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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Ações Pedagógicas para o Ensino e Aprendizagem de Matemática
Autor Maria Adorno Kendrick
Escola de Atuação Colégio Estadual Unidade Pólo Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Maringá
Núcleo Regional de Educação Maringá
Orientador Lilian Akemi Kato
Instituição de Ensino Superior UEM – Universidade Estadual de Maringá
Disciplina/Área Matemática
Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Professores
Localização Colégio Estadual Unidade Pólo Ensino Fundamental e Médio. Av.Sophia Rasgulaeff, 885 - Maringá – Paraná
Apresentação:
O principal objetivo desta proposta é articular aspectos metodológicos e teóricos que fundamentam concepções de Modelagem Matemática existentes na comunidade brasileira de educadores matemáticos e, com base nestes aspectos, delinear possíveis contribuições educacionais dessas concepções, destacando contribuições que o “fazer modelagem” oferece para o ensino e aprendizagem nas aulas de Matemática.
Esta etapa será desenvolvida nos molde de mini-curso, destina-se aos professores de matemática da escola e a outros professores da rede, interessados em trabalhar com Modelagem Matemática em suas aulas.
Compõe-se em duas etapas, enfatizando a influencia positiva da Modelagem Matemática no processo de ensino e aprendizagem de conceitos matemáticos: Exposição teórica do assunto: a princípio será colocado ao grupo o objetivo do trabalho e as informações necessárias para que a proposta tenha êxito. Com este intuito faremos a exposição oral sobre as idéias básicas que envolvem o tema em questão (modelagem matemática). Ao fazer essa discussão estaremos interessados na introdução e / ou esclarecimento do conceito de Modelagem Matemática. Em suma, espera-se que os participantes interiorizem a idéia do “fazer modelagem” na sala de aula e a partir daí tenham motivação para apreciar o valor dessa prática.
Experiência prática: os cursistas serão divididos em grupos e terão a oportunidade de vivenciarem algumas experiências de modelagem matemática. O trabalho será completado por uma reflexão sobre as potencialidades da utilização da Modelagem Matemática como alternativa de ensino e aprendizagem dos conceitos matemáticos.
Palavras-chave Ensino/Aprendizagem; Modelagem Matemática; Cidadania
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APRESENTAÇÃO
Esta produção didática trata-se das ações a serem implementadas na Escola
Estadual Unidade Pólo Ensino Fundamental e Médio, em Maringá como cumprimento
da terceira etapa do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, desenvolvido
como capacitação continuada aos professores da rede pública de ensino fundamental e
médio do Estado do Paraná.
Este caderno pedagógico foi desenvolvido em parceria com a universidade
Estadual de Maringá – UEM, na área de matemática, sob a orientação da Professora
Dra. Lilian Akemi Kato, e tem como objeto de estudo o tema: O desenvolvimento de
conceitos matemáticos por meio da modelagem matemática: uma contribuição para a
formação da cidadania.
O principal objetivo desta proposta é articular aspectos metodológicos e teóricos
que fundamentam concepções de Modelagem Matemática existentes na comunidade
brasileira de educadores matemáticos e, com base nestes aspectos, delinear possíveis
contribuições educacionais dessas concepções, destacando contribuições que o “fazer
modelagem” oferece para o ensino e aprendizagem nas aulas de Matemática.
Esta etapa será desenvolvida nos molde de mini-curso, destina-se principalmente
aos professores de matemática da escola e a outros professores da rede, interessados em
trabalhar com Modelagem Matemática em suas aulas.
O presente mini-curso compõe-se em duas etapas, enfatizando a influencia
positiva da Modelagem Matemática no processo de ensino e aprendizagem de conceitos
matemáticos:
Exposição teórica do assunto: a princípio será colocado ao grupo o objetivo do
trabalho e as informações necessárias para que a proposta tenha êxito. Com este intuito
faremos a exposição oral sobre as idéias básicas que envolvem o tema em questão
(modelagem matemática). Ao fazer essa discussão estaremos interessados na introdução
e / ou esclarecimento do conceito de Modelagem Matemática. Em suma, espera-se que
os participantes interiorizem a idéia do “fazer modelagem” na sala de aula e a partir daí
tenham motivação para apreciar o valor dessa prática.
Experiência prática: os cursistas serão divididos em grupos e terão a oportunidade
de vivenciarem algumas experiências de modelagem matemática. O trabalho será
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completado por uma reflexão sobre as potencialidades da utilização da Modelagem
Matemática como alternativa de ensino e aprendizagem dos conceitos matemáticos.
A avaliação final da atividade desenvolvida será escrita, abordando os assuntos
trabalhados, tendo como objetivo avaliar o conhecimento alcançado com a proposta; um
questionário direcionado aos participantes com o objetivo de verificar a aprovação ou
não dos mesmos quanto à utilização da “Modelagem Matemática”, bem como verificar
se os objetivos do projeto foram atingidos.
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INTRODUÇÃO
Os problemas na aprendizagem de Matemática que são apontados pelos órgãos
governamentais, por meio das provas do Sistema Nacional de Avaliação (saeb) e Prova
Brasil não são novos.
De geração a geração a Matemática ocupa o posto de disciplina mais difícil
dentre as demais Ciências, por isso antes de falar em dificuldades de aprendizagem em
Matemática é necessário verificar se o problema não está na metodologia utilizada o que
talvez tenha tornado difícil a sua compreensão pelos estudantes.
As dificuldades de aprendizagem bem como as deficiências no ensino de
Matemática constituem, já há algum tempo, motivos de preocupação para os estudiosos
cujas investigações são dedicadas às questões inerentes à aplicação de metodologias no
ensino da Matemática.
Sabe-se que a matemática desempenha papel decisivo ao permitir, na formação
do cidadão, o desenvolvimento de habilidades importantes no raciocínio lógico
dedutivo, interferindo na capacitação intelectual e estrutural do pensamento.
No entanto torna-se cada vez mais difícil motivar alunos para uma ciência longe
da sua realidade, não é sem razão que a Modelagem Matemática tem ganhado espaço
nas aulas como um elemento motivador de grande importância para o aprendizado da
matéria, revelando aos educandos a interação que existe entre as diversas ciências.
O interesse pela Matemática pode ser construído, alicerçado e desenvolvido pelo
aluno por meio de atividades que lhe despertem o interesse em aprender, fazendo
relações do que ele vê dentro da escola com o que ele já conhece fora da escola. Assim,
o aluno associa o que aprende ao seu convívio sócio-cultural.
O professor, munido da linguagem adequada, pode gradativamente levar seus
alunos a elevados níveis de conhecimento matemático e a uma utilização sistemática
desse conhecimento.
O aprendizado da matemática deve, ter como um dos objetivos, contribuir na
formação da cidadania. A sua evolução está associada à inserção do indivíduo, no
mundo do trabalho, no da cultura e no das relações sociais, a matemática tem como
objetivo promover uma educação que coloque o aluno em contato com desafios que
possa desenvolver soluções com responsabilidade, compreensão das informações as
quais representam relações importantes com outras áreas do conhecimento e facilitam
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no aprendizado de várias outras ciências e conteúdos, como: física, química, biologia,
sociologia, psicologia, artes etc.
E para que todos esses conhecimentos sejam interiorizados pelos alunos, é
preciso que se utilizem estratégias que facilitam a compreensão matemática.
A matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão ao desenvolver
metodologias que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa
de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia
advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios.
A contribuição do professor de matemática na formação do cidadão, se
consolida na medida em que o professor consiga garantir aos alunos a apropriação dos
conteúdos matemáticos que lhes são relevantes como ferramentas a serem utilizadas na
sua prática social, e no atendimento de seus interesses e necessidades, portanto cabe ao
professor repensar a todo o momento o seu trabalho questionando os valores que tem
desenvolvido em seus alunos, sendo assim deve estar preparado, metodologicamente
para atender a esta exigência que basicamente tratam de mudanças essenciais para o
interesse e o desenvolvimento matemático do aluno.
Ao utilizar a Modelagem Matemática como uma estratégia de ensino, o
professor tem a possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais favoráveis do
aluno diante do conhecimento matemático.
Partindo desse entendimento, um dos argumentos de utilizar a modelagem no
ensino de matemática, trata-se do poder motivador que promove o despertar do interesse
do aluno em estudar o conteúdo matemático que lhe está sendo ensinado, e permite
também estabelecer conexões com outras ciências e várias outras manifestações
culturais.
A modelagem Matemática permite que o aluno perceba que os conteúdos e
conhecimentos com os quais se depara na escola podem ser relacionados com a
realidade vivida fora da escola, possibilitando a prática reflexiva e crítica do aluno.
Assim por meio da resolução de problemas reais e utilizando-se da matemática, a
modelagem possibilita o exercício da cidadania pelo indivíduo, à medida que situações
do seu meio social sejam problematizados junto a eles, e delas extrair lições que os
levem à construção do conhecimento matemático como instrumento de leitura e ação no
mundo.
A Modelagem Matemática vêm se configurando de forma altamente
significativa para as aulas de matemática e no processo de ensino-aprendizagem.
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Ressaltando sua importância central em função de seu caráter de atividades de
formulação e resolução de problemas para o desenvolvimento de idéias e conceitos
matemáticos.
Considerando esses fatos, este projeto propõe estudo e reflexão como formação
continuada, a fim de contribuir e tentar esclarecer a indagação:
Como os professores poderiam utilizar a modelagem matemática para aprimorar
suas aulas?
OBJETIVOS
Geral
Contribuir para a formação continuada dos professores, por meio de atividades
que favoreçam o desenvolvimento de conceitos matemáticos juntamente com a
interdisciplinaridade envolvendo outras áreas do conhecimento para que sirva de
instrumento de compreensão e análises de determinadas situações contextuais.
Específicos
Desenvolver ações de cunho pedagógico, de forma a fornecer subsídios aos
professores que atuam no ensino básico.
• Organizar atividades de Modelagem Matemática que possam ser utilizadas por
professores nas aulas de matemática visando à promoção da aprendizagem de
conceitos matemáticos além de gerar espaços de reflexão acerca da metodologia.
• Disseminar, entre os professores que atuam no ensino de Matemática na
educação básica, a proposta da modelagem matemática no ensino visando à
melhoria da aprendizagem matemática por meio de mini curso, utilizando parte
da hora atividade ou em contra turnos.
• De acordo com a Lei Estadual nº 13.807/2002 que regulamenta a hora-
atividade, no Paraná, este é o período em que o professor que desempenha
funções da docência, tem reservado para estudos, planejamento, preparação de
aulas, dentre outras atividades inerentes ao trabalho docente. Tendo em vista que
em sua proposição a lei define a hora-atividade também como espaço para
estudo, é que propomos como espaço de formação continuada no local de
trabalho.
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UM BREVE HISTÓRICO DA MODELAGEM NA EDUCAÇÃO MATEMÁT ICA
A modelagem Matemática está na vida do homem desde os tempos remotos, ao
utilizar conhecimentos matemáticos para modelar e resolver situações problemáticas
com as quais se deparava.
A manifestação da modelagem também ocorreu através dos grandes cientistas
que produziram famosos modelos ao longo da História. Alguns exemplos:
1) Tales de Mileto (639 – 568 aC.), filósofo grego, surpreende os egípcios
utilizando semelhança de triângulos para calcular a altura das pirâmides a partir da
sombra por elas projetadas.
2) Pitágoras (570 -500 aC.), filósofo grego, elaborou um modelo matemático
para a música, no qual observou o comprimento das cordas vibratórias que produzem
ondas sonoras em mútua harmonia.
3) Platão (427 – 347 aC.), filósofo grego, formulou um modelo que propôs
movimentos regulares e ideais para o firmamento. Ele também elaborou um modelo
para representar o universo que era baseado no dodecaedro.
4) Eudóxio (400 – 350 aC.), matemático e filósofo grego, elaborou um
modelo geométrico, com movimentos circulares e uniformes, para representar os
fenômenos celestes, no qual a Terra ocupa a posição central do universo.
5) Euclides (325 – 265), matemático egípcio, reúne os conhecimentos
geométricos da época para criar um modelo de organização formal da matemática, que é
apresentado na coleção “Os Elementos”.
6) Arquimedes (287 – 212 aC.), matemático e físico grego, cria um modelo
que combina as deduções matemáticas com os resultados das experiências, permitindo-o
descobrir as leis fundamentais da estática, como por exemplo, o princípio da alavanca e
da balança.
7) Eratóstenes (276 – 196 aC.), matemático e filósofo grego, criou um
modelo matemático para calcular a circunferência da Terra.
8) Galileu Galilei ( 1564 – 1642), matemático e físico italiano, elabora
modelos para a queda dos corpos e para o movimento parabólico dos projéteis.
9) René Descartes (1578 – 1650), físico, matemático e filósofo francês,
elaborou um modelo no qual ele reconhece as relações entre as equações algébricas e os
lugares geométricos. Neste contexto, a álgebra torna-se aplicável aos problemas
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geométricos e a representação geométrica fornece à álgebra, uma característica gráfica
concreta.
10) Isaac Newton ( 1642 – 1726), matemático e filósofo inglês, descobriu o
cálculo e elaborou a teoria gravitacional universal.
Neste contexto a modelagem matemática pode ser encontrada desde que as
Ciências começaram a se desenvolver, e alguns conceitos matemáticos como os de
geometria, função, probabilidade, matrizes, trigonometria e números complexos,
originaram-se de modelos que foram deflagrados a partir de uma determinada realidade.
Como afirmado anteriormente, a Modelagem Matemática é muito antiga, existe
desde os tempos mais primitivos. Porém, a Modelagem Matemática no ensino de
Matemática é mais recente.
Nas últimas três décadas, a modelagem vem ganhando “espaço” em diversos
países, nas discussões sobre ensino e aprendizagem, com posicionamentos a favor e
contra sua utilização como estratégia de ensino de Matemática. No Brasil, a
consolidação e a difusão se efetuaram por vários professores, em particular, pelo
professor Rodney Bassanezi, da Unicamp de Campinas – SP e seus
orientandos.(Biembengut & Hein, 2007, p.7).
De acordo com Bassanezi (2004) e Burak (1987), o primeiro curso realizado
com Modelagem Matemática no Brasil aconteceu em 1983, no programa de
aperfeiçoamento de professores na Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras
de Guarapuava – FAFIG, hoje Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO.
Esse curso foi ministrado por professores do Instituto de Matemática, Estatística e
Computação Científica _ IMECC, da Universidade Estadual de Campinas _
UNICAMP, dentre eles o professor Dr. Rodney Carlos Bassanezi.
Os resultados desse curso serviram de base para a realização de cursos em várias
outras Instituições de Ensino espalhadas pelo país. No entanto, os primeiros artigos e
dissertações que tratam a Modelagem Matemática como uma alternativa para o ensino
de Matemática só foram publicados a partir de 1986.
No âmbito da Matemática aplicada, a modelagem constitui-se numa metodologia
de pesquisa que auxilia diversas áreas do conhecimento como: Biologia, Geografia,
Economia, Engenharia e outros (Biembengut & Hein, 2003). Em face de seus
pressupostos multidisciplinares, a Modelagem foi transposta para o terreno do ensino-
aprendizagem e vem sendo empregada como metodologia, com objetivo de trabalhar
problemas reais em sala de aula.
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Mas, apesar das evidências de que a Matemática foi e ainda é desenvolvida a
partir das necessidades humanas, no processo educativo predomina uma postura formal
assumida por grande parte dos educadores, onde o conhecimento matemático é aceito
somente dentro do terreno da Matemática, não interessando questões como “para que
serve isso?”.
No entanto, trabalhar com a matemática no ensino não é somente uma questão
de ampliar o conhecimento em matemática, mas sobre tudo de se estruturar a maneira
de pensar e de agir do indivíduo.
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MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO
A escola quando insiste em métodos tradicionais de transmissão de conteúdos ao
invés de incluir, exclui, o que nos leve a concluir que o modo como tradicionalmente
vem se ensinando Matemática nas escolas, já não mais contribui para capacitar o aluno
a melhor enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, além de ser, provavelmente,
uma das principais causas da falta de interesse pela matemática, pelo descaso do aluno
perante sua aprendizagem e a não valorização dos conteúdos matemáticos a ser
adquirido.
No entanto, novas exigências sociais passaram a ser feitas a escola na formação
do homem que deverá atuar na sociedade atual e futura, e para compreender as
informações de mundo precisamos, dominar um mínimo da linguagem e do
conhecimento próprio da Matemática.
E, para que esta colabore para o atendimento das atuais exigências socioculturais
feitas a escola é necessário que a Matemática se torne acessível a todos, possibilitando
ao aluno estabelecer relações entre a Matemática escolar e a Matemática do cotidiano.
Neste contexto a Modelagem Matemática segundo alguns estudiosos da
literatura é uma das alternativas e tem gerado inúmeras contribuições positivas para o
ensino e aprendizagem da matemática.
Barbosa (2001) conceitua Modelagem Matemática como:”um ambiente de
aprendizagem no qual os alunos são convidados a investigar, por meio da Matemática,
situações com referência na realidade”.Neste novo ambiente o aluno também tem um
papel ativo deixando de ser um mero receptor. É uma forma de despertar no aluno o
interesse em estudar Matemática não somente em conteúdos vistos, mas também
situações não vivenciadas por eles. Estudar a modelar matematicamente dá a
oportunidade ao aluno de perceber situações problemas por meio de pesquisas
despertando o interesse e seu senso crítico de conteúdos matemáticos.
No entanto, Bassanezi (2002) diz que a Modelagem Matemática, pode ser um
caminho para tornar a Matemática, em qualquer nível, mais atraente, agradável e
motivadora.
Buscando maior interesse na aprendizagem da matemática, o professor deve
procurar desenvolver atividades atrativas que sejam em grupo ou individuais, o que
pode ter resultados satisfatórios, desde que o professor proporcione espaço para
participação, questionamento, investigação e argumentação dos alunos.
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Podemos perceber que a matemática e a realidade são dois conjuntos disjuntos,
porém podemos tentar fazer uma aproximação desses conjuntos , tendo em vista que
pode se dizer que a Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um
modelo que tenta descrever matematicamente um fenômeno da nossa realidade para
tentar compreende-lo, criando hipóteses e reflexões sobre tais fenômenos.
Segundo, Biembengut, a modelagem é essa interação, que permite representar
uma situação “real” com um “ferramental” matemático (2007,p.13).
O ensino da matemática voltado para a promoção do conhecimento matemático
e da habilidade em utilizá-lo, justifica a inserção da Modelagem Matemática como um
método de ensino e aprendizagem, quanto uma estratégia, e sua importância se dá no
fato de ser tão agradável quanto interessante, além da necessidade de se buscar
estratégias alternativas no processo ensino-aprendizagem da Matemática.
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CONCEPÇÕES DE MODELAGEM NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Ao desenvolver Modelagem Matemática nas suas salas de aula com seus alunos
é importante que os professores conheçam as concepções de Modelagem Matemática
existentes na comunidade de educadores matemáticos, que saibam escolher as
concepções que fundamentarão suas atividades.
Diferentes concepções e entendimentos em torno do termo Modelagem
Matemática, podem ser encontrados na literatura, enquanto fazer pedagógico. Como
subsídio teórico nos fundamentamos em algumas destas perspectivas, cujas diferenças
está na escolha do tema a ser investigado, que pode ser sugerido pelo professor, pelos
alunos ou então partir de um acordo entre professor e aluno.
Porém, o processo de desenvolvimento de uma atividade de Modelagem
Matemática compreende diversas etapas fundamentais, vários autores descrevem os
processos/etapas da Modelagem Matemática: Bassanezi (2002), Burak (2004),
Bienbengut & Hein (2003), Barbosa (2001), Bean (2009) entre outros.
Para Bassanezi (2002), a Modelagem é considerada como “estudo de situações ou
problemas reais usando a Matemática como linguagem para sua compreensão,
simplificação e resolução para uma possível previsão ou modificação do objeto
estudado” (9p.5), e o processo de Modelagem pode ser interpretado como um método
de investigação, “como um processo que possibilita a aprendizagem de conteúdos
matemáticos interligados aos de outras áreas”. Destaca ainda que “a modelagem
matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas
matemáticos e resolve-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real”
(Bassanezi, 2002, p.16). Destacando assim a idéia de Modelagem no ensino também
como um método de investigação e a relaciona com a idéia da integração da Matemática
com outras áreas do conhecimento, afirmando que “modelagem pressupõe
interdisciplinaridade” (Bassanezi, 2002, p.16) e, neste contexto, é necessário utilizar
instrumentos matemáticos relacionados com outras áreas do conhecimento, para que a
educação se torne mais próxima da realidade social das pessoas.
Na visão de Bassanezi (2002) a Modelagem Matemática é a arte de transformar
problemas da realidade em problemas matemáticos e resolve-los, interpretando suas
soluções na linguagem do mundo real. Segundo este autor, a Modelagem matemática de
uma situação ou problema real deve seguir uma seqüência de etapas:
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Figura 1 (BASSANEZI , 2000, p.27)
As setas contínuas indicam a primeira aproximação. A busca de um modelo
matemático que melhor descreva o problema estudado, torna o processo dinâmico,
indicado pelas setas pontilhadas.
Experimentação – obtenção de dados experimentais ou empíricos que ajudam
na compreensão do problema, na modificação do modelo e na decisão de sua validade.
É um processo essencialmente laboratorial e/ou estatístico.
Abstração – processo de seleção das varáveis essenciais e formulação em
linguagem “natural” do problema ou da situação real.
Resolução – o modelo matemático é montado quando se substituía linguagem
natural por uma linguagem matemática. O estudo do modelo depende da sua
complexidade e pode ser um processo numérico. Quando os argumentos conhecidos não
são eficientes, novos métodos podem ser criados, ou então o modelo deve ser
modificado.
Validação – comparação entre a solução obtida via resolução do modelo
matemático e os dados reais. È um processo de decisão de aceitação ou não do modelo
inicial. O grau de aproximação desejado será o fator preponderante na decisão.
Modificação – caso o grau de aproximação entre os dados reais e a solução do
modelo não seja aceito, deve-se modificar as variáveis, ou lei de formação, e com isso o
próprio modelo original é modificado e o processo se inicia novamente.
Aplicação – a modelagem eficiente permite fazer predições, tomar decisões,
explicar e entender. Participar do mundo real com capacidade de influenciar em suas
mudanças.
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Segundo Burak (2004), a Modelagem Matemática vem ao encontro das
expectativas do educando, por dar sentido ao que ele estudou, por satisfazer suas
necessidades, seus interesses, realizando seus objetivos. O aluno trabalha com
entusiasmo e perseverança formando atitudes positivas em reação à matemática, ou seja,
desperta nele o gosto pela disciplina.
Para Burak, a Modelagem Matemática é “ um conjunto de procedimentos cujo
objetivo é estabelecer um paralelo para tentar explicar, matematicamente, os fenômenos
presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer predições e tomar decisões”.
O trabalho com a Modelagem Matemática parte dos seguintes princípios:
1) partir do interesse do grupo de pessoas envolvidas;
2) obter as informações e os dados no ambiente onde se localiza o interesse do
grupo.
Para Burak a Modelagem Matemática se apresenta como uma metodologia de
ensino, nesta perspectiva para o desenvolvimento desta metodologia, o autor propõe
cinco etapas, que auxiliarão no processo de construção do conhecimento da matemática:
1) Escolha do tema;
2) Pesquisa exploratória;
3) Levantamento dos problemas;
4) Resolução dos problemas e o desenvolvimento do conteúdo matemático no
contexto do tema;
5) Análise crítica das soluções.
Essas etapas devem sempre ser encaminhadas levando-se em considerações os
dois princípios propostos pelo autor, e durante todo o processo da Modelagem, a postura
do professor é primordial, pois assume o papel de mediador.
Na Escolha do Tema o professor pode apresentar aos alunos alguns temas e
incentivar aos próprios alunos a sugerirem aqueles que lhes sejam do interesse.
O tema escolhido pode não ter nenhuma ligação imediata com a Matemática ou com
conteúdos matemáticos. Pode ser enquadrado nas mais diversas atividades, como as
agrícolas, industriais, de prestação de serviços ou temas de interesses momentâneos, que
estão na mídia, brincadeiras, esportes, política, dentre outros.
Na Pesquisa exploratória após a escolha do tema, os alunos e o professor
buscam dados a partir de materiais e subsídios teóricos, técnicos, informativos dos mais
diversos, nos quais contenham informações e noções sobre o tema que se quer
investigar/pesquisar. A pesquisa de campo é fundamental, pois o contato com o
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ambiente é um ponto importante do trabalho com a Modelagem e ajuda o aluno a
desenvolver aspectos formativos, investigativos.
No Levantamento dos problemas de posse dos dados coletados na fase anterior
os alunos são incentivados a levantar questões pertinentes ao tema. Os problemas na
perspectiva da Modelagem apresentam-se com características diferentes do livro texto,
são abertos, são elaborados a partir dos dados, e são contextualizados, como por
exemplo: o custo de uma construção, esse tipo de problema demanda vários
subproblemas. Os subproblemas poderiam ser: Custo do telhado, Custo do tijolo, Custo
do piso, Custo de portas e janelas etc.
Assim, cada decisão tomada em relação aos tipos de materiais, a metragem, à
arquitetura, demandaria vários subproblemas e o possível desenvolvimento do conteúdo
matemático. Essa fase da Modelagem é muito rica, pois desenvolve no aluno a
capacidade de tomar decisões, de formular hipótese, de questionar as várias
possibilidades de resolução de um mesmo problema
Durante a Resolução dos problemas e o desenvolvimento do conteúdo
matemático no contexto do tema proporciona-se a abertura para a busca de respostas
aos problemas levantados com o auxilio do conteúdo matemático, que pode ser
apreendido a partir dos problemas por meio de exemplos simples e até mesmo de forma
empírica, para posteriormente ser sistematizado.
No trabalho com Modelagem faz-se um caminho inverso do usual, neste os
conteúdos determinam os problemas, na Modelagem os problemas determinam os
conteúdos a serem usados para resolver as questões oriundas na etapa anterior.
Nessa etapa os conteúdos matemáticos passam a ter significados e no decorrer
do processo podem surgir os modelos matemáticos, porém, não é a finalidade dessa
concepção de modelagem, que objetiva explicar matematicamente situações do
cotidiano das pessoas, ajudando-as a fazer predições e tomar decisões.
No trabalho com a Modelagem, a construção dos modelos surge para se ampliar
uma idéia, generalizar uma situação, algumas vezes para se resolver uma situação-
problema. Na Modelagem, nessa forma de concebê-la o conceito modelo é ampliado
para entendê-lo como uma representação, podendo valer-se de fórmulas, tabelas de
preços, de equações já conhecidas, de gráficos, de plantas baixas de uma casa, dentre
outras. Portanto, são pelo menos três maneiras de se obter os modelos: 1) Modelos já
pronto; 2)Modelos Matemáticos construídos para a resolução dos problemas; e 3)
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modelos não matemáticos – dessa forma uma lista de supermercado pode ajudar a tomar
decisões e a fazer predições.
A análise crítica das soluções é a etapa marcada pela criticidade, não apenas em
relação à matemática, mas em outros aspectos, como a viabilidade e a adequabilidade
das soluções apresentadas, que muitas vezes são lógica e matematicamente coerentes,
porém inviáveis para a situação em estudo. È uma etapa que favorece a reflexão acerca
dos resultados obtidos no processo e como estes podem proporcionar a melhoria das
decisões e ações. Contribui para a formação de cidadãos participativos, mais autônomo
que auxiliem na transformação da comunidade em que participam, pois terão a
matemática como mais uma “aliada” no processo de avaliação das condições sociais,
econômicas e outras.
Biembengut (2004) define a Modelagem como “um conjunto de procedimentos
requeridos na elaboração de modelo de qualquer área do conhecimento”(p.17). Esta
mesma autora descreve modelo como “um conjunto de símbolos os quais interagem
entre si representando alguma coisa” (p.16). No contexto educacional, destaca que:
A modelagem matemática
pode tornar-se caminho para despertar no aluno
interesse por assuntos de matemática e, também, de
alguma área da ciência que ainda desconheça, ao
mesmo tempo em que ele aprende a arte de
modelar, matematicamente (p.23).
Segundo Bienbengut & Hein (2003), a interação que permite transformar uma
situação real em um “modelo matemático” pertinente deve seguir três etapas básicas,
sendo cada etapa subdividida em duas subetapas, como segue:
Iteração
- reconhecimento da situação – problema;
- familiarização com o assunto a ser modelado (pesquisa).
Uma vez delineada a situação que se pretende estudar, deve ser feita uma
pesquisa sobre o assunto de modo indireto ( por meio de livros, revistas especializadas e
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outros) ou direto ( por meio da experiência em campo, de dados experimentais obtidos
junto a especialistas da área).
Matematização
-formulação do problema (hipótese;
-resolução do problema em termos de modelo.
Neste momento se dá a “tradução” da situação problema para a linguagem
matemática. É a etapa mais complexa e “desafiante”. Na subetapa, formulação do
problema é importante: classificar as informações;,decidir quais os fatores a serem
perseguidos,neste caso as hipóteses; identificar as constantes envolvidas; generalizar e
selecionar variáveis relevantes; selecionar símbolos apropriados para essas variáveis;
descrever essas relações em termos matemáticos.
O objetivo principal deste momento do processo de modelar é chegar a um
conjunto de expressões aritméticas e fórmulas, ou equações algébricas, ou gráficos ou
representações, ou programa computacional, que levem à solução ou permitam a
dedução de uma solução.
Uma vez formulada a situação – problema, passa-se à resolução ou análise com
o “ferramental” matemático de que se dispõe. Isso requer aguçado conhecimento sobre
as entidades matemáticas usadas na formulação.
Modelo matemático
-interpretação da solução;
-validação do modelo ( uso).
Para concluir o modelo, torna-se necessária uma checagem para verificar que
nível ele se aproxima da situação – problema representada e, a partir daí, verificar
também o grau de confiabilidade na sua utilização. Faz-se então:
• A interpretação do modelo, analisando as implicações da solução
derivada daquele que está sendo investigado;
• A verificação de sua adequabilidade, retornando á situação – problema
investigada e avaliando quão significativa e relevante é a solução –
validação. Se o modelo não atender às necessidades que o geraram, o
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processo deve ser retomado na segunda etapa a Matematização ou
ajustando hipóteses, variáveis etc.
É importante, ao concluir o modelo, a elaboração de um relatório que registre
todas as etapas de desenvolvimento, a fim de propiciar seu uso de forma adequada.
Biembengut & Hein (2005), apresentam o modelo de Modelagem Matemática
abaixo, no qual matemática e realidade são dois conjuntos disjuntos e a modelagem é o
meio de fazê-los interagir.
Figura 2 (BIEMBENGUT & HEIN, 2005, p.13).
Na visão de Barbosa (2002), a modelagem como ambiente de aprendizagem
favorece a investigação de outras áreas do conhecimento por meio da matemática:
“Modelagem é um ambiente de aprendizagem no
qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar,
por meio da matemática, situações oriundas de outras
áreas do conhecimento. Se tomarmos modelagem de um
ponto de vista sócio-crítico, a indagação ultrapassa a
formulação ou compreensão de um problema, integrando
os conhecimentos de matemática, de modelagem e
reflexivo”(p.06).
19
No entanto, acredita que este ambiente de aprendizagem pode não acontecer de
imediato, ou por falta de interesse dos alunos, ou porque os objetivos de alunos e
professores divergem, criando dificuldades, que podem ser superadas através de
estratégias utilizadas pelo professor, “pois são eles que organizam, decidem e
orquestram as atividades de sala de aula” (Barbosa, 2001b, p.7). O autor deixa claro que
o papel do professor é fundamental para a utilização da Modelagem como estratégia
pedagógica em sala de aula, e que a escolha do tema depende dele e de seus objetivos
em sala de aula, podendo deixar a cargo dos estudantes, escolhendo em conjunto com
eles ou propondo um assunto para ser estudado.
Para o desenvolvimento das atividades, Barbosa (2001,p.2), define que o
ambiente de aprendizagem em Modelagem Matemática pode se configurar através de
possibilidades sem limites claros que ilustram a materialização da modelagem em sala
de aula.
NÍVEL 1: Trata-se da problematização de alguns episódio real: A partir das
informações qualitativas e quantitativas apresentadas no texto da situação, o aluno
desenvolve a investigação do problema proposto.
O professor apresenta a descrição de uma situação-problema, com as
informações necessárias à sua resolução e o problema formulado, cabendo aos alunos o
processo de resolução.
NÍVEL 2: Trata-se da apresentação de um problema aplicado: Os dados são
coletados pelos próprios alunos durante o processo de investigação.
O professor traz para a sala um problema de outra área da realidade, cabendo aos
alunos a coleta das informações necessárias à sua resolução.
NÌVEL 3: Tema gerador: Os alunos coletam informações qualitativas e
quantitativas, formulam e solucionam o problema.
A partir de temas não-matemáticos, os alunos formulam resolvem problemas.
Eles também são responsáveis pela coleta de informações e simplificação das situações-
problema.
20
Ainda em Barbosa (2001), a modelagem pode ser aliada ao currículo com três
configurações distintas, que o autor chama de casos, conforme a tabela abaixo que
apresenta a sugestão de Barbosa para cada um dos casos.
CASO 1 CASO 2 CASO 3
Elaboração da Situação
Problema
Professor
Professor Professor/Aluno
Simplificação Professor Professor/Aluno Professor/Aluno
Coleta de dados qualitativos e
quantitativos Professor Professor/Aluno Professor/Aluno
Resolução Professor/Aluno Professor/Aluno Professor/Aluno
Figura 3: Tarefas dos alunos e professores nos casos de Modelagem
Fonte: Jonei C. Barbosa, Modelagem Matemática: Concepções e experiências de
futuros professores, p.40 (Tese) UNESP, 2001.
De acordo com a divisão de tarefas estabelecida:
O caso 1 é caracterizado pela problematização de situações reais nas quais o
problema e os dados (reais) são propostos pelo professor e investigados pelos alunos.
No caso 2, o professor apresenta um tema ou problema, mas a coleta de dados e a
investigação são realizadas pelos alunos. Já no caso 3, a partir de um tema gerador, os
alunos coletam informações, formulam e solucionam problemas.
De acordo com Bean (2009), A modelagem é uma atividade humana na qual
uma parte da realidade está conceitualizada, de forma criativa, com algum objetivo em
mente. O cerne da modelagem reside no recorte e na formulação de um isolado, ou seja
na conceitualização de um fenômeno com fundamento em premissas e pressupostos que
remetem tanto ao fenômeno quanto aos objetivos do modelador (p. 02).
Os modelos podem ser usados para reproduzir ou transformar a realidade.
Reproduzem a realidade quando são utilizado tal como se encontram construídos e
transformam a realidade quando os modelos vigentes são questionados e dão lugar a
novos modelos que, por sua vez, apontarão na direção de novas interações dos
21
indivíduos e das comunidades com o mundo, ou seja na direção da construção de uma
nova realidade.
Uma vez que os modelos são criados com base em objetivos, interesses e
valores, nenhum modelo é irrefutável. Uma mesma situação-problema, necessariamente
conduz a diferentes modelos quando abordada por indivíduos ou comunidades
diferentes, pois depende de seus objetivos e interesses.
As interações promovidas entre alunos e professor, os questionamentos surgidos
durante a atividade, a pesquisa realizada necessária para se iniciar o trabalho, a crítica
feita aos modelos existentes etc., são aspectos que justificam a tentativa de trabalhar
com a modelagem matemática em sala de aula.
Bean, aponta os aspectos que constituem a atividade de modelagem como a
ilustração a seguir:
Figura 4: Indivíduos/comunidades modelam nas sua inteirações com o
mundo, contribuindo à construção de suas realidades. (Bean,2001).
Em (1) entende-se que a interação do indivíduo/comunidade com o mundo se dá
orientada pelos aspectos pontilhados, e estes determinam como problematizar a
situação, acentuando ou desprezando características a ser estudada. (2) representa a
passagem do momento de interação para a construção ou adequação do modelo
conforme as premissas e pressupostos feitos pelos interessados. A avaliação e a
validação do modelo acontecem em (3), quando se verifica se o modelo criado ou
22
ajustado é coerente ou satisfatório, no sentido de atender aos objetivos, interesses ou
anseios da comunidade envolvida no problema. Isso remete a uma interação com a
situação problema, num ciclo que repousa no momento em que o modelo atende a tais
aspirações.
Este autor afirma que: “Modelagem deve ser uma parte essencial no ensino da
Matemática. Quando o aluno está à frente de uma situação-problema ele tem que ter os
conceitos básicos nas mãos e manipula-los para criar uma solução. Através deste
processo criativo, o aluno consegue uma compreensão melhor dos conceitos que
facilitará a aplicação dos mesmos em problemas encontrados no futuro. Modelagem
também pode ser utilizada pelo professor na introdução de conceitos até agora
desconhecido do aluno. Através de uma situação-problema um conceito novo pode ser
desenvolvido com entendimento do seu significado.
Embora reconhecendo que a Modelagem Matemática possa ser analisada em
diversas linhas de seguimento; passando pelo campo científico, pela matemática
aplicada, pelos experimentos sociais até o campo do ensino e aprendizagem; este
trabalho terá sua atenção voltada à Modelagem Matemática vista como método
alternativo de ensino, na perspectiva da Educação Matemática.
23
PERSPECTIVAS DA MODELAGEM MATEMÁTICA
Em uma perspectiva de ensino que propicie uma abordagem por competências,
através da oferta de condições para uma aprendizagem significativa, ou seja que tenha
significado aos alunos, existem diferentes metodologias de ensino que podem colaborar
para que essa possibilidade se concretize. Dentre elas está a Modelagem Matemática,
uma metodologia que está sendo aplicada em diferentes níveis de ensino e diferentes
contextos.
Ainda que circulem diversos conceitos sobre Modelagem na literatura, assumimos
aquele proposto em Barbosa (2003): ambiente de aprendizagem no qual os alunos são
convidados a indagarem e investigarem, através da matemática, situações com
referência à realidade.
O conceito trata, apenas, de definir o que é entendido como uma atividade de
Modelagem, entretanto, o desenvolvimento da atividade em sala de aula implicará em
outras especificações, como os objetivos e os papeis que o professor e os alunos
assumem nesse ambiente, o que pode ser definido pela noção de “perspectiva”.
Kaiser e Sriraman (2006) têm revisado a literatura e sistematizado cinco perspectivas
sobre Modelagem presentes nos debates atuais: a Realística ou Aplicada, a Contextual, a
Educacional, a Sócio-Crítica e a Epistemológica ou Teórica.
No que diz respeito à Perspectiva Realista ou Aplicada, há uma ênfase na resolução
de problemas autênticos e não necessariamente no desenvolvimento de uma teoria
matemática, por isso os exemplos da indústria e da ciência têm um papel importante
nessa perspectiva.
Os processos de modelagem são considerados de forma integral, e não como
processos parciais, como aplicações matemáticas feitas na prática.
Na Perspectiva Contextual, a obtenção de um modelo é definida como uma atividade
de resolução de problema construída para que os estudantes façam uso de situações
significativas e inventem, entendam e refinem suas construções matemáticas
particulares.
Quanto a Perspectiva Educacional, esta, põe a estrutura do processo de aprendizagem
e a promoção do entendimento de conceitos matemáticos no primeiro plano de interesse
e considera os exemplos do mundo real e suas inter-relações com a Matemática como
um elemento central para a estrutura de ensino e aprendizagem da Matemática.
24
A Perspectiva Sócio-Crítica se refere às dimensões sócio-culturais da Matemática.
Ela reivindica a necessidade de pensar criticamente o papel da Matemática na
sociedade, o papel da natureza dos modelos matemáticos e a função da modelagem na
sociedade.
No que diz respeito à Perspectiva Epistemológica ou Teórica, é dada menos
importância aos aspectos da realidade nos exemplos resolvidos. Toda atividade de
Matemática é considerada uma atividade de modelagem, portanto a modelagem não
aborda apenas questões não matemáticas.
Cada uma dessas perspectivas enfatiza um determinado aspecto. O desenvolvimento
de teoria matemática é enfatizado pelas perspectivas Contextual, Educacional e
Epistemológica.
A resolução de problemas autênticos é enfatizada pela perspectiva Realística.
E pensar criticamente o papel dos modelos e da modelagem na sociedade é
enfatizado pela perspectiva Sócio-Crítica.
A escolha de uma perspectiva de modelagem evidencia um determinado aspecto que
será enfatizado. A esse aspecto enfatizado, podemos associar alguns argumentos para a
inclusão de atividades de modelagem nas aulas de Matemática.
No âmbito da Educação Matemática, encontramos muitos argumentos dessas
atividades nos currículos de Matemática.
Evidenciar o fato das atividades de modelagem combinarem aspectos lúdicos com o
potencial de aplicações da Matemática (Bassanezi, 2002) e estimular o desenvolvimento
nos estudantes da habilidade de construir modelos matemáticos (Bassanezi, 2002;
Biembengut, 1999) estão associados à resolução de problemas autênticos enfatizada
pela perspectiva realística.
Levantar a possibilidade dos alunos reinventaram os resultados matemáticos a partir
das atividades de modelagem (Bassanezi, 2002) e favorecer o aprendizado e a aplicação
de conteúdos matemáticos (Bassanezi, 2002; Biembengut, 1999) podem ser
relacionados com o desenvolvimento de teoria matemática enfatizado pelas perspectivas
Contextual, Educacional e Epistemológica.
Nesses argumentos percebe-se a ênfase da utilização de atividades de modelagem em
sala de aula com o propósito de motivar os alunos, facilitar a aprendizagem, preparar
para utilizar a matemática em diferentes áreas e desenvolver habilidades gerais de
exploração que são quatro das cinco razões apresentadas por Barbosa (2003b) para a
implementação de atividades de Modelagem nas aulas de Matemática.
25
Além desses argumentos, encontramos outros que enfatizam a compreensão do papel
sócio-cultural da Matemática e o pensar criticamente o papel dos modelos e da
modelagem na sociedade que é enfatizado pela perspectiva Sócio-Crítica, e é a quinta
razão apresentada por Barbosa (2003b), para a inclusão de atividades de modelagem
nas aulas de Matemática.
Consequentemente, os propósitos diferentes implicam em diferenças nas formas de
organizar e conduzir as atividades de Modelagem. Isso nos força a refletirmos sobre as
maneiras como as práticas de sala de aula representam ou constituem perspectivas mais
amplas sobre Modelagem Matemática.
Se temos por objetivo a mudança em nossa prática na sala de aula, então, das
perspectivas de Modelagem apontadas por Kaiser e Sriraman (2006), a Sócio-Crítica é a
mais interessante por enfatizar a compreensão do papel sócio-cultural da Matemática,
estimulando a capacidade dos alunos de analisar situações de sua própria realidade,
favorecendo sua compreensão e possível ação sobre essas situações, potencializando sua
capacidade de reflexão, favorecendo seu crescimento político e social, com o objetivo
de contribuir para a formação de cidadãos críticos. Ou, como afirma Barbosa (2001),
por enfatizar atividades que :
Buscam abranger o conhecimento de matemática,
de modelagem e o reflexivo. São consideradas como
meio de indagar e questionar situações reais por meio de
métodos matemáticos, evidenciando o caráter cultural e
social da matemática. Esta é vista como “meio” em fez
de “fim”. A ênfase está na compreensão do significado
da matemática no contexto geral da sociedade.(p. 29-30)
A perspectiva sócio-crítica, tal como discutida em Barbosa (2006), canaliza esse
trabalho para a prática de Modelagem Matemática em sala de aula, entendendo-a como
uma oportunidade para se reconhecer o poder formatador da matemática.
Para este objetivo, as atividades de Modelagem podem estimular situações em que os
alunos percebam que os modelos matemáticos não são neutros, mas que eles dependem
de onde são produzidos e como são usados, desmistificando a idéia se que a
matemática é a descrição pura da realidade.
A adoção da perspectiva sócio-crítica não implica na subtração de outros propósitos,
como o desenvolvimento da teoria matemática e das habilidades de resolução de
26
problemas aplicados, mas a tomada deles como meio para viabilizar o resultado de
refletir sobre os modelos matemáticos.
28
ATIVIDADE 1 A vazão de água nos canos
Série: 8º e 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio
Conteúdo programático: Geometria – volume e área do círculo
Objetivo: Mostrar como a área de um círculo varia com seu raio, e as diferentes vazão
de água nos canos de acordo com o diâmetro.
A MATEMÁTICA DO CAIPIRA 1
Luis Imenes e José Jakubovic
Um advogado resolve comprar um sítio, de poucos alqueires, com a intenção de
construir uma casa e nela passar seus fins de semana. Como não há nascente no sitio,
resolve mandar cavar um poço, quando fica sabendo que seu vizinho, um caipira que ali
mora há muito tempo, tem em sua propriedade uma nascente com água boa e farta.
Procura o vizinho e faz a proposta:
_ Eu instalo um cano de uma polegada de diâmetro na sua nascente, conduzo a água
para o meu sítio e lhe pago x por mês.
A proposta é aceita na hora.
Passa-se o tempo e o advogado resolve implantar no sítio uma criação racional de
porcos e, para isso, vai precisar de mais água. Volta a procurar o caipira e lhe propõe
trocar o cano de uma polegada por outro de duas polegadas de diâmetro e pagar 2x reais
por mês a ele.
O caipira escuta a proposta, não dá resposta imediata, pensa, e passados alguns
minutos responde que não aceita a proposta.
_Mas, como? – pergunta o advogado. Tem água sobrando, por que não me vende
mais e assim também ganha mais?
Continuando a conversa:
_ É que num ta certo, retruca o caipira, e explica com um gesto.
1 Explorando o Ensino da matemática – Ministério da Educação – volume 2, p. 11 – 14.
29
A água que você me paga e vos mecê qué me pagá Passa por aqui. o dobro. Acontece que o cano que você vai ponha é assim:
Pois é quem me paga a água E a que passa por aqui? Que passa por aqui?
Formulação do problema:
Determinar a relação entre a medida do diâmetro de um cano e sua vazão (área).
Desenvolvimento:
30
complete a tabela.
Questões:
a) Que relação matemática expressa a relação entre a vazão e o diâmetro do cano?
b) Represente graficamente essa relação.
c) Explique por meio do modelo, qual dos personagens ( caipira ou advogado) está
com a razão.
Diâmetro do cano em polegadas Vazão (área)
1 π (1/2)² = 1/4 π
2
3
4
31
ATIVIDADE 2 MENOS ESFORÇO PARA APERTAR UM PARAFUSO.
Série: 8º e 9º ano Ensino Fundamental
Conteúdo Programático: Geometria; Polígonos , Ângulos internos
Objetivos:
Demonstrar a presença da matemática, nas relações do trabalho, a exemplo do
mecânico, que dispõem de pouco espaço para manusear as chaves e parafusos e
compreender por que neste caso é sextavado e não de fendas.
POR QUE O PARAFUSO É SEXTAVADO?2
Luis Imenes e José Jakubovic
VOCÊ JÁ DEVE TER VISTOS PARAFUSOS DESTES TIPOS: O mais comum é o primeiro chamado pelos mecânicos de sextavados.
Repare que sua cabeça (onde se encaixa a chave para apertá-lo ou desapertá-lo) é
um poliedro: trata-se de um prisma regular hexagonal.
Existem parafusos especiais, cuja cabeça é um prisma regular triangular.
2 Explorando o Ensino da Matemática – Ministério da Educação – Volume 2, p.30 – 34.
32
Formulação do Problema: Determinar o número de lados da cabeça de um parafuso para que o esforço para apertá-lo seja menor. Desenvolvimento:
Complete a tabela:
Número de lados do
parafuso Medida do ângulo
central 3 120°
4 90° 5 6 7 8
Questões:
a) Que polígono proporciona menos giros e qual seu ângulo central?
b) Que relação pode-se estabelecer com o ângulo interno e o espanamento
da cabeça do parafuso?
c) Quanto aos lados do polígono, qual proporciona melhor encaixe da
chave?
d) Por que não existem parafusos pentagonais ou octogonais?
33
ATIVIDADE 3 Comprimento do pé e o número do calçado
Série: Ensino Fundamental e Médio
Conteúdo Programático: Números e medidas, Funções
Objetivos:
Através da análise de situações que vivenciamos, compreender a aplicabilidade da
matemática e seu auxilio no desenvolvimento tecnológico
A MATEMÁTICA E O NÚMERO QUE VOCÊ CALÇA: 3
Fonte: http://www.shoesofprey.com
Muitas vezes não entendemos os motivos de se estudar matemática ou quando
vamos usar determinada parte do conteúdo e, por isso, nos questionamos: onde a
matemática é realmente aplicada? Do mais simples ato até a mais sofisticada
empregabilidade, a matemática está sempre presente em nosso cotidiano, basta que
analisemos as situações que vivenciamos.
Por mais inimaginável que possa parecer, o número que você calça também está
relacionado à matemática.
Formulação do problema:
Encontrar uma relação matemática entre o comprimento do pé e o número do calçado.
3 www.escolakids.com
34
Desenvolvimento:
a) Pedir aos alunos que desenhe o pé direito em uma folha e medir o comprimento do
pé, com o auxilio de uma régua.
b) fazer uma tabela dos dados coletados, e a partir dela propor uma associação entre os
comprimentos obtidos para um mesmo número de calçado.
c) represente graficamente o dados obtidos: comprimento do pé e número do calçado.
d) Determinar uma expressão matemática que relacione essas duas variáveis. Questões:
a) A partir da função encontrada construa uma nova tabela e compare os resultados
encontrados com a expressão abaixo.
Onde,
S: é o número do sapato. p: é o comprimento do pé em centímetros.
b) É possível comprar um par de sapatos conhecendo-se o comprimento do pé? Por quê?
35
ATIVIDADE 4
Janela com mosaico triangulares
Série: Ensino Fundamental
Conteúdo Programático: Formas geométricas, Ângulos, Funções
Objetivos:
Levar o aluno a “explorar” e propor soluções do problema, tendo espírito crítico e inovador.
RESOLUÇÃO E EXPLORAÇÃO 4
Lílian Nasser
Para construir uma janela ornamental, um operário precisa de pedaços de vidro.
Ele pretende aproveitar um vidro retangular defeituoso, com 10 bolhas de ar, sendo que
não há 3 bolhas alinhadas entre si, nem duas delas com algum vértice do retângulo, ou
uma delas com 2 vértices do retângulo.
Para evitar bolhas de ar no seu projeto final, ele decidiu cortar os pedaços triangulares
com os vértices coincidindo ou com uma bolha de ar, ou com um dos cantos do vidro
original.
Formulação do problema: Determinar as diferentes possibilidades de cortes triangulares.
Desenvolvimento:
a) complete a tabela:
4 Explorando o Ensino da Matemática – Ministério da Educação – Volume 2, p. 35 - 38
36
Número de bolhas
Número de triângulos
1 4 2 6 3 . 4 . . . . . . .
10 22
Questões:
a) Através da construção da tabela, determine a lei de formação que representa o
número de triângulos possíveis de ser cortados.
b) É possível encontrar o mesmo modelo matemático, utilizando a soma dos
ângulos internos do vidro com os recortes obtidos?
37
ATIVIDADE 5
Meio copo de água transborda.
Série: 9º ano Ensino Fundamental e Ensino Médio
Conteúdo Programático: Funções, Equações, Volume e Área
Objetivos:
Por meio do experimento, levar o aluno a entender o que é variável dependente e
independente, fazer coleta de dados, construir gráficos e deduzir uma equação a partir
de uma situação geométrica.
VAMOS COMPARAR?5
Neste experimento, o nível da água no copo é função do número de bolinhas de
gude que colocamos dentro do copo. Vamos considerar o número de bolinhas como a
variável independente e o nível de água como variável dependente.
Formulação do problema:
5 Experimento adaptado do livro Álgebra Experimental
de Mary Jean Winter e Ronald J. Carlson , pág 42- 43.
38
Determinar a variação do nível de água do copo, em função do acréscimo de bolinhas de
gude.
Desenvolvimento:
Materiais:
- Um copo cilíndrico por grupo;
- Várias bolinhas de gude;
- Uma régua por grupo;
- Folhas de papel milímetrado, uma por aluno
Procedimento:
- Trabalhar em grupo de dois ou três;
- Colocar água no copo até atingir uma altura de 6 cm;
- Coloque as bolinhas de gude no copo com água ( 5 bolinhas de cada vez ) e anote
numa tabela o nível que está a água;
- Construir na folha de papel milímetrado,, o gráfico ( número de bolinhas X nível da
água ) a partir dos valores que você obteve.
Questões:
a) Encontre uma possível função para as variáveis número de bolinhas e nível
da água para a situação trabalhada. A partir dessa função, responda:
b) A medida que acrescentamos bolinhas, o que acontece com a altura da água
no copo? Quantas bolinhas de gude deve-se colocar para que a água fique no
limite da borda do copo?
c) Que altura teremos se colocarmos somente uma bolinha no copo? E se
colocarmos 9 bolinhas?
d) Como você explica o fato do gráfico ter dado uma reta?
e) Mudando o tamanho das bolinhas e/ou o raio do copo, o que muda na
expressão da função?
f) Deduza uma relação entre X (número de bolinhas) e Y (nível da água) a partir
da situação geométrica.
39
ATIVIDADE 6 Série: Ensino Médio
Conteúdo Programático: Matrizes
Objetivos:
Quando se estudo matrizes no ensino médio, dá-se enfoque em preparar o aluno para
entender o cálculo dos respectivos determinantes, para que o aluno tenha condições de
resolver sistemas lineares.
Esta atividade trata-se da operação de multiplicação de matrizes, na qual pretende-se
demonstrar quanto é importante a aplicação de matrizes em nosso dia a dia.
FAZENDO CONTAS NA CANTINA
Fonte: http://www.tecnologia e treinamento.com.br/gastronomia A fornecedora de salgado para a cantina, nos informou a quantidade e os preços
dos produtos por ela utilizados na fabricação de seus salgados.
40
Tabela do ingredientes:
Tabela de preço dos ingredientes:
Formulação do problema:
Determinar o preço base do custo dos salgados vendidos na cantina.
Desenvolvimento:
Baseado nas informações, das tabelas de quantidade e preço dos ingredientes utilizados
na fabricação dos salgados, construa a tabela do preço de venda dos saldados para a
cantina.
Questões:
a) Represente os dados matemático que expressa a relação entre custo e preço de venda.
b) Os preços obtidos é compatíveis com o preço de venda?
c) Em que condições a cantineira, pode obter lucro?
Ovos farinha açúcar carne
Pastéis 3 6 1 3
Empadas 4 4 2 2
Kibes 1 1 1 6
Ingredientes Preço Base(R$)
ovos 0,20
farinha 0,30
Açúcar 0,50
carne 0,80
41
ATIVIDADE 7
COMPRANDO DE GRAÇA
Série: Ensino Médio
Conteúdo Programático: Funções
Objetivos:
Possibilitar ao aluno uma reflexão sobre as Leis de mercado e entender que as compras
sucessivas é um estratagema que favorece os compradores iniciais e é altamente
desvantajoso para os finais
NA ILHA DOS SAPATOS GRATUÍTO 6 Manoel Henrique Campos Botelho
Um amigo fez uma inusitada proposta ao outro:
_ Você quer comprar de graça, um sapato?
_ De graça? Claro. Quais são as condições?
_ Primeiro comprar um selinho desse, por R$ 3,00; Juntar mais R$ 27,00 e o selinho e
levar a uma loja próxima. Você recebe um par de sapatos de valor de mercado de R$
30,00 e mais dez selinhos no valor de R$ 3,00. Basta então vender os dez selinhos que
você será restituído dos R$ 3,00 iniciais de compra do selinho e dos R$ 27,00 que anexo
para retirar o sapato da loja.
Formulação do problema:
6 Explorando o Ensino da Matemática – Ministério da Educação – Volume 1, p. 29 – 33.
42
Determinar a possibilidade de todos os moradores de uma ilha comprarem um sapato de
graça.
Desenvolvimento:
Complete a tabela:
Total =
Questões:
a) Que relação matemática representa o universo dos possíveis compradores?
b) Admitindo que a ilha conta com 1111 pessoas potencialmente clientes
compradores dos sapatos e mais uma pessoa que é o dono da loja, totalizando
1112 pessoas. Quantos não teriam os sapatos de graça?
c) Caso todos moradores queiram utilizar seus selos, quantos pares de sapatos
serão vendidos e qual o valor recebido pela loja em cada par de sapatos?
d) Matematicamente quando os supostos compradores serão prejudicados?
Nº de compradores Valor dos sapatos Valor recebido
Do 1º comprador: 3,00 + 27,00 = 30;00
De 10 compradores
De 100 compradores
De 1000 compradores
44
Agora é com você
A Modelagem Matemática pode ser um método de ensino totalmente flexível que
valoriza a exploração, investigação a análise dos dados, aliada a introdução do conteúdo
matemático contextualizado, em uma situação problema, pode favorecer o aluno ao
desenvolvimento e reconstrução de sua própria aprendizagem de forma ativa, como
sujeito que pode interferir na sua realidade com criticidade.
Com o objetivo de promover um melhor entendimento sobre Modelagem
matemática no ensino e, quem sabe ajudar a promover esta nova maneira de
desenvolver a aprendizagem matemática.
Nesta perspectiva, propomos aos participantes deste mini-curso, que com seus
pares, desenvolva as atividades a seguir; e que para cada tema proposto, formule o
problema, o seu desenvolvimento, bem como as discussões sobre os mesmos.
45
EXERCÍCIO 1 Série: Ensino Fundamental e Médio
Conteúdo Programático: Números, Operações, Grandezas e Medidas, Tabelas e
Gráficos.
Objetivos: Conhecimento da Leis do País e conscientizar sobre os valores ganhos e
gastos para que as necessidades básicas de uma família sejam atendidas,e proporcionar
a formação de um cidadão crítico e consciente.
SALÁRIO MÍNIMO
Fonte: http://www.economia.culturamix.com
O artigo 7º da Constituição estabelece que todos os trabalhadores urbanos e
rurais têm direito a um salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e as de sua família como: moradia,
alimentação,educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
Com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo.
Material de apoio:
46
Figura 1. demonstrativo do valor do salário mínimo e da cesta básica no período de
2001 a 2010 – Dados da tabela: http://www.dieese.org.br
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Salário (R$) 180,00 200,00 240,00 260,00 300,00 350,00 380,00 415,00 465,00 510,00 Cesta Básica (R$)
130,67 152,18 159,19 155,45 176,92 167,98 187,23 229,39 211,85 243,97
% sobre salário
0,72 0,76 0,66 0,59 0,58 0,47 0,49 0,55 0,45 0,47
47
EXERCÍCIO 2
Série: Ensino Fundamental e Médio
Conteúdo Programático: Medidas, Porcentagem e Proporção
Objetivos:
Devido à preocupação mundial com a diminuição de água potável em nosso planeta;
conscientizar o uso adequado, partindo da necessidade de água que o corpo humano
precisa para manter-se vivo e hidratado.
MATEMÁTICA DA ÁGUA NO CORPO HUMANO
Fonte: http://www.mundodastribos.com
A água desempenha papel fundamental na nossa vida, ela é essencial em quase
todas as funções do corpo humano como: respiração, digestão, absorção, transporte de
nutrientes e excreção de substâncias.
A água auxilia na regula da temperatura do corpo humano, elimina as toxinas
através da urina e da transpiração, molda o bolo fecal, é usada intensamente no processo
de respiração e faz a distribuição de muitos nutrientes pelos diversos órgãos do nosso
corpo. Na sua falta, o sistema natural de limpeza e desintoxicação do organismo fica
sempre muito prejudicado,contribuindo para o aparecimento de inúmeras doenças.
Mais de 60% do corpo humano é constituído por água, distribuída em vários
órgãos do corpo, na seguinte proporção
48
Fonte: http://aguafontedevidawordpress.com
O corpo humano perde uma quantidade significativa de água através da
respiração, transpiração e urina. Por tudo isso, os especialistas têm recomendado que se
beba aproximadamente 2 litros de água por dia, ou nas seguintes proporções:
-Adultos: 2,5 l/dia ou 35ml/kg de peso/dia
-Crianças: 55ml/kg de peso/dia
-Bebês: 150ml/kg de peso/dia
Aparentemente, á medida que envelhecemos, ficamos cada vez mais “secos”.
Uma pessoa com idade avançada chega a conter apenas 55% de água no corpo,
enquanto uma criança de 0 a 5 anos pode ter até 80% de água no organismo.
49
EXERCÍCIO 3 Série: Ensino Fundamental
Conteúdo Programático: Espaço e Forma, Grandezas e Medidas, Números e Operações.
Objetivos:
Em muitas escolas acontece uma situação que incomoda alunos e professores: a super
lotação das salas.
Além dos conteúdos matemáticos envolvidos na atividade, pode-se conscientizar o
aluno do seu direito a cidadania.
CONFORTO AMBIENTAL SALA DE AULA
Fonte: http://vaninha-pedagogia.blogspot.com
50
EXERCÍCIO 4 Série: Ensino Fundamental
Conteúdo Programático: Números e Operações, Grandezas e Medidas, Funções
Objetivos:
A humanidade passa por grandes problemas na utilização de bens naturais. A água é um
desses bens e um recurso fundamental para a sobrevivência da espécie humana.
Esta atividade é uma simulação de um problema real com múltiplos objetivos, tais
como: evidenciar a importância do ferramental matemático no estudo e resolução de
problemas que ocorrem naturalmente ou como conseqüência da intervenção do homem
na natureza, desenvolvimento da cidadania, incentivar a reflexão e desenvolver o
espírito crítico do aluno no que diz respeito a essa intervenção.
DESPERDÍCIO DE ÁGUA
Fonte:http:/1bp.blospot.com
A humanidade passa por grandes problemas naturais.
A água é um desses bens e um recurso fundamental para a sobrevivência da
espécie humana. Muitas pessoas já sofrem com problemas graves causados pela seca.
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EXERCÍCIO 5
Série: Ensino Fundamental
Conteúdo programático: Números e operações, Tabelas e Gráficos
Objetivos:
Refletir sobre a produção de lixo indevidamente na sala de aula, e a destinação desse
lixo e quais os impactos no meio ambiente.
PRODUÇÃO DE LIXO NA ESCOLA
Fonte: http://br.photaki.com
A questão do lixo é um tema muito discutido por setores da sociedade nos
últimos anos.
A produção e a destinação dos resíduos preocupam os ambientalistas e a
população.
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EXERCÍCIO 6
Série: Ensino Fundamental e Médio
Conteúdo Programático: Grandezas e Medidas, Porcentagem, Frações.
Objetivos:
Constatar se há excesso de peso nas mesmas em relação às medidas
antropométricas destes educandos. Alertar sobre os possíveis problemas de saúde que
pode acarretar o excesso de peso nas mochilas.
QUAL É A SUA CARGA?
Fonte: http://www.itnet.com.br
O projeto de Lei 7848/10, do deputado Francisco Rossi ( PMDB-SP ), determina
que o peso do material escolar transportado por alunos, em mochilas ou pastas, não
ultrapasse 5% do peso da criança na pré-escola e 10% do peso do estudante no ensino
fundamental.
O médico pediatra, Sergio Lira, que atua no setor de ortopedia do Hospital
Geral, em Brasília, explica que como a criança está em fase de desenvolvimento, ela
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não deve fazer muita tensão em partes isoladas no corpo, para que não haja alteração no
crescimento.
Na avaliação do especialista, são inúmeras as enfermidades que podem afetar
uma criança ou jovem que utiliza mochilas inadequadamente ou com peso superior ao
permitido. “Dores na região lombar, baixo rendimento durante as aulas, irritabilidade
durante o período escolar são sintomas que podem estar relacionados com o excesso de
peso das mochilas. As alterações ocorridas na idade escolar acarretam inúmeros
problemas posturais e causam lesões gradativas”disse.
Já o ortopedista Rogério Barbosa, completa dizendo que a escoliose e a
hipercifose, conhecida popularmente como corcunda, são os principais problemas que
podem ser acarretados ou agravados pela má postura e o excesso de peso nas mochilas
escolares.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NACIONAL SOBRE MODELAGEM E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3., 2003.
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2001.
BASSANEZI, R. C. Ensino-Aprendizagem com modelação Matemática: Uma nova
estratégia. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2004.
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Paulo: Contexto, 2003.
D’AMBRÓSIO UBIRATAN. Educação para uma Sociedade em Transição, Papirus
Editora, Campinas, 1999.
D’AMBRÓSIO, UBIRATAN. Educação Matemática, Da Teoria à Pratica, Papirus
Editora, Campinas, 2004.
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caminhos com outros olhares. Campinas: Mercado da letras, 2003.
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Matemática do Professor – Licenciatura e prática docente escolar. Coleção: Tendências
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TOMAZ, Vanessa Sena; DAVID, Maria Manuela M. S. Interdisciplinaridade e
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