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Coleção “Os pensadores” (Malinowski). “Características essenciais do Kula”. “Os nativos das ilhas Trobriand”. São Paulo, Abril Cultural, 1978. João Paulo Cardoso dos Santos 1 Tema: Funcionamento da transação dos objetos e a relação de parceria Kula. Palavras-chaves: Kula; Intertribal; Parceiro; Circulação; Caráter temporário. O kula se firma em uma parceria de cada tribo que acaba sendo interdependente de outra tribo, em outras palavras, as necessidades são supridas, o que uma comunidade necessita, a outra dá e recebe em troca algo que também necessita na sua. Todo esse mecanismo é indispensável à economia desse círculo fechado e gerando créditos entre os parceiros através de grau de confiança, honra e moral. O Kula é uma forma de troca de caráter tribal ocorre em comunidades que se dispõem alinhadas formando um círculo fechado, nesse círculo acontece a circulação de dois artigos passados em sentidos opostos e que não voltam ao sentindo de onde passou até completar o movimento completo. Neste período aparece mais claramente o caráter temporário do kula, que ao mesmo tempo tem um caráter de status, sob efeito de má reputação caso se passe muito tempo com o objeto. O Kula, como já mencionado, é uma troca praticada por comunidades que se dispõem em uma linha circular, essa troca é feita por um restrito número de homens dessas comunidades, que trocam entre si e são denominados parceiros, estes que variam com mais ou menos parceiros de acordo com a posição social do indivíduo, cada um recebe um soulava ou mwali retém por um tempo e depois passa para outro parceiro seu artigo e recebe o artigo oposto em troca. Os parceiros se tratam como amigos trocam, além dos artigos do próprio kula, presentes, possuem deveres e obrigações mútuas que variam conforme a distância entre suas aldeias e status de cada um deles. Isto se dá pelas condições encontradas pelos indivíduos envolvidos no kula durante as viagens, dar-se-á desde modo uma relação que acaba por perpassar o vínculo estreito da troca. A definição do kula como uma espécie de comercio exposta no início do texto passa a ser questionada, pois existe na instituição Kula o mesmo modo histórico que se dá a qualquer outro elemento de valor no mundo, se diferenciando em seu caráter

Fichamento do texto 3

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Page 1: Fichamento do texto 3

Coleção “Os pensadores” (Malinowski). “Características essenciais do Kula”. “Os

nativos das ilhas Trobriand”. São Paulo, Abril Cultural, 1978.

João Paulo Cardoso dos Santos1

Tema: Funcionamento da transação dos objetos e a relação de parceria Kula.

Palavras-chaves: Kula; Intertribal; Parceiro; Circulação; Caráter temporário.

O kula se firma em uma parceria de cada tribo que acaba sendo

interdependente de outra tribo, em outras palavras, as necessidades são supridas, o

que uma comunidade necessita, a outra dá e recebe em troca algo que também

necessita na sua. Todo esse mecanismo é indispensável à economia desse círculo

fechado e gerando créditos entre os parceiros através de grau de confiança, honra e

moral.

O Kula é uma forma de troca de caráter tribal ocorre em comunidades que se

dispõem alinhadas formando um círculo fechado, nesse círculo acontece a circulação

de dois artigos passados em sentidos opostos e que não voltam ao sentindo de onde

passou até completar o movimento completo. Neste período aparece mais claramente

o caráter temporário do kula, que ao mesmo tempo tem um caráter de status, sob

efeito de má reputação caso se passe muito tempo com o objeto.

O Kula, como já mencionado, é uma troca praticada por comunidades que se

dispõem em uma linha circular, essa troca é feita por um restrito número de homens

dessas comunidades, que trocam entre si e são denominados parceiros, estes que

variam com mais ou menos parceiros de acordo com a posição social do indivíduo,

cada um recebe um soulava ou mwali retém por um tempo e depois passa para outro

parceiro seu artigo e recebe o artigo oposto em troca.

Os parceiros se tratam como amigos trocam, além dos artigos do próprio kula,

presentes, possuem deveres e obrigações mútuas que variam conforme a distância

entre suas aldeias e status de cada um deles. Isto se dá pelas condições encontradas

pelos indivíduos envolvidos no kula durante as viagens, dar-se-á desde modo uma

relação que acaba por perpassar o vínculo estreito da troca.

A definição do kula como uma espécie de comercio exposta no início do texto

passa a ser questionada, pois existe na instituição Kula o mesmo modo histórico que

se dá a qualquer outro elemento de valor no mundo, se diferenciando em seu caráter

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que se agrega valor com sua circulação e não com sua permanência. Não existe,

portanto, controvérsias sobre essa afirmação se adotarmos à palavra comércio uma

definição significando qualquer tipo de troca de mercadorias.

Existem dois princípios importantes sobre o kula:

é um presente que é retribuído com outro presente equivalente após um período de

tempo. Ou seja, um nativo que oferece a seu parceiro um objeto de determinado valor,

deve receber em troca um objeto de valor igual. Se caso o parceiro não receber um

objeto de valor equivalente ao oferecido, ele ficará decepcionado, mas não poderá

utilizar meios diretos nem finalizar transações com seu parceiro, para obter

compensação. O doador é o responsável pela equivalência do contra presente que

vai oferecer em troca.

Quando um nativo recebe um presente recebe um presente, ele avalia qual

contra presente equivale ao objeto recebido. Existe um aspecto importante entre os

parceiros do kula, a generosidade. Para eles a generosidade constitui um sinal de

riqueza e é tido como essência da bondade.

O autor descreve algumas atividades secundárias, alertando o kula como

atividade principal.

As atividades secundárias estão relacionadas com a construção de canoas, a

reparação do equipamento, o aprovisionamento da expedição, o estabelecimento das

datas e a organização social do empreendimento.

Conceitos:

- sentimentalismo histórico: é a agregação de valor que o objeto do Kula retém com

sua circulação, desta maneira seu historicismo o coloca numa situação autônoma com

relação ao contexto na qual se insere.

- cerimonias: movimentos regidos por regras ancestrais adicionais acompanhados de

ritos e magia, transformando o objeto em um símbolo de autonomia com relação as

pessoas que participam do movimento.

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- circulação: conecta um grande número de tribos e compreende em admirável

conjunto de atividades inter-relacionadas e interdependentes de maneira a

desenvolver um todo orgânico.

O texto se apresentou de leitura um pouco mais difícil, principalmente no que

se refere a interpretação o sentido principal do que o mesmo trata. Entretanto é muito

claro o diálogo que este estabelece com os dois textos iniciais, logo serviu como

orientador para o desenvolvimento da leitura e maior assimilação do que o autor se

propôs a tratar este capítulo.