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FÁBIO SAMPAIO ROSAS
INDICADORES DE IMPACTO NOS PROGRAMAS DE PÓS-
GRADUAÇÃO BRASILEIROS: uma aplicação na área de Zootecnia
Marília, SP
2018
FÁBIO SAMPAIO ROSAS
INDICADORES DE IMPACTO NOS PROGRAMAS DE PÓS-
GRADUAÇÃO BRASILEIROS: uma aplicação na área de Zootecnia
Tese apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, Campus de Marília, como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em Ciência da Informação.
Área: "Informação, Tecnologia e Conhecimento".
Linha de pesquisa: Produção e Organização da Informação
Orientadora: Dra. Maria Cláudia Cabrini Grácio
Co-orientador: Dr. Ricardo da Fonseca
Marília, SP
2018
FÁBIO SAMPAIO ROSAS
INDICADORES DE IMPACTO NOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
BRASILEIROS: uma aplicação na área de Zootecnia
Tese apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação,
da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Campus de Marília, como requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Ciência da Informação, sob a orientação da Dra. Maria Cláudia Cabrini
Grácio.
Área de concentração: Informação, Tecnologia e Conhecimento.
Linha de Pesquisa: Produção e Organização da Informação.
Data da Defesa: 21/03/2018
Membros da Banca Examinadora:
Titular 1: Orientadora: Profa. Dra. Maria Cláudia Cabrini Grácio (UNESP/Marília).
___________________________________________________________________.
Titular 2: Profa. Dra. Ely Francina Tannuri de Oliveira (UNESP/Marília).
___________________________________________________________________.
Titular 3: Prof. Dr. Fábio Mascarenhas Silva (Univ. Federal de Pernambuco)
___________________________________________________________________.
Titular 4: Prof. Dr. Mário de Beni Arrigoni (UNESP/Botucatu)
Titular 5: Prof. Dr. Leandro Innocentini Lopes de Faria (Univ. Federal de São Carlos)
___________________________________________________________________.
Suplente 1: Prof. Dr. Daniel Martinez Ávila (UNESP/Marília)
Suplente 2: Prof. Dr. Roniberto Morato do Amaral (Univ. Federal de São Carlos)
Suplente 3: Prof. Dr. João de Melo Maricato (Universidade de Brasília)
Marília, 2018
Dedicatória
À minha esposa Priscila, meus filhos Filipe e Luana que compreenderam
todas as minhas ausências em virtude da realização dessa pesquisa. Amo vocês!
Aos meus pais Irineu e Marlene e aos meus sogros Odail e Nicinha.
À Jesus Cristo, meu amigo mais chegado que um irmão, que nunca me
desamparou e me fortaleceu em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, porque dEle, por Ele e para Ele são todas as
minhas coisas. A minha esposa, filhos e familiares pelo apoio incondicional.
À minha orientadora Profa. Dra. Maria Cláudia Cabrini Grácio, pelo
compartilhamento da sua sabedoria e conhecimento. Pelas suas horas dedicadas,
pela paciência, cordialidade, parceria e fundamental orientação na realização desta
pesquisa. E principalmente pela amizade construída ao longo desses anos.
Ao meu coorientador e amigo, Prof. Dr. Ricardo da Fonseca, que me ajudou a
compreender melhor a área da Zootecnia e contribuiu no entendimento das análises
estatísticas.
Aos membros da banca pelas ricas contribuições para o aprimoramento desta
pesquisa.
A todos os membros do grupo de pesquisa “Estudos Métricos em Informação”
da Unesp, Campus de Marília, coordenado pelas professoras Dra. Ely Francina
Tannuri de Oliveira e Dra. Maria Cláudia Cabrini Grácio, com os quais tenho
aprendido muito durante esses anos de trabalho em colaboração.
Aos meus amigos pelo apoio em oração e em palavras de ânimo, em especial
à minha amiga e parceira de trabalhos e artigos científicos Juliana Lazzaroto, que
também dedicou tempo a me fornecer conselhos acadêmicos e profissionais ao
longo de todo o meu doutorado. À minha amiga Renata Cristina Gutierres Castanha
pelas parcerias nos trabalhos científicos.
Ao professor José Augusto Guimarães, pela amizade, ensinamentos e
confiança a mim dedicados, meu profundo respeito e admiração. À professora
Sandra Miguel da Universidad Nacional de la Plata (Argentina), pela amizade,
conhecimentos compartihados e parceria científica. Ao professor Benjamín Vargas-
Quesada do Departamento de Informação e Comunicação da Faculdade de
Comunicação e Documentação da Universidade de Granada (Espanha) pela
atenção disponibilizada em todos os contatos que tivemos.
À direção da Unesp – Campus de Dracena, nas pessoas do Prof. Mario De
Beni Arrigoni (Ex-Diretor), Prof. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (Atual
diretor) e Renato de Souza Nunes (Diretor da Divisão Técnica Acadêmica) que me
liberaram para as atividades do doutorado. Aos meus queridos e competentes
servidores da biblioteca: Evandro Ferreira de Alcantara e Melanie Isabel Rui Jorge; e
ex-servidores: Fábio Henrique Gandolfi, Lígia Fernanda Colombo e Jair Felix de
Mendonça Filho; todos sempre dedicados em tudo o que fazem e compreenderam
minha ausência no trabalho durante os momentos em que precisei cursar disciplinas
e participar de eventos.
A ciência humana de maneira nenhuma nega a existência de Deus. Quando considero quantas e quão maravilhosas coisas o homem compreende, pesquisa e consegue realizar, então reconheço claramente que o espírito humano é obra de Deus, e a mais notável.
Galileu Galilei
ROSAS, F. S. Indicadores de impacto nos Programas de Pós-graduação Brasileiros: uma aplicação na área de Zootecnia. 2018. 167 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marília, 2018.
RESUMO
Os estudos que mensuram de forma ampla e objetiva a atuação e impacto dos programas de pós-graduação oferecem subsídios para o aprimoramento das diretrizes político-científicas. Neste contexto, esta pesquisa tem por objetivo propor o uso de indicadores adicionais (média de citações e Índice h) como parte da avaliação dos programas de pós-graduação brasileiros, que atualmente são baseados somente em indicadores de produtividade, a fim de identificar o impacto científico e a visibilidade dos programas, tomando como universo de aplicação os programas de pós-graduação da área de Zootecnia, com conceitos de 4 a 7, com mestrado e doutorado. Para cada programa de Zooctenia com mestrado e doutorado, analisam-se os artigos completos, publicados em periódicos Qualis A1 e A2 no triênio 2010-2012. Utilizam-se como fonte de dados, os cadernos de indicadores da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Para cada artigo presente na produção científica analisada, identificou-se o número de citações recebidas, registradas na base de dados SCOPUS. A partir destes, calcularam-se a média de citações e o Índice h de cada programa. Para verificar a distribuição e dispersão dos índices resultantes para os indicadores propostos, utilizaram-se análises descritivas, gráficos de caixas (Boxplot) e análise de cluster. Os resultados obtidos revelam que não há diferença estatisticamente significativa entre os indicadores analisados relativos aos programas, pelo agrupamento dos programas segundo o conceito atribuído pela Capes na avaliação de 2013, referente ao triênio 2010-2012. Como conclusão, evidenciou-se que a inclusão de indicadores relativos ao impacto da produção científica dos programas de pós-graduação pode contribuir para a melhoria da compreensão do desempenho científico dos programas e reconhecimento da relevância dos seus conhecimentos produzidos e subsidiar na avaliação e classificação dos programas realizada pela CAPES, contribuindo de forma qualitativa na avaliação de programas de pós-graduação brasileiros em áreas similiares à de Zootecnia.
Palavras-chave: Produção científica; Pós-Graduação; Indicadores de citação; Fator de Impacto; Índice h.
ABSTRACT
The studies, which quantify in a large and objective way the acting and impact of post-grade programs, offer tools to enhance of political-scientific guidelines. That way, this work aims to propose the use of two indicators (average number of citations and h index) as a part of the evaluation of the Brazilian post-grade programs, which nowadays are only evaluated by productivity indicators, in order to identify the scientific impact and visibility of the programs, taking as subject post-grade programs in Animal Science area, with CAPES concept between 4 and 7, with master and doctor degree. For each program in Animal Science area with master and doctor degree, it was analyzed the complete articles published in scientific journals, which were classified with Qualis indicator A1 and A2 between 2010 and 2012. The notebooks of CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) indicators were used as data source. For each article analyzed, the number of citations that were registered on SCOPUS was counted. Then, the average number of citations and h index of each program were calculated. Descriptive analyzes, box plots and clustering were used in order to verify the distribution and dispersion of the resulting indices for the proposed indicators. As conclusion, it was displayed that the indicators regarding to impact of the scientific production of post-grade programs can contribute to the enhance of the comprehension about the scientific performance and recognizing of the knowledge´s relevance produced, as well as supports on evaluation and classification of the programs, which CAPES carries out, contributing in qualitative way on evaluation of Brazilian post-grade programs in Animal Science similar areas.
Keywords: Scientific production; Postgraduate studies; Citation Indicators; Impact Factor, h-index.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Etapas metodológicas ................................................................................ 65
Figura 2. Distribuição dos PPGZ por Conceito CAPES ............................................. 73
Figura 3. Média de publicação por docente permanente .......................................... 74
Figura 4. Total de docentes permanentes nos PPGZ ............................................... 75
Figura 5. Distribuição por país dos periódicos utilizados para publicação ................ 76
Figura 6. Total de citações recebidas pela produção científica dos PPGZ ............... 81
Figura 7. Diagrama de Caixa: Média de Citações X Conceito dos PPGZ ................. 89
Figura 8. Diagrama de Caixa: Índice X Conceito dos PPGZ ..................................... 90
Figura 9. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de avaliação
de proximidades entre os programas: média de citações ......................................... 91
Figura 10. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de
avaliação de proximidades entre os programas: Índice h ......................................... 93
Figura 11. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de
avaliação de proximidades entre os programas: Média de Citações e Índice h ........ 94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Cálculo do Fator de Impacto .................................................................... 42
Quadro 2. Simulação do cálculo do Índice h, para um pesquisador fictício que tenha
publicado 7 artigos e, respectivas citações recebidas por cada artigo, no momento
do registro e cálculo do índice h. ............................................................................... 47
Quadro 3. Quesitos e pesos para avaliação dos PPGZ ............................................ 56
Quadro 4. Classificação dos periódicos da Área de Zootecnia e Recursos
Pesqueiros no triênio 2007-2009 ............................................................................... 58
Quadro 5. Classificação dos periódicos da Área de Zootecnia e Recursos
Pesqueiros no triênio 2010-2012 ............................................................................... 59
Quadro 6. Programas de pós-graduação em Zootecnia e Recursos Pesqueiros, com
conceito 4 a 7 e cursos de mestrado e doutorado, no triênio 2010-2012 .................. 66
Quadro 7. Artigos mais citados de cada programa ................................................... 82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Produção científica por PPGZ ................................................................... 72
Tabela 2. Os vinte periódicos mais utilizados pelos PPGZ para publicação. ............ 77
Tabela 3. Periódico mais utilizado por cada PPGZ para disseminação do
conhecimento novo. .................................................................................................. 79
Tabela 4. Média de citação e Índice h dos PPGZ ..................................................... 85
Tabela 5. Estatítiscas descritivas dos indicadores de impacto analisados, por
conceito atribuído pela Capes ................................................................................... 87
Tabela 6. Teste ANOVA1 para os indicadores de impacto analisado, comparando os
grupos de PPGZs por conceito ................................................................................. 88
Tabela 7. Indicadores dos 14 programas de pós-graduação (2010-2012) ................ 96
LISTA DE SIGLAS
AGRIS - International Information System for the Agricultural Sciences and
Technology
ASFA - Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts
BIOSIS - Biological Abstracts
C&T - Ciência e Tecnologia
CAB - Commonwealth Agricultural Bureau
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CI - Ciência da Informação
CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CTC/ES - Conselho Técnico-Científico da Educação Superior
CTI - Ciência, Tecnologia e Inovação
DOI - Digital Object Identifier
EMI - Estudos Métricos da Informação
ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FI - Fator de Impacto
FUFPI - Fundação Universidade Federal do Piauí
ISI - Institute for Scientific Information
JCR - Journal Citation Report
MEC - Ministério da Educação
OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
PPG - Programas de Pós-Graduação
PPGZ - Programas de Pós-Graduação em Zootecnia
PUBMED/MEDLINE - United States National Library of Medicine
PUC - Pontifícia Universidade Católica
RCB - Rationalization des Choix Budgetairies
SBZ - Sociedade Brasileira de Zootecnia
SCI - Science Citation Index
SCIELO - Scientific Eletronic Library Online
SJR - Scimago Journal & Contry Rank
SNPG - Sistema Nacional de Pós-Graduação
UEM - Universidade Estadual de Maringá
UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense
UFLA - Universidade Federal de Lavras
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UFPEL - Universidade Federal de Pelotas
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
UFV - Universidade Federal de Viçosa
UNESP-Bot - Universidade Estadual Paulista – Câmpus de Bocutacu
UNESP-Jab - Universidade Estadual Paulista – Câmpus de Jaboticabal
USP - Universidade de São Paulo
USP-ESALQ - Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura "Luiz de
Queiroz"
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 Objetivo ............................................................................................................ 17
1.1.1 Objetivos específicos ................................................................................ 17
1.2 Justificativa e Problema da Pesquisa .............................................................. 18
2 POLÍTICA CIENTÍFICA, PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS ESTUDOS MÉTRICOS
.................................................................................................................................. 22
2.1 Indicadores Bibliométricos ............................................................................... 30
2.1.1 Indicadores de citação: impacto e visibilidade da produção científica....... 34
3 CONTEXTUALIZANDO A PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA ................................ 52
3.1 A avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil ................................. 53
3.2 Sistema Qualis-Periódiocos da CAPES ........................................................... 56
3.3 A área de Zootecnia: um breve panorama da Graduação e Pós-Graduação .. 60
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 65
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 70
5.1 Produção Científica e Visibilidade dos PPGZ .................................................. 70
5.2 Impacto da Produção Científica dos PPGZ Veiculadas em Periódicos com
Qualis A1 e A2 ....................................................................................................... 80
5.2.1 Total de citações recebidas pelos PPGZ .................................................. 81
5.2.1 Média de Citação e Índice h dos PPGZ .................................................... 85
5.3 Síntese do Desempenho Científico dos PPGZ ................................................ 95
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 98
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105
ANEXOS ................................................................................................................. 116
Anexo 1 – Programas Pós-Graduação Acadêmicos na área de Zootecnia no Brasil
............................................................................................................................. 116
Anexo 2 - Coleta da produção bibliográfica dos PPGZ nos cadernos de
indicadores da CAPES ........................................................................................ 117
Anexo 3 - Busca dos Artigos na base de dados Scopus ..................................... 118
Anexo 4 - Interface do Zotero .............................................................................. 119
Anexo 5 - Listas dos artigos na base de dados Scopus ...................................... 120
Anexo 6 - Coleta das citações na base de dados Scopus ................................... 121
Anexo 7 - Coleta do FI e Índice h dos periódicos na base de dados Scimago JR.
............................................................................................................................. 122
Anexo 8 - Coleta do país de origem dos periódicos na base de dados Ulrichs Web
Global Serials Directory ....................................................................................... 123
Anexo 9 - Os 20 periódicos com maior Índice H na subárea “Animal Science and
Zoology” ............................................................................................................... 124
APÊNDICES ............................................................................................................ 126
Apêndice A - Listagem dos artigos dos PPGZ ..................................................... 126
Apêndice B - Planilha com os dados dos PPGZ .................................................. 162
Apêndice C - Cálculo do Índice h dos PPGZ ....................................................... 163
Apêndice D - Listagem dos periódicos utilizados pelos PPGZ para publicação de
seus artigos ......................................................................................................... 164
15
1 INTRODUÇÃO
A socialização do conhecimento humano se dá por meio do seu registro
documental. Depois de registrado, esse conhecimento pode ser consultado,
compartilhado, socializado e servir como base para construção de um novo
conhecimento. A construção desse conhecimento, como defendida por Ziman
(1979); Meadows (1999); Burke (2003); Bourdieu (2004); Hjørland (2003; 2008),
Maia e Caregnato (2008), se dá por meio de um processo social estabelecido pelas
relações nos trabalhos coletivos.
A preocupação em registrar o conhecimento sempre esteve presente na
trajetória do desenvolvimento das sociedades, seja na forma impressa em papiros,
como posteriormente em livros, artigos de revista, e mais recentemente em formatos
eletrônicos, por meio de arquivos digitais indexados em bases de dados. Esse
conhecimento registrado nos diversos formatos tem sido o objeto de estudo da
Organização do Conhecimento, no âmbito da Biblioteconomia e Ciência da
Informação. No campo científico, esse conhecimento registrado é denominado como
produção científica, entendido como o conjunto de resultados e dados gerados e
publicados durante a realização e após o término das pesquisas, por um
pesquisador, grupo, instituição ou país, nas diferentes áreas do conhecimento,
registradas e validadas, em diferentes canais de comunicação científica formal e
informal (OLIVEIRA; GRÁCIO, 2009). Ao longo das décadas, o artigo científico,
publicado em periódicos e revistas científicas, tem se apresentado como o principal
canal de divulgação do conhecimento gerado nas diferentes áreas do conhecimento
(MUGNAINI, 2006).
Com o advento das novas tecnologias e da internet, que contribuíram para
crescimento da socialização do conhecimento produzido, principalmente no âmbito
científico, tornou-se imprescindível o mapeamento dessa produção científica para
sua melhor compreensão e utilização. Nesse contexto, evidencia-se o papel
protagonista da Ciência da Informação, com destaque para os estudos
bibliométricos, ao permitir a análise objetiva do conhecimento construído por um
país, instituição ou pesquisador e oferecer significativo aporte para o
estabelecimento das políticas científicas (MUGNAINI, 2006).
16
A importância dos estudos bibliométricos e cientométricos é destacada por
Noronha, Kiyotani e Juanes (2002), por permitirem visualizar pesquisas que estão
sendo realizadas e a influência dessa produção no meio científico. No entanto, é
necessária a aplicação de metodologias adequadas aos diferentes níveis de
mensuração - micro, meso e macro - na análise dessa produção (OLIVEIRA;
GRÁCIO, 2009).
Dentre os procedimentos utilizados nos estudos bibliométricos, os indicadores
de produção, citação e ligação têm se consolidado como um importante subsídio
para tomadas de decisões de pesquisadores, grupos, instituições científicas,
agências de fomento e países, entre outros, ao fornecerem informações objetivas
que evidenciam comportamento e desempenho científico e permitem identificar o
impacto e a relevância da produção científica de pesquisadores, em diferentes níveis
de mensuração nas diferentes áreas do conhecimento (SPINAK, 1998; GRÁCIO;
OLIVEIRA, 2011), viabilizando assim o replanejamento das diretrizes e estratégias
de crescimento. Oliveira e Grácio (2009) ainda destacam a utilização de indicadores
para evidenciar áreas do conhecimento, pesquisadores, temáticas, redes de
colaboração entre pesquisadores, redes de citação e cocitação, grupos, instituições
e países.
Entre os indicadores de citação, destaca-se o indicador Fator de Impacto (FI),
surgido na década de 1960 e mensurado pela média de citações recebidas pelo
artigo de um periódico, pesquisador ou país.
Diversos pesquisadores apresentam críticas e limitações relativas ao uso do
FI, dentre eles Mugnaini (2016), que considera que o processo de avaliação da
produção científica é responsável pela popularização do FI. As críticas presentes na
literatura científica levaram à busca por novos indicadores que melhor representem
e evidenciem a inserção e o impacto de um autor, instituição ou país na comunidade
científica (ROSAS, 2013).
Nesse cenário, em 2005, o físico Jorge E. Hirsch propôs um indicador,
denominado Índice h, que mensura, simultaneamente, a produtividade e o impacto
da produção científica de um pesquisador na comunidade científica (HIRSCH, 2005).
Desde sua criação, este indicador obteve grande receptividade da comunidade
17
científica e instituições de financiamento e política científica, sendo utilizado na
análise do impacto da produção científica de países, pesquisadores e instituições.
1.1 Objetivo
O objetivo geral desta pesquisa é propor o acréscimo de indicadores de
citação - média de citações e Índice h - como parte da avaliação dos programas de
pós-graduação brasileiros, que atualmente são baseados somente em indicadores
de produtividade, a fim de identificar o impacto científico e a visibilidade dos
programas.
1.1.1 Objetivos específicos
a) Identificar o impacto da produção científica dos Programas de Pós-Graduação brasileiros com mestrado e doutorado acadêmico na área de Zootecnia, em artigos completos publicados em periódicos Qualis A1 e A2 no triênio 2010-2012, por meio dos indicadores: citação, média de citação e Índice h;
b) verificar a visibilidade da produção científica dos PPGZ por meio do índice de impacto (índice da Scopus, equivalente ao FI) dos periódicos utilizados para socialização do conhecimento e da identificação dos periódicos mais utilizados pelos programas;
c) identificar os agrupamentos dos programas pelos indicadores média de citação e Índice h, a fim de verificar se há semelhança com o agrupamento existente decorrente do conceito obtido na avaliação da CAPES.
A hipótese a ser verificada nesta pesquisa pode ser assim apresentada:
Indicadores de citação podem contribuir para uma maior completude da avaliação dos programas de pós-graduação brasileiros, ao permitirem uma identificação do impacto da produção científica desses programas, podendo assim auxiliar na atribuição dos conceitos dos programas pela CAPES durante o processo avaliativo.
18
1.2 Justificativa e Problema da Pesquisa
Este estudo dá continuidade, ampliação e aprofundamento à Dissertação de
Mestrado, defendida em 2013, pelo autor desta tese de doutorado, na qual o
universo de pesquisa foram os Programas de Pós-Graduação em Zootecnia com
conceito de excelência internacional (nota 7) pela CAPES e período de análise
correspondente ao triênio de avaliação 2007-2009. Na presente pesquisa, a fim de
validar a utilização dos indicadores de citação - Média de citação por documento do
Programa e índice h do Programa - propostos na dissertação de Rosas (2013),
amplia-se o universo de análise, abrangendo todos os programas de pós-graduação
com conceitos de 4 a 7 que tenham mestrado e doutorado acadêmico na área de
Zootecnia, em um período do triênio 2010 a 2012.
A motivação decorre, também, do interesse pessoal pela temática pelo fato
de, desde 2003, ser bibliotecário de uma biblioteca especializada na área de
Zootecnia, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp,
Campus de Dracena, que atende tanto a graduação como a pós-graduação nesta
área. Nesta função, tenho observado o notório crescimento da produção científica
desta área no contexto mundial, gerando assim o interesse em identificar o impacto
internacional da ciência brasileira produzida na área de Zootecnia, advinda dos
Programas de Pós-Graduação na área.
Dados de um levantamento realizado pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos, entre 2006 e 2010, indicam que a agropecuária brasileira é uma
das que mais cresce no mundo, com um aumento de produtividade de 4,28% ao
ano, de 2006 a 2010 (ESTADÃO CONTEÚDO, 2017). Paralelamente, dados do
Scimago Journal & Country Rank apontam que, no período acumulado de 1996-
2016, o Brasil é o segundo maior produtor científico na área Animal Science and
Zoology (Zootecnia), com 36.241 artigos produzidos, com produtividade menor
somente que a dos Estados Unidos - maior produtor de ciência contemporânea em
todas as áreas do conhecimento -, o que indica a importante presença brasileira
como produtora de conhecimento na área em âmbito internacional.
Nesse cenário, destaca-se a expansão e incontestável contribuição das
universidades e centros de pesquisa brasileiros, que desde a década de 1970, têm
implantado diversos programas de pós-graduação, os quais têm sido responsáveis,
majoritariamente, pelas pesquisas e construção do conhecimento científico no Brasil
19
(NORONHA; MARICATO, 2008), transformando assim os programas de pós-
graduação no maior pólo gerador da produção científica brasileira (POBLACIÓN;
NORONHA, 2002; LEITE; MUGNAINI; LETA, 2011).
Contudo, apesar da importante contribuição da pós-graduação para a ciência
brasileira, ao longo das décadas, observam-se poucos estudos bibliométricos e
cientométricos que apresentem indicadores da visibilidade e impacto da produção
científica oriunda deste universo científico brasileiro.
Observa-se que as críticas apresentadas ao longo dos anos por uma parcela
da literatura aos estudos bibliométricos, vai justamente ao sentido do “caráter
eminentemente quantitativo” (SOUZA; OLIVEIRA, 2007) e que em muitos países os
pesquisadores não aceitam ideia de suas atividades científicas serem avaliadas num
sistema quantitativo (MACIAS-CHAPULA, 1998), forma atualmente aplicada na
avaliação da produção intelectual dos programas de pós-graduação brasileiros.
Desta forma, estudos bibliométricos que apresentem a utilização de indicadores
qualitativos, como os que mensuram o impacto científico da ciência, reforçam a
importância da contribuição da bibliometria e cientometria na orientação e na
dinâmica das políticas científica dos países.
Partindo do entendimento que os indicadores expressam informações
importantes para as diretrizes científicas e o norteamento de decisões de
pesquisadores, grupos, instituições e países e que a análise da produção científica
possibilita se retratar “o grau de desenvolvimento de uma área do conhecimento, de
um campo científico ou de saber” (ARAÚJO; ALVARENGA, 2011, p.51), justifica-se
a utilização dos indicadores em estudos destinados a este fim.
Todavia, a seguinte observação de Rosas (2013, p. 18) ainda se faz presente
no cenário atual:
Apesar da contribuição que o conjunto de indicadores (produção,
citação e colaboração) pode oferecer para a avaliação da ciência
produzida, em âmbito de pós-graduação, somente os indicadores de
produção têm tido ênfase para a análise dos programas.
Portando, os fatos relatados acima motivaram a continuidade da pesquisa de
Rosas (2013).
20
A presente pesquisa foca na utilização de indicadores de citação - Média de
citação por artigo e Índice h – para a avaliação da visibilidade e impacto científico
dos programas pós-graduação brasileiros, em nível meso, tendo os programas de
pós-graduação acadêmicos na área de Zootecnia, com conceitos entre 4 e 7 (notas
aplicadas pela CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) como universo de aplicação.
Justifica-se a escolha da base de dados Scopus para a coleta dos dados de
citação dos artigos publicados em periódicos Qualis A1 e A2, pelos programas
analisados, no triênio 2010-2012, por ser uma base multidisciplinar, com
aproximadamente 69 milhões de registros, com uma cobertura de mais de 22.800
periódicos de mais de 5 mil editoras de todo o mundo (SCOPUS, 2018) bem como
ser base de dados com a maior cobertura dos artigos produzidos pelos programas
analisados nesta pesquisa. Esta base foi a pioneira na implementação e utilização
do Índice h como indicador bibliométrico e tem demonstrado ter a maior cobertura
de resumos, citações e textos completos da literatura científica internacional e
brasileira (LIMA; VELHO; FARIA, 2012).
Considera-se que esta pesquisa possa contribuir para o estudo da produção
científica dos programas de pós-graduação brasileiros tanto da área de Zootecnia,
como de outras áreas do conhecimento, ao contribuir para se evidenciar
especificidades de cada uma delas, relacionadas à produção científica, seu impacto
e visibilidade.
Visa também contribuir para a reflexão do sistema de avaliação dos
programas de pós-graduação no Brasil, que necessita de uma revisão para o seu
aprimoramento. Nesse sentido acredita-se que o acréscimo de indicadores que
permitam visualizar o impacto da produção científica desses programas possa
contriguir significativamente.
No âmbito da Ciência da Informação, justifica-se a contribuição metodológica
pela elaboração de indicadores bibliométricos de citação para o universo dos
programas de pós-graduação.
A presente tese está estruturada em seis capítulos, resumidos a seguir:
21
Capítulo 1: apresenta-se a problemática envolvendo questões do
desenvolvimento da produção científica, da expansão dos cursos de pós-graduação
brasileiros, na qual se incluem aqueles da área de Zootecnia, e sua contribuição
para a geração do conhecimento científico brasileiro. Aborda-se também as
motivações que levaram à proposição do presente estudo, assim como os objetivos,
hipótese e a estrutura de desenvolvimento da tese.
Capítulo 2: apresenta-se o referencial teórico concernente à política
científica, produção científica e os estudos métricos, em especial, os relativos aos
indicadores de produção e citação (impacto e visibilidade).
Capítulo 3: apresenta-se a contextualização da pós-graduação brasileira, e
mais particularmente, a pós-graduação em Zootecnia, área de estudo utilizada
nessa pesquisa. Aborda-se, também, o tema da avaliação dos programas de pós-
graduação pela CAPES e da avaliação dos periódicos nacionais e internacionais,
por meio do Qualis.
Capítulo 4: descrevem-se os procedimentos metodológicos adotados na
pesquisa. Mais espeficificamente, apresentam-se: a abrangência e a especificidade
da área estudada; as fontes utilizadas para coleta de dados; os softwares utilizados;
e os procedimentos para os cálculos dos indicadores.
Capítulo 5: apresentam-se os resultados obtidos relativos aos indicadores de
produção, impacto e visibilidade dos programas de pós-graduação em Zootecnia
com doutorado e conceitos de 4 a 7, assim como as análises descritivas.
Capítulo 6: finalizando, neste capítulo, apresentam-se as considerações
finais concernentes aos objetivos propostos, as limitações relativas aos resultados
da pesquisa, questões associadas à incorporação de indicadores de citação na
análise de programas de pós-graduação e possibilidades de estudos subsequentes.
22
2 POLÍTICA CIENTÍFICA, PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS ESTUDOS
MÉTRICOS
A política científica e tecnológica é compreendida como um conjunto de
medidas estabelecidas por um governo que visam o estímulo do desenvolvimento da
pesquisa científica e tecnológica bem como a exploração dos seus resultados para
atender objetivos políticos de maior amplitude (SIUNE, 2001 apud VELHO, 2011).
Velho (2011) afirma que, desde o século XX, há similaridade entre as políticas
nacionais voltadas à Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) no mais variados países,
as quais tem como base conceitual a estrutura organizacional, os instrumentos de
financiamento e as formas de avaliação. Esta similaridade é decorrente da
percepção e imagem do impacto da ciência nas diversas sociedades, depois da
segunda guerra mundial, em que se considerava que qualquer problema
aparentemente sem solução podia ser resolvido com pesquisadores de alto nível e
investimentos financeiros, por meio dos avanços teóricos nas disciplinas básicas.
Isso fez com que a ciência desempenhasse um papel fortemente ideológico com
foco na produção, alcançando assim um espaço dentro das políticas do governo.
Resultando, portanto, na criação de políticas científicas nacionais baseadas em
modelos-institucionais de países como EUA e Reino Unido, que venceram na
segunda guerra mundial (VELHO, 2011).
Esse modelo normativo-institucional passou a ser difundido e adotado em
países desenvolvidos industrialmente, como também por países em desevolvimento,
como os da América Latina, incluindo o Brasil (SALOMON,1977; OTEIZA, 1992
apud VELHO, 2011).
Neste cenário, ressalta-se que o Brasil sofreu forte influência das políticas
científicas dos EUA, principalmente no processo de criação dos programas de Pós-
Graduação (mestrado e doutorado), abordados no capítulo 3 desta tese.
No entanto, nas duas últimas décadas, passa-se a ter um entendimento que
utilização de um único modelo da política de CTI pode trazer problemas, em virtude
das particulariedades de cada país, principalmente daqueles em desenvolvimento,
pois cada país está em uma fase diferente na transição em uma sociedade baseada
23
no conhecimento, em virtude principalmente dos diferentes níveis de
desenvolvimento econômico entre os países, bem como outros fatores
influenciadores, como cultura, tradições, estruturas institucionais (VELHO, 2011).
Sendo assim, há a necessidade de que cada país, dadas suas características sócio-
econômicas, elabore, reformule e avalie constantemente suas políticas nacionais
para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação.
Desse modo, nas últimas décadas têm ocorrido mudanças no entendimento
de como se dá a produção do conhecimento (científico e tecnológico) e as relações
entre ciência e tecnologia, contribuindo assim para alterações nas políticas
científicas de diversos países, que levem em consideração o papel e influência da
sociedade e de sua cultura na ciência e tecnologia, as novas formas de produção do
conhecimento, as relações entre as universidades, governo, indústria e sociedade
(MOREIRA; VELHO, 2008).
Sendo assim, atualmente a ciência por meio das políticas nacionais de CTI,
assume um papel para o desenvolvimento social, econômico e tecnológico e, para
cumprir esta função, deve extrapolar os muros da comunidade científica, impactando
no dia a dia do cidadão, das instituições e do país. A geração de renda e o bem-
estar social do país são desse modo, frutos do seu desenvolvimento oriundo, em
especial, da pesquisa científica.
Nesse sentido, Velho (2011, p. 146), afirma:
O foco da Política de CTI é (ou deve vir a ser?) o bem-estar social.
Para isso, cabe à política pública de CTI o papel de articulador,
regulador e facilitador, garantindo a conectividade dos múltiplos
atores (stakeholders). Desenvolvem-se instrumentos para garantir a
participação social na definição de objetivos e instrumentos de
política, assim como na disseminação de resultados (papel da mídia).
A definição de políticas deve ocorrer não apenas no nível nacional,
mas também nos níveis regionais e locais.
A Ciência e Tecnologia (C&T) é o principal termômetro de desenvolvimento
de um país, trazendo consigo também um status de poder e dividindo o mundo em
dois grupos: o primeiro composto pelos países que produzem conhecimento e o
24
segundo grupo daqueles que no máximo conseguem reproduzi-los (PNPG, 2010).
Witter (1997, p.9) enfatiza esse papel desempenhado pela ciência de um país, e sua
decorrente produção, para o desenvolvimento da sociedade:
Produção científica é a forma pela qual a universidade ou instituição
de pesquisa se faz presente no saber-fazer-poder ciência; é a base
para o desenvolvimento e a superação de dependência entre países
e entre regiões de um mesmo país; é o veículo para a melhoria da
qualidade de vida dos habitantes de um país; é a forma de se fazer
presente não só hoje, mas também amanhã. (...) Este rol pode ir
longe, mas, seja qual for o ângulo que se tome por referência, é
inegável o papel da ciência na vida das pessoas, das instituições e
dos países. Pode-se afirmar que alguma produção científica está
ligada à maioria, quase totalidade das coisas, dos eventos, dos
lugares com que as pessoas se envolvem no cotidiano.
Desse modo, as pesquisas desenvolvidas por pesquisadores de
instituições públicas ou privadas, para serem consideradas produção científica,
necessitam ser registradas, publicadas e socializadas, tanto para a comunidade
científica, como para a sociedade como um todo. Meadows (1999) afirma que a
pesquisa científica e a socialização de seus resultados são atividades inseparáveis.
Vessuri (1987) é mais enfático ao afirmar que a pesquisa científica que não é
publicada, simplesmente não existe. É necessário que a comunidade valide os
resultados da pesquisa e esse processo se dá na publicação do conhecimento, que
é avaliado e validado pelos pares.
Assim, para que o papel da ciência seja cumprido, deve haver um
comprometimendo social por parte do pesquisador, que precisa publicar o resultado
de suas pesquisas, a fim de que a sociedade possa usufruir das contribuições de
seu estudo. Nesse sentido, Macias-Chapula (1998) apresenta três funções da
ciência: 1) disseminar conhecimento; 2) assegurar a preservação de padrões; e 3)
atribuir crédito e reconhecimento para os pesquisadores que contribuem com o
desenvolvimento de ideias para as diversas áreas do conhecimento.
No Brasil, o desenvolvimento sistemático e consistente em C&T incia-se com
a fundação das agências federais de fomento à pesquisa e formação de recursos
25
humanos – CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) - na
década de 1950 e agências estaduais de fomento à pesquisa, na década de 1960,
em especial a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP,
com inicio de efetivo funcionamento em 1962. Nas décadas seguintes, 1970 e 1980,
consolidaram-se as políticas públicas focadas em recursos humanos, promovendo
assim a expansão dos programas de pós-graduação strictu sensu em diversas áreas
do conhecimento. Neste cenário, o conhecimento gerado nas universidades
brasileiras, em especial, em seus programas de pós-graduação, constitui a parcela
majoritária da produção científica do país.
A partir dos anos 1990, a participação do Brasil na produção científica
internacional saltou de menos de 1% para 2,5% em 2013 (BARATA, 2015). Dados
da base de dados Scimago Journal & Contry Rank (SJR)1, mostram que o Brasil em
1996 ocupava a 21ª colocação no ranking de produção científica, com 8.784
documentos indexados na base. Em 2016 passou a ocupar a 14ª colocação, com
68.908 documentos, subindo sete posições no ranking.
Nesse contexto, destaca-se o importante papel da avaliação dos Programas
de Pós-Graduação (PPG), realizada pela CAPES, no processo de
internacionalização da produção científica brasileira e consequentemente em sua
visibilidade internacional, ao incentivá-los a publicar em periódicos internacionais de
alto impacto, em especial aqueles com Qualis A1 e A2.
Leite, Mugnaini e Leta (2011) afirmam que o processo de internacionalização
de um país não é muito rápido, devido ao tempo dispendido pelos pesquisadores
para encontrar o melhor caminho para publicação de suas pesquisas em periódicos
internacionais, bem como no estabelecimento de suas redes de colaboração, para
assim alcançarem o devido reconhecimento. Os autores afirmam, ainda, que as
áreas de Biológicas, Engenharias e Ciências Exatas e da Terra apresentam um
maior índice de publicação internacional em comparação às áreas que se dedicam a
resolução de problemas locais e nacionais, como as Humanidades, Ciências
Sociais, Linguística e Artes.
1 Disponívem em: http://www.scimagojr.com
26
Assim, considera-se que o aumento da produção científica ao longo dos anos
tem sido impulsionado por diversos fatores, dentre eles: a evolução tecnológica, a
proliferação dos PPG, o fomento à pesquisa por parte do governo e as colaborações
entre os pares (pesquisadores, instituições e/ou países) na realização das
pesquisas.
Nesse contexto, a produção científica em larga escala fez nascer a
necessidade de se criar metodologias de avaliação da ciência, assim como a
praticada pela CAPES, na avaliação dos PPG brasileiros.
Nesse necessário, observa-se o papel fundamental dos Estudos Métricos
para a análise e visualização do comportamento da ciência. Para Oliveira e Grácio
(2011, p. 19), os Estudos Métricos compreendem:
[...] o conjunto de estudos relacionados à avaliação da informação
produzida, mais especialmente científica, em diferentes suportes,
baseados em recursos quantitativos como ferramentas de análise.
Fundamentados na sociologia da ciência, na ciência da informação,
matemática, estatística e computação, são estudos de natureza
teórico-conceitual, quando contribuem para o avanço do
conhecimento da própria temática, propondo novos conceitos e
indicadores, bem como reflexões e análises relativas à área. São,
também, de natureza metodológica, quando se propõem a dar
sustentação aos trabalhos de caráter teórico da área onde estão
aplicados.
De acordo com as autoras, os Estudos Métricos da Informação (EMI)
congregam as pesquisas desenvolvidas na Bibliometria, Cientometria, Informetria
(seu maior tema), Webometria, Patenteometria e mais recentemente, também, da
Altmetria. Seguindo o mesmo raciocínio, Rosas (2013) afirma que os estudos
bibliométricos se aproximam e se interceptam à Cientometria, Informetria e
Patentometria, pelo uso de métodos quantitativos, mas se diferenciam quanto aos
objetos e objetivos do estudo.
A bibliometria está focada nos resultados registrados (literatura científica) de
um campo do conhecimento científico e fornece informação de grande relevância
para a análise da ciência, por meio de métodos, procedimentos, indicadores e
27
técnicas de mensuração próprios, a fim de obter um melhor entendimento da
dinâmica da produção científica do campo estudado (NORONHA; MARICATO, 2008;
VANZ; STUMPF, 2010).
Price (1969) define a bibliometria como um termo genérico, que agrupa
procedimentos estatísticos com o objetivo de quantificar os processos e
comunicação escrita. Pritchard (1969) conceitua bibliometria como “todos os
estudos que tentam quantificar os processos de comunicação escrita”.
Tague-Sutcliffe (1992) afirma que a Bibliometria tem por responsalibidade
estudar os aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação
registrada. Os resultados que ela fornece contribuem para a elaboração de
previsões e tomada de decisões. Mas, para Spinak (1998), apesar de essas técnicas
de medição da produção científica existirem há bastante tempo, não estão
completamente consolidadas. Fato esse que ainda é realidade, pela constante
necessidade da construção de novos indicadores, bem como da melhoria de
aplicação dos já existentes.
A cientometria tem como principal papel a análise dos aspectos quantitativos
da ciência, ao atuar no estabelecimento de medidas e indicadores que permitam
traçar o perfil da produção do conhecimento, seja de uma área, grupo ou instituição,
em âmbito nacional ou internacional. Por consequência, configura-se em um
importante aporte para o desenvolvimento de políticas científicas.
Para Mugnaini (2006), a cientometria trabalha além das publicações, ao
englobar o sistema de pesquisa como um todo, procurando associar dentro de um
sistema suas causas e efeitos. Para isto, analisa todo o aparato que envolve a
ciência e tecnologia, por meio de indicadores, para garantir a validade dos seus
indicadores bem como facilitar o entendimento de todo esse universo.
A Informetria incorpora, utiliza e amplia as fronteiras da bibliometria e da
cientometria, estudando os processos quantitativos da informação de forma geral e
em qualquer formato.
Em suas análises, faz uso de palavras, textos, documentos, fonte ou mesmo
base de dados. Pode priorizar variáveis como a recuperação, a relevância, a
28
revocação ou outras características da informação que sejam relevantes para o
estudo, com a utilização métodos estatísticos (BUFREM; PRATES, 2005). As
autoras afirmam, ainda, que a informetria atua com esforços voltados a “questões
como alocação de recursos, tempo ou dinheiro, além das aspirações acadêmicas e
científicas relacionadas à metaciência ou metapesquisa”.
A webometria tem como uma de funções principais mensurar as atividades na
World Wide Web (WWW), especialmente pela análise de links. Estuda os
relacionamentos entre os diferentes sites da rede. Bufrem e Prates (2005) afirmam
que a Webometria pode ser utilizada no mapeamento das áreas na Web mais
usadas, indicador esse mensurado pela quantidade de vezes que seus links foram
inseridos em outros websites. Por meio da webometria, pode-se reconhecer a
importância da rede como um meio de informação e comunicação tanto para a
ciência como para a academia.
A Patentometria, como o nome sugere, tem as patentes produzidas por um
pesquisador, instituição ou país como objeto de análise. Esta metodologia permite
mensurar o grau de tecnologia e inovação de um país ou de um setor industrial.
Conforme Noronha e Maricato (2008, p.124), permite “[...] a busca de relações entre
o conhecimento científico e sua contribuição ou transformação em conhecimento
tecnológico”.
E mais recentemente, com a busca do estudo e uso de métricas alternativas
surge a Altmetria, que tem como foco a análise do registro de atividades realizadas
em ambiente online, como interações em redes sociais, blogs, ferramentas de
gerenciamento bibiogrático etc. Groth, Priem e Taraborelli (2012) definem a altmetria
como o estudo e uso das métricas de impacto acadêmico com base nas atividades
em ambientes e ferramentas online. Ou seja, a Altmetria utiliza os dados de
downloads, visualizações, “curtidas”, citações em blogs, Twitter, Facebook, Zotero,
CiteULike, entre outras ferramentas para mensurar o impacto da produção científica,
pois permitem uma analogia mais próxima com o conceito de citação (GOUVEIA,
2013; BARROS, 2015).
Para Noronha e Maricato (2008), os objetos de análise dos Estudos Métricos
compreendem:
29
Informetria: palavras/conteúdos;
Bibliometria: documentos;
Cientometria: disciplinas;
Biblioteconometria: bibliotecas;
Webometria: páginas da web;
Patentometria: patentes
E complementando a lista de Noronha e Maricato (2008):
Altmetria: atividades em ambientes e ferramentas online.
Dentre todas essas formas apresentadas de EMI, a bibliometria e a
cientometria são as mais estudadas e, portanto, apresentam maior consolidação ao
longo dos anos, sendo a bibliometria a nascente dos EMI. Apesar das diferentes
nomenclaturas apresentadas e suas distintas aplicabilidades, usualmente o termo
“pesquisas bibiométricas” tem sido utilizado pela comunidade científica para
designar genericamente as diferentes especialidades dos Estudos Métricos.
Como se pode observar, a aplicabilidade dos estudos métricos é vasta, com
muitos procedimentos e com diferentes objetos de estudo e objetivos de análise.
Glänzel (2003), um dos expoentes contemporâneos das pesquisas na área dos
estudos bibliométricos, apresenta três grupos-alvo para as análises bibliométricas.
São eles:
1. Bibliometria para especialistas em bibliometria: estudos voltados para a investigação básica, aquela destinada para a teoria e desenvolvimento metodológico da própria área.
2. Bibliometria para disciplinas científicas: pesquisas realizadas em diferentes disciplinas científicas, com o objetivo de conhecer o campo científico analisado.
3. Bibliometria para a política e gestão científica: pesquisas bibliométricas que visam contribuir para a proposição e desenvolvimento de política e gestão científica. O autor considera ser esse o grupo mais importante da bibliometria, por dar subsídio a
30
tomadas de decisão em políticas científicas, por meio dos estudos das estruturas institucionais da ciência.
A presente pesquisa, continuidade de Rosas (2013), perpassa pelos três
grupos apresentados por Glänzel (2003). No que tange ao Grupo-Alvo 1,
Bibliometria para especialistas em bibliometria, por apresentar e analisar a
adequação do uso de indicadores de impacto e visibilidade para a avaliação da
produção científica dos programas de pós-graduação. Perpassa pelo Grupo-Alvo 2,
Bibliometria para disciplinas científicas, por contribuir para uma melhor compreensão
do impacto das pesquisas desenvolvidas no âmbito dos programas de pós-
graduação na área de Zootecnia, no Brasil. E finalmente, pelo Grupo-Alvo 3, por
propor a utilização dos indicadores de impacto e visibilidade na avaliação dos
programas de pós-graduação, contribuindo assim para as tomadas de decisões em
políticas científicas.
2.1 Indicadores Bibliométricos
Price (1969) afirma que, para manter o progresso rápido dos países, de forma
sensata em direção ao futuro, é necessário a criação e estudo de indicadores de
C&T. A ciência, de acordo com o autor, é passível de mensuração, o que a torna
apta à aplicação de métodos quantativos, que a avaliem, contribuindo assim para a
sua evolução.
A partir da década de 1970, o interesse por indicadores bibliométricos
apresentou crescimento em diversos países, incluindo o Brasil, os quais passaram a
contribuir significativamente no planejamento, monitoramento e avaliação do sistema
de C&T (VELHO, 1997; CASTANHA, 2013).
Combessie (2004, p.115) define indicador como “um resumo satisfatório de
uma noção mais abstrata e mais ampla”, cujo valor resultante descreve a
intensidade de uma perspectiva da noção representada. Segundo o autor, uma
única noção pode ser representada por diversos indicadores.
31
O Governo Francês, por meio do manual Rationalization des Choix
Budgetairies (RCB), define um indicador como:
um dado relativo a uma variável significativa que caracteriza um
fenômeno e que serve de indicação para que se possa atuar sobre
tal fenômeno. Ainda segundo esse manual, para se tirar o máximo
proveito, a formulação e análise de indicadores devem ser
articuladas em níveis segundo a sua utilização: de entrada, de saída,
de estado e de gestão (SANCHES, 1997).
Os indicadores podem ser classificados como simples ou complexos. De
acordo com Sanches (1997), o indicador simples tem o seu valor obtido por meio de
uma medida direta, de uma enumeração física ou material. Já, o indicador complexo
tem o seu valor obtido por meio de uma medida indireta. Nesse último grupo de
indicadores, podemos citar os coeficientes, que são indicadores oriundos da relação
entre outros dois indicadores.
Trzesniak (2014) diferencia indicadores de medidas e observa a discordância
por parte de uma parcela da comunidade científica quanto à quantificação do
desempenho e comportamento da ciência, em decorrência muitas vezes de uma
forma superficial e/ou equivocada e não qualificada da utilização e aplicação destas.
A fim de contribuir para o entendimento desta temática, o autor apresenta três tipos
de fenômenos fundamentais para a compreensão e uso dos indicadores e medidas
de forma adequada, bem como as principais diferenças entre tais fenômenos.
O primeiro fenômeno considerado pelo autor diz respeito aos eventos que não
permitem inferir regularidade, repetição ou influência das condições causais
(TRZESNIAK, 2014). Este tipo de fenômeno está fora do alcance da ciência, pois
durante sua observação não é possível estimar qualquer comportamento do
universo analisado.
O segundo fenômeno apresentado é o “determinístico”. Neste fenômeno,
ocorre sempre o mesmo desfecho, mesmo que se façam diversas repetições do
experimento, o resultado será sempre o mesmo. Este fenômeno é predominante na
área de exatas. As medidas fazem parte do universo determinístico.
32
O terceiro e último fenômeno apresentado por Trzesniak (2014) é o
“estocástico”. Neste, podem ser apresentados variados desfechos. Neste tipo de
fenômeno, mesmo que o pesquisador repita todo o processo de forma igual, poderá
obter um resultado diferente, ou mesmo oposto do anterior. Desta forma, nos
fenômenos estocásticos, para se chegar a uma conclusão ou dedução, o contexto
deve ser levado em consideração ao analisar os indicadores. Os fenômenos
estocásticos predominam nas áreas de humanas e sociais.
Para Trzesniak (2014), os indicadores, como explicitado em sua própria
nomenclatura, dão indicações, mas não a certeza absoluta do que se pretende
saber, por isso estão relacionados a fenômenos estocásticos, diferentemente dos
parâmetros, que por serem exatas estão no universo determinístico. Mas há de se
destacar, conforme o autor, que a “robustez tende a crescer com o aperfeiçoamento
do processo de observação, levando a um resultado cada vez mais confiável [...]”
(2014, p.10).
Os indicadores científicos permitem descrever aspectos qualitativos ou
quantitativos de um estado ou atividade científica (VANZ, 2004). Permitem identificar
a natureza, estado ou mesmo evolução de um fenômeno, como também sua
representação, descrição e caracterização (LIBERAL, 2005).
De acordo com Pinto e Matias (2011, p.2), os indicadores “[...] permitem obter
uma visão da produção científica e dependem de processos adequados de
organização e de representação do conhecimento”. Como cada área do
conhecimento possui suas peculiaridades e sua forma de produzir, o autor afirma
que os indicadores precisam ser flexíveis e considerar estas particularidades de
cada área, não podendo, portanto ser generalizados.
A atividade científica precisa ser interpretada e analisada no contexto em que
está inserida. Os indicadores bibliométricos e as avaliações de desempenho
científico devem levar em conta o contexto social, histórico e econômico da
realidade em que estão inseridos (SPINAK, 1998, MACIAS-CHAPULA, 1998;
HJØRLAND, 2002; PINTO; MATIAS, 2011; RÀFOLS, 2016).
Quanto às peculiaridades dos veículos utilizados para a socialização do
conhecimento, cada área ou subáreas “utiliza meios e veículos específicos para
33
disseminar os resultados de pesquisa, atribuir prioridades e crédito” (SANTOS,
2005). Áreas como as exatas e biológicas dão prioridade aos artigos publicados em
periódicos científicos para a socialização do conhecimento. Por outro lado, áreas
como a de humanas e sociais priorizam suas publicações no formato de livros. Essa
diferença na forma de produção científica deve ser levada em conta no momento da
definição dos indicadores bibliométricos para avaliá-las (SPINAK, 1998; MACIAS-
CHAPULA, 1998; SANTOS, 2005).
A fim de se obter uma ampla compreensão, a análise da produção científica
de um determinado país, região ou instituição abarca a utilização de um conjunto
expressivo de indicadores bibliométricos, que podem ser agrupados em três grupos:
indicadores de produção, de citação e de ligação, que envolve colaboração
(COURTIAL, 1990; CALLON; COURTIAL; PENAN, 1993; NARIN; OLIVASTRO;
STEVENS, 1994; OKUBO, 1997; SPINAK, 1998).
Os indicadores de produção são construidos a partir da contagem do número
de publicações, por tipologia documental (artigos científicos, livros, relatórios, teses
etc.), por instuição, país, ou área do conhecimento (FAPESP, 2010).
Mugnaini, Carvalho e Campanatti-Ortiz (2006) destacam diversos indicadores
de produção científica, entre eles: indicadores de produtividade; número de artigos
científicos (por autor, disciplina, instituição e país); quantidade de publicações
(incluindo periódicos indexados); quantidade de autores e procedência institucional
e/ou geográfica dos mesmos; quantidade e porcentagem de trabalhos em coautoria
e índice de colaboração; dentre outros.
Na presente pesquisa, para analisar a produção cientifica dos programas de
pós-graduação em Zootecnia publicada em artigos de periódicos (principal fomato
para socialização do conhecimeto pela área) com Qualis A1 e A2, foram utilizados
indicadores de produção (mencionado anteriormente) e citação, por meio dos
indicadores de impacto e visibilidade, apresentados a seguir.
34
2.1.1 Indicadores de citação: impacto e visibilidade da produção
científica
A produção científica de um pesquisador, instituição ou país é mensurada
pelo indicador de produção, contagem do número de publicações. No entanto, o uso
isolado deste indicador pode não refletir a realidade do impacto dessa produção,
uma vez que um indivíduo (pesquisador, instituição ou país) pode apresentar uma
posição destacada em termos de total de trabalhos publicados, todavia, o impacto
ou visibilidade desta produção estar aquém daquele alcançado pelos seus pares.
Nesse aspecto, a análise dos indicadores de citação no âmbito da bibliometria, como
citação e média de citação podem identificar o impacto e a visibilidade da produção
científica (ARAÚJO, 2006).
Desse modo, a análise de citação tem sido uma ferramenta muito importante
na identificação do impacto da produção científica e tem como base as referências
bibliográficas listadas no final de cada trabalho científico. A contagem dessas
citações (por meio das referências) pode evidenciar tendências, frentes de pesquisa,
principais instituições e países produtores de uma determinada área, permite
apontar seus conceitos, objetos e métodos próprios, bem como seus pesquisadores
e periódicos com maior impacto, contribuindo para a compreensão e visualização de
uma comunidade científica (VANZ; CAREGNATO, 2003; OLIVEIRA; GRACIO, 2011;
ROSAS; GRÁCIO, 2014; SILVEIRA; CAREGNATO, 2017).
O início deste tipo de mensuração da ciência, por meio de métodos
quantitativos e objetivos, se deu em 1963, com a criação do SCI - Science Citation
Index (MACIAS-CHAPULA, 1998). Indicadores de citação têm como pressuposto o
fato de as referências realizadas por um pesquisador identificam de forma precisa os
relacionamentos entre documentos que tratam do mesmo assunto. A partir de então,
os índices que mensuram a ciência por meio da citação passaram a ser utilizados na
elaboração de políticas científicas, no intuito de contribuir na avaliação do
desempenho dos cientistas (STREHL, 2003).
A literatura científica tem apontado para duas teorias para os estudos de
citação: normativa e construtivista. Estudos com enfoque normativo trabalham no
âmbito da compreensão do comportamento, da distribuição e da incidência do
35
conhecimento produzido e socializado na comunidade científica. São estudos que
têm como produto final a geração de índices relativos e absolutos bem como suas
representações, tendo como base as relações entre as referências bibliográficas
arroladas ao final das publicações. Contribuem também para a criação de
metodologias que mensurem e avalaliem a ciência produzida (SILVEIRA;
CAREGNATO, 2017).
Os estudos de citação com enfoque normativo são apresentados geralmente
no formato de rankings, gráficos, tabelas e figuras que “... expressam modelos de
análises, além de muitas relações complexas e multivariadas de proximidade e
distanciamento, similaridade, distinção e singularidade” (SILVEIRA; CAREGNATO,
2017, p. 254). Ou seja, nesse tipo de estudo o comportamento da produção
científica é visualizado por meio de indicadores e de representações gráficas,
permitindo por meio das análises de citações e análise de redes sociais, a
construção de instrumentos e procedimentos metodológicos, e de modelos de
análise e de avaliação. A presente pesquisa é um exemplo de estudo com enfoque
normativo, ao apresentar um procedimento metodológico, com a utilização de
indicadores de citação para a avaliação de programas de pós-graduação brasileiros.
Por outro lado, os estudos com enfoque construtivista têm como preocupação
a identificação e entendimento dos “motivos e propriedades dos discursos que
culminam nos registros objetivos dos pesquisadores em seus textos [...]” afim de
“revelar os caminhos percorridos para a construção do conhecimento” seja em nível
individual ou coletivo. Desse modo, estes estudos se pautam em identificar as
razões pelas quais foram feitas as citações bem como as suas relações com outras
razões e têm seus objetos e objetivos “[...] envoltos por elementos subjetivos ligados
a fatores psicológicos, políticos históricos, sociológicos e antropológicos que definem
a dinâmica das menções” (WOUTERS, 1999, apud SILVEIRA; CAREGNATO, 2017,
p. 261).
Silveira e Caregnato (2017, p. 250) afirmam que as citações como recursos
sociais e cognitivos da ciência “[...] possibilitam expressar a lógica de produção,
organização, disseminação, preservação e utilização de informações”. Por meio dos
estudos das citações podemos visualizar o caminho que o conhecimento percorre
dentro da comunidade científica e assim avaliá-lo. Isso tem tornado a análise de
36
citação a técnica mais utilizada nos estudos de citação e uma metodologia de
contribuição importante na orientação e definição de políticas científicas.
No âmbito do sistema atual de avaliação da produção científica, a
mensuração das citações recebidas pelas publicações tem sido usada como
parâmetro para definição da influência e impacto dos trabalhos científicos (STREHL,
2003; ALEIXANDRE-BENAVENT et al., 2010; ROSAS 2013). O impacto das
publicações de um periódico (e outras fontes de informação) também tem sido alvo
de avaliação. Neste caso, o impacto do periódico em que o conhecimento foi
socializado está relacionado à sua visibilidade, partindo do pressuposto de que
quanto mais citado, mais visibilidade o periódico possui.
Segundo Freitas, Rosas e Miguel (2017), as citações recebidas pelas
publicações científicas é uma das medidas bibliométricas mais utilizadas para
estimar o impacto dos resultados da investigação.
Meadows (1999) e Lascurain-Sánchez, García-Zorita e Sanz-Casado (2011),
acreditam que a qualidade de um artigo pode ser mensurada por meio das citações
que ele recebe. O interesse da comunidade científica por um artigo é refletido pela
quantidade de citações recebidas.
De acordo com Garfield (1979 apud GHOLSON, 1989, p. 415), a “qualidade”
ou “impacto” atribuído ao trabalho científico está relacionado à utilidade desse
trabalho para o público do tema por ele abordado. Para o autor, “um trabalho
altamente citado é aquele que foi considerado útil por um número relativamente
grande de pessoas, ou em um número relativamente grande de experimentos”
(tradução minha).
Nesse mesmo sentido abordado por Garfield, os autores Cole e Cole (apud
STREHL, 2003), anos antes, em 1973, ao definirem qualidade a partir de uma
definição social, afirmaram:
A definição social é formada a partir de um ponto de vista filosófico
pautado na premissa de que a verdade absoluta não existe, é, sim,
construída socialmente. Assim sendo, o que pode ser considerado
verdadeiro hoje, talvez não possa ser reconhecido amanhã [...].
Portanto, a qualidade de um trabalho é definida como o que está
37
sendo útil para a comunidade em um dado momento. Se os
cientistas encontram uma ideia particular que seja útil para o seu
trabalho, esta ideia encerra em si um valor e, por este motivo, ela
pode ser considerada de alta qualidade. Nesta concepção, a
definição da qualidade de um trabalho é feita a partir do consenso
social.
Os autores destacam um ponto importante a ser considerado relacionado à
definição de qualidade do trabalho científico: o tempo, ou seja, o momento em que
está sendo útil para a comunidade, portanto atrelada ao consenso social.
A partir do momento, em que o trabalho não for considerado útil para a
comunidade, seja pelo fato de estar obsoleto ou ter sido derrubado por outra teoria
ou metodologia, ele pode não ter mais a importância que outrora detinha. Nesse
sentido, estudos de qualidade e impacto necessitam de avaliações periódicas, pois o
cenário da ciência mainstream pode se modificar ao longo dos anos, uma vez que é
dinâmico. As variáveis, como a própria nomenclatura diz, estão sujeitas a mudanças.
Ao considerar o conceito de qualidade numa perspectiva social, Frost (1979
apud STREHL, 2003) afirma que é necessário considerar as interferências das
variáveis subjetivas e incontroláveis que podem afetar as citações, sendo, portanto,
necessária sua contextualização.
Nesse sentido, pesquisadores têm apontado diversas questões associadas
aos estudos baseados em análise de citação, que podem interferir nos resultados
das pesquisas; entre elas: motivação da citação; a natureza da publicação (revisão
ou geral); barreiras linguísticas e a origem da publicação (países mainstream ou
periféricos); preferências de tipologia documental para socialização do
conhecimento; quantidade de citações variáveis por área; a proposição do
conhecimento novo etc. (VELHO, 1985, VANZ; CAREGNATO, 2003, OLIVEIRA;
GRACIO, 2011).
Outra questão associada à análise de citação, muito debatida na
comunidadade acadêmica, diz respeito às autocitações, condenadas por uns e
defendidas por outros.
38
A autocitação é o ato de um autor, instituição ou mesmo periódico (exigência
de alguns periódicos) de referenciar em seu novo traballho, sua própria produção
científica publicada anteriormente. Alguns estudiosos condenam a autocitação por
acreditarem que a mesma inflaciona seus indicadores de citação, camuflando assim
a verdadeira realidade do impacto da pesquisa na comunidade científica. Mas, por
outro lado, há também quem defenda que autocitação é parte essencial da
comunicação científica, pois revela aspectos interessantes do papel do pesquisador.
Para esse último grupo, desde que a quantidade de autocitação no conjunto de
citações não exceda a extensão normal, a autocitação é importante para indicar uma
atividade de publicação dinâmica e exitosa (GLÄNZEL, 2003).
Resultados obtidos pelos pesquisadores Costas, Leeuwen e Bordons (2010),
ao analisarem a produção científica de pesquisadores da área de Biológicas e
Biomedicina, mostraram que as autocitações não influenciam significativamente no
inflacionamento do impacto, ratificando a pesquisa de Van Raan (1998). De acordo
com os autores, documentos mais citados apresentam proporcionalmente mais
autocitações, corroborando o resultado obtido anteriormente por Aksnes (2003). Os
autores ainda afirmam que quanto maior o Fator de Impacto (FI) de um periódico,
menor é a sua quantidade de autocitações. No que tange as autocitações
relacionadas à colaboração científica, os resultados da pesquisa de Costas,
Leeuwen e Bordons (2010) evidenciaram que nos trabalhos produzidos em coautoria
o crescimento das citações externas é maior do que as autocitações e que a
colaboração internacional atrai um maior número de citações totais. Essa tendência
de maior citação externa em trabalhos com colaboração internacional é motivada
pela quantidade de autores e instituições envolvidos na produção dos trabalhos.
Para Medoff (2006) e Fowler e Aksnes (2007), as autocitações constituem
uma forma de propaganda do próprio trabalho produzido recentemente. São muito
importantes no processo de comunicação científica, pois os cientistas precisam
referenciar seus resultados anteriores como sinal de continuidade de sua linha de
pesquisa (COSTAS; LEEUWEN; BORDONS, 2010).
Para Garfield (1979), a prática de autocitação é comum e razoável. Portanto,
partindo desse entendimento, pode-se inferir que a autocitação se faz necessária em
alguns casos (dentro das devidas proporções), pois permite considerar uma
39
sequência de publicações dentro de um tema de um mesmo autor, instituição ou
grupo de pesquisa, trazendo um histórico da evolução da pesquisa bem como sua
trajetória comprobatória da aprovação pelos pares e consolidação da mesma.
Ao considerar as autocitações por países, Pierro (2013) afirma que países
com grande número de periódicos científicos e que possuem grande extensão
territorial possuem uma tendência em ter uma quantidade maior de autocitações,
que também estão relacionadas a contextos histórico-políticos, citando, por exemplo,
países como Cuba e Irã, por apresentarem sistemas políticos fechados ao longo da
história. Outro aspecto a ser considerado nas autocitações de países é o perfil dos
trabalhos que contribuem para a resolução de problemas nacionais e/ou locais.
Áreas como Ciências Agrárias, incluindo a Zootecnia (universo da presente
pesquisa) possuem atuação na resolução também de problemas locais, regionais
e/ou nacionais, e ao mesmo tempo produzem artigos com reconhecimento
internacional.
Além das autocitações, na análise de citação há também outro aspecto que
pode ser observado: a ocorrência de citações negativas, constituídas pelas críticas a
outros trabalhos. Esse tipo de citação representa apenas uma pequena parcela das
citações publicadas, pois autores citantes apresentam resistência em dar crédito
negativo a outros autores (NASSI-CALÒ, 2014). Por outro lado, Vanz e Caregnato
(2003) apresentam um viés da citação negativa, ao afirmarem que uma grande
frequencia desse tipo de citação, pode evidenciar um trabalho relevante, mesmo que
tenha sofrido crítica pelos pares, pois se o mesmo não tivesse importância, não seria
muito citado, mesmo que negativamente.
Para Glänzel (2003), apesar das críticas por uma parte da literatura científica,
a análise de citação tem se consolidando ao longo dos anos em âmbito
internacional, sendo reconhecida como uma forma objetiva e útil de se mensurar o
impacto e a influência das pulicações de um autor, periódico, instituição ou país,
contribuindo dessa forma na avaliação ciência nova produzida.
As críticas apontadas para uso de citações na avaliação da produção
científica têm se concentrado em variáveis subjetivas. Sendo assim, a mensuração
40
da qualidade da produção científica por meio das citações permanece válida
(STREHL, 2003).
Glänzel (2003) afirma que na avaliação da pesquisa científica, as citações se
tornaram uma medida amplamente utilizada para evidenciar o impacto das
publicações. Sendo assim, na visão do autor, o indicador de impacto é constituído
por meio das citações recebidas por um artigo, pesquisador, periódico, instituição ou
país.
No que tange à visibilidade, a mesma está associada ao suporte
informacional por onde a produção científica foi veiculada, como por exemplo, o
periódico, o principal meio utilizado pela ciência para socializar o conhecimento
novo.
O artigo científico e o periódico são os meios formais para divulgação e
visibilidade da nova ciência, produzida e reconhecida pelos pares (MUELLER, 1995;
DEMEURISSE; FABRE; GARDIÈS, 2009). De acordo com Oliveira e Grácio (2012),
o periódico, que dá visibilidade à produção científica, possibilita a disseminação
rápida e ampla dos resultados de uma pesquisa, permitindo assim que a
comunidade possa acessá-lo, criticá-lo e citá-lo.
Para Packer e Meneghini (2006), a visibilidade da produção científica de um
pesquisador, de uma universidade, de uma área específica, de um grupo de
pesquisa ou de um país está diretamente relacionada com a visibilidade dos
periódicos utilizados para a publicação dos resultados de suas pesquisas.
A fim de identificar a visibilidade das universidades da Espanha, Lascurain-
Sánchez, García-Zorita e Sanz-Casado (2011) utilizaram, como critério, a
porcentagem de artigos publicados no Q1 – Primeiro Quartil do FI do Journal
Citation Report (JCR). O FI, abordado de forma mais detalhada no próximo tópico,
tem sido utilizado para aferir a visibilidade dos periódicos (SILVA; PETROSKI, 2014),
partindo do princípio de que os periódicos com maior FI são aqueles considerados
com maior visibilidade, mais prestígio na comunidade acadêmica.
Dos indicadores construídos a partir das citações, dois têm sido muito
utilizados na mensuração do impacto da produção científica, a saber: Fator de
41
Impacto e Índice h. Spinak (1998) destaca o uso do FI como uma medida
significativa, pois evidencia a importância, influência e visibilidade de um periódico
científico em sua comunidade, e mais recentemente (2005), o Índice h, criado por
Hirsch, tem apresentado destaque nos estudos de impacto da produção científica.
2.1.1.1 Fator de Impacto e Índice h
Juntamente com expressivo aumento da produção científica, cada vez mais,
cresce o interesse pela mensuração do impacto da produção científica de um autor,
periódico, instituição ou país, pois em meio a tantas publicações disponíveis, sem
um indicador que possa sinalizar o impacto dessas produções, fica difícil
evidendiciar o que realmente a ciência tem produzido de útil para a comunidade
científica e para a sociedade em geral.
Embora haja pesquisadores que consideram que o impacto cientifico não
afere necessariamente a qualidade da produção científica (SANCHO, 1990; MOED,
2002), a mensuração do impacto de um periódico é uma medida útil, quando
calculado de forma cuidadosa (SANCHO, 1990).
Esse tipo de mensuração começou a se tornar possível a partir da criação do
FI na década de 1960, por Eugene Garfield (1998), fundador do Institute for
Scientific Information (ISI). O FI passou a ser disponibilizado pela base a partir da
compilação do Science Citation Index (SCI) (GARFIELD; SHER, 1963).
O FI tem sido calculado anualmente desde 1972, para os periódicos
indexados no ISI, e publicado no Journal Citation Reports (JCR). O FI tem sido
utilizado para comparar os periódicos em uma determinada área (GARFIELD, 1998).
O cálculo deste indicador consiste na média que se obtém pelo quociente
entre quantidade de citações recebidas em um determinado ano, pelos artigos
publicados no periódico no biênio anterior (STREHL, 2005). O quadro abaixo
apresenta a forma de cálculo do FI para um determinado periódico em 2017.
42
Quadro 1. Cálculo do Fator de Impacto
Fator de Impacto de um determinado periódico no ano de 2017
Ano Citações recebidas em 2017 (A) Artigos Publicados (B)
2015 110 150
2016 90 150
Total 200 300
Cálculo:
FI = Total de citações recebidas em 2017 (A) ÷ Total de artigos publicados (B)
FI = 200 citações ÷ 300 artigos = 0,533 citações por artigo
Fonte: elaborado pelo autor.
Portanto, como se observa no Quadro 1, o cálculo FI é realizado a partir da
seguinte fórmula:
FI = A ÷ B
Sendo:
A = total de citações recebidas de periódicos durante o ano de 2017 pelos artigos
publicados em 2015 e 2016;
B = total de artigos publicados em 2015 e 2016.
Desse modo, no exemplo do Quadro 1, o periódico recebeu 200 citações em
300 artigos no período, obtendo FI=0,533 citações por artigo.
Apesar de, originalmente, o FI ser calculado com intervalo de tempo de dois
anos, pesquisadores tem estendido seu conceito, utilizando outros intervalos para
cálculo, por exemplo três ou cinco anos (ROSAS, 2013).
Algumas características do FI contribuíram para que o mesmo se tornasse
popular na comundidade científica. Dentre elas, podemos destacar: a sua facilidade
de cálculo e compreensão; sua independência da quantidade de artigos publicados
pela revista; sua disponibilidade e reprodutibilidade de forma rápida; e sua
estabilidade e robustez, pois não se tem notado alterações expressivas em seu valor
de um ano para o outro.
43
Apesar de sua popularidade, o FI não é unanimidade na comunidade
científica como representação fidedigna de impacto, com críticas apresentadas na
literatura pelos pesquisadores, sejam elas a respeito de sua validade, do seu uso
inadequado ou da possibilidade de manipulação, por meio das autocitações
(VINKLER, 2002; BORDONS, FERNANDEZ; GÓMEZ, 2002; MUGNAINI, 2006,
2016).
Mugnaini (2006), um dos críticos ao uso do FI, apresenta a limitação desse
indicador quando calculado com dados de uma única base, fator esse que limita sua
validade, uma vez que restringe sua representativade à cobertura e realidade
daquela base.
Recentemente, Mugnaini (2016) fez duras críticas ao uso inadequado do FI
no processo de avaliação da ciência, ao reiterar a questão do problema da restrição
do universo onde seu cálculo é realizado (base de dados Web Of Science). Cita
outros tipos de limitações como: restrição às citações de artigos recentes, uma vez
que o cálculo é baseado nas citações recebidas na produção dos dois últimos anos,
considerado pelo autor um “exíguo prazo de validade”; e citações aos periódicos não
indexados na Web of Science que não são considerados, apesar de utilizados pela
comunidade, crítica essa também realizada por Bordons, Fernandez e Gómez
(2002). O autor também faz crítica à priorização da literatura publicada em
periódicos em detrimento a outras publicadas em diferentes suportes, como livros,
desestimulando a publicação nesta tipologia.
Ainda outras limitações ao FI são apresentadas na literatura, além das
mencionadas anteriormente, como a questão da falta de distinção entre periódicos
com conteúdo de revisão (que tendem a ser mais citados) daqueles que são artigos
originais (menos citados), mencionada por Glänzel e Moed (2002). Os autores ainda
afirmam que o FI analisado isoladamente pode ser insuficiente na descrição de
padrões de citação dos periódicos científicos.
Bordons, Fernandez e Gómez (2002) apresentam a questão dos artigos não
citados de um periódico, que influenciam no cálculo do FI. Além disso, o FI pode
apresentar uma grande variação em seu valor na comparação entre áreas, uma vez
que, cada área, com suas particularidades, possui uma dinânima própria na
44
produção do conhecimento, bem como do seu uso. Fatores como a quantidade de
periódicos por área, a regionalidade de algumas áreas, o formato dos documentos
onde a informação é socializada (livros, periódicos etc.) são exemplos de variáveis
que podem afetar o cálculo do FI. A diversificação nos hábitos de publicação e
produtividade entre áreas distintas não permite uma comparação do FI entre elas
(BORDONS; ZULUETA, 1999).
Ràfols (2016) aponta que os indicadores presentes na avaliação da ciência
muitas vezes não capturam atividades importantes, em decorrência de alguns
fatores: cobertura desigual de disciplinas em bases de dados; cobertura desigual da
língua (prevalência da língua inglesa); não cobertura de tópicos considerados
"locais" pelos principais periódicos; padrões de citação diferentes de uma área para
a outra; e a cobertura desigual entre os setores da ciência, como a indústria de baixa
tecnologia em relação a de alta tecnologia.
A fim de propor uma solução, ainda que parcial, para os problemas apontados
em relação aos indicadores de impacto, como o FI, Ràfols (2016) defende o uso de
indicadores inclusivos, a partir de uma perspectiva social, considerado por ele,
bastante difícil de mensuração. Sugere, assim, a ampliação e criação de indicadores
que contribuam para avaliação numa perspectiva regional, local e reflitam
características e necessidades destes âmbitos, não sendo voltados para rankings
universais; entre eles: indicadores da ciência aberta (open science) e de inovação
social.
Apesar das limitações apresentadas por alguns autores na literatura, sendo
muitas delas interferências de variáveis subjetivas e incontroláveis, em uma
perspectiva social (FROST, 1979 apud STREHL, 2003), o FI ainda tem se
apresentado como uma medida apropriada na avaliação de periódicos científicos em
nível internacional, tomando-se o cuidado de somente comparar periódicos da
mesma subárea, devido às diferenças epistemológicas entre as diferentes áreas e
subáreas.
As agências de fomento, tanto nacionais como internacionais,
majoritariamente responsáveis pela elaboração de políticas científicas, têm feito uso
frequentemente do FI na avaliação de pesquisadores e instituições, sendo, do ponto
45
de vista operacional, o indicador mais apropriado e utilizado para esse fim (STREHL,
2013; SILVA; PETROSKI, 2014).
Isso tem influenciado diretamente o dia a dia de autores, editores, gestores, e
bibliotecários que buscam nesse indicador o norteamento em decisões, sejam elas
ligadas à aquisição de títulos novos de periódicos para compor o acervo das
bibliotecas, sejam na escolha do periódico a ser disseminado o conhecimento novo,
na criação e alteração de políticas editoriais com foco na visibilidade e impacto do
periódico, mantendo assim um sistema que se retroalimenta (TODOROV; GLÄNZEL,
1988, STREHL, 2005).
Packer e Meneghini (2006) e Lara (2006) acreditam que a presença dos
periódicos em índices de prestígio tanto nacional como internacional, contribui para
o reconhecimento dos periódicos em duas dimensões: qualidade e prestígio. E
assim, aumentando a possiblidade de citações da produção científica veiculada
nesses periódicos, o que incide no aumento do FI dos mesmos. Cabe ressaltar, que
o processo de alcance das dimensões qualidade e prestígio é um processo árduo,
que demanda um longo processo associado à evolução do periódico (PACKER;
MENEGHINI, 2006).
As questões e limitações mencionadas fortalecem a importância da utilização
de mais de um indicador para a ampla e fidedigna descrição do impacto dos
periódicos científicos em um domínio do conhecimento.
Sabe-se que o FI é um indicador prosposto pela base de dados ISI, da
Thomson Reuters, restrito, portanto às revistas indexadas nessa base. A presente
pesquisa trabalha com a produção científica dos Programas de Pós-Graduação em
Zootecnia (PPGZ) publicada em periódicos indexados na base de dados Scopus.
Todavia, apesar de oferecer indicadores de citação, a Scopus, da Elsevier, não
utiliza a expressão FI no seu conjunto de indicadores. O indicador da Scopus
equivalente ao FI da ISI é o “Cites/Doc. (2 years)”, disponível para consulta no
Scimago Journal & Country Rank (SJR). Seu cálculo é realizado da mesma forma
que o FI, como demonstrado no Quadro 1, sendo, portanto, um indicador de citação
média por documento em um período de 2 anos.
46
Portanto, esta pesquisa utiliza o indicador “Cites/Doc. (2 years)” da Scopus
como equivalente ao FI, pois o mesmo tem sido amplamente utilizado como índice
de impacto dos periódicos indexados na base Scopus. Para fins de nomenclatura,
essa pesquisa definiu para este indicador a denominação “Índice de impacto”, uma
referência à terminologia “impact index”, em inglês, informada na legenda dada pela
própria Scopus ao indicador.
Além do indicador “Cites/Doc. (2 years)”, equivalente ao FI, a Scopus
apresenta outros importantes indicadores de impacto da produção indexada em sua
base Scimago Journal & Country Rank, os indicadores SJR e Índice h.
Apesar de também mensurar o impacto dos periódicos, o indicador SJR não é
equivalente ao FI, trata-se de um indicador de impacto que atribui pesos diferentes
às citações recebidas pelos artigos, que varia conforme a fonte que citou o
documento. De acordo com a Scopus2, este indicador exprime o número médio
ponderado de citações recebidas no ano selecionado, pelos documentos publicados
na revista selecionada, nos três anos anteriores, ou seja, citações ponderadas
recebidas no ano X para documentos publicados na revista nos anos X-1, X-2 e X-3.
A partir das críticas elencadas pela comunidade científica ao FI, a busca por
novos indicadores que mensurassem impacto da produção científica, contribuiu para
a criação do Índice h. Proposto em 2005 pelo físico argentino Jorge Hirsch,
professor da Universidade da Califórnia, San Diego, este indicador combina a
quantidade e impacto (mensurada pelas citações) da produção científica de um
autor, periódico, instituição ou país, a fim de obter uma visão mais precisa e ampla
do impacto da produção científica de um pesquisador. Inicialmente, o objetivo de sua
criação foi contribuir com a caracterização da contribuição, do reconhecimento e do
impacto acumulado de um pesquisador por meio de um valor que estimasse,
simultaneamente, a extensão e o impacto da sua produção científica.
Posteriormente, sua aplicação se estendeu à análise da qualidade da produção
científica de periódicos, instituições e países. Destaca-se que a Scopus foi a pioneira
em disponibilizar o Índice h como forma de mensuração do impacto de periódicos e
países.
2 Disponível em: http://www.scimagojr.com/help.php
47
Hirsch (2005, p.1) define o Índice h da seguinte forma: “a scientist has index h
if h of his /her Np papers have at least h citations each, and the other (Np-h) papers
have no more than h citation each”, sendo Np o número total de artigos do
pesquisador. Dessa forma, o Índice h de um pesquisador é definido como “o maior
número ‘h’ de artigos científicos desse pesquisador que têm pelo menos o mesmo
número ‘h’ de citações cada um” (MARQUES, 2013). Assim, ilustrativamente: dizer
que um autor possui um Índice h = 30 é o mesmo que afirmar que ele tem pelo
menos 30 artigos, que receberam pelo menos 30 citações cada um.
A construção do cálculo do Índice h é relativamente simples. Constrói-se uma
lista com duas colunas. Na primeira coluna, ordenam-se os artigos publicados pelo
autor em ordem crescente. Assim, exemplificando: se o autor publicou 30 artigos,
registram-se, nesta coluna, números de 1 a 30, em ordem crescente. Na segunda
coluna, paralela à primeira, colocam-se as citações recebidas por cada um dos
artigos publicados, em ordem decrescente. O Índice h será o valor onde o número
de citações do artigo for igual ou maior ao número de ordem (coluna um) que o
artigo ocupa. No Quadro 2, exemplifica-se o cálculo do índice h para um
pesquisador fictício.
Quadro 2. Simulação do cálculo do Índice h, para um pesquisador fictício que tenha publicado 7 artigos e, respectivas citações recebidas por cada artigo, no momento
do registro e cálculo do índice h.
Artigo Citações
1 30
2 25
3 18
4 10
5 6 h = 5
6 5
7 2
Fonte: elaborado pelo autor.
No exemplo do Quadro 2, o Índice h do pesquisador é 5 e significa que pelo
menos 5 artigos publicados por esse autor foram citados pelo menos 5 vezes, isto é,
receberam pelo menos 5 citações.
48
De acordo com Marques (2013), para se alcançar um Índice h elevado, o
autor precisa publicar artigos que tenham grande repercussão na comunidade
científica. Se o autor publica vários artigos, mas é pouco citado, ou mesmo se
recebe muitas citações, mas num número restrito de artigos que publicou, seu Índice
h será de valor baixo.
O Índice h é um indicador que tende a valorizar o esforço científico de um
pesquisador, pois leva em conta a trajetória acadêmica do pesquisador de forma
cumulativa. O valor desse índice nunca decresce durante a vida de um pesquisador,
pois leva em conta a distribuição acumulada das citações para todo o conjunto da
obra do pesquisador durante sua vida acadêmica. O valor desse índice está
fortemente associado ao número de citações, embora não tenha total influência do
número de trabalhos publicados (OLIVEIRA; GRÁCIO, 2011).
Rousseau (2008) destaca que uma maior quantidade de coautores pode
potencializar o Índice h e por ter uma característica de mensuração por meio do
acúmulo de citações ao longo do tempo, o valor do Índice h pode aumentar mesmo
que o pesquisador não produza mais nada.
Destaca-se, todavia, que, embora o valor deste índice nunca decresça e
possa até aumentar ainda que o pesquisador deixe de publicar outros artigos, ele
apresenta um limite superior, estabelecido pelo total de artigos publicados pelo
pesquisador. Desse modo, se um pesquisador publicou n artigos até o momento do
cálculo do índice h, ele terá, no máximo, indíce h = n. Esta característica permite
identificar o valor máximo de indice h, possível de ser alcançado, por um
pesquisador que se ausentou da vida científica, sinalizado pelo total de artigos
publicados.
Uma das maiores vantagens do Índice h, de acordo com Rousseau (2008), é
encorajar a publicação de trabalhos com alta qualidade, fato esse devido à
combinação que faz em seu cálculo do indicador de produção (número de
publicações) e o de impacto (número de citações).
Outras vantagens oferecidas por esse indicador é possibilidade de
contextualizar a carreira de um pesquisador; indentificar tendências de investigação;
e contribuir na definição de políticas públicas; possui um desempenho melhor do que
49
outros indicadores isolados (FI, citações por documento, número de artigos etc.);
pode ser facilmente obtido nas bases de dados, ou mesmo calculado quando da não
possibilidade de identificação desse indicador nas bases (ROSSEAU, 2008;
OLIVEIRA; GRÁCIO, 2011; VANTI, 2011; MARQUES, 2013; SILVA; GRÁCIO,
2017).
O Índice h permite a avaliação não somente de autores, mas de periódicos
(BRAUN; GLÄNZEL; SCHUBERT, 2006), países (CSAJBÓK et al, 2007); e
diferentes áreas (IGLESIAS; PECHARROMÁN, 2007). Outros estudos comparam o
Índice h com outros indicadores já consolidades dentro da ciência na descrição e
avaliação do desempenho científico em áreas distintas do conhecimento. Cita-se
alguns deles: Grupo Scimago (2006), Van Raan (2006), Mugnaini, Packer e
Meneghini (2008), Cronin e Meho (2009), e Kulasegarah e Fenton (2009).
Lima, Velho e Faria (2012) destacam que agências de fomento nacionais e
internacionais têm adotado a utilização do Índice h para subsidiar políticas científicas
e tecnológicas e na alocação de benefícios, recursos e evolução na carreira
científica.
Mugnaini e Sales (2011) destacam a utilidade do Índice h como um indicador
complementar ao FI na avaliação da produção científica. Todavia, por ser um
indicador que utiliza as citações em sua construção, seu valor pode variar entre as
áreas de conhecimento, fato já mencionado anteriormente no que tange à dinâmica
de construção do conhecimento e características de cada área. Grácio e Oliveira
(2011) consideram que pesquisadores pertencentes às áreas que não são
mainstream, não alcançarão valores altos de índice h, como ocorre com aqueles que
trabalham em áreas com maior destaque na ciência.
Desta forma, não se recomenda que sejam feitas comparações de Índice h
entre áreas distintas. Ainda, o uso deste indicador com o objetivo de evidenciar
superioridade científica entre pesquisadores, instituições ou grupos de pesquisa de
áreas diferentes pode levar a conclusões equivocadas (EGGHE, 2010; LIMA;
VELHO; FARIA, 2012; MARQUES, 2013).
Além disso, outros cuidados devem ser observados relativos a algumas
desvantagens no uso do Índice h. Seus valores podem variar nos diferentes
50
estágios de carreira do pesquisador. Pesquisadores sêniors tendem a ter Índice h
bem mais alto que os pesquisadores que estão no início de suas carreiras. Por ser
um Índice baseado em citações, pode ser manipulado por meio das autocitações.
Atribui o mesmo peso de livros aos periódicos, não fazendo distinção entre os
mesmos, dificultanto assim a comparação entre áreas que priorizam a publicação
em livros com áreas que priorizam a publicação em periódicos. Não considera a
motivação e contexto das citações (EGGHE, 2010; LIMA; VELHO; FARIA, 2012;
MARQUES, 2013; SILVA; GRÁCIO, 2017).
Desse forma, apesar de Hirsh (2005) entender que o Índice h é preferível a
outros indicadores tradicionalmente usados para se avaliar o desempenho científico,
como número total de publicações, total de citações, médias de citações, FI, entre
outros, ele também afirma que um único indicador, utilizado de forma isolada, não
será suficiente para descrever as multifaces de um pesquisador. A combinação de
indicadores é essencial para retratar o perfil científico de um pesquisador.
Nesse mesmo sentido, Thomaz, Assad e Moreira (2011) afirmam:
Nenhum dos índices qualitativos e quantitativos, por melhor que
sejam, é suficientemente preciso para ser utilizado de forma isolada.
A combinação de alguns desses, associada à avaliação por pares, é
certamente a melhor forma de avaliação objetiva [...]
Apesar do uso dos indicadores de citação na avaliação da produção científica
de autores, grupos de pesquisa, instituições e países, estes não foram aplicados
especificamente para a avaliação de Programas de Pós-Graduação. Neste sentido,
destaca-se que, na avaliação dos programas, a CAPES tem priorizado a capacidade
de um programa de produzir literatura científica, ou seja, o aspecto produtividade do
programa, prescindindo, todavia, da análise da influência, visibilidade e impacto
desta produção, na avaliação, que pode auxiliar na distinção da importância do
conhecimento gerado no âmbito dos programas de pós-graduação. Neste contexto,
salienta-se a fundamental contribuição dos indicadores de citação.
Sendo assim, essa pesquisa trabalha em nivel meso de avaliação
bibliométrica, ao tratar cada PPGZ como um indivíduo (unidade básica de análise).
Verifica a possiblidade de propor na avaliação dos PPGs de áreas semelhantes à de
51
Zootecnia, além da aplicação de indicadores de produtividade, o uso de indicadores
bibliométricos de citação (média de citações por documento e Índice h), associados
aos contextos históricos, epistemológicos e críticos (HJØRLAND, 2002),
pretendendo-se assim, evidenciar o impacto e visibilidade dos PPGZ.
Finalizando este capítulo, ressalta-se o entendimento dos conceitos de
impacto e visibilidade que norteiam esta pesquisa; a saber:
Impacto: medida direta do reconhecimento que a comunidade científica atribui aos artigos publicados pelo PPGZ analisados, evidenciado pelas citações recebidas por estes artigos.
Visibilidade: impacto dos periódicos utilizados para socialização do conhecimento produzido pelos PPGZ analisado, medido pelo fator de impacto (índice de impacto na Scopus). Entende-se que quanto maior o impacto dos periódicos, maior é a visibilidade dos artigos neles publicados e o potencial para serem citados.
52
3 CONTEXTUALIZANDO A PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA
Em 1930, Francisco Campos contribuiu para os primeios passos da pós-
graduação brasileira com a proposta do Estatuto das Universidades Brasileiras, em
que propunha-se a implantação da pós-graduação com os mesmos padrões da
Europa (SANTOS, 2003). Três univerdades fizeram uso desse modelo, a saber:
Universidade do Rio de Janeiro, em seu curso de direito; Faculdade Nacional de
Filosofia; e Universidade de São Paulo, primeira universidade brasileira a
regulamentar a pesquisa científica entre suas atividades acadêmicas (ALMEIDA;
GUIMARÃES, 2013).
Na década de 1940, no Artigo 71 do Estatuto da Universidade do Brasil,
houve o primeiro uso da terminologia “Pós-Graduação”. Na década seguinte, se
firmaram os primeiros acordos entre Brasil e Estados Unidos da América, por meio
de convênios entre as escolas e universidades dos dois países, o que permitiu a
realização de intercâmbios entre os estudantes, professores e pesquisadores
(SANTOS, 2003). A organização do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) se
deu a partir da década de 1960. A implantação formal dos primeiros cursos de pós-
graduação no Brasil ocorreu por meio do Parecer nº 977 do Conselho Federal de
Educação em 1965. O SNPG brasileiro sofreu forte influência americana, na
ocasião, estabeleceu-se o padrão norte-americano de pós-graduação para o Brasil,
em que a pós-graduação strito sensu se daria em dois níveis independentes
(mestrado e doutorado), mas sem relação de pré-requisitos entre eles. Nesse
modelo, havia uma parte para aplicação de aulas e outra para desenvolvimento da
dissertação ou tese, trabalhos de conclusão dos cursos (SANTOS, 2003).
De acordo com Moreira e Velho (2008, p. 632), “a pós-graduação brasileira foi
criada com a função social de qualificar recursos humanos e produzir conhecimento
científico e tecnológico que permitissem a expansão industrial do país”. Sua
concepção esteve atrelada à concepção positivista da ciência (visão pós-segunda
guerra mundial) em consonância com países centrais e vitoriosos da segunda guerra
mundial, como EUA e Reino Unido.
Esse modelo contribuiu para o aumento da oferta de recursos financeiros e,
consequentemente, de profissionais para a produção do conhecimento em âmbito
53
científico e tecnológico, concentrando assim a investigação científica brasileira nas
universidades, por meio dos programas de Pós-Graduação. De acordo com Sobral
(2000, p.6), tanto o fortalecimento da competência científica quanto a consolidação
da pós-graduação brasileira no âmbito da universidade contribuiu para “o ciclo
completo da produção do conhecimento”, pois tal produção não era realizada sem a
pesquisa básica, realizada dentro da universidade.
Ao longo das últimas décadas, os programas de pós-graduação têm sido os
principais contribuidores para a ciência brasileira e responsáveis pela maior parte do
conhecimento novo registrado (LEITE; MUGNAINI; LETA, 2011).
Atualmente, os programas de pós-graduação brasileiros estão classificados
em 49 áreas e, dentre elas, a de Zootecnia/Recursos pesqueiros, área objeto de
pesquisa desse estudo. Hoje há 4.394 programas de pós-graduação recomendados
pela CAPES, sendo 2.141 programas com mestrado e doutorado, com conceitos
que variam entre 3 (mínimo para recomendação) e 7 (nota máxima)3.
3.1 A avaliação dos programas de pós-graduação no Brasil
No Brasil, a CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior é a instituição responsável pela avaliação dos programas de Pós-
graduação e também atua como agência de fomento à pesquisa. É responsável pelo
credenciamento e descredenciamento dos programas, por meio de suas avaliações,
realizadas de forma trienal até o período 2010-2012, e a partir de 2013,
quadrienalmente.
A avaliação periódica realizada pela CAPES é uma atividade essencial para
assegurar a qualidade dos cursos de mestrado e doutorado oferecidos pelos
programas de pós-graduação brasileiros. Realizada desde 1976, a avaliação dos
programas pela CAPES conta com a participação da comunidade acadêmica-
científica por meio de consultores ad hoc. Tem como objetivo a certificação da
qualidade da pós-graduação brasileira, servindo de referência para a distribuição
dos recursos para fomento das pesquisas, bem como das bolsas aos estudantes de
3 Dados obtidos em: https://sucupira.capes.gov.br/
54
pós-graduação. Além disso, visa identificar assimetrias regionais e as áreas
estratégicas do conhecimento, a fim de “orientar ações de indução na criação e
expansão de programas de pós-graduação no território nacional” (CAPES, 2014).
Inicialmente, a avaliação dos programas se dava por notas em escala
alfabética, composta pelos conceitos A, B, C, D e E, com o conceito A destinado aos
programas com melhor desempenho e o conceito E atribuído aos programas com o
pior desempenho, em relação aos demais.
A partir de 1998, houve uma alteração na metodologia de avaliação e passou-
se a utilizar os números de 1 à 7, como notas para atribuição de desempenho, com
a nota 1 para os programas de menor conceituação e 7 sendo a nota máxima para
programas com nível de excelência internacional. De acordo com a CAPES (2014) e
Almeida e Guimarães (2013), estes conceitos refletem:
- Conceito 1 e 2: programas reprovados, que deixaram de ser recomendados pela
CAPES e serão, obrigatoriamente, encerrados.
- Conceito 3: programas com o mínimo de padrão de qualidade. A recomendação
dos programas pela CAPES se dá a partir deste conceito.
- Conceito 4: programas com bom desempenho.
- Conceito 5: programas com alto nível de desempenho. É o conceito mínimo para
os programas que possuem curso de doutorado.
- Conceitos 6 e 7: programas com desempenho equivalente ao dos centros
internacionais de excelência, com nível de desempenho altamente diferenciado e de
liderança nacional em comparação aos demais programas da área
O processo de avaliação realizado pela CAPES até 2013, de acordo com
Almeida e Guimarães (2013, p.69), se estabelecia nas seguintes etapas:
1. Análise crítica do desempenho coletivo do curso e da produção
dos três anos antecedentes. Essa análise é baseada na
informação apresentada em: a) relatório anual da Coordenação
55
do Curso, que descreve as informações mais importantes, e b)
relatórios de especialistas a partir de visitas periódicas ao local.
2. Notas preliminares (1 a 7) conferidadas a cada curso em cada
subárea específica, geralmente em base comparativa; em
avaliação preliminar levada a cabo por um comitê de
competência específica na área de pesquisa.
3. Reavaliação e confirmação (ou não) das notas preliminares por
um comitê interdisciplinar maior, chamado Comitê Técnico-
Científico (CTC).
4. Geração de um ranking nacional dos cursos de pós-graduação
para todos os campos.
A avaliação dos programas, por meio da análise crítica do desempenho
coletivo do curso e da sua produção, é pautada em cinco quesitos, com pesos
diferentes entre eles para a composição final da nota: 1) Proposta do programa; 2)
Corpo docente; 3) Corpo discente, teses e dissertações; 4) Produção intelectual; e
5) Inserção social e relevância.
O peso estabelecido para os quesitos pode variar de um triênio para o outro,
conforme decisão da Comissão de Avaliação estabelecida para cada área, como
ocorreu na área de Zootecnia. Houve alteração no peso dos quesitos do triênio
2007-2009 em comparação com o triênio 2010-2012. Os quesitos e pesos
estabelecidos para a avaliação dos programas de pós-graduação (acadêmicos) em
Zootecnia – PPGZ para os respectivos triênios são apresentados no Quadro 3, em
que se observa que os quesitos de maior peso estão relacionados à produção dos
programas: Corpo discente, teses e dissertações; e Produção intelectual. Juntos
somam 70% de todo o peso da avaliação nos dois triênios.
56
Quadro 3. Quesitos e pesos para avaliação dos PPGZ
Peso
Quesito Triênio 2007-2009 Triênio 2010-2012
1. Proposta do programa - -
2. Corpo docente 20% 20%
3. Corpo discente, teses e dissertações 30% 35%
4. Produção intelectual 40% 35%
5. Inserção social e relevância 10% 10%
Fonte: Documentos de Área da CAPES (2009; 2013).
Cada um dos cinco quesitos apresenta de três a cinco itens de avaliação, com
pesos diferenciados entre eles. O quesito 4, por exemplo, referente à “Produção
intelectual”, é composto por quatro itens de avaliação, sendo os de maior peso
aqueles referentes à quantidade de produção: 4.1 Publicações qualificadas do
programa por docente permanente (55% no triênio 2007-2009 e 30% no triênio
2010-2012); e 4.2 Produção artística, técnica, patentes, inovações e outras
produções consideradas relevantes (30% nos dois triênios) .
No triênio 2010-2012, o cuidado da Comissão de Avaliação em igualar o peso
dos quesitos 3 e 4 vai ao encontro da observação de Witter (1989), quanto à
necessidade de maior atenção às teses e dissertações, pois fazem parte do discurso
científico escrito da pós-graduação e também refletem sua formação, sendo a
primeira contribuição expressiva do discente para a sociedade.
3.2 Sistema Qualis-Periódiocos da CAPES
A grande diversidade de periódicos surgida ao longo das últimas décadas, em
virtude do avanço tecnológico e aumento da produção científica, provocou a
necessidade do estabelecimento de padrões para mensuração da qualidade desse
formato de publicação científica. A CAPES foi responsável em estabelecer esses
padrões e começou a aplicá-los a partir do triênio 1998-2000 (CAMPOS, 2010).
57
O sistema Qualis-periódicos, assim denominado pela CAPES (2017), tem por
finalidade avaliar a produção científica dos programas de pós-graduação brasileiros.
Portanto, é utilizado para:
[...] classificar a produção científica dos programas de pós-graduação
no que se refere aos artigos publicados em periódicos científicos. Tal
processo foi concebido para atender as necessidades específicas do
sistema de avaliação e é baseado nas informações fornecidas por
meio do aplicativo Coleta de Dados. Como resultado, disponibiliza
uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos
programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção
(CAPES, 2017).
Os comitês de consultores de cada área de avaliação são responsáveis em
classificar os periódicos. Os critérios são previamente definidos e aprovados pelo
Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC/ES), a fim de evidenciar a
importância relativa dos periódicos para uma determinara área. Os critérios de
avaliação da CAPES ficam registrados nos respectivos Documentos de Área
(CAPES, 2017).
Por meio da estratificação Qualis dos periódicos, busca-se aferir a qualidade
da produção científica veiculada nesses periódicos. Dessa forma, a relevância do
artigo é medida de forma indireta, uma vez que o Qualis avalia o reconhecimento,
importância e impacto dos periódicos científicos para a área do conhecimento em
que estão inseridos.
A classificação dos periódicos é realizada/atualizada anualmente pela
CAPES, por área do conhecimento e um mesmo periódico pode receber
classificações diferentes em áreas distintas. Segundo a CAPES (2017), “isto não
constitui inconsistência, mas expressa o valor atribuído, em cada área, à pertinência
do conteúdo veiculado”. Sendo assim, não há pretensão por parte da CAPES em
definir de forma absoluta a qualidade dos periódicos, uma vez que essa
classificação varia de área para área.
Atualmente, a classificação dos periódicos avaliados é composta por oito
estratificações em ordem de relevância para área, assim definidas: A1, A2, B1, B2,
58
B3, B4, B5 e C, com os estratos A1 e A2 sendo os mais elevados e o C aquele em
que os periódicos não apresentam contribuição (peso zero) para a área (CAPES,
2017).
A definição dos estratos na área de Zootecnia / Recursos pesqueiros tem
como base principal o indicador Fator de Impacto dos periódicos nas diferentes
áreas. O valor desse indicador pode variar de uma área para outra, em virtude da
natureza de cada uma delas.
Os critérios de classificação dos periódicos por sua vez, podem variar de um
triênio para o outro (ou quadriênio a partir de 2013), assim como ocorre com os
quesitos e pesos para avaliação dos PPG, de acordo com as definições de cada
Comitê de avaliação. Abaixo a exemplificação de alterações de um triênio para o
outro, como ocorreu para a avaliação da produção científica dos programas de pós-
graduação na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros, na modalidade acadêmica,
nos triênios 2007-2009 e 2010-2012, onde a CAPES estabeleceu a classificação de
seus periódicos conforme os critérios apresentados nos Quadros 4 e 5,
respectivamente.
Quadro 4. Classificação dos periódicos da Área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros no triênio 2007-2009
Qualis Pesos Critérios
A1 100 Fator de impacto JCR maior ou igual a 2,000
A2 85 Fator de impacto JCR entre 0,750 e 1,999
B1 70 Fator de impacto JCR entre 0,100 e 0,749
B2 55 Indexado em pelo menos quatro bases
B3 40 Indexado em pelo menos três bases
B4 25 Indexado em pelo menos duas bases
B5 10 Indexado em uma base
C 0 Não relevante para a área
Fonte: Documento de área (CAPES) – Zootecnia e Recursos Pesqueiros – 2007-2009
No triênio 2007-2009, conforme Quadro 4, estabeleceu-se a classificação dos
periódicos de A1 à B1 com a utilização do indicador FI da base de dados Journal Of
59
Citation Reports (JCR). Para as estratificações de B2 à B5, o critério foi a indexação
nas bases de dados: Science Citation Index, Currents Contents (ISI),
Commonwealth Agricultural Bureau (CAB), Biological Abstracts (BIOSIS), Scientific
Eletronic Library Online (SCIELO), e Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts
(ASFA). E para estratificação C, os periódicos definidos como não relevantes para a
área.
Quadro 5. Classificação dos periódicos da Área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros no triênio 2010-2012
Qualis Pesos Critérios
A1 100 Fator de impacto JCR maior ou igual a 2,400
A2 85 Fator de impacto JCR entre 1,400 e 2,399
B1 70 Fator de impacto JCR entre 0,500 e 1,399
B2 55 Fator de impacto JCR entre 0,001 e 0,499
B3 40 Indexado em pelo menos quatro bases
B4 25 Indexado em pelo menos três bases
B5 10 Indexado em uma base
C 0 Impróprio, não tem aderência à área ou não atenderem os critérios explicitados para os demais estratos.
Fonte: Documento de área (CAPES) – Zootecnia e Recursos Pesqueiros – 2010-2012
No Quadro 5, estabeleceu-se a classificação dos periódicos de A1 à B2 com a
utilização do indicador Fator de Impacto da base de dados Journal Of Citation
Reports (JCR). Para as estratificações de B3 à B5, o critério foi a indexação nas
bases de dados: International Information System for the Agricultural Sciences and
Technology (AGRIS), Commonwealth Agricultural Bureau (CAB), Biological Abstracts
(BIOSIS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), e Aquatic Sciences and
Fisheries Abstracts (ASFA), U. S. National Library of Medicine (PUBMED/MEDLINE),
e Scopus da Elsevier. E para estratificação C, os periódicos considerados
impróprios, por não possuírem aderência à área ou não atenderem os critérios
explicitados para os demais estratos.
60
Como se observa no Quadro 5, no triênio 2010-2012, apesar dos pesos se
manterem os mesmo para os Qualis dos periódicos em relação ao triênio anterior,
neste último ocorreram alterações nos critérios para estratificação dos periódicos,
um pouco mais rigorosa, considerando o FI estabelecido para os estratos Qualis.
Por outro lado, houve um aumento no número de bases de dados indexadoras nos
critérios dos estratos de B3 à B5. Foram incluídas as bases AGRIS,
PUBMED/MEDLINE e Scopus e retirada a base ISI, mas não houve uma explicação
por parte do comitê avaliador o porquê dessa alteração. Acredita-se que essa
decisão foi tomada por essas bases adicionadas cobrirem a maior parte da produção
científica dos programas.
3.3 A área de Zootecnia: um breve panorama da Graduação e Pós-
Graduação
A Zootecnia é uma disciplina que integra a grande área de Ciências Agrárias.
Tem um papel fundamental no apoio técnico tanto nas cadeias produtivas quanto
negociais no que tange à produtos e serviços de origem animal (FERREIRA, 2006).
Possui importante papel na melhoria da produtividade e rentabilidade na criação de
animais e também no desenvolvimento de produtos como ovo, carne, leite e outros
derivados de origem animal (IBS, 2015). Para Ferreira (2006), a Zootecnia é a “arte
e ciência da criação dos animais úteis ao homem e da produção de seus produtos e
serviços”.
Segundo a CAPES no Documento de Área (2013) de Zootecnia e Recursos
Pesqueiros, o Zootecnista atua em atividades: relativas ao agronegócio, animais
silvestres, animais de companhia, de esporte e lazer (ambiente público ou privado),
em fazendas, granjas. Atua também em estabelecimentos agroindustriais, em
indústrias de rações, fármacos, produtos biológicos e outros insumos para animais,
bem como em comercialização de insumos e produtos agropecuários. No que tange
ao ensino e pesquisa, atua em instituições de ensino superior e centros dedicados à
pesquisa científica, bem como em empresas de consultoria agropecuária.
As principais temáticas abordadas durante a formação de um zootecnista são:
61
Nutrição Animal; Ciências do Solo; Forragicultura e Pastagens;
Biologia Molecular e Melhoramento Genético Animal, Produção
Animal em Culturas Zootécnicas; Gestão em Agronegócio;
Biotecnologias aplicadas em Zootecnia; Atividades Agropecuárias
com Sustentabilidade Ambiental; Tecnologia e Biosseguridade do
Produtos de Origem Animal; Sociologia e Extensão Rural; Criação e
Preservação de Animal Silvestres; Criação de Animais de
Companhia; Lazer e Esportes (CAPES. Documentos de Área –
Zootecnia/Recusos Pesqueiros, 2013, p.3).
A área de Zootecnia, devido suas competências possui interface com as
áreas do conhecimento de Agronomia e Medicina Veterinária que compõem a
grande área de Ciências Agrárias, bem como áreas da Biologia e afins. Dentro do
contexto da Pós-Graduação, essa interdisciplinaridade/multidisciplinaridade obtém
maior dimensão. De acordo com a CAPES, em Documentos de Área –
Zootecnia/Recusos Pesqueiros (2013), isso é evidenciado pela diversificação de
profissionais, como Agrônomos, Biólogos, Veterinários, Geógrafos, Estatísticos e
outros que buscam por Programas de Pós-Graduação na área de Zootecnia.
O trabalho do zootecnista, somado à outros agentes das ciências agrárias
têm impulsionado o agronegócio, dando suporte ao crescimento da economia
brasileira e contribuindo na garantia da segurança alimentar (IBS, 2015).
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, por meio de
levantamento realizado entre 2006 e 2010, aferiu que a agropecuária brasileira é
uma das que mais cresce no mundo, com um aumento de produtividade de 4,28%
ao ano (BRASIL, 2017). A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO) estimam que o Brasil seja o principal exportador de alimentos do
mundo na próxima década (OECD; FAO, 2015). O Brasil, na última década mais que
triplicou sua produção pecuária comparada aos números registrados em 1990. As
exportações da agricultura e das indústrias agroalimentares foram responsáveis por
36% de toda exportação brasileira em 2013, ano em que ultrapassou os EUA na
exportação de soja. Atualmente o Brasil é o segundo exportador agrícola mundial,
ficando atrás somente dos EUA, e tem tido um papel internacional importante na
exportação de carne bovina e de aves (OECD; FAO, 2015). O setor do agronegócio
62
em 2015 teve uma participação expressiva de 23% no PIB brasileiro, com previsão
de crescimento em 2% ao final do ano de 2017 (BRASIL, 2016).
O desenvolvimento no cenário de expansão do conhecimento no Brasil tem
acompanhado o crescimento da produção na área agrícola e pecuária nas últimas
décadas. Dados do Scimago Journal & Country Rank apontam que no acumulado
dos anos 1996-2016 o Brasil é o segundo maior produtor científico na área Animal
Science and Zoology (área da Zootecnia), com 36.241 artigos produzidos no
período, ficanto atrás somente dos EUA, dados esses que evidenciam a importância
da área como produtora de conhecimento novo brasileiro em nível internacional,
produção essa oriunda em grande parte da pós-graduação.
As Ciências Agrárias surgiram formalmente na Europa, devido ao impulso da
Revolução Industrial, e “definiram rapidamente seu objeto de trabalho tanto como
Ciências da órbita acadêmica quanto como profissões específicas”. A Zootecnia,
área de estudo desta pesquisa, integrante das Ciências Agrárias, nasceu na França
em 1848, no Instituto Agronômico de Versailles, com a criação de uma cadeira
destinada ao estudo dos animais domésticos, por Conde de Gasparin. Essa cadeira
então composta por um corpo independente de doutrinas foi denominada como
Zootechnie (Zootecnia na língua portuguesa), desligando-se assim da Agricultura
Geral, onde estava inserida (FERREIRA, 2006).
A nomenclatura Zootecnia foi adotada somente por povos de origem alemã e
latina. Nos países onde predominam a língua inglesa o termo utilizado para essa
área do conhecimento foi Animal Science (FERREIRA, 2006).
A Zootecnia foi impulsionada no Brasil em 1951, com a criação da Sociedade
Brasileira de Zootecnia (SBZ). Por meio da SBZ, agrônomos e veterinários se
reuniram para a 1ª Reunião Anual, onde apresentaram e discutiram trabalhos e
pesquisas em Zootecnia. Octávio Domingues que presidiu a instituição por mais de
15 anos foi o pioneiro, em 1953, em propor o primeiro currículo para um curso de
Zootecnia, que serviu de norte para os primeiros cursos de Zootecnia brasileiros
(KEESE, 2013).
A Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Uruguaiana, há 50 anos atrás, foi
a primeira universidade a oferecer o curso de Zootecnia. Mas a regulamentação
63
formal do curso, que contribuiu para a regulamentação da profissão Zootecnista,
surgiu com a Lei nº 5.550, em 4 de dezembro de 1968. No ano seguinte, foram
definidos por meio do Parecer 406, o currículo mínimo e a duração do curso de
Zootecnia, com posteriores modificações nos anos de 1984 e 1997 (KEESE, 2013).
Dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) referentes à
última avaliação para cursos de Zootecnia, realizada em 2013, indicam que no Brasil
havia 82 cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Atualmente
estima-se que haja mais de 100 cursos (CANAL RURAL, 2016). Acredita-se que
mais de 70% dos cursos de graduação em Zootecnia são de universidades públicas,
podendo este fato estar relacionado ao alto custo de implantação e manutenção dos
mesmos.
Quanto à pós-graduação em Zootecnia, o primeiro programa foi criado na
Universidade Federal de Viçosa (UFV), com o curso de mestrado iniciado em 1962 e
posteriomente acrescentado o curso de doutorado, em 1972, dez anos depois.
De acordo com a plataforma Sucupira4, o Brasil conta hoje com 58 programas
de pós-graduação na Área de Zootecnia / Recursos Pesqueiros, sendo 26
programas somente com curso de mestrado acadêmico, 1 (um) programa somente
com curso de doutorado acadêmico, 4 (quatro) programas com mestrado
profissional e 27 programas com os cursos de mestrado e doutorado na modalidade
acadêmica.
Dos 27 programas que possuem os cursos de mestrado e doutorado na
modalidade acadêmica, 14 (52%) foram analisados por essa pesquisa, por conterem
produção científica no triênio 2010-2012, permitindo assim uma análise comparativa
dos mesmos.
Considerando a importante contribuição dos programas de pós-graduação
na produção do conhecimento novo registrado, com o aumento no número de
programas ao longo dos últimos anos, percebe-se paralelamente um constante
crescimento da produção científica brasileira socializada em artigos em âmbito
internacional. Esse fato também é fruto da internacionalização dos periódicos
4 Dados disponíveis em: https://sucupira.capes.gov.br/
64
publicados no Brasil e do impacto obtido por esses artigos internacionalmente,
promovendo assim sua ampla divulgação por meio das citações obtidas.
Isso reforça a importância do trabalho de avaliação contínua desses
programas pela CAPES, com uso de indicadores que possam refletir o desempenho
e desenvolvimento desses programas frente à comunidade científica internacional,
importância essa já sinalizada por Rosas (2013) ao analisar programas de pós-
graduação de excelência na área de Zootecnia.
A busca por novos indicadores bibliométricos e novas formas de aplicações
dos indicadores já existentes contribuem para o aperfeiçoamento da avaliação dos
programas de pós-graduação. De acordo com Castanha e Grácio (2017, p.181),
esse sistema de avaliação como instrumento constituído, contribui para a orientação
“tanto para a comunidade científica como para os próprios programas de pós-
graduação, os quais procuram um padrão de excelência acadêmica nacional”, ou
mesmo internacional, para que possam competir igualitariamente com outros
programas de países referenciais de suas respectivas áreas de atuação.
Nesse contexto, os estudos bibliométricos são uma abordagem de confiança
e objetiva. Se associados à analíses que considerem o contexto, permitem um
diagnóstico real e verdadeiro da produção científica, seja de um país, um grupo
específico ou mesmo uma área de especialiadade (GRÁCIO e OLIVEIRA, 2011),
como a de Zootecnia utilizada nessa pesquisa.
65
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta tese, realiza-se uma pesquisa metodologicamente propositiva,
bibliográfica5 e descritiva6, fundamentada no referencial teórico-metodológico da
Bibliometria. Tem por finalidade obter-se, por meio da utlização dos indicadores
média de citações e Índice h na avaliação dos PPG, uma visualização mais ampla e
consistente dos aspectos relacionados ao impacto e visibilidade das publicações
científicas dos programas de pós-graduação. Para isto, tem como universo os
artigos publicados em periódicos Qualis A1 e A2 pelos PPGZ no triênio 2010-2012.
Visando um melhor entendimento da metodologia adotada, abaixo segue
uma figura com a abordagem resumida de todos os processos realizados.
Figura 1. Etapas metodológicas
Fonte: Elaborado pelo autor.
5A pesquisa bibliográfica abrange toda a bibliografia tornada pública em relação ao tema em estudo (MARKONI; LAKATOS, 2007). 6 A pesquisa descritiva tem por objetivo a descrição das características de uma população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1999).
66
Inicialmente, em julho de 2014, identificaram-se os Programas de Pós-
Graduação em Zootecnia, no triênio mencionado, por meio da planilha comparativa
da avaliação trienal 2013 da CAPES, na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros
(Anexo 01).
Foram identificados 47 programas acadêmicos com conceitos de 4 a 7.
Destes, 27 programas possuíam cursos de mestrado e doutorado. Todavia, a fim de
viabilizar uma comparação equitativa entre os programas, foram selecionados
somente aqueles com mestrado e doutorado na modalidade acadêmica no triênio
analisado, perfazendo um total de 14 programas, presentes no Quadro 6.
Quadro 6. Programas de pós-graduação em Zootecnia e Recursos Pesqueiros, com conceito 4 a 7 e cursos de mestrado e doutorado, no triênio 2010-2012
Sigla da instituição Início do Mestrado
Início do Doutorado
Nº de docentes permanentes
em 2013
01-Ciencia Animal - FUFPI 1999 2006 26
02-Ciencia Animal - UENF 1994 1994 26
03-Ciencia Animal e Pastagens – USP -ESALQ
1966 1997 17
04-Genetica e Melhoramento Animal –UNESP - Jab
1985 2005 14
05-Zootecnia - UFMG 1969 2007 26
06-Zootecnia - UFV 1962 1972 29
07-Zootecnia - UFLA 1976 1995 23
08-Zootecnia - UEM 1993 1999 23
09-Zootecnia - UFRGS 1965 1987 19
10-Zootecnia - UFSM 1974 2004 19
11-Zootecnia - UFPEL 1977 1999 17
12-Zootecnia - USP 1994 2001 29
13-Zootecnia – UNESP -BOT
1990 1990 22
14-Zootecnia – UNESP - JAB
1976 1984 35
Fonte: CAPES – Ficha de Avaliação dos Programas – Avaliação Trienal 2013 – Zootecnia e Recursos Pesqueiros
67
Por meio dos cadernos de indicadores de produção da avaliação de pós-
graduação (Anexo 02), disponíveis no site da CAPES, para cada um dos 14
programas, coletou-se a produção dos artigos científicos completos publicados em
periódicos com Qualis A1 e A2 no triênio 2010-2012. Totalizaram-se 533 artigos
referentes à produção total elencada nos cadernos de indicadores dos 14 programas
analisados nesta pesquisa.
A seguir, buscaram-se esses artigos na base de dados Scopus, por meio da
ferramenta de busca “Document Search”. Cada artigo foi localizado individualmente
nesta base, por meio da combinação de busca nos campos “Authors” (autores),
“ArticleTitle” (título do artigo) e “Source Title” (nome da revista/periódico), utilizando o
operador booleano “and” (Anexo 03).
Destaca-se a dificuldade enfrentada nesta etapa da pesquisa oriunda do fato
de nem todos os artigos identificados nos cadernos de indicadores dos Programas
analisados terem a informação do DOI, o que facilitaria e agilizaria suas buscas.
Do total de 533 artigos localizados nos cadernos de indicadores dos 14
programas analisados, foram descartados 25 (sete artigos por não terem sido
localizados na base de dados Scopus, inviabilizando assim a coleta dos dados para
análise e 18 artigos por aparecerem mais de uma vez nas listas dos programas
presentes nos cadernos de indicadores da CAPES), resultando em 508 artigos,
sendo 118 artigos publicados em periódicos com Qualis A1 e 390 publicados em
periódicos com Qualis A2 (Apêndice A).
Durante a busca dos artigos na base de dados Scopus, criou-se uma biblioteca
na interface do Zotero (Anexo 04), com pastas para cada programa, com todos os
metadados de cada artigo, separados por triênio, a fim de facilitar a extração e
exportação dos metadados para posterior manuseio destes. Sendo assim, por meio
da biblioteca do Zotero, todos os metadados foram exportados separadamente por
programas de Pós-Graduação e por triênio em arquivos no formato .CSV, que
possibilitou a edição, formatação e tratamento dos dados em planilhas eletrônicas
(Apêndice B), para gerar tabelas e gráficos, bem como criar a listagem das
referências bibliográficas dos artigos.
Paralelamente, geraram-se e organizaram-se listas na base de dados Scopus
(Anexo 05), por meio do DOI dos artigos, obtidos durante busca realizada para a
68
criação da biblioteca no Zotero. Foram criadas listas por programas de Pós-
Graduação na seguinte ordem: lista da produção total de cada programa de Pós-
Graduação em Zootecnia no triênio; lista da produção total de todos os programas
de Pós-Graduação em Zootecnia no triênio 2010-2012. O objetivo da criação dessa
base foi facilitar a coleta de indicadores como de citação, coautoria institucional e
por país, além da relação dos periódicos onde foram publicados os artigos.
No período de 19 a 21 de janeiro de 2017, foram coletadas as citações
recebidas pelos artigos, para cada programa de pós-graduação em estudo, a partir
das listas criadas na base SCOPUS (Anexo 06). Os dados levantados foram
cuidadosa e criteriosamente conferidos e organizados em planilhas eletrônicas nos
softwares LibreOffice Calc e Microsoft Excel. Ressalta-se que o uso de dois
softwares semelhantes se deu por ocorrer problemas na exportação de gráficos do
LibreOffice, optando-se portanto posteriormente, pela utilização do software da
Microsoft.
A visibilidade da produção científica dos programas foi obtida por meio do
impacto dos periódicos em que esses artigos foram publicados, sendo considerado o
índice de impacto do ano de 2013, ano da divulgação do triênio estudado. O
indicador considerado foi o “Citations per document” (2 years), que é equivalente ao
indicador FI da base de dados Web Of Science. Foi extraído da base SCimago
Journal & Country Rank, entre os dias 22 e 25 de janeiro de 2017. A busca foi
realizada na ferramenta “Journal Search”, na qual foi digitado o nome do periódico
no campo “Journal Title” (Anexo 07).
A mensuração do impacto da produção científica dos programas foi realizada
por meio de dois indicadores:
a) média de citações: com valores obtidos pela divisão do total de citações recebidas
pelo conjunto de artigos (publicados em periódicos com Qualis A1 ou A2) do
programa pelo número de artigos publicados no período estudado;
b) Índice h: obtido a partir da análise simultânea de duas colunas: uma coluna com o
número de ordem dos artigos publicados em ordem crescente (1º, 2º e assim por
diante) e a outra coluna com as citações (em ordem decrescente) recebidas por
cada artigo (Apêndice C). O valor que empata (iguala) as duas colunas (número de
ordem do artigo e número de citações) é o índice h (HIRSCH, 2005).
69
Para a coleta do país de origem dos periódicos utilizados para publicação dos
artigos, optou-se pela busca deste dado na base Ulrichs Web Global Serials
Directory, por ser uma ferramenta atualizada e muito utilizada nas rotinas de
biblioteca na obtenção de informações dos periódicos (Anexo 08).
A fim de evidenciar a tendência de distribuição dos indicadores propostos
(média de citação e índice h) entre os programas com mesmo conceito atribuído
pela CAPES, foram geradas tabelas e gráficos do tipo Diagrama de Caixa (Box Plot),
por meio do software SPSS.
Os gráficos Boxplot permitem evidenciar os valores mínimo, 1º, 2º (ou
mediana) e 3º Quartil e máximo, assim como os outliers (valores atípicos) para cada
indicador, para os agrupamentos de PPGZ por conceito. Também permitem avaliar a
assimetria e a dispersão desses conjuntos de dados. Cada caixa representada no
gráfico é composta por dois retângulos, onde o primeiro representa a distância entre
o 2º Quartil (Mediana) e o 1º Quartil (Quartil Inferior), e o segundo retângulo, a
distância entre o 3º Quartil (Quartil Superior) e o 2º Quartil (a Mediana). As
extremidades das linhas verticais apresentadas nos gráficos pemitem visualizar os
valores mínimo e máximo. Quando há valores discrepetantes, estes são
encontrados além do limite das caixas e denominados outliers (CASTANHA, 2013).
A análise de clusters foi realizada no SPSS, para a qual adotou-se o método
Ward, com distância euclidiana e sem variáveis padronizadas e tomaram-se como
variáveis os indicadores: média de citação e índice h dos PPGZ, a fim de verificar a
proximidade entre os agrupamentos dos PPGZ por meio da semelhança destes em
relação aos indicadores propostos e aqueles oriundos da atribuição do conceito pela
CAPES.
70
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos são apresentados a seguir em três seções, a fim de
trazer uma melhor compreensão e organização. A primeira seção apresenta os
resultados obtidos referente à produção científica e visibilidade dos Programas de
Pós-Graduação em Zootecnia. A segunda seção apresenta o impacto dessa
produção veiculada em periódicos científicos com Qualis A1 e A2, bem como os
resultados de total de citações, média de citações e Índice h dos PPGZ, bem como
as análises descritivas e de cluster dos PPGZ com o uso dos indicadores média de
citações e Índice h. A terceira e última seção traz uma síntese dos indicadores
científicos dos PPGZ.
5.1 Produção Científica e Visibilidade dos PPGZ
No período de 2010 e 2012, o total de artigos produzidos pelo conjunto de
programas nos estratos A1 e A2 foi de 508 artigos (indexados na Base de Dados
Scopus). Destes, 118 artigos foram publicados em periódicos com Qualis A1 e 390
publicados em periódicos com Qualis A2. Deste modo, a produção em periódicos
com Qualis A2, foi três vezes maior que a publicada em periódicos A1. Neste
cenário, considera-se relevante destacar que, no triênio analisado, os critérios de
classificação para definição do Qualis dos periódicos foi alterado em relação ao
triênio anterior, o que contribuiu para que periódicos que antes eram A1 passassem
a ser A2, como é o caso do “Journal of Animal Science”. Isto explica a grande
concentração em periódicos com Qualis A2, uma vez que houve uma expressiva
produção no periódico citado.
A Tabela 1 apresenta a produção científica por PPGZ no triênio analisado
(2010-2012), em que se observa que o programa de Zootecnia da Unesp de
Jaboticabal apresentou a maior produção no período, com um total de 97 artigos
publicados e cerca de 80% de sua produção veiculada em periódodicos com Qualis
A2.
Dentre os programas com conceito 6, o programa Zootecnia da UFRGS foi o
que menos produziu no triênio analisado, com um total de 29 artigos publicados,
sendo 86% dessa produção veiculada em periódicos com Qualis A2.
71
Dentre os 14 programas analisados, o programa Ciência Animal e Pastagem
da USP-ESALQ, único com conceito 7, produziu menos artigos do que programas
com conceito 5, como o de Genética e Melhor Animal/UNESP-Jab (72 artigos
publicados, 23,6% em periódicos com Qualis A1) e Zootecnia-USP (55 artigos,
36,6% publicados em periódicos com Qualis A1), além do programa da Unesp, com
conceito 6, mencionado anteriormente. No entanto, o programa socializou
aproximadamente 30% do seu conhecimento em periódicos com Qualis A1.
Os três progamas com menor produção científica no período (todos com
conceito 4) foram: Ciência Animal – FUFPI, com 13 artigos publicados; Zootecnia-
UFPEL com 15 artigos; e Zootecnia-UFMG e Zootecnia-UFSM, ambos com 17
artigos publicados no período. Destaca-se que os programas da FUFPI e da UFPEL
são aqueles com menos tempo de curso de doutorado, iniciados em 2006 e 2007,
respectivamente. Considerando que os cursos de doutorado contribuem
substancialmente para a produção científica dos programas, considera-se que o
tempo de atuação em nível de doutorado destes programas possa ter contribuído
para suas menores produções em relação aos demais analisados.
72
Tabela 1. Produção científica por PPGZ
Programas de Pós-Graduação em Zootecnia Conceito Triênio (2010-2012) Total Parcial Total
2010 2011 2012
A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2
01 Ciência Animal – FUFPI 4 0 0 0 6 1 6 1 12 13
02 Ciência Animal – UENF 4 2 0 6 4 4 7 12 11 23
03 Ciênc. Anim. e Past. – USP-ESALQ 7 10 7 1 19 5 12 16 38 54
04 Genética e Melhor. Animal-UNESP-Jab 5 3 17 5 13 9 25 17 55 72
05 Zootecnia – UFMG 4 3 4 1 1 2 6 6 11 17
06 Zootecnia – UFV 6 3 9 5 16 0 8 8 33 41
07 Zootecnia-UFLA 5 0 4 0 4 1 9 1 17 18
08 Zootecnia-UEM 5 2 5 1 7 0 6 3 18 21
09 Zootecnia-UFRGS 6 1 3 2 8 1 14 4 25 29
10 Zootecnia-UFSM 4 0 4 2 4 0 7 2 15 17
11 Zootecnia-UFPEL 4 0 1 0 8 0 6 0 15 15
12 Zootecnia-USP 5 8 15 6 1 6 19 20 35 55
13 Zootecnia-UNESP-BOT 6 5 3 1 11 2 14 8 28 36
14 Zootecnia–UNESP-Jab 6 2 17 9 20 9 40 20 77 97
Total 39 89 39 122 40 179 118 390 508
Fonte: Elaborado pelo autor.
73
Destaca-se, neste universo, a UNESP, com uma quantidade expressiva de
205 artigos totalizados a partir dos seus três programas, o equivalente a 40,4% de
toda a produção analisada.
Quanto à distribuição dos PPGZs por Qualis (Figura 2), a concentração foi no
conceito 4, com cinco programas com essa classificação. Apenas um programa
obteve o conceito 7 (Ciênc. Anim. e Past. – USP-ESALQ), e os outros oito
programas distribuídos igualmente em quantidade nos conceitos 5 e 6.
Figura 2. Distribuição dos PPGZ por Conceito CAPES
Fonte: Elaborado pelo autor.
A Figura 3 apresenta a média de publicação por docente. No triênio 2010-
2012, com números expressivos tanto em quantidade de docentes como de artigos
(325 docentes permanentes e 508 artigos produzidos), a média geral de artigos por
docente permanente foi de 1,6 artigos por docente.
0
1
2
3
4
5
6
Conceito 4 Conceito 5 Conceito 6 Conceito 7
Triênio (2010-2012)
74
Figura 3. Média de publicação por docente permanente
Fonte: Elaborado pelo autor.
Apenas 3 programas apresentaram uma média de publicação de artigos por
professor maior que 2, a saber: Zootecnia da Unesp de Jaboticabal (Conceito 6), 2,8
artigos por docente, Ciência Animal e Pastagem da USP-Esalq com média de 3,2
artigos por docente (Único programa com conceito 7); e Genética e Melhoramento
Animal da Unesp de Jaboticabal (Conceito 5) com expressiva média de 5,1 artigos
por docente. Com a maior média de publicação por docente (indicador
produtividade), este programa tem o menor número de docentes, 14 docentes
permanentes (Figura 4). Este fato sugere que a quantidade de docentes não
influencia no desempenho do indicador de produtividade, medido pela média de
artigos por docente por programa.
Ressalta-se que a subárea de Genética e Melhoramento Animal apresenta
um perfil de maior produtividade científica do que outras subáreas da Zootecnia,
devido à agilidade de suas pesquisas que em grande parte utilizam recursos
computacionais com simulação de dados e programas de avaliação de dados,
resultando assim em um menor tempo de duração na obtenção dos resultados de
suas análises quando comparadas com outras subáreas. Subáreas, como Produção
Animal e Nutrição Animal, que realizam suas pesquisas em experimentos de campo
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Ciência Animal – FUFPI
Zootecnia – UFMG
Zootecnia-UFLA
Zootecnia-UFPEL
Ciência Animal – UENF
Zootecnia-UFSM
Zootecnia-UEM
Zootecnia – UFV
Zootecnia-UFRGS
Zootecnia-UNESP-BOT
Zootecnia-USP
Zootecnia–UNESP-Jab
Ciênc. Anim. e Past. – USP-ESALQ
Genética e Melhor. Animal-UNESP-Jab
75
tendem a utilizar um maior período de tempo para obtenção dos resultados, em
virtude do extenso período de desenvolvimento de alguns animais, como o gado,
búfalo etc.
A figura 4 apresenta a quantidade de docentes permanentes de cada
programa no triênio analisado. O programa de Zootecnia da UNESP de Jaboticabal
possui uma grande quantidade de docentes permanentes (maior que 30) e também
o maior total de publicações no período analisado: 97 artigos (20 artigos em
periódicos com Quais A1 e 77 com Qualis A2), correspondente a 19,1% do total de
artigos analisados nessa pesquisa (508 artigos). Todavia, não obteve a maior média
de artigos por docente, como observa-se na Figura 3.
Figura 4. Total de docentes permanentes nos PPGZ
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quanto à disseminação e socialização da produção científica dos PPGZ em
periódicos com Quais A1 e A2 no triênio analisado, a Figura 5 apresenta a
distribuição dos 101 periódicos utilizados por país (Apêndice D). Aproximadamente
84% dos periódicos se concentram em três países: EUA com 38 periódicos (189
artigos), Reino Unido com 24 periódicos (91 artigos) e Holanda com 23 periódicos
(180 artigos). Ao se levar em consideração o continente, 57% dos periódicos é da
0 10 20 30 40
Genética e Melhor. Animal-UNESP-Jab
Ciênc. Anim. e Past. – USP-ESALQ
Zootecnia-UFPEL
Zootecnia-UFRGS
Zootecnia-UFSM
Zootecnia-UNESP-BOT
Zootecnia-UFLA
Zootecnia-UEM
Ciência Animal – FUFPI
Ciência Animal – UENF
Zootecnia – UFMG
Zootecnia – UFV
Zootecnia-USP
Zootecnia–UNESP-Jab
76
Europa e 37% da América do Norte (representada unicamente pelos EUA). Cabe
ressaltar que nestes dois continentes localizam-se as principais editoras científicas,
em especial a Elsevier7 localizada em Amsterdã (Holanda), proprietária da base de
dados Scopus utilizada nesse estudo, integrante do grupo Reed Elsevier, que possui
operações substanciais na Europa, EUA e no Brasil. A América Latina esteve
representada apenas por 2 periódicos (3 artigos) oriundos do Brasil. A Ásia,
unicamente representada pela Índia, com apenas 1 periódico (1 artigo) e a Oceania
representada pela Austrália com 3 periódicos (8 artigos).
Figura 5. Distribuição por país dos periódicos utilizados para publicação
Fonte: Elaborado pelo autor
A Tabela 2 apresenta os 20 periódicos mais utilizados pelos PPGZ para
socialização do conhecimento produzido durante o triênio estudado8. Dentre os 20
periódicos mais utilizados, a maior parte (7 periódicos, equivalente a 35%) é da
Holanda, seguido do Reino Unido e EUA com 5 periódicos de cada país, Alemanha
7 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elsevier
8 A lista completa pode ser conferida no Anexo 8.
Alemanha 7%
Austrália 3%
Áustria 1%
Brasil 2%
EUA 37%
França 1%
Holanda 23%
Índia 1%
Reino Unido 24%
Suíça 1%
77
com 2 periódicos e Austrália com apenas 1, o que sugere a alta internacionalização
da pesquisa científica brasileira na área em estudo.
Tabela 2. Os vinte periódicos mais utilizados pelos PPGZ para publicação.
Periódico País Índice H Índice de Impacto
Total de Artigos
Livestock Science Holanda 88 1,256 74
Journal Of Animal Science EUA 125 1,940 62
Theriogenology EUA 108 2,060 30
Journal Of Dairy Science EUA 152 2,736 26
Animal Reino Unido 51 1,862 22
Journal Of Animal Breeding And Genetics
Alemanha 21 2,058 17
Animal Feed Science And Technology
Holanda 92 2,261 17
Poultry Science EUA 105 1,844 16
Meat Science Holanda 126 2,586 16
Animal Reproduction Science Holanda 83 1,782 15
Veterinary Parasitology Holanda 102 2,772 15
Animal Genetics Reino Unido 70 2,252 11
Journal Of Dairy Research Reino Unido 65 1,561 11
Aquaculture Holanda 136 1,980 08
Molecular Biology Reports Holanda 51 2,153 08
Reproduction, Fertility And Development
Austrália 63 2,380 06
Microscopy Research And Technique
EUA 104 1,370 06
International Journal Of Biometeorology
Alemanha 70 2,500 05
BMC Genetics Reino Unido 58 2,551 05
Journal of Agricultural Science Reino Unido 57 2,132 05
Fonte: Elaborado pelo autor
O periódico mais utilizado pelos programas para a disseminação da produção
foi o Livestock Science, da Holanda, com Índice de impacto 1,256, detentor de ~15%
da produção (74 artigos). Logo em seguida, observamos também o periódico Journal
78
of Animal Science, dos EUA, Índice de impacto 1,940, com um total de 62 artigos no
triênio, correspondendo a 12,2% de toda a produção analisada (508 artigos). Estes
dois periódicos juntos foram responsáveis por disseminar um pouco mais de ¼ de
toda a produção de artigos completos dos PPGZ em periódicos com Qualis A1 e A2,
totalizando 136 artigos, 26,8% de toda a produção.
Portanto, evidencia-se que esses periódicos constituem os principais canais
de disseminação do conhecimento novo produzido no Brasil na área de Zootecnia.
Considera-se que esse resultado se dá pelo fato de esses periódicos abordarem as
mais variadas temáticas dentro da Zootecnia, diferentemente dos demais que
possuem um escopo mais específico para suas publicações.
Destaca-se ainda que pelo menos 7 periódicos estão entre os 20 periódicos
com maior Índice h, utilizados para socialização do conhecimento pelos PPGZ, todos
do primeiro Quartil na subárea “Animal Science and Zoology” (que compreende a
área de Zootecnia), na base Scimago Journal & Country Rank – SJR (Anexo 9). São
eles: Journal of Dairy Science (1ª posição no Ranking), Journal of Animal Science
(6ª posição), Theriogenology (7ª posição), Poultry Science (9ª posição), Animal Feed
Science and Technology (13ª posição), Livestock Science (15ª posição) e Animal
Reproduction Science (16ª posição). Juntos, estes periódicos foram responsáveis
pela disseminação de 47,2% (240 artigos) de toda a produção dos programas.
Considerando que o Índice h mensura o impacto acumulado do periódico, observa-
se que os PPGZ têm concentrado seus esforços em publicar em periódicos que
apresentam grande visibilidade e reconhecimento na área.
Em relação ao impacto mensurado pela média de citações dos dois últimos
anos (Índice de impacto), destacam-se os periódicos que ultrapassam o Fator de
Impacto (JCR) determinado pelo Documento de Área da CAPES do triênio 2010-
2012 (2,4 citações por documento), para periódicos obterem Qualis A1. São eles:
Journal Of Dairy Science (2,736) com 26 artigos publicados no triênio; Meat Science
(2,586), com 16 artigos; Veterinary Parasitology (2,772) com 15 artigos; e BMC
Genetics (2,551), e International Journal of Biometeorology (2,500) com cinco artigos
publicados cada no triênio analisado. Estes periódicos juntos disseminaram 13,2%
de toda a produção dos programas.
Apesar de a Austrália estar representada por apenas por três periódicos
utilizados para socialização do conhecimento dos PPGZ, um deles - Reproduction,
79
Fertility And Development - apresentou o quinto maior Índice de impacto (2,380
cit./doc.) entre os 20 periódicos mais utilizados, o que aponta para uma grande
visibilidade deste veículo na área, muito próximo do exigido no triênio 2010-2012
para periódicos com Qualis A1.
Tabela 3. Periódico mais utilizado por cada PPGZ para disseminação do conhecimento novo.
Programa Periódico
Índice de impacto
do Periódico
Total de Artigos
% *
1 Ciência Animal – FUFPI Microscopy Research And Technique
1,370 5 38,5
2 Ciência Animal – UENF Journal of Parasitology 1,364 9 17,4
3 Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ
Livestock Science 1,256 10 18,5
4 Genética e Melhoramento Animal – UNESP-Jab
Livestock Science 1,256 14 19,4
5 Zootecnia – UFMG Aquaculture 1,980 3 17,6
6 Zootecnia – UFV Livestock Science 1,256 9 22
7 Zootecnia - UFLA Theriogenology 2,060 5 27,8
8 Zootecnia - UEM Journal Of Dairy Science 2,736 3 14,3
9 Zootecnia - UFRGS Journal Of Animal Science 1,940 3 10,3
10 Zootecnia - UFSM Livestock Science 1,256 4 23,5
11 Zootecnia - UFPEL Livestock Science 1,256 5 33,3
12 Zootecnia - USP Journal Of Dairy Science/ Livestock Science
2,736/ 1,256
12 (6/6) 21,8
13 Zootecnia - UNESP-BOT
Journal Of Animal Science 1,940 10 27,8
14 Zootecnia – UNESP-Jab Journal Of Animal Science 1,940 18 18,6
Fonte: Elaborado pelo autor.
* Porcentagem em relação ao total produzido pelo PPGZ no triênio
Na tabela 3, observam-se os periódicos mais utilizados por cada programa
para disseminação do conhecimento gerado. O periódico Livestock Science, com
Índice de impacto 1,256 e Índice H 88, apesar de não liderar nos indicadores Índice
80
de impacto e Índice H, dentre os 20 periódicos mais utilizados, foi aquele em que a
maior parte (43%) dos programas mais publicou seus artigos, seguido do Journal of
Animal Science utilizado por três PPGZ (21,4% dos programas).
Os programas Ciência Animal da FUFPI e Zootecnia da UFPEL (ambos com
conceito 4 e com os cursos de doutorados mais jovens) foram os que mais
veicularam suas produções em um único periódico, sendo 38,5% da produção do
programa Ciência Animal da FUFPI no periódico Microscopy Research and
Technique, e 1/3 da produção do programa Zootecnia da UFPEL no periódico
Livestock Science. Por outro lado, o programa de Zootecnia da UFRGS e o
programa de Zootecnia da UEM foram aqueles que apresentaram menor percentual
de produção concentrada no periódico mais utilizado para disseminar suas
produções de artigos.
Metade dos programas (sete) publicaram mais de 20% de suas respectivas
produções em um único periódico e a outra metade dos programas (sete)
disseminaram entre 10 e 20% das suas respectivas produções, em seu principal
periódico de veiculação.
Por fim, observa-se que 9 dos 20 programas concentraram sua produção
científica em dois periódicos. Por outro lado, 5 periódicos distintos foram os mais
utilizados pelos demais PPGZ.
5.2 Impacto da Produção Científica dos PPGZ Veiculadas em
Periódicos com Qualis A1 e A2
Considerando que o impacto da produção científica é mensurado pelos
indicadores de citação, esta seção traz a análise dos resultados obtidos pelos
PPGZs nos indicadores: total de citação, média de citação e Índice h.
81
5.2.1 Total de citações recebidas pelos PPGZ
A Figura 6 apresenta o impacto da produção científica dos Programas de Pós-
Graduação brasileiros na área de Zootecnia, mensurado pela quantidade de
citações recebidas pelos artigos publicados no triênio 2010 - 2012.
Figura 6. Total de citações recebidas pela produção científica dos PPGZ
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os programas que apresentaram os maiores totais de citação e, por
consequência, maior impacto acumulado em relação ao conjunto de suas produções
científicas foram: Zootecnia da UNESP/Campus de Jaboticabal (conceito 6), com
1055 citações recebidas pelo conjunto de 97 artigos, publicados em periódicos
classificados com Qualis A1 ou A2 no triênio, e Zootecnia da USP (conceito 5), com
total de 1053 citações recebidas pelos 55 artigos analisados. Destaca-se que estes
dois programas foram também aqueles com maiores totais de artigos publicados no
período analisado. Salienta-se também que os conjuntos de artigos publicados por
0 200 400 600 800 1000 1200
Ciência Animal – FUFPI
Zootecnia - UFPEL
Ciência Animal – UENF
Zootecnia - UFLA
Zootecnia - UEM
Zootecnia - UFSM
Zootecnia – UFMG
Zootecnia - UFRGS
Zootecnia - UNESP-BOT
Zootecnia – UFV
Genética e Melhoramento Animal – UNESP-Jab
Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ
Zootecnia - USP
Zootecnia – UNESP-Jab
82
estes programas nos estratos Qualis analisados receberam quase 10 vezes mais
citações que o Programa de Zootecnia da FUFPI (conceito 4), que apresentou o
menor impacto mensurado por esse indicador no triênio.
Além dos programas Zootecnia da UNESP/Campus de Jaboticabal e
Zootecnia da USP mencionados anteriormente, outros três programas obtiveram
mais de 500 citações no período; a saber: Ciência Animal e Pastagens – USP-
ESALQ (conceito 7), com 766 citações; Genética e Melhoramento Animal – UNESP-
Jab (conceito 5), com 661 citações; e Zootecnia-UFV (conceito 6), com 526 citações.
Nenhum programa com conceito 4 esteve entre os que receberam mais de 500
citações, e estes também são os programas que menos produziram artigos no
período.
O Quadro 7 apresenta as propriedades dos artigos mais citados de cada
programa, quanto ao periódico e ano em que foi publicado, índice de impacto do
periódico, total de citações recebidas e se houve coautoria com autores de outros
países.
Quadro 7. Artigos mais citados de cada programa
Descrição Item9 Periódico Índice
de imp. Ano
10 Total de
citações Países
11
Ciência Animal e Pastagens – USP-
ESALQ 062 Genome Research 15,182 2010 126
EUA e Itália
Zootecnia - UFRGS 270 Nutrient Cycling in Agroecosystems
1,929 2010 70 EUA
Zootecnia - USP 333 Journal of Dairy
Science 2,736 2012 56 -
Zootecnia – UNESP/Jab
498 Meat Science 2,586 2012 56 Canadá e Austrália
Zootecnia - UFSM 296 Aquaculture 1,980 2010 48 -
Zootecnia – UNESP/BOT
410 Theriogenology 2,060 2011 43 EUA,
Irlanda e Turquia
Zootecnia - UFLA 235 Theriogenology 2,060 2010 37 -
Zootecnia – UFV 187 Animal Feed Science and Technology
2,261 2010 37 EUA
9 Ver listagem completa dos artigos utilizados na pesquisa – Apêndice A.
10 Ano em que foi relacionado no caderno de indicadores “Produção Bibliográfica” da CAPES
11 Origem dos países de coautores.
83
Descrição Item9 Periódico Índice
de imp. Ano
10 Total de
citações Países
11
Zootecnia - UEM 240 Journal of Dairy
Science 2,736 2010 34 Canadá
Zootecnia – UFMG 164 International Journal for
Parasitology 3,646 2012 33 -
Ciência Animal – UENF 032 Veterinary Journal 2,351 2012 32 Japão
Genética e Melhoramento Animal –
UNESP/Jab 130
Journal of Animal Science
1,940 2011 28 -
Zootecnia - UFPEL 307 e 314
Journal of Animal Science
1,940 2012 e 2011
28 cada EUA / -
Ciência Animal – FUFPI 004 Theriogenology 2,060 2011 23 -
Fonte: Elaborado pelo autor.
O artigo mais citado dentre os PPGZ, com 126 citações recebidas, foi
publicado em um periódico com expressivo Índice de Impacto, bem acima do FI
estipulado pelos cadernos de área da CAPES para Zootecnia para estratificação
Qualis A1 (2,400 para o triênio 2010-2012). Porém, o periódico não esteve entre os
20 mais utilizados pelos programas para publicação, conforme Tabela 2, vista
anteriormente.
Considera-se importante destacar que o artigo mais citado dentre toda
produção analisada foi de um programa com conceito 7, a saber: Programa Ciência
Animal e Pastagens – USP-ESALQ. Publicado em 2010, no periódico Genome
Research (EUA), que possui Índice de impacto=15,182, o artigo contém coautoria
com os países EUA com Índice h=236, o maior na área Animal Science and Zoology
(Zootecnia); e Itália, com Índice h=101, 13º no ranking deste indicador na área.
O segundo artigo mais citado foi do Programa Zootecnia – UFRGS, com
conceito 6 (também de excelência internacional) e socializado no periódico Nutrient
Cycling in Agroecosystems (Holanda), que possui Índice de impacto menor do que o
FI estipulado para periódicos com Qualis A1 (2,400) para a área de Zootecnia e
Recursos Pesqueiros pela CAPES. Foi publicado em coautoria com pesquisadores
oriundos dos EUA.
O artigo mais citado (item 130 do Apêndice A) do programa Genética e
Melhoramento Animal da UNESP-Jaboticabal (conceito 5) foi escrito em coautoria
84
com o programa Zootecnia-UFPEL (conceito 4), também relacionado como o mais
citado deste programa (item 314 do mesmo apêndice). O artigo escrito em
colaboração entre as instituições recebeu 28 citações. Isso demonstra a
preocupação de programas com conceitos menores em trabalhar em parceria com
programas com alto nível de desempenho, visando melhorar o impacto de sua
produção científica.
Dos 15 artigos mais citados (um de cada programa, com exceção do
programa de Zootecnia da UFPEL que obteve a mesma quantidade de citações em
dois artigos, conforme Quadro 7), 10 (67%) foram disseminados em periódicos com
Índice de impacto maior que 2,00. Evidencia-se, portanto, que os artigos mais
citados foram publicados em periódicos com grande visibilidade internacional,
mensurada pelo Índice de impacto. Destaca-se também que um pouco mais da
metade dos artigos mais citados (53%) tiveram colaboração internacional por meio
de coautoria.
Dados da base de dados Scimago Journal & Country Rank em 2017 mostram
que o Brasil é o segundo maior produtor científico mundial na área Animal Science
and Zoology (Zootecnia). Mas, observa-se que o destaque vem ocorrendo não
somente pela quantidade de artigos produzidos, mas também em função da
consolidação do reconhecimento e impacto da pesquisa brasileira nessa área, pois
dos 15 artigos mais citados apresentados no Quadro 7, 47% deles não tiveram a
presença de coautoria internacional, i.e., foram produzidos somente por brasileiros.
Por outro lado, os países coautores dos demais artigos possuem altos valores
de Índice h na área de estudo, como EUA, com Índice h=236 e primeira colocação
nesse indicador no Country Ranking da Scimago Jr; Canadá, com Índice h=151, 3º
colocado nesse mesmo ranking; Austrália, Índice h=134, 5º colocado; Itália com
Índice h=101, 13º colocado; Japão com Índice h=98, 14º colocado; e Irlanda com
Índice h=86, 17º colocado. Neste ranking, o Brasil com Índice h=83, ocupa o 20º
lugar, estando, portanto, entre os 20 países com maior Índice h na área de
Zootecnia. Isto evidencia o esforço científico brasileiro nesta área, representado
principalmente pelo conhecimento novo produzido e socializado pelos programas de
pós-graduação.
85
5.2.1 Média de Citação e Índice h dos PPGZ
A Tabela 5 apresenta a média de citação e o índice h dos programas de pós-
graduação analisados, gerados a partir do total de artigos publicados no triênio
2010-2012.
Ao identificar que o periódico Genome Research foi aquele utilizado pelos
programas com o maior Índice de impacto na área, observa-se que quase 1/3 dos
programas tiveram média de citação entre 14 e 19,1, médias próximas ou acima do
Índice de impacto deste periódico, o que sugere que o conhecimento gerado nesta
produção científica possui um alto prestígio na comunidade científica internacional,
fato este já observado por Rosas (2013). Destaca-se o Programa de Zootecnia-USP
(Conceito 5) com a maior média de citação dentre os demais programas analisados.
Tabela 4. Média de citação e Índice h dos PPGZ
Programa de Pós-graduação Conceito
2013 Média de Citação
Índice h
Ciência Animal – UENF 4 8,9 7
Zootecnia – UFSM 4 14,6 10
Zootecnia – UFMG 4 15,1 10
Ciência Animal – FUFPI 4 8,4 6
Zootecnia – UFPEL 4 8,9 6
Zootecnia – USP 5 19,1 20
Genética e Melhoramento Animal–UNESP-JAB
5 9,2 14
Zootecnia – UEM 5 11,2 9
Zootecnia – UFLA 5 11,8 8
Zootecnia – UNESP-BOT 6 11,6 13
Zootecnia – UNESP-Jab 6 10,9 17
Zootecnia – UFV 6 12,8 14
Zootecnia - UFRGS 6 12,6 10
Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ 7 14,2 14
Fonte: Elaborado pelo autor.
86
O Programa Zootecnia – UFMG, apesar de possuir o conceito 4 esteve entre
os programas com a maior média de citação no triênio, com o valor deste indicador
semelhante ao índice de impacto do periódico Genome Research. Cabe ressaltar
que o Programa Zootecnia – UFSM, também com conceito 4, obteve uma média de
citação bem próxima do mesmo índice do periódico mencionado.
Quanto ao Índice h, indicador que evidencia a relação entre o número de
publicações e citações acumuladas ao longo do período, destaca-se novamente o
Programa de Zootecnia-USP (Conceito 5), com 20 artigos publicados entre 2010 e
2012 que receberam pelo menos 20 citações cada. Portanto, apresentou um maior
impacto cumulativo dentro da comunidade científica internacional, seguido
proximamente pelo Programa Zootecnia da UNESP/campus de Jaboticabal
(Conceito 6) com Índice h=17. Deste modo, a USP e a UNESP foram as instituições
cujos programas de Pós-graduação em Zootecnia apresentaram o maior impacto
cumulativo na comunidade científica internacional.
Ressalta-se que os programas acima citados que obtiveram destaque no
Índice h também estiveram entre os programas que mais publicaram artigos
completos em periódicos com Qualis A1 e A2 no período analisado, evidenciando
uma relativa dependência do tamanho da produção científica, conforme obervado
por Glänzel (2006), Oliveira e Grácio (2011) e Rosas (2013).
O programa Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ, apesar de ser o
único com conceito 7, não se destacou nas primeiras posições nos indicadores
média de citação e Índice h.
Na Tabela 5, apresentam-se as estatísticas descritivas das variáveis desta
pesquisa para a visualização comparativa do impacto da produção científica dos
programas, calculadas por grupo, segundo o conceito CAPES.
Considerando o indicador média de citações, observa-se que nos PPGZ com
conceito 4, o valor varia de 8,4 (mínimo) a 15,1 (máximo) citações em média
recebidas pelos artigos. Nos programas com conceito 5, a média de citações varia
entre 9,2 e 19,1. Observa-se, portanto, quando considera-se os valores mínimo e
máximo que há programas com conceito 4 que possuem desempenho semelhante
ao de programas com conceito 5 e vice-versa. O mesmo pode ser observado
quando se comparam os desempenhos entre programas com conceito 4 e os
87
programas com conceito 6 e 7 e entre os programas com conceito 5 e os programas
6 e 7.
O indicador Índice h apresenta tendência de comportamento semelhante à
observada para o indicador média de citações, a saber: programas com conceito 4
possuem Índice h entre 6 (mínimo) e 10 (máximo); programas com conceito 5,
possuem Índice h entre 8 e 20; e programas considerados com nível de excelência
internacional pela Capes (conceitos 6 e 7) possuem Índice h entre 10 e 17. Sendo
assim, percebe-se que há programas com conceito 4 que possuem desempenho
semelhante ao de programas com conceito 6 e 7 e vice-versa. Da mesma forma,
programas com conceito 5 apresentam, para este indicador, desempenho
semelhante ou superior ao de programas com conceito de nível de excelência
internacional (6 e 7).
Tabela 5. Estatítiscas descritivas dos indicadores de impacto analisados, por conceito atribuído pela Capes
Conceito 4 (5 programas) Mínimo Máximo Média
Desvio padrão
Coef. de variação
Total de artigos 13 23 17,0 3,74 0,22
Total de Citações 109 256 190,0 66,57 11,17
Média de Citações 8,4 15,1 11,2 3,36 0,30
Índice H 6 10 7,8 2,05 0,26
Conceito 5 (4 programas) Mínimo Máximo Média
Desvio padrão
Coef. de variação
Total de artigos 18 72 41,50 26,363 0,63
Total de Citações 212 1053 540,25 399,341 0,74
Média de Citações 9,2 19,1 12,824 4,3588 0,34
Índice H 8 20 12,75 5,500 0,43
Conceito 6 e 7 (5 programas) Mínimo Máximo Média
Desvio
padrão
Coef. De
variação
Total de artigos 29 97 50,75 31,224 0,61
Total de Citações 365 1055 590,50 316,871 0,54
Média de Citações 10,9 12,8 11,962 0,9103 0,08
Índice H 10 17 13,50 2,887 0,21
Fonte: Elaborado pelo autor
88
A Tabela 6 apresenta os valores da estatística F obtida pelo teste ANOVA,
para cada indicador de impacto analisado, a partir da comparação do desempenho
dos programas agrupados por conceito Capes (conceitos 4 a 7).
Tabela 6. Teste ANOVA1 para os indicadores de impacto analisado, comparando os grupos de PPGZs por conceito
Indicadores de
Impacto
ANOVA
Estatística F Valor de p
Total de artigos 3,372 0,072
Total de Citações 3,509 0,066
Média de Citações 0,356 0,708.
Índice H 3,982 0,050
Fonte: Elaborado pelo autor
Nota: 1
nível de significância adotado = 0,05.
Os resultados da aplicação do teste ANOVA aos indicadores analisados
indicadam que não há diferença estatisticamente significativa entre os indicadores
analisados relativos aos programas, conforme conceito que Capes atribuiu na
avaliação de 2013, referente ao triênio 2010-2012.
Os diagramas de caixa das Figuras 7 e 8 apresentam a visualização desses
resultados, permitindo observar a variabilidade e os valores outliers (valores
atípicos) dentro de cada grupo. Observam-se, nestas figuras, a sobreposição da
tendência de desempenho dos programas entre os distintos conceitos em relação às
médias de citações e do índice h.
Espeficicamente quanto ao indicador média de citações dos PPGZ, observa-
se, na Figura 7, a sobreposição entre todos os conceitos 4, 5, 6 e 7. Sendo assim,
há programas com conceito 4 (o menor dentre os estratos utilizados nessa pesquisa)
que se equivalem nesse indicador a programas com conceitos superiores.
A maior dispersão em relação à media de citações é observada entre os
programas com conceito 5, o qual apresenta linhas verticais mais longas que nos
demais conceitos.
89
Figura 7. Diagrama de Caixa: Média de Citações X Conceito dos PPGZ
Fonte: Elaborado pelo autor
Na Figura 8, ao analisar o Índice h, em relação ao conceito dos programas,
observa-se que há dois outliers entre os PPGZ com conceito 6 e 7, são eles: acima
da caixa, o programa Zootecnia da Unesp de Jaboticabal, que obteve o Índice h=17,
bem acima da média obtida desse indicador para os programas de excelência
internacional, conforme observado na Tabela 6; e abaixo da caixa, com média de
Índice h inferior, o programa de Zootecnia da UFRGS, que apesar de possuir
conceito 6, seu Índice h foi equivalente ao de outros programas com conceito 4 e 5.
Destaca-se nesse indicador, que os programas com conceito 5 obtiveram
desempenho semelhante aos de programas com conceito 6 e 7 e vice-versa, como
observado na Figura 8. Da forma análoga, programas com conceito 4 obtiveram
desempenho semelhante ao de programas com conceito 5 e vice-versa.
90
Figura 8. Diagrama de Caixa: Índice h X Conceito dos PPGZ
Fonte: Elaborado pelo autor
Evidencia-se, portanto, por meios dos resultados obtidos nas Tabelas de 5 e 6
e na visualização das sobreposições do desempenho mensurado pelos indicadores
“média de citação” e “Índice h” nas Figuras 7 e 8, respectivamente, a ausência de
diferença significativa de desempenho dos estratos de conceito 4, 5 e 6-7, em
relação aos indicadores analisados, o que indica a relevância dos indicadores
propostos.
A seguir, as figuras 9, 10 e 11 apresentam os dendogramas gerados a partir
da análise de cluster, utilizando-se como variáveis os indicadores média de citação e
Índice h. Com esta análise, objetiva-se verificar se os agrupamentos dos PPGZ
formados pelos conceitos recebidos pela avaliação CAPES se mantêm ao serem
agrupados em função dos indicadores supracitados.
A figura 9 apresenta o dendograma resultante do agrupamento dos
programas em função das similaridades relativas ao indicador de impacto “média de
citação”.
91
Figura 9. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de avaliação de proximidades entre os programas: média de citações
Fonte: Elaborado pelo autor
O agrupamento resultante da análise de cluster dos programas em função do
indicador “média de citações” é composto por quatro grupos de PPGZs mais
homogêneos dentro de si e heterogêneos entre si quanto a este indicador.
O primeiro grupo (G1) é formado por quatro PPGZ, sendo três com conceito 4
e um com conceito 5. Este último PPGZ, denominado Genética e Melhoramento
animal da Unesp de Jaboticabal, foi o programa com conceito 5, que obteve a menor
média de citações no período analisado, 9,2 citações por artigo. O segundo grupo
(G2), foi formado somente por PPGZ com conceitos 5 e 6, sendo a maioria de
programas com conceito 6. O terceiro grupo (G3) foi composto por programas de
pontas opostas segundo o conceito de avaliação da CAPES (4 e 7), mas
92
semelhantemente agrupados pela média de citação. E, finalmente, o grupo G4,
composto unicamente pelo programa Zootecnia da USP, conceito 5, que obteve a
melhor média de citações por artigo dentre os 14 PPGZ analisados, se destacando
frente aos demais neste indicador.
Dessa forma, observa-se uma discrepância entre o agrupamento “por média
de citação” e os grupos de PPGZ, segundo os conceitos atribuídos pela CAPES, ou
seja, há programas com um mesmo conceito em agrupamentos distintos gerados em
função das similaridades relativas ao indicador meio da média de citações, o que
reforça a importância da utilização deste indicador de impacto na avaliação dos
programas.
A Figura 10 apresenta o agrupamento dos programas decorrente da análise
de cluster, em função das similaridades relativas ao indicador de impacto “Índice h”.
A análise de cluster evidenciou a formação de três grupos com similaridades
entre seus componentes e heterogêneos entre si. O primeiro grupo (G1) é formado
por quatro PPGZ, sendo um com conceito 5, outros dois com conceito 6 e um com
conceito 7. O segundo grupo (G2) é formado pelos PPGZ que apresentaram os
maiores valores nesse indicador dentre os demais programas, sendo um programa
com conceito 5 e outro com conceito 6. O maior grupo formado nesta análise de
cluster (G3) é formado por programas com conceitos 4, 5 e 6 que obtiveram
desempenho de impacto científico semelhante ao considerar o indicador que
evidencia o esforço científico, sendo cinco programas com conceito 4, dois
programas com conceito 5 e apenas um com conceito 6.
Da mesma forma que na análise relativa às similaridades em função do
indicador de Média de Citação, há disparidade entre os agrupamentos dos PPGZ
“por Índice h” e por “por conceito”. Assim, houve programas com conceitos iguais
que ficaram em grupos distintos quando avaliada a proximidade por meio do Índice
h, o que reforça a importância da utilização também deste indicador de impacto na
avaliação dos programas.
93
Figura 10. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de avaliação de proximidades entre os programas: Índice h
Fonte: Elaborado pelo autor
A análise de cluster dos programas agora em função de dois indicadores
juntos (Figura 11): “média de citações” e “Índice h”, evidenciou quatro
agrupamentos, sendo dois heterogêneos quanto aos conceitos CAPES, um
homogêneo em relação aos conceitos e um somente com um PPGZ.
O primeiro grupo (G1) apresenta, por um lado, similaridade quanto aos
indicadores de impacto (média de citação e índice h) e, dissimilaridade quanto ao
conceito CAPES, uma vez que dois programas obtiveram conceito 4 no triênio
analisado, outros dois programas obtiveram conceito 5 e um programa teve conceito
6.
O grupo dois (G2) além da semelhança em relação aos indicadores,
identificada pela análise de cluster, é homogêneo também quanto ao conceito obtido
94
no triênio, a saber, todos eles tiveram conceito 4. Apresentaram concomitantemente
os menores valores de média de citações e Índice h, dentro do grupo de 14 PPGZ
analisados.
O terceiro grupo (G3) é composto por quatro programas denominados de
excelência internacional pela CAPES, com conceitos 6 e 7, e um programa com
conceito 5.
O último agrupamento (G4) é formado por um programa isolado, que deteve
no período os maiores valores de média de citações e Índice h no triênio 2010-2012,
a saber: Programa de Pós-graduação de Zootecnia da USP, com conceito 5.
Figura 11. Dendograma com os clusters gerados em função do indicador de avaliação de proximidades entre os programas: Média de Citações e Índice h
Fonte: Elaborado pelo autor
95
Semelhantemente às figuras 9 e 10, observou-se um desacordo entre os
agrupamentos dos PPGZ em função das suas similaridades relativas aos dois
indicadores de impacto - Índice h e média de citação - e os agrupamentos de PPGZ
segundo conceito CAPES, obtido no triênio analisado. Apesar de o grupo G2 (Figura
11) ter sido composto unicamente por programas com conceito 4, observou-se a
presença de programas com este conceito no G1, ou seja, houve programas com
igual conceito CAPES, todavia em grupos distintos no resultado da análise por
proximidade dos dois indicadores: média de citações e Índice h. Além disso,
observaram-se programas com conceitos CAPES mais baixos, cujas produções
científicas alcançaram impacto equivalente ao de programas com conceitos
superiores e vice-versa.
Desse modo, considera-se que agregar informações relativas ao impacto da
produção científica dos programas de pós-graduação pode contribuir para a
melhoria da avaliação do desempenho científico dos programas, quesito este com o
maior peso na atribuição dos conceitos pela Capes.
5.3 Síntese do Desempenho Científico dos PPGZ
A Tabela 7 apresenta uma síntese do desempenho científico, em termos de
alguns indicadores da produção científica Qualis A1 e A2 dos 14 programas
analisados, no triênio 2010-2012, apresentados nas seções anteriores, na qual se
observam programas com desempenho distinto nos diferentes indicadores.
O programa Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ, conceito 7
(programas com desempenho equivalente ao dos centros internacionais de
excelência), não liderou em nenhum dos indicadores da Tabela 7. No entanto,
obteve a segunda maior média de artigo por docentes, atrás somente do Programa
de Genética e Melhoramento Animal da UNESP/ Campus de Jaboticabal, com
desempenho destacado neste indicador e o menor número de docentes no triênio
estudado, como mencionado anteriormente.
96
Tabela 7. Indicadores dos 14 programas de pós-graduação (2010-2012)
Descrição do Programa
Conceito CAPES
Ano de Início
Docentes permanentes
Total de artigos
Média de artigos por
docente
Periódico mais utilizado Total de citações
Média de
Citação
Índice h
Ciência Animal e Pastagens – USP-ESALQ
7 M=1966 D=1997
17 54 3,2 Livestock Science (10) 766 14,2 14
Zootecnia - UFRGS 6 M=1965 D=1987
19 29 1,5 Journal of Animal Science (3) 365 12,6 10
Zootecnia – UFV 6 M=1962 D=1972
29 41 1,4 Livestock Science (9) 526 12,8 14
Zootecnia - UNESP-BOT
6 M=1990 D=1990
22 36 1,6 Journal of Animal Science (10) 416 11,6 13
Zootecnia – UNESP-Jab
6 M=1976 D=1984
35 97 2,8 Journal of Animal Science (18) 1055 10,9 17
Genética e Melhoramento Animal – UNESP-Jab
5 M=1985 D=2005
14 72 5,1 Livestock Science (14) 661 9,2 14
Zootecnia - UEM 5 M=1993 D=1999
23 21 0,9 Journal of Dairy Research (3) 235 11,2 9
Zootecnia - UFLA 5 M=1976 D=1995
23 18 0,8 Theriogenology (5) 212 11,8 8
Zootecnia - USP 5 M=1994 D=2001
29 55 1,9 Journal of Dairy Science (6) e Livestock Science (6)
1053 19,1 20
Ciência Animal – FUFPI
4 M=2009 D=2006
26 13 0,5 Microscopy Research and Technique (5)
109 8,4 6
Ciência Animal – UENF
4 M=1994 D=1994
26 23 0,9 Journal of Parasitology (4) 204 8,9 7
Zootecnia – UFMG 4 M=1969 D=2007
26 17 0,7 Aquaculture (3) 256 15,1 10
Zootecnia - UFPEL 4 M=1977 D=1999
17 15 0,9 Livestock Science (5) 133 8,9 6
Zootecnia - UFSM 4 M=1974 D=2004
19 17 0,9 Livestock Science (4) 248 14,6 10
Fonte: elaborado pelo autor. Legenda: M=Mestrado, D=Doutorado
97
O programa Zootecnia – UNESP-Jab, com conceito 6, se destacou em três
indicadores: maior número de docentes permanentes; maior produção de artigos em
periódicos com Qualis A1 e A2; e maior total de citações recebidas no período
analisado. O programa Zootecnia-USP, conceito 5 (conceito dado a programas com
alto nível de desempenho), apresentou desempenho destacado nos indicadores
média de citação e Índice H, superior inclusive ao dos programas de excelência
internacional (conceitos 6 e 7).
Não se observou a liderança dos programas com conceito 4 em nenhum dos
indicadores, fato este esperável, considerando ser o primeiro (menor) nível de
consolidação científica na escala de 4 a 7 (conceitos selecionados para essa
pesquisa).
As diversas apresentações de resultados evidenciam a importância na
utilização dos dois indicadores de impacto – média de citação e Índice h – ao
analisar o impacto da produção científica dos programas de pós-graduação, como
também observado por Rosas (2013). Cada um destes indicadores descreve uma
propriedade ou característica do impacto científico de um indivíduo (seja ele, em
nível de agregação micro, meso - caso desta pesquisa, ou macro), contribuindo para
uma descrição e visualização mais ampla do perfil científico multifacetado da pós-
graduação, alinhando-se ao que Hirsh (2005) e outros pesquisadores vêm
constatando em relação à ciência produzida nos diferentes níveis de agregação.
Além disso, o impacto mensurado pela média de citação dos programas está
bem acima do Fator de Impacto JCR utilizado para classificar na área de Zootecnia
um periódico com Qualis A1, sendo maior ou igual a 2,400 no triênio 2010-2012.
Destaca-se, neste cenário, que para o programa que obteve a menor média de
citações, seu valor é de 4 a 5 vezes maior que o Fator de Impacto. Isto pode indicar
que os artigos publicados pelos programas, tiveram em média um impacto bem
acima do esperado para os periódicos de Qualis A1 na área.
98
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os objetivos propostos nessa pesquisa, se faz as
considerações necessárias frente aos resultados obtidos:
Quanto à produtividade:
Em relação à produtividade dos programas em artigos completos
socializados em periódicos com Qualis A1 e A2, os resultados evidenciaram o
destaque do programa Zootecnia da Unesp de Jaboticabal, que possui um dos
programas com o curso de doutorado mais antigo entre os 14 analisados, sendo
responsável por expressivos 19,1 % de toda a produção analisada. Foi também o
programa que apresentou a maior quantidade de docentes permanentes no triênio.
Considerando as instituições, os programas da UNESP foram responsáveis
por aproximadamente 40% de toda a produção veiculada no triênio, uma produção
bem expressiva frente às outras instituições.
Quanto à visibilidade:
A expressiva maioria (84%) da produção científica dos programas foi
veiculada em periódicos dos países EUA, Reino Unido e Holanda, O que sugere a
alta internacionalização da pesquisa científica brasileira na área em estudo. No
entanto, cabe ressaltar que nesses países localizam-se as principais editoras
científicas do mundo.
O periódico Livestock Science foi o mais utilizado para a socialização do
conhecimento. Junto com o periódico Journal of Animal Science, esses dois
periódicos foram responsáveis em dar visibilidade a um pouco mais de ¼ de toda
produção científica dos PPGZ.
Sete periódicos entre os 20 utilizados para socialização do conhecimento
pelos PPGZ estão entre os 20 periódicos com maior Índice H na área. Juntos, esses
periódicos foram responsáveis pela disseminação de 47,2% de toda a produção dos
programas. Considerando que o Índice h mensura o esforço científico do periódico,
99
conclui-se que os PPGZ têm concentrado suas publicações em periódicos de grande
lastro de visibilidade na área.
Quanto ao impacto:
Além de ser o programa que mais produziu no triênio, o programa Zootecnia
da Unesp de Jaboticabal foi também o que obteve a maior quantidade de citações
em sua produção. No entanto o artigo mais citado (126 citações) foi do Programa
Ciência Animal e Pastagens da USP-ESALQ, que possui conceito 7.
Evidenciou-se que os artigos mais citados foram publicados em periódicos
com grande visibilidade internacional, mensurada pelo índice de impacto
(equivalente ao FI).
O impacto mensurado pela média de citação dos programas está bem acima
do Fator de Impacto JCR utilizado para classificar na área de Zootecnia um
periódico com Qualis A1, sendo maior ou igual a 2,400 no triênio 2010-2012. O
programa de Zootecnia da USP se destacou com a maior média de citação no
período analisado, mostrando grande impacto de sua produção.
Observou-se que quase 1/3 dos programas tiveram média de citação entre
14 e 19,1, médias próximas ou acima do Índice de impacto do periódico Genome
Research (periódico de mais impacto utilizado pelos programas para socializar o
conhecimento).
Quanto ao indicador Índice h, as universidades USP e UNESP foram as
instituições cujos programas de pós-graduação em Zootecnia apresentaram o maior
impacto cumulativo na comunidade científica internacional, o que evidencia o
esforço ciêntífico dessas insituições no âmbito intercional, uma vez que a produção
analisada foram em artigos publicados em periódicos com inserção internacional (A1
e A2).
Sendo assim, os resultados apresentados evidenciam o alto prestígio
internacional dos programas de pós-graduação brasileiros na área de Zootecnia na
comunidade científica internacional.
100
Quanto à proposta do uso dos indicadores “média de citação” e “Índice h” no
processo avaliativo da produção intelectual dos PPG:
Na avaliação dos programas, ao longo dos anos, a CAPES tem priorizado os
indicadores quantitativos relativos à produtividade dos programas, prescindindo do
uso dos indicadores que possam caracterizar o impacto e uso científico da ciência
gerada nestes programas.
Nesse contexto, destaca-se o fato de, no processo de avaliação dos
Programas de Pós-Graduação brasileiros, no triênio 2010-2012, mais de 1/3, ou
seja, 35% do peso para avaliação se concentra na produção científica intelectual dos
programas (quarto requisito – dentre os cinco - apresentado nos Documentos de
Área da Capes, 2013). Neste item, estão incluídos os artigos científicos produzidos
pelos programas em periódicos com Qualis que variam de A1 à C. Enfatiza-se, neste
cenário, a importância e peso que esse requisito possui no processo avaliativo dos
programas.
No entanto, ao observar os requisitos para estratificação dos periódicos
apresentados no Documento de área (CAPES) – Zootecnia e Recursos Pesqueiros
– 2010-2012 (Quadro 5), verifica-se que a estratificação adotada está diretamente
ligada à visibilidade dos periódicos, organizada em três grupos:
1) Grupo 1 - Periódicos com Qualis entre A1 e B2: estratificação definida
pelo Fator de Impacto do periódico (que é a média de citações que o periódico
recebeu nos dois últimos anos - JCR).
2) Grupo 2 – Periódicos com Qualis entre B3 e B5: quantidade de bases
onde o periódico está indexado.
3) Grupo 3 – Periódicos impróprios com Qualis C: não tem aderência à
área ou não atenderem os critérios explicitados para os demais estratos.
Portanto, têm-se levado em consideração a quantidade produzida pelo
programa e onde está veiculada essa produção (visibilidade).
Considerando a importância de se identificar o impacto da pesquisa dentro da
comunidade acadêmica em um processo avaliativo e uso do conhecimento novo
produzido pelos programas, se fazem necessárias algumas considerações.
101
Ao avaliar a produção científica e intelecutal dos programas com base na
quantidade de artigos produzidos em periódicos com Qualis entre A1 e C não se tem
o real impacto desta produção na comunidade, uma vez que o Fator de Impacto
desses periódicos é uma expectativa de impacto. O real impacto e reconhecimento
da relevância do conhecimento produzido deve ser mensurado de forma mais
precisa, por meio das citações recebidas pelos artigos após socializados.
Escolher um periódico com FI igual a 2 para a publicação de um artigo é ter a
expectativa que o artigo veiculado neste periódico obtenha em torno de duas
citações ao longo de dois anos, o que pode ocorrer na realidade de forma distinta: o
artigo obter muito, ou menos, mais citações que a expectativa do valor do FI
apresenta no ato da submissão do artigo para aquele periódico. Dito de outra forma,
publicar um artigo em um periódico Qualis A1, apesar de este ter bastante leitores e
uso (mensurado pelo FI), não é garantia de obtenção de 2,4 citações em dois anos.
No Apêndice A desta pesquisa, observam-se muitos artigos publicados em
periódicos com Qualis A1 que receberem apenas uma citação ou nenhuma durante
o período analisado, valor abaixo do estipulado para essa estratificação.
Considera-se que um processo avaliativo da produção intelectual deva
envolver não somente a quantidade de artigos produzidos e a visibilidade dos seus
canais de socialização do conhecimento (onde foram publicados e/ou indexados),
mas também deva levar em conta o impacto desta produção, a fim de se obter um
resultado mais fidedigno do reconhecimento e uso científico da produção, bem como
oferecer subsídios adicionais objetivos e consistentes para o comitê avaliador na
definição dos conceitos aos PPG.
Neste contexto, considerando o peso substancial da produção intelectual no
processo avaliativo, alinhado ao entendimento de Glänzel (2003) a respeito da
relevância da mensuração do impacto das publicações de um indivíduo, seja ele um
autor, periódico, instituição ou país, para a avaliação do seu desempenho científico,
reitera-se a importância de incluir indicadores de impacto científico - média de
citação e Índice h - na metodologia de avaliação do desempenho científico dos PPG
pela CAPES, os quais podem contribuir efetivamente para o refinamento desta
metodologia, bem como para o avanço e expansão da ciência na área avaliada.
O indicador média de citação pode contribuir para se identificar a tendência
central de impacto dos artigos publicados por um PPG e o Índice h para se
102
evidenciar o impacto científico acumulado pelos programas no período avaliado.
Neste cenário, considerando que o Índice h beneficia os autores (nesta pesquisa,
PPGZ) com maior tempo de vida, em detrimento dos mais jovens (MARQUES, 2013;
SILVA; GRÁCIO, 2017), ressalta-se a necessidade de este indicador, assim como a
média de citação, ser calculado levando em conta somente o período avaliado
(atualmente quadrianual), ou seja, não acumular o desempenho destes índices de
um período avaliativo para outro, para que se evitem distorções dos resultados.
Os resultados obtidos com as análises de variância, como também dos
agrupamentos revelados pela análise de cluster, evidenciaram objetivamente a
necessidade da inclusão dos indicadores de impacto propostos nessa pesquisa.
As diferentes facetas apresentadas pelos indicadores reforçam a
necessidade da utilização de diversos indicadores na avaliação dos programas de
pós-graduação brasileiros.
Em consonância com o entendimento de Strehl (2003), os resultados desta
pesquisa apontam que, apesar das críticas apontadas ao uso de citações, a
mensuração do impacto da produção científica por meio das citações configura um
método válido e objetivo. Entende-se que esta pesquisa ratifica a importância dos
estudos bibliométricos, em especial os que abordam indicadores de impacto
científico no processo da avaliação da ciência, que juntamente com os indicadores já
utilizados podem contribuir positivamente durante a definição dos conceitos dos
Programas de Pós-Graduação, bem como no norteamento de decisões político-
científicas.
Este estudo ao trabalhar com o nível meso de agregação de análise, ao
tratar cada PPGZ como um indivíduo, traz também uma contribuição nova para o
avanço científico dos Estudos Métricos da Informação.
Em continuidade a esta pesquisa, sugerem-se estudos que avaliem a
contribuição destes indicadores na avaliação de PPG de áreas semelhantes à de
Zootecnia, em virtude das peculiaridades (PINTO; MATIAS, 2011). Consideram-se
relevantes também o desenvolvimento de estudos subsequentes que analisem
também a associação dos indicadores de colaboração científica no desempenho dos
PPG.
103
Os indicadores aqui analisados fazem parte de um recorte de um triênio dos
programas analisados. Aponta-se a necessidade de uma avaliação continuada dos
indicadores propostos no que tange à aplicação destes nos períodos subsequentes
de avaliação de PPG, utilizando-se os dados de produção dos quadriênios
consecutivos de avaliação dos programas brasileiros, contribuindo assim para o
acompanhamento da evolução do desempenho dos programas, da mesma forma
que atualmente é feita em relação aos indicadores de produção.
Todavia, não há registros ou informes que apontem que a CAPES possua
atualmente ferramentas que permitam a coleta e cálculo automático dos indicadores
de impacto em seu sistema de avaliação. Nesta pesquisa, tanto a coleta como o
cálculo dos indicadores foram feitos manualmente.
Em virtude da grande quantidade de PPG brasileiros aponta-se a
inviabilidade da coleta e cálculo manual desses indicadores para todos os
programas. No entanto, considera-se que com o auxílio do Digital Object Identifier
System - DOI (um identificador único dado aos artigos indexados nas bases de
dados), aliado a um banco de dados / sistema informatizado na CAPES possa
viabilizar a obtenção dos dados relativos às citações recebidas, de modo rápido e
preciso, a fim de garantir um curto espaço de tempo de coleta e o tratamento
equânime das contagens de citação de todos os PPG, e, conseqüentemente, o
cálculo dos indicadores média de citação, índice de impacto e Índice h.
Quanto às limitações e dificuldades enfrentadas
Inicialmente, tanto a coleta como o tratamento dos dados foram realizados
tendo como base dois triênios: 2007-2009 e 2010-2012. Mas, optou-se por trabalhar
somente com o triênio 2010-2012, uma vez que a proposta da pesquisa é a inclusão
de indicadores significativos para distinguir os programas durante a avaliação de um
período pela CAPES.
Dois fatores impossibilitaram a aplicação da pesquisa com os dados do último
quadriênio (2013-2016): 1) limitações quanto ao prazo para a defesa da pesquisa; e
2) consequentemente, impossibilidade de coleta, organização e tratamento dos
dados em tempo hábil para a elaboração da tese, uma vez que os dados do
quadriênio foram disponiblizados pela CAPES somente em setembro de 2017.
104
Tem-se ciência que o “Gap” de quatro anos para coleta de citações pode ter
contribuído para uma superestimação dos valores de média de citação e Índice h.
Todavia, esse fenômeno foi homogêneo para todos os programas de pós-graduação
analisados, pois todos os dados foram coletados em um mesmo e curto período
para todos os programas analisados, não trazendo prejuízos ou benefícios
voluntários para nenhum programa.
Aponta-se ainda a dificuldade para a coleta e tratamento dos dados
decorrente do fato de a CAPES disponibilizar os dados dos programas somente em
arquivos no formato PDF, tornando assim o processo moroso e com necessidade de
intensa concentração para não permitir a ocorrência de erros, uma vez que, como
relatado no capítulo dos procedimentos metodológicos, as coletas foram realizadas
manualmente por um único pesquisador. Trabalhou-se somente com os artigos
publicados em periódicos com estratos A1 e A2, por terem maior peso na produção
científica. A inclusão de mais artigos publicados em periódicos com estratos
inferiores invibializaria o tratamento equitativo dos programas, uma vez que
demandaria um tempo maior de coleta de dados. Salienta-se que houve a
necessidade de se criar uma base de dados, para que os metadados extraídos
manualmente dos arquivos em PDF fossem possíveis de serem tratados. Considera-
se que, com a plataforma Sucupira, inaugurada em 2016, o processo de coleta
possa ser facilitado futuramente, caso todos os dados sejam disponibilizados de
uma maneira que possibilite uma extração automática e informatizada.
Finalizando, a aplicação deste conjunto de indicadores nas áreas do
conhecimento semelhantes à de Zootecnia contribuirá para o enriquecimento e
diversificação das perspectivas de avaliação da produção científica dos programas
de pós-graduação brasileiros, bem como para o próprio desenvolvimento teórico-
metodológico dos estudos bibliométricos.
105
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WITTER, G. P. Produção científica. Campinas: Átomo, 1997.
ZIMAN, J. M. Conhecimento público. Belo Horizonte: Itatiaia, 1979.
116
ANEXOS
Anexo 1 – Programas Pós-Graduação Acadêmicos na área de
Zootecnia no Brasil
Fonte: CAPES (2014)
117
Anexo 2 - Coleta da produção bibliográfica dos PPGZ nos cadernos
de indicadores da CAPES
Fonte: Cadernos de Indicadores da CAPES (2013)
118
Anexo 3 - Busca dos Artigos na base de dados Scopus
Fonte: Scopus (2018)
119
Anexo 4 - Interface do Zotero
Fonte: Zotero (2017)
120
Anexo 5 - Listas dos artigos na base de dados Scopus
Fonte: Scopus (2018)
121
Anexo 6 - Coleta das citações na base de dados Scopus
Fonte: Scopus (2017)
122
Anexo 7 - Coleta do FI e Índice h dos periódicos na base de dados Scimago JR.
Fonte: Scimago JR (2017)
123
Anexo 8 - Coleta do país de origem dos periódicos na base de dados Ulrichs Web Global Serials
Directory
Fonte: UlrichsWeb (2017)
124
Anexo 9 - Os 20 periódicos com maior Índice H na subárea “Animal Science and Zoology”
125
126
APÊNDICES
Apêndice A - Listagem dos artigos dos PPGZ
01 - Produção do Programa Ciência Animal – FUFPI. Triênio 2010-2012
Item Referências – Ciência Animal – FUFPI - 2010-2012 Citações
001 BRANCO, É. et al. Bone marrow cells of swine: Collection and separation. Microscopy Research and Technique, v. 75, n. 7, p. 917–920, jul. 2012.
2
002 CABRAL, R. M. et al. Cell therapy for fibrotic interstitial pulmonary disease: Experimental study. Microscopy Research and Technique, v. 74, n. 10, p. 957–962, out. 2011.
7
003 CABRAL, R. M. et al. Kidney injury and cell therapy: Preclinical study. Microscopy Research and Technique, v. 75, n. 5, p. 566–570, maio 2012.
4
004 CARVALHO, A. A. et al. Influence of vitrification techniques and solutions on the morphology and survival of preantral follicles after in vitro culture of caprine ovarian tissue. Theriogenology, v. 76, n. 5, p. 933–941, set. 2011.
2312
005
DA ROCHA, A. R. et al. Hematopoietic progenitor constituents and adherent cell progenitor morphology isolated from black-rumped agouti ( Dasyprocta prymnolopha , Wagler 1831) bone marrow. Microscopy Research and Technique, v. 75, n. 10, p. 1376–1382, out. 2012.
6
006 FERRAZ, M. S. et al. Collection and evaluation of epididymal sperm in captive agoutis (Dasyprocta aguti). Theriogenology, v. 75, n. 3, p. 459–462, fev. 2011.
9
007
JÚNIOR, A. M. C. et al. Morphological and morphometric characterization of agoutis’ peripheral blood cells (Dasyprocta prymnolopha, wagler, 1831) raised in captivity. Microscopy Research and Technique, v. 75, n. 3, p. 374–378, mar. 2012.
4
008
LIMA, D. F. et al. Antinociceptive activity of the monoterpene α-phellandrene in rodents: possible mechanisms of action: α-Phellandrene presents antinociception in rodents. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 64, n. 2, p. 283–292, fev. 2012.
21
009 MACHADO, A. A. N. et al. Daily sperm production and testicular morphometry in goats according to external scrotal conformation. Animal Reproduction Science, v. 127, n. 1–2, p. 73–77, ago. 2011.
4
010 MACHADO JÚNIOR, A. A. N. et al. Spermatogenesis in goats with and without scrotum bipartition. Animal Reproduction Science, v. 130, n. 1–2, p. 42–50, jan. 2012.
5
011 SARAIVA, A. et al. Phosphorus requirements for 60- to 100-kg pigs selected for high lean deposition under different thermal environments. Journal of Animal Science, v. 90, n. 5, p. 1499–1505, 1 maio 2012.
4
012 SOUSA, F. C. A. et al. Pregnancy in Hystricomorpha: Gestational age and embryonic-fetal development of agouti (Dasyprocta prymnolopha, Wagler 1831) estimated by ultrasonography. Theriogenology, v. 78, n. 6, p. 1278–
7
12
Artigo mais citado do Programa Ciência Animal – FUFPI
127
Item Referências – Ciência Animal – FUFPI - 2010-2012 Citações
1285, out. 2012.
013
VERÇOSA, B. L. A. et al. Apoptosis, inflammatory response and parasite load in skin of Leishmania (Leishmania) chagasi naturally infected dogs: A histomorphometric analysis. Veterinary Parasitology, v. 189, n. 2–4, p. 162–170, out. 2012.
13
02 - Produção do Programa Ciência Animal – UENF. Triênio 2010-2012
Item Referências - Ciência Animal – UENF – 2010-2012 Citações
014 AMARAL, E. P. et al. Difference in Virulence of Mycobacterium avium Isolates Sharing Indistinguishable DNA Fingerprint Determined in Murine Model of Lung Infection. PLoS ONE, v. 6, n. 6, p. e21673, 28 jun. 2011.
2
015
ANDRADE, J. G. DE et al. Mixed infection with Libyostrongylus dentatus and Libyostrongylus douglassii induces a heterophilic inflammatory infiltrate in the proventriculus of ostriches. Avian Pathology, v. 40, n. 4, p. 367–370, ago. 2011.
3
016
CARRERA, M. P. et al. Reversal of apomorphine locomotor sensitization by a single post-conditioning trial treatment with a low autoreceptor dose of apomorphine: A memory re-consolidation approach. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 99, n. 1, p. 29–34, jul. 2011.
10
017
COELHO, G. C. et al. Apomorphine locomotor sensitization can be potentiated by environmental change: Evidence for a non-Pavlovian associative behavioral contrast factor in sensitization expression. Behavioural Brain Research, v. 220, n. 1, p. 146–151, jun. 2011.
0
018 COSTA, E. P. et al. Partial characterization of an atypical family I inorganic pyrophosphatase from cattle tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Veterinary Parasitology, v. 184, n. 2–4, p. 238–247, mar. 2012.
1
019 DA CRUZ, D. G. et al. Anthelmintic efficacy and management practices in sheep farms from the state of Rio de Janeiro, Brazil. Veterinary Parasitology, v. 170, n. 3–4, p. 340–343, jun. 2010.
30
020
DA SILVA STABENOW, C. et al. Didelphis aurita (Marsupialia: Didelphidae): A New Host for Sarcocystis lindsayi (Apicomplexa: Sarcocystidae). Journal of Parasitology, v. 98, n. 6, p. 1262–1265, dez. 2012.
4
021
DE MATOS, L. W.; CAREY, R. J.; CARRERA, M. P. Apomorphine conditioning and sensitization: The paired/unpaired treatment order as a new major determinant of drug conditioned and sensitization effects. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 96, n. 3, p. 317–324, set. 2010.
15
022
DIAS, F. R. C. et al. Opposite effects of low versus high dose haloperidol treatments on spontaneous and apomorphine induced motor behavior: Evidence that at a very low dose haloperidol acts as an indirect dopamine agonist. Behavioural Brain Research, v. 229, n. 1, p. 153–159, abr. 2012.
7
023
DOMINGUES, S. F. S. et al. Effects of follicular phase and oocyte–cumulus complexes quality on the protein profile and in vitro oocyte meiosis competence in Cebus apella. Fertility and Sterility, v. 93, n. 5, p. 1662–1667, mar. 2010.
4
128
Item Referências - Ciência Animal – UENF – 2010-2012 Citações
024 FIUZA, V. R. DA S. et al. Molecular characterization of Cryptosporidium in Brazilian sheep. Veterinary Parasitology, v. 175, n. 3–4, p. 360–362, fev. 2011a.
13
025 FIUZA, V. R. S. et al. Cryptosporidium Pig Genotype II Diagnosed in Pigs From the State of Rio De Janeiro, Brazil. Journal of Parasitology, v. 97, n. 1, p. 146–147, fev. 2011b.
6
026 FIUZA, V. R. S. et al. Occurrence of Cryptosporidium andersoni in Brazilian Cattle. Journal of Parasitology, v. 97, n. 5, p. 952–953, out. 2011c.
1
027 FORNELLS, L. A. M. G. et al. Detection of paramyxoviruses in Magellanic penguins (Spheniscus magellanicus) on the Brazilian tropical coast. Veterinary Microbiology, v. 156, n. 3–4, p. 429–433, maio 2012.
6
028 FRAZÃO-TEIXEIRA, E. et al. Multi-locus DNA sequencing of Toxoplasma gondii isolated from Brazilian pigs identifies genetically divergent strains. Veterinary Parasitology, v. 175, n. 1–2, p. 33–39, jan. 2011.
19
029
FRAZÃO-TEIXEIRA, E.; DE OLIVEIRA, F. C. R. Anti–Toxoplasma gondii Antibodies in Cattle and Pigs in a Highly Endemic Area for Human Toxoplasmosis in Brazil. Journal of Parasitology, v. 97, n. 1, p. 44–47, fev. 2011.
7
030 MADELLA-OLIVEIRA, A. DE F. et al. Social behaviour of buffalo heifers during the establishment of a dominance hierarchy. Livestock Science, v. 146, n. 1, p. 73–79, jun. 2012.
2
031
MORAES, J. et al. Structural and biochemical characterization of a recombinant triosephosphate isomerase from Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Insect Biochemistry and Molecular Biology, v. 41, n. 6, p. 400–409, jun. 2011.
7
032 PARIZI, L. F. et al. The quest for a universal vaccine against ticks: Cross-immunity insights. The Veterinary Journal, v. 194, n. 2, p. 158–165, nov. 2012.
3613
033 RETAMAL, C. A. et al. Alpha-mannosidase activity in stallion epididymal fluid and spermatozoa. Theriogenology, v. 78, n. 2, p. 252–262, jul. 2012.
4
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Artigo mais citado do Programa Ciência Animal – UENF
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03 - Produção do Programa Ciência Animal e Pastagens da USP-ESALQ.
Triênio 2010-2012
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11 - Produção do Programa Zootecnia-UFPEL. Triênio 2010-2012
Item Referências – Zootecnia-UFPEL – 2010-2012 Citações
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Artigo mais citado do Programa Zootecnia-UFSM
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21
Artigo mais citado do Programa Zootecnia-UFPEL
22 Artigo mais citado do Programa Zootecnia-UFPEL
149
12 - Produção do Programa Zootecnia-USP. Triênio 2010-2012
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5
Fonte: Elaborado pelo autor.
162
Apêndice B - Planilha com os dados dos PPGZ
Fonte: Elaborado pelo autor.
163
Apêndice C - Cálculo do Índice h dos PPGZ
Coluna T contém os artigos dos programas em ordem crescente e na coluna U as
citações recebidas pelos artigos em ordem decrescente. O destaque em amarelo é o
resultado do Índice h=7.
Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Hirsh (2005).
164
Apêndice D - Listagem dos periódicos utilizados pelos PPGZ para
publicação de seus artigos
Item Periódico País Artigos publicados
001 Livestock Science Holanda 74
002 Journal Of Animal Science EUA 62
003 Theriogenology EUA 30
004 Journal Of Dairy Science EUA 26
005 Animal Reino Unido 22
006 Animal Feed Science And Technology Holanda 17
007 Journal Of Animal Breeding And Genetics Alemanha 17
008 Meat Science Holanda 16
009 Poultry Science EUA 16
010 Animal Reproduction Science Holanda 15
011 Veterinary Parasitology Holanda 15
012 Animal Genetics Reino Unido 11
013 Journal Of Dairy Research Reino Unido 11
014 Aquaculture Holanda 8
015 Molecular Biology Reports Holanda 8
016 Microscopy Research And Technique EUA 6
017 Reproduction, Fertility And Development Austrália 6
018 BMC Genetics Reino Unido 5
019 International Journal Of Biometeorology Alemanha 5
020 Journal Of Agricultural Science Reino Unido 5
021 Applied Animal Behaviour Science Holanda 4
022 Aquaculture Nutrition Reino Unido 4
023 Biology Of Reproduction EUA 4
024 Genetics Selection Evolution Reino Unido 4
025 Journal Of Parasitology EUA 4
026 Parasitology Research Alemanha 4
027 Research In Veterinary Science Reino Unido 4
028 BMC Genomics Reino Unido 3
029 British Journal Of Nutrition Reino Unido 3
030 Cellular Reprogramming EUA 3
031 Food Chemistry Holanda 3
165
032 Journal Of Applied Genetics Alemanha 3
033 Lwt Food Science And Technology Reino Unido 3
034 Veterinary Journal Reino Unido 3
035 Agroforestry Systems Holanda 2
036 Agronomy Journal EUA 2
037 Behavioural Brain Research Holanda 2
038 Bioprocess And Biosystems Engineering Alemanha 2
039 Conservation Genetics Holanda 2
040 Construction And Building Materials Holanda 2
041 Domestic Animal Endocrinology EUA 2
042 Experimental Parasitology EUA 2
043 Fertility And Sterility EUA 2
044 Fish Physiology And Biochemistry Holanda 2
045 Journal Of Lipid Research EUA 2
046 Journal Of Materials Science EUA 2
047 Journal Of The Brazilian Chemical Society Brasil 2
048 Journal Of The Science Of Food And Agriculture Reino Unido 2
049 Rangeland Ecology And Management EUA 2
050 Veterinary Microbiology Holanda 2
051 Ambio Holanda 1
052 American Journal Of Botany EUA 1
053 Animal Production Science Austrália 1
054 Apidologie França 1
055 Archives Of Environmental Contamination And Toxicology EUA 1
056 Avian Pathology Reino Unido 1
057 Carbohydrate Polymers Reino Unido 1
058 Comparative Biochemistry And Physiology A Molecular And Integrative Physiology EUA 1
059 Comparative Immunology Microbiology And Infectious Diseases Reino Unido 1
060 Cryobiology EUA 1
061 Cytogenetic And Genome Research Suíça 1
062 Developmental Dynamics EUA 1
063 Ecology Of Freshwater Fish EUA 1
064 European Food Research And Technology Alemanha 1
065 Food Analytical Methods EUA 1
166
066 Food And Bioprocess Technology EUA 1
067 Food Biophysics EUA 1
068 General And Comparative Endocrinology EUA 1
069 Genetic Resources And Crop Evolution Holanda 1
070 Genetics EUA 1
071 Genome Research EUA 1
072 Insect Biochemistry And Molecular Biology Reino Unido 1
073 International Journal For Parasitology Reino Unido 1
074 Journal Of Biosciences Índia 1
075 Journal Of Environment Quality EUA 1
076 Journal Of Experimental Zoology Part A Ecological Genetics And Physiology EUA 1
077 Journal Of Food Science EUA 1
078 Journal Of Mammalogy EUA 1
079 Journal Of Molecular Histology Holanda 1
080 Journal Of Pharmacy And Pharmacology Reino Unido 1
081 Journal Of The American Oil Chemists Society EUA 1
082 Lipids Alemanha 1
083 Marine And Freshwater Research Austrália 1
084 Memorias Do Instituto Oswaldo Cruz Brasil 1
085 Microbial Ecology EUA 1
086 Microchimica Acta Áustria 1
087 Micron Reino Unido 1
088 Molecular Reproduction And Development EUA 1
089 Nutrient Cycling In Agroecosystems Holanda 1
090 Parasitology International Holanda 1
091 Pharmacology Biochemistry And Behavior EUA 1
092 Physiology And Behavior EUA 1
093 Plant And Soil Holanda 1
094 Plos Genetics EUA 1
095 Plos One EUA 1
096 Preventive Veterinary Medicine Holanda 1
097 River Research And Applications Reino Unido 1
098 Science Of The Total Environment Holanda 1
099 Soil Biology And Biochemistry Reino Unido 1
100 Toxicon Reino Unido 1
167
101 Virus Genes Reino Unido 1
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Fonte: Elaborado pelo autor.
