano de 1956. Foi filmado em Tecnicolor. De acrecentar ainda, que Nicholas Ray - realizador maldito de Hollywood - esmerou-se me-ticulosamente na criação de um estilo feérico, onírico, que Truffaut (o cineasta e crítico francês que amava a longa-metragem) chamou de “a Bela e a Fera dos faroestes”.

L.P.

Lucrécia Martel numa incursão pela mente humana

Bem acolhido em diversos festivais de cinema - o que já era de es-perar - o último filme de Lucrécia Martel, a mais bem-sucedida representante do Novo Cinema Argentino, tem vindo a construir uma obra cinematográfica consistente e de autor, ainda que os seus filmes não sejam para todos os gostos. O perturbador “A

Mulher Sem Cabeça” (com estreia mar-cada para breve no nosso país), radicaliza algumas reflexões já apresentadas, por exemplo, em “O Pântano” e “A Menina Santa”, já exibidos anteriormente pelo Cineclube da Horta.Esta terceira longa-metragem de Lucrécia Martel, não será um filme fácil: conta com uma narrativa muitísssimo fragmentada e subjectiva, sem um enredo claro, exigindo a cumplicidade do espectador, que nunca sabe ao certo o que vai acontecer.A película, retrata um acidente banal, o atropelamento de um cachorro, e dispara na protagonista Verônica (Maria Onetto), uma espécie de processo de entropia psi-cológica, que subverte a maneira como ela

vê e se relaciona com o mundo, e a faz perder os laços afectivos com as pessoas e com muitas outras coisas à sua volta.O ritmo é deliberadamente lento, mas ao mesmo tempo carregado de tensão, Martel conduz o espectador a uma incursão na mente dessa mulher, que não consegue mais conversar nem trabalhar normalmente, que passa a confundir identidades, e tem dificul-dades para discernir o passado e o presente, a memória e a per-

cepção. Ao mesmo tempo, abre-se um abismo entre a imagem que a protagonista tem de si mesma e a imagem que as outras pessoas fazem dela.Lucrecia Martel explora os terrenos vagos do sentimento e da memória não pela via da racionalização, mas por meio da criação de uma atmosfera quase fantástica – e desconfortável em vários momentos – que produz uma sensação de constante atordoamen-to. Contribui para isso o seu domínio absoluto de alguns aspectos da linguagem cinematográfica: enquadramentos precisos, perso-nagens que entram e desaparecem de cena quase sem compreen-dermos porquê. A utilização inventiva do som também é uma das técnicas utilizadas neste filme.“A Mulher Sem Cabeça” é construído de pequenos gestos, de entrelinhas e silêncios. Falta deliberadamente algo ao filme; ou melhor, o filme é sobre essa falta, sobre a ausência inexplicável de algo que deveria estar lá e não está. É, ao fim e ao cabo um mer-gulho na mente do ser humano. Um filme que promete.

Luís Pereira

À VISTA

“Tempos de Verão”de Olivier Assayas

Escrito e Realizado por Olivier Assayas, com as participações de Juliette Binoche, Charles Berling, Jérémie Renier, Edith Scob, entre outros, é um filme que “vem depois de uma trilogia que não tinha sido concebida como tal, estruturada à volta da noção de uma sociedade internacionalizada.” – referiu o realizador no último festival de Cannes. Com De-monlove, Clean e Boarding Gate, Olivier Assayas pretende contar histórias sobre o mundo de hoje, onde a cultura e as Línguas se juntam, onde o que move as pessoas é determinado, e como sempre foi, pelo dinheiro e pelas máquinas de fazer publicidade. Um filme que se oferece como o solstício de um Olivier Assayas tranquilo e em pleno domínio dos seus recursos. Olivier ilumina actualmente o cinema francês como um dia que se amplifica.

L.P.

“O Canto dos Pássaros”de Albert Serra

Depois de “Honra e Cavalaria”, o jovem Catalão Albert Serra, acaba de estrear em Portugal o “Canto dos Pássaros”, a história de Três Reis Magos que partem em busca do Messias acabado de nascer. É um filme sobre a fé: sobre todas as incertezas da sua caminhada. O que move os Magos é a convicção de que no fim do caminho haverá alguma coisa a rec-ompensar o seu esforço e a sua devoção. No elenco, Luís Carbó, Luís Serrat Batlle, Luís Serrat Masanel-las, Montse Triola, Mark Peranson e Victoria Ara-gonês. O filme marcou presença positiva na Quin-zena dos Realizadores no último Festival de Cannes. Para ver na Horta, oportunamente…

L.P.

4 Abril14h00, Exposição de Fotografia de Mark Silva16h30, Jazz com Zeca Trio

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

STRATEGIES AND SURVIVAL

One Week Project (Lil’ John e Kalaf) 2004

E Fazendo estreia no Fa-zendo, tinha que deixar aqui uma das minhas melhores re-

comendações, leia-se, para mim um dos melhores álbuns de 2004 (ou de 2005 pois me acompanhou todo esse ano).Produto urbano da nossa Lisboa, multicultural nas influências que foram, sendo nossas ou as nossas. Actual em estilo, musicalidades suaves, ritmos cool’s de base electrónica com traços jazísticos, desprovidios de floreados na honestidade e pureza da criação. Resultado de um projecto, criar um conceito, compor os temas e gravá-los numa semana! Será possível numa semana? Foi perante este desafio que surge One Week Project, com o álbum Strategies and Survival. Livre de produções pesadas, com resquícios naives, de improviso e crueza, mas das unhas dos já experientes Lil’ John e Kalaf (mentores dos hoje famosos Buraka som sistema).Definido pelos próprios como “poesia e ritmo”, foram expostos a processo diversos amigos e convidados de veludo. Apenas arro-jam no tema Strategies and Survival, abordando a cidade de frente, uma batida mais suja de estilo minimalista revelando um aroma de outros ritos urbanos. Com o achonchego de poetas e MC’s como Melo D no microfone... confortáveis na busca de prazer, agrada-me pensar que o tenho na prateleira, no externo ou no radio do carro a caminho de casa -- ele estará lá na calmaria da tempestade, na maravilha da tranquilidade de como se quer a vida. 12 faixas, que ao longo de 45 minutos espelham uma semana solarenta de Agosto em Lisboa. Indicações = Óptimo para a Ansiedade. Po-sologia = pelo menos 1 vez por semana em horário de trabalho. Editado pela Enchufada, com distribuição exclusiva da Movieplay Portugal, podem escutar versões ao vivo e descobrir um pouco mais em www.myspace.com/oneweekproject.

P.N.

Atavés de Si - http://thru-you.com

À DESCOBERTA

Mike Phelps, Promo EP

Nel’ Assassin 2009

Nadando como um pato na água do hip-hop na-cional, o DJ Nel’ Assassin

assina este ano a sua primeira mix-tape “Mike Phelps”, em formato CD. “6 de Abril Free Download” é a sua promessa em www.myspace.com/nelassassin.De linguagem urbana com setas apontadas aos habituais falsos Hip-Hop’ers, mulheres e boa vida, Nel’Assassin é um DJ e apresenta o usual impressionante rol de participações, prometendo-se 50 minutos do melhor Hip-Hop Português. Disponibiliza on-line 4 faixas promocionais (incompletas), onde revela apenas os nomes dos MC’s convidados em vez dos nomes dos 4 temas - uma mão de trunfos que apesar de se tratar de um dos maiores (e a quem diga o primeiro) DJ de Hip-Hop em Portugal, não hesita em pô-los na mesa. Os MC’s (originalmente de Master or Mistress of Ceremo-nies), são neste caso nada mais que Sir Scratch, Xeg, NGA e Nerve.Na faixa Mike Phelps, Sir Scratch rima com expressão e mé-trica, fluindo sob batidas quase soul, homenageando o Hip-Hop e os seus verdadeiros em braçadas soltas. XEG rima numa malha mais old-school, deixando relativa água na boca para o resto da faixa. Na mesma linha old-school vem a faixa com NGA, o rapper menos conhecido desta mão, com batidas aqui bem assassinas a corresponder às rimas ardentes directamente da rua, de um MC tentando romper a bolha, promete.A faixa com Nerve arroja com batidas positivas ao estilo East Side (que remete para o Gravel Pit de Method Man), que fazem bem ao espírito festivo de ouvintes deste som ou mesmo para os mais distraídos, numa onda deslavada de boas maneiras que relembra o nosso Sandro G. Com esta última faixa em destaque, promete-se um álbum de um su-per nadador, “fresco de temas quentes” rimados em Portu-guês e com bastante scratch, para ir antecipando um verão que se espera bem quente!

Pedro Nuvem

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Num mundo onde a quantidade de informação aumenta exponen-cialmente de dia para dia e onde esta é cada vez mais acessível ao mais comum dos mortais (e viva a democracia!), as maiores difi-

culdades apresentam-se-nos agora ao nível do saber como utlizá-la e, antes disso, saber como escolhê-la. Hoje em dia qualquer pes-soa com um computador e acesso à internet consegue, em pouco tempo, encontrar aquilo que há vinte anos atrás ainda requeria al-gumas pestanas queimadas. Sem essa mesma internet este artigo nunca seria escrito neste jornal, que provavelmente também não existiria, pelo menos nos mesmos moldes. Bem visto, o universo de possibilidades que nos é apresentado é verdadeiramente im-pressionante e, sendo bem aproveitado, fonte quase inesgotável de novas e agradáveis criações. Foi isto que fez um jovem de nome artístico Kutiman. O músico e DJ israelita teve uma ideia bastante sui generis: samplar e misturar vídeos músicais caseiros disponibilizados no mais democrático ca-nal de televisão da actualidade, o YouTube. “ThruYOU – Kutiman mixes YouTube” é o nome da aventura que resultou em sete temas e na formação de uma orquestra verdadeiramente global. A lição de bateria do vizinho, os tutoriais de guitarra do Fix e do Stix, o Jamal a brincar com o sintetizador na garagem, o Francisco a “tripar” com o theremin no centro comercial, a canção do Fuad no casamento da prima, o pequeno Juan no quarto a experimentar o instrumento de cordas esquisito, as experiências electrónicas do Yin Lee, a Mary Jane a tocar orgão de igreja ou a Ingrid a cantar na cozinha enquanto dá as papas ao filho são alguns dos exemplos da matéria prima usada pelo artista larápio. No fim, e o mais impor-

tante de tudo isto: uma mão cheia de boa música. “Someday” (o tal cantado pela mãe na cozinha) poderia ter sido o melhor tema de abertura de qualquer filme do James Bond, em “This Is What It Became” Manu Chao convida um obscuro MC ragga escondido na sua sala com os estores corridos para um dub carregado de efeitos esp(a)ciais e “Mother Of All Funk Chords” é força, suor e tran-spiração numa big band de funk que junta negros e brancos (e um miúdo chinoca a tocar trompete). Cada clip é composto por vários segmentos dos vídeos originais que o constituem sendo os respectivos links disponibilizados no final, para os mais curiosos. No oitavo e último vídeo poderão en-contrar o autor a explicar o projecto e a falar do quão surpreendido ficou com a quantidade de músicas que encontrou e que encaixa-vam entre si sem qualquer tipo de edição – ora, e sem aspirar a mais do que isso, é curioso constatar que num período em que as pes-soas tendem cada vez mais a isolar-se (um dos perigos derivados da tal facilidade no acesso ao mundo através de um click), ainda há bastante gente espalhada por este planeta que está, literalmente, no mesmo comprimento de onda (ou em múltiplos primos).

Pedro Lucas

Já foi ouvido...

Se o tempo o permitir, o primeiro momento musical do Pri-mavera Fazendo terá jazz nos jardins da C.A.S.A.. O guitar-rista Zeca Sousa, acompanhado por Nelson Raposo (bateria) e Pedro Gaspar (contrabaixo), proporcionará ao público um

concerto com temas de algumas das grandes refer-ências do género.À noite na Fábrica da Ba-leia o projecto de música (não) tradicional açoriana, BabudJah, apresenta-se em formato instrumental.

Com base na mistura de música eléctrónica e didgeridoo, a sonoridade do grupo passa por vários estilos musicais urba-nos como o dub ou o drum’n’bass. Para finalizar o evento, o único convidado extra-faialense, Mike Stellar. O veterano DJ lisboeta foi dos pioneiros na produção de festas de drum’n’bass em Portugal e um dos elementos dos Dubadelic Vibrations, um dos primeiros soundsystems de musica jamaicana no nosso país. Os seus sets costumam compreender nu-jazz, breakbeat, hip-hop, drum’n’bass, dub e algumas músicas perdidas dos anos 60, 70 e 80. No seu cur-rículo podem-se encontrar actuações nos clubes Lux (Lisboa), Fragil (Lisboa), 93 ft East (Londres), Mau Mau Bar (Londres), Medicine (Londres), La Sal (Barcelona), ChaChaCha (Buda-peste) e Kultiplex (Budapeste), e nos festivais Hype@Meco, Boom Festival, Sudoeste, Atlantic Waves (Londres) e J2Z Festival (Belfast).

Pedro Lucas

A Música do PrimaveraFazendo: Mike Stellar, Zeca Trio e Babudjah (instrumental)

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Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Manuel BaptistaBanco de ArtistasConcurso|Exposição de Artes Plásticas

Manuel Baptista nasceu em Faro, em 1936. Iniciou a sua formação académica em arquitectura mas abandonou-a antes do término para se dedicar de corpo e alma à pintura. Em 1962 termina o Curso Complementar de Pintura nas Belas-Artes de Lisboa, onde foi também pro-fessor assistente entre 1964 e 1972.Começa a expor em 1956, conseguindo que a sua obra

tivesse o destaque merecido, tanto em Portugal como no estrangeiro. Durante a década de ‘50 a sua obra revela uma temática ligada a temas popu-lares, habitualmente ligados aos trabalhadores, homens e mulheres. Deixando já antever uma pos-sível passagem para o abstracto (pela simplicidade e informalismo do seu traço, pela influência clara de Miro e Paul Klee), a partir de ’60 assume o que viria a ser a grande marca da sua obra. Entre desconstruções, camadas, sobreposições e textu-ras, cortes e evidências, tanto geométricas como orgânicas, o percurso do pintor foi correndo de

forma coerente por uma linha gráfica e pictórica quase ex-perimental, muito curiosa, mantendo sempre uma sobrie-dade característica. Actualmente, o pintor Manuel Baptista vive e trabalha em Faro e em Lisboa.

Ana Correia

À PROCURA

Manuel Baptista - “Leque”, 1982

A Câmara Municipal da Horta organiza no final do mês de Abril um concurso dedicado às Artes Plásticas e destinado a todos os residentes na ilha do Faial. Este concurso tem como objectivo estimular e promover a actividade artística local e o desenvolvimento de novas formas expressivas, contribuindo para o seu enriquecimento cultural.Cada artista pode concorrer com um máximo de duas peças sendo aceites suportes bidimensionais, tridimensionais, in-stalações multimédia e propostas híbridas. Os trabalhos a concurso, deverão ser entregues até ao dia 22 no edifício da Câmara Municipal acompanhados da respectiva ficha de in-scrição. Os trabalhos submetidos serão expostos entre os dias 24 do mês presente e 30 de Junho nas antigas instalações do Banco de Portugal. Ao vencedor do primeiro prémio será ofercida uma viagem a Lisboa onde terá a oportunidade de ver a sua obra exposta na Galeria Aberta do Museu Jorge Vieira.

Pedro Lucas

Priberams. f.1. Acto ou efeito de instalar ou instalar-se.2. Conjunto de coisas instaladas.

v. tr.1. Dar posse (de um cargo) a (alguém).2. Dispor para funcionar.3. Estabelecer.4. Alojar.

v. pron.5. Estabelecer-se.6. Organizar o seu domicílio.7. Tomar posse (de cargo ou dignidade).

WikipédiaArte de instalações (krafts) é uma manifestação artística onde a obra é composta de elementos organizados em um ambiente fechado. A disposição de elementos no espaço tem a intenção de criar uma relação com o espectador.Uma das possibilidades da instalação é provocar sensações: frio, calor, odores, som ou coisas que simplesmente chamem a atenção do público ao redor.

Instalação?

Bom dia

Hoje dormi mal, acordei sobressaltado. Decorre o congresso so-bre Turismo Cultural e não sei se foi por causa disso se por não ter tomado o comprimido para a tensão, acordei cedinho. Acordei a pensar em actualidades. No património, que é a base para se fazer e se conseguir o tal turismo cultural. Pus-me a pensar. Ocorreu-me uma máxima. Se não existe património, não existe cultura, é daquelas coisas, “ não se fazem omeletas sem ovos “ o que também é dizer “ sem património não se faz turismo cultural” ou de outra forma “ sem a cultura não existe património”. Já meio acordado e entre bocejos, fui deixando o pensamento fluir sem o controlar. O património é uma consequência da cul-tura, ou a ela está directamente ligado. Segundo se diz, a repre-sentação dessa cultura pode ser falada, escrita, pintada, moldada, construída e até destruída, o que resulta no património falado, es-crito construído e por ai fora. Nesse sentido, o património é tudo o que fizemos e que continuamos a fazer. Noutro nível, existe o património que não foi necessário fazer nada para o ter, surge sem a nossa vontade, já estava cá quando foi o achamento – gosto da palavra - ou então, surge sem que tenhamos de fazer qualquer esforço. O mundo. O património físico e biológico, como por ex-emplo as paisagens, os vulcões, as plantas o mar, e então, o Ca-

nal, o Pico e até o anticiclone que nos traz a bruma e a chuva, que parecem ser as causas para não termos um turismo que nos afogue e que nos torre, mas que nos lance para um patamar de desenvol-vimento nunca antes atingido. Justifica-se então inventar o tal tur-ismo cultural para ver se nos safamos. Ao contrário do primeiro, esse é o nosso património forte, que já existia antes de nós, que se transforma mas que permanece, apesar de nos últimos tempos tentarmos ombrear com ele e até esquecer que existe (e dar cabo dele). O outro, aquele que nos deixaram e que nós vamos deixar às gerações vindouras, esse que somos directamente responsáveis, porque somos nós que o construímos e que é o nosso espelho, esse, está muito fraquinho. Se o primeiro continua robusto e em perpetua transformação e equilíbrio, apresar da nossa teimosia e da nossa vontade e força destruidora, o cultural está moribundo, porque é frágil, é inseguro como nós, está doente, e parece estar com a tensão arterial muito baixa, é muito fraquinho …. O barulho do mercado surge às ondas e deixa-me ligeiramente sonolento. Ando pelas ruas deambulando e as antigas casas pare-cem tristes, abandonadas, sem que lhes acudam, sem gente lá dentro. Uma gelosia bate surda e solta contra a parede. Não se ouve o burburinho dos mais pequenos a descerem as escadas, a baterem as portas e os portões do “sagão” num frenesim inqui-eto para apanharem a urbana e chegarem à escola. Ouve-se um

silêncio ensurdecedor. Sente-se o gemido da madeira e os tectos vão caindo devagarinho, sem que ninguém lhes toque ou dê por isso. As fachadas que não morrem de pé, caem por si ou por um toque de mestre que tem o dom de as fazer renascer com caras novas, lavadas, mais altas e maiores. O artesanato que produzimos está exposto numa loja de uma montra só. As flores de escamas de peixe e os moinhos de vento de miolo de figueira, foram colocados dentro de caixinhas de plástico para os proteger. Os panos bran-cos bordados, permanecem alvos e duros de ninguém os tocar. As rendas parecem teias tecidas por quem já cá não está. O lenço de tule bordado com fio de palha de ouro foi colocado numa moldura, protegido, como se fosse o retrato da minha avó, colocado numa parede da sala, rodeado por tarecos e cacos comprados nas lojas dos chineses. Acordo lentamente, levanto-me e já ninguém está em casa. Saio á rua e penso no que pensei e sinto um som baixo e oco na minha cabeça. O vento passa-me pela cara e pelas orelhas e não me faz frio. A gente que passa de carro e anda na rua acena-me de diz-me bom dia e eu aceno e digo adeus.

Pedro Porteiro

O Nosso Património é muito fraquinho

Page 6: FAZENDO 14

#6 -ENDOS, -ANDOS, -INDOS Literatura

O Judeu, de Bernardo Santareno

Mãe, não tenho nada para ler...Tintin

Há oitenta anos aparecia pela primeira vez um estranho repórter com uma poupa e acompanhado pelo seu cão, Milou. Se nunca ouviste falar de Tintin aproveita o facto de se comemorar o seu aniversário e descobre o seu universo: o capitão Haddock e os seus incríveis insultos (“ bachi-bozouk” ou “pepino diplomado” são apenas dois exemplos) , os Dupond e Dupont, dois polícias trapalhões que passam a vida a meter-se em confusões, a Castafiore, uma cantora

com uma voz capaz de partir os vidros, ou o professor Girassol, tão distraído e míope que é capaz de cumprimentar um candeeiro a pensar que é uma linda senhora.Há catorze aventuras que te vão levar a atravessar o mar e a enfrentar piratas (em O Segredo do Licorne), à China (em O Lótus Azul) ou até à Lua (em Rumo à Lua).

C.A.

Já foi lido...

Texto dramático inserido no perío-do romântico, esta obra apre-senta a história de um romeiro que, após vinte e um anos de ausência provocada pelo cativeiro na Terra

Santa, regressa a Portugal. Só que o seu regresso não foi o que esperava: a sua esposa tinha um novo marido e uma filha. Esta revelação conduz a um desenlace trágico com a morte física e psicológica de todos as personagens.

De salientar, o momento de grande tensão dramática vivido no final do II acto, quando perante a interrogação “Romeiro, romeiro, quem és tu?”, este responde com o poderoso “Nin-guém!” que marcou para sempre o teatro português.

Ilídia Quadrado

A propósito do Dia Mundial do Teatro que – tal como o Dia Mundial da Poesia – se comemora este mês nunca é demais relem-brar os grandes drama-turgos portugueses, entre eles Gil Vicente e Bernardo Santareno.Se o primeiro, consid-erado o “pai” do teatro português, quase todos conhecem desde os tempos de escola por ser dono de uma ironia que atravessou os tem-pos e que ainda hoje

é actual, o segundo tem vindo a ser cada vez menos conhecido, apesar de muitos críticos considerarem que é um dos principais

dramaturgos portugueses do século XX.Nascido em 1924, médico de profissão mas escritor por opção e convicção, Bernardo Santareno tem uma obra essencialmente cen-trada na temática da liberdade, que se expressa, por vezes de forma bastante violenta, em personagens que lutam contra a opressão e pela dignidade humana, rejeitando todas as formas de discrimina-ção, seja ela política, económica ou racial.Influenciado, tal como o foi Luís de Sttau Monteiro em Felizmente há Luar, por Bertolt Brecht (dramaturgo, poeta e encenador alemão que preconizava que o teatro tinha por missão transformar o mundo pois levava as pessoas a reflectir sobre a sociedade que as rodeia), é em O Judeu, escrito em 1966, que melhor se expressa esta vontade de levar os espectadores a pensarem-se como eixos de transformação do seu destino e do seu próprio mundo.Inspirado pela vida do dramaturgo setecentista António José da Silva *, filho de cristãos-novos, que viria a ser queimado por or-dem da Inquisição, Bernardo Santareno cria um distanciamento que lhe permite criticar não só o anti-semitismismo inquisitorial mas também o próprio Estado Novo e as perseguições de que eram alvo todos os que se opunham ao regime.

O Judeu é, na realidade, uma peça dentro de uma peça, já que Ber-nardo Santareno integra na sua obra excertos da obra de António José da Silva, e porque a história de António José da Silva, a cruel-dade da sua morte, serve de espelho onde o espectador descobre uma Europa que se encontra marcada pelo horror do nazismo e da “solução final” e um Portugal em que o próprio Bernardo Santar-eno viu a representação das suas peças ser proibida já que eram consideradas subversivas.

Catarina Azevedo

*António José da Silva nasceu no Brasil mas foi em Portugal que se ilus-trou como dramaturgo, com peças satíricas que tinham um enorme suc-esso. Condenado após ter sido torturado e alvo de um processo muito parcial, acabou por ser garrotado antes de ser queimado.

À CONQUISTA

E se Obama fosse Africano? E outras intervençõesde Mia Couto

Quando Obama foi eleito, no meio da eu-foria efervescente que assolou o mundo, Mia Couto escreveu um artigo extraordinário em que explicava o que se passaria se Obama

tivesse sido candidato à presidência de um país africano com um humor ne-gro e uma visão acutilante do que é a realidade no continente em que vive. Nesta colectânea, que reúne textos dis-persos que retratam a sua visão de peque-

nos factos que marcaram a actualidade, reencontramos esse humor e essa ca-pacidade de observar o que o rodeia pois abrange áreas tão diversas como a políti-ca, a cultura, a literatura ou a antropolo-gia, sem deixar nunca de lado uma certa poesia na forma de encarar o mundo.

C.A.

Frei Luís de Sousade Almeida Garret

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZSabia que não são só os bacalhoeiros que pescam na Terra Nova?

O investimento na industrialização e globalização da agricultura tem sus-tentado os sistemas corporativos base-ados na mecanização e tecnologia e orientados para exportação, trazendo impactos negativos para a saúde públi-ca, a qualidade alimentar e nutricio-nal, os meios tradicionais de subsistên-cia e as culturas autóctones locais. Embora o estandarte da agricultura in-dustrializada seja o de, supostamente, resolver problemas mundiais de “in-eficiência da produção em pequena esca-la” e de fome no mundo, todos sabemos que a fome no mundo continua e, a par desta dura realidade, os ecossistemas tor-naram-se mais vulneráveis, a poluição do ar, da água e do solo aumentaram e sur-giu uma nova poluição, a genética. Tudo isto, graças à utilização de combustíveis fósseis, dos pesticidas e fertilizantes e da engenharia genética como matérias e técnicas priveligiadas por este tipo de ag-ricultura colocando em risco a segurança alimentar ou ambiental, trazem ameaças inaceitáveis para a saúde pública, impac-tos ambientais irreversíveis e/ou violam os direitos inerentes aos agricultores de proteger as suas terras contra poluentes. Uma vez que se reje pela produção de monoculturas orientadas para exporta-ção, a industrialização agrícola originou uma explosão de comércio a longa distân-cia de produtos alimentares com o conse-quente aumento do uso de combustíveis fósseis para o transporte, pondo em causa ainda mais o clima e o ambiente, em geral.Cada vez mais tomamos consciência de que o nosso habitat natural, não aguenta muitos mais anos de utilização intensiva como a que se fomentou no século XX. A grande questão agora é saber como inverter a situação, como satisfazer as necessidades e aspirações de hoje sem comprometer as necessidades das gerações vindouras, nomeadamente, como parar as alterações climáticas, a exploração desenfreada dos recursos naturais, a redução da biodiversidade,

o aumento dos resíduos e poluentes e o aumento do consumo energético? No seguimento dos factos e das preocu-pações enunciadas, pretendo propor uma reflexão sobre algumas medidas que po-dem contribuir para resolver alguns dos problemas apresentados, nomeadamente, a produção local para consumo local. No que diz respeito à produção lo-cal e consumo local, isto significa que a produção deverá ser localizada perto dos centros urbanos, dos centros de consumo, principalmente a produção de hortícolas biológicos terá mais, e mel-hores, condições para ser competitiva se a produção for local para consumo local. Não faz sentido comprar legumes de zonas afastadas do consumo se perto tivermos terra fértil e os recursos huma-nos necessários para a trabalhar. Não faz sentido as complexas redes de dis-tribuição e comercialização se podermos encurtar a distância entre o produtor e consumidor, aumentando dessa forma a competitividade dos produtos, produzi-dos e reduzindo a quantidade de ener-gia necessária e o aumento da libertação de CO2 associado ao seu transporte.Desta forma, proponho que, desde já, actuemos como consumidores con-scientes e exigentes, agindo localmente. Assim, proponho que, todos os que go-stariam de ver valorizados os produtos locais, se pronunciassem sobre essa matéria nas caixas de sugestões/recla-mações dos locais de abastecimento de produtos de consumo básico, nomeada-mente, no hiper e no mercado municipal.Aqui fica uma sugestão (uma vez que “a união faz a força”):

Exmo. Sr/Sra (comerciante?), gostaria ver destacados, no seu espaço comercial, os produtos locais e regionais.

Cristina Carvalhinho

Atenção às torneiras!A água é um recurso natural renovável que tem sofrido uma crescente pressão quer em termos de qualidade quer de quantidade disponível, pelo que cada um de nós tem o dever de contribuir para a sua preservação. Com um pequeno esforço podem ser poupados litros de água por mês, e muitos mais por ano. Verifique o fecho correcto das torneiras após o seu uso, uma torneira que pingue durante 24 horas, perde mais de 30 litros de água, o que corresponde a mais de 10 000 litros por ano. Se necessário proceda à sua reparação e/ou instale dispositivos de controlo na extremidade de torneiras e mangueiras.

Dina Downling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

AS ÁREAS DE ALIMENTAÇÃO DOS CAGAR-ROS (CALONECTRIS DIOMEDEA BOREALIS) NOS AÇORES

As aves marinhas têm uma estratégia de vida ex-trema, de entre elas, os membros da ordem Procel-lariiformes (albatrozes, pardelas, painhos, etc,) são aves de vida particularmente longa e têm uma taxa reprodutiva anual muito baixa, caracterizando-se por pôr um único ovo. O cagarro (Calonectris diomedea) faz parte da família das pardelas, nidifica em buracos nas rochas ou em tocas por ele escavadas, formando colónias muito numerosas podendo por vezes atingir várias dezenas de milhar de casais, e.g. Selvagens (Grana-deiro et al. 2006). Os cagarros permanecem nas ilhas dos Açores durante nove meses, de Fevereiro a Outubro (Monteiro et al. 1996), onde começam por reencontrar o parceiro, normalmente de uma vida, reconquistar e limpar o ninho de anos ante-riores. Segue-se o acasalamento e a formação do único ovo que a fêmea porá por volta do fim do mês de Maio. A incubação, que dura cerca de 55 dias, é uma das fases mais difíceis, apesar de partilhada pelo casal, é feita por turnos sendo que um turno pode durar 14 dias consecutivos. É já no Verão que a cria nasce e é alimentada pelos dois progenitores durante cerca de 90 dias ao fim dos quais pesará mais do que qualquer um deles. Entre Junho e Setembro de 2004 a 2006, no âm-bito dos projectos Marmac I e II, colocaram-se transmissores de rádio e de satélite em 82 cagarros adultos permitindo conhecer a distribuição no mar e a estratégia de procura de alimento destas aves (Magalhães et al. 2008). As viagens duraram até 20 dias, no entanto a sua maioria foi de apenas 1 dia (71%). A frequência da distribuição das viagens foi bimodal, ou seja com dois picos de abundância de viagens de 1 e 10 dias, indicando uma clara sepa-

ração entre viagens “curtas” e “longas”. Durante as viagens curtas as aves viajaram aleatoriamente em redor das ilhas, as viagens curtas distaram 588 km da colónia do Corvo, 214 km do Ilhéu da Praia e 107 km do Ilhéu da Vila. Nas viagens longas todas as aves, sem excepção, rumaram a Norte (Figura 1), os cagarros viajaram até uma distância máxima de, 1315 km do grupo ocidental, 1528 km do grupo central e 1819 km do grupo oriental. Apesar da crescente disponibilidade de dados es-paciais sobre a distribuição das aves no mar, o con-hecimento dos factores que afectam a distribuição é ainda bastante limitado, nomeadamente no que concerne ao desenvolvimento de modelos prediti-vos de resposta a alterações ambientais e climáticas (Jonsen et al. 2003). Conhecer a distribuição das especies marinhas e os factores que influenciam a sua distribuição no mar são questões essenciais para compreender, a influência do ambiente na estratégia da vida marinha e, em que medida é que a previsibilidade dos recursos afecta o sucesso de busca de alimento e, onsequentemente, o sucesso reprodutivo e a sobrevivência das espécies (Weim-erskirch 2007).

Maria C. Magalhães/DOP

BibliografiaGranadeiro JP, MP Dias, R Rebelo, CD Santos, P Catry (2006) Num-bers and population trends of Cory’s shearwater Calonectris diomedea at Selvagem Grande, Northeast Atlantic. Waterbirds, 29, 56-60Jonsen ID, RA Myers, JM Flemming (2003) Meta-analysis of animal movement using state-spaced models. Ecology, 84, 3055-3063.Monteiro LR, JA Ramos, RW Furness (1996) Past and present status and conservation of the seabirds breeding in the Azores Archipelago. Colonial Waterbirds, 19, 82-97.Magalhães MC, RS Santos, KC Hamer (2008) Dual-foraging of Cory’s shearwaters in the Azores: feeding locations, behaviour at sea and implications for food provisioning of chicks. Marine ecology Progress Series, 359, 283-293.Weimerskirch H (2007) Are seabirds foraging for unpredictable

resources? Deep-Sea Research, 54, 211-223

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Produção local para consumo local

Figura 1. Viagens de Cagarros adultos a nidificar no Corvo (linhas grená), em Santa Maria (linhas amarelas) e na Graciosa (linhas laranja).

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#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 4 de Abril Exposição de Pintura “Plasmáticos” de Jorge Câmara

Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Até 30 de Abril Exposição de Pintura “Na Terra a Tocar no Céu” de

Margarida AlfacinhaAssembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Exposição de Pintura “Inspiração Insular” de Jaen Ni-eto AmatAssembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Exposição de Pintura “A Pesca de Cerco” de Carlos BrosSala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

2 de Abril Feira do Livro Infantil e Exposição: “A História do

Conto - Como Nasce um Livro” Centro de Intrepretação do Vulcão dos Capelinhos, 20h45

(até dia 26 )

3 de Abril Leitura: “2º Encontro da Comunidade de Leitores”

Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 18h00

Teatro: “4 Contos de Café” pelo grupo de teatro Car-rocel Teatro Faialense, 21h30(repete dia 4)

DJ Set: Septimus apresenta GroovyPimTaberna de Pim, 23h00

4 de Abril PrimaveraFazendo

Mercado Municipal9h00.Instalação por Tomás Silva (http://ilhascook.no.sapo.pt)

C.A.S.A.14h00. Exposição de Fo-tografia de Mark Faria16h30. Concerto de Jazz por Zeca Trio (http://www.myspace.com/zecasousa)

Fábrica da Baleia20h30. Instalação por Ken Donald20h30. Instalação por Pedro Solà (http://www.art-tisse.com)20h30. Instalação de Vídeo por Aurora ribeiro (http://il-hascook.no.sapo.pt)23h00. Concerto de Música Urbana por BabudJah (http://www.myspace.com/babudjah)24h00. DJ Set com Mike Stellar (http://www.myspace.com/mikestellar)

5 de Abril Hora do Conto

Centro de Intrepretação do Vulcão dos Capelinhos, 15h00

7 de Abril Cinema: “O Lado Selva-

gem”Sinopse: Into the Wild é base-ado numa história verídica e no bestselling literário de Jon Krakauer. Depois de se grad-uar na Universidade de Emory em 1992, Christopher Mc-Candless (Hirsch), estudante de topo e atleta, abandona as

suas posses, oferecendo as suas poupanças de 24 mil dólares à caridade, para ir viver para o Alasca. Ao longo do seu caminho, Christopher encontra uma série de personagens que dão forma e sentido à sua vida.Teatro Faialense, 21h30

10 de Abril Workshop: “A Técnica da Máscara” - pela companhia

Teatral ESTE (Beira Interior) Teatro Faialense(repete dia 11)

11 de Abril Teatro: “Tulius Claunus” - pela companhia Teatral

ESTE (Beira Interior) Teatro Faialense

14 de Abril Cinema: “Paris 36”

Sinopse: Realização de Chris-tophe Barratier. Elenco: Gé-rard Jugnot, Clovis Cornillac, Kad Merad. País de Origem: França, Alemanha, Rep. Checa. Ano de Produção: 2008. Género: Comédia / Drama. Resumo: Primavera de 1936, norte de Paris. Na periferia a que todos chamam simplesmente de Faubourg, a vida dos habitantes locais

sofre algumas mudanças. A vitória do partido Frente Popular nas eleições e a sua promessa de aprovar a lei das férias pagas, faz com que o entusiasmo de todos os trabalhadores suba ao rubro. Com a ideia de, pela primeira vez na vida, terem a oportunidade de ver o mar, os trabalhadores planeiam as férias de Verão longe de Fau-bourg. Mas essa alegria não é partilhada por três amigos do “show business”, porque o “Chansonia”, onde trabalham, encerra as portas, deixando-os desempregados. Cada um tem motivos difer-entes, mas todos eles partilham o mesmo sonho: encontrar um rumo para as suas vidas e fazer tudo por tudo para que o “Chan-sonia” renasça das cinzas.Teatro Faialense, 21h30

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silvahttp://ilhascook.no.sapo.pt