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FICHA PARA CATÁLOGO
PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: A Organização do Espaço Escolar: O processo de Gestão Democrática e Participativa
Autor Londi Beatriz Markus
Escola de Atuação Colégio Estadual Antonio Maximiliano Ceretta
Município da escola Marechal Cândido Rondon - PR
Núcleo Regional de Educação Toledo – PR
Orientador Ms. Joceli de Fátima Arruda Sousa
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de – Foz do Iguaçu
Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão Escolar
Produção Didático-pedagógica
Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Público Alvo (indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
Professores, Funcionários e membros das instâncias colegiadas
Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)
Colégio Estadual Antonio Maximiliano Ceretta Rua Presidente Consta e Silva, 1350 85.960-000 Marechal Candido Rondon - PR
Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
A atuação do diretor de escola pública tem como meta estabelecer e conhecer novas práticas para a gestão escolar para ter subsídios e refletir sobre ações que colaboram para identificar o papel do gestor escolar no trabalho coletivo.
Assim, qual o papel do gestor escolar na inserção das famílias nas escolas, como fazer para que exista o envolvimento e o engajamento dos familiares no acompanhamento desses alunos?Como podemos perceber essas tendências na escola?Quais são as diferentes possibilidades de se perceber a descentralização e autonomia nas escolas e nos sistemas escolares?De que modo oportunizar a participação da comunidade educativa nesse processo?Quais os desafios enfrentados por escolas que decidem praticar a gestão democrática e conquistar mais autonomia?
Como objetivo geral o trabalho quer apresentar práticas de gestão democrática e compartilhada de organização do trabalho pedagógico que contribuam para uma aprendizagem efetiva dos alunos, de modo a refletir progressivamente, na melhoria do desempenho escolar. Através do estudo e do questionário que será aplicado para pais, alunos, professores, funcionários e membros das instâncias colegiadas obter subsídios para verificar de que forma a escola poderá coletivamente ter uma gestão democrática e participativa, indicando as prioridades no ato do planejamento do projeto político-pedagógico da escola
Palavras-chave (3 a 5 palavras) Formação docente; Profissionalidade; Trabalho.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE TOLEDO
LONDI BEATRIZ MARKUS
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR: O PROCESSO DE GESTÃO
DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
MARECHAL CÂNDIDO RONDON
2011
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE TOLEDO
LONDI BEATRIZ MARKUS
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR: O PROCESSO DE GESTÃO
DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
Unidade Didática apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED, Departamento de Políticas e Programas Educacionais, para cumprir as exigências do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, segundo período do Plano Integrado de Formação Continuada. Orientadora: Prof. Ms. Joceli de Fátima Arruda Sousa
MARECHAL CÂNDIDO RONDON
2011
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 3
1 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA ....................................................... 5
1.1 CONCEITOS E SIGNIFICADOS DE GESTÃO ESCOLAR ................................... 5
1.11 Fragmento: A Fábula dos Porcos Assados ......................................................... 7
1.2 PRINCÍPIOS E TIPOS DE GESTÃO ESCOLAR ................................................... 9
1.3 TIPOS DE GESTÃO ............................................................................................ 10
1.3.1 Gestão Democrática: ........................................................................................ 10
1.3.2 Gestão Participativa ......................................................................................... 11
2 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA ESCOLA .............................................. 12
2.1 ESCOLA E FAMILIA: Um laço no processo ensino-aprendizagem ..................... 12
2.2 PROPOSTA DE INTERAÇÃO COM A FAMÍLIA: Como trazer os pais para junto
da escola ............................................................................................................. 14
3 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA E O PAPEL DE SEUS VÁRIOS
PARTICIPANTES ............................................................................................... 16
3.1 INSTÂNCIAS COLEGIADAS ............................................................................... 16
3.2 O PAPEL DO CONSELHO DE CLASSE NA GESTÃO DEMOCRÁTICA ........... 17
3.2.1 Fragmento: o papel dos Conselhos de Classe no processo avaliativo ............ 18
3.3 PLANEJAMENTO NA PERSPECTIVA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA .............. 20
3.3.1 Fragmento: Família e Escola na Concepção do Projeto Político Pedagógico .. 23
4 ESCOLA: ESPAÇO DE AÇÃO DO GESTOR ....................................................... 24
4.1 O papel do gestor com a mudança e a inovação educacional ............................ 24
4.1.1 Fragmento: gestão escolar, ética e liberdade ................................................... 26
4.2 CLIMA ORGANIZACIONAL ESCOLAR .............................................................. 27
4.2.1 Fragmento: a gestão escolar e o clima organizacional .................................... 28
4.3 AUTONOMIA ESCOLAR NOS PROCEDIMENTOS DA GESTÃO
DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA .................................................................. 30
4.3.1 Fragmento : autonomia escolar: propostas, prática e limites ........................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33
APRESENTAÇÃO
Este estudo tem por objetivo refletir e discutir a atuação do gestor de escola
pública, que tem como meta estabelecer e conhecer novas práticas para a gestão
escolar, ter subsídios para ações que colaboram para identificar o papel do gestor
escolar diante do trabalho coletivo, na rotina e na condução dos seus inúmeros
afazeres.
A produção didática, na forma de Unidade Didática, faz parte da proposta de
capacitação do PDE como estratégia de ação que sustentará o projeto de
intervenção pedagógica na escola no segundo semestre de 2011.
Esta proposta tem como tema de estudo a gestão e a organização do espaço
escolar: novos tempos e espaços de aprendizagem, e com o título A Organização
do Espaço Escolar: O Processo de Gestão Democrática e Participativa será
feita a implementação no Colégio Estadual Antonio Maximiliano Ceretta em
Marechal Candido Rondon, tendo como público alvo os professores, funcionários e
comunidade (representantes das instâncias colegiadas) através de projeto de
extensão da UNIOESTE.
Em um primeiro momento, é realizado o resgate histórico com conceitos e
significações sobre a gestão escolar buscando investigar a evolução do conceito, a
participação da família e das instâncias colegiadas, planejamento participativo,
conselho de classe e a autonomia escolar e ainda apresentar o papel do gestor
nessa nova visão de estabelecimento de ensino.
Dentro do tema gestão democrática e participativa buscou-se refletir meios de
como romper com padrões, pois é no processo a nível escolar deve centrar seu
foco, percebendo que há necessidade de mudanças de estrutura e no
funcionamento da escola, resultando assim, na implementação de inovações
voltadas para a descentralização, autonomia e a gestão democrática e participativa,
cada vez mais debatido na formação continuada e nos debates educacionais com
toda a sociedade.
Será realizado um questionário aplicado após a intervenção na escola que
consiste em uma pesquisa de opinião para saber as atitudes e ponto de vista sobre
o assunto estudado, e que após a interpretação e análise possa se chegar a uma
conclusão sem perder o referencial teórico, pois a partir dessas informações propor
4
práticas pedagógicas indicando as prioridades a serem consideradas no
planejamento do projeto político-pedagógico da escola e que assim, contribuam para
enfrentar os desafios da organização e gestão escolar.
Trata-se de um estudo sobre a organização do espaço escolar, face a uma
sociedade de contínuos movimentos e inovações. Assim sendo, pensamos em
contribuir para que questões como a de provocar a melhoria do bom funcionamento
da escola, a de encontrar soluções para os problemas que se colocam para a
implementação de novas finalidades educacionais e a de introduzir a inovação para
melhorar a qualidade do ensino, dentre outras, possam ser esclarecidas,
proporcionando novos rumos aos pensamentos estigmatizados, aos preconceitos,
reiterando a idéia de que a mudança é uma constante em qualquer época.
1 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
1.1 CONCEITOS E SIGNIFICADOS DE GESTÃO ESCOLAR
A temática sobre gestão escolar vem a partir dos anos 80 tendo destaque nos
debates sobre a educação, tanto aqueles com caráter eminentemente político ou
ainda em ambientes pedagógicos. Diante disso, a luta pela construção de uma
sociedade democrática não parou, e uma das conquistas das escolas foi a liberdade
de ação e maior participação da comunidade escolar surgindo assim as instâncias
colegiadas.
Sabemos que para democratizar a gestão da educação é de fundamental
importância que a sociedade possa participar no processo da política de educação.
Um dos caminhos para a democracia é permitir que a sociedade exerça seus
direitos de participação, pois é a forma, mesmo sendo de característica
representativa, de convivência entre grupos na sociedade.
As mudanças vividas na atualidade tem provocado uma nova atuação dos
Estados na organização das políticas públicas, por meio de repasse de
responsabilidades dos governos centrais para as comunidades locais. Para Lima
(2004, p. 25) as transformações pelas quais a política pública vem sendo submetida,
são traduzidas por um forte centralismo estatal, num processo velado de
privatização, no qual os anseios da população vem sendo desconsiderados,
descaracterizando e ressignificando termos como descentralização, participação e
autonomia.
Na educação percebemos a descentralização da gestão escolar,hoje uma
forte tendência das reformas educacionais e um tema muito importante e debatido
na formação continuada e nos debates educacionais com toda a sociedade.
Podemos iniciar este texto falando da origem da palavra Gestão que vem do
latim “gestióne, gero, gessi, gestum, gere” sendo que o significado é, ação de dirigir;
ato e modo de gerir; conjunto de pessoas que gerem uma instituição; conciliação de
opiniões divergentes; consenso.Gestão é assim um novo modo de administrar pois
carrega junto com o termo o envolvimento coletivo que traz o diálogo e a discussão.
Para Libâneo (2005), a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios
e procedimentos para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente,
6
os aspectos gerenciais e técnicos-administrativos. Gestão é a atividade que põe em
ação o sistema organizacional.
O conceito evoluiu com o a passar dos anos e permitiu pensar em gestão no
sentindo de gerir uma instituição escolar, desenvolvendo estratégias com a
finalidade de buscar uma democratização da gestão educacional. Conforme
apontado por Lück (1999, p. 11), gestão escolar:
[...] constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino orientadas para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento.
De acordo com Paro (2001,) embora o senso comum de uma sociedade
autoritária a gestão aparece ligada a relações de mando e submissão, não é isso
que lhe dá a especificidade e a razão de ser, mas sim seu caráter de mediação para
a concretização dos fins. Ao administrar ou ao ferir, utilizam-se recursos de forma
mais adequada possível para a realização de objetivos determinados,tendo este um
necessário componente democrático.
Para Liliana Soares Ferreira (2009, p. 365):
Gestão, por sua vez, parece-me um sentido mais amplo e descomprometido com essa conotação (tecnicista e relacionada ao gerenciamento) já explicitada. Entendo-a como um processo eminentemente político, pautado em escolhas, cultural e coletivo, a partir do qual se viabiliza a educação e a escola. Por sua vez a gestão democrática, acrescento, democratizante da escola e da educação, consiste em agir coletivamente, considerando-se os diferentes saberes, por escolhas assumidas a partir de objetivos que visam o bem estar de todos, em meio a conflitos, com certeza, porém em ambientes onde a palavra circule.
A partir dessa década, há uma mudança no entendimento dos espaços
educacionais e também nos termos utilizados para nos referirmos a educação,
passando a observar nos textos que a palavra administração da educação passa a
ser trocado pelo termo gestão da educação.
De acordo com o dicionário Interativo da Educação Brasileira o termo Gestão
Escolar é uma expressão relacionada à atuação que objetiva promover a
organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e
humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos
7
estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem
pelos alunos.
Para mudar o enfoque dado ao termo administração escolar, foi criado o
conceito de gestão escolar. Iniciou-se com os dos movimentos de abertura política
do país, com a idéia de promover novos conceitos e valores, associados à ideia de
autonomia escolar, de participação da sociedade e da comunidade, com a criação
de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às associações
de pais.
1.11 Fragmento: A Fábula dos Porcos Assados
Uma das possíveis variações de uma velha história sobre a origem do assado
é a seguinte: Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns
porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne
crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que
queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... até que descobriram um
novo método.
Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o
SISTEMA para implantar um novo. [...] O processo preocupava muito a todos,
porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes -
milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se
ocupavam com a tarefa de assá-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia
falhar.
[...] Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um
clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos,
seminários, conferências passaram a ser realizados anualmente para buscar uma
solução. [...] As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram
O texto original deste trabalho, em espanhol, circulou entre os alunos do curso de pós-graduação da Universidade de Piracicaba em 1981. A sutileza com que o autor satiriza um dos problemas de nossos tempos fez com que imediatamente o texto chamasse a atenção de alunos e professores, convertendo-se em tema de conversas e debates. Aos leitores, a Fábula dos Porcos Assados:
8
atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à
inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda às árvores,
excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações
meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas...
[...] Foram formados professores especializados na construção dessas
instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para que os
professores especializados na construção das instalações para porcos; fundações
apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que
preparavam os professores especializados na construção das instalações para
porcos, etc. [...] Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo
entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos.
Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de
bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão
chuvoso), chamado João Bom-Senso, resolveu dizer que o problema era muito fácil
de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e
cortando adequadamente o animal, colocando-o então sobre uma armação metálica
sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.
[...] Tudo o que o senhor disse está muito bem, mas não funciona na prática.
O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar
a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de
diversas especialidades?
Não sei - disse João.
[...] Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia
dizendo por aí que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do
que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa
sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim,
o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo,
entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode
encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?
João Bom-Senso, coitado, não falou mais um "A". Sem despedir-se, meio
atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça
para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se
diz, quando há reuniões de Reforma e Melhoramentos, que falta o Bom-Senso.
9
1.2 PRINCÍPIOS E TIPOS DE GESTÃO ESCOLAR
Na atual LDB temos várias determinações que dizem respeito a gestão da
educação. Pensar essas questões nos reporta a escola em si, na forma como vem
conduzindo os seus processos internos, nas relações que dentro ocorrem, nos
modelos de gestão que adotam e também na figura do gestor educacional. Assim
sendo temos os princípios da gestão da escola definindo as normas da gestão
democrática do ensino público da educação básica, seguindo princípios de
participação dos profissionais na elaboração do projeto pedagógico e estabelece a
participação das comunidades escolar e local nas instâncias colegiadas.
As condições de trabalho na escola tem muito a ver com a gestão
democrática que diz respeito as condições necessárias para que a escola alcance
seus objetivos. Esses dispositivos presentes na LDB nos dão apoio para reivindicar
a participação efetiva nas tomadas de decisão.
Mas é preciso tomar cuidado com relação a autonomia e da necessidade da
participação da comunidade escolar, observar para as medidas tendenciosas de
passar para a sociedade civil o dever de arcar com os custos induzindo a
participação não para decidir mas para contribuir no financiamento do ensino
(PARO, 2001).
A participação da comunidade na gestão escolar está referenciada no artigo
12 da LDB e nos incisos VI e VII que determinam em que medida a escola deve
REFLEXÃO:
É possível transformar o modelo de gestão estabelecido em sua escola?
APROFUNDAMENTO DO TEMA
Leitura: Fábula dos Porcos Assados. Disponível em:
<http://www.marcoscintra.org/fabula_porcos.asp>. Acesso em: 01 dez. 2010.
Leitura: ALONSO, Myrtes. Gestão escolar: revendo conceitos. Disponível em:
<http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto06.pdf>
Acesso em: 01 dez. 2010.
10
levar em conta a família e a comunidade, fortalecendo a participação na gestão
escolar e dando suporte as mesmas para chamar a comunidade para participar das
decisões a respeito dos seus rumos e da realização das suas propostas educativas.
Altamente positivo na LDB é a escolha dos dirigentes escolares e a
valorização de seus profissionais. A atuação do gestor educacional até pouco
tempo estava relacionada apenas a sua visão e competência. Um profissional
exclusivamente preocupado com a ordem, a disciplina, horários, formulários e as
exigências burocráticas. Nos dias de hoje o gestor juntamente com seus assessores
coordena o processo ensino-aprendizagem e o que lhes dá a legitimidade política é
o sistema eletivo de escolha dos dirigentes.
A gestão democrática e participativa não se reduz a escolha dos seus
dirigentes, ela vai além de uma organização baseada em colaboração, convivência e
diálogo. Atualmente precisamos de práticas que garantam essa participação efetiva
de servidores (professores e funcionários), pais e alunos nas decisões da escola.
1.3 TIPOS DE GESTÃO
1.3.1 Gestão Democrática:
Com a LDB 9394/96 fica estabelecido a democratização da gestão escolar,
que busca a atuação coletiva por parte dos pais, alunos, professores e funcionários
que possuem por sua vez liberdade na tomada de decisão no processo educacional.
Nesse tipo de gestão a educação é tarefa de todos – família-governo-
sociedade – sendo necessário o envolvimento de todos pois o trabalho é coletivo e
exige ações concretas e vivenciadas no dia a dia das escolas, que faça parte do
cotidiano de tal forma que se torne essencial tanto quanto a presença de alunos e
professores.
Na gestão democrática é muito importante a presença da sociedade
organizada que nas escolas se faz muito timidamente através do Conselho Escolar,
onde deve acontecer a descentralização por parte do diretor, distribuindo
responsabilidades a todos. Para que a escola possa construir a sua autonomia ela
precisa saber identificar os problemas e ter alternativas para solucionar, ter
capacidade de gerenciar recursos financeiros pois assim o colegiado torna-se um
instrumento da gestão na própria escola.
11
A democratização da gestão escolar é importante para dar início a uma
jornada de mudanças e ter as condições políticas, legais e estruturais e ter o apoio
das secretarias de estado da educação.O processo de gestão democrática constitui-
se em uma a ação construída e associada a elaboração do projeto político
pedagógico e o Conselho Escolar, sem no entanto eximir o Estado de suas
obrigações.
1.3.2 Gestão Participativa
Um modelo democrático justifica-se pelo modelo de sociedade e torna-se uma
exigência quando o assunto é escola pois ela tem a finalidade de educar pessoas
para viver em um ambiente democrático.Para desenvolver esse processo,
necessitamos aperfeiçoar a ação coletiva e o espírito de equipe. Para que aconteça
uma administração participativa é preciso que pais e alunos, professores e
funcionários e acima de tudo o diretor se proponham a isso.
O êxito depende da vivencia de cada um na participação construtiva de cada
um e de todos na escola. A descentralização fica mais vinculada a tomada de
decisão, democratização e a construção da autonomia que dependem do
desenvolvimento do espírito de equipe e da noção de gestão compartilhada. Para
que esta participação aconteça é preciso que o gestor se proponha a impor menos,
aceitar a morosidade do processo participativo, superar o medo de ser julgado, ter
de conviver com idéias diferentes e contraditórias das suas, e de conter a sua
tendência centralizadora e individualista ao tomar decisões.
Essa prática individualizada precisa ser superada para que todos possam se
aprimorar no exercício da democracia, um exercício diário de fortalecimento da
responsabilidade. Mudar apenas a denominação para gestão democrática e
participativa, nada significa, acima de tudo é necessário que a nova forma de escola
e gestão tenha originalidade e a efetiva atuação.
REFLEXÃO
O que dificulta a implantação de uma gestão democrática participativa em escola pública? Investigue a realidade de sua escola e observe em que etapa deste processo a escola se encontra e quais perspectivas ela possui para implantar este modelo?
12
2 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA ESCOLA
A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se
lugares para a convivência de nossos filhos e alunos e sendo assim há a
necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família.. A escola não
deveria viver sem a família e nem a família deveria viver sem a escola, pois as duas
tem uma grande tarefa, é onde se formam os primeiros grupos sociais da criança.
Pensar em educação de qualidade é preciso ter em mente que a família esteja
presente,uma depende da outra na tentativa de alcançar esse objetivo.
2.1 ESCOLA E FAMILIA: Um laço no processo ensino-aprendizagem
As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Ela é a
base para qualquer ser, para qualquer tipo de família podendo ser a de sangue, mas
APROFUNDAMENTO DO TEMA Leitura: Gestão Escolar Democrática: definição, princípios e mecanismos de implementação. – Disponível em: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/texto2_1.pdf Leitura: A gestão enquanto instrumento para a construção e qualificação da educação – Naura.Syria Carapeto Ferreira
APROFUNDAMENTO DO TEMA - VÍDEOS
Gestão democrática da escola e gestão democrática do sistema de ensino – http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=51408 Princípios e bases da gestão democrática - http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20864 Escola Democrática: retrata o cotidiano dos alunos e professores. Instituto Futuro Educação. Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=Rumvh3QnL38. Duração: 6:10min.
13
também aquelas construídas através de laços de afeto. Podemos conceituar família
como pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de
se complementarem, e através desse desejo tornam-se mais humanas, aprendendo
a viver e a sentir o jogo da afetividade da maneira mais adequada.
No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1988, aborda a questão da
família nos artigos 5º, 7º, 201, 208 e 226 a 230, trazendo algumas inovações (artigo
226) como um novo conceito de família: união estável entre o homem e a mulher (§
3º) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (§ 4º). E
ainda reconhece que: os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (§ 5º).
Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB ) – Lei 9394 de
dezembro de 1996 formaliza e institui a gestão democrática nas escolas e vai além
pois dentre algumas conquistas destacam-se a concepção de educação, concepção
ampla, estendendo a educação para além da educação escolar, ou seja,
comprometimento com a formação do caráter do educando.
Para que isso se torne uma realidade dentro da gestão democrática, o que a
escola deverá fazer é melhorar a posição da família na agenda escolar
implementada pela legislação vigente.
No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 1990), "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo
pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais", ou seja,
trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e
do Adolescente o que esta faltando é pôr a Lei em prática. Família e escola são
pontos de apoio ao ser humano; são sinais de referência de existência. Quanto
melhor for a parceria entre ambas, mais significativos serão os resultados na
formação do educando. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve
ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e
complementares.
Nas ações dos projetos pedagógicos promover a família enfatizando ações a
seu favor, e a própria escola articular para criar novos espaços para tratar das
questões da família e assegurar que esses debates, reflexões e estudos e propostas
de ação possam servir para concretizar por meio das práticas pedagógicas o que
coletivamente foi almejado.
14
2.2 PROPOSTA DE INTERAÇÃO COM A FAMÍLIA: Como trazer os pais para junto
da escola
Como trazer os pais para a escola tem sido um desafio muito grande pois
precisamos refletir questões relacionadas com o envolvimento familiar.
Primeiro nos perguntamos: o que é que os pais pensam: “cada vez mais nos
sobrecarregam com coisas”, “que chatice ter que ir a escola”. E o que os professores
pensam? “por mais esforços que façamos os pais não querem vir”, “os pais querem,
delegar responsabilidades em nós”.
Diante de tudo, muitas vezes as escolas não fazem um esforço no sentido de
criar uma aliança educativa entre a família e a escola. É necessário recordar que os
pais são os primeiros e os principais educadores e por isso não devemos afastá-los.
Nas palavras de Berger e Luckmann (1973, p. 175 apud PARO, 2007, p. 26) no livro
Qualidade do Ensino: a contribuição dos pais
a socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta e tem o poder muito maior de permanência na criança, e em virtude da qual se torna membro da sociedade. A socialização secundária é qualquer processo subseqüente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo de sua sociedade.
Para trazer os pais para a escola precisamos pensar na nossa sociedade, em
ter uma escola com espaço aberto para que todos possam manifestar-se de forma
igual e assim ter condições e gosto em buscar a participação.
Para que a interação tenha ao longo do processo a direção desejada e que
possa ser positiva devemos revisar alguns conceitos, e conhecer as novas formas
de organizações familiares e que estão presentes na comunidade escolar, que
impedem a leitura da realidade na comunidade.
REFLEXÃO
Você acha que o clima existente em sua escola favorece a introdução de inovações com o objetivo de melhorar o ensino e a aprendizagem? Como a articulação escola-comunidade reflete na gestão da escola/
15
A família e a escola tenham clareza dos objetivos que cabe a cada uma para
a formação do aluno para conviverem juntas para o bem comum.Fazer reuniões,
sem falar de problemas individuais e prestação de contas e sim planejar com
objetivos claros e específicos para atender a especificidade da comunidade escolar.
Romper preconceitos com os pais que tem um sentimento de incapacidade (
falta de escolarização, vergonha,exclusão) e ainda porque todas as vezes que
esteve conversando com professores foi para ouvir reclamações. A família deve ser
respeitada e o trabalho de interação entre escola e família deve ser estimulado o
tempo todo.
Deixar de pensar de que uma reunião somente é boa se o número de
presentes for grande. O que importa é estar em contato com famílias que
reconheçam nesse trabalho uma forma de participar na escola. Envolver professores
e funcionários na organização e na participação de encontros com a família, pois a
escola se constrói como uma equipe, atendendo as peculiariedades da comunidade
escolar.
REFLEXÃO Que medidas podem ser sugeridas para se obter uma participação mais efetivada comunidade? Que formas de participação poderiam ser sugeridas e estimuladas? Qual o papel do gestor para a inserção das famílias nas escolas? Como fazer para ter engajamento e envolvimento dos familiares no acompanhamento desses alunos?
Com a escola fica a relação de convivência. Deste modo na cartilha do MEC são apontados 10 itens para os pais acompanharem a vida escolar de seus filhos: (BRASIL, 2008) 1. Visitem a escola de seus filhos sempre que puderem. 2. Observem se as crianças estão felizes e cuidadas no recreio, na hora da entrada e
na hora da saída. 3. Observem a limpeza e a conservação das salas e demais dependências da escola. 4. Conversem com as mães os pais, ou responsáveis dos colegas de seu filho ou de
sua filha sobre o que vocês observaram. 5. Conversem com os professores. 6. Perguntem como seus filhos estão nos estudos. 7. Peçam orientação, caso seus filhos estejam com dificuldade nos estudos. 8. Procurem saber o que podem fazer para ajudar. Conversem também com o diretor
ou diretora e as outras pessoas da escola. 9. Leiam bilhetes e avisos quando a escola mandar e respondam quando necessário. 10. Compareçam às reuniões da escola. Dêem sua opinião.
16
3 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA E O PAPEL DE SEUS VÁRIOS
PARTICIPANTES
A participação dos vários segmentos da comunidade escolar na gestão
democrática e participativa, trouxe legitimidade formal a essa gestão através das
atribuições a eles destinados sejam elas por meio de regimento ou demandas da
SEED , ou ainda situações do cotidiano escolar, utilizando-se dessas informações
para refletir sobre o trabalho de natureza pedagógica e propondo ações condizentes.
3.1 INSTÂNCIAS COLEGIADAS
Os espaços de representação de segmentos da escola onde participam pais
alunos, professores e funcionários e comunidade são as instâncias colegiadas, que
utilizam esse espaço em muitas escolas de maneira tímida, mas fruto de conquista
da comunidade que participa da gestão da escola.Essa participação ganha força na
medida em que as relações entre os segmentos e a direção da escola se estreitam e
percebem que somente assim se faz uma verdadeira gestão democrática e
participativa, para alcançar o desejo de todos: escola de qualidade para todos.
Cada instância de ação colegiada busca e tem o seu espaço para o exercício
da democracia no interior da escola, definidos por estatutos, regimentos,
deliberações, ou seja, documentos oficiais que regularizam e definem a participação
do Conselho Escolar, (órgão representativo de natureza deliberativa, consultiva,
avaliativa e fiscalizadora, dando pareceres sobre o trabalho pedagógico e
APROFUNDAMENTO DO TEMA Vídeo: Pais: inimigos ou aliados? (Convívio escolar) – Duração : 10:43 min. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20290 Leitura: PARO, Vitor Henrique . Qualidade do ensino : a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.
17
administrativo da escola) Grêmio Estudantil (representa o corpo discente da escola,
sendo a comunicação dos alunos entre si com a comunidade escolar promovendo a
ampliação da democracia em seu interior), Associação de Pais e Mestres e
Funcionários (APMF) (órgão que representa os pais e funcionários e tem como
objetivo maior promover a integração escola-comunidade).
3.2 O PAPEL DO CONSELHO DE CLASSE NA GESTÃO DEMOCRÁTICA
No processo da gestão democrática o Conselho de Classe é essencial, pois
tem um caráter articulador e como um espaço de avaliação coletiva do trabalho
escolar.
O Conselho de Classe enquanto instância colegiada, tem se caracterizado por
um espaço de atuação permanente e avaliação coletiva do trabalho na escola e atua
como um instrumento de democratização, onde vários professores de diversas
disciplinas juntam-se com a equipe pedagógica para refletir e avaliar o desempenho
dos alunos.
De acordo com as atribuições do Conselho de Classe, ele deverá conduzir a
uma modificação nos processos avaliativos e contribuir para modificar também a
organização do trabalho pedagógico previsto no projeto político pedagógico se
assim se fizer necessário, revendo as relações pedagógicas da instituição.
Concebendo a escola como um espaço organizado onde acontecem as
relações sociais entre indivíduos de diferentes segmentos, torna-se um espaço
muito significativo também para as discussões sobre as relações internas e aquelas
que a escola tem com a comunidade.
No Conselho de Classe o objeto é o ensino e suas relações com a avaliação,
e precisa dar conta de diversas questões didática e pedagógicas, de idéias políticas
e administrativas e garantir o seu papel de órgão democratizador com grande
capacidade da leitura coletiva da prática escolar, alterando quando necessário as
relações nos diversos espaços da escola.
18
3.2.1 Fragmento: o papel dos Conselhos de Classe no processo avaliativo
DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Conselhos de classe e avaliação: perspectivas na gestão pedagógica da escola. Campinas, SP: Papirus, 2004. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
O Papel dos Conselhos de Classe no processo avaliativo
A escola se constrói na sua relação com a sociedade, sendo um reflexo das
necessidades sócio-culturais de cada época.[...] Esse processo não se faz de um dia
para outro, pois exige dos sujeitos a reflexão crítica de práticas já sedimentadas e a
construção de novas, gradativamente, incorporando as alterações necessárias, para
atender à demanda dos novos tempos.
[...] Na gestão democrática, todos são chamados a apensar, avaliar e agir
coletivamente, em face das necessidades de percorrerem um caminho que se
estrutura a partir do diagnóstico das dificuldades do meio. Nesse trajeto, a equipe de
profissionais vai traçando os objetivos a serem alcançados, os quais nortearão a
construção das ações cotidianas, mediante uma forma original de trabalho. Essa
travessia permite a cada escola a construção coletiva de sua identidade. [...] Nesse
contexto, instâncias coletivas de decisão, que fazem parte da estrutura de
funcionamento da escola, como os Colegiados, os Conselhos de Classe, as
Assembléias de pais e mestres bem como grupos de professores em reuniões
pedagógicas são fundamentais e merecem toda a atenção do diretor da unidade,
que deverá pautar seu trabalho pelas discussões e encaminhamentos definidos por
tais instâncias.
O Conselho de Classe destaca-se entre as instâncias colegiadas da escola,
por ser capaz de dinamizar a gestão pedagógica, conforme esboçado anteriormente.
Entretanto, para que isso aconteça, é fundamental que tanto o diretor quanto os
professores da escola estejam atentos aos rumos dados às relações sociais
O fragmento analisa as relações sociais no cotidiano da escola e as dificuldades de articulação coletiva na atual organização do trabalho, refletindo sobre suas características, as diversas concepções de avaliação, ensino e trabalho pedagógico como os pontos de partida fundamentais para a construção do trabalho docente em seu cotidiano. Fundamenta a importância do Conselho de Classe na gestão dos projetos pedagógicos coletivo da escola.
19
presentes na organização do ensino e no trabalho escolar como um todo. [...] Uma
das características fundamentais do Conselho de Classe é a perspectiva de espaço
interdisciplinar de estudo e tomadas de decisão sobre o trabalho pedagógico
desenvolvido na escola. [...] As reuniões de Conselhos de Classe, cuja pauta
engloba as necessidades de ensino e aprendizagem que se apresentam no
cotidiano escoar, devem ocorrer sempre que consideradas necessárias e podem ser
convocadas por qualquer um dos seus membros, sendo-lhe conferida, nesse
sentido, importância na co-responsabilidade da gestão participativa. Nesse ponto, é
importante levantar a dimensão política que assume a instância, por se constituir
num órgão capaz de propiciar o debate permanente e a geração de idéias numa
produção social.
[...] Quando se discute o Conselho de Classe, discutem-se também as
concepções de avaliação escolar presentes nas práticas dos professores e ainda a
cultura escolar em geral e a cultura específica da escola que as vem produzindo.
Nesse sentido, a importância dos Conselhos de Classe e dos processos avaliativos
da escola derivam de sua capacidade de alterar as relações pedagógicas presentes
nos diversos espaços da instituição, alterando-se, assim, a sua própria identidade.
[...] As vivências do professor como docente, o seu modo de vida, seus
valores e idéias pessoais delimitam os campos de observação da prática escolar e
aqueles permitidos para as tomadas de decisões autônomas. [...] Considera-se que
a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho é o melhor instrumento de
aprendizagem e de formação em serviço, já que permite a ele se colocar diante da
realidade de maneira flexível e aberta. Nesse contato com a situação prática, o
professor adquire e constrói novas teorias, esquemas e conceitos, assim como
vivência o processo de aprendizagem. [...] Essa nova atitude do profissional da
educação é que, na verdade, irá re-significar as práticas do Conselho de Classe.
O diretor, envolvido com a construção democrática da identidade da escola,
deverá ficar atento à dinâmica desse processo, consciente de que o projeto político-
pedagógico real de sua unidade se constrói nessas interações. Da mesma forma,
ele, enquanto um gestor de postura democrática, estará se formando no desafio
dessa mediação. [...] A avaliação transforma-se num processo permanente de leitura
dessa prática, para a tomada de consciência das suas necessidades, limitações e
possibilidades, tendo em vista o planejamento de ações apropriadas. Essa nova
20
postura político-pedagógica refere-se à aquisição de um pensamento autônomo pelo
profissional, diante das especificidades de sua prática.
Assim sendo, é possível afirmar que o Conselho de Classe está de posse do
processo de gestão político- pedagógica da escola, por meio de seu eixo central,
que é a avaliação escolar, devendo, por isso, ser atentamente considerado na
organização do plano de ação gestora de cada unidade escolar.
.
3.3 PLANEJAMENTO NA PERSPECTIVA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
A presença da gestão democrática na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional número 9394/96, tem seu respaldo nos segmentos populares e dos
APROFUNDAMENTO DO TEMA - VÍDEOS O papel dos colegiados na gestão escolar. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20860 Conselho escolar e educação com qualidade social Parte 1: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=48120 Parte 2: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=48121 Conselhos escolares, eleição de diretores e descentralização financeira em questão http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=50662
REFLEXÃO Quais as reais finalidades do Conselho de Classe como órgão integrador da organização do trabalho desenvolvido na escola? Reflita a sua prática na escola buscando localizar as falhas e perceber os avanços e quais procedimentos são utilizados. De que forma você participa do Conselho de Classe na sua escola? Como você percebe a organização desse conselho? Como foi o envolvimento dos participantes? Como você percebeu as tomadas de decisões de forma coletiva?
21
educadores, que lutaram para que esse princípio fosse contemplado em lei, com
uma forte influência das agências internacionais nas diretrizes educacionais.
De acordo com Lück ( 2010, p.22),
O conceito de gestão, portanto, parte do pressuposto de que o êxito de uma organização social depende da mobilização da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva. Esta, aliás, é condição fundamental para que a educação se processe de forma efetiva no interior da escola, tendo em vista a complexidade e a importância de seus objetivos e processos. Entende-se que o trabalho educacional, por sua natureza, demanda um esforço compartilhado, realizado a partir da participação coletiva e integrada dos membros de todos os segmentos das unidades de trabalho envolvidos.
Dentro deste contexto, o Projeto Político-Pedagógico que é um instrumento
de planejamento norteador da escola que exige uma reflexão muito abrangente do
seu entorno para que as suas ações e metas possam ser operacionalizadas com a
importância que está além de uma perspectiva de eficiência, pois deve ser fruto de
uma participação coletiva com a interação entre a comunidade intra e extraescolar.
O projeto político-pedagógico é um dos documentos de maior importância na
escola, pois diz respeito à própria organização do trabalho pedagógico que esta
intimamente ligada à concepção, realização e avaliação do projeto educativo. .A
construção do projeto político pedagógico passa pela escassa autonomia da escola,
pela sua capacidade de descrever sua própria identidade, e isto significa resgatar a
escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo fundamentado sempre na
reflexão coletiva.
A abordagem do projeto político-pedagógico como organização do trabalho
pedagógico escolar está relacionada nos princípios que a escola democrática,
pública e gratuita, que exige um rompimento na prática administrativa da escola, na
compreensão dos problemas levantados pela prática pedagógica e na participação
dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões e nas ações
administrativas e pedagógicas.
Para Veiga (2007),
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola.
22
Portanto, diante do projeto político-pedagógico, como construção coletiva da
identidade da escola, espera-se do diretor capacidade de saber ouvir, juntar idéias,
questionar, interferir, analisar posições e sintetizar ações com objetivo de coordenar
o processo educativo, cumprindo assim a função social e política da educação
escolar. A coordenação de construção e acompanhamento do projeto político-
pedagógico parte do diretor, demonstrando a intenção da comunidade escolar, e que
diz respeito ao que a sociedade quer almejar.
A Proposta Pedagógica Curricular, é a expressão de um concepção de
educação e de sociedade, construída pelos professores das diferentes disciplinas e
tem como grupo mediador a equipe pedagógica, os quais baseiam-se nos
fundamentos curriculares historicamente produzidos para buscar a seleção de
conteúdos e método a serem utilizadas.
O Plano de Trabalho Docente é a expressão da Proposta Pedagógica
Curricular, e que expressa o projeto político-pedagógico. O plano é a representação
escrita do planejamento do professor. Neste sentido, ele contempla o recorte
expressivo do conteúdo selecionado para um dado período, trazendo sempre quais
os critérios de avaliação. Para que isto se efetive o professor deve ter clareza do que
o aluno deve aprender (conteúdos), por que aprender aquele conteúdo em
detrimento de outro conteúdo (intencionalidade dos objetivos), e ainda como
trabalhá-lo em sala (encaminhamentos metodológicos), e como serão avaliados
(critérios e instrumentos de avaliação).
Neste momento, o projeto de sociedade se efetiva no currículo e para tal deve
sair do papel e passar para a prática docente junto aos educandos e com todo o
coletivo escolar. Ou seja, a partir da proposta pedagógica, a qual reúne a concepção
das disciplinas em torno da concepção de educação, sistematizada no projeto
político-pedagógico, o professor planeja suas aulas e organiza seu Plano de
Trabalho Docente que representa o currículo em ação.
REFLEXÃO Como envolver os diversos segmentos de sua escola na elaboração e acompanhamento do projeto político-pedagógico?
23
3.3.1 Fragmento: família e escola na concepção do projeto político pedagógico
BIÁZZIO, Solange Cachimiro Ferreira de. A Participação da Família no Projeto Político-Pedagógico. Educere et Educare, Cascavel, v.4, n.7, p.373-385, jan/jun.2009.
Fruto do crescimento da comunidade e, ao mesmo tempo, instrumento em
favor da escola, o projeto político- pedagógico apresenta desafios atuais, ao passo
que abarca questões sociais pertinentes. [...] Como parte integrante das instâncias
colegiadas da escola representada nas tomadas de decisão por: Conselho de
escola, Conselho de classe,Grêmio estudantil e Associação de pais e mestres , a
família nem sempre tem participado de forma efetiva de tais instâncias, ora por conta
da falta de motivação por parte da escola, ora por desconhecerem a real importância
dessa contribuição.[...]
Este artigo propõe analisar o papel participativo da família na elaboração do projeto político pedagógico, que tem como principal eixo a participação coletiva da comunidade.
APROFUNDAMENTO DO TEMA – VÍDEOS O Projeto Político-Pedagógico: conceitos e significados. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20889 Entre os Muros da Escola (Conselho de Classe) - Duração: 5 min. http://www.youtube.com/watch?v=DQq2Oj28OAI Machuca (provas) – Duração: 1:49 min. Domínio público O Triunfo – Parte 3 – Avaliação Diagnóstica (reavaliação-metodologias) Duração: 3:22 min. Domínio público Projeto Politico Pedagógico – Henrique Ortolan Duração: 9:30 min. http://www.youtube.com/watch?v=BP99-Bp-7fM&feature=related
24
[...] Uma escola que não promove a integração da comunidade escolar e não
ouve os anseios da família não pode dizer-se democrática e tampouco garantir-se
eficiente. Ao ignorar a realidade da comunidade intra e extraescolar e vedar a sua
participação, a escola reforça seu papel como veículo de promoção da exclusão
social, ao passo que desconsidera o cenário político, histórico e social sob o qual se
dá a prática pedagógica.
[...] Vale ressaltar que não estamos considerando aqui como participação
efetiva da família na escola a freqüência em reuniões de pais e mestres ou o auxílio
em atividades extraclasse (lição de casa) mas, sim a oportunidade de discutir[...]
questões que estruturam e fundamentam o projeto político-pedagógico [...]. Convidar
a família às questões político-pedagógicas [...]é deixar de gestar uma prática
autoritária para garantir à família a liberdade de exercer a democracia em seu
sentido pleno. [...] É necessário que a escola promova com freqüência momentos de
diálogo em que corpo docente, funcionários, pais e comunidade local possam
pensar juntos o projeto político- pedagógico, elecando prioridades [...] Há que
convocar a família porque de fato se acredita na importância dessa contribuição. [...].
4 ESCOLA: ESPAÇO DE AÇÃO DO GESTOR
A escola sendo um espaço social e democrático deve oportunizar uma gestão
democrática visando à participação da comunidade escolar de forma direta e efetiva
pois, Paro (2004, p. 49) considera “a democracia, enquanto valor universal e pratica
de colaboração recíproca entre grupos e pessoas, é um processo globalizante que
tendencialmente deve envolver cada indivíduo, na plenitude de sua personalidade.”
na elaboração do planejamento das suas ações educacionais.
4.1 O papel do gestor com a mudança e a inovação educacional
A organização da sociedade tem sofrido influencia direta e indireta das
enormes mudanças econômicas, sociais, tecnológicas, científicas, políticas e
culturais que se refletem nos diversos momentos históricos , no desenvolvimento
25
das nações, nos processos educacionais, nas gestões enfatizando a pedagógica e a
administrativa buscando as mais variadas referências para a sua nova composição.
Na década de 70 a gestão nas escolas estava focada sob a ótica
administrativa empresarial, cuja intencionalidade era para uma educação
massificadora e para a formação da força de trabalho para o mercado em
desenvolvimento e para possíveis reprodutores do sistema vigente.
Com a Constituição Federal de 1988 os debates em torno do conceito e
prática democrática de gestão da educação começaram a ficar mais fortalecidos,
buscando assim redefinir o rumo da escola pública brasileira.
O conceito de gestão nos leva a pensar na possibilidade de organizar e
constituir a escola como um espaço de contradição de quem tem responsabilidade
de formar para a cidadania sob ponto de organização coletiva da escola em função
dos sujeitos que dela fazem parte, vendo a alteração do papel da escola e de ver o
seu papel pedagógico muito atrelado ao papel político.
Com a transição democrática de governo dos anos 90,a escola adota uma
gestão democrática para dar suporte as necessidades escolares, no âmbito da
organização, participação, planejamento e tomada de decisão. Com isso exige-se
uma mudança do papel do diretor quanto ao seu trabalho e com relação a sua
postura anteriormente de caráter gerencialista. Com o processo coletivo de tomada
de decisões e ações, a gestão democrática recupera o papel do gestor desse
processo educativo e não como ação exclusiva dele, partindo do princípio que o
diretor não deve estar sozinho para decidir e nem para agir, tendo sempre presente
as funções específicas de planejamento e implementação de ações que partiram do
coletivo.
A gestão democrática se legitima pela eleição de diretores que é o princípio
que garante a democracia como prática escolar momento de decisão de toda a
comunidade, e após ele tem o dever de dar essa legitimidade ao processo
educativo.
REFLEXÃO Qual o papel do gestor escolar no ensino e na condução do projeto político-pedagógico, no plano curricular e no plano de trabalho docente? Como a gestão de sua escola pode contribuir para ser um lugar de permanente qualificação e desenvolvimento pessoal e profissional?
26
4.1.1 Fragmento: gestão escolar, ética e liberdade
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre Educação. São Paulo: Xamã, 2001
Pela forma como devem entrelaçar-se as múltiplas dimensões do educativo
na realidade escolar, é possível afirmar com segurança que a relação da gestão
escolar com a ética e com a liberdade se dá, privilegiadamente, por via da educação
a que ela, como mediação, deve visar.[...] a gestão (ou a administração, que será
aqui tomada como sinônimo) apareça ligada a relações de mando e submissão, não
é isso que lhe dá a especificidade e a razão de ser, mas sim seu caráter de
mediação para a concretização de fins.
[...] A ética, por sua vez está na origem constitutiva do homem histórico
porque é por uma postura de não-indiferença com relação ao mundo que o homem
se apresenta diante da natureza e busca transcendê-la por meio de sua ação. [...]
Mas a humanidade em sua história produz continuamente conhecimentos,
valores, crenças, técnicas, tudo enfim que configura a cultura construída
historicamente e que lhe possibilita transcender a necessidade natural e construir
uma realidade humano-social. É aqui se encontra a importância do conceito
Este fragmento nos coloca a refletir sobre a escola, este organismo vivo que aceita as modificações que ocorrem na sociedade e na gestão do poder, e também, reage ou se acomoda a elas. Ocorrem conflitos entre o individual e o social, liberdade e limites, nacionalização e privatização, cultura nacional e globalização. A escola é onde todos essas contradições se encontram.
APROFUNDAMENTO DO TEMA - VÍDEOS A função do Gestor http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20873 A história e os caminhos da gestão escolar http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=21847
27
educação, entendida como a apropriação do saber, no sentido que não se reduz à
informação, porque se reporta a toda essa cultura acumulada. É pela educação que
a humanidade pode apropriar-se de toda a produção cultural das gerações
anteriores e capacitar-se a prosseguir em seu desenvolvimento histórico.
[...] Falar, por conseguinte, em gestão escolar é ter presente o modo pelo
qual, ao viabilizar a educação, a gestão possibilita o acesso do educando à ética e à
liberdade. Isso significa que a administração escolar deve ter como escopo o
oferecimento das condições mais adequadas possíveis para o alcance desse
objetivo. [...] É possível afirmar, que para dar conta de seu papel, ela precisa ser,
pelo menos, duplamente democrática. [...] a característica essencial da gestão é a
mediação para concretização de fins, sendo seu fim a educação e tendo esta um
necessário componente democrático, é preciso que exista coerência entre o objetivo
e a mediação que lhe possibilita a realização, posto que fins democráticos não
podem ser alcançados de forma autoritária. [...].
4.2 CLIMA ORGANIZACIONAL ESCOLAR
O clima de uma escola tem uma influência muito grande nos sentimentos e
comportamentos de todos que dela fazem parte influenciando no desempenho, nas
atitudes, valores e na motivação dos professores, alunos e funcionários em relação
a organização escolar.
Tem o efeito que é percebido pelas pessoas quando interagem com a
estrutura da escola e a gestão participativa vem trazer mudanças na estrutura da
organização e nova forma de administrar e ver os problemas que se apresentam no
dia a dia, pois tende a afastar o perigo de soluções centralizadas, propondo um
sistema de co-gestão, e assim proporcionando um melhor clima na organização,
pois favorece a experiência coletiva.
28
4.2.1 Fragmento: a gestão escolar e o clima organizacional
MONTENEGRO, Sandra. A gestão escolar e o clima organizacional. Disponível em:
<http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1726>.
[...] Na verdade, a melhora do clima de ensino depende da melhora do clima
organizacional da escola. O atrito interpessoal excessivo entre professores e
administradores, a moral baixa, um sentimento de fraqueza por parte dos
professores e uma estratégia de submissão coercitiva, não podem ser removidos,
apenas fechando a porta. Eles tem efeitos poderosos sobre o que os professores
fazem, na maneira como os professores se relacionam entre si, como sobre a
realização do estudante e suas aquisições efetivas (SERGIOVANNI; CARVER,
1973, p.108).
Dessa forma, o clima torna-se um elo entre a estrutura organizacional da
escola, a liderança exercida pelos gestores escolares e o comportamento e a atitude
dos professores. [...] O nível de participação das pessoas nas decisões que lhes
dizem respeito, é um dos fatores mais importantes na determinação de um clima
favorável à consecução dos objetivos organizacionais e individuais. Em
contrapartida, numa outra escola, onde a administração resolve promover uma
atividade inovadora, não envolvendo professores e alunos na sua organização,
provavelmente poderá atingir os sentimentos do corpo docente, que se sentirá
desprestigiado e desconsiderado.
[...] Os alunos, por sua vez, sentindo o desinteresse dos professores, também
não se esforçarão na realização de trabalhos e atividades desejáveis para o evento.
A conseqüência final poderá vir sob a forma de atritos crescentes entre professores
e alunos, com visíveis prejuízos para os resultados finais da organização escolar.
Clima organizacional poderíamos dizer que é uma forma constante pela qual
as pessoas, à luz de suas próprias características, experiências e expectativas,
percebem e reagem às características organizacionais. [...]
Este texto nos mostra quanto é de fundamental importância para os gestores o clima de sua escola e que ele deve estar atento, não só ao processo de formação, mas, também, ao clima já existente.
29
Em cada decisão tomada ou comunicação expedida, em cada norma traçada
ou reunião realizada entre dirigentes e dirigidos, o clima está num processo de
permanente formação. Mas, em cada uma dessas situações, já existe um clima
presente nas atividades e a influenciar positiva ou negativamente as ações de
dirigentes e dirigidos. [...] A Gestão Participativa educacional pressupõe mudanças
na estrutura organizacional e novas formas de administração, tanto no micro como
no macrosistema escolar.
A organização escolar não permite uma transformação abrupta na sua
concepção pedagógica, administrativa e financeira. Nenhuma mudança
organizacional introduz-se como se fosse um corpo estranho, que viesse a desalojar
as condições anteriores e ocupar plenamente o seu lugar. Por isso, por mais
convencidos que estejamos da necessidade de transformações, no sentido da
democratização das relações no interior da escola; é preciso estar consciente de
que elas devem partir das condições concretas, em que se encontra a Administração
Escolar hoje.
[...] A participação deve ser entendida, como a possibilidade e a capacidade
de interagir e, assim, influir nos problemas e soluções considerados numa
coletividade, bem como nos meios ou modos de decidir a respeito de levar a cabo as
decisões tomadas. [...] Para uma gestão participativa, é necessário considerar a
participação de todos os grupos e pessoas, que intervêm no processo de trabalho e
no âmbito educacional; é um desafio a ser superado! [...] Para criar um clima
organizacional, que estimule as pessoas a trabalhar juntas, cabe aos
administradores das escolas, enfatizar o valor do trabalho em equipe. Devem
também incentivar a cooperação, colaboração, troca de ideias, partilha e
companheirismo.
[...] Para o trabalho da democratização escolar é fundamental que seja
estimulada a vivência associativa. Os pais sejam chamados, não apenas para
ouvirem sobre o desempenho escolar de seus filhos ou para contribuírem nas festas
e campanhas. É importante a participação que leva à reflexão e à tomada de
decisão conjunta. Este avanço vai depender do grau de consciência política dos
diferentes segmentos e interesses envolvidos na vida da escola.
[...] É na prática escolar quotidiana, que precisam ser enfrentados os
determinantes mais imediatos do autoritarismo, enquanto manifestação num espaço
restrito, dos determinantes estruturais mais amplos da sociedade. [...] Neste sentido,
30
a participação na gestão escolar dever ser entendida como o poder efetivo de
colaborar ativamente na planificação, direção, avaliação, controle e desenvolvimento
do processo educativo [...].
4.3 AUTONOMIA ESCOLAR NOS PROCEDIMENTOS DA GESTÃO
DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA
No dicionário da língua portuguesa a palavra autonomia apresenta a definição
de: faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger (um
país) por leis próprias; emancipação; independência; sistema ético segundo o qual
as normas de conduta provém da própria organização humana. (FERREIRA, 2009,
p. 233).
No Brasil o tema autonomia tem apoio na Constituição, promulgada em 1988,
através de seu Art 1 que dá possibilidades ao povo de exercer o poder diretamente,
e no que se refere a educação, a Constituição estabelece como princípio básico o
pluralismo de idéias e concepções pedagógicas e no seu Art. 206 estabelece a
APROFUNDAMENTO DO TEMA - LEITURA A gestão escolar e o Clima Organizacional – Anuário de Pesquisa da UNEB – Salvador, BA Edição 1, p.14 Gestão Escolar Democrática Participativa e o Clima Organizacional – Sandra Montenegro - UFPE Os Desafios da Educação: aprender a caminhar sobre areias movediças. Zigmunt Bauman
REFLEXÃO Qual o papel da gestão escolar nas mudanças da escola? Quais mudanças devemos propor para que a escola cumpra a sua função social? Que ações desenvolver para a construção da escola democrática? Qual deve ser a função da escola pública e como pode ser assegurada a qualidade do ensino?
31
gestão democrática do ensino público.Esses princípios podem ser considerados os
fundamentos de caráter constitucional para a autonomia da escola.
A gestão democrática e a autonomia fazem parte do ato pedagógico, pois
possibilitam e dão oportunidade para a escola de elaborar e implementar um projeto
político pedagógico que atenda a comunidade.
Para Paro (2001) conferir autonomia a escola deve consistir em conferir poder
e condições concretas párea que ela alcance objetivos educacionais articulados com
os interesses das camadas trabalhadoras.
Em defesa da autonomia para a escola pública, velhas questões vem a tona
como, recursos humanos, reformulação, plano de carreira e ainda devemos ter o
cuidado de que as escolas não fiquem abandonadas a própria sorte ficando assim
antidemocrática a com o aumento de mais desigualdades.
Fica evidente que, conceder autonomia não significa livrar-se das escolas,
mas sim adotar um novo padrão de gestão e conhecimento. A escola pública
necessita além da liberdade garantida pela legislação, as condições de recursos
humanos e materiais, e financeiros, aliados a competência técnica e compromisso
profissional e ético dos educadores e das instâncias colegiadas para querer
conquistá-la.
De acordo com Paro (2001, p.115) a autonomia da escola tem limites nas
ações do Estado, que não pode abrir mão de seu dever e de suas prerrogativas em
matéria do ensino. Isso significa que gerir os recursos com autonomia não implica
em utilizá-los apenas de forma que professores e diretores considerarem mais
conveniente. Significa que a partir das diretrizes gerais traçadas pelo sistema, cada
unidade escolar imprime em sua gestão uma forma mais adequada as suas
peculiaridades.
32
4.3.1 Fragmento : autonomia escolar: propostas, prática e limites
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, 2001.
De maneira sintética, pode-se entender autonomia escolar como se referindo
as duas dimensões que se interpretam: autonomia pedagógica e autonomia
administrativa, nesta incluindo a autonomia financeira.
[...] Essa autonomia é requerida, por um lado pela própria natureza da
atividade pedagógica que,, por seu caráter de imprevisibilidade, não é suscetível de
uma completa e inflexível antecipação de suas ações, saem comprometer a
necessária criatividade que se espera do processo pedagógico.[...]
[...] Por outro lado, a autonomia pedagógica é requerida também pela extrema
complexidade e riqueza da cultura humana passível de ser apropriada no ato
educativo. [...] Acontece que existe mais de uma maneira de fazer isso, sendo
possíveis infinitas combinações de conteúdos. [...] Todavia, não se pode ignorar que
a autonomia da escola para decidir sobre o pedagógico encontra seus limites na
apropria prerrogativa e dever do Estado de legislar sobre o assunto.
[...] Com relação a autonomia administrativa, essa significa a possibilidade de
dispor de recursos e de atualizá-los da forma mais adequada aos fins educativos.
[...] Além da disponibilidade de recursos, é preciso que a escola tenha autonomia na
forma de fazer uso delas para realizar os objetivos da educação escolar. [...] Porém,
também a autonomia administrativa da escola tem limites nas ações do Estado, que
não pode abrir mão do seu dever e de suas prerrogativas em matéria do ensino. Isso
significa que gerir os recursos com autonomia não implica utilizá-los apenas de
forma que professores e diretores considerarem mais convenientes. [...]
O texto pretende ser uma contribuição a reflexão sobre as implicações de uma gestão escolar pautada em valores desempenhados pela escola pública, e ainda apontar se assim for desejável perspectivas de reação nas escolas.
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REFERÊNCIAS
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REFLEXÃO Quais os desafios enfrentados por escolas que decidem praticar a gestão democrática e conquistar mais autonomia?
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