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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃOPRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2012
Título: O gênero conto de fadas: uma proposta de leitura produção textual para o 6º ano.
Autor Jaqueline Lousano Vera Vieira.
Disciplina/Área Língua Portuguesa.
Escola de Implementação
Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira – Ensino Fundamental.
Município da escola Tomazina.
Núcleo Regional de Educação
Ibaiti.
Professora Orientadora
Profª Drª Nerynei Meira Carneiro Bellini.
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Relação Interdisciplinar
Arte.
Resumo Inserido no campo dos trabalhos de fomento ao gosto pela leitura, a Unidade Didática volta-se ao trabalho com o gênero conto de fadas com alunos de 6ª Ano do Ensino Fundamental. Objetiva, em primeiro lugar, criar condições favoráveis ao desenvolvimento do gosto pela leitura, pelo interesse despertado pelas histórias nessa faixa etária. A partir da leitura de contos de fadas originais e de suas versões e subversões, inclusive cinematográficas e musicais, procura-se contribuir para a formação de um leitor que perceba o diálogo entre os textos e as diferentes leituras possíveis. Ao mesmo tempo, espera-se que o público-alvo da intervenção sistematize algum conhecimento sobre as peculiaridades do gênero. Com base nos pressupostos do Método Recepcional, inspirado nas ideias de Hans Robert de Jauss, procura-se a formação de um leitor crítico, a partir da ruptura, questionamento e ampliação de seu horizonte de expectativas.
Palavras-chave Leitura; Gênero; Conto de fadas.
Formato do Material Didático
Unidade Didática.
Público Alvo Alunos do 6º Ano do Ensino Fundamental.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................3
DESENVOLVIMENTO..........................................................................................4
UNIDADE I
DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS..................................7
UNIDADE II
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS.....................................9
UNIDADE III
RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS............................................27
UNIDADE IV
QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS...........................32
UNIDADE V
AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS.......................................37
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA PRODUÇÃO TEXTUAL .....................41
AVALIAÇÃO......................................................................................................44
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS................................................................44
REFERÊNCIAS.................................................................................................46
APRESENTAÇÃO
Este material didático é uma proposta de leitura e produção textual com
base em contos. O público-alvo da intervenção constitui-se de alunos do 6º ano do
Ensino Fundamental. Como objetivo, procura minorar dificuldades de leitura,
interpretação e escrita em nossa realidade escolar.
Na atualidade, a mídia, especialmente a visual, além de reduzir o espaço
para o diálogo nas famílias, pouco faz para estimular a imaginação infantil. Como é
senso comum, em nosso meio de educadores de língua materna, a leitura é o
caminho potencial na consecução desse objetivo, atividade muitas vezes relegada
em vista da concorrência dos meios citados. Porém, conforme se entende, tanto a
contação de histórias como a leitura revestem-se de importância no
desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Concomitantemente à função referida, outro papel subjacente da leitura,
motivou-nos à feitura desta proposta: ao ouvir histórias, crianças e adultos podem
ser tocados em relação a conteúdos inconscientes ocultos, pelo que conseguem, por
vezes, experienciar nas narrativas soluções para suas tensões, ansiedades e
dilemas existenciais (BETTELHEIM, 1980).
O interesse despertado nas crianças pelas histórias é fato reconhecido.
Estas têm um papel fundamental no desenvolvimento infantil, tanto por suas
características recreativas, educativas, instrutivas e afetivas, como pelo papel
exercido no estímulo à socialização e ao desenvolvimento da atenção e da
disciplina. Ao despertar as emoções, valorizar os sentimentos, criar hábitos e
estimular a criatividade, as histórias ampliam os horizontes.
Justifica-se a escolha dos contos de fada pelo fato de serem narrativas
curtas, com um componente afetivo que exerce fascínio sobre os alunos, dado que
tendem a remeter à fantasia da infância. Tal mistura de encantamento e magia que
as narrativas proporcionam será um dos fatores de estímulo à leitura com os quais
contaremos no desenvolvimento da proposta.
Ressalte-se que a capacitação para a criança lidar com os conteúdos
inconscientes advém das sugestões que a forma e a estrutura dos contos de fada
lhe sugerem, de modo que as histórias têm componentes que permitem à criança a
estruturação de seus devaneios para, a partir deles, solucionar conflitos e direcionar
aspectos de sua vida.
Como se depreende, em um trabalho como esse, não só o conhecimento da
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língua é enriquecido no contato com a literatura, mas também a experiência indireta
de reestruturação do mundo inconsciente. A arte de contar histórias constitui-se,
então, em um valioso instrumento no processo educativo, devido ao seu aspecto
lúdico, ao desmistificar a relação entre leitor e livro e proporcionar momentos
agradáveis de prazer e alegria no contato com o mundo mágico da literatura.
Assim, este trabalho baseia-se no potencial percebido no faz de conta, na
fantasia e no encantamento presentes no ato de contar histórias para o
desenvolvimento da criança e o despertamento do gosto pela leitura.
Nessa direção, a Unidade Didática tem como objetivo auxiliar o aluno na
apropriação das diversas formas de leitura do gênero conto, com vistas a que crie
gosto pela leitura e escrita como meio de se inserir no contexto social em que vive
como cidadão letrado. Além disso, busca-se a promoção de atividades que
favoreçam a desinibição e estimulem a fluência de ideias.
Conforme propõem as Diretrizes Curriculares Estaduais para a disciplina de
Língua Portuguesa,
É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada (PARANÁ, 2008, p. 48)
Ao assumir esse papel, a escola pública poderá possibilitar aos que
frequentam seus bancos a inserção na sociedade tal como ela é, cheia de conflitos
diversos, de maneira que entrem em contato com os discursos e façam ouvir suas
vozes no contexto sócio-histórico de que são parte.
DESENVOLVIMENTO
A proposta teórica assumida no projeto inicial do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), para desenvolver as habilidades de leitura,
vincula-se ao Método Recepcional, de Aguiar e Bordini (1993), baseado na teoria de
Hans Robert Jauss, conforme exposto em sua Estética da Recepção. Naquela
acepção, a leitura é concebida como uma interação narrador-texto-leitor, a partir de
um horizonte de expectativas. Propõe-se, de modo gradativo, motivacional e
receptivo, levar os alunos a apreciar diferentes leituras, visando a torná-los leitores
proficientes, estética e criticamente.
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As autoras colocam, recuperando as ideias do teórico alemão, que a obra
literária não é um objeto de existência autônoma, pois depende da relação com o
leitor. Assim, a participação ativa e criativa do leitor deve preencher as lacunas
propostas pela obra, de acordo com o conhecimento e a bagagem de cada um,
concordando com a conhecida afirmativa de Paulo Freire da precedência da leitura
do mundo sobre a leitura da palavra.
Dessa forma, a obra pode confirmar ou perturbar as expectativas dos
leitores. Entende-se que o processo de recepção começa antes do contato com a
obra, dado que o leitor possui o horizonte de suas vivências pessoais, culturais,
religiosas, ideológicas, etc. Em relação a esse referencial, o texto pode atender,
romper ou ampliar as expectativas do leitor.
Segundo expõem Aguiar e Bordini (op. cit, p. 28), a experiência literária do
leitor interfere no horizonte de expectativas de sua vida prática, no seu
conhecimento de mundo, com reflexos em seu comportamento social. Com esses
pressupostos, o Método tem como finalidade uma leitura crítica e um
questionamento diante dos novos textos, cuja leitura permite a transformação dos
horizontes do leitor, na medida em que seus conhecimentos são ampliados e ele se
coloca como sujeito histórico.
A partir dos interesses imediatos dos alunos, apresentam-se textos de maior
profundidade, para a ampliação de seu universo cultural, de forma dinâmica, no
trânsito entre o familiar e o novo, o próximo e o distante no tempo e no espaço,
rompendo a acomodação e exigindo uma postura reflexiva e crítica em relação à
existência. Em tal perspectiva, o leitor é visto como coautor, uma vez que será
estimulado a dar sentido ao que lê, por meio da sua imaginação, experiência
pessoal e vivência com outros textos.
Na visão segundo a qual pretendemos nos orientar para a implementação, a
literatura é comparada a um jogo em que o jogador entra e passa livremente a
obedecer às regras impostas pela obra: o leitor mergulha no mundo da imaginação,
de maneira organizada e com compromisso de seguir as pistas deixadas pelo
narrador. E, assim como no jogo, a leitura simula conflitos do mundo e tenta
restaurar o equilíbrio da existência.
Segundo as autoras mencionadas (op.cit., p.26 ), as etapas do Método
Recepcional são:
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a- Determinação do horizonte de expectativa;
b- Atendimento do horizonte de expectativa;
c- Ruptura do horizonte de expectativa;
d- Questionamento do horizonte de expectativa;
e- Ampliação do horizonte de expectativa.
Costuma-se visualizar a progressão do método como uma espiral, que
permite aos alunos, como explicitamos anteriormente, uma postura gradativamente
mais consciente em relação à literatura e à vida. Para isso, demanda-se um
professor atento e preparado, para a seleção de textos referentes à realidade do
aluno, com produções que também sejam capazes de romper expectativas, para
trazer contribuições ao enriquecimento cultural e social do educando.
Conforme esses horizontes são modificados, a obra tira o leitor de sua zona
de conforto, trazendo-lhe satisfação por investir suas energias psíquicas no novo
conhecimento que adquire. Nesse sentido, considera-se que o método sempre
valoriza o leitor, considerando suas leituras e experiências de vida.
Parece-nos, portanto, que o método recepcional seja adequado à proposta
de trabalho com os contos de fada que aqui se expõe. Isto porque se volta à
exploração de textos com os quais os horizontes do leitor podem se identificar ou
não, num processo de diálogo e imaginação criativa, a partir dos vazios deixados
pelo autor.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
As atividades componentes desta Unidade Didática foram planejadas para,
aproximadamente, 32 aulas. Como visto, o material prioriza o gênero conto,
esperando-se que, ao término do desenvolvimento da intervenção, os alunos
estejam aptos a identificar esse tipo de texto entre os demais, a analisar os
elementos que o compõem e, principalmente, a produzir outros obedecendo às
características do gênero.
A proposta apresentada abordará a temática do abandono infantil, que
infelizmente, se configura em uma das piores mazelas da sociedade atual.
Com isso, será empreendido um trabalho de análise e reflexão em vários
gêneros discursivos, a fim de verificar como este tema vem sendo tratado.
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Por meio de textos literários, músicas, filmes e vídeos será mostrada para os
alunos a gravidade deste problema, que vem aumentando dia a dia, e que as
políticas públicas não conseguem resolver. De forma sutil, com material atrativo,
espera-se que os alunos compreendam a importância de se ter uma família
estruturada, não necessariamente nos moldes tradicionais, mas que permita a
condução segura da criança em seu caminho de aprendizado.
Objetiva-se, a partir dos textos literários, o desenvolvimento da criticidade
nos alunos a ponto de chegarem à conclusão de que a grande mudança na
sociedade começa com cada um deles. Assim, mesmo quem sofre abandono ainda
pode fazer a diferença, quando constitui família, ao evitar repetir o exemplo de seus
pais.
UNIDADE I
DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Para começar o trabalho com o gênero, o professor exporá aos seus alunos
as atividades a serem desenvolvidas, esclarecendo que eles farão leituras do gênero
conto de fadas. Da mesma forma, ficarão cientes da realização de um trabalho com
esse gênero por etapas, que se organizam em torno do tema principal.
Para início do trabalho serão apresentadas músicas que abordam o assunto.
Com isso, objetiva-se chamar atenção dos alunos para realização das leituras
subsequentes. Eles terão disponibilizados vídeos da internet e letras das músicas.
• Você Acredita em Mágica? Xuxa: trata-se de uma música com estilo infantil,
Pop, Dance, da trilha sonora do filme “Xuxa em O Fantástico Mistério de
Feiurinha”, composta por Jophn Sebastian. Aborda a crença da magia do
amor nos contos de fada.
[…] Você acredita em mágica?
Na magia do amor
Nos contos de fadas […]
(Ouça e cante a música completa em: http://www.vagalume.com.br/xuxa/voce-acredita-em-
magica.html).
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(O vídeo clip desta música esta disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=bx7aID7HTWI).
Nesta etapa, que objetiva detectar o horizonte de expectativas do aluno e
facilitar a interação, prefere-se a organização dos alunos em círculo, para facilitar o
levantamento de questionamentos para a sondagem do já sabem sobre contos.
Conforme se discutiu no embasamento teórico do Projeto inicial do PDE, o
maravilhoso e o fantástico são inerentes ao gênero conto de fadas. Como introdução
às atividades, pensou-se em uma dinâmica de enriquecimento, na qual alguns
alunos retirarão de uma caixa surpresa objetos que fazem parte do mundo do faz de
conta. Por exemplo, a abóbora de Cinderela que vira carruagem; as botas de sete
léguas do Pequeno polegar; o fuso da roda de fiar que fez a bela Adormecida dormir
cem anos etc. Nesse ponto, explica-se que uma abóbora, uma bota e uma roda de
fiar são objetos reais. Contudo, o uso e o poder desses objetos nos contos de fadas
é que lhes conferem um caráter fantástico. Pede-se então que os alunos
identifiquem os objetos em relação à história de que fazem parte. Por exemplo:
espelho, maçã, trança, relógio, capuz vermelho, varinha de condão, sapatinho de
cristal, lobo, sapo etc.
Para essa sondagem do horizonte de expectativas, o professor poderá
questionar:
• Quais contos costumavam ouvir quando eram pequenos?
• De quais ainda se lembram para recontar aos colegas?
• Há algum conto marcante?
• Qual o nome do autor?
• Quem são os personagens principais?
• Onde os episódios acontecem?
• Como é a trama?
• Há conflito?
As respostas dos alunos são anotadas no quadro, com o fito de documentar
a familiaridade, ou não, dos alunos com o gênero. Tal procedimento deve permitir a
conversa sobre os diversos recursos narrativos: escolha de linguagem, estrutura,
elementos que o autor usa para envolver o leitor na trama; enfim, as peculiaridades
que tornam a histórica única.
À medida que se anotam as ideias dos alunos, podem, também, se
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caracterizar as personagens de cada conto, comparar os conflitos, analisar os
diferentes ambientes, os períodos em que as ações acontecem e o foco narrativo.
UNIDADE II
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
A segunda unidade contempla o atendimento do horizonte de expectativas,
em que vários contos ilustrados serão disponibilizados em uma atraente caixa
colorida, para a criação de um ambiente de leitura aconchegante, para o que
também se providenciará uma música de fundo.
Os alunos, após a leitura, farão a troca dos contos, sobre os quais montarão
um painel bem elaborado e ilustrado com dicas de leitura, autores e obras, atividade
em forma de portfólio, em que cada aluno criará sua pasta.
Os contos a serem lidos podem ser encontrados no endereço eletrônico:
http://blogdoliraneto.blogspot.com.br/2011/02/c-60-historias-para-
dormir-disney.html
PARA LER
Na sequência, propõe-se a leitura de um texto que trata das origens dos
contos de fadas. Trata-se de um trecho de artigo de divulgação científica, gênero
que apresenta a interpretação do autor sobre um fato ou tema variado. Neste texto,
a autora apresenta o resultado de suas pesquisas sobre contos de fadas e algumas
conclusões suas a respeito do assunto.
ERA UMA VEZ ...
Georgina da Costa Martins.
Você gosta de contos de fadas? Eu sou fascinada! E por adorar as histórias
de João e Maria, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e tantas outras que resolvi
estudá-las. Comecei pesquisando sobre os países e as épocas em que elas
surgiram. Fiz incríveis descobertas! Mas o que me interessou mesmo foi a
possibilidade de aprender um pouco sobre a história das crianças do mundo por
meio desses contos. Se você quiser saber o que pesquisei e concluí, será meu
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convidado especial a partir de agora.
Os contos de fadas não tinham autores. Inventadas pelo povo, essas
histórias eram contadas de uma pessoa para outra e para outra… E, de boca em
boca, acabaram conhecidas em diversos países.
Em 1967, quando no mundo ainda havia muitos reis e rainhas dando ordens,
um francês chamado Charles Perrault, que adorava contar histórias para as damas
da corte, resolveu juntar todos os contos que conhecia e fazer um livro. O título que
ele escolheu alguns de vocês já deve conhecer: Contos da Mamãe Ganso. Mais de
um século se passou e, em 1812, na Alemanha, dois irmãos chamados Wilhelm e
Jacob Grimm, que também gostavam muito de ouvir e estudar as tais histórias,
publicaram outro livro com mais contos ainda, os Contos da infância e do lar. Pois
muito bem, aqui estou eu empolgada em falar dos contos de fadas, deixando de lado
a minha pesquisa sobre a situação da criança. Mas é que tudo começou quando
resolvi estudar um pouco a história da França do tempo de Charles Perrault. Veja só!
NOS TEMPOS DO REI SOL.
Em 1697, o rei da França era Luís XIV, o conhecido
como rei Sol porque seu palácio era todo
ornamentado com ouro e brilhava como o Sol (cá pra
nós, muito parecido com o palácio da história da
Cinderela). Mas, apesar de o monarca ostentar todo
esse luxo, seu povo passava fome e sofria muito por
conta das doenças e das guerras da época.
A maioria das famílias mal tinha pão para alimentar
seus filhos – e pior: quando tinham o pão, este era
feito com farelos, urtigas cozidas, sementes
desenterradas e até carne de animais mortos pela
peste bubônica -, doença transmitida pela pulga do
rato que, na época, também causou a morte de milhares de pessoas.
Em meio a tanto sofrimento, as crianças eram ainda mais sacrificadas, uma
vez que os pais, por não terem condições de criá-las, muitas vezes as abandonavam
em estradas ou florestas, na esperança de que conseguissem um futuro melhor – o
que, na maior parte dos casos, não acontecia.
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Também era comum que as crianças fossem deixadas em orfanatos. No
entanto, por causa da superlotação desses lugares, muitas delas morriam por falta
de cuidado, por causa da fome e de diversas doenças. Mesmo sabendo de tudo
isso, famílias não tinham escolha. Para elas, presenciar a morte dos filhos em casa
deveria ser mais doloroso do que deixá-los nos orfanatos.
DOS CONTOS DE FADAS PARA A REALIDADE
Diante desses fatos históricos, comecei a entender por que quase todo conto
de fadas aparece sempre o sofrimento infantil: criança que é expulsa de casa, que é
obrigada a trabalhar, que é mal tratada pela madrasta, que é aprisionada por bruxas
e ogros, além de uma grande quantidade de meninas pobres que têm como última
alternativa o casamento com príncipes.
Veja o exemplo do Pequeno Polegar: sete irmãos são expulsos de casa
porque os pais não tinham como alimentá-los. Essas crianças vão parar na casa de
um ogro faminto (uma espécie de bicho-papão), mas conseguem escapar graças à
esperteza do Pequeno Polegar.
Outra história que também se refere ao abandono de crianças é a de João e
Maria: dois irmãos são abandonados na floresta pelos pais, que não tinham como
alimentá-los. O menino e a menina, depois de peregrinar pela mata, encontram uma
casa feita de doces. Imagine você o que significaria para aquelas crianças encontrar
uma casa dessas!
Entendeu agora a relação entre os contos de fadas e a realidade? É claro
que essas histórias não estão falando de pessoas de verdade, não estou dizendo
que existiu um João e uma Maria que foram abandonados pelos pais, nem mesmo
em um garotinho do tamanho de dedo polegar. O que quero dizer é que, naquela
época, era muito comum o abandono de crianças, e, como o povo costumava
inventar histórias misturando fantasia com realidade, esses contos foram se
proliferando.
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A HISTÓRIA QUE NÃO MUDOU
A essa altura, você deve estar imaginando a mesma coisa que eu quando
comecei a pesquisa: que mesmo depois de tanto tempo, mais de trezentos anos
depois de Charles Perrault ter recolhido aquelas histórias, a situação das crianças
em nosso país (e em muitos outros) é ainda bem parecida com a de meninos e
meninas daquele tempo. Por causa da miséria, pais continuam abandonando seus
filhos pelas ruas, crianças se veem abrigadas a trocar a escola pelo trabalho,
meninas pobres que esperam encontrar seus príncipes encantados para salvá-las
da fome acabam enganadas por adultos mal-intencionados...
O lado triste da realidade é que nenhuma fada madrinha vai aparecer para
transformar meninas pobres em princesas, muito menos meninos famintos vão
encontrar casas feitas de doces. Embora eu desejasse ter uma varinha de condão
para fazer com que a história de todas as crianças abandonadas tivesse um final
feliz, estou certa de que essa realidade só mudará com o empenho de governantes
e apoio de toda a sociedade.
Ciência Hoje das Crianças, ano 13, n. 99, jan./fev. 2000.
(Esse texto pode ser encontrado no Livro Didático”Língua Portuguesa – Projeto
ECO”, 6º ano de Cristina Azeredo.)
Após a leitura do texto o professor deverá propor as seguintes reflexões:
O artigo que você leu tem quatro partes, indicadas pela presença de
intertítulos. Em grupos, leiam o texto novamente, escrevendo, no caderno, a
principal ideia apresentada em cada uma dessas partes. Procurem seguir o roteiro,
dado pelos subtítulos:
a) “Os contos de fadas não tinham autores”.
b) ”Nos tempos do rei Sol”.
c) “Dos contos de fadas para a realidade”.
d) “A história que não mudou”.
O professor deverá levar os alunos a refletir sobre as informações do texto,
para que se instrumentalizem para a compreensão e apreciação dos contos de
fada.
Deve-se chamar a atenção dos alunos para a reflexão da autora sobre o
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sofrimento das crianças que continuam sendo abandonadas, como consequência da
situação de miséria de muitas famílias.
Na continuação dos estudos sobre o tema “abandono infantil”, serão
analisadas algumas imagens mostrando o sofrimento de crianças abandonadas.
O professor mostrará as imagens abaixo levantando questões como:
• Que tipo de sentimento esta imagem sugere a você?
• Por que essas crianças estão na rua?
• Qual seria o futuro dessas crianças?
Imagem A
Esta imagem é de domínio público e pode ser encontrada no endereço a seguir:
(http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/6mor.jpg)
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Imagem B
Esta imagem é de domínio público e pode ser encontrada no endereço a seguir:
(http://4.bp.blogspot.com/-
gINFYXAirtc/TmY0Xwom3iI/AAAAAAAAAic/PrZKjq8Lb7c/s1600/menorabandonado.jpg)
Depois do contato com esse material, com as devidas considerações e
análises pelo professor e pelos alunos, espera-se ter provocado uma sensibilização
para o tema, após o que se propõe a leitura dos contos.
Um dos contos será a versão do escritor francês Charles Perrault para a
história de Chapeuzinho Vermelho, para que os alunos percebam as especificidades
do enredo e identifiquem as características discursivas do conto. Busca-se a
percepção de que o conto, além de ter a função de divertir, procura transmitir às
crianças algum ensinamento. Na história em pauta, a história parece alertar as
pessoas contra os perigos da ingenuidade e da imprudência. Após a análise dessa
versão, os alunos farão a leitura do conto “Chapeuzinho Vermelho” dos irmãos
Grimm para posterior comparação, no sentido de que percebam as diferenças
existentes entre eles.
Ressalta-se que, na versão dos irmãos Grimm, a descrição das
personagens é mais elaborada, os diálogos são mais abundantes e o epílogo da
história é bem diferente.
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O CHAPEUZINHO VERMELHO
Irmãos Grimm
Era uma vez, uma menina tão doce e meiga que todos gostavam dela. A
avó, então, a adorava, e não sabia mais que presente dar à criança para agradá-la.
Um dia, ela presenteou-a com um chapeuzinho de veludo vermelho.
O chapeuzinho agradou tanto a menina e ficou tão bem nela, que ela queria
ficar com ele o tempo todo. Por causa disso, ficou conhecida como Chapeuzinho
Vermelho.
Um dia sua Mãe lhe chamou e lhe disse:
- Chapeuzinho, leve este pedaço de bolo e essa garrafa de vinho para sua
avó. Ela está doente e fraca, e isto vai fazê-la ficar melhor.
Comporte-se no caminho, e de modo algum saia da estrada, ou você pode
cair e quebrar a garrafa de vinho e ele é muito importante para a recuperação de sua
avó.
Chapeuzinho prometeu que obedeceria a sua mãe e pegando a cesta com o
bolo e o vinho, despediu-se e partiu.
Sua avó morava no meio da floresta, distante uma hora e meia da vila. Logo
que Chapeuzinho entrou na floresta, um Lobo apareceu na sua frente. Como ela não
o conhecia nem sabia que ele era um ser perverso, não sentiu medo algum.
- Bom dia Chapeuzinho - saudou o Lobo.
- Bom dia, Lobo - ela respondeu.
- Aonde você vai assim tão cedinho, Chapeuzinho?
- Vou à casa da minha avó.
- E o que você está levando aí nessa cestinha?
- Minha avó está muito doente e fraca, e eu estou levando para ela um
pedaço de bolo que a mamãe fez ontem, e uma garrafa de vinho. Isto vai deixá-la
forte e saudável.
- Chapeuzinho, diga-me uma coisa, onde sua avó mora?
- A uns quinze minutos daqui. A casa dela fica debaixo de três grandes
carvalhos e é cercada por uma sebe de aveleiras. Você deve conhecer a casa.
O Lobo pensou consigo:
"Esta tenra menina é um delicioso petisco. Se eu agir rápido posso saborear
sua avó e ela como sobremesa”.
Então o Lobo disse:
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- Escute Chapeuzinho, você já viu que lindas flores há nessa floresta? Por
que você não dá uma olhada? Você não está ouvindo os pássaros cantando? Você
é muito séria, só caminha olhando para frente. Veja quanta beleza há na floresta.
Chapeuzinho então olhou a sua volta, e viu a luz do sol brilhando entre as
árvores, e viu como o chão estava coberto com lindas e coloridas flores, e pensou:
"Se eu pegar um buquê de flores para minha avó, ela vai ficar muito contente. E
como ainda é cedo, eu não vou me atrasar”.
E, saindo do caminho entrou na mata. E sempre que apanhava uma flor, via
outra mais bonita adiante, e ia atrás dela. Assim foi entrando na mata cada vez mais.
Enquanto isso, o Lobo correu à casa da avó de Chapeuzinho e bateu na
porta.
- Quem está aí? - perguntou a velhinha.
- Sou eu, Chapeuzinho - falou o Lobo disfarçando a voz - Vim trazer um
pedaço de bolo e uma garrafa de vinho. Abra a porta para mim.
- Levante a tranca, ela está aberta. Não posso me levantar, pois estou muito
fraca. - respondeu a vovó.
O Lobo entrou na casa e foi direto à cama da vovó, e a engoliu antes que ela
pudesse vê-lo. Então ele vestiu suas roupas, colocou sua touca na cabeça, fechou
as cortinas da cama, deitou-se e ficou esperando Chapeuzinho Vermelho.
E Chapeuzinho continuava colhendo flores na mata. E só quando não podia
mais carregar nenhuma é que retornou ao caminho da casa de sua avó.
Quando ela chegou lá, para sua surpresa, encontrou a porta aberta.
Ela caminhou até a sala, e tudo parecia tão estranho que pensou:
"Oh, céus, por que será que estou com tanto medo? Normalmente eu me
sinto tão bem na casa da vovó...”.
Então ela foi até a cama da avó e abriu as cortinas. A vovó estava lá deitada
com sua touca cobrindo parte do seu rosto, e, parecia muito estranha...
- Oh, vovó, que orelhas grandes a senhora tem! - disse então Chapeuzinho.
- É para te ouvir melhor.
- Oh, vovó, que olhos grandes a senhora tem!
- É para te ver melhor.
- Oh, vovó, que mãos enormes a senhora tem!
- São para te abraçar melhor.
- Oh, vovó, que boca grande e horrível à senhora tem!
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- É para te comer melhor - e dizendo isto o Lobo saltou sobre a indefesa
menina, e a engoliu de um só bote.
Depois que encheu a barriga, ele voltou à cama, deitou, dormiu, e começou
a roncar muito alto. Um caçador que ia passando ali perto escutou e achou estranho
que uma velhinha roncasse tão alto, então ele decidiu ir dar uma olhada.
Ele entrou na casa e viu deitado na cama o Lobo que ele procurava há muito
tempo.
E o caçador pensou:
"Ele deve ter comido a velhinha, mas talvez ela ainda possa ser salva. Não
posso atirar nele”.
Então ele pegou uma tesoura e abriu a barriga do Lobo.
Quando começou a cortar, viu surgir um chapeuzinho vermelho. Ele cortou
mais, e a menina pulou para fora exclamando:
- Eu estava com muito medo! Dentro da barriga do lobo é muito escuro!
E assim, a vovó foi salva também.
Então Chapeuzinho pegou algumas pedras grandes e pesadas e colocou
dentro da barriga do lobo.
Quando o lobo acordou tentou fugir, mas as pedras estavam tão pesadas
que ele caiu no chão e morreu.
E assim, todos ficaram muito felizes. O caçador pegou a pele do lobo.
A vovó comeu o bolo e bebeu o vinho que Chapeuzinho havia trazido, e
Chapeuzinho disse para si mesma:
-“Enquanto eu viver, nunca mais vou desobedecer minha mãe e desviar do
caminho nem andar na floresta sozinha e por minha conta”.
Texto retirado do site (http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=1)
HISTÓRICO - IRMÃOS GRIMM
Estudiosos, filólogos, críticos, folcloristas, contistas e escritores no século
XVIII, os Irmãos Grimm tornaram-se celebridades, devido também a sua
colaboração no mundo da literatura. Ouvindo pessoas que viviam e trabalhavam em
fazendas e vilas nas cercanias de Kassel, na Alemanha, recolheram contos
baseados em tradições populares do seu país, entre 1807 e 1814.
17
Eles tinham dois objetivos principais com suas pesquisas: os estudos
filológicos da língua alemã e a coletânea dos textos do folclore literário germânico,
representativo da cultura alemã, com vistas à preservação dessas narrativas
populares.
Com esses objetivos em mente, Jacob e Wilhelm iam para o meio rural e
pessoalmente ouviam e escreviam os relatos dos habitantes locais. Procuraram
preservar a fidelidade no relato das histórias que escutavam. Um fato curioso por
eles contado nos seus escritos é que uma senhora idosa tecelã contribuiu com 19
contos. Na empreitada tiveram também colaborações de amigos.
Jacob publicou, no ano de 1811, sua primeira obra sobre os “Mestres Cantores
Alemães” e Wilhelm Grimm publicou o seu primeiro
livro, “Traduções de Lendas Dinamarquesas Antigas”.
Em 1812, foi publicada a primeira coletânea, “Contos
da Criança e do Lar”, o primeiro volume contendo 86
histórias. O segundo tomo, com 70 contos, foi
publicado em 1815. Mais tarde, em 1825, surgiu uma
publicação reunindo tudo em um único volume, o que
contribuiu grandemente para a popularidade dos
contos.
Jacob (primeiro plano, à direita) e Wilhelm Grimm
(Imagem retirada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Grimm)
(...)
Trouxeram a público também coleções de poemas líricos do antigo alemão,
de velhas sagas, com análise das tradições épicas germânicas, e uma mitologia
alemã, obra monumental que estuda os mitos e superstições dos velhos teutões.
Com a efervescência do romantismo, as academias e a literatura eram
influenciadas pelo romantismo alemão, o qual teve diversas expressões,
destacando-se, sobretudo na história e na mitologia, na natureza, na fantasia e no
sobrenatural. Na coleção dos contos, todos estes elementos estão presentes, dando
um tom especial ao romantismo da época.
Entre os contos alemães mais famosos da coletânea estão: “Hansel e
Gretel” (João e Maria), “Chapeuzinho Vermelho”, “Rapunzel”, “A Bela Adormecida”,
“A Gata Borralheira”, “Os músicos de Bremem”, “Cinderela e o Gato de Botas” ,
18
merecendo destaque “Branca de Neve e os Sete Anões”, que foi traduzido em todos
os idiomas cultos. Esse conto também ganhou as telas do cinema e foi parafraseado
em prosa e verso, reconhecido e celebrado mundialmente.
A carreira literária dos irmãos levou-os a diversas cidades onde trabalharam
como professores e bibliotecários. Em 1841, estabeleceram-se em Berlim onde
foram professores da Universidade, recebendo cátedras de reconhecimento pelos
notáveis trabalhos e contribuições literárias à Alemanha e vindo a tornar-se
membros da Academia das Ciências de Berlim. Ainda hoje são respeitados em todo
o mundo pelo acervo linguístico e literário que legaram à humanidade.
Na busca das origens da realidade histórica de seu país, os irmãos Grimm
encontraram a fantasia, o fantástico e o encantamento em temas comuns da época
medieval. Assim, surgiu uma grande literatura infantil para encantar crianças de todo
o mundo.
O CHAPEUZINHO VERMELHO
Charles Perrault
Havia, numa cidadezinha, uma menina que todos achavam muito bonita.
A mãe era doida por ela e a avó mais ainda. Por isso, sua avó lhe mandou
fazer um pequeno capuz vermelho que ficava muito bem na menina. Por causa dele,
ela ficou sendo chamada, em toda parte, de Chapeuzinho Vermelho.
Um dia em que sua mãe tinha preparado umas tortas, disse para ela:
– Vai ver como está passando tua avó, pois eu soube que ela anda doente.
Leva uma torta e um potezinho de manteiga.
Chapeuzinho Vermelho saiu em seguida para ir visitar sua avó que morava
em outra cidadezinha.
Quando atravessava o bosque, ela encontrou compadre Lobo que logo teve
vontade de comer a menina. Mas não teve coragem por causa de uns lenhadores
que estavam na floresta.
O Lobo perguntou aonde ela ia. A pobrezinha, que não sabia como é
perigoso parar para escutar um Lobo, disse para ele:
– Eu vou ver minha avó e levar para ela uma torta e um potezinho de
manteiga que minha mãe está mandando.
– Ela mora muito longe? – perguntou o Lobo.
– Oh! Sim. – respondeu Chapeuzinho Vermelho. – É pra lá daquele moinho
19
que você está vendo bem lá embaixo. É a primeira casa da cidadezinha.
– Pois bem, – disse o Lobo, – eu também quero ir ver sua avó. Eu vou por
este caminho daqui e você vai por aquele de lá. Vamos ver quem chega primeiro.
O Lobo pôs-se a correr com toda sua força pelo caminho mais curto.
A menina foi pelo caminho mais longo, distraindo-se a comer avelãs,
correndo atrás das borboletas e fazendo ramalhetes com as florzinhas que
encontrava.
O Lobo não levou muito tempo para chegar à casa da avó. Bateu na porta:
toc, toc.
– Quem está aí?
– É sua neta, Chapeuzinho Vermelho – disse o Lobo, mudando a voz. Eu lhe
trago uma torta e um potezinho de manteiga que minha mãe mandou pra você.
A bondosa avó, que estava na cama porque não passava muito bem, gritou:
– Puxe a tranca que o ferrolho cairá.
O Lobo puxou a tranca e a porta se abriu.
Ele avançou sobre a pobre mulher e devorou-a num instante, pois fazia mais
de três dias que não comia. Em seguida, fechou a porta e foi se deitar na cama da
avó.
Ficou esperando Chapeuzinho Vermelho que, um pouco depois, bateu na
porta: toc, toc.
– Quem está aí?
Chapeuzinho Vermelho, ao escutar a voz grossa do Lobo, teve medo, mas
pensando que a voz de sua avó estava diferente por causa do resfriado, respondeu:
– É sua neta, Chapeuzinho Vermelho, que traz uma torta pra você e um
potezinho de manteiga que minha mãe lhe mandou.
O Lobo gritou para ela, adocicando um pouco a voz:
– Puxe a tranca que o ferrolho cairá.
Chapeuzinho Vermelho puxou a tranca e a porta se abriu.
O Lobo, vendo que ela tinha entrado, escondeu-se na cama, debaixo da
coberta, e falou:
– Ponha a torta e o potezinho de manteiga sobre a caixa de pão e venha se
deitar comigo.
Chapeuzinho Vermelho tirou o vestido e foi para a cama, ficando espantada
de ver como sua avó estava diferente ao natural. Disse para ela:
20
– Minha avó, como você tem braços grandes!
– É pra te abraçar melhor, minha filha.
– Minha avó, como você tem pernas grandes!
– É pra correr melhor, minha menina.
– Minha avó, como você tem orelhas grandes!
– É pra escutar melhor, minha menina.
– Minha avó, como você tem olhos grandes!
– É pra ver melhor minha menina.
– Minha avó, como você tem dentes grandes!
– É pra te comer.
E dizendo estas palavras, o Lobo saltou pra cima de Chapeuzinho Vermelho
e a devorou.
MORAL
Vimos que os jovens,
Principalmente as moças,
Lindas, elegantes e educadas,
Fazem muito mal em escutar
Qualquer tipo de gente,
Assim, não será de estranhar
Que, por isso, o lobo as devore.
Eu digo o lobo porque todos os lobos
Não são do mesmo tipo.
Existe um que é manhoso
Macio, sem fel, sem furor.
Fazendo-se de íntimo, gentil e adulador,
Persegue as jovens moças
Até em suas casas e seus aposentos.
Atenção, porém!
As que não sabem
Que esses lobos melosos
De todos eles são os mais perigosos.
(Charles Perrault. O Chapeuzinho Vermelho. Porto Alegre: Kuarup, 1987).
21
Para o desenvolvimento de uma leitura significativa e formação de um leitor
crítico, necessita-se de um trabalho com estratégias e habilidades de leitura.
Neste trabalho com o gênero narrativo conto, este seria o momento
apropriado para a introdução de alguns elementos próprios desse gênero. Assim,
gradativamente, os alunos conhecerão as particularidades dessa tipologia textual,
para que ao final de todo o trabalho, estejam aptos a fazer uma análise de todos os
elementos que o compõem.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
1. O texto O Chapeuzinho Vermelho conta uma história, por isso chama-se
texto narrativo. O texto narrativo apresenta ações em sequência: um fato causa um
efeito, que dá origem a outro fato, e assim por diante. No conto em estudo, a mãe
prepara tortas e pede à menina que leve uma torta e um potezinho de manteiga à
avó. Que efeito esse pedido causa em Chapeuzinho Vermelho?
2. Os fatos narrados em uma história acontecem em determinado tempo e
lugar.
a) No conto mencionado, em que lugares ocorrem os fatos?
b) Nos textos narrativos, o tempo é marcado por palavras e expressões
como no dia seguinte, ontem, ao meio-dia, depois, etc. Que expressão do 2º
parágrafo do texto indica tempo?
3. Como sabemos, uma história pode ser vivida por pessoas, animais e, às
vezes, até objetos. Quem vive uma história chama-se personagem, que pode ser
classificada de acordo com o papel que desempenha na história. A personagem que
faz o papel principal é chamada de protagonista. Por sua vez, a personagem que
atrapalha a ação do protagonista, cujas características podem ser opostas às dele,
é chamada de antagonista. Essa personagem é o vilão da história.
a) No conto O Chapeuzinho Vermelho, quem é protagonista? E
antagonista?
b) Em uma história narrada, há também personagens secundárias. As
22
personagens secundárias são aquelas que aparecem menos na história ou não têm
importância central. No conto, O Chapeuzinho Vermelho, quem são as personagens
secundárias?
4. No fim da história, o Lobo alcança seu propósito: devorar a menina. É
possível saber a intenção do Lobo já no começo do conto.
a) Indique o parágrafo em que aparece pela primeira vez a intenção do Lobo
de comer Chapeuzinho Vermelho.
b) O que impediu o Lobo de comer a menina nessa hora?
5. Os contos de fadas, ou contos maravilhosos, além de proporcionar
diversão, normalmente procuram transmitir às crianças algum ensinamento. No
conto O Chapeuzinho Vermelho, a história parece chamar a atenção das pessoas
contra os perigos da ingenuidade e da imprudência.
a) Qual teria sido a imprudência da mãe de Chapeuzinho Vermelho?
b) Qual a imprudência da avó?
c) O trecho “A pobrezinha, que não sabia como é perigoso parar para
escutar um lobo” e a explicação que ela dá ao Lobo demonstram que a menina foi
ingênua ou imprudente? Por quê?
6. Em um trecho do conto fica clara a intenção de alertar principalmente as
moças, sobre os riscos da imprudência e da ingenuidade.
a) Que trecho é esse?
b) Conforme essa parte existe um tipo de lobo que é o mais perigoso de
todos. Qual é esse tipo? Por que ele é o mais perigoso?
7. Os contos maravilhosos apresentam um herói, ou uma heroína, e um
vilão. Nesse conto a heroína é Chapeuzinho Vermelho, e o vilão é o Lobo. É
comum, nos contos maravilhosos, o herói ser vítima de uma armadilha feita pelo
vilão. No conto Branca de neve e os sete anões, por exemplo, a heroína come a
maçã envenenada pela bruxa. No conto O Chapeuzinho Vermelho:
a)Qual é a armadilha que planejada pelo vilão?
b)Quem são as vítimas?
c)Deu certo, no final do conto, o plano do vilão?
23
8. Faça uma comparação do final do conto O Chapeuzinho Vermelho com
outros contos que você conhece, como, por exemplo, Cinderela, A Bela e a Fera,
João e Maria, A Bela Adormecida, Rapunzel, Branca de Neve e os sete anões.
a) Quem vence: o herói (ou heroína) ou o vilão, no final dessas histórias?
b) Pode-se dizer que o conto O Chapeuzinho Vermelho tem um final feliz?
Por quê?
9. Nos contos maravilhosos, as personagens geralmente são caracterizadas
física e psicologicamente, isto é, o texto mostra como é a personagem, indicando,
por exemplo, se ela é feia, alta, elegante, esperta, meiga, etc. Às vezes, é o
comportamento da personagem que mostra como ela é. Dê as características de:
a) Chapeuzinho Vermelho; b) Compadre Lobo.
10. Em seus estudos dos contos maravilhosos, o russo Wladimir Propp
observou que quase todos apresentam situações muito parecidas. Veja algumas
delas:
1. O herói se distancia do lar.
2. O herói adentra o bosque ou a floresta.
3. O herói cai numa armadilha.
4. Há luta entre herói e vilão.
5. O herói vence o vilão ou
6. O herói é vencido pelo vilão.
7. O herói volta para casa.
8. O vilão é punido.
9. O herói se casa.
a) Assinale quais dessas situações ocorreram no conto O Chapeuzinho
Vermelho, de Perrault?
b) Os irmãos Grimm deram outro final a essa história: um caçador corta a
barriga do Lobo e salva a menina e a avó; Chapeuzinho coloca pedras na barriga do
Lobo , causando sua morte. Quais das situações acima existem apenas na versão
dos irmãos Grimm?
11. Personagens como reis, princesas, fadas, bruxas, gigantes, príncipes,
24
meninas, animais e objetos falantes, lugares como bosques, montanhas encantadas,
reinos distantes, objetos e poções mágicas costumam fazer parte dos contos
maravilhosos. Quais desses elementos estão presentes no conto o Chapeuzinho
Vermelho?
12. O contador da história é chamado de narrador. Quando o narrador
participa dos fatos e é também personagem, dizemos que ele é narrador
personagem. Nesse caso, ele usa a 1ª pessoa (eu, nós). Quando o narrador não
participa da história, ou seja, conta-a sem se colocar na história, dizemos que é um
narrador-observador. Nesse caso, ele usa a 3ª pessoa (palavras como: ele, os
garotos, a filha, as mulheres, etc). Para ilustrar isso, leia este trecho do conto:
“Chapeuzinho Vermelho saiu em seguida para ir visitar sua avó, que
morava em outra cidadezinha.
Quando atravessava o bosque, ela encontrou compadre Lobo, que logo
teve vontade de comer a menina. Mas não teve coragem por causa de uns
lenhadores que estavam na floresta”.
Nesse conto, o narrador é personagem ou observador?
13. Leia o trecho do conto a seguir e observe as palavras destacadas:
“Havia, numa cidadezinha, uma menina que todos achavam muito bonita. A
mãe era doida por ela e a avó ainda mais. Por isso, a avó mandou fazer um
pequeno capuz vermelho que ficava muito bem na menina. Por causa dele, ela
ficou sendo chamada em toda parte de Chapeuzinho Vermelho.”
Essas palavras e expressões mostram que os fatos ocorrem no presente ou
no passado?
14. Os contos de fadas costumam ser iniciados pela expressão Era uma
vez...
a) Em sua opinião, essa expressão indica tempo certo, definido, ou tempo
incerto, indeterminado?
b) O conto O Chapeuzinho Vermelho não é iniciado por Era uma vez, mas
por Havia... Caso você fosse contar para alguém esse conto, você poderia começá-
lo com a expressão Era uma vez? Como ficaria nesse caso?
25
15. O narrador costuma colocar as falas das personagens, os diálogos entre
elas. Na parte final do conto, leia de novo o diálogo entre Chapeuzinho e o Lobo.
Colocar as falas das personagens torna a história lenta, aborrecida, ou mais
movimentada, mais viva?
16. Observe a linguagem usada no conto. Que tipo de variedade linguística
predomina?
17. Os contos costumam dar conselhos aos leitores ou fazer uma
advertência. Isso acontece no conto O Chapeuzinho Vermelho? Explique:
TROCANDO IDEIAS
1. Pode-se dizer que, no conto O Chapeuzinho Vermelho, a menina
representa a ingenuidade e a inexperiência, ao passo que o Lobo representa a
astúcia e a malícia. No mundo real de hoje, quem poderia ser:
a) Chapeuzinho Vermelho?
b) E o Lobo?
2. Os contos de fadas quase sempre procuram transmitir lições de vida
relacionadas a comportamentos de todo ser humano. Você acha que a história da
Chapeuzinho é eterna, isto é, pode ser lida e contada para as crianças do mundo
inteiro, em qualquer época ou vai perder sua atualidade?
A LINGUAGEM DO TEXTO
1. Releia esta frase do conto lido e observe o trecho destacado:
“Eu digo o lobo porque todos os lobos
Não são do mesmo tipo.”
“Ao escrever todos os lobos não são” , o que o autor quis dizer?
a) Qualquer lobo é. b) Nenhum lobo é. c) Todo lobo é
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2. Observe:
“O Lobo não levou muito tempo para chegar à casa da avó. Bateu na porta:
toc, toc.”
A expressão toc, toc reproduz o som das batidas dos dedos na porta. As
palavras ou expressões que imitam, na escrita, sons e ruídos são chamadas
onomatopeias.
Onomatopeias são palavras ou expressões que imitam
aproximadamente sons e ruídos produzidos por sinos, campainhas,
instrumentos musicais, armas de fogo, vozes de animais, movimentos, etc.
Pesquise exemplos de onomatopeias em HQs, recorte e cole em seu
caderno, identificando-as.
3. Imagine que você está no centro da cidade, às 6 horas da tarde. As lojas
fecham suas portas. Barulho de vozes, buzinas, motor de carros e ônibus,
escapamentos de motos, apito de guarda de trânsito. Um carro freia repentinamente,
uma mulher grita. Um cachorro, ganindo, passa por você.
Escreva um pequeno texto, narrando essa situação. Faça uso das
onomatopeias.
UNIDADE III
RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta fase do Método Recepcional, é o momento de se apresentar textos
que vão produzir um rompimento com as ideias prontas, ou seja, os textos deverão
abalar as certezas e deverão trazer, também, uma carga maior de complexidade e
de exigências de atenção e raciocínio para o entendimento por parte do aluno.
Na faixa etária do 6º ano do ensino fundamental, conforme se apreende em
Aguiar (1993 p.90-91), no percurso de evolução na fluência do ato de ler, ao
compreender melhor as noções de espaço, tempo e classificação, o leitor passa a
exigir leituras mais complexas.
Para isso, parece ser adequada a obra O fantástico mistério de Feiurinha, de
Pedro Bandeira, conto fantástico que engloba a realidade da personagem “escritor”,
além de falar do que acontece quando acabam os contos de fada.
27
Assim, o texto abarca o conhecimento já percorrido pelo leitor e lhe propõe
novos questionamentos, ou seja, não se trata de uma leitura previsível, contrariando,
portanto, o seu horizonte de expectativas. Porém, não se recomendam
conhecimentos de teoria da literatura nessa fase de leitura. Ao apreciar os contos e suas várias versões, espera-se que a criança se
identifique com as personagens e que seja incentivada para o exercício de uma
inteligência questionadora, de uma postura crítica e criativa, como formas de
apreensão da realidade objetiva e subjetiva.
As várias versões de uma mesma história serão exemplificadas pela leitura
do livro “O fantástico mistério de Feiurinha”, em que o escritor Pedro Bandeira
mistura criativamente várias histórias e seus personagens. Na sequência, propõe-se
a exibição do filme “Xuxa e o mistério de Feiurinha”, para posterior discussão. O
filme presta-se ao trabalho com os aspectos apresentados acima: nessa história, a
heroína é uma princesa que desaparece misteriosamente. Branca de Neve,
Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e outras personagens resolvem pedir ajuda ao
escritor para encontrá-la.
O enredo estrutura-se em torno do jogo constante entre realidade e fantasia,
da referência aos contos de fada, da literatura oral e faz muitas observações
divertidas sobre o processo de criação do escritor.
Um recurso a ser observado no texto é o humor subvertendo a ordem dos
fatos, ao desvelar a substância verdadeira existente por trás das aparências.
SINOPSE
O argumento propõe-se a retratar o que acontece com as princesas e seus
príncipes depois do ''viveram felizes para sempre''? As princesas têm filhos, sogras,
cunhadas. Os príncipes engordam. Os casais têm conflitos matrimoniais, mas
continuam felizes. Porém, perto de completar bodas de prata, Cinderela, Rapunzel,
Branca de Neve, Bela da Fera, Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho estão
ameaçadas de desaparecer, depois que a princesa Feiurinha some misteriosamente
do mundo encantado e ninguém se lembra da história dela. Para salvar o reino e
continuar felizes para sempre, elas embarcam numa aventura emocionante para
encontrar Feiurinha. Fadas, bruxas, príncipes, encantos e feitiços se misturam nessa
fábula surpreendente, repleta de magia e diversão.
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FICHA TÉCNICA
• Título original: Xuxa em o Fantástico Mistério de Feiurinha
• Diretor: Tizuka Yamazaki
• Elenco: Xuxa Meneghel, Sasha Meneghel, Luciano Szafir, Angélica, Luciano
Huck, Antônio Pedro Borges, Paulo Gustavo, Zezé Motta, Fafy Siqueira,
Daniele Valente, Lavínia Vlasak
• Gênero: Infantil
• Duração: 82 minutos
• Ano: 2009
• Data da Estreia: 25/12/2009
• Cor: Colorido
• Classificação: Livre para todos os públicos
• País:Brasil
Além das possibilidades apresentadas, o diferencial é o trabalho com um
texto teatral, em comparação com outros textos narrativos: os diálogos, as
indicações para os atores, a descrição dos cenários, são os elementos a serem
observados naquele tipo de texto.
Com isso, pretende-se que o aluno-leitor descubra que é prazeroso ler uma
peça não só para encená-la, mas também pelo gosto da leitura em si, ainda mais
quando se considera a carência de bons enredos de teatro brasileiro para crianças,
ancorados em ideias consistentes, que respeitem a inteligência do pequeno leitor.
Após essa leitura, o professor solicitará à turma que escolha uma cena do
livro para dramatizá-la aos colegas.
Conforme colocado, o objetivo das atividades é apresentar aos alunos as
características do texto dramático. Para isso, propõe-se a leitura do texto narrativo
"O fantástico mistério de Feiurinha", uma vez que iremos compará-lo ao texto de
mesmo título, escrito para ser encenado.
Atividade 1
Para desenvolver a atividade, o professor retomará alguns pontos
importantes da obra por meio de uma atividade motivadora. Para isso, ele dividirá a
29
turma em grupos que receberão algumas falas avulsas retiradas do livro. O grupo
apontará um dos componentes para dramatizar a fala recebida. Os outros grupos
deverão adivinhar de quem é fala e em que situação da narrativa ela foi falada.
Sugestões de falas:
"É... Os únicos decididos são os caçadores. Eu devia ter casado com o
Caçador que matou o Lobo".
(Fala de Chapeuzinho durante a reunião das princesas sobre o
desaparecimento de Feiurinha)
"Até que a sua história é passável, Chapéu. Mas linda mesmo é a minha,
que tem espelho mágico, maçã envenenada, bruxa malvada, anõezinhos e até
caçador generoso".
(Fala de Branca de Neve durante a reunião das princesas sobre o
desaparecimento de Feiurinha)
"Não aguento mais de dor de cabeça! Ai, que dor de cabeça!"
(Fala de Rapunzel durante a reunião das princesas sobre o
desaparecimento de Feiurinha)
"Mas o pior é o ciúme dele. Vive brigando comigo porque diz que eu ando
jogando as tranças pra todo mundo..."
(Fala de Rapunzel durante a reunião das princesas sobre o
desaparecimento de Feiurinha)
"Bem... Está em língua estrangeira. É preciso traduzir primeiro. Mas sem
dúvida é uma pista valiosa".
(Fala do Autor sobre uma possível pista a respeito do desaparecimento de
Feiurinha)
"A história de Feiurinha é dos antigos. Quem me contou, há mais de
sessenta anos atrás, foi minha avó, que também ouviu da avó dela. Era a minha
história preferida, com perdão das princesinhas..."
(Fala de Jerusa no momento em que ia contar a história de Feiurinha, que
ainda não estava nos livros)
É importante o professor ressaltar a necessidade de dramatizar a fala. Os
alunos poderão criar a situação do momento da fala utilizando objetos da sala e/ou
colegas.
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Atividade 2
Como início desta atividade, o professor apresentará aos alunos um vídeo
que mostra cenas da peça "O fantástico mistério de Feiurinha", apresentada pelo
Grupo de teatro 360°.
O livro para ser encenado está disponível para download em:
(http://www.esnips.com/doc/309d6112-3e47-48ac-a3ae-c85f34d216ac/Pedro-
Bandeira---O-fantastico-misterio-de-Feiurinha.pdf)
Recursos Complementares
http://www.youtube.com/watch?v=DNTbCW2hopo
http://www.youtube.com/watch?v=fzAwHq2mfNw
O professor poderá encontrar, nos links acima, trechos do filme "Xuxa e o
fantástico mistério de Feiurinha".
Após a leitura do trecho, o professor deverá pedir aos alunos que
identifiquem as diferenças entre o texto narrativo e o escrito para ser encenado. Na
sequência, solicitará a cada grupo que escreva uma das diferenças encontradas no
quadro de giz. Eles deverão observar diferenças do tipo:
• Descrição do cenário;
• Presença de observações entre parênteses que explicam como a
personagem deve agir ou o que fazer, chamadas de rubricas;
• Substituição do narrador pela própria ação da personagem.
Caso haja condições e tempo, o professor poderá organizar a apresentação
total da peça, com um tempo bem maior para ensaio e organização. Também pode
ser feita a apresentação de alguns trechos selecionados em uma atividade mais
rápida.
UNIDADE IV
QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta fase, o professor poderá pedir aos alunos que estabeleçam relações
com as leituras anteriores e que se posicionem sobre o que foi lido.
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Para isso, serão utilizados textos contemporâneos para comparação das
várias versões de Chapeuzinho Vermelho de diferentes autores como: Chico
Buarque de Holanda, com Chapeuzinho Amarelo, fonte inesgotável para estudos
literários, com destaque para os elementos de psicanálise, além das possibilidades
para estudo da paródia e da paráfrase.
Com esse texto pode-se chamar a atenção para o fato de que o autor
elabora um texto que valoriza a linguagem, produzindo um discurso com sentidos
novos, repleto, portanto, de polissemia. Já, a partir do próprio título, o texto traz a
marca da relação intertextual, dialogando com o conto universalmente consagrado. A
paródia de Chico trabalha com a desconstrução de imagens e o deslocamento de
sentidos.
Propõe-se ainda a identificação das figuras de linguagem mais recorrentes
no conto e a análise de seus significados: onomatopeia, comparação, metáfora,
personificação.
QUEM É CHICO BUARQUE?
Francisco Buarque de Holanda, conhecido como Chico Buarque, nasceu no
Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944. Compositor, intérprete, poeta e escritor,
Chico Buarque é referência obrigatória para qualquer estudioso da Música Popular
Brasileira dos anos 60 até hoje.
Sua participação no cenário musical brasileiro é de grande importância, o
que se deve à requintada melodia e ao alto grau poético apresentados em sua obra.
CHAPEUZINHO AMARELO
Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha.
Tinha medo de trovão.
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Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.
Era a Chapeuzinho Amarelo…
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
33
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.
Finalizando…
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO
Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
"Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!"
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
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Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.
FIM
( Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa…
e todos os tronsmons).
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
A partir da audição e leitura da música Chapeuzinho Amarelo, o professor
poderá propor reflexões como:
1. Qual é o tema da música Chapeuzinho Amarelo?
2. De que mal sofre a personagem principal da história?
3. Como Chapeuzinho Amarelo supera seus temores e inseguranças e
encontra a alegria de viver?
4. As personagens Chapeuzinho Amarelo e Lobo dialogam com qual conto
tradicional?
5. Sabe-se que a cor das roupas das personagens contém uma simbologia
às avessas: o vermelho significa a pureza. E o amarelo?
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6. Na versão antiga de Chapeuzinho Vermelho, o Lobo ocupa a posição de
dominador com sua maldade e agressividade e Chapeuzinho ocupa a posição de
dominada, com suas características de ingenuidade e impotência. E na paródia de
Chico Buarque? Como ficam o Lobo e Chapeuzinho?
7. Você tem muitos medos? Quais? Comente com a turma.
• O cinema também tem suas versões e subversões das histórias
conhecidas. Uma boa opção é apresentar aos alunos o filme de Neil Gaiman “Deu a
louca na Chapeuzinho”, que surpreende os leitores ao mostrar uma Chapeuzinho
totalmente voltada para o mal, fazendo uma paródia dos personagens.
• Depois da exibição do filme, pode-se criar a oportunidade para que os
alunos manifestem suas opiniões, estabelecendo comparações entre as várias
versões trabalhadas.
SINOPSE
A vida na floresta estava tranquila até que um livro de receitas é roubado.
As suspeitas do crime recaem sobre Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau, o
Lenhador e a Vovó, mas cada um deles tem sua versão sobre o ocorrido. Ao
inspetor Nick Pirueta cabe investigar o caso e encontrar a verdade.
FICHA TÉCNICA
• Título original: Deu a louca na Chapeuzinho
• Diretor: Cory Edwards, Todd Edwards, Tony Leech
• Produção: Maurice Kanbar, David Lovegren, Sue Bea Montgomery, Preston
Stutzman
• Roteiro: Cory Edwards, Todd Edwards, Tony Leech
• Gênero: Animação
• Duração: 80 min.
• Ano: 2005
• Cor: Colorido
• Classificação: Livre para todos os públicos
• País:EUA
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UNIDADE V
AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
A INTERTEXTUALIDADE E A INTERDISCIPLINARIDADE
Espera-se, nesta etapa do Método, que se trabalhe uma obra mais exigente
no que se refere ao nível estético e ideológico, para que, ao término do trabalho, os
alunos estejam aptos a trilhar caminhos mais exigentes dentro da literatura. A partir
disso poderão buscar outros textos que atendam seus anseios, num grau de
complexidade crescente tanto de temas como de recursos estéticos.
Neste nível, o texto sugerido é Fita Verde no Cabelo, de Guimarães Rosa,
autor sobre o qual o professor dará algumas informações biobibliográficas, com
vistas a situar os alunos no contexto da obra. A partir da reação dos alunos à leitura,
o professor comentará o estranhamento que causa a linguagem peculiar do autor.
Os temas que poderão ser abordados a partir do conto são: a morte, a
doença, a velhice e outros tantos que surgirão a partir da leitura e discussão da
obra. Na verdade, os Contos de Fada abordam conflitos, medos e anseios, que
muitas pessoas trazem desde a infância e com os quais têm de conviver mesmo na
fase adulta. No conto de Rosa, transparecem alguns desses conflitos humanos.
A temática passa pelo fluxo das fantasias de uma jovem até o momento em
que se defronta com a morte de sua avó, acontecimento que a obriga ao
enfrentamento de seus medos, angústias e solidão.
FITA VERDE NO CABELO
João Guimarães Rosa
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e
velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas
que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma
meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita
inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma
outra e quase igualzinha aldeia. Fita - Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era
uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para
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buscar framboesas.
Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá
lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem peludo. Pois os lenhadores
tinham exterminado o lobo. Então ela, mesma, era quem dizia: "Vou à vovó, com
cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou". A aldeia e
a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das
horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo e
não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-
lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas
borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu
lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto passa por
elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela,
toque, toque, bateu:
_"Quem é?"
_"Sou eu..." - e Fita Verde descansou a voz. - "Sou sua linda netinha, com
cesto e com pote, com a Fita Verde no cabelo, que a mamãe me mandou."
Vai, a avó difícil, disse:
_"Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus a abençoe."
Fita Verde assim fez, e entrou e olhou. A avó estava na cama, rebuçada e
só. Devia, para falar apagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim
defluxo. Dizendo:
_"Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é
tempo."
Mas agora Fita Vede se espantava, além de entristecer-se de ver que
perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com
enorme fome de almoço. Ela perguntou:
_"Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!"
_"É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta..." - a avó
murmurou.
_"Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados".
_"É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta..." - a avó
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suspirou.
_"Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado,
pálido?"
_"É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha..." - a avó
ainda gemeu.
Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou:
_"Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..."
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser
pelo frio, triste e tão repentino corpo.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
1. Quando lemos o Conto de Fadas de Guimarães Rosa, que elementos
nos lembram a história original de Chapeuzinho Vermelho?
2. Em Fita Verde no Cabelo acontece uma mudança na personagem.
Explique que transformação foi essa e por que ocorreu.
3. Será que existe algum ser humano que nunca se assustou ou sentiu
medo na vida? Este sentimento que o homem enfrenta ao longo de seu crescimento
emocional sempre foi e continua sendo um dos temas mais importantes na
Literatura, na Filosofia e na Psicologia.
Mas como se pode definir medo?
Conforme o dicionário Aurélio, medo é um "sentimento de grande
inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça".
Especialmente porque o medo é uma força, uma energia, nós podemos usar essa
força como impulso para algo que queiramos conseguir em nossa vida.
Estamos sempre nos perguntando o porquê das coisas, sua causa, sua
origem, o que já é o início de uma atitude filosófica, uma vez que essas questões se
referem a nossa capacidade de pensar, de conhecer. Portanto, fazemos filosofia
inconscientemente.
Mas não é só de medos que nossa vida é composta; a música também faz
parte de nosso dia a dia. E como faz!
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Quem já ouviu (ou leu) a letra da música parodiada da história de
Chapeuzinho Vermelho?
Então, aqui está um trecho da letra de “Lobo bobo” de Carlos Lyra / Ronaldo
Bôscoli - Cantor - João Gilberto:
(Fonte:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens2.php)
[...]Mas o lobo mau existe
Faz cara de triste
Mas Chapeuzinho ouviu
Os conselhos da vovó
Dizer que não pra lobo
Também faz papel de bobo
Só posso lhe dizer
Chapeuzinho agora traz
Um lobo na coleira
Que não janta nunca mais[...]
(Fonte:http://letras.terra.com.br/joaogilberto/689352/)
Uma informação interessante que pode ser dada é que a composição dessa
música é dos anos sessenta. Assim, notamos que as pessoas participam da
construção de uma sociedade por meio da arte: seja compondo músicas, registrando
os fatos e sentimentos através de pinturas, ou retratando anseios e realidades
humanas pela literatura.
ATIVIDADES
Propõe-se que os alunos pesquisem músicas contemporâneas relacionadas
com letra de Carlos Lira e João Bosco. Por exemplo, a cantora Kelly Key gravou a
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música Cachorrinho, que pode fazer um diálogo intertextual com a música acima.
Caso os alunos descubram mais alguma música, poderão trazer para ouvir com os
colegas.
A literatura é uma produção artística essencial, um instrumento que contribui
para a interação do homem com a realidade. Desse modo, essa arte se constitui em
um dos modos de apropriação do mundo pelo homem, o que é feito com muita
sensibilidade pelos poetas e os escritores. Assim, a arte em geral é entendida como
uma manifestação plena da inteligência humana.
PRODUÇÃO ESCRITA
Após o percurso delineado de reconhecimento e análise do gênero contos
de fadas, os alunos são conduzidos à produção escrita.
Para esta etapa, propõe-se uma atividade em grupo, em forma de uma
oficina para a produção de um conto, que poderá ser uma paródia ou paráfrase.
Em equipe, farão um debate de geração de ideias para a produção. Nessa
relação, o professor terá o papel de motivador, de mediador, inserindo elementos e
provocando ideias.
Após a escrita de sua versão final, o conto será “publicado” num livrinho, que
será lido por colegas da classe, pelos pais e demais alunos, pois será
disponibilizado na biblioteca da escola.
Assim, espera-se que com essas estratégias os objetivos propostos sejam
alcançados.
SUGESTÕES PARA AS PROPOSTAS DE PRODUÇÃO DIRIGIDAS AOS
ALUNOS
Vocês são os autores. Usem a criatividade, tomando como referência
os contos estudados e todas as leituras feitas:
• Planejem o conto: revejam as situações enumeradas por Wladimir
Propp; escolham algumas delas e definam quem vai ser o herói ou a heroína e quem
vai ser o vilão de sua história.
• Planejem como vão escrever seu conto maravilhoso: iniciem pela
expressão Era uma vez... ou outra que conduza a um tempo passado e impreciso. O
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narrador deve ser do tipo observador. Lembrem-se de dizer como são o herói, o
vilão e o lugar em que ocorreram os fatos. Empreguem a língua padrão. Ao terminar,
deem um título sugestivo a seu conto.
• Façam um rascunho e só passem o conto a limpo depois de fazerem
uma revisão cuidadosa seguindo as orientações. Refaçam o texto quantas vezes
forem necessárias.
• Depois dos textos lidos e feitas as correções, é hora de ilustrar o texto.
Para orientá-los, sugerimos aqui algumas opções:
1. Será uma história ocorrida no passado, num tempo impreciso. Nesse
caso, trabalhem com personagens típicas como, por exemplo, princesa, príncipe,
bruxa, fada, animais e objetos que falam, etc.
2. Criem livremente uma história que se passa nos dias atuais. Nesse caso,
trabalhem com outros tipos de personagem, como, por exemplo, um garoto corajoso
e destemido, uma mocinha distraída que adora ler, um cantor de rap, um esqueitista,
uma avó moderna toda tatuada... ou um herói às avessas, isto é, atrapalhado, que
tem medo de baratas, etc. Para ser vilão, escolham uma feiticeira muito má, uma
bruxa moderna, que substitui a vassoura por um jet-ski, etc
3. Em cada lista de palavras abaixo, todas, com exceção de uma, sugerem
uma história conhecida. Essa palavra representa um novo elemento, que quebra, de
propósito, a sequência. Identifiquem a “estranha no ninho”:
• menina – bosque – lobo – avó – helicóptero
• Cinderela – madrasta – príncipe – sapatinho de cristal – chulé
• Bela adormecida – príncipe encantado – conjunto de rock – bruxa boa
• João e Maria – uma casinha de doces – a bruxa – o forno – um pernil
assado
• Pinóquio – os ladrões – um extraterrestre – a baleia – Gepeto
• Aladim – gênio – princesa – lâmpada maravilhosa – Ali Babá e os
quarenta ladrões
• Branca de Neve - príncipe – sete anões - madrasta - baile
Agora, escolham uma lista e reinventem a história, incluindo nos
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acontecimentos o elemento novo correspondente à palavra que destoa das outras.
Escolham quem será o herói e quem fará o papel de vilão. Comecem o conto
fazendo o herói ser vítima de uma armadilha planejada pelo vilão, ou o contrário. Se
quiserem, deem ao herói ( ou ao vilão ) poderes mágicos. Procurem criar um final
inesperado, se possível engraçado.
4. Invertam os papéis das personagens e escrevam uma história ao
contrário:
• A Cinderela é tão má e desobediente que deixa a madrasta
enlouquecida: não ajuda em casa, vai mal na escola e ainda tenta roubar os
namorados das irmãs.
• Branca de Neve é feia e tem uma raiva danada da rainha por ser tão
bela e bondosa. Não ouve seus conselhos e fez amizade com uma turma da
pesada.
• A Bela Adormecida acha que dormir é a chave para ser sempre bela e
jovem. Então, em qualquer cantinho e a qualquer hora, ela dorme... dorme...
dorme...
• João e Maria não têm coração: abandonaram os pais, velhinhos e sem
força para trabalhar, numa rua movimentada de uma grande cidade.
Com seus colegas de grupo, escolham uma dessas “inversões” ou invertam
os papéis de outro conto que quiserem e escrevam um conto de fadas.
Professor(a):
Sugere-se fixar na sala de aula um cartaz com as orientações para que o
aluno avalie a sua produção.
AVALIE SEU CONTO MARAVILHOSO
Observem se os fatos apresentados acontecem no passado, num tempo
impreciso; se o narrador é observador; se as ações do herói e do vilão estão de
acordo com as características que eles apresentam; se o conto se inicia por uma
falta e se essa falta é resolvida; se a linguagem empregada está adequada aos
leitores e ao gênero textual; e, finalmente, se a história contém um ensinamento. O
atendimento a todos esses requisitos significa que vocês atingiram plenamente os
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objetivos da proposta.
(O professor poderá criar um escala numérica para a autoavaliação dos
alunos, atribuindo uma pontuação para cada requisito listado.)
Orientações metodológicas
A proposta assumida para desenvolver as habilidades de leitura, vincula-se
ao Método Recepcional, de Aguiar e Bordini (1993), baseado na teoria de Hans
Robert Jauss, conforme o exposto em sua Estética da Recepção. Propõe- se, de
modo gradativo, motivacional e receptivo, levar os alunos a apreciar diferentes
leituras, visando a torná-los leitores proficientes, estética e criticamente.
Segundo expõem Aguiar e Bordini (op. cit, p. 28), a experiência literária do
leitor interfere no horizonte de expectativas de sua vida prática, no seu
conhecimento de mundo, com reflexos em seu comportamento social. Com esses
pressupostos, o Método tem como finalidade uma leitura crítica e um
questionamento diante dos novos textos, cuja leitura permite a transformação dos
horizontes do leitor, na medida em que seus conhecimentos são ampliados e ele se
coloca como sujeito histórico.
A partir dos interesses imediatos dos alunos, apresentam-se textos de maior
profundidade, para a ampliação de seu universo cultural, de forma dinâmica, no
trânsito entre o familiar e o novo, o próximo e o distante no tempo e no espaço,
rompendo a acomodação e exigindo uma postura reflexiva e crítica em relação à
existência. Em tal perspectiva, o leitor é visto como coautor, uma vez que será
estimulado a dar sentido ao que lê, por meio da sua imaginação, experiência
pessoal e vivência com outros textos.
Na visão segundo a qual pretendemos nos orientar para a implementação, o
leitor mergulha no mundo da imaginação, de maneira organizada e com
compromisso de seguir as pistas deixadas pelo narrador. Assim, a leitura simula
conflitos do mundo e tenta restaurar o equilíbrio da existência.
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REFERÊNCIAS
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AZEREDO, Cristina Soares. Língua Portuguesa – Projeto ECO. 1ª ed. Curitiba: Editora Positivo, 2009. p. 101 – 102.
BANDEIRA Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha. São Paulo, FTD, 1993.
BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. Il. Ziraldo. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2006.
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens 5ª série / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 4 ed. São Paulo: Atual, 2006.
CHARLES, Perrault. O Chapeuzinho Vermelho. Porto Alegre: Ed. Kuarup, 1987.
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008
NATALI, Adriana. O apagão da leitura. Revista Língua, São Paulo, ano 8, n. 83, p. 40 – 45, Setembro de 2012.
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PORTAL Educacional do Paraná. Dia-a-dia-educação – Educadores – Sítio de Língua Portuguesa – Contos de fadas, folclore, lendas e mitos. Acesso em 20/09/2012
PROPP, Vladimir. Morfologia do Conto. Editora: CopyMarket.com, 2001.
ROSA, Guimarães. Fita verde no cabelo. Disponível em <WWW.recantodasletras.com.br/poesias/1357155. Acesso em 03/06/12,18h10min.
SOLÉ, Izabel. Estratégias de Leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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