Fazer Melhor: Um CDS Com Ambição

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    Fazer Melhor

    Um CDS com ambio

    Moo de Estratgia Global ao XXVI Congresso do CDS-PP

    Joo Pinho de Almeida

    Adolfo Mesquita Nunes

    Ana Rita Bessa

    Ceclia Meireles Graa

    Diogo Belford Henriques

    Helena Nogueira Pinto

    Maria Graa da Silveira

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    1. Introduo.......................................................................................................................... 3

    2. Fazer melhor: um novo mtodo................................................................................... 5

    3. Fazer melhor: assumir a abertura e a diversidade como caractersticas

    identitrias................................................................................................................................. 7

    4. Fazer melhor: quebrar as regras no escritas de fazer poltica.......................... 8

    5. Fazer melhor: no temer os temas ocupados pela esquerda.............................. 9

    6. Fazer melhor: um partido organizado e eficiente.................................................. 10

    7. Fazer melhor: um Conselho Econmico e Social que funcione........................ 11

    8. Fazer melhor: um gabinete de estudos aberto ao exterior................................. 12

    9. Fazer melhor: novas formas de participao na vida partidria....................... 14

    10. Fazer melhor: institucionalizar a gesto do conhecimento................................ 15

    11. Fazer melhor: melhorar a poltica de comunicao.............................................. 16

    12. Fazer Melhor: pelo CDS, por Portugal...................................................................... 17

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    1. Introduo

    A moo de estratgia que apresentamos a este XXVI Congresso sucede com o

    propsito de reenquadraruma outra moo, Fazer Diferente, trazida a este mesmo

    frum nacional h 2 anos e cuja essncia, por isso, importa relembrar.

    Em janeiro de 2014, Fazer Diferente identificava em Portugal a existncia de um

    conjunto de problemas estruturais graves em reas como o Estado, a Europa, a

    demografia, a competitividade, a coeso social, o territrio e a participao poltica.

    Afirmvamos ento que ignorar esses problemas, por opo ideolgica ou simples

    vontade de tudo deixar na mesma, em nada contribuir para os eliminar, apenas

    agravar. Fugir desses problemas, por clculo eleitoral ou simples inrcia, em nada

    contribuir para os resolver, apenas intensificar.

    A moo Fazer Diferente pretendeu dar um duplo contributo: por um lado, enunciar

    de forma clara as questes a que as polticas pblicas teriam que dar resposta nos

    prximos anos e, por outro, apresentar um conjunto de propostas organizativassegundo as quais o CDS se deveria estruturar para melhor contribuir para as solues

    necessrias ao pas.

    Quisemos ajudar construo do CDS como partido essencial da democracia

    portuguesa. Um partido bem implantado na sociedade, credvel nas suas propostas e

    competente no exerccio dos mandatos.

    Dois anos depois muito se alterou, tanto dentro como fora do partido. E emboraalgumas das questes identificadas e caminhos apontados mantenham a sua

    actualidade, h hoje uma nova ideia, um novo objectivo que deve ser colocado: a

    ambio de fazer o partido crescer.

    Pela conjugao de um conjunto de novas circunstncias internas e externas ao CDS,

    existe uma oportunidade real de o partido se afirmar como a nica opo forte de

    direita, e assimalargar a sua base de eleitores.

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    Importa comear por esclarecer quais so, no nosso entendimento, essas

    circunstncias.

    Internamente vivemos um perodo de renovao, resultante quer da opo pessoal e

    legtima que nos foi comunicada em sede prpria pelo Presidente Paulo Portas, quer

    da subsequente candidatura liderana de Assuno Cristas.

    Indubitavelmente o fecho de um ciclo de 16 anos de uma liderana idiossincrtica e

    forte, que permite hoje afirmar o CDS, quase consensualmente, como um partido com

    uma implantao assente em bases fortes, com uma larga representao parlamentar

    e com pessoas tecnicamente bem preparadas em diversas reas de actuao.

    Simultaneamente, este legado abre a oportunidade nova liderana de contar com um

    partido que foi elevado a um novo patamar: com equipas competentes, com provas

    dadas em muitos sectores, com algumas melhorias na organizao e nos processos

    internos e com um interesse por parte de no militantes que se tem feito expressar um

    pouco por todo o pas.

    Por outro lado, fora do partido, o cenrio poltico que resultou das eleies legislativas

    de Outubro de 2015, e que se redesenhou numa soluo de um governo minoritrio do

    PS apoiado pelos outros partidos de esquerda, coloca-nos srias e fundamentadas

    dvidas quanto sua fiabilidade, sustentabilidade e resultados. uma soluo de

    governo em que o vector de unio paradoxalmente um vector de destituio.

    O rumo de futuro proposto pelo PS, a reboque do PCP e do BE, definido pela

    negativa, pelo que no deve ser, com pouca clareza sobre o que deve (e pode) ser.

    As consequncias desta motivao, deste rumo e destas polticas so um risco de

    retrocessoem vrios casos j efetivoe a imposio aos portugueses de uma novae elevada factura.

    Mas este rumo abre tambm ao CDS a oportunidade de fazer a diferena com uma

    proposta de direita, sem complexos, sem demagogia e de forma construtiva.

    Por estas duas ordens de razesinternas e externaso CDS est em condies de

    se afirmar como a nica via slida e consistente de mudana direita. O nosso actual

    desafio o de alargar a base de eleitores, afirmando o CDS como o partido de

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    referncia no quadrante ideolgico de direita, a primeira e natural escolha de todos

    aqueles que acreditam na fora do indivduo e no acreditam na inrcia do socialismo.

    Este o ciclo em que o CDS pode dar esse salto histrico. Essa a nossa ambio. E

    est ao nosso alcance.

    Para que isso suceda, temos de Fazer Melhor.

    Se o debate ideolgico e estratgico foi concretizado na reflexo feita h dois anos na

    Moo Fazer Diferente, com o devido agradecimento aos que participaram na sua

    elaborao1, esta a vez de dizer em que que, em nossa opinio, o CDS tem de

    fazer melhor para conseguir concretizar a sua ambio de liderana.

    Esta moo pretende dar contributos para uma reflexo sobre uma maneira diferente

    de fazer poltica, contributos que a nova liderana poder aproveitar, mas que de

    alguma forma caber a todos realizar solidariamente.

    Propomos que este documento seja de trabalho, para uma reflexo interna que

    consolide linhas de pensamento e actuao, e convoque todos a um empenho

    organizado e a uma participao construtiva e articulada entre as vrias estruturas do

    CDSlocais, regionais, nacionais e da emigrao.

    2. Fazer melhor: um novo mtodo

    Como que chegmos aqui? Como que chegmos a este Fazer Melhor?

    evidente que este Fazer Melhor resulta de uma continuada reflexo dos seus

    subscritores, ao longo dos ltimos dois anos, no exerccio da sua militncia.

    1Afonso Arnaldo; Beatriz Soares Carneiro; Catarina Arajo; Diogo Duarte de Campos; Francisco Aguiar;

    Francisco Mendes da Silva; Joo Maria Condeixa; Joo Moreira Pinto; Joo Muoz; Joo Pinheiro da

    Silva; Joo Vacas; Jos Carmo; Jos Maria Pereira Coutinho; Jos Pedro Amaral; Leonardo Mathias;Manuel Castelo-Branco; Michael Seufert; Miguel Morais Leito; Pedro Moutinho; Pedro Sampaio Nunes;

    Ral Relvas Moreira; Tiago Loureiro; Tiago Pessoa; Toms Belchior; Vnia Dias da Silva e Vera Rodrigues

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    Mas se o CDS deve fazer uma reflexo permanente sobre os problemas do pas e das

    pessoas, como aquela que os subscritores desta moo vm fazendo, no menos

    verdade que essa reflexo deve ser feita com todos aqueles que no esto no CDS,

    mas que podiam estar, ou deveriam estar, ou ns gostaramos que estivessem.

    Nem sempre isso sucede e, sabemos bem, no esse o mtodo de funcionamento de

    um partido poltico. Veja-se este Congresso e esta moo: apenas militantes podem

    participar, apenas militantes a podem subscrever.

    Far isso sentido num momento em que o CDS reflete sobre o que quer ser neste

    novo ciclo poltico? Far sentido que o CDS fale de si e sobre si e apenas entre si

    sobre o que quer ser? O nosso propsito no , precisamente, o de crescer, o de

    somar, o de abrir?

    Sim, a reflexo interna essencial. E sim, os subscritores desta moo h muito que

    trocam ideias entre si sobre o que pode ser feito de diferente e de melhor, o que pode

    o CDS fazer para se tornar numa primeira e descomplexada escolha.

    Sabendo que o maior patrimnio do partido a sua militncia e as suas estruturas

    locais no fundo a vitalidade do partido , todas as reflexes internas so teis e

    necessrias. No estamos espera, nem fomos procura, de solues milagrosas ou

    pessoas providenciais, mas se queremos ir mais longe, se queremos crescer, ento

    temos que ouvir quem ainda c no est, mas deveria; quem ainda no deu a cara por

    ns, mas poderia.

    No fundo, quisemos ouvir algumas das pessoas que admiramos, que respeitamos, que

    temos como referncia, e que gostaramos muito que estivessem no CDS, que

    fizessem parte deste partido que ambicionamos. No fundo, que se juntassem a todosos que j c esto.

    Fomos falar com dezenas de pessoas que, pelo que delas sabemos e conhecemos,

    nos poderiam transmitir experincias e sugerir propostas teis a este exerccio.

    Falmos com gente que neste momento est desempregada, que trabalha na funo

    pblica, que criou a sua empresa e d emprego, que tem uma start-up, que escreve

    romances, que comenta poltica, que escreve poesia, que expe quadros, que ensinana faculdade, que trabalha em rdio ou na televiso.

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    A todos perguntmos o mesmo, ou comemos por perguntar o mesmo: porque que

    no est no CDS? O que o impede de estar aqui connosco, como militante, a assinar

    uma moo? Porque que o CDS no a sua primeira escolha, a mais natural, na

    hora de votar?

    Da resposta a essas perguntas nasceram conversas reveladoras, que nos

    surpreenderam, que nos motivaram e que nos esperanaram.

    Essas conversas ajudaram-nos a perceber o que nos falta, onde falhamos, onde ainda

    estamos longe, o que temos por fazer. E em boa hora as tivemos, porque se muita

    coisa nos foi confirmada, muita outra nos surgiu como inesperada revelao,

    demonstrao clara de que este exerccio, o de ir ouvir os outros, faz falta na poltica.

    Devemos muito a quem nos quis receber, e agradecemos reconhecidos esse gesto.

    Esta moo assim muito mais do que um mero exerccio interno dos seus

    subscritores. Ela representa o resultado de uma reflexo muito mais ampla. O que

    agora deixamos escrito, as ideias que agora definimos, as propostas que agora

    apresentamos, so o resultado desse esforo de abertura que fizemos, um esforo

    que o CDS dever fazer em permanncia.

    3. Fazer melhor: assumir a abertura e a diversidade como caractersticas

    identitrias

    Por tradio existe nos partidos polticos uma certa predisposio para exigir um

    absoluto compromisso ideolgico aos seus militantes, um compromisso completo, queabrange uma determinada viso do mundo, do homem e da sociedade, e que

    aparentemente exclui todos aqueles que no esto preparados para aderir de forma

    to abrangente. Esta , alis, uma caracterstica tpica, tambm, da poltica

    portuguesa, dos mais conservadores aos mais liberais, na direita, aos mais socialistas

    ou comunistas, na esquerda.

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    No se procura ter um partido sem ideologia, algo que no est em causa depois de

    40 anos de matriz democrata-crist, aberta a conservadores e liberais. Trata-se, isso

    sim, da afirmao do CDS como um partido que quer resolver, com pragmatismo, os

    problemas do pas, que quer propor solues, e que, nesse sentido, est preparado

    para se abrir a todos os que concordam e se revem nessas solues,

    independentemente dos seus percursos sociais, religiosos ou pessoais.

    Deve poder estar no CDS quem concordar com as solues que o partido defende

    para o pas. Nesse sentido, o CDS deve ser um partido aberto diversidade. Venham

    de onde vierem, professem que religio professarem, vivendo como quiserem viver,

    so bem-vindos todos os que concordarem com as nossas solues. Sendo que estas

    tm necessariamente um enquadramento ideolgico.

    4. Fazer melhor: quebrar as regras no escritas de fazer poltica

    Em poltica a humildade no bem vista, assumir erros um sinal de fraqueza,

    demonstrar dvidas no aconselhvel, dizer que ainda no se tem uma posio

    dispensvel. Mas ser mesmo assim? Ser que a poltica to pouco humana que

    feita por quem est sempre certo de tudo e sobre tudo?

    Uma das razes para o afastamento dos cidados da poltica precisamente esta

    sacralizao do poltico, este conjunto de regras no escritas que provoca a

    construo de uma imagem que no real, que no credvel.

    O CDS deve inaugurar um discurso poltico mais prximo da realidade, no deve

    hesitar em assumir os seus erros nem deve disfarar as suas hesitaes.

    Isso no significa fraqueza, se feito com inteligncia. Pelo contrrio, significa um

    pragmatismo necessrio, d conta das dificuldades, retira a poltica do jogo partidrio

    das certezas. Numa palavra, humaniza a nossa ao.

    Se por um lado temos uma convico profunda e slida nos valores e ideias que

    defendemos, por outro lado tambm verdade que defendemos uma atitude aberta a

    outras ideias e sugestes, que no s so compatveis com as nossas como asenriquecem, aprofundam e melhoram.

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    Queremos marcar o nosso discurso poltico pela diferena de quem sabe que no

    sabe tudo, de quem sabe que no h resposta para todos os problemas, de quem

    sabe que tem muito ainda para aprender.

    Acreditamos que um conhecimento imperfeito, mas interessado na evoluo da

    realidade, prefervel a certezas inabalveis e obstinadas sobre a forma de organizar

    essa mesma realidade.

    5. Fazer melhor: no temer os temas ocupados pela esquerda

    Esta ideia esteve sempre presente nas conversas que tivemos, como se se tivesse

    detectado um receio, ou preconceito, do CDS em dar resposta a problemas concretos

    das pessoas, apenas porque a esquerda se apropriou desses problemas.

    Uma das frases que melhor expressa o repto que nos foi lanado foi-nos dita desta

    forma: no quero ter de aderir aos precrios inflexveis para ter de ter uma resposta

    ao meu problema de precariedade. Foi uma frase que nos deixou a pensar.

    Ora, no h, nem deve haver, temas que sejam naturais para a esquerda e tabu para

    a direita.

    Na verdade, no h qualquer justificao para que o CDS no tome posio em

    questes como a precariedade, ou no priorize essa questo. No, como a esquerda,

    propondo solues que, na prtica, acreditamos ns, a perpetuam. Mas propondo

    solues eficazes, dizendo abertamente o que se est a fazer. Este apenas umexemplo.

    Mas h mais. O mesmo sucede com outra rea, a da cultura, onde o CDS tem estado

    menos presente. No mimetizando o discurso da esquerda, mas oferecendo uma nova

    perspectiva, que alis se funda na viso de Lucas Pires, a quem as polticas pblicas

    de cultura tanto devem, de acesso ao mundo global, ao novo, ao diverso um

    caminho essencial para a nossa realizao e para a nossa competitividade.

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    O CDS no pode descurar a necessidade, a obrigao, sentida pelas novas geraes

    de mergulhar no conhecimento, de conhecer o outro, de fortalecer-se pelo contacto

    com a criao. o acesso ao conhecimento, na sua vertente mais global e humana, a

    que temos que dar resposta, posicionando as polticas pblicas de cultura ao servio

    do indivduo, e no enquanto resposta corporativa.

    Estas duas reas so apenas dois exemplos. Muitas mais haver. Mas o que temos

    como certo que no h temas ou assuntos, na dimenso humana, social, cultural,

    econmica, poltica, que s possam ter respostas de esquerda.

    Se queremos crescer, temos de pr de lado os complexos de que h reas ou

    sectores em que os outros partidos so donos dos votos, porque se supe terem o

    monoplio das solues.

    6. Fazer melhor: um partido organizado e eficiente

    Num exerccio em que procuramos externamente solues para o crescimento do

    partido, damos idntico valor s medidas que permitam valorizar o CDS como existe.

    Isto significa que dentro do partido podemos organizar-nos melhor e valorizar o papel

    de cada um.

    Em primeiro lugar, h que criar condies para que cada militante conte, e conte cada

    vez mais, na vida interna do partido. Para alm de todas as medidas de comunicao

    interna e aproximao dos dirigentes e representantes do partido, h que criar

    mecanismos mais regulares de participao interna. No basta, para ser militante,

    votar presencialmente em eleies internas.

    Com os meios que existem hoje possvel auscultar os militantes com muito maior

    frequncia, quer formal quer informalmente. Instrumentos como o referendo interno ou

    os inquritos on-linedevem ser utilizados com frequncia. Se assim for, o partido ser

    verdadeiramente a soma de todos os seus membros.

    Em segundo lugar, tambm as estruturas do partido devem ter um papel relevante nas

    escolhas que o mesmo faz. No pode haver tomadas de posio com impacto numadeterminada circunscrio geogrfica, sem que os seus representantes partidrios

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    sejam ouvidos e envolvidos nas escolhas a fazer. Este procedimento deve ser

    aplicado tanto a propostas como a seleco de representantes do partido.

    No ignoramos a tenso que se cria nos momentos de escolha da apresentao do

    partido a votos. Nesses momentos a proximidade deve ser um critrio fundamental e

    prioritrio. Desde a constituio das listas s Assembleias de Freguesia s relativas a

    listas de candidatos Assembleia da Repblica. Para que estes mecanismos

    funcionem de forma clara, propomos a aprovao, em Conselho Nacional, de regras

    para a escolha dos candidatos do CDS. Nesta sede o partido deve considerar a

    possibilidade de realizar processos que envolvam eleies primrias abertas ou

    fechadas.

    Na mesma lgica de proximidade, os mesmos procedimentos devem ser adoptados

    para as decises relativas a eventuais acordos com outras formaes partidrias ou

    ao apoio a listas de cidados independentes, podendo nestes casos haver recurso a

    processos de referendo interno.

    7. Fazer melhor: um Conselho Econmico e Social que funcione

    Um partido poltico corre sempre o risco de fechar-se sobre si prprio, de falar em

    circuito fechado, de perder o contacto com a sociedade. isso que sucede quando se

    descura a sua relao com o exterior, por falta de tempo, por falta de disponibilidade

    ou, muitas vezes, por falta de mtodo.

    Isso sucede com demasiada frequncia, mas uma vez identificado o problema, merece

    ser acompanhado de uma proposta de respostauma tentativa de soluo.

    Essa tentativa de soluo implica coragem. Coragem de ouvir os outros, coragem de

    ouvir o que no se espera, coragem de ouvir o que no se gosta. Mas sem isso,

    sabemos bem, o CDS corre o risco de perder a oportunidade que tem sua frente.

    Temos que sair do CDS, ir s faculdades, ir s associaes, ir s estruturas informais.

    preciso especializar o nosso conhecimento, a nossa aco, e encontrar quem possa,

    no mundo em que vivemos, servir de barmetro da realidade e validar, com a suaexperincia, as nossas solues.

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    Isto implica despartidarizar parte da aco poltica, algo que alis defendemos e de

    que no temos receio. Implica ir ouvir quem possa no pensar como ns, mas disso

    que feita a poltica. Implica conversar com quem sabe mais do que ns, mas assim

    que nascem as melhores ideias.

    Temos j, na nossa estrutura, um bom exemplo de abertura do CDS ao exterior, o

    Conselho Econmico e Social do CDS-PP/Aores. Queremos replic-la na estrutura

    nacional nos seus exactos termos.

    No queremos galerias de notveis. So bem-vindos, mas no disso que falamos.

    Queremos juntar, de uma forma informal mas institucionalizada, aqueles que nas

    principais questes com que o pas e o partido se confrontam podem dar um

    contributo vlido. No tm que concordar connosco, mas devem ser ouvidos. No tm

    que ser do CDS, mas devem ser ouvidos.

    Apresentaremos, no primeiro Conselho Nacional a seguir ao Congresso, uma proposta

    de organizao interna que enquadre este Conselho Econmico e Social. Pretende-se

    que, com regularidade, um grupo de personalidades rena para debater uma agenda

    previamente definida por quem, na direco do partido, tenha essa responsabilidade.

    Dever existir uma composio permanente, mas tambm composies pontuais que

    resultem do envolvimento de quem faa sentido ouvir sobre questes especficas. O

    fundamental que o Conselho exista e rena, que o faa regularmente, que os seus

    membros acrescentem valor ao partido e que isso beneficie as polticas pblicas a

    apresentar.

    8. Fazer melhor: um gabinete de estudos aberto ao exterior

    As propostas de polticas pblicas do CDS devem ser estudadas e pensadas com o

    tempo que a seriedade exige, acolhendo sugestes e no tendo medo de ir ao

    encontro de quem, em cada rea, conhece e estuda cada sector. Neste sentido, o

    gabinete de estudos, como j se props no Congresso anterior, deve ter uma

    existncia activa e permanente.

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    Este gabinete tem que ser capaz de ir alm do partido e procurar a participao de

    quem melhor pode contribuir para o estudo de questes especficas para as quais o

    CDS quer apresentar respostas.

    Se o gabinete de estudos uma estrutura indubitavelmente ligada e identificada com o

    CDS, as boas ideias e os bons estudos so muitas vezes pensadas por quem, sem

    ligao ao nosso partido, no se ope a participar e a discutir connosco, sem

    preconceito. Essa disponibilidade deve ser activamente procurada e provocada, a bem

    das melhores polticas que queremos para o nosso pas. Deve, alis, ser organizada

    por forma a estar disponvel a todo o momento.

    Os militantesou no militantesque nos ajudam no gabinete de estudos so muitas

    vezes os mesmos que nos ajudam na formao poltica, na escola de quadros ou em

    cada concelhia ou distrital. Tanto o gabinete de estudos como a formao poltica

    devem estar coordenados, uma vez que possuem os mesmos activos: pessoas

    disponveis a partilhar informao e boas-prticas. Isto implica que cada uma destas

    reasgabinete e formao polticatenha como responsvel um Vice-Presidente do

    partido.

    O CDS deve ter uma bolsa de contactos, em cada rea, que permita tanto ao gabinete

    de estudos, como formao poltica, aos grupos parlamentares ou aos autarcas

    aceder melhor informao em tempo til. J no faz sentido, em 2016, no

    trabalharmos em rede. Uma concelhia pode precisar de um formador para um tema de

    interesse local, como o gabinete de estudos para um relatrio, ou um deputado para

    uma audio, ou um autarca para uma assembleia municipal ou de freguesia. Todas

    estas necessidades podem ter uma melhor resposta se todos os contactos forem

    partilhados numa mesma base de dados.

    O gabinete de estudos deve organizar-se em grupos permanentes e grupos

    temporrios. Os grupos permanentes devem acompanhar as principais reas polticas

    e os grupos temporrios devero tratar misses especficas com prazo determinado.

    As propostas e as informaes devem fazer parte de uma base de conhecimento que,

    uma vez validada politicamente, deve ser partilhada por todos. Desta base de

    conhecimento deve constar o trabalho do gabinete de estudos, mas tambm o

    conhecimento que, apesar de no ser produzido internamente, seja til ao

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    desempenho poltico dos nossos dirigentes e representantes. Aqui se devem incluir

    investigaes acadmicas ou estudos comparados.

    9. Fazer melhor: novas formas de participao na vida partidria

    No vale a pena esconder: a poltica mal vista, os partidos so mal vistos. Ora, o

    CDS no tem tido espaos que permitam aos no militantes aproximar-se de ns,

    participar nas nossas decises, saber como somos e o que fazemos. Estamos

    convictos que se alterarmos essa atitude poderemos contribuir para inverter essa

    percepo.

    Os partidos polticos organizam-se, tradicionalmente, de forma geogrfica (ncleo de

    freguesia, concelhia, distrital, regional e nacional, alm dos rgos de ilha, no caso

    dos Aores). No entanto, as comunidades polticas no se esgotam nestas realidades.

    Muitas pessoas tm interesses, causas ou participaes em reas especficas: no

    mbito da sua profisso ou de causas em que se empenham. Esta experincia vivida

    e este conhecimento acumulado no devem ser desperdiados pelo partido.

    Em todas as reas de aco poltica existem associaes que conhecem bem a

    realidade de cada sector. Faz sentido um partido poltico, em 2016, no permitir uma

    participao sectorial que traga informao e sirva de base para as nossas polticas

    pblicas? Na agricultura, na educao, na cultura, no empreendedorismo, podemos

    no aproveitar ouvir quem identificando-se com o CDS tem algo a dizer e deseja

    partilhar e construir?

    Esta possibilidade deve existir, por maioria de razo, para os militantes do partido.

    Sem prejuzo da participao na orgnica geogrfica do partido, os militantes deveropoder participar, com simpatizantes, nestas estruturas. Para que o modelo seja vivel

    ser necessrio criar experincias piloto que o testem.

    No primeiro Conselho Nacional a seguir ao Congresso, apresentaremos uma proposta,

    para a realizao de uma primeira experincia piloto deste gnero, desenvolvendo o

    seu conceito, objectivos a atingir, prazo e metodologia de avaliao.

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    10. Fazer melhor: institucionalizar a gesto do conhecimento

    A actuao e experincia dirias dos militantes e dirigentes do CDS, nas suas mais

    diversas esferas e funes, produz conhecimento e informao.

    Todas as propostas do CDS, todos os discursos, todas as tomadas de posio, todos

    os debates, tudo isso conhecimento. Conhecimento que se perde, se no for

    guardado. Que se ignora, se no for sistematizado. Que se desperdia, se no for bem

    gerido.

    Este um problema, ou um desafio, sentido por milhes de organizaes de todo o

    mundo. Mas um problema que tem soluo, um desafio que pode superar-se. H

    vrias formas profissionais de gesto do conhecimento.

    isso que propomos: que todo o conhecimento que existe no CDS esteja

    sistematizado e acessvel em rede.

    Os dirigentes locais e os militantes devem ter sua disposio, de forma regular, gil,

    directa e replicvel, toda a informao necessria para compreender o posicionamento

    e aco do CDS, quais as suas propostas e quais os argumentrios de reaco s

    posies de outros partidos.

    No se trata aqui de condicionar a livre formao de opinio de cada militante, ou

    estrutura, mas antes, de fornecer a informao necessria para que, a cada momento,

    qualquer militante possa sentir-se parte da aco do CDS e, mais ainda, possa

    protagonizar essa aco.

    Esta gesto do conhecimento no dispensa, porm, o papel dos dirigentes do CDS na

    sua transmisso. Os dirigentes nacionais devem estar disponveis para interagir e

    estar presentes quando assim solicitados pelos militantes e dirigentes locais do

    partido. Em nossa opinio, esta disponibilidade faz parte, alis inerente, ao exerccio

    de funes dirigentes e no pode ser desconsiderada.

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    11. Fazer melhor: melhorar a poltica de comunicao

    Quarenta anos depois da fundao do CDS, temos que ser capazes de adaptar o

    partido realidade poltica actual. No podemos correr o risco de ficar fechados dentro

    das sedes, quando a poltica discutida nas redes sociais, quando temos canais de

    informao vinte e quatro sobre vinte e quatro horas, quando as opinies, peties e

    participaes cvicas so realizadas por todos os meios.

    Se antigamente se falava em fazer poltica porta-a-porta, hoje j o podemos fazer em

    cada smartphone. Quem est interessado j chega at ns atravs do Facebook, por

    exemplo. J podemos reunir no WhatsApp, fazer campanha no Snapchate passar a

    mensagem em qualquer rede.

    Ao longo do ltimo ano, a comunicao do CDS passou a ter uma presena diria nas

    redes sociais, a conjugar e a transmitir as nossas posies com rapidez e eficcia. Por

    outro lado, atravs da Folha CDS, passmos a divulgar, com periodicidade regular,

    notcias e artigos de opinio. Tambm por email se enviaram o suporte das nossas

    posies, as entrevistas e os argumentos dos CDS na atualidade poltica.

    Mas temos que ir mais longe.

    Temos que ser rpidos a desmontar os argumentos da esquerda, temos que ser claros

    a provar a superioridade das nossas propostas, temos que ser eficazes nas nossas

    mensagens, temos que ser imaginativos para sermos reconhecidos e valorizados.

    O essencial, j o sabemos e j o dissemos, so as polticas, os contedos. Mas a suatransmisso e comunicao no so assuntos acessrios. Defendemos por isso o

    aprofundamento da profissionalizao da comunicao do CDS.

    Sem esse impulso corremos o risco de perder o comboio. Mas mais do que isso, sem

    essa profissionalizao corremos o risco de dispersar recursos e de perder

    oportunidades. a profissionalizao, pela sua tcnica e sistematizao, que potencia

    o que melhor temos para comunicar: as nossas ideias.

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    Mas comunicao uma coisa, propaganda ou spin outra. Interessa-nos a primeira,

    deixamos a segunda para quem nela se queira aventurar. A comunicao um

    instrumento essencial para criar uma relao directa entre o CDS e os portugueses,

    objectivo central de qualquer partido poltico.

    Dar ateno a essa ligao ao eleitorado , no fundo, recuperar a funo da poltica.

    Nesse sentido, mudar a forma de comunicar, como aqui propomos, conseguir

    transmitir a mensagem a quem ela se destina e reaproximar os portugueses da

    poltica. Sem essa ligao no h compromisso, sem compromisso no h confiana e

    sem confiana no h vontade de participar em actos eleitorais.

    Se o CDS tem a ambio de se constituir como a escolha natural de todos os que

    partilham ideias e ideais de direita, essa ambio ser alcanada de forma eficaz com

    uma linguagem e uma forma de comunicar descomplexada e pragmtica.

    12. Fazer Melhor: pelo CDS, por Portugal

    O exerccio inovador que aqui comemos por apresentar o nosso contributo nummomento em que o CDS muda de ciclo. Esta mudana s pode ser para melhor,

    sendo essa uma responsabilidade de todos.

    O nosso propsito crescer, somar, abrir. Para isso, a reflexo interna importante,

    mas podemos ir mais longe. Se queremos, de facto, crescer, ento temos que ouvir

    quem ainda c no est, mas ambicionamos que venha a estar.

    Nesse sentido, queremos assumir a abertura e diversidade como caractersticasidentitrias do CDS. No procuramos um partido sem ideologia, pelo contrrio,

    assumimos o patrimnio ideolgico do CDS. O que procuramos abrir espao para

    aqueles que concordam com caminhos ou solues que apresentamos, ainda que no

    partilhem todo esse patrimnio.

    Tambm consideramos importante romper os complexos de uma certa forma de fazer

    poltica. Regrasno escritas que obrigam os partidos e os seus protagonistas a no

    ter dvidas, muito menos a poder errar. Assumir um erro ou afirmar uma dvida ao

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    contrrio dessas regras no escritas um acto de humildade que torna a poltica e

    os polticos mais humanos. Ou seja, mais prximos dos outros cidados.

    Outra tradio da poltica em Portugal consignar alguns temas polticas esquerda.

    Como se s esses partidos pudessem ter soluo para tais problemas. No s no

    nos conformamos com essa tradio como afirmamos a necessidade de o CDS no se

    auto-limitar nas reas interveno. Onde h portugueses com problemas, o CDS tem

    que estar presente com solues. O que nos distingue da esquerda so as propostas

    polticas e no a diviso das reas atribudas a cada espao poltico.

    Realizando um exerccio que volta o partido para o seu exterior, no ignoramos, pelo

    contrrio, damos idntico valor organizao e eficincia do CDS, tal qual ele existe.

    Por isso, lanamos desafios relativos s escolhas internas e participao mais

    regular dos militantes. Queremos que os processos sejam desenvolvidos da base para

    o topo, admitindo alarg-los atravs de eleies primrias e referendos internos.

    Propomos a activao de um verdadeiro Conselho Econmico e Social. No como

    uma galeria de notveis, mas como uma oportunidade de envolver personalidades

    com relevo nas suas reas, que tendo ou no filiao partidria, tenham

    indiscutivelmente valor para participar. Quando referimos a autenticidade do Conselho

    pensamos na regularidade e utilidade do seu funcionamento no deve ser um

    cenrio simptico para um momento meditico, mas um frum verdadeiramente til

    reflexo do partido.

    Tambm o gabinete de estudos tem que ter maior eficincia. Para o conseguir deve

    abrir-se ao exterior, procurar o conhecimento e organizar-se. O gabinete deve ter

    grupos permanentes e grupos eventuais consoante as questes a tratar. Deve

    sistematizar aquilo que produz, mas tambm o conhecimento externo que venha daacademia ou de estudos comparados.

    A vida interna dos partidos muitas vezes invocada como uma das razes para estes

    serem mal vistos na sociedade. Procuramos promover exactamente o contrrio:

    aprofundar a participao dos militantes e permitir a participao de no militantes na

    actividade interna do CDS um objectivo que consideramos fundamental. Para que tal

    seja possvel necessrio criar um enquadramento adequado. Como exemplo,

    apresentamos a possibilidade de organizao no partido de grupos por reas deinteresse em que participem militantes e no militantes.

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    Ainda no mbito da organizao interna do partido, a institucionalizao da gesto do

    conhecimento fundamental. De h quarenta anos at hoje perderam-se milhares de

    ideias, propostas ou meras reflexes por no existir um tratamento desse

    conhecimento. Prope-se a sistematizao, gesto e acessibilidade de todo o

    conhecimento existente no CDS para este possa ser til a todos os protagonistas do

    partido, desde as Assembleias de Freguesia aos rgos de Soberania.

    Por fim, ao nvel da comunicao, entendemos que o CDS deve continuar o trabalho

    de profissionalizao da mesma, quer no mbito interno, quer no mbito externo.

    Queremos utilizar todas as plataformas, reduzir o tempo de difuso das mensagens e

    alargar a rede de destinatrios das mesmas. A estes trs objectivos necessrio

    acrescentar a melhoria da qualidade de cada mensagem a transmitir.

    Como dissemos de incio, este o nosso contributo num momento marcante da vida

    do partido. No quisemos ficar parados, porque entendemos que esse um dos

    problemas da poltica. Afirmmos as nossas ideias, porque acreditamos nelas.

    Arriscmos solues inovadoras, sabendo que o risco est sempre associado

    novidade. Abrimos as portas do partido sem pedir licena porque achamos que

    estas devem continuar abertas. Defendemos o fortalecimento das bases do partido,

    porque sem elas no conseguiremos nada do que propomos de novo.

    Pensmos o CDS e pensmos no CDS. No fundo, pensmos em Portugal, porque

    aquilo nos une neste Congresso do CDS a profunda convico de que temos um

    papel decisivo a desempenhar no futuro do pas.

    Temos a ambio de contribuir para o crescimento do CDS. O partido no deixa de

    existir se no olhar para fora, mas sem isso dificilmente ir crescer. Para tal, todostemos que Fazer Melhor.