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    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA – SEÇÃO PARANÁ

    ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL

    MARCELO VARGAS SCHÜTZ

    FECHAMENTO DE COMUNICAÇÕES BUCOSSINUSAIS UTILIZANDO

    ENXERTO PEDICULADO DO CORPO ADIPOSO BUCAL 

    Monografia apresentada ao Curso deEspecialização em Cirurgia e TraumatologiaBuco Maxilo Faciais da Associação Brasileirade Odontologia – Seção Paraná/Escola deAperfeiçoamento Profissional, como requisitoparcial para obtenção do título de especialista.

    Orientador: Marcelo Souza

    Coordenador: Marco Antonio de Oliveira Filho

    CURITIBA

    2006

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    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA – SEÇÃO PARANÁ

    ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL

    MARCELO VARGAS SCHÜTZ

    FECHAMENTO DE COMUNICAÇÕES BUCOSSINUSAIS UTILIZANDO

    ENXERTO PEDICULADO DO CORPO ADIPOSO BUCAL 

    Monografia apresentada ao Curso deEspecialização em Cirurgia e TraumatologiaBuco Maxilo Faciais da Associação Brasileirade Odontologia – Seção Paraná/Escola deAperfeiçoamento Profissional, como requisitoparcial para obtenção do título de especialista.

    Orientador: Marcelo Souza

    Coordenador: Marco Antonio de Oliveira Filho

    CURITIBA

    2006

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    SUMÁRIO

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ iii

    LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... v

    RESUMO.................................................................................................................. vi

    ABSTRACT.............................................................................................................. vii

    1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

    2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................. 3

    2.1 ASPECTOS ANATÔMICOS................................................................................ 3

    2.2 ETIOLOGIA DAS COMUNICAÇÕES BUCOSSINUSAIS.................................... 6

    2.3 INDICAÇÕES DA TÉCNICA................................................................................ 82.4 TÉCNICA CIRÚRGICA...................................................................................... 11

    2.5 REPARO TECIDUAL......................................................................................... 15

    2.5.1 Aspectos Histológicos..................................................................................... 15

    2.5.2 Aspectos Clínicos ........................................................................................... 16

    3 CASOS CLÍNICOS ............................................................................................... 18

    3.1 TÉCNICA CIRÚRGICA...................................................................................... 18

    3.2 CASO CLÍNICO 1 .............................................................................................. 183.3 CASO CLÍNICO 2 .............................................................................................. 25

    4 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 32

    5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 36

    REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 37

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - RELAÇÃO DO CAB COM ESTRUTURAS ANATÔMICAS DAFACE...........................................................................................

     

    6

    FIGURA 2 - INCISÃO (LINHA PONTILHADA) ................................................

     

    13

    FIGURA 3 - RETALHO MUCOPERIOSTAL E INCISÃO NO PERIÓSTEO

    (LINHA PONTILHADA)................................................................

     

    13

    FIGURA 4 - AVANÇO DO CAB E SUTURA À MUCOSA PALATINA..............

     

    13

    FIGURA 5 - SUTURA DO RETALHO MUCOPERIOSTAL EM SUAPOSIÇÃO ORIGINAL ..................................................................

     13

    FIGURA 6 - ASPECTO INICIAL DA CBS........................................................

     

    19

    FIGURA 7 - INCISÃO CIRCULAR, COM APROXIMADAMENTE 3 MM DEMARGEM ....................................................................................

     

    19

    FIGURA 8 - APÓS REMOÇÃO DO TECIDO INCISADO.................................

     

    20

    FIGURA 9 - INCISÕES VERTICAIS RELAXANTES MESIAL E DISTAL AODEFEITO.....................................................................................

     

    20

    FIGURA 10 - REMOÇÃO DO TRAJETO FISTULOSO......................................

     

    21

    FIGURA 11 - RETALHO MUCOPERIOSTAL DESCOLADO............................. 21

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    FIGURA 27 - PÓS-OPERATÓRIO DE 1 SEMANA ...........................................

     

    30

    FIGURA 28 - PÓS-OPERATÓRIO DE 3 SEMANAS......................................... 30

    FIGURA 29 - PÓS-OPERATÓRIO DE 2 MESES.............................................. 31

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    CBS - Comunicações Bucossinusais

    CAB - Corpo Adiposo Bucal

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    RESUMO

    A comunicação bucossinusal consiste na formação de um trajeto entre a cavidade

    oral e o seio maxilar, de incidência relativamente alta, principalmente apósexodontias de molares superiores. Comunicações maiores que 3 mm de diâmetronormalmente não se cicatrizam espontaneamente, necessitando de tratamentocirúrgico. O objetivo deste trabalho é revisar a literatura a respeito do uso do corpoadiposo bucal como enxerto pediculado para o tratamento das comunicaçõesbucossinusais e relatar dois casos clínicos, bem como discutir alguns aspectosrelacionados à anatomia, etiologia, indicações, técnicas cirúrgicas e reparo tecidual.

    Palavras-chave: Comunicação Bucossinusal; Seio Maxilar; Corpo Adiposo Bucal;Enxerto Pediculado.

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    ABSTRACT

    The oro-antral communication consists in a path formation between the oral cavity

    and maxillary sinus, with a relatively higher incidence, mainly after upper molarsextractions. Diameters of the communication bigger than 3 mm commonly have notspontaneous healing, needing surgical treatment. The aim of this job is revise theliterature regarding with the use of the buccal fat pad as a pedicled graft for thetreatment of the oro-antral communications and report two cases, beyond to discusssome aspects as anatomy, etiology, indications, surgical techniques and tissuerepair.

    Key-words: Oro-antral Communication; Maxillary Sinus; Buccal Fat Pad; PedicledGraft.

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    1 INTRODUÇÃO

    A comunicação bucossinusal (CBS) é uma ocorrência comum que consiste

    da formação de um trajeto entre a cavidade oral e o seio maxilar. A principal

    incidência é após a extração dos molares superiores, devido à íntima relação

    anatômica entre os ápices das raízes desses dentes e o seio maxilar (ERICSON,

    FINNE e PERSSON, 1973; KILLEY e KEY, 1967).

    Se uma comunicação não é tratada, a partir do momento de sua formação, o

    tecido epitelial inicia um processo de proliferação que pode fechar ou manter esta

    abertura. Quando este processo, conhecido como epitelização, promover uma

    comunicação permanente entre as cavidades, esta comunicação é definida como

    fístula. Apesar destes termos terem características diferentes, muitas vezes são

    utilizados como sinônimos (ABUABARA et al., 2006).

    Quando o diâmetro da fístula é menor que 2 mm, geralmente o fechamento

    se dá de uma maneira espontânea. Entretanto, quando o defeito é maior que 3 mm,

    a abertura freqüentemente persiste, e este quadro é agravado quando um processo

    inflamatório estiver presente no seio maxilar ou na região periodontal(SCHUSCHARDT, 1955).

    A literatura apresenta diversas maneiras para o tratamento das fístulas

    bucossinusais. Entre os mais utilizados estão técnicas de sutura das bordas,

    retalhos bucais, retalhos palatinos, retalhos deslizantes, enxertos e corpo adiposo

    bucal (ABUABARA et al., 2006).

    O corpo adiposo bucal (CAB), também conhecido como “bola de Bichat”,teve importância clínica limitada por muitos anos. Apenas em 1977 foi descrito seu

    uso para reconstruções orais como enxerto pediculado (EGYEDI, 1977). TIDEMAN,

    BOSANQUET E SCOTT (1986) foram os pioneiros no uso do CAB como enxerto

    pediculado exposto, sem a necessidade de recobrimento epitelial, para o tratamento

    de defeitos após a remoção de tumores malignos. Porém, foram HANAZAWA et al.

    (1995) que mostraram, pela primeira vez, os resultados obtidos com o uso do CAB

    sem recobrimento para o fechamento de fístulas bucossinusais.

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    O objetivo deste trabalho é revisar a literatura a respeito do uso do CAB

    como enxerto pediculado para o tratamento das comunicações bucossinusais e

    relatar dois casos clínicos. Além disso, pretende-se discutir questões relacionadas

    aos aspectos anatômicos, à etiologia das CBS, às técnicas cirúrgicas e ao reparo

    tecidual.

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    2 REVISÃO DA LITERATURA

    2.1 ASPECTOS ANATÔMICOS

    Em 1802, BICHAT (apud STUZIN et al., 1990) foi o primeiro a reconhecer o

    CAB como verdadeiramente de natureza adiposa. Foi a partir daí que surgiram as

    expressões “bola de Bichat” ou corpo adiposo bucal.

    Antes disso, em 1732, HEISTER (apud STUZIN et al., 1990) havia apenas

    descrito a presença, na região, de uma estrutura glandular, conhecida como

    glândula molar.

    SHATTOCK, em 1909 (apud TOSTEVIN e ELLIS, 1995), confirmou a

    natureza adiposa do CAB como sendo completamente distinto do tecido adiposo

    subcutâneo. Em sua análise de 42 cadáveres adultos, o corpo adiposo bucal estava

    bem desenvolvido bilateralmente em 34 amostras; em outros dois cadáveres havia

    formação em apenas um lado, enquanto no outro lado estava, praticamente,

    ausente. Nenhuma correlação foi encontrada entre o tamanho do indivíduo e o

    volume do corpo adiposo bucal. Alguns cadáveres estavam magros por terem sidovítimas de tuberculose, mas não mostraram diminuição no tamanho do corpo

    adiposo bucal.

    Segundo GAUGHRAN (1957), o corpo adiposo bucal consiste de um corpo

    principal, repousando sobre o periósteo maxilar, e fibras superiores do bucinador, do

    qual se estendem quatro processos: pterigopalatino, temporal, pterigóide e bucal. O

    corpo adiposo encontrar-se-ia encapsulado na bochecha por um envelope fascial

    derivado da fáscia parotídeo-massetérica.

    Com relação à embriologia do CAB, o trabalho de TIDEMAN, BOSANQUET

    e SCOTT (1986) relata que, apesar de algumas variações, a formação da gordura

    inicia-se, aproximadamente, aos 3 meses de vida intra-uterina. Os lóbulos tendem a

    se formar ao redor do plexo venoso que conecta as veias orbitais com as veias

    superficiais da face. Uma vez bem definida, esta área é encapsulada e cresce

    rapidamente. O crescimento se dá através do aumento do número de lóbulos, da

    formação de novas células adiposas e do crescimento de cada célula

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    individualmente. A formação dos lóbulos cessa por volta do fim do quinto mês intra-

    uterino e a formação de células está, normalmente, completa antes do nascimento.

    A análise de TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT (1986), em cadáveres,sugere que o suprimento sangüíneo para o corpo adiposo é derivado

    especificamente dos ramos bucal e temporal profundo da artéria maxilar, do ramo

    transverso da face da artéria temporal superficial e de pequenos ramos da artéria

    facial.

    A anatomia do CAB foi intensamente abordada através de um estudo em

    cadáveres frescos, realizado por STUZIN et al. (1990). Os autores verificaram que a

    relação anatômica do adiposo bucal com o espaço mastigatório e para as estruturas

    faciais adjacentes foi constante em todas as 12 amostras. A média de peso

    encontrada para cada peça foi de 9,3 g e o volume médio, de 9,6 ml. Não

    encontraram variações significativas entre os lados direito e esquerdo, como

    também não encontraram relação entre a quantidade de gordura corporal dos

    cadáveres e o corpo adiposo bucal, pois mesmo espécimes caquéticos com pouca

    gordura subcutânea apresentaram corpos adiposos bucais com peso e volume

    normais. O corpo adiposo consistiria de um corpo principal e quatro extensões:bucal, pterigóide, temporal superficial e temporal profunda, sendo o corpo principal

    centralmente posicionado. A extensão bucal fica superficialmente na bochecha e as

    extensões pterigóide e temporais estão situadas mais profundamente. O corpo

    principal localiza-se acima do ducto parotídeo e estende-se à frente da porção

    superior da borda anterior do músculo masseter (FIGURA 1). A partir daí, segue

    medialmente para repousar sobre o periósteo da região posterior da maxila. Nesta

    região, encontra-se sobre as fibras superficiais do músculo bucinador, chegandoanteriormente no vestíbulo sobre o segundo molar superior. Posteriormente,

    contorna a maxila e passa pela fissura pterigomaxilar, onde está em íntimo contato

    com ramos da artéria maxilar e com a divisão maxilar do nervo trigêmio. A extensão

    bucal é a mais superficial e dá volume à bochecha. Entrando na bochecha abaixo do

    ducto da parótida, passa em frente da borda anterior do músculo masseter e

    descende para a região retromolar da mandíbula, superficialmente à principal porção

    do músculo bucinador. O limite anterior é marcado pelos vasos faciais, que selocalizam no mesmo plano do corpo adiposo bucal. O ducto parotídeo transita

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    superficialmente ao corpo adiposo até que penetra neste e no músculo bucinador

    para entrar na cavidade oral na região do segundo molar superior. A extensão

    pterigóide recebe este nome pela relação com os músculos pterigóideos medial e

    lateral. Seguindo, corre para baixo e para trás sobre a superfície medial do ramo da

    mandíbula, repousando sobre as superfícies laterais dos músculos pterigóideos

    medial e lateral. Posteriormente, estende-se até a porção média do ramo

    mandibular, do processo sigmóide ao forame mandibular, onde está em íntimo

    contato com o feixe neurovascular mandibular e com o nervo lingual. Em todas as

    dissecações, os autores observaram que as extensões temporal superficial e

    profunda são dois corpos adiposos que não estão em continuidade. Mesmo ambas

    residindo na região temporal, é a extensão profunda que realmente tem continuidadecom a gordura bucal. A extensão superficial difere na aparência, tem um suprimento

    vascular independente e é anatomicamente distinta do corpo adiposo bucal. A

    extensão profunda passa sob o arco zigomático e sobre o músculo temporal e seu

    tendão, separando este músculo do arco. Acima do arco, passa medialmente atrás

    da parede lateral da órbita e corpo do zigoma para apoiar-se sobre a asa maior do

    esfenóide. Superiormente, a fáscia temporal profunda é uma lâmina única, porém,

    caudalmente ao nível da margem orbital superior, divide-se em um plano superficiale um profundo. O corpo adiposo temporal superficial é completamente envolto por

    esses dois planos da fáscia temporal profunda, desde o nível da margem orbital

    superior até suas respectivas inserções nas superfícies lateral e medial do arco

    zigomático. Esta porção é isolada da extensão temporal profunda do corpo adiposo

    bucal pela interposição do plano profundo da fáscia temporal. O tamanho dos

    componentes que formam o corpo adiposo bucal separadamente é variável. Em

    geral, a extensão bucal é o maior segmento, totalizando entre 30 e 40% do pesototal. O corpo principal é levemente menor, representando entre 25 e 30% do total e

    as outras extensões, geralmente, são menores. O suprimento vascular para o corpo

    adiposo bucal é dado pela artéria facial, transversa da face e maxilar, enquanto o

    corpo temporal superficial é suprido pela artéria temporal média, ramo da artéria

    temporal superficial.

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    FIGURA 1 - RELAÇÃO DO CAB COM ESTRUTURAS ANATÔMICAS DAFACE

    FONTE: Adaptado de PUTZ; PABST. Sobotta: Atlas of human anatomy.

    12. ed. Dipl. Inf.-Wiss, 1998. 1 CD-ROM.

    Para DUBRUL  (1991), o espaço que separa o músculo temporal e os dois

    pterigóideos é preenchido por um coxim de tecido adiposo. O nome “coxim adiposo

    bucal de Bichat” é mais amplamente usado, mas seria melhor dizer parte bucal do

    coxim adiposo mastigatório. Este coxim adiposo também preenche o espaço entre

    os músculos masseter e bucinador. Na borda anterior do masseter o tecido adiposo

    protrude como um corpo chato, biconvexo e arredondado.

    2.2 ETIOLOGIA DAS COMUNICAÇÕES BUCOSSINUSAIS

    A maior causa das comunicações bucossinusais é a extração dos molares

    superiores, devido à íntima relação anatômica entre os ápices das raízes desses

    dentes e o seio maxilar (KILLEY e KEY, 1967).

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    Segundo ERICSON, FINNE e PERSSON (1973), a principal ocorrência é

    após a extração dos molares superiores, devido à proximidade existente entre o seio

    maxilar e os ápices das raízes desses elementos.

    EGYEDI (1977) relatou quatro casos de comunicações bucossinusais e/ou

    buconasais provocadas pela ressecção de tumores malignos.

    SKOGLUND, PEDERSEN e HOIST (1983) justificam que a íntima relação

    anatômica entre os ápices radiculares dos pré-molares e molares e o seio maxilar, e

    a espessura do assoalho do seio nesta região, que varia de 1 a 7 mm, faz com que a

    extração de dentes posteriores da maxila seja a causa mais comum das

    comunicações bucossinusais.

    Para EPPLEY e SCAROFF (1984), a comunicação bucossinusal é uma

    ocorrência comum que pode ser causada por diversos fatores, tais como cistos,

    traumas, tumores, outras entidades patológicas ou cirurgias menores.

    Em todos os 56 casos do estudo publicado por STAJCIC (1992), as

    comunicações bucossinusais foram causadas por exodontias.

    SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN (1993), através de um estudo

    retrospectivo, relataram 29 casos consecutivos de reconstrução imediata de defeitos

    utilizando enxerto pediculado do CAB. Dentre estes, havia 2 comunicações

    bucossinusais, sendo uma causada por uma osteorradionecrose após tratamento de

    carcinoma nasofaríngeo e outra causada após tratamento de ceratocisto na maxila.

    EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999) relataram 20 casos de comunicações

    bucossinusais que tiveram origem após extrações de dentes superiores.

    No relato de RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000), a

    comunicação bucossinusal foi gerada pela exodontia de um primeiro molar superior.

    No estudo retrospectivo de ABUARARA et al. (2006), foram avaliados 101

    casos de comunicações bucossinusais e 11 buconasais. Dentre as comunicações

    bucossinusais, 96 casos (95%) foram causados por extração dental, 3 por lesões

    patológicas, 1 por trauma e 1 por infecção periapical.

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    2.3 INDICAÇÕES DA TÉCNICA

    Quando uma comunicação apresenta diâmetro inferior a 2 mm, geralmente o

    fechamento se dá de uma maneira espontânea. Entretanto, quando o defeito é maior

    que 3 mm, a abertura freqüentemente persiste, se não tratada, e este quadro é

    agravado quando um processo inflamatório estiver presente no seio maxilar ou na

    região periodontal (SCHUSCHARDT, 1955).

    EGYEDI (1977) foi o primeiro a relatar o uso do corpo adiposo bucal como

    enxerto pediculado para fechamento de comunicações bucossinusais e buconasais

    secundárias a ressecções oncológicas. Descreveu quatro casos com defeitosvariando de 2 a 4 cm de diâmetro, obtendo o fechamento primário em todos os

    casos, sem complicações e sem ocasionar depressão notável na face. Para o autor,

    as indicações e o manejo de cada caso dependem do tamanho, local e causa do

    defeito.

    TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT (1986) usaram, pela primeira vez, o

    CAB como enxerto pediculado deixando-o exposto à cavidade oral, ou seja, sem a

    necessidade de recobrimento epitelial. No estudo, dos 12 pacientes portadores de

    defeitos causados pela excisão de lesões malignas, obtiveram sucesso em 11,

    sendo que o insucesso ocorreu devido a uma infecção pós-operatória em um

    paciente diabético insulino-dependente.

    STAJCIC (1992) publicou o tratamento de 56 casos de comunicações

    bucossinusais através de enxerto pediculado de CAB, relatando sucesso em 100%

    dos casos no fechamento das comunicações, apesar de algumas complicações, taiscomo: 2 necroses parciais, 7 granulações excessivas e 3 herniações. O autor

    considera a técnica do enxerto pediculado vantajosa para os casos em que existem

    danos severos à mucosa palatal e/ou vestibular, e também cita como vantagem a

    preservação da profundidade de vestíbulo e a surpreendente taxa de sucesso

    alcançada. Devido à rica vascularização e ao fácil acesso cirúrgico, considera esta

    técnica um método conveniente e recomendável para o fechamento das CBS, bem

    como confiável para o retratamento de eventuais falhas de outros procedimentos.

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    Além disso, a quantidade de tecido deslocado não resulta em alteração estética no

    volume da bochecha. 

    Em um estudo retrospectivo, SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN (1993)relataram 29 casos consecutivos de reconstrução de defeitos adquiridos na cavidade

    oral, sendo 19 deles ocasionados pela remoção de tumores malignos, 8 pela

    remoção de tumores benignos, e 2 casos de comunicações bucossinusais. As

    reconstruções foram realizadas através de enxerto pediculado do CAB, sendo que,

    em 8 casos de defeitos maiores, utilizou-se, também, um retalho pediculado

    miofascial do músculo temporal. Obtiveram 28 casos de sucesso, sem

    complicações, e apenas um insucesso, que necessitou de procedimento adicional.

    HANAZAWA et al. (1995) trataram 14 casos de comunicações

    bucossinusais, variando de 8 a 20 mm de diâmetro através do enxerto pediculado do

    corpo adiposo bucal, obtendo êxito em 13 casos. Citaram como vantagens da

    técnica a manutenção da profundidade de vestíbulo no pós-operatório e a alta taxa

    de sucesso e consideraram este procedimento indicado não somente como uma

    substituição de outras técnicas, mas também para casos de insucessos de outras

    técnicas, como nos casos em que a mucosa da região alveolar vestibular e palatinaencontram-se danificadas.

    MARTÍN-GRANIZO et al. (1997) publicaram uma revisão de 30 casos de

    defeitos pequenos e médios de até 40 x 20 mm criados por ressecção de tumores,

    cistos maxilares e um defeito pós-traumático, entre os quais houve 22 casos de

    comunicações bucossinusais e/ou buconasais. O sucesso foi alcançado em 29

    casos, apesar de ocorrerem 2 necroses parciais e 4 granulações excessivas e

    hipertrofia do CAB enxertado. Os autores consideram um método reconstrutivo

    seguro para defeitos pequenos e médios, pois trata-se de uma técnica simples e

    rápida, com baixa incidência de complicações e de grande previsibilidade pós-

    operatória sem seqüelas estéticas.

    EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999) indicaram o enxerto pediculado do

    CAB em 13 casos de comunicações bucossinusais e em 6 casos de defeitos

    palatinos resultantes de ressecções tumorais, sendo outros 7 casos de

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    comunicações bucossinusais tratados através de rotação de retalho palatino. De um

    total de 20 CBS, 10 delas tinham história de insucesso de tratamento com outras

    técnicas. Os autores consideram a técnica do CAB um método conveniente para o

    tratamento das CBS bem como um excelente método para retratamento nos casos

    de insucesso de outras técnicas, além de preservar a arquitetura da mucosa oral e

    evitar a perda de profundidade do vestíbulo.  Para eles, o procedimento deve ser

    contra-indicado em pacientes com hipoplasia de malar, pacientes com pouco volume

    na região bucal e portadores de síndrome de Down. 

    RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000) relataram um caso

    de fechamento de comunicação bucossinusal aguda pós-extração dental tratada

    com enxerto pediculado de CAB com sucesso e sem complicações.

    BAUMANN e EWERS (2000) indicaram o enxerto pediculado do CAB no

    tratamento de 29 pacientes, vítimas de fístulas bucossinusais, ressecções de

    tumores no palato duro e mole, fístulas na região posterior do palato em pacientes

    fissurados e recobrimento de enxertos ósseos. Dos 12 casos de fístulas

    bucossinusais, 7 eram retratamentos após insucesso da técnica de avanço de

    retalho bucal. Os autores obtiveram sucesso em todos os casos, sem nenhumaalteração na estética facial. Consideram o CAB um retalho ideal devido à fácil

    mobilização, ao excelente suprimento sangüíneo e à mínima morbidade da área

    doadora.

    DOLANMAZ et al. (2004) avaliaram o uso do enxerto pediculado do corpo

    adiposo bucal em 75 casos de comunicações bucossinusais, das quais 52 eram

    agudas e 23 crônicas, sendo que 6 destas eram casos de insucesso de outras

    tentativas de fechamento. Todos os pacientes obtiveram boa cicatrização no pós-

    operatório, embora necrose parcial do retalho tenha sido observada em 3 pacientes.

    Porém, isso não afetou o resultado final. Os autores consideram que esta técnica

    pode ser usada como uma alternativa ou, inclusive, como primeira escolha no

    tratamento desta patologia. Várias vantagens foram relatadas para esta técnica,

    dentre elas a ampla aplicabilidade, a mínima incidência de falhas quando

    corretamente aplicada, a simplicidade do procedimento, mínimo desconforto para o

    paciente, e baixo índice de complicações.  O procedimento não é indicado para

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    pacientes com hipoplasia de malar, portadores de síndrome de Down e pacientes

    com pouco volume de tecido na bochecha.

    ABUABARA et al. (2006) publicaram um estudo retrospectivo do tratamentode 101 comunicações bucossinusais e 11 buconasais. Dentre as modalidades de

    tratamento, indicaram como melhor escolha a sutura das margens para as

    comunicações de 3 a 5 mm de diâmetro, e o enxerto pediculado do corpo adiposo

    bucal para os defeitos maiores que 5 mm de diâmetro. Relataram 100% de sucesso

    nos 28 casos de CBS tratados com enxerto pediculado do corpo adiposo bucal, sem

    nenhuma complicação. Para minimizar os riscos de complicações, sugerem a

    cobertura completa do defeito e suturas livres de tensão. Os autores consideraram o

    uso do CAB um método fácil, simples e bem tolerado, e acreditam que a alta taxa de

    sucesso pode ser explicada pela abundante vascularização do CAB. 

    2.4 TÉCNICA CIRÚRGICA 

    O uso do enxerto pediculado do CAB para fechamento de comunicações

    bucossinusais foi descrito pela primeira vez por EGYEDI (1977), que preconizava o

    recobrimento da gordura na cavidade oral com um enxerto de pele. Segundo o

    autor, o volume do corpo adiposo bucal foi estimado em aproximadamente 10 cm3,

    significando que se suas irregularidades pudessem ser organizadas numa

    espessura média de 6 mm, seria possível recobrir uma área de aproximadamente 10

    cm2.

    TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT (1986) foram os primeiros a relatar ouso do enxerto pediculado do CAB para reconstruções de defeitos na cavidade oral,

    sem a necessidade de recobrimento da gordura com outro material. Nos casos em

    que não acessavam o corpo adiposo através de incisão cirúrgica pré-existente,

    faziam uma incisão horizontal bucal na região do terceiro molar superior. O tecido,

    então, podia ser gentilmente avançado em direção ao defeito, diretamente sobre a

    mucosa ou através de um túnel sob a mucosa. Os autores relatam que para defeitos

    de até 3 x 5 cm o fechamento não compromete o suprimento sangüíneo do pedículo.

    A anatomia do corpo adiposo bucal revela que as porções bucal e inferior do corpo

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    adiposo é que são usadas, e que o pedículo provavelmente deriva seu suprimento

    arterial das artérias temporal superficial, maxilar e facial. As complicações potenciais

    normalmente relatadas para as falhas de enxertos, também podem ocorrer nesta

    técnica, resultando de necrose ou infecção. Para minimizar a incidência de

    complicações, o defeito deve ser adequadamente coberto e com suturas livres de

    tensão, bem como deve ser recomendada dieta líquida ou pastosa, não-mastigável

    até a cicatrização dos tecidos moles.

    Segundo STAJCIC (1992), o CAB era acessado através de uma pequena

    incisão horizontal no periósteo na região posterior de maxila, após o retalho

    mucoperiostal bucal ser descolado. Em seguida, com uma pinça hemostática curva,

    o CAB era liberado através da divulsão dos tecidos no sentido superior e súpero-

    posterior na região de molares e com o auxílio de uma pressão aplicada

    externamente na bochecha, até que o mesmo aparecesse na boca. Após a

    liberação, era gentilmente tracionado em direção ao defeito em quantidade suficiente

    para o completo recobrimento, e suturado sem tensão à margem palatina da

    comunicação. O retalho mucoperiostal era suturado em sua posição original e uma

    parte do tecido gorduroso permanecia exposto à cavidade oral para granular.

    HANAZAWA et al. (1995), em seus 14 casos relatados, usou uma incisão

    circular deixando uma margem de 3 mm ao redor da fístula bucossinusal. Com isso,

    todo o epitélio e qualquer tecido inflamatório presente na abertura eram

    completamente removidos. Duas incisões verticais relaxantes eram feitas em direção

    ao vestíbulo, a partir das margens anterior e posterior da incisão circular (FIGURA

    2). O retalho trapezoidal mucoperiostal originado era, então, descolado do processo

    alveolar e da parede lateral da maxila. O CAB era exposto através de uma incisãovertical de 1 cm feita no periósteo descolado, posteriormente à crista zigomático-

    alveolar (FIGURA 3), e gentilmente avançado em direção ao defeito ósseo, sendo

    suturado sem tensão na mucosa palatal (FIGURA 4). Finalmente, o retalho

    mucoperiostal era suturado em sua posição original, e suturas também realizadas

    entre o CAB e o retalho bucal, de maneira que parte do CAB ficasse exposto à

    cavidade oral (FIGURA 5).

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    FIGURA 2 – INCISÃO (LINHA FIGURA 3 – RETALHO MUCO-PONTILHADA) PERIOSTAL E INCISÃO

    NO PERIÓSTEO (LINHAPONTILHADA)

    FIGURA 4 - AVANÇO DO CAB E FIGURA 5 – SUTURA DO RETALHOSUTURA À MUCOSA MUCOPERIOSTAL EMPALATINA SUA POSIÇÃO

    ORIGINAL

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    Segundo EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999), o corpo adiposo foi

    acessado após o descolamento do retalho mucoperiostal na região da prega

    mucobucal do segundo molar superior, aparecendo na boca. A seguir, a gordura era

    liberada gentilmente com o auxílio de pressão externa na bochecha, até uma

    quantidade suficiente ser obtida para obturar o defeito sem tensão, e suturada à

    mucosa adjacente. Finalmente, o retalho mucoperiostal era suturado em sua posição

    original também livre de tensão, permanecendo parte do CAB exposto à cavidade

    oral.

    DOLANMAZ et al. (2004) diferenciaram suas incisões para os casos de CBS

    agudas e crônicas, sendo no caso das agudas iniciado por uma incisão gengivalseguida das incisões verticais de alívio em cada extremidade da incisão gengival,

    enquanto que nas CBS crônicas iniciava-se por uma incisão circular em torno da

    comunicação, numa margem de 3 mm, a fim de remover completamente o trato

    epitelial e qualquer tecido inflamatório presente. A partir desse momento, ambos os

    tipos de comunicações (agudas ou crônicas) seguiam a mesma seqüência cirúrgica,

    com as incisões verticais relaxantes divergentes para vestibular, descolamento do

    retalho mucoperiostal, incisão vertical de aproximadamente 1 cm feita no periósteodissecado na região posterior à crista zigomático-alveolar, dissecção romba do CAB,

    tração gentil do mesmo para a região do defeito, sutura à mucosa palatina livre de

    tensão, e sutura do retalho mucoperiostal na sua posição original. O tecido

    gorduroso na região da perfuração foi deixado exposto na cavidade oral.

    No relato de RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000), os

    autores descrevem a técnica cirúrgica aplicada, que constou de uma incisão

    supracrestal na região de túber, estendida através das papilas interdentais até a

    região de canino, constituindo um retalho em envelope, com posterior descolamento

    dos tecidos para permitir acesso ao CAB. Uma segunda incisão sobre o periósteo,

    permitiu a exposição e captura do tecido adiposo, que foi levado e acomodado sem

    tensão sobre a área da fístula, sendo então suturado com a mucosa palatina. O

    retalho mucoperiostal foi, então, recolocado em sua posição inicial, e sobre a área

    da perfuração foi tentado recobrir todo o tecido gorduroso.

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    ABUABARA et al. (2006) utilizaram como acesso para expor o CAB uma

    incisão horizontal vestibular na região de molares superiores. Nos casos em que não

    se tornou prontamente visível, o CAB foi mobilizado através de dissecção romba,

    tracionado com um gancho fino para alcançar a região do defeito, e suturado às

    margens da mucosa.

    2.5 REPARO TECIDUAL

    2.5.1 Aspectos Histológicos

    Amostras obtidas com 4, 10 e 18 meses pós-operatórios, de espessura

    parcial da mucosa oral na região reconstruída pelo enxerto do CAB, com 4 a 6 mm

    de espessura, revelaram achados idênticos em todos os casos. A superfície era

    formada por epitélio escamoso estratificado paraceratinizado, o estroma subepitelial

    consistia de tecido conjuntivo fibroso denso, e não foi encontrada lâmina própria ou

    submucosa (SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN, 1993).

    HANAZAWA et al. (1995) colheram pequenas amostras do tecido adiposo

    exposto na cavidade oral durante o período de cicatrização, aos 3, 7, 14 e 21 dias

    após a cirurgia em um caso. A camada superficial do tecido adiposo foi substituída

    por tecido de granulação, e finalmente coberta com epitélio estratificado escamoso

    devido à migração das margens do tecido gengival. Ao microscópio, observou-se,

    com 3 dias, que grande parte da amostra consistia em tecido adiposo parcialmente

    infiltrado com células inflamatórias. O tecido adiposo foi gradualmente substituído

    por tecido conjuntivo frouxo contendo numerosos fibroblastos e “brotos” vasculares,

    bem como células inflamatórias depois de 7 dias. Após 14 dias, a maior parte da

    amostra foi substituída por tecido de granulação com alguns “brotos” de vasos e

    células inflamatórias. Depois isso, o tecido de granulação tornou-se um tecido

    conjuntivo mais denso e maduro, e estava completamente coberto por um epitélio

    estratificado imaturo sem paraqueratina, após 21 dias.

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    Biópsias feitas após 3 meses de pós-operatório mostraram uma camada

    epitelial e tecido conjuntivo fibroso subjacente, sem a presença de tecido adiposo

    (BAUMANN e EWERS, 2000).

    2.5.2 Aspectos Clínicos

    Segundo TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT (1986), o tecido adiposo

    transportado epiteliza-se em 2 a 3 semanas.

    De acordo com o estudo de STAJCIC (1992), o corpo adiposo exposto na

    cavidade oral epitelizou-se em 3 semanas.

    A cicatrização ocorre em 2 a 3 semanas, sem a necessidade de

    procedimentos adicionais (SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN, 1993).

    Para HANAZAWA et al. (1995), as feridas epitelizam-se com sucesso em 2 a

    3 semanas no pós-operatório. Durante a cicatrização, a superfície de gordura

    exposta na cavidade oral torna-se branco-amarelada em 3 dias, gradualmente

    tornando-se avermelhada com 1 semana, devido à formação de um tecido de

    granulação jovem. Isto se transforma em um tecido de granulação firme durante a

    segunda semana, e então completa-se a epitelização, com uma pequena contração

    da ferida, na terceira semana de pós-operatório.

    Segundo MARTÍN-GRANIZO et al. (1997), em todos os 30 casos o processo

    de epitelização iniciou-se na primeira semana, e estava completo por volta de 30 a

    40 dias.

    EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999) relataram sinais de epitelização do

    CAB exposto na cavidade oral a partir do quinto dia pós-operatório, e a epitelização

    completa em três semanas em todos os casos do estudo.

    Todas as 75 feridas reportadas tornaram-se epitelizadas com sucesso em 3

    a 4 semanas de pós-operatório. Clinicamente, no curso típico do reparo, a superfície

    de gordura exposta na cavidade oral tornou-se branco-amarelada em 3 dias,

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    gradualmente tornando-se avermelhada com 1 semana, devido à formação de um

    tecido de granulação jovem. Isto se transformava em um tecido de granulação firme

    durante a segunda semana, e então completava-se a epitelização, com uma

    pequena contração da ferida, na terceira semana de pós-operatório (DOLANMAZ et

    al., 2004).

    Segundo RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000), o CAB

    epiteliza-se através do processo de metaplasia, o que ocorre geralmente num

    período de 7 a 21 dias.

    Para ABUABARA et al. (2006), a cicatrização dos 28 casos tratados com o

    CAB ocorreu, geralmente, entre 2 e 3 semanas.

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    28

    3 CASOS CLÍNICOS

    3.1 TÉCNICA CIRÚRGICA

    A técnica cirúrgica utilizada nos casos clínicos foi baseada na descrição de

    HANAZAWA et al. (1995) (ver FIGURAS 2 a 5). Após anestesia local, fez-se uma

    incisão circular com aproximadamente 3 mm de margem ao redor da comunicação,

    e o trajeto epitelial e tecido inflamatório da abertura foram removidos. Duas incisões

    relaxantes verticais divergentes em direção ao fundo de vestíbulo foram feitas a

    partir das margens mesial e distal da incisão circular, seguidas pelo descolamento

    mucoperiostal do retalho trapezoidal criado, expondo-se o processo alveolar e

    parede lateral da maxila. Através de uma incisão vertical de aproximadamente 1 cm

    de comprimento no periósteo posterior à crista zigomática-alveolar, o CAB foi

    exposto. A seguir, foi liberado por divulsão com o auxílio de uma pinça hemostática

    curva, mobilizado, gentilmente avançado sobre o defeito ósseo e preso à mucosa

    palatal através de suturas simples livres de tensões. Finalmente, o retalho

    mucoperiostal foi reposicionado em sua posição original, e suturas realizadas entre o

    corpo adiposo e o retalho bucal, de maneira que o mesmo permanecesse exposto à

    cavidade bucal.

    3.2 CASO CLÍNICO 1

    Paciente do sexo feminino, 47 anos, compareceu à clínica de triagem do

    Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Faciais –ABO/PR, relatando que “todo líquido que tomava passava para o nariz”, desde que

    extraiu um dente na arcada superior, há aproximadamente 25 dias. Após anamnese,

    exame físico e radiográfico, confirmou-se o diagnóstico de comunicação

    bucossinusal, na região do segundo molar superior direito. A paciente não

    apresentava sinais e sintomas de sinusopatias. Indicou-se, então, o fechamento

    cirúrgico da comunicação, através do enxerto pediculado do CAB (FIGURAS 6 a 17).

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    FIGURA 6 - ASPECTO INICIAL DA CBS

    FIGURA 7 - INCISÃO CIRCULAR, COM APROXIMADAMENTE 3 MM DE

    MARGEM

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    FIGURA 10 – REMOÇÃO DO TRAJETO FISTULOSO

    FIGURA 11 - RETALHO MUCOPERIOSTAL DESCOLADO

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    FIGURA 12 – EXPOSIÇÃO DO CAB

    FIGURA 13 – SUTURA DO CAB À MUCOSA PALATINA, SEM TENSÃO

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    FIGURA 14 – SUTURA DO RETALHO EM SUA POSIÇÃO ORIGINAL

    FIGURA 15 – PÓS-OPERATÓRIO DE 2 SEMANAS

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    FIGURA 16 – PÓS-OPERATÓRIO DE 3 SEMANAS

    FIGURA 17 – PÓS-OPERATÓRIO DE 3 MESES

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    FIGURA 19 – INCISÃO CIRCULAR MARGINAL

    FIGURA 20 – ASPECTO APÓS REMOÇÃO DAS MARGENS

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    FIGURA 21 – MARGENS DO DEFEITO REMOVIDAS

    FIGURA 22 – INCISÕES VERTICAIS VESTIBULARES (MESIAL E DISTAL

    AO DEFEITO)

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    FIGURA 23 – DESCOLAMENTO MUCOPERIOSTAL

    FIGURA 24 – EXPOSIÇÃO DO CAB APÓS INCISÃO DO PERIÓSTEO

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    FIGURA 25 – LIBERAÇÃO E TRACIONAMENTO DELICADO DO CAB

    FIGURA 26 – SUTURAS DO CAB À MUCOSA PALATINA E DO RETALHO

    NA POSIÇÃO ORIGINAL

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    FIGURA 27 – PÓS-OPERATÓRIO DE 1 SEMANA

    FIGURA 28 – PÓS-OPERATÓRIO DE 3 SEMANAS

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    FIGURA 29 – PÓS-OPERATÓRIO DE 2 MESES

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    4 DISCUSSÃO

    A maior causa das comunicações bucossinusais é a extração dos molares

    superiores, devido à proximidade dos ápices desses elementos com o seio maxilar

    (KILLEY e KEY, 1967; ERICSON, FINNE e PERSSON, 1973; SKOGLUND,

    PEDERSEN e HOIST, 1983). Também concordam que o maior fator etiológico são

    as exodontias de molares superiores STAJCIC (1992), EL-HAKIM e EL-

    FAKHARANY (1999) e RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000).

    Dentre os outros fatores etiológicos, SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN (1993)

    relataram 2 comunicações bucossinusais, sendo uma delas originada após

    ressecção de um carcinoma nasofaríngeo e outra após tratamento de ceratocisto na

    maxila. EGYEDI (1977) publicou 4 casos de CBS provocadas pela ressecção de

    tumores malignos. MARTÍN-GRANIZO et al. (1997), numa revisão de 30 casos de

    defeitos criados por ressecção de tumores, cistos maxilares e pós-traumáticos,

    encontraram comunicações bucossinusais e/ou buconasais em 22 casos. Para

    EPPLEY e SCAROFF (1984), as CBS podem ser causadas por diversos fatores, tais

    como cistos, tumores, outras entidades patológicas ou cirurgias menores. No estudo

    retrospectivo de ABUABARA et al. (2006), 96 das 101 CBS revisadas foram

    causadas por extrações dentárias, 3 por lesões patológicas, 1 por trauma e 1 por

    infecção periapical.

    Com relação às indicações, SCHUSCHARDT (1995) afirma que, se uma

    comunicação apresenta diâmetro inferior a 2 mm, o fechamento se dá de maneira

    espontânea, e quando o defeito é maior que 3 mm, a abertura freqüentemente

    persiste, quando não tratada, principalmente se está presente um processo

    inflamatório no seio maxilar ou região periodontal. ABUABARA et al. (2006)

    indicaram como melhor escolha de tratamento a sutura das margens para as

    comunicações de 3 a 5 mm de diâmetro, e o enxerto pediculado do corpo adiposo

    bucal para os defeitos maiores que 5 mm de diâmetro. HANAZAWA et al. (1995),

    EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999) e DOLANMAZ et al. (2004) afirmam que a

    técnica pode ser indicada como primeira escolha para o tratamento das CBS.

    STAJCIC (1992), HANAZAWA et al. (1995), EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999),

    BAUMANN e EWERS (2000) e DOLANMAZ et al. (2004) consideram a técnica

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    eficiente também para casos de retratamentos após insucessos de outras técnicas.

    Para STAJCIC (1992) e HANAZAWA et al. (1995), esta técnica é bem indicada nos

    casos em que a mucosa da região alveolar vestibular e palatina encontram-se

    danificadas.

    O uso do CAB como enxerto pediculado deve ser contra-indicado para

    pacientes com hipoplasia de malar, portadores de síndrome de Down e pacientes

    com pouco volume de tecido na região da bochecha (EL-HAKIM e EL-FAKHARANY,

    1999; DOLANMAZ et al., 2004).

    Utilizando a técnica do enxerto pediculado do corpo adiposo bucal, EGYEDI

    (1977) descreveu 4 casos com 100% de sucesso. STAJCIC (1992) relatou sucesso

    em 100% dos casos no fechamento de 56 comunicações, apesar de algumas

    complicações, tais como: 2 necroses parciais, 7 granulações excessivas e 3

    herniações. BAUMANN e EWERS (2000) também obtiveram sucesso em todos os

    12 casos de fístulas bucossinusais, das quais 7 eram retratamentos após insucesso

    da técnica de avanço de retalho bucal. DOLANMAZ et al. (2004) obtiveram 100% de

    sucesso em 75 casos de comunicações bucossinusais, das quais 52 eram agudas e

    23 crônicas, sendo 6 destas casos de insucesso de outras tentativas de fechamento.ABUABARA et al. (2006) relataram 100% de sucesso nos 28 casos de CBS

    tratados, sem nenhuma complicação. Já os autores SAMMAN, CHEUNG e

    TIDEMAN (1993), HANAZAWA et al. (1995) e TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT

    (1986) relataram insucesso em apenas um caso, de um total de, respectivamente,

    29, 14 e 12 casos.

    STAJCIC (1992) cita como vantagens da técnica do enxerto pediculado a

    preservação da profundidade de vestíbulo, a rica vascularização e o fácil acesso

    cirúrgico. HANAZAWA et al. (1995) afirmam que a manutenção da profundidade de

    vestíbulo no pós-operatório e a alta taxa de sucesso são vantagens desta técnica. Já

    EL-HAKIM e EL-FAKHARANY (1999) concordam que o método evita a perda de

    profundidade do vestíbulo e preserva a arquitetura da mucosa oral. Para MARTÍN-

    GRANIZO et al. (1997), trata-se de uma técnica simples e rápida, com baixa

    incidência de complicações e de grande previsibilidade pós-operatória. BAUMANN e

    EWERS (2000) consideram o CAB um retalho ideal devido à fácil mobilização, ao

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    excelente suprimento sangüíneo e à mínima morbidade da área doadora.

    ABUARARA et al. (2006) consideram um método fácil, simples e bem tolerado, e

    acreditam que a alta taxa de sucesso pode ser explicada pela abundante

    vascularização do CAB. EGYEDI (1977), STAJCIC (1992), MARTÍN-GRANIZO et al.

    (1997) e BAUMANN e EWERS (2000) afirmam que o uso do CAB não causa

    alterações estéticas no volume da bochecha.

    EGYEDI (1977) foi o primeiro autor a descrever o uso do enxerto pediculado

    do CAB para o fechamento de comunicações bucossinusais, em que acreditava na

    necessidade de recobrir o tecido adiposo transportado para o defeito com um

    enxerto de pele. TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT (1986) foram, então, os

    primeiros a publicar o uso desta técnica para reconstruir defeitos na cavidade oral,

    deixando o tecido adiposo exposto à cavidade oral. As técnicas cirúrgicas para

    acesso ao CAB e obtenção do enxerto pediculado, publicadas a partir deste estudo,

    apresentam-se bastante semelhantes em seus princípios. Basicamente, os autores

    descrevem a remoção do tecido epitelial e inflamatório das margens e do trajeto

    fistuloso, a confecção de um retalho trapezoidal mucoperiostal vestibular, expondo o

    processo alveolar e a parede lateral da maxila. Através de uma pequena incisão no

    periósteo posterior à região de primeiro molar, o CAB é exposto e liberado através

    de divulsão cautelosa dos tecidos, e tracionado delicadamente em direção ao

    defeito, podendo ser auxiliado por uma pressão externa na bochecha. Através de

    suturas livres de tensão, o tecido adiposo é preso à mucosa palatina e o retalho

    mucoperiostal reposicionado em sua posição original (STAJCIC, 1992; HANAZAWA

    et al.,1995; EL-HAKIM e EL-FAKHARANY, 1999 e DOLANMAZ et al., 2004). RALDI,

    SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000) e ABUARARA et al. (2006) apesar

    de seguirem praticamente os mesmos princípios cirúrgicos, apresentaram algumas

    particularidades. RALDI, SARDINHA e ALBERGARIA-BARBOSA (2000)

    preconizaram uma incisão supracrestal e intra-sulcular da região de túber a canino,

    criando um retalho em envelope e, ao suturar o retalho em sua posição inicial,

    tentaram recobrir todo o tecido gorduroso na área da perfuração. Já ABUABARA et

    al. (2006) utilizaram uma horizontal vestibular na região de molares superiores para

    acessar o CAB.

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    Apesar de realizarem estudos do reparo tecidual na região do enxerto

    pediculado do CAB em diferentes períodos pós-operatórios, as análises histológicas

    sempre evidenciaram a formação de tecido epitelial na superfície, com tecido

    conjuntivo subjacente e a ausência de células adiposas (SAMMAN, CHEUNG e

    TIDEMAN, 1993; HANAZAWA et al., 1995; BAUMANN e EWERS, 2000).

    HANAZAWA et al. (1995) descrevem que a camada superficial do tecido adiposo é

    substituída por tecido de granulação, que é coberto com epitélio estratificado

    escamoso devido à migração das margens do tecido gengival. Até a terceira

    semana, o tecido de granulação torna-se um tecido conjuntivo denso e maduro,

    completamente coberto por epitélio estratificado imaturo sem paraqueratina. Já

    SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN (1993), com biópsias realizadas aos 4, 10 e 18meses pós-operatórios, evidenciaram a presença de epitélio escamoso estratificado

    paraceratinizado, com tecido conjuntivo subjacente denso.

    Quanto às características clínicas do reparo, os autores são praticamente

    unânimes ao afirmar que o tecido adiposo transportado epiteliza-se completamente

    por volta da terceira semana (TIDEMAN, BOSANQUET E SCOTT, 1986; STAJCIC,

    1992; SAMMAN, CHEUNG e TIDEMAN, 1993; HANAZAWA et al., 1995; EL-HAKIM

    e EL-FAKHARANY, 1999; DOLANMAZ et al., 2004; RALDI, SARDINHA e

    ALBERGARIA-BARBOSA, 2000 e ABUARARA et al., 2006). HANAZAWA et al.

    (1995) e DOLANMAZ et al. (2004) concordam plenamente ao descrever o curso

    clínico do reparo, em que a superfície da gordura exposta torna-se branco-

    amarelada em 3 dias, gradualmente tornando-se avermelhada com 1 semana,

    devido à formação de um tecido de granulação jovem. Transforma-se em um tecido

    de granulação firme durante a segunda semana e, então, completa-se a

    epitelização, com uma pequena contração da ferida, na terceira semana de pós-

    operatório.

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    5 CONCLUSÃO

    De acordo com a revisão da literatura realizada a respeito do fechamento de

    comunicações bucossinusais utilizando enxerto pediculado do corpo adiposo bucal,

    é possível concluir que:

    1- as comunicações bucossinusais são de ocorrência comum e causadas,

    principalmente, por exodontias de molares superiores;

    2- trata-se de uma técnica simples, com baixa morbidade, baixa incidência

    de complicações e alto índice de sucesso;

    3- pode ser indicada como primeira escolha de tratamento, principalmente,em comunicações bucossinusais maiores que 5 mm de diâmetro;

    4- é uma excelente indicação para retratamento em casos de insucesso de

    outras técnicas.

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    REFERÊNCIAS

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    BAUMANN, A.; EWERS, R. Application of buccal fat pad in oral reconstruction. JOral Maxillofac Surg, v. 58, p. 389-392, 2000.

    DOLANMAZ, D. et al. Use of pedicled buccal fat pad in the closure of oroantralcommunication: analysis of 75 cases. Quintessence Int, v. 35, p. 241-246, 2004.

    DUBRUL, E. L. Anatomia Oral de Sicher e Dubrul. 8. ed. São Paulo: ArtesMédicas, 1991.

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    EL-HAKIM, I. E.; EL-FAKHARANY, A. M. The use of the pedicled buccal fat pad(BFP) and palatal rotating flaps in closure of oroantral communication and palataldefects. J Laryngol Otol, v. 113, p. 834-838, 1999.

    EPPLEY, B.; SCAROFF, A. Oro-nasal fistula secondary to maxillary augmentation.Int J Oral Surg, v. 13, p. 535-538, 1984.

    ERICSON, S.; FINNE, K.; PERSSON, G. A clinical-radiographic review of treatedoro-antral communications. Int J Oral Surg, v. 2, p. 185-191, 1973.

    GAUGHRAN, G. R. L. Fasciae of the mastigator space. Anat Rec, v. 129, p. 383-400, 1957.

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    KILLEY, H. C.; KEY, L. W. An analysis of 250 cases of oro-antral fistula treated by

    buccal flap operation. Oral Surg Oral Med Oral Path, v. 24, p. 726-739, 1967.

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    MARTÍN-GRANIZO, R. et al. Use of buccal fat pad to repair intraoral defects: Reviewof 30 cases. Br J Oral Maxillofac Surg, v. 35, p. 81-84, 1997.

    PUTZ, R.; PABST, R. Sobotta: Atlas of human anatomy. 12. ed. Dipl. Inf.-Wiss,1998. 1 CD-ROM.

    RALDI, F. V.; SARDINHA, S. C. S.; ALBERGARIA-BARBOSA, J. R. Fechamento decomunicação bucossinusal usando enxerto pediculado com corpo adiposo bucal.BCI, v. 7: p. 60-63, abr./jun. 2000.

    SAMMAN, N.; CHEUNG, L. K.; TIDEMAN, H. The buccal fat pad in oralreconstruction. Int J Oral Maxillofac Surg, v. 22, p. 2-6, 1993.

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    STAJCIC, Z. The buccal fat pad in the closure of oro-antral communications: A studyof 56 cases. J Craniomaxillofac Surg, v. 20, p. 193-197, 1992.

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