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FICHA PARA CATÁLOGO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Introdução O presente trabalho é realizado na forma de Unidade Didática de pesquisa, ... modalização traçada mediante os

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FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: ARTIGO DE OPINIÃO: ESPAÇO DE INSERÇÃO DO PRODUTOR DO TEXTO

Autor Claudia Luiza Perin Turatto

Escola de Atuação Colégio Est. Antonio de Castro Alves, Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Capitão Leônidas Marques - PR

Núcleo Regional de Educação Cascavel

Orientador Profª Drª Aparecida Feola Sella

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE

Disciplina/Área (entrada no PDE) Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Alunos do 2º ano do Ensino Médio

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Est. Antonio de Castro Alves Ens. Fundamental e Médio

Rua Iapó, 118 – Capitão Leônidas Marques - PR

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A

A presente proposta de trabalho nasce inicialmente da necessidade de se trabalhar com as formas de

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informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

argumentação presentes em textos que circulam na mídia impressa. Para isso, buscamos reflexão de como a leitura pode ir além da decodificação das palavras, e estabelecer-se no patamar da compreensão e da interpretação. Considerando-se a delimitação necessária para que a pesquisa fosse desenvolvida, optamos por estudar a forma como textos de opinião são constituídos por meio de modalizadores. Entendemos que as marcas explícitas, presentes nos textos de opinião, podem revelar tanto o engajamento do produtor do texto, quanto seu distanciamento. Inclusive a própria ausência de marcas pode denunciar um produtor que se quer omisso ou apenas constativo.Aperceber-se desse movimento basicamente argumentativo, gera leitores investigativos, desconfiados e prontos para lidar com a adesão que o produtor do texto promove no seu próprio discurso.Toma-se como objetivo geral analisar textos do gênero artigo de opinião, publicados em jornais acessíveis à escola, com o intuito de levar o aluno a perceber marcas linguísticas que orientam na leitura da posição do produtor do texto. Como objetivos específicos, projetam-se os seguintes: estudar questões teóricas relacionadas a artigo de opinião e modalização; desenvolver unidade didática que motive o aluno a lidar com artigos de opinião; levar os alunos a reconhecerem e a recorrerem a estruturas linguísticas que demarquem argumentação.Inicialmente, os alunos terão informações sobre o artigo de opinião, como sua estrutura, contexto de circulação, perfil dos leitores, linguagem e estratégia argumentativa. Essa análise será possível a partir da apresentação e leitura de vários artigos de opinião. Posteriormente, Será realizada a apresentação de dois artigos de opinião sobre o mesmo tema, para que possa render visibilidade para o trato com conceitos e exemplos, em se tratando do estudo dos modalizadores. Acredita-se num trabalho comparativo, pois assim os alunos poderão perceber o quanto a informação está a serviço da opinião.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Artigo de opinião – argumentação - modalização

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL–PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO–PEDAGÓGICA – TURMA 2010

ARTIGO DE OPINIÃO: ESPAÇO DE INSERÇÃO DO PRODUTOR DO TEXTO

Claudia Luiza Perin Turatto (Professora PDE)

Profª Dra. Aparecida Feola Sella (Orientadora/Unioeste)

CASCAVEL – PR2010/2012

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Introdução

O presente trabalho é realizado na forma de Unidade Didática de pesquisa,

elaborada e apresentada como um dos requisitos necessários para a realização do

Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná/PDE, autorizado pelo

Decreto 4482/2005, promovido pela Secretaria de Estado da Educação, Secretaria de

Estado da Ciência e Tecnologia e Universidade Estadual do Oeste do Paraná, no período

de 2010/2012, com duração de 808 horas, na área de língua portuguesa. O tempo

previsto para a implementação do projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, por

meio desta proposta de estudo, é de agosto a dezembro de 2011.

Toma-se como objetivo geral analisar textos do gênero artigo de opinião,

publicados em jornais acessíveis à escola, com o intuito de levar o aluno a perceber

marcas linguísticas que orientam na leitura da posição do produtor do texto. Como

objetivos específicos, projetam-se os seguintes: estudar questões teóricas relacionadas a

artigo de opinião e modalização; desenvolver unidade didática que motive o aluno a

lidar com artigos de opinião; levar os alunos a reconhecerem e a recorrerem a estruturas

linguísticas que demarquem argumentação.

A presente proposta de trabalho nasce inicialmente da necessidade de se

trabalhar com as formas de argumentação presentes em textos que circulam na mídia

impressa. Para isso, buscamos reflexão de como a leitura pode ir além da decodificação

das palavras, e estabelecer-se no patamar da compreensão e da interpretação.

Considerando-se a delimitação necessária para que a pesquisa fosse desenvolvida,

optamos por estudar a forma como textos de opinião são constituídos por meio de

modalizadores. Entendemos que as marcas explícitas, presentes nos textos de opinião,

podem revelar tanto o engajamento do produtor do texto quanto seu distanciamento.

Inclusive a própria ausência de marcas pode denunciar um produtor que se quer omisso

ou apenas constativo. Tais orientações estão presentes principalmente em Castilho e

Castilho (1992), autores que consideram os modalizadores elos entre o produtor e seu

texto. “São formas de deixar explícita a atitude do falante com respeito à proposição”.

(CASTILHO; CASTILHO, 1992, p. 200).

Além dos autores acima citados, recorremos a outras fontes cujo

norteamento segue esse mesmo princípio, o caso de Koch (2002), que se refere a

intenções, sentimentos e atitudes do produtor do texto com relação ao seu próprio

discurso.

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Com relação ao artigo de opinião, seguimos basicamente a orientação teórica,

de Bakhtin (2002) porque entendemos que a presença ou ausência de modalização em

artigos de opinião sempre revela atitudes dos interlocutores, e isso revela também

características desse gênero, para além de uma noção mais ampla, pautada nos modelos

correlatos que se definem por aproximação.

Aperceber-se desse movimento basicamente argumentativo gera leitores

investigativos, desconfiados e prontos para lidar com a adesão que o produtor do texto

promove no seu próprio discurso. E se considerarmos que a argumentação pode se

inscrever de diversas formas nos vários tipos de gêneros, podemos aceitar que em

artigos de opinião ela se mostra de forma mais evidente.

Seguimos o que dispõe Ducrot (1987), autor que concebe a argumentação como

estratégia de orientação, de indicação de conclusões a que se quer chegar por meio de

encadeamentos de enunciados. Em um enunciado do tipo (1) É bem provável que a

manifestação dos operários dure mais tempo do que o previsto, já se percebe uma forma

de opinião demarcada por certa forma de engajamento do produtor do texto. Embora

esse engajamento seja mais ameno do que (2) É certo que a manifestação dos operários

dure mais tempo do que o previsto, em que se observa a necessidade de o produtor

demarcar o grau de certeza diante da informação repassada, ainda tem-se no enunciado

(1) uma forma de manifestação mais direta do que o apresentado em (3) A manifestação

dos operários irá durar mais tempo do que o previsto.

Os exemplos acima demonstram que o produtor do texto pode selecionar formas

de engajar com a informação repassada e isso vai depender de suas intenções, crenças e

pontos de vista. Pois bem, há vários tipos de demarcar o engajamento e um deles é a

modalização traçada mediante os objetivos do interlocutor.

Pensemos que o conteúdo da mensagem possa ser moldado por marcas

linguísticas responsáveis por certos engajamentos e que a ausência dessas marcas possa

ser indício de certo distanciamento do produtor do texto com relação ao seu próprio

discurso. Assim, em (3) A manifestação dos operários irá durar mais tempo do que o

previsto, teríamos certo de grau de certeza, mas não tão diretamente assumido como em

(4) Com certeza, a manifestação dos operários irá durar mais tempo do que o previsto.

Ou seja, marcas como É bem provável, Provavelmente, É certo, Com certeza,

Certamente indicam a disposição do produtor do texto para modalizar a porção

informacional para o conteúdo “A manifestação dos operários irá durar mais tempo do

que o previsto”.

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Neste trabalho, vamos justamente discutir formas de ensinar ao aluno do ensino

médio a lidar com a modalização: de um lado, espera-se ensinar que todo tipo de

conteúdo informacional pode ser modalizado, e, de outro, pretende-se levar o aluno a

aperceber-se das formas de modalização no texto do outro. Por isso, nossa intenção de

trabalhar com artigos de opinião.

Estruturamos o texto desta Unidade Didática de tal forma que o professor possa

lidar com conceitos, exemplos e aplicações práticas em sala de aula. Sendo assim,

começamos como uma discussão mais ampla em que se delineia a noção de leitura,

para, depois, conversarmos sobre a modalização propriamente dita.

1. Algumas noções de leitura

A leitura caracteriza-se por ser uma atividade interativa. Isso significa dizer que

o leitor deve acionar reflexões variadas num processo que deve ser prioritariamente

ativo. Kleiman (2004) cita cinco práticas de leitura que a escola sustenta há muito

tempo e que são as principais responsáveis pelo fracasso quanto à formação de leitores:

1) O texto como conjunto de elementos gramaticais;

2) O texto como repositório de mensagens e informações;

3) A leitura como decodificação;

4) A leitura como avaliação;

5) A integração numa concepção autoritária de leitura

Essas indicações da autora nos levam a questionar práticas e conceitos com os

quais a escola já vem operando tradicionalmente. Importa para o presente trabalho

discutir um pouco mais o tratamento a leitura como decodificação. Talvez essa prática

fique mais evidente nos exercícios de compreensão e interpretação que se seguem

imediatamente à apresentação de textos para leituras, e isso de forma mais enfática em

livros didáticos.

Importa também dizer que o trabalho de interpretação baseado em perguntas

dirigidas e, depois de um salto incrível, vir o trabalho de análise linguística

desconectado do processo de leitura, como se fosse apenas uma sondagem de elementos

linguísticos, leva a uma dispersão de objetivos, o que não rende um resultado

satisfatório.

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A nossa experiência ensina que o professor deve pensar com muita antecedência

no gênero textual que irá utilizar e explorar ao máximo as possibilidades de

reconhecimento das características desse gênero. Em se tratando da nossa pesquisa,

acreditamos que a leitura de textos que expressam opiniões, realizada de maneira que

evite as práticas acima, pode contribuir para o desenvolvimento de leitores críticos, pois

propiciam a sondagem não somente do dizer, mas do modo de dizer. O empreendimento

do modo de dizer gera possibilidades de leitura, entre as quais está a percepção das

intenções do produtor do texto.

Para Martins (1982), o aprendizado da leitura requer uma noção mais ampla do

que aquela que considera apenas um tipo de texto, o escrito. Para a autora, aprender “a

ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios, o que,

mal ou bem, fazemos mesmo sem ser ensinados”. O que está em pauta, portanto, é o

papel do professor mediador que precisa “criar condições para o educando realizar a sua

própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias,

segundo as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta” (MARTINS, 1982, p.

34).

Na esfera jornalística, há diversos tipos de gêneros do discurso, o que nos leva

também a pensar sobre a necessidade de se lidar com esse tipo de conhecimento.

Segundo Bakhtin, o enunciado materializa condições e finalidades que demarcam o

gênero. Sendo assim, conteúdo e estilo verbal (recursos da língua – recursos lexicais,

fraseológicos e gramaticais) e principalmente construção composicional “fundem-se

indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade

de uma esfera de comunicação” (BAKHTIN, 1992, p. 279).

Para o autor, todo enunciado está vinculado à determinada “esfera de utilização

da língua”, o que indica “tipos relativamente estáveis de enunciados”. Esse processo é

denominado gêneros do discurso (BAKHTIN, 1992, p. 279). Cada gênero textual tem

uma finalidade: informar, ampliar o conhecimento, opinar, levar à meditação ou ao

entretenimento. Compreender os diferentes gêneros textuais é um desafio que pode ser

vencido com a nossa mediação, como professores que possibilitam o contato com vários

modelos, que estimulam a leitura individual e autônoma. A nossa contribuição paira no

artigo de opinião, por isso na sequência vamos discutir mais de perto esse gênero, tão

importante para a formação de nossos alunos.

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2. Artigo de opinião: perfil interativo e engajamento do produtor do texto

Sobre a autoria dos artigos de opinião, Brasil (2010), contribui com a elaboração

dessa proposta didática, afirmando que o artigo de opinião é uma matéria autoral, já que

é de responsabilidade do produtor do texto, jornalista profissional ou não, geralmente

uma autoridade no assunto que opina, discute, comenta e avalia fatos ocorridos ou

questões polêmicas. Seu autor pode ser contínuo, eventual ou por ser reconhecido tanto

pelo jornal, quanto pelos leitores como alguém que tem uma importante contribuição

para o debate, convidado pelo jornal para se pronunciar sobre o que pensa a respeito de

questões debatidas publicamente e que interessam a muitos.

É por esse motivo que ele assina o artigo de opinião, responsabilizando-se pelo

que expõe. Juntamente com sua assinatura, devem constar informações sobre o autor.

Conforme Rodrigues (2001), os gêneros agrupados em torno da categoria jornalismo

opinativo, têm em comum a presença de uma valoração explícita quanto aos

acontecimentos (o que se colocou anteriormente como domínio discursivo que se situa

em torno do fazer-crer, efeito ideológico construído pela situação de interação). No

entanto, eles assumem feições particulares a partir da autoria e da angulagem espacial e

temporal.

O perfil dos leitores previstos de artigo de opinião geralmente coincide com o

perfil do leitor de jornais e revistas e, para Rodrigues (2001), o autor tem uma projeção,

um conhecimento “virtual” dos seus leitores, pelas enquetes socioeconômicas feitas

pelas empresas jornalísticas, que definem o “perfil” do público leitor.

Ainda conforme Rodrigues, embora seja consenso que

o jornalista "escreve para todos os tipos de leitor, os jornais

têm uma determinada concepção de destinatário. As grandes

empresas jornalísticas publicam jornais diferenciados,

destinados ao consumo de diferentes tipos de destinatários,

normalmente estabelecendo como critério a classe

socioeconômica. A projeção do interlocutor e do seu fundo

aperceptivo (os seus valores, posições etc.) orienta o autor, influi

naquilo que é dito e como é dito, pois todo enunciado se

encontra orientado para o interlocutor. Nessa perspectiva,

também se deve incluir a instituição jornalística como um leitor

privilegiado, constitutivo do artigo, uma vez que a publicação do

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artigo passa pela leitura e aprovação prévia da instituição.

(RODRIGUES, 2001, p.135).

Entendemos, assim, que o produtor do texto deve realmente ter conhecimento

dos seus leitores, pois, dessa forma, pode fazer escolhas de temas e estratégias

discursivas de acordo com seus interlocutores. No que diz respeito à forma dos artigos

de opinião, buscamos em Corbari (2008) a informação de que esse gênero textual não

apresenta uma estrutura fixa:

Com relação à forma, há uma especificidade, que é a não-

delimitação da extensão do texto. Embora os artigos publicados

nos jornais/revistas impressos não tenham um limite

explicitamente definido, eles acabam tendo uma extensão mais

ou menos delimitada, de acordo com o espaço reservado para a

sua publicação na página do jornal. (CORBARI, 2008, p. 53).

Assim como a autora, acreditamos na impossibilidade de uma estrutura estável,

já que a extensão dos artigos de opinião dependerá também, da disponibilidade de

espaço previsto no meio de circulação onde são publicados.

O grau de formalidade da linguagem do artigo de opinião deve ser mantido

conforme o seu contexto de circulação e o perfil de seus leitores.

A respeito do uso da primeira pessoa do plural, Rodrigues afirma:

A presença da primeira pessoa do plural pode, em um

mesmo artigo, marcar-se como um caso de plural de modéstia,

inclusão ou exclusão do leitor e ainda como uma marca de um

locutor dentro de um gênero intercalado. Também pode se

manifestar de uma maneira mais ostensiva ou discreta no artigo.

Os artigos podem usar a primeira pessoa como uma "forma de

expressão", mas que "convém evitar, a todo custo, o recurso ex-

pressivo ao eu, que dá uma desagradável sensação de narcisis-

mo. Editorialistas, articulistas e autores costumam usar o nós

plural de modéstia em lugar do eu.

(RODRIGUES, 2001, p.135).

De qualquer forma, é bom utilizar uma linguagem acessível a pessoas com

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diferentes níveis de leitura, expor o assunto de forma direta e concisa, evitando

comentários muito informais. Entendemos que a opinião é uma resposta à informação

apresentada em outros gêneros, principalmente na notícia.

Para Corbari,

Devido às características próprias do jornal, como seu horizonte

temático e a finalidade da interação proposta, observa-se que

essa interação com textos anteriores é muito acentuada. Nesse

sentido, para interagir de maneira plena com o produtor do

texto, o leitor precisa estar inteirado dos acontecimentos que

permeiam a esfera jornalística, bem como acompanhar as

discussões acerca deles, de forma a garantir que o conhecimento

seja partilhado entre os participantes da interação comunicativa.

(CORBARI, 2008, p. 53)

É impossível escrever sobre o que não se conhece, assim como é impossível um

leitor se pronunciar a respeito de uma questão sobre a qual ele não tem conhecimento

para fazer relações de sentido e atribuir significados. Dessa forma, entendemos que o

leitor de artigos de opinião deve buscar nas informações, conhecimentos que lhe

auxiliem interagir com o produtor do texto sobre a questão polêmica apresentada no

artigo de opinião.

3. Os modalizadores como característica de Artigos de Opinião

Sem as questões polêmicas, não existe o gênero artigo de opinião. Elas geram

discussões porque há diferentes pontos de vista circulando sobre os assuntos que as

envolvem. Alguns gêneros textuais apresentam a argumentação de forma oculta e

outros, como é o caso do artigo de opinião, de forma explícita.

Uma das formas de explicitar adesões, opiniões, sentimentos é recorrer aos

modalizadores. Trata-se de marcas linguísticas responsáveis por demarcar

argumentação, demarcar a posição que o produtor do texto defende sua opinião. Os

modalizadores, conforme Koch (2002), são indicadores de intenções, sentimentos e

atitudes do produtor, seja com relação ao conteúdo da mensagem, seja com relação ao

interlocutor. Para a autora, a produção de um discurso requer que o locutor manifeste

“suas intenções e sua atitude perante os enunciados que produz através de sucessivos

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atos ilocucionais de modalização, que se atualizam por meio dos diversos modos de

lexicalização que a língua oferece (operadores modais). (KOCH, 2004, p.86).

Advérbios e expressões modalizadoras formam um conjunto de termos que

indicam os posicionamentos e intenções do produtor do texto como forma de convencer

o leitor sobre o argumento defendido. Segundo Corbari,

O artigo de opinião se apresenta como um espaço propício

para o aparecimento da modalização, uma vez que se

configura como um gênero explicitamente marcado como

argumentativo, tendo uma das suas categorias definidoras

a defesa de um ponto de vista sobre temas da atualidade.

(CORBARI, 2008, p. 57)

Para analisar a modalização linguística, selecionamos dois artigos do jornal

impresso O Paraná para a elaboração da Unidade Didática, com o objetivo de

demonstrar ao aluno o funcionamento dos modalizadores, mais propriamente os de teor

epistêmico.

A escolha do jornal O Paraná se justifica pela grande circulação que essa mídia

impressa tem em nossa região, e, por isso, acreditarmos que a apresentação de fatos e

opiniões mais próximas do contexto dos alunos pode despertar interesse e, além disso,

trata-se de jornal assinado pelo Colégio Estadual Antonio de Castro Alves Ensino

Fundamental e Médio, local onde será aplicado este material didático. Vemos nisso um

facilitador para a realização do nosso trabalho pedagógico.

Acreditamos que a ação de apresentar dois artigos de opinião sobre o mesmo

tema possa render visibilidade para o trato com conceitos e exemplos, principalmente

em se tratando de modalizadores epistêmicos, cuja caracterização se rende a gradações

que vão de um baixo grau de engajamento um grau mais alto. Pensamos em um trabalho

comparativo, pois assim os alunos poderão perceber o quanto a informação está a

serviço da opinião e como esta opinião é apresentada de formas diferenciadas,

dependendo de fatores que regem o posicionamento de cada interlocutor.

Optamos por utilizar o site Opinião e Notícia como forma de acrescentar

diferentes padrões de artigo de opinião pelo fato de que este tão importante recurso

midiático deve ser reconhecido pelo aluno nesse momento de expansão de gêneros

midiáticos. Porém essa iniciativa serve apenas para ilustração de outras possibilidades

de se lidar com formas de argumentação, as quais serão ampliadas pelo professor a

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depender de seus objetivos em sala de aula e da série com a qual está trabalhando.

Destacaremos para os alunos que o jornal on line é um dos principais meios de

circulação de artigos de opinião do qual podem servir-se, pois se trata de ferramenta ágil

e de atualização constante, e por isso dinâmica, na busca de informações e opiniões

sobre diversos assuntos.

Aprender a ler o gênero artigo de opinião na escola favorece o desenvolvimento

da prática de argumentar e estimula a busca de informações que sustentam a opinião.

Vemos nessa prática uma contribuição significativa na formação de alunos conscientes,

que hoje, apesar de estarem em contato constante com inúmeras informações veiculadas

em diversos meios, muitos ainda apresentam dificuldades na leitura e exposição do

próprio ponto de vista.

Essa exposição pode ser explorada de diversas formas. A observação atenta dos

elementos linguísticos que demarcam a posição do produtor do texto pode levar o aluno

a ler intenções, as quais estão visivelmente atreladas a marcas adverbiais que sinalizam

o grau de certeza e de engajamento do produtor do texto.

Castillho e Castilho (1992) entendem essas marcas denominadas modalizadores

epistêmicos como uma forma de expressar avaliação sobre a informação repassada, de

veicular modalidade epistêmica com teor ora asseverativos, quase-asseverativos e

delimitadores. Os primeiros indicam certa consideração com relação ao conteúdo da

informação repassada (os autores usam o termo conteúdo proposicional, relativo a uma

dada afirmação ou negação) que não dá margem a dúvidas, constituindo-se numa

necessidade epistêmica. Um exemplo seria Com certeza, o remédio foi entregue nessa

semana. Neste caso, não fica dúvida com relação ao que se afirma e se expressa o grau

de comprometimento do produtor do texto.

Castilho e Castilho (1992) explicam que os quase-asseverativos indicam que o

falante considera o conteúdo da informação próximo à verdade. Não se trata de uma

certa exatidão, como ocorre no enunciado acima, pois o que se informa paira no patamar

da hipótese, dependente, portanto, de confirmação. Num enunciado como É provável

que a Maria chegue hoje, não um comprometimento explícito com a verdade ou

exatidão da informação. Trata-se de um dispositivo para demarcar o distanciamento do

produtor do enunciado e isso o exime de certas obrigações com relação às

consequências do que é dito.

Corbari (2008), ao analisar as expressões formados por “e+adjetivo”, comenta

que o engajamento do interlocutor pode ser maximizado à medida que o produtor do

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texto toma o fato exposto como certo, corriqueiro e, portanto, de conhecimento da

comunidade lingüística à qual se destina o texto”. A autora observa que a seguinte

escala que vai do maior ao menor grau de certeza, perceptível nas expressões é sempre

difícil, é impossível, é praticamente, impossível revelam intenções postas como reflexos

da decisão de aproximar o ponto de vista da informação repassada. No outro pólo estão

marcas de atenuam esse engajamentos, tais como é provável, é possível, eu acho,

reveladores de um certo distanciamento com o teor de verdade ou de exatidão com

relação ao que é expressado na informação.

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UNIDADE DIDÁTICA / Atividades para trabalhar com o aluno

1. Artigo de opinião: marcas de engajamento do produtor do texto

Prezado professor, ao final desse trabalho, o aluno deverá saber:

- O que é um artigo de opinião

- Quais seus contextos de circulação

- Qual é o perfil de seus leitores

- Quais são as suas características estruturais

- O que o distingue de outros textos, tais como a notícia

Ainda deverá reconhecer as seguintes estruturas:

- Expressões que tornam um texto argumentativo articulado

- Modalizadores adverbiais nos artigos de opinião, que revelam o grau de engajamento

argumentativo do articulista.

Temos que fazer uso do conhecimento para interpretação dos assuntos expostos,

dos argumentos, para podermos entender o ponto de vista do outro e elaborar o nosso.

Diferentemente do texto que informa (que transmite dados, que relata fatos), o artigo de

opinião, como diz o próprio nome, é aquele em que o autor expõe e defende um ponto

de vista.

No jornal é comum encontrar espaço para as mais variadas opiniões que

circulam na sociedade e isso garante condições para múltiplas opiniões circulem

socialmente. Algumas são aceitas integralmente (seus argumentos convencem); outras,

aceitas em parte (nem tudo convence); outras vezes, os vários pontos de vista são

mesclados ou surge a necessidade de buscar mais fontes antes de formar uma opinião; e

assim por diante.

A argumentação está presente no nosso dia-a-dia, pois a todo o momento

tentamos convencer alguém de que nossa opinião é importante e que deve ser acatada.

Numa discussão sobre futebol, por exemplo, muitos torcedores fazem uso de suas

informações, conhecimentos e argumentos para tentar convencer o seu receptor de que

seu time é melhor que o dele, apesar de saber que nunca o convencerá do contrário. Ao

escolher determinada blusa ou sapato, você se sente quase na obrigação de defender sua

escolha para sua amiga, justificando, argumentando sobre o porquê de sua preferência.

A capacidade de julgar determinada argumentação requer principalmente

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localizar a opinião é verificar como ela é sustentada. Por isso, escolhemos o gênero

textual artigo de opinião para a análise dos elementos linguísticos que indicam formas

de repassar o conteúdo informacional e as formas de engajamento do produtor do texto.

.

1.1 Vejamos, na sequência, informações importantes sobre o gênero de opinião.

1.1.1 Contexto de Circulação

Tradicionalmente, o espaço de circulação dos artigos de opinião são as colunas

assinadas dos jornais diários e revistas semanais, que costumam contar com um quadro

fixo de articulistas.

Essas colunas aparecem em diferentes setores (geral, economia, política,

economia, cultura, esporte etc) e a capacidade analítico-argumentativa de seus autores

costuma conquistar leitores fiéis para os veículos que os publicam.

Com a criação dos grandes portais de notícia na Internet, a migração das colunas

para esse espaço virtual foi natural. Hoje é possível encontrar portais que publicam não

só articulistas brasileiros, como também a tradução dos textos de opinião que circulam

em alguns dos mais importantes jornais estrangeiros. (Abaurre, 2010, p.623)

1.1.2 Perfil dos Leitores

O perfil do leitor de artigo de opinião coincide, de modo geral, com o perfil do

leitor da publicação em que tais artigos circulam.

O estilo de alguns colunistas, porém, pode ser um fator determinante para

conquistar um público “fiel”, que espera ansiosamente pela publicação de seus textos. (Abaurre, 2010, p.624)

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O artigo de opinião é um gênero discursivo claramente argumentativo que tem por objetivo expressar o ponto de vista do autor sobre alguma questão relevante, geralmente controversa, de natureza social, política, cultural etc. O caráter argumentativo do texto de opinião é evidenciado pelas justificativas de posições arroladas pelo autor para convencer os leitores da validade da análise que faz. Por ser assinado pelo autor, são autorais, como a próprio nome indica e são de inteira responsabilidade do seu produtor, pois nem sempre os artigos assinados apresentam uma opinião que coincide com a da publicação em que são divulgados, ou seja, não traduzem, necessariamente, a opinião do jornal. (Abaurre, 2010, p.623)

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1.1.3 Estrutura

Os artigos de opinião são estruturados para convencer o leitor de que os

argumentos apresentados pelo seu autor são os melhores. Não apresentam uma estrutura

fixa, mas necessitam de partes essenciais que determinam funções específicas.

Se compararmos à estrutura do texto argumentativo que tende a se organizar em

três grandes partes (introdução, desenvolvimento e conclusão), veremos que

corresponde de certa maneira às preferências do produtor do artigo de opinião quanto a

como iniciar seu texto, dar a ele uma sequência e finalizá-lo, com a certeza de ter

exposto bem seu ponto de vista.

No texto argumentativo, a introdução tem funções como apresentar o assunto,

apontar, direta ou indiretamente a questão polêmica e contextualizá-la, indicar direta ou

indiretamente quem são parceiros, apoiadores, adversários, os próprios leitores e

esclarecer as motivações do articulista. (Brasil, 2010)

2. Exemplificando análise de modalização em artigo de opinião

Observemos um artigo de opinião retirado do jornal O Paraná e adaptado para

fins de estudos de elementos modalizadores em textos de opinião.

Artigo de Opinião 01

O TRISTE DESCRÉDITO DA JUSTIÇA

Walter Zimermann

Ao ler no jornal a informação de que a maioria do povo brasileiro não acredita na Justiça do país, não vi nenhuma surpresa. Afinal, conversamos todos os dias com inúmeras pessoas e, quando o tema versa sobre a situação de descrédito no qual nossas instituições públicas estão mergulhadas, a opinião da maioria é de desânimo, principalmente em relação à impunidade.Imaginem que entre 2.770 pessoas ouvidas em todos os Estados e Distrito Federal, numa escala de zero a dez, a nota obtida em favor da Justiça chegou a magros 4,55%. E pior: no quesito rapidez para decisão dos casos, míseros 1,18% concordaram com o trabalho de nossos operadores da Justiça. Mais ainda: no item honestidade, ela contou com tão somente 1,7% dos entrevistados. Foi-se o tempo em que os cidadãos, pelo menos os mais simples, tinham respeito até pelo inspetor de quarteirão, pelo delegado de polícia, mesmo que fosse um “calça curta” qualquer. Policial fardado, vereador, prefeito, deputado ou senador era tudo “gente fina”. Na frente do governador tremia-se de emoção e tinha gente capaz de desmaiar vendo de perto o presidente. Do Lula, ainda hoje.A coisa foi, aos poucos, se degringolando. Por culpa, senão de todos,

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mas de uma esmagadora maioria, da corrupção que corrói nossas instituições já há algum tempo. Não apenas os responsáveis pelos Poderes Executivo e Legislativo foram caindo no descrédito da população carente de trabalho sério. A corrupção e a falta de caráter se infiltraram até em nossas Forças Armadas. E, pior ainda, em nossa Justiça. A começar por certos advogados, passando por escrivães e outros servidores, chegando até a juízes e promotores. Talvez por falta de investimentos por parte do governo, chegou-se a um tal anacronismo e a uma flagrante desídia e desapego às obrigações de nossos homens da lei. Criminosos comuns ou bandidos de toda espécie são capazes de fazer inveja à classe política, que se tornou, de todas, a menos confiável, e apostou na impunidade como sua grande proteção.Sobre a classe política, li, bem recentemente, a seguinte declaração do analista judiciário do TRT, 17ª Região: “a arte de lidar com o poder deve ser usada em favor de quem lhe deu tal prerrogativa. O ato do político que ocupa cargo estatal só é legítimo se atende tal requisito”. Fácil de ser traduzido, não? Basta a clássica frase de Mazenildo Feliciano Pereira: “o poder emana do povo para o povo”. (Jornal, O Paraná, 08/12/2010)

Os termos destacados acima representam formas de o produtor do texto se impor

diante do conteúdo, de marcar seu ponto de vista. Dessa forma, garante sua decisão de

compartilhar explicitamente suas intenções, e o faz na seguinte ordem, considerando-se

os elementos de teor adverbial, que são o foco da nossa pesquisa:

No primeiro parágrafo, “Ao ler no jornal a informação de que a maioria do povo

brasileiro não acredita na Justiça do país, não vi nenhuma surpresa. Afinal, conversamos

todos os dias com inúmeras pessoas e, quando o tema versa sobre a situação de

descrédito no qual nossas instituições públicas estão mergulhadas, a opinião da maioria

é de desânimo, principalmente em relação à impunidade.”, principalmente orienta

para um elemento mais importante numa escala de argumentação que prevê dar realce à

temática central de todo o texto, notadamente o descrédito do brasileiro com relação à

justiça.

No próximo parágrafo, observemos que Mais ainda e tão somente servem para

demarcar de forma mais visível ainda o topo da argumentação de uma forma geral,

estabelecida no texto como um todo, pois orienta o leitor a considerar a honestidade

como a mais importante a ser considerada em sua avaliação com relação à justiça no

Brasil.

No parágrafo seguinte, a expressão aos poucos denota aproximação e

conhecimento de causa do produtor do texto. Em pior ainda tem-se uma escala

argumentativa que direciona a atenção do leitor para o valor da Justiça e a negligência

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com relação a ela. Com o uso de Talvez, há um distanciamento com relação à absoluta

certeza diante da informação modalizada: a falta de investimentos por parte do governo

é um dado apresentado como certo, mas não como causa do que inicialmente o produtor

chama de anacronismo.

No último parágrafo, a expressão bem recentemente revela que o produtor do

texto acompanha a questão, o que dá credibilidade ao que promove em termos de

argumentos. Os termos destacados, portanto, modalizam o texto, ou seja, inserem os

pontos de vista do produtor do texto, ora indicando maio engajamento ora indicando

distanciamento.

Por outro lado, a análise da estrutura desse artigo de opinião demonstra a

impossibilidade de uma estrutura fixa. Precisa levar-se em conta que o primeiro

parágrafo deve sempre contextualizar o tema abordado, para que o leitor se situe,

recuperando dados e informações sobre o assunto. Em muitos casos, a tese defendida

no texto aparece já na introdução. Em outros casos, somente se formula no

desenvolvimento e/ou na conclusão, como consequência da proposição elaborada.

No desenvolvimento do texto, explica-se e justifica-se opinião sobre a questão

polêmica, por meio de argumentos que servem para esclarecer, analisar e avaliar fatos e

dados de pesquisa etc. Neste espaço são reunidas e examinadas informações que servem

como argumentos convincentes para sustentar a tese proposta.

A conclusão não é apenas a finalização do artigo de opinião, mas sim o ponto de

chegada de todo o discurso desenvolvido. Neste momento, deve ser apresentada

claramente a opinião do autor do texto, fundamentada, mesmo que já tenha sido citada

na introdução.

2.1 Tipo de linguagem que basicamente caracteriza um artigo de opinião

O espaço de circulação e o perfil dos leitores de artigos de opinião definem o

grau de formalidade que devem manter no uso da linguagem. Geralmente, jornais e

revistam esperam que seus articulistas façam uso da modalidade escrita culta da língua

portuguesa.

Não devemos nos esquecer de que, porém, os artigos de opinião admitem uma

expressão de uma perspectiva mais subjetiva, ainda que “controlada” pelo forte teor

argumentativo deste gênero. Nesse sentido, é comum encontrarmos marcas da 1ª pessoa

do singular em pronomes e verbos. O que não significa que os argumentos utilizados

sejam “pessoais”. (Abaure, 2010, p.626)

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2.2 Estratégia Argumentativa e Questão Polêmica

Podemos definir estratégia argumentativa como o conjunto de procedimentos

e recursos verbais utilizados para convencer o interlocutor. Como em qualquer outra

área de atividade humana, uma boa estratégia é fundamental para garantir resultado

favorável. No caso da argumentação, isso envolve desde a escolha das palavras mais

apropriadas à linguagem e ao “tom certo” até o tipo de argumentos construídos e a

organização geral da argumentação.

Um passo fundamental para definir uma boa estratégia argumentativa é a

definição de “por onde” se vai entrar no debate, já que toda questão polêmica envolve

aspectos muito diversos. É preciso coletar informações retiradas de fontes seguras,

como pesquisadores, cientistas, escritores, jornalistas, professores, editores, etc. Para

tecer opinião, portanto, é preciso posicionamento e buscar argumentos que sejam

considerados merecedores de crédito. Além disso, o estilo do produtor do texto deve

indicar o grau de comprometimento ou não diante do assunto a ser tratado, pois se trata

de um dos planos de avaliação do texto a forma como ocorre a proximidade ou

distanciamento diante da verdade do que é dito.

Ao definir “por onde entrar”, o autor do artigo de opinião também define as

estratégias. Na área do direito, por exemplo, recorrer à autoridade de um jurista pode ser

de grande valia; já em ciências experimentais, o recurso ao conhecimento de um

especialista será de pouca ou nenhuma importância se o argumentador não dispuser de

dados e experimentos confiáveis para demonstrar sua tese. E assim por diante. (Brasil,

2010, p.59)

2.3 Elementos Articuladores

No quadro abaixo, adaptado para o presente estudo, constam expressões que

podem servir para demarcar as orientações argumentativas presentes principalmente em

textos que indiquem opiniões ou mesmo sentimentos, pontos de vista etc.

Observem que a resolução por usar uma dessas expressões já indica a disposição

ou não do produtor do texto diante do que informa. Ensinar para os alunos a lidar com

esses mecanismos linguísticos rende um processo interessante de reflexão sobre como

as intenções podem ser medidas no plano do linguístico, o que gera não somente de

avaliação do texto do outro, mas também para constituição de um estilo consciente de

estruturação da própria argumentação do aluno.

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USO EXPRESSÕES

Tomar posiçãoDo meu ponto de vista; na minha opinião; pensamos que;

pessoalmente acho.Indicar certeza Sem dúvida; está claro que; com certeza; é indiscutível.

Indicar probabilidadeProvavelmente; parece que; ao que tudo indica; é

possível que.Indicar causa e/ou conseqüência Porque; pois; então; logo; portanto; consequentemente.Acrescentar argumentos Além disso; também; ademais.

Indicar restriçãoMas; porém; todavia; contudo; entretanto; apesar de; não

obstante.

Organizar argumentosInicialmente; primeiramente; em segundo lugar; por um

lado; por outro lado.

Preparar conclusãoAssim; finalmente; para finalizar; por fim;

Concluindo; enfim; em resumo.(Brasil, 2010, p.103)

Além de reconhecermos características do artigo de opinião, precisamos

entender que a informação, que é um texto de caráter expositivo, não desaparece do

texto de opinião. Ao contrário, ela é até indispensável: a opinião é sempre sobre um

assunto ou sobre um acontecimento. Sendo assim, nesses textos, a informação serve a

opinião.

É importante que o aluno saiba diferenciar uma notícia de um artigo de opinião,

que perceba a função de cada um desses gêneros textuais, observando também a

linguagem e o posicionamento dos autores dos textos.

Para isso, foi selecionado um artigo de opinião para análise dos modalizadores

adverbiais que denunciam o grau argumentativo do autor e posteriormente, dois artigos

de opinião que apresentam o mesmo tema para que se evidenciem as diferenças quanto

às características, a estrutura, a intencionalidade e a forma de posicionamento de cada

produtor do texto.

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A notícia é um gênero discursivo que apresenta o registro de fatos de interesse geral, sem que a opinião de quem a escreve a respeito dos acontecimentos seja explicitada. Sua finalidade é informar, por meio de um relato, as circunstâncias em que ocorreram os fatos registrados. Toda notícia apresenta os fatos a partir de uma perspectiva determinada pelo olhar de quem escreve, pela orientação do jornal ou revista e pelo público-alvo da publicação. (Abaurre, 2010, p.433)

3. Reconhecer a Notícia para compará-la com artigo de opinião

A finalidade da notícia é informar por meio de relato de fatos. Porém, não é

qualquer tipo de informação ou acontecimento que vira notícia.

O critério adotado é o da relevância. Fatos que afetam aspectos da vida política,

econômica, social ou cultural de um país são naturalmente considerados acontecimentos

a serem noticiados.

Durante muito tempo, os jornais impressos eram o único meio regular de

divulgação de notícias. Com o avanço das tecnologias de transmissão de informação

(rádio, televisão, Internet), o contexto de circulação das notícias foi alterado, uma vez

que hoje atinge um número muito superior de leitores e com muito mais rapidez.

É interessante levar em consideração que dependendo do meio em que circulam,

as notícias assumem configurações diferentes. Uma notícia redigida para ser postada na

Internet, provavelmente contará com menos informações do que a notícia publicada na

edição de um jornal no dia seguinte. Isto ocorre porque, com a necessidade de informar

os fatos no exato instante em que ocorreram, os portais da Internet não têm como

garantir o tempo necessário para a apuração minuciosa dos detalhes, além de atualizar

os fatos ao longo do dia, dificuldade essa, não enfrentada pelos jornais impressos que

trazem informações mais completas e bem elaboradas. (Abaure, 2010, p.433)

4. Analisando artigos de opinião

Vamos mostrar para os alunos como funcionam marcas de modalização?

Dispusemos dois artigos para que sirvam de base para análise de expressões que

denotam pontos de vista do produtor do texto.

Antes, porém, vamos estudar um pouco mais sobre os modalizadores.

4.1 Advérbios Modalizadores______________________________________________________________________

Advérbio é a expressão modificadora que por si só denota uma circunstância (de

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lugar, de tempo, de intensidade, condição etc) e desempenha na oração a função de

adjunto adverbial.

É constituído por palavra de natureza nominal ou pronominal e se refere

geralmente ao verbo, ou ainda, dentro de um grupo nominal unitário, a um adjetivo e a

um advérbio (como intensificador), ou a uma declaração inteira:

José escreve bem (advérbio em referência ao verbo).

José é muito bom escritor (advérbio em referência ao adjetivo bom).

José escreve muito bem (advérbio em referência ao advérbio bem).

Felizmente José chegou (advérbio em referência a toda a declaração: José

chegou; o advérbio desse tipo geralmente exprime juízo pessoal de quem fala e constitui

a cláusula comentário.

As principais circunstâncias expressas por advérbio ou locução adverbial são:

1. Assunto Conversar sobre música.2. Causa Morrer de fome.3. Companhia Sair com os amigos.4. Concessão Voltaram apesar do escuro.5. Condição Só entrará com autorização. Não sairá sem

licença.6. Conformidade Fez a casa conforme a planta.7. Dúvida Talvez melhore o tempo.8. Finalidade Preparou-se para o baile.9. Instrumento Escrever com lápis.10. Intensidade Andou rápido demais.11. Lugar Estuda aqui. Passou pela cidade.12. Modo Andou mal. Saiu às pressas.13. Referência Em termos de projeto, ele soube comentar

alguns aspectos. 14. Tempo Visitaram-nos hoje. Jamais mentiu.15. Negação Não lerá sem óculos.

(Tabela retirada e adaptada, para fins deste estudo, de BECHARA, 2007, p.290/291)

Tradicionalmente, os advérbios são assim apresentados nas escolas, porém,

baseados em autores que estudam o âmbito do texto, vamos focalizar o uso dos

advérbios na argumentação, considerando-se a modalização.

Modalização é a maneira com que o autor de um texto, expõe seu ponto de vista,

quais suas intenções e de que maneira se posiciona em seu discurso. Dessa forma, é

possível entendermos que não existem textos sem modalização, pois de alguma forma, o

autor sempre marca sua produção.

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Até mesmo uma frase como A educação vai transformar o país, apresenta

modalização, pois corresponde às intenções do autor. Se inserirmos nela um

modalizador, poderemos ter, por exemplo, A educação, certamente, vai transformar o

país. Observemos a função que o termo certamente indica nesse enunciado: revela a

forma como o produtor do texto concebe a informação que esta sendo repassada. Sendo

assim, diferentemente da anterior, há uma informação a mais, que tributa o sentido de

que quem enuncia também se revela detentor de um grau de certeza sobre o teor da

informação.

Os elementos modalizadores têm como função principal indicar a força argumentativa dos

enunciados ao relacionar, contrapor temas, valores e crenças compartilhadas por uma

comunidade lingüística. É, pois, nesse sentido que a modalização destaca-se, por indicar a

orientação argumentativa dos enunciados e servir como instruções que permitem especificar a

conclusão para a qual o enunciado aponta. (KOCH,1981, p.14)

Alguns advérbios são modalizadores e servem, portanto, como marcadores de

atitude do autor do texto diante do leitor, podendo ser considerados como parte de uma

estratégia argumentativa. Quando certos termos e expressões indicarem uma relação do

comprometimento, do saber e como isso está relacionado com a informação, estaremos

diante de modalizadores epistêmicos.

Observemos o enunciado “Talvez melhore o tempo”, constante na Linha 7 da

tabela apresentada anteriormente. Trata-se de uma informação que é repassada no nível

da probabilidade, revelador de que o produtor do texto não pode ou não quer ser

responsável pela certeza do que se informa. Esse movimento entre a absoluta certeza,

como em “Com certeza o tempo vai melhorar” e um grau mínino de certeza expressam

modalizações epistêmicas.

4.2 Modalizadores epistêmicos______________________________________________________________________

Marcam certeza, dúvida ou hipótese. O produtor do texto parte de suas

convicções sobre a realidade, no entanto, não garante a verdade de sua afirmativa que é

apresentada de forma atenuada, reduzindo seu grau de comprometimento e/ou

engajamento.

Evidentemente, Ana foi bem na prova de física.(certeza)

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Talvez Ana precise repetir a avaliação. (dúvida)

Possivelmente, Ana atingirá bons resultados. (hipótese)

Apresentamos alguns advérbios e locuções adverbiais epistêmicas, cuja

coletânea é decorrente de consultas realizadas a várias obras gramaticais tradicionais:

realmente, evidentemente, naturalmente, efetivamente, necessariamente, certamente,

claro, certo, lógico, sem dúvida, mesmo, de jeito nenhum, de forma alguma, talvez,

assim, possivelmente, provavelmente, eventualmente, praticamente, felizmente,

infelizmente, obviamente, verdadeiramente, incondicionalmente, precisamente,

inevitavelmente, realmente, exclusivamente, intensamente, claramente, sabiamente,

normalmente, frequentemente, constantemente, dificilmente.

4.3 Modalizadores deônticos______________________________________________________________________

Embora não nos detenhamos a estudar os modalizadores que expressam ordem

ou permissão, os chamados deônticos, entendemos que devemos mencionar a sua

existência e ainda exemplificar com alguns enunciados, mesmo porque em artigos de

opinião é comum aparecerem esse tipo de inserção dos objetivos do produtor do texto.

Representam principalmente, obrigatoriedade e necessidade, porque paira a

intenção de levar o interlocutor a concordar com os argumentos do enunciado de forma

autoritária e incisiva. Os modalizadores deônticos ainda representam valores de

permissão, obrigação e proibição, em que o locutor obriga seu interlocutor a concordar

com seu ponto de vista, sobre o qual ele responde pelas afirmações que são de sua

autoria. Vejamos alguns exemplos:

Obrigatoriamente, Ana deverá estudar mais para a prova de física.

Terminantemente proibida a visita ao museu.

Para Koch (1981, p.101), são advérbios e locuções adverbiais deônticas as

expressões que se ligam ao eixo da conduta, à linguagem das normas. Neves (1996,

p.180) contribui afirmando que os advérbios modalizadores deônticos, indicam

obrigatoriedade, permissão, volição, proibição, ordem.

4.3 Análise de artigos de opinião

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A partir de agora, vamos proceder a análises de artigos de opinião, com o

objetivo de sondar como os modalizadores epistêmicos demarcam a posição do produtor

do texto. Antes, porém, vamos proceder a um trabalho de leitura investigativa, numa

acepção mais ampla, para o que selecionamos o artigo seguinte.

Artigo de opinião 02

Avaliação mostra o que o Brasil faz com Educação: PISA

Claudio Carneiro.

Pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou profissionais liberais.

Muito simbólico que o Alagoas dos Collor e o Maranhão dos Sarney tenham ficado nas últimas posições do ranking brasileiro do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Famílias ricas se elegem e se reelegem às custas de estados cada vez mais miseráveis e ignorantes. E o Brasil vai perdendo gerações inteiras, com fraquíssimo desempenho escolar.

O país alcançou a 53ª posição (401 pontos) entre os 64 países avaliados, atrás de Chile (439), México (420), Trinidad e Tobago (414) e Montenegro (404) mas à frente do Azerbaijão (389) e Quirguistão (325) – o lanterninha da lista. Os estudantes chineses de Xangai (com 577 pontos) conquistaram o campeonato do Pisa e a Finlândia (543) ficou em segundo.

O Pisa - coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - comparou o desempenho de nossos jovens na faixa de 15 anos para produzir indicadores sobre a efetividade de nossos sistemas educacionais e deve ter concluído que as milionárias famílias nordestinas não fizeram seu dever de casa ao longo de tantos anos no comando do Executivo em seus estados. Ao demonstrarem sua incapacidade para refletir e analisar, nossos jovens dão os sinais de que não serão capazes de enfrentar os desafios do futuro, não somente no aspecto intelectual, visto que este será um grave problema econômico.

Para o professor e pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil terá uma janela de oportunidades entre os próximos dez e vinte anos – criada pela demografia para o desenvolvimento econômico. Em outras palavras, isso quer dizer o seguinte: findo esse prazo, nossa população vai parar de crescer e, por conseguinte, nossa boa e farta mão de obra começará a envelhecer vertiginosamente. Pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou profissionais liberais. Nossa competitividade irá para o ralo e seremos obrigados a importar executivos que virão aqui para gerir e mandar.

Números são para Manipular

Outra preocupação é que essa cada vez menor massa de

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trabalhadores sustentará um número cada vez maior de aposentados. É conta que não fecha e que os constantes adiamentos de reforma de Previdência que FHC e Lula empurraram com suas barrigas sobre as pernas de Dona Dilma.

Num bem-humorado comercial de TV da Topper - de belíssimo texto - comentam-se os pífios números estatísticos do desempenho do Brasil no rugby e manipulam-se os dados sempre a nosso favor. Tão logo saíram os dados do PISA, o ministro Fernando Haddad – aquele das trapalhadas do Enem e que parece sempre cair de paraquedas nas situações de crise – apressou-se em manipular nossos péssimos números para destacar a melhoria da qualidade do ensino e afirmar que estamos no caminho certo para recuperar o atraso e o descaso de mais de meio século. O ministro falou em avanço dos investimentos para atingir 469 pontos no PISA 2021(!) e disse que a pontuação neste ranking foi muito melhor que a anterior. Sempre haverá números para apontar avanços, mas faltarão palavras para explicar porque estamos atrás da Bulgária, Romênia e Montenegro.

No Programa “A Voz do Brasil”, a serviço do Governo - e agora, cada vez mais, escravo do PT - Haddad comemorava o resultado do PISA como um “gritante avanço”. Nascido em 1963, ele deve ter estudado em escola particular ou era ainda muito criança para perceber que - até o início dos anos 1970 – as escolas públicas brasileiras proviam ensino de qualidade - do jardim de infância à faculdade. A coisa degringolou com a organização e o ganho de força das escolas particulares como instituição, isso graças, é claro, ao descaso do governo com a educação. Muito parecido, aliás, com a decadência de nossos serviços médicos e gratuitos e, este sim, “gritante avanço” dos planos de saúde.

No Brasil, o PISA é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” (INEP), também responsável pela aplicação do Enem. Instituto, aliás, que boa parte do país e quase a unanimidade dos estudantes percebe como “inepto”. Não deverá ir muito longe com essa sigla. Site Opinião e Notícia, 14/12/2010.

Após uma leitura dinâmica dos alunos, questione-os:

Durante a leitura, atuar como mediador, para garantir a compreensão do texto,

verificando se as contribuições feitas pelos alunos estão de acordo com as dicas do

texto apresentado.

Neste momento, os alunos farão uma leitura silenciosa em que deverão observar

de que forma o articulista organiza seus argumentos, para em seguida, responder às

seguintes questões sugeridas:

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- O título dá alguma dica sobre o assunto abordado?- O que conhecem sobre esse assunto?- Onde leram a respeito?- Qual é a sua relevância?- Que posição o autor provavelmente defenderá em seu artigo?

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Agora, vamos usar a estratégia de pedir aos alunos que modalizem o texto. Na

sequência, apresentamos um modelo que pode ser usado em sala de aula. Esse trabalho

poderá levar a uma discussão coletiva, almejando enriquecimento de ideias e a troca de

informações.

Artigo de opinião 02 com alterações: inserção de elementos modalizadores

Avaliação mostra o que o Brasil faz com Educação: PISA

Claudio Carneiro

Infelizmente, pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou pro-fissionais liberais.

Muito simbólico que o Alagoas dos Collor e o Maranhão dos Sarney te-nham ficado nas últimas posições do ranking brasileiro do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Famílias ricas se elegem e se reelegem às custas de Estados cada vez mais miseráveis e ignorantes. E o Brasil vai perdendo gerações inteiras, com fraquíssimo desempenho escolar.

É verdade que o país alcançou a 53ª posição (401 pontos) entre os 64 paí-ses avaliados, atrás de Chile (439), México (420), Trinidad e Tobago (414) e Mon-tenegro (404), mas à frente do Azerbaijão (389) e Quirguistão (325) – o lanterninha da lista. Os estudantes chineses de Xangai (com 577 pontos) conquistaram o cam-peonato do Pisa e a Finlândia (543) ficou em segundo.

O Pisa - coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimen-to Econômico (OCDE) - comparou o desempenho de nossos jovens na faixa de 15 anos para produzir indicadores sobre a efetividade de nossos sistemas educacionais e deve ter concluído que as milionárias famílias nordestinas não fizeram seu dever de casa ao longo de tantos anos no comando do Executivo em seus estados. É visí-vel que, ao demonstrarem sua incapacidade para refletir e analisar, nossos jovens dão os sinais de que não serão capazes, infelizmente, de enfrentar os desafios do futuro, não somente no aspecto intelectual, porque se trata, com certeza, de desafi-os de ordem econômica.

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- Identifique qual é a questão polêmica que deu origem a este artigo de opinião.- Que fatos conduziram o autor do texto a escrevê-lo?- Que tese o artigo defende?- Os argumentos apresentados são convincentes? Que dados, exemplos ou citações o produtor do texto utiliza e com que intenção?- Que argumentos o autor utiliza para fortificar seu ponto de vista? De que forma são apresentados e desenvolvidos?- Volte ao quadro dos Elementos Articuladores e identifique se há ocorrência de tais elementos neste artigo de opinião.

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Para o professor e pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil terá uma janela de oportu-nidades entre os próximos dez e vinte anos – criada pela demografia para o desen-volvimento econômico. Em outras palavras, isso quer dizer o seguinte: findo esse prazo, provavelmente nossa população vai parar de crescer e, por conseguinte, nossa boa e farta mão de obra começará a envelhecer vertiginosamente. Pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, possivelmente, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou profissionais libe-rais. Nossa competitividade irá para o ralo e seremos obrigados, com certeza, a im-portar executivos que virão aqui para gerir e mandar.

Professor, demonstre para o aluno que os termos e expressões negritados reve-

lam mais explicitamente a posição do produtor do texto. Comente com ele como o texto

ficou diferente depois da carga de modalização inseridas na versão acima. Pergunte se

ele poderia modalizar o próximo texto, mas depois de observar as análises a seguir apre-

sentadas. Explore o sentido dos seguintes modalizadores em sala de aula. Siga os pri-

meiros exemplos:

Infelizmente - revela uma avaliação até certo ponto subjetiva.

É verdade - inserção de certo grau de verdade com relação à informação re-passada.

É visível - expressa conhecimento da mensagem que repassa e cria credibili-dade.

Com certeza -

Provavelmente -

Possivelmente -

Caro Professor, vamos aproveitar o próximo artigo para promover mais uma vez

o reconhecimento dos elementos modalizadores.

Artigo de Opinião 03Mais uma vez, pontuamos mal em matemática

Jacir J. VenturiO Brasil obteve a 53ª colocação em Matemática entre os 65 países

pesquisados na avaliação aplicada em 2009 pelo Pisa, programa subordinado à ONU e cujos resultados foram divulgados nesta semana. Naturalmente, não se pode debitar ao acaso o fato de os países que apresentaram elevado grau de desenvolvimento nas últimas décadas estarem no rol dos mais bem classificados no ranking: 1º China (Shangai); 2º Hong Kong; 3º Finlândia; 4º

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Singapura; 5º Coréia do Sul; 6º Japão; 7º Canadá; 8º Nova Zelândia; 9º Taiwan; 10º Austrália. A Coréia do Sul nos anos 79 resignava-se com indicadores econômicos e educacionais até um pouco piores que os nossos. Trabalho persistente, cultura de valorização e elevados investimentos na educação fizeram daquele tigre asiático uma das mais bem-sucedidas nações emergentes. Hoje cerca de 40% dos jovens sul-coreanos, entre os 18 e 24 anos, estão nas universidades. Aqui, apenas 12%. Se no Brasil a ênfase são as ciências humanas, lá são as pesquisas e o ensino em ciências exatas.

Lamenta - se, o posicionamento do Brasil de um lado, mas comemora-se de outro pois está entre os três países que mais evoluíram desde 2000, quando participamos pela primeira vez, saltando de 334 pontos para 368 3m 2009, quando a China fez 600 pontos. Sem dúvida, ir bem ou mal em testes internacionais de Matemática tem elevado significado, pois nas oportunas palavras do pensador francês Jacques Chapellon, “existe paralelismo fiel entre o progresso e a atividade matemática; os países socialmente atrasados são aqueles em que a atividade matemática é nula ou quase nula”.

Inegavelmente, foram os antigos gregos que fizeram soar o gongo da nossa civilização porque dedicavam-se à Matemática como um desafio intelectual ou pelo simples prazer de pensar. Para eles, a Matemática exerce o nobilíssimo papel de serva e, ao mesmo tempo, rainha.

Como é uma atividade solitária, o aluno brasileiro não é atraído pois culturalmente é pouco valorizada, quando não é motivo de pilhérias ou bullying. “Não menospreze os nerds da sua escola. Você ainda irá trabalhar com um deles” – aconselha Bill Gates, que juntamente com Steve Jobs (da Apple) foram proeminentes nas disciplinas de ciências exatas.

Temos uma geração que tem preguiça de pensar. Entretanto, nunca se valorizou tanto a pessoa ou profissional com boa capacidade de raciocínio, enfim, o resolvedor de problemas. Hoje o jovem aprende rápido e esquece rápido, não mergulha fundo e, assim, o aprendizado é fugaz ou fruto de um clique. Este é um enorme desafio para pais e educadores. É uma luta permanente competir com as seduções do mundo digital: site de relacionamentos, games, Internet, celulares etc. ademais, o excesso de contextualização e superficialidade que permeia asa questões de Matemática nas apostilas, livros, provas, vestibulares, no ENEM, compromete o desenvolvimento do raciocínio. O maior legado da Matemática é o incremento da têmpera racional da mente. Mesmo profissionais que aparentemente passam ao largo dos algarismos, como os advogados – embora sejam ótimos no cálculo dos honorários – é preciso lembrar que uma boa demanda jurídica tem por fulcro um excelente encadeamento lógico.

Em síntese, só se desenvolve o pensamento lógico com o cérebro e com as nádegas. Sim - blague à parte – é preciso organização pessoal, disciplina, uma mesa, uma cadeira, um ambiente de silêncio e a disposição para o aperfeiçoamento. Um texto ou exercício mais complexo é um desafio e faz bem aos neurônios. Há muito mais sinapses em 10 minutos dedicados a um problema difícil, mesmo não resolvido, do que na solução de três outros exercícios bastante acessíveis.

Certamente, raciocinar exige esforço. “Pensar dói” – declamava Brecht. Quando o rei Ptolomeu folheava os pergaminhos e Os Elementos, recheados de axiomas, teoremas e postulados, perguntou esperançosamente a Euclides:

-- Não existe uma forma mais fácil de prender essas demonstrações?-- Não, majestade, não há estrada real para a Geometria – teria

respondido o autor.

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No primeiro parágrafo, naturalmente leva à reflexão de que há um consenso

relativo à interpretação sobre a realidade educacional e econômica dos países que

ocuparam as primeiras colocações, levando a entender que o desenvolvimento de uma

nação está ligado a importância que atribui à educação. Esse modalizador indica

proximidade com relação à certeza do que se enuncia.

A seguir, em “Hoje cerca de 40% dos jovens sul-coreanos, entre os 18 e 24

anos, estão nas universidades”, a expressão em destaque indica certo distanciamento

com relação ao que se afirma, diminuindo o grau de exatidão em relação à informação

apresentada. Já apenas aponta para o alvo da argumentação, porque ressalta o quanto o

Brasil ainda está longe de uma posição minimamente aceitável em ralação à Coréia do

Sul, que somente há alguns anos apresentava índices econômicos e educacionais

inferiores aos brasileiros.

No terceiro parágrafo, a locução sem dúvida, reforça o que está expresso no

enunciado de modo a orientar o leitor a aceitar o conteúdo exposto. O parágrafo

seguinte inicia-se com inegavelmente, o que demonstra amplo conhecimento sobre

matemática. Isto, além de sustentar posição assumida, dá credibilidade ao texto.

O sexto parágrafo é marcado pelo modalizador nunca que revela que o produtor

do texto tem um conhecimento historicamente elaborado e isso garante credibilidade

aos argumentos apresentados.

Em “Só se desenvolve o pensamento lógico com o cérebro e com as nádegas”,

estabelece-se limitação quanto ao ato de estudar e, logo em seguida, usa-se a expressão

é preciso como forma de interpelar os leitores a tomar uma atitude correta em relação

aos estudos.

No último parágrafo, certamente denota reforço, com a intenção de encaminhar

o leitor a acatar os argumentos expostos, utilizando-se, novamente de dados históricos

para amparar o ponto de vista.

5. A argumentação na notícia______________________________________________________________________

Falamos anteriormente que a informação serve a opinião, porém, este estudo le-

vou-nos a uma confirmação mais apurada de que a opinião também serve a informação.

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Como demonstração dessa afirmativa, propomos a análise da notícia Brasil fica

entre piores em ranking, apesar de melhorar sua média, publicada no Jornal O Para-

ná e que apresenta a mesma temática dos artigos de opinião 02 e 03.

Os objetivos principais são que o aluno perceba que, por mais neutra que a notí-

cia pretenda ou pareça ser, na maioria das vezes, apresenta elementos argumentativos

que se processam na linguagem tornando-se parte do discurso.

Após a leitura dos alunos, sugerimos uma conversa que os instigue a falar sobre

a notícia:

− Qual é a finalidade específica deste texto?

− Qual é o assunto principal apresentado?

− Podemos considerar que o autor forneceu informações suficientes para que se possa

identificar: O quê? Quem? Quando? Como? Por quê?

− Podemos afirmar que as informações expostas no primeiro parágrafo têm as mes-

mas funções que as apresentadas nos parágrafos seguintes? Sim ou não? Por quê?

− O autor da notícia manifesta sua opinião sobre os resultados do PISA ou apenas re-

lata os fatos?

− É possível identificar modalizadores adverbiais nesta notícia?

− Esses advérbios revelam a inclusão de argumentação do produtor do texto?

− A supressão desses modalizadores alteraria o sentido da notícia?

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O processo de reconhecimento dos modalizadores pode ocorrer em muitos gêne-

ros textuais, não somente nos predominantemente argumentativos, como verificamos na

análise da notícia anterior. Como atividades complementares sobre modalização, podem

ser utilizados outros gêneros como a propaganda, resenha, editorial, crônica, relatório

entre outros.

Prezado Professor, sugerimos que, na sequência, sejam propostas atividades com

os artigos de opinião aqui apresentados no sentido de os alunos produzirem seus

próprios textos e recorrerem, para tanto, a processo de modalização que demonstrem o

grau de comprometimento do produtor do texto com relação ao que enuncia. Faça

também você o seu texto. Exagere ou se distancie com relação às informações que

repassa. Demonstre ao seu aluno que o engajamento depende das intenções de querer se

expor diante do assunto tratado. Peço para os alunos comentarem a forma como

procederam à modalização de seus textos. Promova reflexão sobre esse movimento que

basicamente tece o teor de argumentação no texto, embora não seja o único.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração deste material didático é resultado de pesquisa sobre o gênero arti-

go de opinião, o que, além possibilitar observar como se organizam e quais as formas de

expressão, nos levou a perceber posicionamentos e intenções do produtor do texto a par-

tir do uso de expressões modalizadoras. Seja expressa de forma sutil ou incisiva, a in-

tenção argumentativa do interlocutor é, basicamente, aquela que baliza pontos de vista.

Se for ensinada ao aluno, este poderá se inserir num nível de leitura investigativa, pois

modalizar é expor argumentos que são apresentados para serem acatados pelos leitores.

Acreditamos que a prática de leitura eficaz de textos de opinião contribui para o

desenvolvimento da prática de argumentar dos alunos, principalmente em relação às

questões polêmicas, pois, além de se avaliar o conteúdo do texto lido, serão verificadas

as intenções postas nesses textos. Insistir nessa leitura que chamamos investigativa pode

contribuir para a percepção inclusive da exposição de argumentos alheios e ainda da va-

lidade desses argumentos.

Por fim, podemos dizer que trabalhar com o artigo de opinião levando em consi-

deração os aspectos modalizadores gera o nascimento de olhar mais crítico e compro-

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metido com uma leitura realmente capaz de transformar os alunos em cidadãos que se

sintam instigados a analisar e formular seu próprio ponto de vista sobre as questões po-

lêmicas e socialmente relevantes.

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