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FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e a questão racial: uma intervenção naescola.

Autor Tereza Cordeiro

Escola de Atuação Colégio Estadual Antônio Dorigon – EFMP

Município da escola Pitanga/PR

Núcleo Regional de Educação NRE - Pitanga/PR

Orientador Keli Cristina Pacheco

Instituição de Ensino Superior UNICENTRO – Universidade Estadual do CentroOeste

Disciplina/Área (entrada noPDE)

Literatura Brasileira

Produção Didático pedagógica Unidade Didática

Relato Interdisciplinar Prática na Sala de Aula

Público Alvo Alunos do 2º ano do Ensino Médio

Localização Avenida Brasil, 330

Apresentação: O presente trabalho tem como objetivo trazer a tona odebate sobre o preconceito racial através da obra“Clara doa Anjos”, contextualizando com ascaracterísticas da história da época do autor LimaBarreto. Além disso, pretende-se mostrar qual era opapel do negro na sociedade brasileira no início doséculo, alguns históricos de marginalização e osaspectos do racismo na sociedade contemporânea.Este estudo será aplicado no Colégio EstadualAntônio Dorigon – EFMP, localizado na AvenidaBrasil, 330, na cidade de Pitanga – PR, nas turmasdo 2 ano do Ensino Médio.A importância crucial em produzir um trabalho comesta temática advém do fato de o negro ser um doselementos cruciais na formação da nação brasileira,muitas vezes relegado às margens, haja vista ahistória de violência de nosso passado colonial.

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Assim, pretendemos trazer para o centro de debatedas aulas de literatura um tema relevante, a fim deconscientizar os alunos para que estes, a partir docontato com a narrativa ficcional, conheçam a históriae de desvencilhem de preconceitos.

Palavras-chave Literatura; Racismo; Clara dos Anjos; Intervenção;Escola.

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UNIDADE DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PROFESSORA: Tereza Cordeiro

ÁREA PDE: Literatura

NRE: Pitanga/PR

MUNICÍPIO: Pitanga/PR

PROFESSORA ORIENTADORA: Keli Cristina Pacheco

IES VINCULADA: UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste

E-MAIL: [email protected]

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Antônio Dorigon - EFMP

PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: Alunos do 2º ano do Ensino Médio

2. TEMA DE ESTUDO

A questão racial na Literatura Brasileira.

3. TÍTULO

“Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, e a questão racial: uma intervenção naescola

APRESENTAÇÃO

O presente material tem o objetivo de auxiliar o professor na formação de

leitores competentes, possibilitando aos alunos a aprendizagem da Literatura e o

aprimoramento da leitura, independente do grau de dificuldade.

Buscar-se-á ainda demonstrar como incentivar os alunos a apropriarem-se da

linguagem literária, oportunizando a formação de cidadãos críticos capazes de

pensar e interagir com autonomia.

Através de tal reflexão, procurar-se-á desenvolver condições para que os

alunos possam defender seu ponto de vista e também desenvolver subsídios de

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convencimento, formando-se enquanto cidadãos capazes de fazer suas próprias

escolhas.

Através da obra: “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, foram desenvolvidas

atividades com o objetivo de trazer o aluno para o mundo da literatura própria do

ensino médio.

Para as duas primeiras atividades serão utilizadas 4 aulas cada, e na terceira

e última dez aulas, onde ao todo somam-se 18 aulas, para que se dê a disposição

direta da introdução às músicas; início a tema do racismo; a palestra com a

professora de História; bem como a leitura da obra e sua contextualização, conforme

explicitaremos em detalhes abaixo.

Além disso, procurou-se, através desta unidade, desenvolver a competência

de leitura dos alunos, valorizando-a como fonte de produção, a qual trará a tona

alguns conhecimentos sobre literatura brasileira, promovendo uma conscientização

e maior conhecimento quanto ao tema das raças.

OBJETIVO GERAL

Desenvolver a competência de leitura dos alunos, valorizando-a como fonte

de produção.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Trazer a tona alguns conhecimentos sobre Literatura Brasileira;

Promover uma conscientização e um maior conhecimento quanto ao tema das

raças;

Fazer a ponte entre o passado e os dias de hoje, percebendo como a temática

abordada hoje se faz presente na sociedade brasileira, observando as semelhanças

e diferenças entre passado e presente.

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O QUE É PRECONCEITO?

CONCEITOS... DEFINIÇÕES...

O preconceito não é um assunto novo na sociedade. Ao contrário remonta

séculos e acaba sempre trazendo à tona certa inquietação quando mencionado.

É possível encontrar ainda hoje pessoas que não sabem como expressar-se a

respeito da diversidade de raças existentes, embora existam diversas outras formas

de comportamento preconceituoso.

Importante salientar também o conceito de raças definido segundo Schwarcz

(1993), citada por Homero (2011) como algo que:

Sempre deu muito que falar no exterior, mas, sobretudo no Brasil,país identificado desde o século XVI com base em sua naturezaexuberante, mas suas ‘gentes um tanto estranhas’. Por aqui, o temaproliferou, seja em perspectivas positivas e alentadoras, seja comvisões mais negativas. Se a representação onírica, próxima àmáxima romântica do ‘bom selvagem’ revelou-se vitoriosa até oséculo XIX, é desde esse momento que noções mais pessimistas,ligadas às teorias científicas raciais, tenderiam as inverter os termosda equação.1

Assim como citado por Schwarcz (1993) a questão da raça é muito antiga, o

que não se trata de um tema somente brasileiro, mas visto em grande parte no

exterior.

Assim, para estudar e principalmente entender o preconceito é necessário

recorrer a mais de uma área do saber.

Segundo Crochik (1997), embora o preconceito seja um fenômeno também

psicológico, pode ser encontrado no processo de socialização, onde o indivíduo se

forma e se transforma como tal.

Essa manifestação é caracterizada por Crochik (1997) como individual, bem

como as necessidades irracionais que surgem neste processo. Este, por sua vez,

1

� HOMERO, Vilma. Raça como questão. Disponível em: <http://www.buala.org/pt/a-ler/livro-aborda-conceito-de-raca-brasil>. Acesso em 2 de Ago. de 2011.

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poderá ser entendido como fruto da cultura e da história, o que acaba variando de

indivíduo para indivíduo.

Crochik (1997, p. 11), cita que há “complicações” no que se refere ás

definições de preconceito, sendo uma delas referente ao indivíduo preconceituoso

que desenvolve preconceitos em relação a muitos objetos ou sujeitos (vistos como

objetos), como é o caso do preconceito com judeus, negros, homossexuais, entre

outros.

Esta espécie demonstra que o preconceito diz mais respeito à necessidade do

que às características dos objetos propriamente ditos.

Outra complicação se refere aos conteúdos do preconceito em relação aos

diversos objetos que não são semelhantes entre si. Explica Crochik que: “O

preconceito, ao mesmo tempo em que diz mais do preconceituoso do que do alvo do

preconceito não é totalmente independente deste último”. (1997, p. 12).

Desta forma, não é possível estabelecer um conceito único a respeito deste

tema, uma vez que este apresenta aspectos constantes frente a diversos objetos.

Contribui ainda Crochik (1997) quando menciona que ambas as complicações

resultam de uma “cegueira individual”, daqueles indivíduos que não podem se ver,

uma vez que se a reação é causada por um outro ela encontra respaldo em si

mesmo.

É necessário estabelecer a diferença existente entre “Preconceito” e “Pré-

Conceito”, uma vez que o preconceito é: “Um fenômeno conhecido há muito tempo,

embora o seu objeto e o seu conceito tenham variado historicamente”. (CROCHIK,

1997, p. 26).

Já o Pré-Conceito é visto como: “As percepções, experiências ou conceitos já

formulados, quanto às necessidades emocionais existentes antes da nova

experiência”. (CROCHIK, 1997, p. 27).

Assim, é possível dizer que estes dois tipos de reações são facilmente

encontradas nos indivíduos, embora de maneira separada. Isto faz com que seja

necessário estabelecer os conhecimentos acerca do Pré-Conceito, de modo que

este não seja reduzido com Preconceito.

Com relação às definições e conceitos propostos por vários autores é

necessário frisar alguns como o de Johada e Ackerman (1969) que citam:

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Preconceito é em seu sentido etimológico amplo, o termo que seaplica às generalizações categóricas, que acabam não levando emconta as diferenças individuais. Todos nós prejulgamoscontinuamente, à respeito de muitos assuntos e essasgeneralizações redundam em uma economia de esforço intelectual.O preconceito aparece quando os fatos não estão ao nosso alcance,enquanto que no pensar estereotipado, os fatos não contam, mesmoquando os tenhamos à mão. (JOHANA e ACKERMAN, 1969, p. 26,apud, CROCHIK, 1997, p. 28).

Mesmo assim, percebe-se que a definição proposta pelos autores não

esclarece totalmente a diferença entre Preconceito e Pré-Conceito, uma vez que é

dirigida para as características individuais do preconceituoso. Assim, é necessário

citar que:

Em sua acepção mais restrita, o preconceito deve ser distinguido dopré-conceito e do pensar estereotipado. Representa uma sub-categoria do pré-conceito, apóia-se no pensar estereotipado, semconfundir-se com um ou com outro. Do ponto de vista psicológico, opreconceito é uma atitude de hostilidade nas relações interpessoais,dirigida contra um grupo inteiro ou contra um indivíduo pertencente aele, preenchendo uma função irracional definida dentro dapersonalidade. (JOHANA e ACKERMAN, 1969, p. 26-27, apud,CROCHIK, 1997, p. 28).

Assim, entende-se, segundo Crochik, (1997) que o indivíduo é levado a se

defender dos conflitos sociais existentes no processo de adaptação, os quais

acabam variando historicamente. Logo, se estas acarretam regressões individuais

não podem ser entendidas apenas na esfera individual.

Neste sentido faz-se necessário citar o ambiente escolar, onde o aglomerado

de alunos poderá, uma vez que o preconceito é entendido além de psicológico como

um processo de socialização, onde o indivíduo se forma e se transforma como tal,

desenvolver diversas formas de preconceito em relação aos colegas, professores e

demais membros como os funcionários, por exemplo.

Logo, a importância de trazer o tema principalmente para o ensino médio é

mister, pois conscientizará os educandos quanto á esta prática, bem como formará

opiniões acerca do tema, fazendo com que os alunos aprendam a reconhecer as

diversidades existentes na sua escola, cidade ou até mesmo em seu país.

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TÉCNICAS DE ATIVIDADE

Inicialmente serão trabalhadas músicas que demonstrem a historicidade que

envolve o preconceito, principalmente o racial. Deste modo, serão apresentadas

num primeiro momento cinco diferentes músicas que abordam o tema do

preconceito.

Sendo assim, no decorrer da aula a professora fará uma menção rápida ao

assunto do preconceito falando historicamente do tema. Tratará ainda da história,

lembrando dos índios e dos escravos que habitaram o Brasil e foram muitas vezes

explorados e torturados.

Em seguida os alunos serão divididos em cinco grupos, onde cada um

analisará uma música partindo das bases históricas em relação ao preconceito, de

que conhecem. Deverão falar sobre a história referente ao preconceito, de que já

conhecem, intercalando os versos da cada música que lhes foi solicitada.

Após a conclusão da atividade escrita, os alunos deverão em forma de debate

dialogar o que cada música trata e qual foi a análise que fizeram dela.

Neste momento a professora terá as músicas no som para que todos possam

ouví-las sendo cantadas e interpretadas pelos seus autores. Após ouvirem será

realizado o diálogo que poderá ainda ser intermediado por dúvidas, curiosidades ou

considerações por parte dos alunos ou da professora.

As músicas escolhidas foram:

Canto das Três Raças – Clara Nunes;

Dia de graça – Candeia;

Mão de Limpeza - Gilberto Gil;

Racistas Otários – Racionais Mc’s;

Sorriso Negro - Dona Ivone Lara.

CANTO DAS TRÊS RAÇAS – CLARA NUNES

Ninguém ouviu

Um soluçar de dor

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No canto do Brasil

Um lamento triste

Sempre ecoou

Desde que o índio guerreiro

Foi pro cativeiro

E de lá cantou

Negro entoou

Um canto de revolta pelos ares

No Quilombo dos Palmares

Onde se refugiou

FONTE: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/

DIA DE GRAÇA – CANDEIA

Hoje é manhã de carnaval (ao esplendor)

As escolas vão desfilar (garbosamente)

Aquela gente de cor com a imponência de um rei, vai pisar na passarela(salve a

Portela)

Vamos esquecer os desenganos (que passamos)

Viver alegria que sonhamos (durante o ano)

Damos o nosso coração, alegria e amor a todos sem distinção de cor

FONTE: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/

MÃO DE LIMPEZA - GILBERTO GIL

O branco inventou que o negro

Quando não suja na entrada

Vai sujar na saída, ê

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Imagina só

Vai sujar na saída, ê

Imagina só

Que mentira danada, ê

Mesmo depois de abolida a escravidão

Negra é a mão

De quem faz a limpeza

Lavando a roupa encardida, esfregando o chão

FONTE: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/

RACISTAS OTÁRIOS – RACIONAIS MC’S

Racistas otários nos deixem em paz

Pois as famílias pobres não aguentam

mais

Pois todos sabem e elas temem

A indiferença por gente carente que se tem

E eles vêem

Por toda autoridade o preconceito eterno

E de repente o nosso espaço se

transforma

Num verdadeiro inferno e reclamar direitos

De que forma

Se somos meros cidadãos

E eles o sistema

E a nossa desinformação é o maior

problema

Mas mesmo assim enfim

Queremos ser iguais

Racistas otários nos deixem em paz

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Racistas otários nos deixem em paz

FONTE: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/

SORRISO NEGRO - DONA IVONE LARA

Um sorriso negro

Um abraço negro

Trás felicidade

Negro sem emprego

Negro é uma cor de respeito

Negro é inspiração

Negro é silencio é culto

Negro é a solução

Negro que já foi escravo

FONTE: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/

A LITERATURA....

E A NECESSIDADE DO ATO DE LER.....

O conhecimento muitas vezes é visto através da leitura, pois por meio dela é

possível adquirir experiências, valores, sabedoria, posicionamento em relação ao

certo e o errado, enfim, a criticidade de uma ou outra idéia.

Além disso, a leitura proporciona aos indivíduos em geral, sejam eles

estudantes ou meros leitores, um mundo fantástico e maravilhoso que oferece um

universo imenso e desconhecido, ou até mesmo, um universo conhecido, porém,

longínquo, onde só é possível chegar por meio de uma obra literária.

Quando se fala no espaço escolar propriamente dito, nada melhor do que

ofertar aos alunos os horizontes literários, para que possam conhecer o mundo e

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suas histórias. E isto é perfeitamente possível quando se leva o conhecimento a eles

através das letras, gravuras, figuras, ilustrações que acompanham uma história.

Contudo, nem sempre os alunos estão dispostos a realizar leituras. Não

foram raras as vezes em que um professor, para castigar um aluno, mandava-o

para a biblioteca fazer leituras. Isto pode explicar a falta de gosto com a leitura, bem

como a falta de hábito para realizá-las.

Outra questão reside na obrigatoriedade e imposição do professor para a

realização da leitura, onde os mesmos ditam os livros a serem lidos e nada sobre

eles é questionado posteriormente.

É necessário, então, que os docentes proporcionem um espaço adequado e

obras agradáveis que despertem o gosto dos alunos para a leitura.

Além disso, a partir das escolhas feitas pelos próprios leitores, haverá maior

entendimento e vontade para ler ocasionando consequentemente leituras mais

aproveitáveis e significativas.

TÉCNICAS DE ATIVIDADE

Pensando em despertar o gosto da leitura nos alunos, embora estes já estão

no ensino médio, a aula em questão será realizada em ambientes diferentes.

O professor poderá sair ao ar livre ou convidar os educandos para ir até um

parque ou praça, para fazer a leitura de um livro que os alunos queiram e gostem.

Assim, será solicitado aos alunos, que os mesmos tragam um livro de seu

conhecimento de sua casa para que mostrem aos demais colegas.

No dia da aula, em lugar escolhido pelo professor, podendo ser uma das três

sugestões acima, os alunos farão um círculo e comentarão uns com os outros a

história de seu livro, enfatizando sempre:

Gostou ou não da leitura que realizou?

O que acha da Literatura?

A Literatura é importante? Por quê?

A Literatura não é importante? Por quê?

Qual a relação do livro escolhido com o cotidiano?

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Você consegue relacionar facilmente o que lê com o seu dia-a-dia?

Deste modo, os alunos perceberão que não se trata de um condicionamento,

ou seja, uma imposição para ler, mas sim, uma atividade que é feita livremente,

podendo os mesmos opinar à respeito da escrita do livro, e também da história

contada por ele, associando ao cotidiano e suas vivências diárias.

A QUESTÃO RACIAL NA LITERATURA E A OBRA: “CLARA DOS ANJOS”DE LIMA BARRETO

Assim como os aspectos históricos que envolvem a Literatura, há também os

sociais que muitas vezes não são lembrados.

Logo, as obras são estudadas, na maioria das vezes, de modo que não

despertem o sentido crítico e real, conforme foram criadas, mas sim a análise

literária de personagens, tempo, espaço, onde os alunos não lêem para entender a

história, mas para preencher os requisitos das aulas.

Pensando assim, nesta etapa, será tratada da obra: “Clara dos Anjos”, do

autor Lima Barreto.

Esta obra foi concluída no ano de 1922, ano da morte do autor, a qual retrata

a denúncia social a respeito do preconceito racial vivenciado através de uma de

suas personagens.

A história apresenta como cenário o subúrbio do Rio de Janeiro, o qual é

descrito pelo autor com grande riqueza de detalhes tanto do ambiente quanto da

vida dos moradores do lugar.

Como ponto relevante da obra pode-se destacar a forma como Clara, a

protagonista, é educada pela família desde a tenra idade, sempre sob os olhos

vigilantes dos pais, sem que lhe deixem ter qualquer iniciativa própria.

Assim, é necessário que a obra seja acompanhada integralmente pelos

alunos a fim de que eles possam acompanhar as formas de preconceitos existentes

nela, o que por vezes pode denunciar uma realidade ainda vivida hoje.

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Pode-se perceber ainda que não se trata somente do preconceito racial, mas

também o social, não sendo apenas a raça o fator negativo influente na árdua

caminhada da personagem central.

O espaço familiar é o único horizonte possível para ela. Ao conhecer Cassi

Jones, este lhe promete encontrar emprego e casar-se com ela. Os desejos de amor

lhes são arrebatadores, a ponto de ceder aos apelos do sedutor.

Com o passar do tempo e o envolvimento, ela fica grávida. Ele foge para São

Paulo, antes dela reclamar o mal sofrido. A mãe dele isenta o filho e culpa Clara por

ser pobre e negra.

Por fim, ela percebe como foi errônea a educação recebida dos pais em uma

tentativa de encontrar os culpados pelas suas ações mal sucedidas resumindo a

mãe sua condição social: “Mamãe, eu não sou nada nesta vida”. (BARRETO, 1956,

p. 196).

Durante a leitura da obra pode-se perceber a maneira com que as pessoas

negras eram vistas e tratadas, num breve relato da mãe de Cassi sobre Clara:

[...] A mãe recebia-lhe a confissão, mas não acreditava; entretanto,como tinha as suas presunções fidalgas, repugnava-lhe ver o filhocasado com uma criada preta, ou com uma pobre mulata costureira,ou com uma moça branca lavadeira e analfabeta (BARRETO, 1956,p. 7).

Assim, pode-se mencionar, como visto em Crochik (1997) que o preconceito

pode se referir mais em relação à necessidade do que às características dos objetos

propriamente ditos. Logo, pode vir de conceitos já existentes e que se materializam

na sociedade, ou seja, aqueles que passam de geração para geração.

Já o Pré-Conceito, ao contrário, caracteriza-se como percepções,

experiências ou conceitos já formulados, antes de uma experiência propriamente

dita.

Isso pode ser visto nos textos literários, quando apresentadas obras aos

alunos, que enfoquem o tema.

Ainda é possível encontrar aqueles que poderão tomar algum julgamento até

mesmo nos textos literários, com os personagens, expondo se há um pré conceito

ou um preconceito.

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TÉCNICAS DE ATIVIDADE

Nesta fase, os alunos tomarão conhecimento da obra “Clara dos Anjos” de

Lima Barreto.

Inicialmente, será convidado um professor da disciplina de História para que

enfatize aos alunos as etapas pelas quais passaram o preconceito na história,

contextualizando que foram muitos anos de preconceito racial e social que

vivenciamos como colônia e também depois da independência. .

Num outro momento será efetivada a leitura do livro, a qual será realizada de

maneira integral, podendo os alunos e a professora fazer leituras de algumas partes,

buscando relacioná-las ao tema do preconceito.

Neste momento os alunos poderão reunir-se em grupos para que realizem

conversações a respeito do que estão lendo, podendo ainda comentar entre eles os

pontos que acreditam ser mais interessantes.

Em seguida, os alunos farão um resumo das suas respectivas partes. Após,

cada grupo escolherá um representante para que possa fazer uso da palavra e

explicar aos demais colegas qual a leitura realizada pelo grupo. Juntamente com

esta exposição, o grupo deverá interagir com seu representante contextualizando a

obra com os acontecimentos da atualidade, podendo até mesmo, apresentar leituras

de telenovelas ou programas televisivos, bem como trazer propagandas que tenham

preconceito racial e social ainda presente na sociedade atual. Poderão ainda trazer

exemplos de propagandas que tenham preconceito com a mulher ou com o idoso,

bem como qualquer foto ou reportagens que acreditem trazer uma mensagem

preconceituosa.

Esse debate poderá ser realizado da própria carteira ou se o aluno sentir-se à

vontade, poderá ir até o quadro e falar em pé enquanto os demais integrantes do

grupo da carteira irão ajudando na apresentação do material lido.

Não será necessário entregar material escrito, uma vez que os alunos

tomarão como base o material, com os recortes do livro e anotações realizadas pelo

grupo.

Em seguida, a professora poderá pedir que cada grupo contextualize a obra

com as músicas ouvidas na primeira fase, solicitando que os mesmos falem o que

acham do preconceito e principalmente o racial.

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Espera-se no final desta aula, que os alunos realizem, através de um debate

sobre as músicas, as propagandas e exemplos trazidos e a Literatura “Clara dos

Anjos” de Lima Barreto. Em seguida será feita a parte escrita na qual os alunos

devem apresentar o que mais lhe chamou a atenção e porquê.

Por fim, a professora pode sugerir aos alunos a leitura de “Recordações do

Escrivão Isaías Caminha, que apresenta a história de um moço mulato que vem do

interior para a cidade grande e não consegue espaço.

CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

ATIVIDADES Nº DE AULAS

Músicas 2

Leitura 2

Palestra com Professor de História 2

Leitura do livro 4

Contextualização com as músicas 2

Produção Textual 3

REFERÊNCIAS

BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo, Editora Brasiliense, 1982.

CROCHIK, José Leon. Preconceito: indivíduo e cultura. 2 ed. São Paulo: RDO,1997.

CEREJA, Willian Roberto. Ensino de literatura. São Paulo: Saraiva, 2005.

FERREIRA, Aparecida de Jesus. Formação de professores: raça/etnia. Cascavel:Coluna do Saber, 2006.

HOMERO, Vilma. Raça como questão. Disponível em: <http://www.buala.org/pt/a-ler/livro-aborda-conceito-de-raca-brasil>. Acesso em 2 de Ago. de 2011.

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LESSER, Jeffrey. A negociação da identidade nacional. São Paulo: UNESP, 2001.

MUCCINO, Gabriele. Dir. A procura da felicidade. Estados Unidos, 2006.

MÚSICAS. Disponível em:< http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/574045/>. Acesso em20 de Jul de 2011.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças. São Paulo: Companhia dasLetras, 1993.