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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O aluno vivenciando seu espaço geográfico: apreensões e percepções

Autor Cleonice Aparecida Manganelli Thorgan

Escola de Atuação Colégio Estadual Reynaldo Massi- EFMP

Município da escola Diamante do Norte

Núcleo Regional de Educação Loanda

Orientador Fernanda Perdigão da Fonseca Toniol

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Paraná-Campus de Paranavaí

Disciplina/Área Geografia

Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar História

Público Alvo

8ª série do Ensino Fundamental

Localização

Colégio Estadual Reynaldo Massi – EFMP

Rua Augusto Primo Negrini nº 475

Apresentação:

A elaboração desta Produção Didático-Pedagógica no formato

Caderno Pedagógico, se constitui em mais uma atividade, dentre

as tantas propostas pelo PDE, na área de Geografia. O tema

aborda “A transformação do espaço geográfico de Diamante do

Norte pela expansão da cafeicultura e outras culturas modernas”.

Tem por objetivo, levar os alunos da 8ª série do Ensino

Fundamental do Colégio Estadual Reynaldo Massi-EFMP a

apropriarem-se dos conceitos fundamentais da Geografia e

compreenderem o processo de produção transformação do

espaço geográfico onde estão inseridos, bem como entenderem-

se como agentes ativos desse processo. Sendo assim, a

Produção Didático-Pedagógica, tem com meta principal, a

utilização de uma metodologia mais atrativa e participativa aos

educandos.

Palavras-chave Espaço Geográfico; Noroeste do Paraná; Diamante do Norte

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APRESENTAÇÃO

Este Caderno Pedagógico é uma Produção Didático – Pedagógica que se

constitui em mais uma atividade, dentre as tantas propostas pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE relativo ao ano de 2010, na área de Geografia.

O tema abordado no presente trabalho é “A transformação do espaço

geográfico no Município de Diamante do Norte pela expansão da cafeicultura e

outras culturas modernas.”

Este trabalho servirá de apoio à implementação do Projeto de Intervenção

Pedagógica no Colégio Estadual Reynaldo Massi – EFMP de Diamante do Norte e

contará com o envolvimento dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental.

O conteúdo deste Caderno Pedagógico se desenvolverá em várias etapas:

A primeira discussão apresenta de forma sucinta, como alguns geógrafos

renomados pensaram o espaço geográfico. Visto que este é o objeto da Geografia.

Na segunda discussão faz-se uma abordagem de como se deu a

transformação do espaço geográfico paranaense com ênfase no Noroeste,

destacando-se as atividades econômicas que colaboraram com tais transformações.

A terceira discussão apresenta de forma mais abrangente a transformação

ocorrida no espaço geográfico do Município de Diamante do Norte, com ênfase no

processo de ocupação e no desenvolvimento econômico do território,

proporcionando um resgate aos processos geográficos e históricos do município.

Pretende-se, com este trabalho, fornecer subsídios aos professores da Rede

Pública do Paraná para que possam fazer um estudo do seu município e contribuir

para que seus alunos apropriem-se dos conceitos fundamentais da Geografia e

compreendam o processo de produção e transformação do espaço geográfico onde

estão inseridos, bem como entenderem-se como agentes ativos desse processo.

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SUMÁRIO

UNIDADE I

ESPAÇO GEOGRÁFICO: O OBJETO DA GEOGRAFIA .........................................4

UNIDADE II

A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO PARANÁ ......................10

UNIDADE III

A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO NOROESTE

PARANAENSE .........................................................................................................17

UNIDEDE IV

A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO MUNICÍPIO DE

DIAMANTE DO NORTE ...........................................................................................24

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 33

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UNIDADE I

ESPAÇO GEOGRÁFICO: o objeto da geografia

Para compreendermos a transformação do espaço geográfico de Diamante

do Norte, iniciaremos fazendo uma abordagem do que é o espaço geográfico (dentro

de uma perspectiva histórica), visto que este espaço é o objeto da Geografia.

Observe a figura, e reflita sobre as questões a seguir:

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br

O que vemos nesta figura, é o espaço geográfico, ou seja, um espaço social,

produzido pelos seres humanos, que se relaciona com a dinâmica da natureza e

com o contínuo movimento de uma sociedade.

Atualmente a Geografia se preocupa em fazer uma análise do conjunto de

relações que atuam no processo de construção e transformação desse espaço. Mas

será que a Geografia discutida em sala de aula está conseguindo fazer com que os

alunos cheguem a essa reflexão? Essa é uma pergunta que nos remete a um outro

questionamento: A maneira que os alunos analisam o espaço geográfico hoje tem o

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poder de transformar a sociedade em que vivem numa sociedade mais justa e

acessível a todos? Esse é o foco das reflexões de muitos geógrafos renomados.

Para respondermos a essas perguntas vamos voltar à história da ciência

geográfica e analisar como esses geógrafos pensaram o espaço.

Você sabe que Geografia perpassou por vários objetos de estudo antes de

se ter o consenso em torno da ideia de que o espaço geográfico deve ser o foco da

análise geográfica?

No decorrer dos séculos, muitos pensadores se posicionaram propondo um

objeto que se ajustasse à realidade vigente. Dentre o conjunto de propostas que

houve, a Geografia Crítica chegou como uma das vertentes da renovação do

pensamento geográfico e conseqüentemente procurando expor sua concepção de

objeto.

A Geografia Crítica agrupa autores que se posicionaram por uma

transformação da realidade social, pensando o seu saber como uma arma desse

processo. São os que pensam a análise geográfica como um instrumento de

libertação do homem. Criticam o empirismo exacerbado da Geografia Tradicional,

que manteve suas análises presas ao mundo das aparências e sem a possibilidade

de indagar a respeito da essência dos problemas.

Além dos vários autores que se posicionaram a favor de uma transformação

do pensamento geográfico em prol de uma geografia crítica, Yves Lacoste foi o autor

que formulou críticas radicais a respeito da Geografia Tradicional, em seu livro: “A

Geografia – isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra”.

Lacoste vê a Geografia como um instrumento de dominação da burguesia.

Ele menciona que o Estado e as grandes empresas (detentores do poder) possuem

uma visão integrada do espaço, atuando sobre todos os lugares e transformando-se

em uma arma de dominação, ao passo que o cidadão comum tem uma visão

fragmentada do espaço, pois só conhece o que faz parte do seu cotidiano, como,

por exemplo, sua rua, seu quarteirão, seu bairro, os locais de seu lazer, sua cidade –

ainda que de maneira parcial – e só esporadicamente e de maneira superficial

conhece a realidade de outros lugares do mundo.

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Desta forma, o homem comum deve assumir uma postura crítica diante do

espaço, que lhe permita construir uma sociedade justa onde não haja dominante

nem dominado. Para que isso ocorra Lacoste afirma que “é necessário construir

uma visão integrada do espaço numa perspectiva popular e socializar este saber,

pois ele possui fundamental valor estratégico nos embates políticos. É necessário

saber pensar o espaço, para saber nele se organizar, para nele combater”.

(LACOSTE, apud MORAES, p. 116).

Os caminhos buscados pelas várias propostas da Geografia Crítica para

expor seu objeto de análise são numerosos, diferentes, e todos igualmente

importantes. Caberia mencionar obras significativas que exemplifiquem este esforço,

contudo, em termos de uma concepção mais global de análise geográfica, é

suficiente expor algumas das propostas de Milton Santos, apresentadas em suas

obras: Por uma Geografia Nova e A Natureza do Espaço.

Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br

Milton Santos coloca que a atividade humana implica numa ação sobre a

superfície da terra, criando novas formas, de tal modo que produzir é produzir

espaço.

O autor elucida esta ideia da seguinte forma: na sociedade capitalista, a

organização do espaço é imposta pela acumulação do capital, e o intenso processo

de modernização não chega a todos os lugares ao mesmo tempo, porque este

processo é de interesse do Estado, obedece a lógica do capital e não o interesse da

população em geral. Esse processo define o uso do solo, a apropriação da natureza,

a relação entre os lugares, enfim, a organização do espaço. O resultado é a

desigualdade, pois a história do capital é seletiva, elege áreas, impõe uma

Milton Santos, Geógrafo brasileiro, foi um dos grandes nomes

da renovação da Geografia no Brasil ocorrida na década de

1970.

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hierarquização dos lugares pela diferenciação tecnológica. Todo esse processo deve

ser objeto de preocupação dos geógrafos tendo em vista uma geografia mais

generosa e vendo o espaço como um lugar de luta. (SANTOS, apud MORAES, p.

124-125).

Sendo o Espaço Geográfico palco de muitas discussões em busca de

melhores compreensões e explicações, Milton Santos publica: “A natureza do

Espaço: Técnica e tempo, razão e Emoção” seu projeto mais ambicioso chamado

desta forma por ele em sua obra Por uma Nova Geografia.

Santos aborda nesta obra que, o Espaço geográfico é composto pela inter-

relação entre sistemas de objetos – naturais, culturais e técnicos – e sistemas de

ações – relações sociais, culturais, políticas e econômicas. O autor complementa

ainda que:

O Espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e

também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não

considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a

história se dá. No começo era natureza selvagem, formada por objetos

naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos

técnicos mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que

natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. (SANTOS,

2006, p.63).

Desta forma o referido autor afirma que a Geografia deve se ocupar de um

conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, nunca tomados

separadamente. Assim como os objetos são povoados de ações, estas são

imbuídas de artificialidade. A partir dessa perspectiva ele define a ação:

A ação é o próprio homem. Só o homem tem ação, porque só ele tem

objetivo, finalidade. [...] As ações humanas não se restringem aos

indivíduos, incluindo também as empresas, as instituições. [...] As

ações, resultam de necessidades, naturais ou criadas. Essas

necessidades: materiais, imateriais, econômicas, sociais, culturais,

morais, afetivas é que conduzem os homens a agir e levam a funções.

Essas funções, de uma forma ou de outra, vão desembocar nos

objetos. [As ações] conduzem a criação e ao uso dos objetos, formas

geográficas. [...] As duas categorias, objeto e ação, materialidade e

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evento, devem ser tratados unitariamente. Os eventos, as ações, não se

geografizam indiferentemente. [...] O espaço geográfico deve ser

considerado como algo que participa igualmente da condição do social

e do físico, um misto, um híbrido (SANTOS, 2006, P. 82-86).

Jean Henrique Costa, em seu artigo “Espaço e Geografia Crítica: uma

contribuição aos Estudos Turísticos" comenta que, para Santos, os sistemas de

objetos e sistemas de ações interagem, dialética e indissociavelmente. “De um lado,

os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão as ações e, de outro lado,

os sistemas de ações leva a criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos

preexistentes. É assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma.”

(SANTOS, 1999, p. 52, apud COSTA, p. 09).

11 Procure investigar o que seus colegas da escola sabem sobre o conceito de

espaço geográfico. Faça uma comparação entre a sua pesquisa e o que você

aprendeu com a leitura dos textos.

22 Com base na leitura e análise dos textos, como os pensadores da ciência

geográfica entenderam o espaço?

33 Leia o texto: “GEOGRAFIA: a ciência do espaço” e comente a frase:

“A geografia tradicional manteve suas análises do espaço geográfico presas ao

mundo das aparências, sem a possibilidade de indagar a respeito da essência dos

problemas.”

que significa estudar geograficamente o mundo ou parte do mundo?

A Geografia se propõe a algo mais que descrever paisagens, pois a

simples descrição não nos fornece elementos suficientes para uma

compreensão global daquilo que pretendemos conhecer geograficamente.

As paisagens que vemos são apenas manifestações aparentes das relações

estabelecidas entre os muitos e variados integrantes do nosso planeta e até mesmo

do Universo.

Da energia do Sol à ação dos bichos, das plantas, das águas e dos ventos; dos

movimentos executados pela Terra aos constantes deslocamentos verificados na

SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE PODERÃO SER UTILIZADAS PARA REFLEXÃO SOBRE O TEMA ABORDADO

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crosta terrestre; das formas restritas e localizadas de atuação das tribos indígenas à

planetária intervenção das modernas sociedades industriais não nos faltam

dinâmicas e relações a serem investigadas.

Ir além das aparências significa considerar que por trás de toda paisagem temos,

necessariamente, uma dinâmica particular que a determina, que a constrói, que a

mantém com determinada aparência, por exemplo, de floresta, de deserto, ou até

mesmo de cidade.

Estudar geograficamente o mundo, no todo ou em parte, é buscar entender como e

por que as paisagens - sejam elas quais forem - apresentam as características que

observamos. Ou seja, o que se busca é o entendimento do espaço geográfico, que,

dessa forma, deve ser entendida como algo que inclui não só aquilo que vemos

(paisagem), mas também os fatores determinantes da aparência. Entre todas as

dinâmicas de que resultam as diversas paisagens que se espalham pelo mundo, as

impostas pelo ritmo e pelas necessidades das modernas sociedades industriais são

hoje as mais presentes na quase totalidade das paisagens que venhamos a

investigar.

Portanto, uma investigação de fato geográfica acerca do mundo atual deve, mais do

que se ocupar de descrições de realidades aparentes (paisagens), propor-se a

investigar, principalmente, o modo pelo qual a sociedade produz o espaço

geográfico.

PEREIRA, Diamantino; SANTOS, Douglas e CARVALHO, Marcos de, Geografia: ciência do

espaço – O Espaço Mundial. São Paulo, Atual, 1993.

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UNIDADE II

A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO PARANÁ

O Paraná situa-se na Região Sul do Brasil. É cortado ao norte pelo Trópico

de Capricórnio, tendo cerca de um quarto do seu território na Zona Equatorial e o

restante na Zona Temperada do Sul. Conta atualmente com 399 municípios e uma

área de 199.316.694 Km2. O último censo demográfico realizado pelo IBGE em

2010 registrou uma população de 10.444.526 habitantes.

Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/

O espaço geográfico paranaense sofreu grandes alterações após sua

colonização. O espaço que vemos hoje apresentava somente os aspectos físicos ou

naturais, como rios, lagos, morros, animais, plantas e toda interação e

interdependência entre eles. Como você pode observar na figura a seguir.

Paisagem natural: espaço que ainda não foi alterado pelas sociedades humanas. Fonte: arquivo pessoal

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O surgimento do colonizador europeu desde os primórdios começou a

interferir no meio a partir da introdução das primeiras Bandeiras que adentraram o

território em busca de riquezas que pudessem atender as necessidades da

metrópole.

A primeira Bandeira foi enviada a região em 1531, por Martin Afonso de

Souza, na Baía de Paranaguá, com o objetivo de explorar a área. E por volta de

1550, a região foi invadida por indivíduos e aventureiros a fim de manter trocas

comerciais com os indígenas. (MARTINS, 1995, apud, ESTEVES, 2005, p.59-60).

O colonizador só passou a habitar oficialmente a região com a concessão,

em 1614, de uma sesmaria na ilha de Superagüi cedida a Diogo Unhante.

O grande atrativo dos colonizadores era a busca pelo cobiçado metal

precioso, nunca deixado de lado pelos conquistadores. O ouro foi descoberto no

século XVII, pelos bandeirantes, na Baía de Paranaguá. A descoberta do metal

atraiu muitos imigrantes para a região.

É importante ressaltar que foi a partir deste fato, que o espaço geográfico

paranaense começou a sofreu as primeiras alterações por haver uma maior atuação

humana no Estado.

Steca e Flores (2002, p. 177-178) mencionam que a mineração trouxe

mudanças pouco expressivas para a região, mas o povoamento efetivo do litoral se

deu em virtude do crescimento desta atividade. Deu origem aos primeiros povoados

como Paranaguá e Curitiba. E a partir do momento em que a mineração alcança o

planalto, novas minas surgiram e novos núcleos populacionais foram criados. Esses

núcleos populacionais com o tempo tornaram-se grandes cidades como São José

dos Pinhais e Bocaiúva do Sul.

LITORAL PARANAENSE:

FOTO DE SATÉLITE

O povoamento do Paraná ocorreu a partir do litoral, com o

surgimento de Paranaguá.

Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/

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Atualmente o espaço geográfico do litoral paranaense apresenta-se totalmente modificado em virtude da atuação humana, como você pode observar na foto.

LITORAL PARANAENSE

Fonte: Litoral do Paraná/Caiobá/acervo pessoal

No século XVIII, a atividade mineradora entrou em decadência em virtude

do esgotamento do ouro e da descoberta do mesmo em Minas Gerais. Houve um

esvaziamento das áreas mineradoras, alguns permaneceram tentando a sorte nas

minas, outros procuraram áreas que permitisse a prática da agricultura, extração da

erva-mate e criação de gado.

A agricultura de subsistência e o tropeirismo foram atividades

complementares à economia mineradora que teve papel importante na

transformação do espaço geográfico paranaense. Os autores explicam ainda que:

A economia do tropeirismo, baseada no transporte, criação e comércio de animais para o Paraná e para o Brasil, provocou o povoamento do território paranaense, nos locais onde eram pontos de parada para descanso das tropas. [...] vários vilarejos nasceram para atender os tropeiros e seus animais. Colaborou com a riqueza produzida, para a emancipação da província do Paraná, em 1853. É o responsável pela integração do sul com outras regiões do país. (STECA e FLORES, 2002, p. 179).

Neste ciclo do gado, começou a agricultura voltada para alimentar os

animais: produziam o milho, depois introduziram as culturas do feijão e do trigo.

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Com o tempo o tropeirismo e a criação de gado foram perdendo o lugar para

a produção da erva-mate, planta nativa do Paraná, conhecida e utilizada pelos

indígenas. Chegou a ser o principal negócio da Província do Paraná através de sua

exportação para a Argentina e Paraguai, o que proporcionou altos lucros para o

Estado. Além disso, o comércio do produto fez com que surgissem novos caminhos

como a estrada da Graciosa (1871), a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá (1885). O

porto de Paranaguá ganhou novo impulso com a exportação da erva-mate.

E

Erva-mate, planta nativa do Paraná Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/

De acordo com as informações de Oliveira, 2005, contidas na obra de Costa,

(1989):

A economia ervateira tem no Paraná um passado glorioso, pois foi o esteio da economia paranaense por um longo período, além de ter sido um dos principais fatores de emancipação política do Estado. [...] a erva-mate ajudou também na organização da região Centro-Sul do Paraná que compreende o vale médio do Iguaçu até a capital, Curitiba. (COSTA,1986, apud, OLIVEIRA, 2005, p. 206).

Diante destas considerações, constata-se que o espaço geográfico

paranaense sofreu consideráveis alterações com as constantes intervenções

humanas. A economia ervateira desempenhou papel importante nesta

transformação do espaço paranaense. Através desta cultura surgiram novos

povoados, vias de transportes mais arrojadas, vários portos foram construídos, além

de ter sido por meio desta o surgimento da primeira atividade agroindustrial do

Paraná.

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A exploração da madeira entre o final de século XIX e início do século XX

também contribuiu com a transformação do espaço geográfico paranaense.

Segundo Steca e Flores (2002, p.189), a madeira nativa ocupava grande parte do

Estado do Paraná da mesma forma que a erva- mate. No Sudoeste e Oeste

encontrava-se madeira de lei como: Pinheiro de Araucária, Imbuía, Peroba, Pau

Marfim, Canela, Cedro. No norte: Canafístula, Peroba e outras, também

consideradas nobres. Todas exploradas de forma predatória e itinerante.

A madeira atraiu capitais estrangeiros e contribuiu com a instalação e várias

madeireiras, dinamizando, desta forma, o processo de exploração deste recurso.

Além das culturas citadas anteriormente, cabe mencionar o desenvolvimento

da cafeicultura no norte do Paraná, que também contribuiu com a construção e

transformação do espaço. Os problemas enfrentados pela cafeicultura paranaense

na década de 60, levaram o governo a ampliar a política de erradicação dos

cafezais. (este assunto será abordado com mais detalhes posteriormente).

Segundo Steca e Flores (2002), na década de 1970 o perfil econômico do

Paraná começou a mudar: as pequenas propriedades deram lugar ao latifúndio. A

produção de grãos passou a ser mais interessante e a mecanização da agricultura

se fez necessária. Com uma agricultura diversificada e a utilização de tecnologia,

eliminou-se o sistema de colonato, criou-se o trabalho temporário com pagamentos

de salário diário, cuja consequência foi o êxodo rural e o aumento populacional das

cidades.

Máquina agrícola, pulverizando cultura de soja Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/

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Nos últimos anos as culturas que estão se disseminando pelo território

paranaense são a soja e a cana de açúcar. O cultivo da cana tem um incentivo muito

grande, devido a grande quantidade de usinas instaladas. Em muitos municípios a

cana vem substituindo a soja, além de fazer com que pequenas propriedades que

antes cultivavam milho e outras culturas de subsistência, arrendem suas terras para

as usinas de açúcar, fazendo com que as famílias migrem do campo para as

cidades.

Com o avanço tecnológico, o homem criou uma série de mecanismos para

facilitar a manipulação dos elementos da natureza, além do desenvolvimento de

toda produção agropecuária com a inserção de tecnologias, como tratores,

plantadeiras, colheitadeiras e muitos outros. Como você pode observar na figura

acima.

Diante destas considerações constata-se que o espaço geográfico está

sempre em transformação. Contudo, vale lembrar que, ainda que estas

transformações sejam de grande valor para a atual estrutura socioeconômica da

humanidade, muitas vezes parecem fora do controle, exageradas ou até mesmo

prejudiciais.

ORIENTAÇÕES PARA PESQUISA E APRESENTAÇÃO

Produzir em grupo uma apresentação relacionada aos ciclos econômicos do

Paraná.

Cada grupo escolhe um ciclo e pesquise, leia, faça uso de livros, revistas,

internet, reforce sua apresentação inserindo cartazes, escrevendo, desenhando,

colando figuras, fotos etc.

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Crie uma apresentação que possibilite uma melhor visualização e assimilação do

conteúdo pelos colegas.

Ao concluir a apresentação, faça um pequeno comentário sobre a influência dos

ciclos econômicos na transformação do espaço geográfico do Paraná.

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UNIDADE III A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

DO NOROESTE PARANAENSE

VOCÊ SABE COMO ACONTECEU A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DA

REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ?

Atualmente a Mesorregião Região Noroeste do Paraná é formada por 61

municípios que se estende desde as cidades a Oeste de Maringá até as margens do

rio Paraná. Esses municípios compõem três microrregiões paranaenses: Paranavaí,

Cianorte e Umuarama. Mas esse espaço nem sempre foi assim. Vamos ver como

ele se constituiu e se transformou no decorrer dos tempos?

Mesorregiões paranaenses Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/

O espaço geográfico da região Noroeste do Paraná, denominada também de

Norte Novíssimo, teve seu espaço construído e modificado obedecendo aos

interesses presentes no processo de colonização do Norte do Paraná (Norte

Pioneiro). O processo de colonização do Noroeste teve início em 1940, dez anos

após a colonização do Norte Pioneiro. As lavouras de café foram o principal marco

nessa ocupação. Este foi o principal motivo que justifica o rápido e intenso processo

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de comercialização dos lotes de terras pela Companhia de Terras Norte do Paraná,

empresa posteriormente designada Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná,

e que foi responsável pela colonização de uma área equivalente a 1.300.000

hectares no Norte e Noroeste paranaense. Fonseca, (2006), aborda que:

Verificado assim o caráter “nômade” ou “itinerante” do café, entende-se que já na década de 1950 não mais havia terras “disponíveis” no Norte Novo, o que acarreta em um novo rumo para a expansão ocupacional, em direção ao Noroeste do Estado: o Norte Novíssimo. Na década de 1950, a ocupação passa então a avançar em sentido ao Noroeste, estimulada principalmente pela alta dos preços do café, verificada no final de 1940 até meados da década de 1950. Sempre em busca de novas terras que pudessem ser utilizadas pela cultura cafeeira. (FONSECA, 2006, p.72-73).

Uma das consequências que podemos aqui assinalar como resultante da

atuação da referida companhia colonizadora foi a devastação da mata nativa para o

plantio do café.

Grandes áreas de florestas foram devastadas para o plantio de café. Fonte: acervo pessoal

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Plantações de café no lugar onde havia matas Fonte: Sr. Jorge Ishikawa

Desta forma, verifica-se que o espaço geográfico do Noroeste paranaense

sofreu grandes alterações na medida em que a cultura cafeeira se expandiu.

Juntamente com o café, desenvolveram-se também as lavouras de subsistência,

bem como as construções de edificações básicas que garantiriam a fixação do

homem no campo.

Serra, (2009, p.03), em seu artigo “Noroeste do Paraná: o domínio das

lavouras de cana e a nova dinâmica da paisagem nas zonas de contato arenito-

basalto”, menciona que a ocupação das lavouras de café nas áreas de solos mais

favoráveis e também de solos menos favoráveis a cultura vai se esgotar nos anos de

1960. Como todos os lotes negociados foram ocupados pela mesma cultura, a

superprodução fez com que os preços caíssem no encerramento da marcha

colonizadora.

A queda dos preços associada a outros fatores vão justificar uma série de

medidas tomadas pelo governo no sentido de desestimular a atividade cafeeira e de

convencer os agricultores a optarem por outra cultura mais rentável e mais segura

que o café. Os trabalhadores rurais, no entanto, relutaram em mudar, pois possuíam

experiências acumuladas com os cafezais. A resistência findou-se em meados dos

anos 1970, quando uma grande geada, conhecida como geada negra, devastou os

cafezais da região.

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Como você pode observar nas fotos a seguir, os cafezais que se

apresentavam exuberantes em poucas horas transformaram-se numa paisagem

seca, totalmente sem vida.

Exuberância dos cafezais antes da geada negra de 1975 Fonte : Sr. Jorge Ishikawa

Geada negra de 18 de julho de 1975 Fonte: Sr. Jorge Ishikawa

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É neste contexto, no qual a decadência do cultivo cafeeiro abre espaço para

novas culturas, que começam a serem implantadas na região Noroeste do Paraná,

as lavouras mecanizadas de soja, trigo e milho. Essas atividades produtivas, com o

emprego de novas técnicas agrícolas vieram contribuir com as transformações do

espaço geográfico da região, visto que, uma parte dos produtores, transformando-se

em empresários rurais, aderiu às novas tecnologias e consequentemente

dinamizaram sua produção. A estrutura fundiária também sofreu grandes alterações,

deixando de priorizar o modelo desenhado pelas companhias colonizadoras

baseadas nas pequenas e médias propriedades para contemplar as grandes

propriedades monocultoras.

Monocultura da soja Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/

Esta nova fase marcada pela concentração fundiária favoreceu as mudanças

no uso do solo, com domínios de pastagens e de lavouras mecanizadas. A mudança

no uso do solo tem seu lado mais perverso quando “expulsa” os trabalhadores rurais

por aderirem a um novo tipo de cultura pouco dependente do fator trabalho.

Esse processo vai cada vez mais se intensificando no Noroeste paranaense

quando a concentração fundiária ganha nova dimensão com a introdução das

lavouras de cana de açúcar no final dos anos de 1990. A cana passou a fazer parte

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da paisagem regional, transformando de forma intensa o espaço geográfico do

noroeste paranaense.

Os pequenos proprietários, vencidos pelo avanço das lavouras de cana, cedem suas terras para as usinas por meio de contratos de arrendamento, e vão morar nas cidades mais próximas. [...] Os proprietários que sobraram continuam donos da terra, mas nem sempre conseguem localizar o lote onde cresceram e criaram os filhos: o canavial não deixa divisas, é um mar de cana cobrindo de verde (ou de amarelo, nas épocas de safras) todo o espaço regional (SERRA, 2009, p.08).

Monocultura da cana de açúcar

Fonte: arquivo pessoal

Diante de todo este processo discutido acima, é possível perceber que o

espaço geográfico do Noroeste paranaense sofreu grandes alterações desde sua

ocupação que teve como carro chefe a cultura cafeeira. Em última instância, as

alterações decorrentes deste processo se deram em duas vias, não se limitando ao

aspecto ambiental, pois com a introdução das culturas mecanizadas, ocorreu um

“esvaziamento” do campo e um processo de urbanização relativamente

desordenado. Isto significa dizer que houve uma alteração no sentido

socioambiental.

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SUGESTÕES DE VÍDEOS E MÚSICAS QUE PODEM ENRIQUECER O ASSUNTO

ABORDADO (CONSULTE NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA DA ESCOLA)

TEMA: Geadas no Paraná

- Geada Negra destrói cafezais do norte do estado – RCP 7V. FLU

- Reportagem RIC TV Record – Geada Negra

http://www.youtube.com/watch?v=kjswNsXxeb0

MÚSICA: Tião Carreiro e Pardinho – Geada do Paraná

Geada do Paraná Tião Carreiro e Pardinho

Paraná celeiro do Café

Pelo teu glorioso passado

Aqui vai a mensagem de fé

Desta Viola que chora o teu triste fato

Sou um caboclo que vê com tristeza

O teu café pela geada queimado (...)

http://letras.terra.com.br/tiao-carreiro-e-pardinho/710651/

Observe a sequência das fotos a seguir e elabore seu próprio texto sobre a

transformação do espaço geográfico do noroeste paranaense.

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UNIDADE IV

A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE DO NORTE

O município de Diamante do Norte, como a maioria dos municípios que

fazem parte da região noroeste do Paraná, teve seu espaço geográfico alterado nas

décadas de 50 e 60 pelo movimento de ocupação das terras do norte do Paraná. O

município situa-se nas seguintes coordenadas: latitude sul 22º39’40 e uma longitude

oeste de 52º51’50.

FONTE:Couto,EdivandoVitor. 2008.

Os primeiros povoadores que contribuíram com a transformação do espaço

geográfico do município de Diamante do Norte chegaram à região por volta de 1949

levados pelo impulso de transformar florestas em núcleo de civilização. O início do

povoamento data do ano de 1953 quando a Companhia colonizadora Toledo Pizza

abriu uma gleba denominada Macuco. O fluxo de migrantes foi muito grande pela

fertilidade das terras e pela necessidade de expandir a cultura cafeeira.

Vários fatores interferiram inicialmente na ocupação e transformação do

espaço geográfico de Diamante do Norte: o Estado, as companhias loteadoras, os

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trabalhadores que vieram para o município, seja na condição de proprietários ou

empregados. Todos colaboraram para transformar a paisagem que era natural, para

uma outra, dentro do contexto econômico e político da época.

Em virtude do intenso processo de ocupação do município a partir da

década de 1950, extensas áreas de vegetação nativa foram devastadas. De

imediato foram efetivados os plantios de café e de lavouras de subsistência, bem

como as edificações que garantiram a fixação do homem no campo.

Primeiras derrubadas e queimadas no

município de Diamante do Norte Fonte: revista do município

Neste sítio existiam extensas áreas de café, hoje predomina as pastagens.

Fonte: acervo pessoal/Irmãos Thorgan

Ao longo dos anos a cultura cafeeira foi se fortalecendo à medida que a

cidade se desenvolvia. Esse desenvolvimento se deu até meados da década de

1970, período considerado o auge da cafeicultura no município e em todo o estado

do Paraná.

1970- O auge da cafeicultura Fonte: Acervo pessoal do Sr. Jorge Ishikawa

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Posteriormente ao período que teve como principal economia o

desenvolvimento da cafeicultura, o município entrou em um processo de declínio

econômico em virtude da redução da produção cafeeira. Vários fatores justificaram a

queda na produção: o esgotamento da fertilidade natural do solo, a queda do preço

do café em decorrência da grande produção em vários lugares do Brasil e do

mundo, o aumento do preço dos insumos agrícolas, o estatuto do trabalhador rural e

a ocorrência de fortes geadas, em especial a geada de 1975.

1975 - Cafezais alguns dias após a geada

Fonte: Sr. Jorge Ishikawa

Um mês após a geada Fonte: Sr. Jorge Ishikawa

Serra, 1986, em seu artigo: Noroeste do Paraná: O Domínio das Lavouras de Cana e a Nova Dinâmica da Paisagem nas Zonas de Contato Arenito – Basalto menciona que:

As geadas sempre prejudicaram as lavouras paranaenses, mas nunca na intensidade como acabaram prejudicando em 1975. Foi neste ano que os proprietários rurais resolveram, de vez, substituir o café por outro produto que apresentasse mais segurança em termos de comercialização e menos riscos em termos de eventuais instabilidades climáticas. (SERRA, 1986, p. 57 apud SERRA, 2009 p.4).

No município de Diamante do Norte a geada de 1975 não foi o principal fator

da redução de grande parte dos cafezais, como ocorreu no norte paranaense.

Apenas alguns proprietários rurais decidiram erradicar seus cafezais neste período e

aderir a outro tipo de cultivo. As consequências deste processo foi uma

diversificação de culturas. Alguns optaram pelas pastagens, outros pela mandioca e

alguns por culturas que hoje já não são vistas no município como o algodão, soja e

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milho. Porém, a maioria ainda permaneceu com o cultivo do café. Os cafeicultores

que persistiram por mais tempo permaneceram até a década de 1980 quando a

cafeicultura no município passou por um período de muita instabilidade. Oscilações

nos preços motivaram produtores a substituir o café pelas pastagens, como outrora

já havia acontecido com alguns, ficando apenas aqueles cafeicultores tradicionais

que colaboraram para que, na década de 1990, houvesse uma produção

considerável: mais de 120.000 sacas beneficiadas em um ano. Porém, na mesma

década, por volta de 1997, os preços começaram a cair novamente motivando mais

uma vez os produtores a diversificarem seus cultivos: intensificou-se o cultivo de

mandioca e pastagem e introduziu-se o cultivo da cana de açúcar.

Cultivo de mandioca destinadas as farinheiras

Fonte: arquivo pessoal

Pastagem para criação de gado bovino Fonte: arquivo pessoal

Monocultura da cana de açúcar Fonte: arquivo pessoal

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No município, ainda hoje, existe o cultivo de café, porém, em uma nova

técnica de plantio, denominada adensado. Os resultados, contudo, não foram

satisfatórios a ponto de superar os problemas existentes na cafeicultura.

Café adensado Fonte: Sr. Jorge Ishikawa

Em uma entrevista ao Diário do Noroeste, em 2009, Everson de Souza, ex-

gerente da SOPRANOR (Sociedade de Produtores Rurais da Região de Diamante

do Norte), sociedade que atua no mercado de café desde 1997, menciona que:

Estamos no negócio há onze anos e chegou em um ponto que não dá mais. O café é até viável hoje em pequenas propriedades, mas o clima tem prejudicado muito os produtores, que tem sofrido constantes quebras na produção. Aliado a isso, não conseguem colher um grão de qualidade e o preço da saca acaba caindo. Você tem uma cultura onde os insumos aumentaram, a mão de obra ficou escassa e a planta precisa de muitos cuidados. São fatores que unidos acabam desmotivando o produtor. Nos próximos três anos, as áreas devem diminuir ainda mais na região, e no futuro existirão plantações de no máximo dois hectares. (Diário do Noroeste, 2009, p. 07)

A queda do preço perdurou até o ano de 2010. Os produtores que ainda

existem são produtores tradicionais. A produção do município atualmente não passa

de 6.000 sacas beneficiadas. Portanto, as fortes oscilações nas cotações, atrelados

à questão climática, secas e geadas, não permitirá que a cafeicultura tome um

caminho inverso ao atual, exceto se os preços se mantiverem acima da média

histórica como atualmente. Talvez, dessa forma, poderemos ver alguns produtores

atraídos pela cafeicultura novamente.

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A partir dessa reflexão, percebe-se que entre a década de 1970 e a década

de 1990 o espaço geográfico de Diamante do Norte sofreu grandes transformações,

onde grande parte dos cafezais foi substituída pelas pastagens e outras culturas que

não necessitavam de mão de obra abundante como o café. Muitos trabalhadores

migraram do campo para a cidade, ocorrendo no município o fenômeno denominado

êxodo rural. Além dos trabalhadores rurais, alguns dos pequenos proprietários

também se sentiram forçados a vender ou arrendar suas terras para as usinas de

açúcar e álcool, farinheiras, e foram morar nas cidades.

NESTE ESPAÇO CONTÉM SUGESTÕES DE ATIVIDADES QUE VOCÊ PODERÁ

DESENVOLVER PARA DESCOBRIR COMO OCORRERAM AS

TRANSFORMAÇÔES DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO SEU MUNICÍPIO.

Organize uma excursão às áreas rurais e urbanas do seu município, a fim de

visualizar a paisagem que constitui atualmente seu espaço de vivência.

Entreviste moradores antigos do seu município, para saber se a paisagem

que você vê hoje é a mesma de outrora e como ela foi se transformando com ao

passar dos tempos.

Busque em livros, revistas e internet, relatos sobre a história do seu

município desde a colonização e faça um paralelo com a história que você ouviu dos

moradores da sua cidade.

Acesse o Google Earth. Através deste programa, você poderá visualizar a

paisagem rural e urbana do seu município, com vários detalhes que contribuirão

para a sua pesquisa sobre o tema estudado.

Elabore um gráfico da evolução da população urbana e rural do seu

município. (gráfico de linhas).

Para realizar esta atividade, pesquise os dados da população por décadas e monte

uma tabela, após montar a tabela fica fácil elaborar o gráfico.

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Com base na análise do gráfico que você elaborou, escreva um texto

demonstrando as causas e as conseqüências das mudanças que ocorreram no seu

município.

Confeccione uma maquete do seu município, que possibilite a visualização

das transformações decorridas pela expansão da cafeicultura e de outras culturas

modernas.

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Proposta de Avaliação

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais para o Ensino de

Geografia, a avaliação é um processo contínuo e deve considerar que os alunos

tem diferentes ritmos de aprendizagem. Neste sentido, ao implementar a Produção

Didático-Pedagógica, todos esses aspectos serão considerados.

Os alunos serão avaliados por meio de observações e anotações referentes

à participação, desempenho e interesse nos conteúdos a atividades propostas. Para

isso, diferentes atividades foram elaboradas com o objetivo de contemplar a

participação de todos.

Ao final do processo, será organizado um seminário onde todos os alunos

terão a oportunidade de expor os pontos positivos e negativos do trabalho no

decorrer da implementação.

Esta produção didático-pedagógica será avaliada pelos professores da Rede

Pública Estadual, participantes do Grupo de Trabalhos em Rede de 2011, que tem

por finalidade a socialização e a discussão das produções e atividades

desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional– PDE, numa

interação à distância.

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REFERÊNCIAS

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Dinâmica Populacional do Norte Paranaense entre 1930-2005. In: Encuentro de

Geografos de America Latina – Problemática de los espacios agrários. Montevideo,

12 EGAL, 2009 Uruguai, Anais, 2009.

COSTA, J. H. Espaço e Geografia Crítica: Uma Contribuição aos Estudos Turísticos. Disponível em: http://www.obsturpr.ufpr.br/artigos/turismo17.pdf. Acesso em: fev.

2011.

COUTO, Edvando Vitor; JUNIOR, Pedro França; DELGADO, Edelaine Nabarrete. A

Formação Florestal do Município de Diamante do Norte: Análise por Meio de

Sensores Orbitais LANDSAT 5 TM. In: I Simpósio sobre pequenas cidades e

desenvolvimento local e XVII Semana de Geografia. Maringá, UEM, 2008.

FAJARDO, S. O Território Paranaense: Aspectos da Ocupação e formação da

Estrutura produtiva e as Transformações da Paisagem Rural. Guairacá

Guarapuava, Guarapuava - PR, nº22, p. 95-117, 2006.

FONSECA, F. P. O PROJETO “Arenito Nova Fronteira e o Avanço das Lavouras

Temporárias nas Terras de Pasto. 2006. Dissertação (Mestrado) – Universidade

Estadual de Maringá, Maringá, 2006.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia Pequena História Crítica. 5. ed. São

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MUNDO EDUCAÇÃO. Transformação do Espaço Geográfico. Disponível em:

http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/transformacao-no-espaco-

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Diretrizes Curriculares de Geografia. Curitiba: SEED, 2008.

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PASSOS, Messias Modesto. et al. Clima e Organização do Espaço do Noroeste

do Paraná - Brasil. XIII SBGFA – Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada.

Viçosa, UFV, 2009.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4ª

Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

SCORTEGAGNA, Adalberto et al. Paraná espaço e memória: diversos olhares

histórico- geográfico. 21 ed. Curitiba: Ed. Bagozzi, 2005.

SERRA, Epídio. Noroeste do Paraná: O Domínio das Lavouras de Cana e a Nova

Dinâmica da Paisagem nas Zonas de Contato Arenito-Basalto. In: XIII SBGFA –

Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Viçosa, UFV, 2009.

SILVA L. S. Altônia: do Café ao Algodão. Artigo Científico. Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE). Universidade Estadual de Maringá, Maringá,

2008. Disponível em:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2130-

8.pdf?PHPSESSID=2010012108381666 . Acesso em: abr. 2011.

SOUZA, Everton. Café está Desaparecendo na Região de Paranavaí. Diário do Noroeste, Paranavaí, p.7, 13 set. 2009.

STECA, Cunha Lucinéia; FLORES, Dias Mariléia. História da Paraná: do século

XVI à década de 1950. Londrina: Ed. UEL, 2002.

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http://www.turismoregional.com.br/index.php?action=municipios-turisticos/diamante-

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