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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Disciplina/Área Filosofia Escola de Implementação do Projeto e sua localização ... elas determinam a condução concreta

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: O CONCEITO DE ESTÉTICA COMO AFIRMAÇÃO DA EXISTÊNCIA EM NIETZSCHE

Autor Geraldo Luiz Cheron

Disciplina/Área Filosofia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Pedro II, Ensino Fundamental, Médio e Profissional

Município da escola Umuarama

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Professor Orientador Prof. Dr. Cristiano Perius

Instituição de Ensino Superior UEM

Relação Interdisciplinar “Arte/Estética”

Resumo

Pensa-se a possibilidade de compreender a realidade a partir da sensibilidade, da apreensão intuitiva e da representação criativa humana e das formas como elas determinam as relações existenciais. Trata-se menos de uma teoria do belo, do que de pensar a vida como um fenômeno estético, a partir do referencial filosófico que Nietzsche, para quem a arte adquire uma função vital e concreta, mais do que racional, conceitual e abstrata. Articula-se a essa apreciação estética a análise da pintura da arte do grafite, considerando que tal manifestação artística representa um fenômeno poético (do grego “poiesis”, criação), expressão de linguagem característica da arte que exige tomada de consciência crítica, dado o seu teor estético e político. Entende-se que o foco de todo conhecimento é a conscientização. E a reflexão filosófico- estética é um importante canal de adequação do trabalho humano ao sentido comunitário-participante (e também revolucionário) contido na arte. Ao interpretar o mundo pelo viés artístico, a produção humana encontra-se promovida ao grau de potencialidade máxima. Isto significa compreender a realidade a partir da sensibilidade estética e da apreensão intuitiva, e as formas como elas determinam a condução concreta da vida cotidiana. Que se pense, para tanto, na vontade de potência como conceito de justificação da existência.

Palavras-chave Filosofia. Estética. Nietzsche.

Formato do Material Didático O material será composto pela abordagem de uma unidade didática sobre o tema, com textos clássicos dos filósofos, articulados à pintura da arte do grafite com as respectivas atividades a serem desenvolvidas.

Público Alvo

Alunos do 3º Ano do Ensino Médio, Colégio Estadual Pedro II, Ensino Fundamental, Médio e Profissional, Umuarama, 2013.

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

O CONCEITO DE ESTÉTICA COMO AFIRMAÇÃO DA EXISTÊNCIA EM

NIETZSCHE

Professor PDE: Geraldo Luiz Cheron1

Área/Disciplina/Ingresso PDE: Filosofia/2012

NRE: Umuarama

Professor Orientador IES: Prof. Dr. Cristiano Perius2

IES vinculada: UEM

Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual Pedro II,

Ensino Fundamental, Médio e Profissional, Umuarama.

Público objeto da intervenção: Alunos do 3º do Ensino Médio, 2013

Município da Escola: Umuarama

“Ver a ciência com a óptica do artista, mas a arte, com a óptica da vida” (NIETZSCHE)

Resumo: Pensa-se a possibilidade de compreender a realidade a partir da

sensibilidade, da apreensão intuitiva e da representação criativa humana e das

formas como elas determinam as relações existenciais. Trata-se menos de uma

teoria do belo, do que de pensar a vida como um fenômeno estético, a partir do

referencial filosófico que Nietzsche, para quem a arte adquire uma função vital e

concreta, mais do que racional, conceitual e abstrata.

1 Geraldo Luiz Cheron é graduado em Filosofia e Teologia, especialista em História e Filosofia da Ciência, e em Pedagogia Escolar, com lotação no Colégio Estadual Pedro II, Ensino Fundamental Médio e Profissional. 2 Cristiano Perius é doutor em Filosofia pela UFSCAR, com especialização na Université de Paris I

(Panthéon-Sorbonne) - Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997), mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2002), doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (2005), estágio de pesquisa na França e pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (2007). Tem experiência nas áreas de Estética e Fenomenologia Francesa Contemporânea - Professor na UEM: atuando principalmente nos seguintes temas: arte, ontologia, linguagem e modernismo brasileiro..

3

Articula-se a essa apreciação estética a análise da pintura da arte do grafite,

considerando que tal manifestação artística representa um fenômeno poético (do

grego “poiesis”, criação), expressão de linguagem característica da arte que exige

tomada de consciência crítica, dado o seu teor estético e político.

Entende-se que o foco de todo conhecimento é a conscientização. E a

reflexão filosófico-estética é um importante canal de adequação do trabalho humano

ao sentido comunitário-participante (e também revolucionário) contido na arte.

Ao interpretar o mundo pelo viés artístico, a produção humana encontra-se

promovida ao grau de potencialidade máxima. Significa compreender a realidade a

partir da sensibilidade e da apreensão intuitiva, e as formas como elas determinam a

condução concreta da vida cotidiana. Que se pense, para tanto, na vontade de

potência como conceito de justificação da existência.

O objetivo desta produção didático-pedagógica é investigar as possibilidades

de apreensão da criação estético-artística e da realidade sensível a exemplo do que

expressa a pintura do grafite e o referencial filosófico teórico de Nietzsche.

A metodologia se pauta na importância de uma abordagem crítica que visa

promover o desenvolvimento dos alunos à medida que eles se apropriam da

experiência histórico-social do conhecimento, no sentido de atuar e transformar o

seu contexto como sujeitos emancipados, criativos, mediados pelos textos clássicos

dos Filósofos, aliado a recursos diversos do contexto artístico.

É imprescindível recorrer à história da Filosofia e aos textos clássicos dos filósofos, pois neles o estudante se defronta com o pensamento filosófico, com diferentes maneiras de enfrentar o problema e, com as possíveis soluções já elaboradas, as quais orientam e dão qualidade às discussões (DCE, 2008, p. 60).

Palavras-chave: Filosofia. Estética. Nietzsche.

Formato do Material Didático: O material será composto pela abordagem

de uma unidade didática sobre o tema, com textos clássicos dos filósofos,

articulados à pintura da arte do grafite com as respectivas atividades a serem

desenvolvidas em sala de aula.

4

Público alvo: Alunos do 3º Ano do Ensino Médio, CE Pedro II, Ensino

Fundamental, Médio e Profissional, Umuarama, 2013.

Sugestão inicial

A proposta é que os alunos sejam orientados pelo professor/professora a

iniciar a montagem de um projeto de pintura da arte do grafite em (tela).

Mas para isso é interessante que solicitem acompanhamento de grafiteiro(s)

conhecido(s) na cidade (pedir permissão para a equipe gestora da escola);

combinem com o/a professor/a de arte da própria escola, para que auxiliem na

elaboração de tais atividades, e expliquem aos alunos como funciona a pintura da

arte do grafite, indicando materiais para a confecção do mesmo, como, por exemplo,

telas, papel kraft, plástico, papelão, ou jornal, carvão, tinta à base de água e pincéis,

spray e vaporizador...

No final, propõe-se promover a apresentação de todos os trabalhos

realizados, podendo escolher um lugar apropriado para as exposições. Pode ser no

colégio ou em local específico na cidade. Chamar a imprensa (pedir autorização da

escola), demonstrando, assim que o grafite também é uma arte.

Arte mural3; Arte do grafite/SEED/PR4

Debate

1. Após visualização indagar: O que puderam perceber? O que despertou?

Qual a intencionalidade do artista? Qual a ideologia do artista e o que deseja

3 Arte mural: Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/48840750/26386927-ARTE-MURAL-da-pre-

historia-ao-grafite>. Acesso em: 20 out. 2012. 4 Arte do grafite/SEED/PR: Disponível em:

http://www.arte.seed.pr.gov.br/search.php?query=grafite&inst-bar-pesquisar-submit=&action=results>. Acesso em: 06 out. 2012. Neste site há um grande acervo de materiais.

5

manifestar?

Vídeos

Os gêmeos//grafiteiros//5; Basquiat6; Leminski7; Munch8;. Millôr9.

Debate

1. Procure identificar os aspectos gerais apresentados nos vídeos, deixando

fluir a sua capacidade perceptiva e a sua sensação imaginativa expondo a sua

impressão para os colegas.

2. Sugere-se ao professor/a que faça comentários e complementações

apenas após as falas dos alunos.

“Aqui nesta pedra alguém sentou olhando o mar o mar não parou prá ser olhado foi mar prá tudo quanto é lado”(Leminski/Millôr)

10

5 Os Gêmeos: Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=-XLrae8FcP8Disponível> Acesso

em: 15 out. 2012. 6 Basquiat: Disponível em:<http://atube-catcher.dsnetwb.com/video/?q=index.html>. Acesso em: 13

out. 2012. 7 Leminski: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=cXdKmKUcXAk>. Acesso em: 09 out.

2012. 8 Munch: Disponível em: <http://www.google.com.br/search?q=pinturas+de+munch&hl=pt-

BR&rlz=1G1LGEL_PT-RBR510&prmd=imvns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=_A-ZUKK8LpDg8ASDuoCgBg&ved=0CB8QsAQ&biw=1366&bih=599> Acesso em: 06 nov. 2012. 9 Millôr: Disponível em http://www.Ipm-

editores.com.br/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livro/layout_autor.asp&AutorID=700032. Acesso em: 08 nov. 2012. E no mesmo Site há vídeos diversos relacionados que podem ser acessados: Disponível em: <http://blog.brasilacademico.com/2012/03/millor.html>. Acesso em: 08 nov. 2012. 10 LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 23.

6

Estética e existência

Segundo Nietzsche o mundo é produto de uma prática de vida, onde “a vida

é uma verdadeira obra de arte” (NIETZSCHE, 1995. p. 25), pois é através da arte

que o filósofo encontra um caminho para a afirmação da vida. A atividade e

compreensão da vida praticada pela arte são recursos privilegiados para a

construção do mundo. Ao interpretar a realidade pela sensibilidade artística, estética,

poética, o ser humano encontra-se promovido ao grau de potencialidade máxima, e

compreender a realidade a partir da sensibilidade, da apreensão intuitiva e da

representação criativa e das formas como elas determinam as relações humanas

concretas, significa ver as coisas de uma forma nova, através da imaginação

criadora que produz o outro deste mundo11. Entre os problemas que a filosofia trata,

destaca-se, no campo da arte, o imperialismo da técnica, a indústria cultural, a arte

como mercadoria e a utilização da estética como subproduto da beleza.

A Estética para além do convencional

As sociedades humanas demonstram aquilo que são por meio dos seus

mitos, religiões, filosofias, e, também, através de manifestações artísticas. Qual o

papel da sensibilidade artística na compreensão do mundo? As filosofias refletem

diferentes caminhos de compreensão do mundo. O desafio do filósofo é refletir um

campo conceitual que compreenda o homem em suas diferentes faculdades, razão e

sensibilidade, natureza e instinto. A arte, por outro lado, pensa o mundo com cores

(pintura), formas (artes plásticas), sons (música), palavras (literatura), trazendo algo

novo ao mundo. Como aponta Dias: “o verdadeiro artista não deixa que a massa

ideológica de um saber histórico o faça submergir, porque sabe que retiraria de si o

único poder que lhe cabe na Terra: o da criação” (DIAS, 2012, p. 17).

Quando o artista se volta paro o passado é porque tem necessidade de

modelos que não consegue encontrar ao seu redor. Absorve-o, transforma-o em

11

Segundo Aristóteles, na “Poética”, a possibilidade é maior do que a realidade, isto é, a obra de arte não presta conta ao que é, mas ao que pode ser.

7

produto próprio, para utilizá-lo. Sabe que todo ato criador nasce de uma atmosfera

não preestabelecida e que para realizar a sua obra, o artista, na compreensão de

Goethe, “esquece a maior parte das coisas para realizar uma só; é injusto para com

o que está atrás de si e só conhece um direito: o direito daquilo que naquele

momento vai passar a existir” (DIAS, 2012, p. 17).

A estética como representação do mundo e da vida está intimamente ligada

à realidade filosófica e às pretensões humanas de “dominar, moldar, reproduzir,

completar, alterar e apropriar-se do mundo como realidade humanizada” (DCE,

2008, p. 59). É correto afirmar que hoje ela tem a função de conduzir para além dos

fatos preestabelecidos, bem como do “império da técnica, das máquinas, da arte

como produto comercial, ou do belo como conceito acessível a poucos para buscar

espaços de reflexão, pensamento, representação e contemplação do mundo” (Id., p.

59).

As filosofias que estão atuando em um determinado mundo, tentando

explicá-lo e justificá-lo, até mesmo procurando contestá-lo, são frutos de todas essas

forças que agem na história. O homem é a primeira força que pensa. Pensar é a

função da vida. Mas é impossível pensar a existência, a vida, sem levar em conta

certas influências ou determinações. Sem relacioná-las ao seu contexto uma vez

que “não se trata de opor à história a ausência de sentido histórico” (Id., p. 17), mas

sim, de dosá-la. A grande questão que se desencadeia está em refletir e entender a

vida, a existência, não apenas a partir do ponto de vista da beleza, do belo, num

sentido monumental, racional, metafísico, mas pensá-la criticamente, historicamente.

É necessário desmistificar o pensamento corrente nas sociedades

consumistas, midiáticas, reprodutivistas, utilitaristas que classificam as coisas pela

aparência, e que utilizam a estética, a arte, como sendo apenas um subproduto da

beleza. Porque tudo aquilo que não se encaixa nestes padrões acabam

depreciados, excluídos, inclusive a Filosofia, as produções artísticas, o corpo

humano, a pintura, o grafite, objetos pessoais que se tem em casa, também acabam

considerados inúteis, marginais, insignificantes perante as ideologias dominantes

que querem o controle social e o consumismo imediato. A estética, o grafite não

devem fazer parte deste comércio, porque são manifestações humanas críticas,

fruto da criatividade e sensibilidade de quem as produziu.

A arte é praticada desde a antiguidade, da pré-história até hoje. Não se sabe

ao certo o que levou o homem das cavernas a fazer suas pinturas, a registrar nas

8

pedras os seus sentimentos e emoções, a se comunicar por meio delas, todavia,

não deixam de ser verdadeiras e expressam uma linguagem teórica simbólica

própria, possível de leitura, compreensão concreta e interpretação do que é a vida e

o viver humano. É o mundo moderno que tenta calar tais sentimentos.

Decorar paredes com imagens, grafitar, escrever, desenhar, portanto, é um

costume que acompanha a trajetória de evolução das expressões culturais

humanas, se mostrando presentes em diversas civilizações12. No Egito os destaques

estão nas câmaras mortuárias dos Faraós. Na Grécia nos ornamentos dos palácios

e em Roma (Antiga), podem ser vistos em diversas cidades, entre elas Pompéia.

Há pesquisas recentes que afirmam que essas obras de arte representam os

primeiros facebooks da história. É o que afirma um estudioso britânico13, ao

pesquisar desenhos rupestres na Rússia e na Suécia, que se surpreendeu ao ver

que funcionavam como uma espécie de rede social, canal de comunicação.

Hoje não é diferente. No século XX, o grafite caracterizou-se como uma

manifestação de jovens nas ruas e guetos de Nova York – entre eles, Basquiat14, e

na mesma época no Brasil - vários pintores desta arte surgiram acompanhados por

estilos de músicas e danças, que representam manifestações em um contexto

histórico mais amplo de protestos e construções de modos de expressão das

classes mais populares das sociedades marginalizadas pela elite cultural e pela

mídia.

Desde os anos de 1950, por exemplo, a rebeldia da juventude diante das

exigências da sociedade capitalista, levou-os à criação de movimentos culturais

específicos e inovadores nesse sentido, como os beatniks e os hippies na luta por

uma humanidade mais justa. Um protesto contra as arbitrariedades. São

12

FG, Cláudia. Arte mural do rupestre ao grafite. Disponível em: <http://www.slideshare.net/ClaudiaBr/arte-mural-do-rupestre-ao-grafite>. Claudia FG <http://www.trabalhandoarte.org>. Acesso em: 23 out. 2012. 13 BARBOSA, Marco Antonio. Um Facebook pré-histórico. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/um_facebook_pre-historico.html>. Acesso em: 06 nov. 2012. 14

A arte de Basquiat, chamada de "primitivismo intelectualizado", uma tendência neoexpressionista, retrata personagens esqueléticos, rostos apavorados, rostos mascarados, carros, edifícios, policiais, ícones negros da música e do boxe, cenas da vida urbana, além de colagens, junto a pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, sempre em cores fortes e em telas grandes. Quase sempre o elemento negro está retratado, em meio ao caos. Há também uma dessacralização de ícones da história da arte, como a sua Mona Lisa (acrílico e óleo sobre tela) que é uma figura monstruosa riscada no suporte. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/basquiat.jhtm>. Acesso em: 06 nov. 2012.

9

manifestações artísticas humanas, com características próprias, e que vão de

simples pinturas rupestres, exóticas, a utensílios humanos, ilustram não

exclusivamente a sensibilidade, mas representam conhecimento, comunicação

social e beleza estética com uma linguagem própria, embora sejam enigmas para os

estudiosos, de fato, representam dados significantes sobre a cultura humana, pois

contém uma forma de expressão e linguagem de uma beleza estética inigualável.

A Poesia Está Em Toda Parte Olhando em volta, tudo é motivo de poesia: as árvores, as flores, o vento, a chuva, o mar, a lua, as estrelas, os bichos que voam. Cada pedacinho da natureza pode expressar os Sentimentos do poeta (Leminski/Millôr)

15

Atividade

1. Dialogar sobre a sensibilidade e a percepção estética e seus modos de

compreender a realidade além do intelecto ou da razão: Por que a razão é

insuficiente para explicar a arte e a existência? Quais são as principais diferenças

entre a razão e a sensibilidade? Visitar sites e grafiteiros na internet...

Contrapondo ideias: Pós-modernidade e estética

Segundo Gianni Vattimo, há duas visões sobre a pós-modernidade que são

convergentes: o niilismo de Nietzsche e a hermenêutica de Heidegger. Ambos os

filósofos colocam em evidência a reflexão sobre o pós-moderno e o fim da

metafísica. Recorrem ao discurso das artes e se voltam para as questões da

existência de modo a criticar as estruturas estáveis do ser, representada pelos

15

LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 22.

10

discursos das “certezas precárias” da visão idealista do ser (defendida por Platão16,

relançada por Descartes17, reforçada pela Igreja Católica na Idade Média18).

Para isso coloca em xeque a história como algo moderno, pois representa

uma ruptura com a visão naturalista, cíclica e metafísica do tempo. Pois a ideia de

história, de projeto de emancipação racional, não foi superada nos termos da

metafísica. A pós-modernidade em si questiona a ideia de progresso e os ideais de

emancipação do homem, porque para que o pós-moderno de fato se efetue e seja

considerado como novo, seria preciso negar os ideais de emancipação do homem

como sujeito autônomo e racional, herdados do passado pela modernidade, que

segundo Váttimo (2008, p. 10-20), a pura ou simples consciência – ou pretensão –

de representar uma novidade na história, uma figura nova e diferente na

fenomenologia do espírito, colocaria de fato o pós-moderno como reflexão crítica

sobre a modernidade e as teses sobre o “fim da história”, muito difundidos pelas

sociedades em todos os tempos, um “jogo de linguagens” segundo Wittgenstein.

É nesse sentido que Arnold Gehlen introduz o discurso de pós-modernidade,

ou seja, “post-histoire” que para ele é o que indica a condição em que “o progresso

se torna rotina” e as capacidades humanas de dispor tecnicamente da natureza se

intensificaram tanto que novos resultados sempre se tornarão alcançáveis e a

capacidade humana de se dispor de planejamento os tornará cada vez menos

“novos”, principalmente nas sociedades do ‘consumo’, em que a própria novidade

não tem nada de “revolucionário” e perturbador, pois ela é o que permite que as

coisas prossigam do mesmo modo. Lembra ainda que há uma espécie de

“imobilidade” de fundo do mundo técnico, de ficção científica como a redução de

toda experiência da realidade a uma experiência de imagens em que ninguém

encontra mais ninguém, porque tudo é assistido em telas que alguém comanda

sentado em sua sala e que já se percebe, para ser mais realista, no individualismo

abafado e climatizado em que os computadores trabalham. A questão apontada por

Gehlen justifica o ideal do progresso como algo vazio, porque o seu valor final é o de

realizar condições em que sempre seja possível um novo progresso, gerando a

16

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos Filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 548-551 - A partir de Sócrates-Platão a cultura ocidental seria marcada pela repressão dos instintos vitais e a negação do prazer. 17

Idem. Antologia de textos Filosóficos, Curitiba: SEED, 2009, p. 142-153, “Meditando com Descartes: da dúvida ao fundamento”. 18

Idem. Antologia de textos Filosóficos, Curitiba: SEED, 2009, p. 18-55, “A razão em progresso permanente” – Agostinho.

11

dissolução da própria noção de progresso, porque provoca a dissolução da história

na prática atual e na consciência metodológica da historiografia. Em suas palavras

tudo isso não representa o fim último de tudo, mas sim, uma ruptura de unidade e a

história por isso é muito mais uma “estória”, um relato, um jogo de linguagens,

condicionado pelas regras de um gênero literário, um relato, que Benjamim

denominou de “história dos vencedores” para tentarem eliminar da memória coletiva

todas as conquistas populares e assim afirmarem que quem administra a história

são os vencedores, com o objetivo de legitimar seu poder.

A “dissolução” da história, nos vários sentidos da expressão, é o que

distingue a história contemporânea da história “moderna”. A contemporaneidade é a

época do aperfeiçoamento dos instrumentos de coleta de informação, como

possibilidade de realizar uma “história universal”, com base numa visão unitária, que

tem como base nivelar tudo através da simultaneidade das informações, pelas

mídias, o que produz uma des-historicização da experiência. Essas constatações,

que se referem não apenas a elaborações teóricas, mas que tem, também,

correspondências mais concretas na sociedade da informação generalizada, na

prática historiográfica e, também nas artes e na autoconsciência social difusa,

mostram a modernidade tardia como lugar em que, talvez, se anuncie uma

possibilidade de existência diferente para o homem. Para Heidegger e Nietzsche, é

necessário que o homem e o ser não sejam mais pensados metafisicamente,

platonicamente, em termos de estruturas estáveis que impõem ao pensamento e à

existência a tarefa de “fundar-se”, de estabelecer-se no domínio do ‘não-deveniente’,

ou seja, trata-se de abrir-se para uma concepção não metafísica da verdade, que

interprete não tanto a partir do modelo positivista do saber científico, quanto, por

exemplo, a partir da experiência da arte e do modelo da retórica.

A visão da arte como experiência estética tem encontrado respaldo na

“Fenomenologia do espírito hegeliano”, que, de acordo com as suas ideias, para ser

vivido como experiência de verdade, deve ser inserida numa continuidade dialética

do sujeito consigo mesmo e com a história (VÁTTIMO, 200 p. 121), para questionar

a vida, a existência, porque faz parte do ser, do existir. Segundo Nietzsche, é

importante que se pergunte: Por que motivo vale a pena viver? Essa pergunta é

fundamental, pois Nietzsche não pergunta pelo ser (o que é a vida? – questão

metafísica), mas pelo valor. Por isso recorre à experiência artística, como subterfúgio

para superar a existência. Porque é preciso passar por ela. Daí o grande enigma da

12

existência, “a única questão filosófica: se a vida vale a pena ser vivida” (Albert

Camus). O novo homem, pertencente à pós-história, deve estar consciente de que

não é mais possível a realização de um projeto racional absoluto, alcançado pela

história pura e simplesmente.

Na visão de Mounier, “a liberdade do indivíduo torna-se o único princípio

explicativo da existência” capaz de enfrentamento dessa realidade. Apenas vê valor

na pessoa quando esta é uma presença voltada para o mundo e para as outras

pessoas. Quando “as outras pessoas não a limitam; ao contrário, permitem-lhe ser e

se desenvolver. Ela (a pessoa) só existe enquanto voltada para os outros, só se

conhece através dos outros, só se encontra nos outros”. É mais do que simples

racionalidade, é sensibilidade e abertura para o outro. Quando a comunicação se

reduz ou se corrompe, então se perde a si mesmo: “Toda loucura é insucesso da

relação com os outros: alter torna-se alienus e, por minha vez, eu me torno

estranho para mim mesmo, alienado” (REALE, 1991, p. 735).

É o mesmo que dizer que somente se existe enquanto existo para os outros

e que, no fundo, “ser significa amar”. A arte, para Nietzsche, nos ajuda a viver. O

mundo não se diz não se ensina, não é compreensível racionalmente. O mundo se

vive. E a história quem faz é o homem.

O poema fala de todas as coisas Tudo pode ser motivo de poesia. Até uma vassoura. Mas é preciso que o poeta descubra em cada coisa um sentido novo. E a vassoura que nasce da poesia abre o mundo da

imaginação para a gente (Leminski/Millôr)19

Na sequencia, propõe-se que se analise o quadro de Munch, “o grito”,

procurando perceber e entender a criatividade, a vida, os sofrimentos, sentimentos,

angústias e conflitos existenciais em busca da construção humana da história.

19

LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 29.

13

Munch20 (1863-1944): o grito.

(GOMBRICH, 2006, p. 565)

Atividades21

1. Discutam sobre a elaboração do quadro, que ideias circulavam na época,

qual o lugar, contexto na totalidade da obra do autor, circunstâncias históricas que

contribuíram para a sua elaboração... E como você encara seu ‘grito’ de liberdade,

de enfrentamento social, mostrando quem é através de representações, da

sensibilidade, criatividade e imaginação em busca de horizontes, sonhos e

emancipação enquanto pessoa humana?

2. Organizem um acervo com as obras de Munch, e façam exposições das

mesmas em locais apropriados, continuar com os trabalhos sobre o grafite.

20

O livro se encontra nos acervos das escolas. Munch (1863-1944) mostra uma litografia feita por ele em 1895, a que deu o nome “O grito”. Pretende expressar como uma súbita excitação transforma todas as nossas impressões sensoriais. 21

Disponibiliza-se a partir da questão nº 4 uma possibilidade de textos indicados como complementos que o professor/a pode escolher para leitura com os alunos, conforme a sugestão metodológica proposta por: HORN, Geraldo Balduíno. BORGES, Anderson de Paula. LUSKA, Ivo Ribeiro. TEIXEIRA, Luciana. ANDRADE, Maria Lúcia de. PERNANDES, Sandro. Textos Filosóficos em Discussão. Platão. Maquiavel. Descartes. Sartre. Editora do Chain. 2ª edição. Curitiba, 2007, p. 7-21.

14

4. Sugere-se que façam se possível, leituras de Platão “A República” 22,

Sócrates e Hípias, conhecido como o diálogo “anatrépico” sobre a beleza.

Conversem sobre o problema apresentado pelo autor. Faça as suas comparações,

procure delimitar a ideia central do texto e as possíveis questões apresentadas.

5. Sugere-se: Aristóteles23, “A superação do paradigma da academia”.

Tentar entender a as questões que o autor questiona e por quê.

6. Sugere-se: Obra de Agostinho24nela é interessante buscar resumir a ideia

principal que aparece no texto identificando o problema que o autor demonstrou e as

conclusões a que chegou, e se há alguma ideia que o autor busca refutar e por quê.

7. Sugere-se: ler Descartes25 e perceber como a Filosofia sempre procurou

dialogar com os problemas e as questões que, em cada época, os homens colocam

para si mesmos, diante do que é novo e ainda não foi compreendido. Procure

encontrar a proposta de enfrentamento das novas questões, dos novos diálogos,

apontados no texto pelo autor e os novos horizontes.

Estética e crítica à modernidade

É Bom Tropeçar na Poesia Quando a gente tropeça na poesia é porque encontra um som insistente que quer voltar sempre. De tanto ele aparecer acaba até pensando que é o tal e se achando mais importante do que as palavras (Leminski/Millôr)

26

O problema do racionalismo metafísico é que ele desconsidera a

sensibilidade artística. Por isso encontra, em Nietzsche, um debate a céu aberto,

22

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos Filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, 548-551. (Neste diálogo A República de Platão, o que está em questão é a natureza do belo, ou a busca da essência do belo por parte de Sócrates. O interlocutor é Hípias, um famoso sofista da época). 23

Idem. Antologia de textos Filosóficos, Curitiba: SEED, 2009, p. 58-67, “A superação do paradigma da academia”, Aristóteles). 24

Idem. Antologia de textos Filosóficos, Curitiba: SEED, 2009, p. 18-55, “A razão em progresso permanente” – Agostinho, p. 18-56. 25

Antologia de textos Filosóficos, Curitiba: SEED, 2009, p. 142-153, “Meditando com Descartes: da dúvida ao fundamento”. 26

LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 10.

15

que segundo o pensador alemão, trata-se, na arte, de redescobrir a “pulsão” da vida,

encoberta pela razão, desconsiderada pelo conhecimento científico. A vontade de

viver e afirmar a existência tem a função de defender a arte em favor da verdade. “A

vida” pensa Nietzsche, nas pegadas de Schopenhauer, “é cruel e cega

irracionalidade, dor e destruição”. Só a arte pode oferecer ao indivíduo a força e a

capacidade de enfrentar a dor da vida, dizendo sim à vida (REALE, 1991, p. 426).

Para o Filósofo, se o homem e o ser forem classificados apenas nos termos

inteligíveis, transcendentais, como estruturas estáveis que impõem ao pensamento e

à existência a tarefa de “fundar-se”, de estabelecer-se (com a lógica da ética, da

moral, da metafísica), não será possível vivenciar a verdadeira liberdade nascida

dos valores estéticos ou dos valores que se aproximam da experiência, de sentir e

imaginar, exclusivamente humanos (VÁTTIMO, 2008, p. 18-20). Por isso, na obra “O

Nascimento da Tragédia”, Nietzsche (2010, p. 16) afirma que “só como fenômeno

estético podem a existência e o mundo justificar-se eternamente”. E na Gaia

Ciência, escrita em 1882, § 107, acrescenta que é “por meio da arte que nos são

dados olhos e mãos e, sobretudo, boa consciência, para poder fazer de nós mesmos

tal fenômeno”. Ele desenvolve uma dimensão da existência que tem na experiência

da arte um lugar privilegiado de expressão, pois ultrapassa o que podemos

compreender racionalmente.

Vai além do museu, de espaço único, reservado, exclusivo. “Supera o valor, o cognoscitivo, o ético, o político segundo” Croce (apud, VÁTTIMO, 2008, p. 120) cristalizado, dado como certo gosto social, o qual, de resto, aprecia o belo simplesmente como uma espécie de “fetiche, desvinculado de qualquer conexão histórico-existencial, atemporal, sem nenhuma relação explicativa sobre as coisas, apenas como representação de uma imagem particular do universo relacionado à existência humana (VÁTTIMO, 2008, p. 120)”.

A estética, quando pensada somente na dimensão racionalista, torna-se

desprovida de legitimação pluralista e multívoca. Fica apenas no subjetivo de um

autor, período ou escola, resumindo a identidade da obra à individualidade do

artista. Torna-se ideologia, pois esconde a função principal de superar toda

mentalidade dominante, cientificista, tecnicista, metafísica, individualista, sem

valorizar a experiência que modifica o sujeito no processo de identificação com a

obra de arte. Para Adorno em sua Teoria estética, a obra de arte é um símbolo do

16

nascer e do morrer, ou seja, é uma “expressão” é uma vicissitude do nascimento e

da morte, geralmente ignorada nas interpretações da obra de arte, mas, todavia, a

experiência estética atesta que todo trabalho discursivo da interpretação e da crítica

seria vão e incompleto se não se concluísse que talvez seja aquele a que também

aludia a Poética de Aristóteles com a noção de catarse; e a arte se define, antes,

como “pôr em obra da verdade” precisamente porque tem vivo o conflito entre

mundo e terra, isto é, funda o mundo enquanto exibe sua falta de fundamento. Na

obra de arte o ser não se encontra como único, mas ao contrário, encontra-se como

existente, como mortal. Pois “na sua capacidade de morrer, vivencia o ser de uma

maneira radicalmente diferente da maneira familiar à tradição metafísica”. Por isso

que consegue ir além da estrutura da técnica, tornado-se um texto dentro de um

contexto, um discurso que permite ser apreendido como fundamento estético

filosófico (Apud, VÁTTIMO, 2008, p. 126-128).

É isto o que caracteriza a experiência estética como autêntica experiência

histórica existencial. E tudo aquilo que ela apresenta expõe mundos históricos;

inaugura e se mostra como evento linguístico original, com possibilidades de

existências históricas, concretas da realidade humana: Porque “Toda experiência

que o indivíduo faz do mundo é tornada possível pelo fato de ele dispor da

linguagem; a linguagem não é tanto, ou antes, de tudo, aquilo que o indivíduo fala,

mas aquilo pelo que o indivíduo é falado” (Id., p. 132). A experiência estética seria

inútil se não atentasse para esta direção. O encontro com a obra de arte não é o

encontro com uma verdade determinada, abstrata, mas, em última análise, a

experiência de pertencimento e fusão da obra com o pensamento de um sujeito que

a torna real, exclusiva. “A linguagem serve de mediação total da experiência do

mundo” (Id., p. 132).

Uma obra de arte não fala simplesmente da abstrata pontualidade das

coisas, nem se presta ao mercado consumista como simples objeto que se descarta,

mas se manifesta como evento histórico; e evento também é o encontro pessoal

com ela, pois há uma transformação entre aquele que “a aprecia e a própria obra de

arte que se manifesta em si, que ao ser vista olhada, apreciada, ganha um

acréscimo de ser, provoca uma cumplicidade, que se expressa, quando aquele que

a observa se encanta com a beleza artística mostrada pela obra” (VÁTTIMO, 2008,

p. 122). Em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche (2010, p. 12), argumenta que a

“arte, assim pensada, é elevada à condição de único caminho para a existência

17

humana”. É a pura manifestação da natureza. Porque somente pela arte o ser

humano pode superar a sua condição niilista existencial e encontrar um verdadeiro

sentido para a vida, que é “ver a ciência com a óptica do artista, e a arte, com a

óptica da vida”.

Há que se conquistarem espaços para as diversas e talvez infinitas

interpretações do mundo para a criação de novos sentidos. O fato de se refletir

desse modo sobre a obra de arte, e os fenômenos da estética filosófica, contribui

para fortalecer a sua interpretação, a sua hermenêutica, para além da pura e

simples aceitação da consciência comum e dos riscos de reduzi-la a uma apologia

do existente, ou a objetos de consumo e beleza propagados pela Indústria Cultural

mercadológica. É importante que se analise o problema da existência à luz da

estética. O ganho em se pensar desse modo é apresentar, ainda que de forma

esquemática, um referencial teórico que supere a perpetuação do homem adaptado

aos modos de produção e reprodução de uma sociedade de cultura de massas.

Trata-se, para Váttimo (2008, p. 18-20), de abrir-se para uma concepção não

metafísica da verdade, que a interprete não tanto a partir do modelo positivista do

saber científico, quanto, por exemplo, da hermenêutica, a partir da experiência da

arte e do modelo da retórica. Pode-se dizer que a experiência pós-moderna da

verdade é uma experiência estética e retórica. Significa colocar em debate aquela

possibilidade humana de pensar que tudo o que existe encontra na razão e no

intelecto uma única verdade. A hipótese que se propõe não é somente por meio da

razão e da consciência que a existência e a vida poderiam se justificar, mas sim pela

criação humana. Por ter essa postura diante do estabelecido, Nietzsche fora definido

pelos seus opositores como materialista, existencialista e mentor da vanguarda

artística do expressionismo alemão e surrealismo francês em virtude de sua crítica à

burguesia, ou seja, porque ele contradiz o positivismo e a sua crença no fato, pela

simples razão de que o [...] “fato é sempre estúpido e em todos os tempos sempre

se assemelhou mais a um bezerro que a um deus”, bate de frente com os idealistas

e historicistas, pois, segundo ele, [...] “O progresso é simplesmente uma ideia

moderna, isto é, uma ideia falsa” (REALE, 1991, p.430). Ataca as pretensões de

veracidade das ciências exatas, das tecnologias, etc.

A questão não está na negação de todas as afirmações do mundo inteligível

e metafísico, a que Platão se referia, que os positivistas tanto prezam, nem em

propor um niilismo estabelecido a priori, mas de ir à raiz e às causas do saber

18

humano, de problematizar e investigar as contradições provocadas por esse

pensamento que acabou marcando a história com preconceitos e subjugação, ao

ponto de ignorarem outras formas de manifestar do pensamento humano e da

vontade de viver e valorar as coisas. À margem estão as pessoas e as culturas que

não se enquadram no sistema etnocêntrico de criação e divulgação do saber. Uma

dessas manifestações marginalizadas está presente nos espaços urbanos

acompanhando a expressividade humana nesse debate entre cultura popular X

cultura erudita, conhecimento popular X ciência empírica. Em O Nascimento da

Tragédia, Nietzsche é enfático na defesa da “canção popular”, apesar da cultura

dominante. Trata-se da pintura e da arte do grafite (ou do grafite como pintura sobre

o muro). No grafite estão em jogo à periferia da cidade, que representa os excluídos,

os sem-teto, os desempregados, os ex-presidiários, os estudantes de escola pública,

professores, os camelôs, o comércio informal, os clientes do SUS, etc. e sua

reivindicação por espaço, por habitação, por escola, por saúde, por cultura, “versus”

a cultura de estado, a educação privada, o Shopping Center, os espaços urbanos

“bem cuidados” da cidade, os condomínios fechados, etc.

O conceito de estética como afirmação da existência em Nietzsche,

estabelece-se como marco importante no debate e reflexão como tomada de

consciência crítica. Para Nietzsche tudo é interpretação. É papel da filosofia e da

estética considerar esta realidade, pois compreender a sensibilidade e a criatividade

humana, desempenhada pela periferia, constitui uma forma privilegiada de pensar a

formação humana. Por isso o grafite simboliza uma expressão de vida. O fato de ser

popular, por muitos considerados pichação, fora dos limites institucionais, é uma

manifestação e produção artística que representa a existência. Leminski (1944-1989)

afirma que o grafite é um texto, um fenômeno poético. Uma poesia marginal. A rua é

daqueles que passam. O grafite é daqueles que passam. É um grito, o verbo, é algo

que vem do fundo do ser. É um fenômeno poético e público. Representa liberdade

num contexto de aprisionamento social. Para o artista na cidade, a parede é uma

página em branco. Uma expressão de vida.

As palavras e os Sons Estão Jogando Com repetições de sons e a palavra o poeta reinventa o movimento do relógio,

19

do trem, da roda, do navio... E na ciranda dos versos todo o mundo pode brincar (Leminski/Millôr)

27

Atividades

1. Sugere-se que se faça a leitura dos § 1-7 da Obra de Nietzsche o

Nascimento da Tragédia28, e pense: A arte é sempre compreensível e acessível para

todos? O que representa fazer arte para você? A arte pode ser considerada como

um conhecimento? Ela se enquadra nos modelos tradicionais das teorias do

conhecimento ou não? Justifique! E o grafite?

2. Levar os alunos no laboratório de Informática do Colégio para

pesquisarem sobre Leminski e o grafite. Socializar o que cada um observou.

3. Discutir a estética da arte do grafite e como ela pode ser aproveitada para

embelezar os espaços sociais e profissionalizar tais artistas em cada contexto da

sociedade (na internet pesquisar grafites de Leminski29). Ele trata o grafite como

uma manifestação poética, “poiesis”: “Haja hoje para tanto ontem”, “Quem tem Q.I.

vai” (Paulo Leminski).

A vida é um fenômeno estético: Nietzsche

O Filósofo Nietzsche acreditava numa reconstrução filosófica não apenas

como um sintoma de denúncias e de decadências, mas na valorização do homem e

da vontade, no reconhecimento do vínculo da verdade com o caráter estético da

27

LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 18. 28

NIETZSCHE, F. O Nascimento da Tragédia. Ou Helenismo e Pessimismo / Friedrich. Tradução, notas e prefácio: J. Guinsburg, 2ª reimpressão, São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 11-21. 29

O GUIA VERDE. Disponível em: <ttp://pauloleminskipoemas.blogspot.com.br/2009/07/pichacoes-de-leminski-em-sao-paulo.html> Acesso em: 10 nov. 2012. Disponível em: <http://www.oguiaverde.com/?p=548> Acesso em: 10 nov. 2012. Disponível em: <http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/coletanea-de-videos-e-poemas-de-paulo-leminski/>. Acesso em: 10 nov. 2012. Disponível em: <http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=152>. Acesso em: 10 nov. 2012.

20

vida, da experiência na arte como superação da metafísica. Para ele, é impossível

apropriar-se da verdade, tal como o faz o homem metafísico. Devemos pensá-la sob

a perspectiva da vontade. A estética pode fazer isso sem tornar-se objeto de

sentimentos e emoções. Pensar esteticamente significa jogar seriamente o jogo da

vida, sem apelos metafísicos alienantes, burgueses e decadentes.

Nietzsche afirma, em O Nascimento da Tragédia, que a arte é mais

importante para a vida do que a ciência, classificada como tentativa de controle

racional do mundo. É preciso questionar todo saber que visa controlar a natureza, a

sociedade e os seres humanos em nome da verdade. Insiste-se que se crie

historicamente um modo próprio de ser, de agir, de pensar num sentido próprio que

proporcione uma forma de vida ascendente, sem aceitar ideias absolutas como

verdades eternas, dogmáticas. Contra estas questões, Nietzsche afirma a natureza

humana do artista: Apenas a arte consegue responder a função da vida: "Somente

enquanto fenômeno estético é que a existência e o mundo, eternamente, se

justificam" (NIETZSCHE, 2010, p. 61).

O fenômeno estético está intimamente ligado à existência do ser humano e é

por meio da percepção estética que surge a possibilidade de interagir com a

realidade através da sensibilidade. Ela pode provocar o diálogo como um exemplo

de revolução, de valorização da vida e da existência. Na obra o Nascimento da

Tragédia, Nietzsche considera que “a arte pode oferecer ao indivíduo a força e a

capacidade de enfrentar a dor da vida, dizendo sim à vida” (REALE, 1991, p. 426).

Por isso se articula a estética como forma de manifestação da vontade de

aumentar a vida em todas as formas de manifestações, sejam elas racionais ou

instintivas (através das pulsões). A arte revela o resgate da força da vida, do existir e

resistir diante de uma forma de vida parasitária, pobre de imaginação ou decadente.

O homem já não é artista, tornou-se obra de arte: o que se revela aqui no estremecimento da embriaguez é, em vista da suprema voluptuosidade e do apaziguamento do Uno originário, o poder artista da natureza inteira (NIETZSCHE, 2010, p. 61)

A vida é olhada com outros olhos, não mais sob a perspectiva do instinto

ascético e do conhecimento puro – que descaracteriza a experiência dos prazeres –,

21

mas é vista por uma via afirmativa. Os valores sensuais e terrenos são reflexos da

vontade de potência, pois toda valoração é fruto da vontade: “Uma tábua de valores

se acha suspensa sobre cada povo. Olha, é a tábua de suas superações; olha, é a

voz de sua vontade de poder” (NIETZSCHE, 1956, p.110). A moral de um povo nada

mais é do que o reflexo da sua vontade. A moral do bem e do mal não passa de um

reflexo de uma vontade decadente. Se, de um lado, há homens que agem pelos

efeitos da vontade de vingança, e por isso forjam leis morais, religiões, valores

niilistas, de outro, há homens que agem segundo a vontade de potência e tentam, a

partir disso, afirmar a vida. Essas pessoas não negam os prazeres e nem a

sensualidade do mundo, pois avaliam a vida pelo lema da superação de si, pela

vontade de viver e de sentir a existência nas suas mais possíveis perspectivas.

Zaratustra é um exemplo disso: quer viver porque há alegria na vida, porque, por

mais que haja tristeza no mundo, a alegria é mais profunda e mais intensa. Por isso

Zaratustra canta: “Profunda é a sua dor, dor que existe no mundo. O prazer – mais

profundo ainda do que o pesar. A dor diz: Passa! Mas todo prazer quer eternidade,

quer profunda, profunda eternidade!” (NIETZSCHE, 1956, p. 308).

O artista na visão de Nietzsche é alguém que imita a natureza,

manifestando-a conforme as circunstâncias existenciais. A arte ganha liberdade,

deixa de ser apenas uma manifestação do espírito, como via Hegel, para o qual o

sensível não tem mais importância diante das tendências burguesas que valoriza o

conceitual, o científico: “Os bons tempos da arte grega e da idade de ouro do final da

Idade Média estão superados e as condições gerais dos tempos atuais não são

muito favoráveis à arte” (HEGEL, 1985, apud VÁTTIMO, 2008, p. 38).

Nietzsche, em sua definição de estética, dá continuidade à ideia da

"Vontade" expressa por Schopenhauer, que considera a “causalidade do desejo, que

tende a realizar aquilo que imagina” (HARTMANN, 2001, p. 147), valorizando o

sofrimento humano que é tido por ele como a maior beleza artística, mostrando que

uma das mais importantes características da estética, a subjetividade que surge da

essência do próprio ser. A estética tradicional, do ponto de vista de Nietzsche, que

ao invés de expressar beleza, termina por expressar sofrimento e alienação das

pessoas, tendo em vista os interesses individualistas, característica do capitalismo

que pode estar a serviço do controle social e da dominação, da acomodação de um

sistema desumano, que disfarça no seu discurso a verdadeira intencionalidade

através da promessa de direito à igualdade, liberdade e cidadania, mas na verdade

22

‘engana’ a maioria para beneficiar a minoria.

Nietzsche, ao contrário, procura a pulsão de vida contida na arte. “Dionísio é

a imagem da força instintiva e da saúde, é embriaguez criativa e paixão sensual, é o

símbolo de uma humanidade em plena harmonia com a natureza” (REALE, 1991, p.

426). A questão estética não se separa da ética. Na sua teoria, Apolo é o deus da

aparência, é o que dá a forma unificada e o aspecto de beleza. Esse deus refere-se

a segurança do igual e identificável, ao mesmo tempo em que impede o mergulho no

próprio ser e no autoconhecimento das paixões e do caos humano. Representa a

possibilidade da relação do homem no mundo, pois ele é a ordem e a medida, e

funciona como uma proteção entre o mais profundo e perverso do ser humano e a

cultura.

Em “A origem da tragédia” (1871), Friedrich expõe a fragilidade da ciência

para apreender os fenômenos artísticos. Critica a metafísica de Sócrates que,

segundo ele, destrói toda concepção de vida, de existência, pois pretende a

superação da mitologia; e é a essa mitologia que recorre para resgatar nas figuras

contraditórias de Apolo e Dionísio, compreendidos como forças que delimitam os

conflitos existenciais humanos. Apolo é luz que não vive sem as sombras de

Dionísio. A aparente necessidade de compreender tendências opostas como

expressões de bem e mal é suprimida pela possibilidade de alternância dos

sentidos. Como forças, que se estabelecem pela oposição, os antagonismos se

chocam e se sustentam simultaneamente. A arte trágica representa o conflito entre

Apolo e Dionísio. Expressa resistência ao sofrimento a partir de uma intensificação

da vida. Nesse sentido Nietzsche abre caminho para uma relação renovada com a

“classicidade, o que comporta uma radical atitude crítica nos confrontos com o

presente” (NIETZSCHE, 1871, p. 20).

Roberto Machado (1999, p. 27) observa que a arte é capaz de proporcionar

experiências dionisíacas, sem que seja aniquilado por elas. Compreende que o

dionisíaco nietzschiano implica o apolíneo, por ser necessariamente artístico. A arte

trágica representa o conflito entre Apolo e Dionísio. Expressa resistência ao

sofrimento a partir de uma intensificação da vida. As relações que se estabelecem

no interior de cada homem, a partir do jogo estabelecido entre a pulsão dionisíaca e

a apolínea, que afirma que “dionisíaco e apolíneo não definem apenas uma teoria da

civilização e da cultura, mas também uma teoria da arte” (VÁTTIMO, 1985, p. 18).

Por isso ele diz que “O que há de grande no homem é ser ponte, e não

23

meta. O que pode amar-se no homem, é ser uma transição e um ocaso”

(NIETZSCHE, 1885, p. 31). Dionísio representa o lado da destruição, e ao mesmo

tempo do novo, o revolucionário, aquele que causa um enorme choque nos

pensamentos cristalizados, pois compreende exatamente como está o homem em

seu tempo sem se prender as ideologias dominantes e determinantes da metafísica.

Nietzsche acaba por atribuir à arte a liberdade. A beleza da arte está em sua

materialização da existência humana. Isso acontece por estar na origem da arte a

força da "Vontade" suprema e universal. É essa vontade plural, divergente, que não

se submete aos padrões, que garante uma autêntica representação da existência

humana.

Pode-se pensar neste contexto a arte do grafite. Ela é um discurso crítico

contra o etnocentrismo, as discriminações sociais, os preconceitos, a

desumanização. É isso o que permite problematizá-la. Relacioná-la com o

pensamento filosófico “demolidor”, estabelecido por Nietzsche.

É uma arte que se encontra estampada nos centros urbanos, nas ruas, mas

vive na marginalidade, na periferia, por ser popular. São antagônicos às culturas

dominantes, à lógica do dominador e por isso considerada fora dos limites, padrões

institucionais. Mas ela tem o seu valor, a sua representação artística e estética. A

experiência da arte como um fato estético integral deve ultrapassar os limites da arte

institucionalizada. A arte tem sempre conotação política e social. Toda arte tem um

teor que excede o seu domínio. E quando ela não cumpre com a sua função

estética, ela passa a prestar serviço à outra questão, que é o poder, a política, as

ideologias.

Por isso é importante colocar em discussão seu estatuto. Como diz Váttimo,

(2007, p. 41-43): O momento é de “explosão estética”, pois a arte deixou de ser

apresentada na sala de concerto, na igreja, no teatro, na galeria, no museu, no

próprio livro. Saiu dos limites institucionais tradicionais. Diminuiu a distância entre

aqueles que a produzem e aqueles que a consomem. A arte tem outra cara, isto é,

passou a penetrar a realidade de todos os homens e não de alguns, como acontecia

na tradição metafísica das sociedades tradicionais.

24

Debate

1. O que é dionisíaco30?

2. De onde brotou a arte trágica?

3. Analise a seguinte proposição: “A existência do mundo só se justifica

como fenômeno estético” (NIETZSCHE, 2010, p. 16).

Os Poemas De Sempre Não Tem Dono Quando a poesia nasce do povo, a gente não consegue descobrir o autor. Ela vive de boca em boca e até pode ficar diferente quando o poeta cria outros versos inspirados nela (Leminski/Millôr)

31

30

SUGERE-SE FAZER A LEITURA: NIETZSCHE. O Nascimento da Tragédia. Ou Helenismo e Pessimismo / Friedrich. Tradução, notas e prefácio: J. Guinsburg, 2ª reimpressão, São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 61. 31 LEMINSKI, Paulo. Poesia Fora da Estante. Volume 1, 1ª edição, Porto Alegre: IEPM, 2003, p. 38.

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NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na época trágica dos gregos (1873). Tradução:

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_____________. O Nascimento da Tragédia. Ou Helenismo e Pessimismo / Friedrich. Tradução, notas e prefácio: J. Guinsburg, 2ª reimpressão, São Paulo:

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