5
Lê atentamente o excerto transcrito do conto A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho e responde, depois, de forma completa, clara e correcta às questões que se seguem: Ao mouro, aquela peonagem toda não se afigurou particularmente ameaçadora, tanto mais que a turba circundante, de estranhas vestimentas vestida, não parecia exibir armas de qualquer natureza. De maneira que lbn-Muftar optou por manobrar cautelosamente no pouco espaço ao dispor. Com alguns sinais do alfange fez que um ou dois esquadrões formassem, com dificuldade, no parque de estacionamento do Areeiro, e uma falange de gente de pé se arrumasse no terreiro da estação de serviço do lado contrário, enquanto o grosso da tropa ocupava a placa central relvada. Decidiu não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe vinham de dentro dos objectos metálicos com rodas que havia por toda a parte, nem com as caras que o fitavam por detrás de um estranho material transparente. Se era uma encantação, melhor era deixar que passasse - segredou para ben- Yussuf que lhe respondeu, desconfiado e muito pálido: - inch Allah! Manuel da Silva Lopes, que conduzia um daqueles irritantes camiões carregados de grades de cerveja que a Providência encarregou de ensarilhar os trânsitos em Lisboa, resolveu em má hora abandonar o volante, apear-se, e, decerto enciumado pela concorrência, apontar um calhau miúdo que foi ecoar no broquel do beduíno Mamud Beshewer que, por ainda não ter acordado de tudo isto, era um dos mais quietos da tropa. Desprezivamente, Ibn-Muftar deu uma ordem e logo vinte archeiros enristaram os arcos, apontaram aos céus, e expediram, com um zunido tenso, uma saraivada de setas, que obrigou toda a gente a meter- se nos automóveis e a procurar refúgio nas portadas dos prédios ou atrás dos camiões. Veio do Areeiro um grande apupo, desta vez convicto, em uníssono. Ora foi este clamor que o comissário Nunes, recém-chegado à Alameda D. Afonso Henriques, à frente dos seus pelotões de choque, interpretou mal. Aí estava a assuada, o arruído, considerou o comissário. Era, uma vez mais, a canalha a desafiar a polícia. - Toca a varrer isto tudo até ao Areeiro - disse. E, puxando do apito, pôs a equipa em acção, à bastonada, a eito, por aqui e por além. Aquilo não era uma pouca de gente que se varresse assim sem mais nem ontem, de modo que os pelotões da Polícia de Intervenção progrediam com dificuldade e só conseguiram chegar ao Areeiro algum tempo depois, após muita cabeça partida e duas baixas nas suas hostes, de agentes que tinham sido sabiamente atraídos a vãos de escadas por populares mais expeditos. Expulsa parte da multidão para o Bairro dos Actores, no meio de uma tremenda algazarra, o comissário Nunes, ofegante, reagrupou os seus homens na Praça do Areeiro, em cima da placa relvada, com grande prejuízo das dálias e hortênsias ali plantadas. in A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, Mário de Carvalho Ficha de Avaliação de Língua Portuguesa – 8º Ano Nome:__________________________Nº:___Turma:___Data:___/____/____ Avaliação:________________________ Ass./comentário do Prof.: ___________ _________________________________ _________________________________ Auto-avaliação do aluno: Achei o teste fácil difícil muito difícil Porque: estudei não estudei não prestei atenção nas aulas Outra razão:___________________________________________________________ Ass. E. E.:______________________________________________________________

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Lê atentamente o excerto transcrito do conto A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho e responde,

depois, de forma completa, clara e correcta às questões que se seguem:

Ao mouro, aquela peonagem toda não se afigurou particularmente ameaçadora, tanto mais que a

turba circundante, de estranhas vestimentas vestida, não parecia exibir armas de qualquer natureza. De maneira que lbn-Muftar optou por manobrar cautelosamente no pouco espaço ao dispor.

Com alguns sinais do alfange fez que um ou dois esquadrões formassem, com dificuldade, no parque de estacionamento do Areeiro, e uma falange de gente de pé se arrumasse no terreiro da estação de serviço do lado contrário, enquanto o grosso da tropa ocupava a placa central relvada. Decidiu não se deixar impressionar com os trejeitos pouco amistosos que lhe vinham de dentro dos objectos metálicos com rodas que havia por toda a parte, nem com as caras que o fitavam por detrás de um estranho material transparente. Se era uma encantação, melhor era deixar que passasse - segredou para ben-Yussuf que lhe respondeu, desconfiado e muito pálido: - inch Allah!

Manuel da Silva Lopes, que conduzia um daqueles irritantes camiões carregados de grades de cerveja que a Providência encarregou de ensarilhar os trânsitos em Lisboa, resolveu em má hora abandonar o volante, apear-se, e, decerto enciumado pela concorrência, apontar um calhau miúdo que foi ecoar no broquel do beduíno Mamud Beshewer que, por ainda não ter acordado de tudo isto, era um dos mais quietos da tropa.

Desprezivamente, Ibn-Muftar deu uma ordem e logo vinte archeiros enristaram os arcos, apontaram aos céus, e expediram, com um zunido tenso, uma saraivada de setas, que obrigou toda a gente a meter-se nos automóveis e a procurar refúgio nas portadas dos prédios ou atrás dos camiões. Veio do Areeiro um grande apupo, desta vez convicto, em uníssono.

Ora foi este clamor que o comissário Nunes, recém-chegado à Alameda D. Afonso Henriques, à frente dos seus pelotões de choque, interpretou mal. Aí estava a assuada, o arruído, considerou o comissário. Era, uma vez mais, a canalha a desafiar a polícia.

- Toca a varrer isto tudo até ao Areeiro - disse. E, puxando do apito, pôs a equipa em acção, à bastonada, a eito, por aqui e por além.

Aquilo não era uma pouca de gente que se varresse assim sem mais nem ontem, de modo que os pelotões da Polícia de Intervenção progrediam com dificuldade e só conseguiram chegar ao Areeiro algum tempo depois, após muita cabeça partida e duas baixas nas suas hostes, de agentes que tinham sido sabiamente atraídos a vãos de escadas por populares mais expeditos. Expulsa parte da multidão para o Bairro dos Actores, no meio de uma tremenda algazarra, o comissário Nunes, ofegante, reagrupou os seus homens na Praça do Areeiro, em cima da placa relvada, com grande prejuízo das dálias e hortênsias ali plantadas.

in A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, Mário de Carvalho

Ficha de Avaliação de Língua Portuguesa – 8º Ano

Nome:__________________________Nº:___Turma:___Data:___/____/____

Avaliação:________________________

Ass./comentário do Prof.: ___________

_________________________________

_________________________________

Auto-avaliação do aluno: Achei o teste fácil difícil muito difícil

Porque: estudei não estudei não prestei atenção nas aulas

Outra razão:___________________________________________________________

Ass. E. E.:______________________________________________________________

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I Grupo

1. Tendo em atenção o conto integral que estudaste nas aulas, assinala com V (verdadeiro) ou F (Falso) as afirmações que se seguem:

V/ F a) Clio, a musa da poesia, foi quem provocou toda a confusão.

b) O chefe árabe chamava-se Ibn-el-Muftar e era um bom líder.

c) Os automobilistas pensavam que se tratava de um anúncio ou de um filme.

d) Clio quando acordou, apercebendo-se do seu erro, desenlaçou os fios e borrifou os homens com água do rio Letes, o rio do esquecimento.

e) Como castigo, Clio ficou proibida de provar o manjar dos deuses durante trezentos anos.

f) Ibn-el-Muftar e a sua tropa árabe decidiram, na mesma, atacar Lisboa, apesar de acharem aquela experiência um mau presságio.

2. Neste conto, há uma amálgama de datas e personagens de épocas distintas.

2.1 Indica as datas que foram amalgamadas, assinalando com uma cruz a opção correcta.

dez de Junho de 1143 / dez de Setembro de 1885;

cinco de Junho de 1248 / trinta de Setembro de 1986;

quatro de Junho de 1148 / vinte e nove de Setembro de 1984.

2.2 Refere quem provocou esta situação e como a provocou? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Caracteriza Ibn-el-Muftar, tendo em conta o excerto acima transcrito. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3.1 Assinala qual o processo de caracterização predominante:

caracterização directa.

caracterização indirecta.

4. Transcreve do texto as expressões utilizadas pelo árabe Ibn-el-Muftar para designar o vidro e os automóveis.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Tendo em atenção o excerto, indica quem desencadeou a luta e de que maneira. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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6. Explica como reagiu o chefe do exército árabe a tal ataque. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Às movimentações do exército árabe, os automobilistas respondem com insultos.

7.1 Retira do texto uma expressão que justifique esta afirmação. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Perante a situação inesperada em que se viram envolvidas, as personagens colocaram diferentes

hipóteses para explicarem aquilo que presenciavam, de acordo com o tempo em que viviam. 8.1 Indica as hipóteses colocadas pelo chefe árabe, Ibn-el-Muftar, e o comissário Nunes para

explicar o que cada um deles estava a ver. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. O comissário Nunes para resolver a situação difícil com que se deparou “pôs a equipa em acção, à

bastonada, a eito, por aqui e por além.” 9.1 Concordas com o seu procedimento? Justifica a tua opinião.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Classifica o narrador do excerto, quanto à sua posição.

Justifica a tua opinião com exemplos do texto. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11.Identifica os recursos expressivos presentes nas seguintes transcrições:

Narrador objetivo Narrador subjetivo

a.“…objetos metálicos com rodas…” ____ metáfora b.“…zunido intenso…” ____onomatopeia

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II Grupo

1. Depois de localizares as palavras no texto, selecciona para cada uma o sinónimo correcto:

a) peonagem (l.1) espiões peões

b) turba (l.2) multidão tropa

c) trejeitos (l.7) gestos gritos

d) beduíno (l.14) animal carnívoro árabe do deserto

2. Indica o significado das expressões destacadas, colocando uma cruz na hipótese correcta.

2.1 O comissário Nunes quis “varrer” aquilo tudo. ______ a) Tirar o lixo. ______ b) Desatar à vassourada. ______ c) Tirar toda a gente dali.

2.2 Mas isso não era coisa que se fizesse “sem mais nem menos”. ______ a) Sem os meios necessários. ______ b) Facilmente. ______ c) Sem calculadora.

3. Completa a classificação morfológica das seguintes palavras:

3.1 Clio é um _______________ (classe); _________________(subclasse). 3.2 Acordou é uma forma do _______________(classe) acordar, no _____________________ (tempo)

do ____________________ (modo).

4. Classifica sintacticamente as expressões sublinhadas:

a) Ibn-el-Muftar, chefe autoritário, organizou o exército. Atributo

b) Clio tinha os cabelos louros. Sujeito simples

c) Um camionista ficou enciumado com os acontecimentos. Aposto

d) Dirigiu-se ao capitão de mão no peito. Predicativo do Sujeito

e) Neste momento, a deusa Clio acordou. Complemento indireto

5. Preenche os espaços com os verbos propostos no tempo e modo indicado.

Cautelosamente, os sete homens, de dedo no gatilho, talvez _______________ (querer no Pretérito Imperfeito do Conjuntivo) aproximar-se da mourama.

Nessa ocasião, Ibn-el-Muftar e o seu estado maior___________________ (descer – no Pretérito Imperfeito do Indicativo) a Avenida para observar o estado geral do exército. Qual não foi o seu espanto, quando _______________(encarar – no Pretérito Perfeito do Indicativo) com a embaixada do capitão Soares que, à cautela, __________________ (acenar – no Pretérito Imperfeito do Indicativo) com um trapo branco, emprestado pelos locatários de um rés-do-chão da vizinhança.

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III Grupo

Escolhe apenas um dos temas e escreve um texto com 140 a 200 palavras: A) A deusa Clio estava realmente cansada e demorou mais um pouco a acordar!

Imagina o diálogo entre Ibn-el-Muftar e o capitão Soares. Se bem te lembras, começava assim:

Ibn-el-Muftar – Salam Aleikum. Capitão Soares – Aleikum Salam. B) Depois de todas as peripécias por que passaram, Ibn-el-Muftar e os seus soldados

regressaram à sua terra natal e às suas casas. Porém, a Deusa Clio esqueceu-se de salpicar um dos soldados com a água do rio Letes, fazendo com que este se lembrasse de tudo. Imagina o que ele terá contado aos seus parentes e amigos.

Dá asas à tua imaginação! ________________________________________________________________________________

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Bom Trabalho!