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assine: (19) 3233-55962 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Junho 2010

Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. EditorialJornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)Projeto Gráfico Fernanda Berquó SpinaRevisão Zilda NascimentoAdministração e Comércio Elizabeth Cristina S. SilvaApoio Cultural Braga Produtos AdesivosImpressão Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

ASSINATURASAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE [email protected] (19) 3233-5596

FALE CONOSCO ON-LINE

CADASTRE-SE NO MSNE ADICIONE O NOSSO ENDEREÇO:

[email protected]

SUmáRIO

26 COm TOdAS AS LETRASCOMPARAÇãO ADMITE “qUE” E “DO qUE”

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 ChICOCARTAS ESCRITAS COM LágRIMAS

Não devemos desagradar a ninguém

14 CAPAANáLISE DA MEDIUNIDADE

7 hISTóRIACRISTO E CéSAR

Vida espiritual e vida material

24 REFLExãOUM ABRAÇO EM NOME DE DEUS FAZ MARAVILhAS

Dr. Bezerra de Menezes

8 CIêNCIACONTRIBUIÇãO AO PENSAMENTO ESPÍRITA

Explicação dos fenômenos mediúnicos

23 mENSAGEmCUIDADOS AO FALAR

Os ouvidos estão sempre abertos

20 ESCLARECImENTOCOMEMOS PARA VIVER OU VIVEMOS PARA COMER?

Distúrbios alimentares

10 ENSINAmENTOO PASSE

Suas origens, aplicações e efeitos

12 dIáLOGODIáLOgO COM DIVALDO

Assuntos importantes

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

TEIXEIRA, J. Raul. Vozes do Infinito. Págs. 103 – 105. Fráter. 1991.

EdITORIAL

Entendimento Espírita

As bases da Doutrina Espírita estão lançadas desde muito tempo. Trata-se de um bloco alicerçado na mais lúcida lógica, capaz de enfrentar os mais argutos raciocínios, quanto facear as mais importantes teorias filosóficas, atalhava o nobre pregador, Nobélio, enquanto numa conversação singela, junto a alguns interessados amigos.

- Mas, Nobélio, questiona um deles, sempre ouvi dizer que o Espiritismo é uma textura que se assenta, que se acha encravado na história humana: sendo, assim de todos os tempos.., o que você me diz disso?

- O incansável lidador lembrou que é necessário estabelecer a distinção entre o fenômeno envolvendo Espíritos, o que se pode, sem erro nomear de fenômeno espírita, e o que conhecemos como Doutrina Espírita. Esta última constitui-se do conjunto de ensinos pelos Imortais e coligidos pelo notável Allan Kardec. Os fenômenos existem desde todos os tempos do homem; como assinala o Codificador, fazem parte, os fenômenos espíritas, do contexto dos episódios do mundo, e estão na ordem mesma das coisas.

Entretanto, outro atalhou: - Caro amigo, creio ter compreendido teus arrazoados, que

me atendem à curiosidade, quanto a essa questão. Porém, gos-taria que te posicionasses com relação ao surgimento da idéia dos Espíritos...

- Ora, Silvério, a idéia da existência espiritual e da sua so-brevivência ao transe da morte, se encontra no seio das massas e grupos humanos, desde as mais prístinas épocas. Desde as tribos ou bandos das idades da pedra até aos sílvicolas, os Espíritos se mostravam, no anseio de estabelecer contatos com os que aqui continuavam. Da tribo aos templos, pagodes, mesquitas e catedrais, as cogitações sobre a alma se alteiam nas crenças, pelo fato de ela representar incontestável verdade, sendo percebida e ouvida, por meio de pajés, richis, magos, hierofantes, profetas e sacerdotes, anunciando essa outra dimensão que nos aguarda, além. Ninguém inventou os Espíritos, tampouco engendrou fenômenos parapsíquicos. Eles, sim, os seres desencarnados é que transformaram, gradativamente a mentalidade da Terra, impulsionando a todos à crença nos contatos dos homens com os mortos e vice-versa. Como você vê, há muita profundidade a examinar-se nas ocorrências fenomênicas.

Os companheiros mostravam-se maravilhados com Nobélio, pela clareza e simpatia com que respondia as perguntas a ele propostas. Percebiam que eram luzes que passavam a brilhar em suas mentes. Sérgio Paulo, contudo, que até então mostrara-se silente, embora atento, questionou:

- Nobre irmão, sinto o quanto deixei de saber durante muito tempo, de certo modo acomodado às banalidades que as supers-

tições alimentam. Entretanto, como nunca é tarde para que se aprenda ou retifique posições de omissão ou de imatura negação, anelo por saber o seguinte: O Espiritismo é ciência, filosofia ou representa a mensagem da religião entre nós?

- A sua pergunta, caro Sérgio, faz-me entusiasmado e emocio-nado, só por entender que a nossa grandiosa Doutrina Espírita, compõe-se da trilogia, por muitos negada, sem que perca as suas características próprias.

O Espiritismo é uma ciência que se ocupa da origem, da natureza e da destinação dos Espíritos, cuidando, ainda, do intercâmbio desses Espíritos com os encarnados, como expres-sou-se Allan Kardec, definindo a novel Doutrina.

É Ciência porque traz o conhecimento, porque investiga, porque se estriba numa metodização digna das ciências oficiais, uma vez que Kardec, como cientista, assim conseguiu ajustá-la.

Filosofia, uma vez que busca a sabedoria, que se acha por trás dos fatos e lances da existência, numa linha reflexiva, ama-durecida e razoável.

Mas, além desses elementos, faz-se a excelente Religião, por propiciar aos homens nisso interessados, unir a filosofia e a ciência, a fim de que cresçam para Deus.

A ciência, apenas, é fria, perdendo-se sobre cálculos abstratos, intermináveis e inúteis à felicidade humana.

A filosofia somente devaneia envolta em imponderáveis cismares, incapazes de promover a paz do homem.

Contudo, baseando-se a fé, na ciência e na filosofia torna- se elemento de ligação entre os seres humanos e o Pai Criador, de modo lúcido, objetivamente.

Enaltecendo Deus como a Suprema Inteligência e apresen-tando Jesus por Modelo e Guia da Humanidade, bem como guardando as leis morais como roteiro de vida, a Doutrina Espí-rita se tranforma no eminente impulso para Deus, faz-se Religião do homem total, sem atavios e usanças não compatíveis com as idéias de liberdade, de livre exame, que a engrandecida Doutrina Espírita estabelece, confortando e orientando, iluminando e sublimando os sentimentos da criatura, a fim de que, logo mais, raie a nova fase de amor e progressos para a Terra.

Após os olhares emocionados de todos, os abraços cálidos selaram o afável encontro para o entendimento entre os amigos, destacando as responsabilidades a se firmarem sobre os ombros de quem conhece o bem e hesita em aplicá-lo, por comodismo ou má vontade.

por J. Raul Teixeira

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010ChICO

Cartas Escritas com Lágrimas - não devemos desagradar a ninguémpor Suely Caldas Schubert

Chico escreve mais de cinqüenta cartas confidenciais

23-11-1944

“(...) O que me dizes, referentemente à atitude de certos confrades que des-cambam para o terreno das provocações declaradas, é a cópia do que sinto tam-bém. É muito triste vermos companhei-ros, com tantas expressões de cultura evangélica, arvorarem-se em lutadores e combatentes sem educação. Logo que houve o agravo da sentença (caso H. Campos), observando a agressividade de muitos, escrevi mais de cinqüenta cartas privadas e confidenciais aos ami-gos da doutrina, com responsabilidade na imprensa espiritista, rogando a eles me ajudarem, por amor de Jesus, com

o silêncio e a prece e não com defesas precipitadas e, confesso-te, que algumas dessas cartas foram escritas com lágri-mas por mim, tal a desorientação de certos amigos que facilmente se trans-formam em provocadores e ironistas, esquecendo os mais comezinhos deveres cristãos. (...)”

O que nos impressiona neste tex-to é, sobretudo, a sua atualidade.

Chico Xavier escreve-o sob o guante de sofrimento advindo das perseguições. Mas não especialmen-te das perseguições que lhe moviam os familiares de Humberto de Campos. Ele não padecia tanto pelo ataque que lhe vinha de fora, do exterior, mas, sim, pelas agressões de dentro do nosso próprio meio a irmãos que o não compreendiam.

Tanto ele quanto Wantuil de Freitas estavam entristecidos por constatarem que muitos compa-

nheiros, com expressiva cultura evangélica, se transformaram em verdadeiros combatentes até sem educação. Diante de tanta agressi-vidade, diante de tantos confrades que tomaram iniciativa precipitada de defendê-lo, Chico escreve mais de cinqüenta cartas confidenciais

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA ChICO

Toda a sua defesa é Jesus. É nele que encontra o exemplo a ser seguido, para o Mestre Divino que volve o seu olhar confiante

a amigos com tarefas na imprensa espírita, rogando-lhes em nome de Jesus que o ajudem, sim, mas com o silêncio e a prece.

Tal é a sua preocupação, que muitas dessas cartas são “escritas com lágrimas”.

Imaginemos a serenidade de Chico Xavier ante o problema que se agrava e imaginemo-lo a

escudar-se na prece e no trabalho, firme na sua fé, seguro no seu teste-munho. Imenso é, portanto, o seu sofrimento ao verificar que vários companheiros, não entendendo o significado daquela hora e muito menos as suas condições espiritu-ais para superá-lo, se arvoram em seus defensores, agindo, porém, de maneira totalmente oposta à

atitude que ele, Chico, assumira. Atitude esta plenamente coerente com a de Wantuil e, vale dizer, de toda a FEB.

Nesse episódio, Chico Xavier sente, por extensão, a dor de ver que a mensagem do Cristo não havia sido assimilada por esses irmãos. Que se transformaram, sem o senti-rem, em fomentadores da discórdia e em instrumentos das trevas.

Que magistral lição ressuma dessa passagem da vida de Chico Xavier!

Atacado injustamente, não revida.

Ofendido, silencia. Caluniado, recolhe-se à oração. Jogado à opinião pública de todo

o País, aguarda serenamente o resul-tado do julgamento dos homens, sabendo de antemão que, qualquer fosse ele, estaria em paz com a sua consciência, na certeza de ter cum-prido fielmente o seu dever.

Toda a sua defesa é Jesus. É nele que encontra o exemplo a ser seguido, para o Mestre Divino que volve o seu olhar confiante. E enquanto se abriga nesse Imenso Amor, Chico é surpreendido com a reação nada cristã e nada espírita de muitos confrades.

Num relance percebe não ape-nas essa conduta incoerente com os princípios que dizem esposar, mas, principalmente, a estratégia dos planos inferiores a se armar, sub-repticiamente, infiltrando-se sutil e usando como pretexto a necessida-de de defesa de Chico Xavier.

“Como sabes, meu caro Wantuil, nem todas as publicações poderiam ser corretas, no caso escandaloso, e nem todos os jornalistas me pro-

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010ChICO

curaram com boas intenções. Mas como sabes também, e conforme assevera o nosso Emmanuel, “na tarefa mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém”. Minha situação era muito delicada e mes-mo assim não faltaram inúmeros confrades que me escreveram cartas impiedosas e irônicas, quando liam reportagens em desacordo com a verdade dos fatos, como se eu de-vesse controlar todos os jornais que escreveram sobre o acontecimento. Alguns me perguntaram acremente se eu não estava obsediado e se já não havia enlouquecido. (...) Con-tinuemos, meu amigo, em nossos

trabalhos, edificados na consciência tranqüila.”

Cremos que a maioria dos com-panheiros de nosso movimento serão tomados pela mesma perple-xidade que nos acometeu ao lermos essas cartas e constatamos que exis-tem irmãos nossos, isto é, pessoas que se dizem espíritas, capazes de, com toda tranqüilidade, escreverem uma carta a alguém de maneira impiedosa e irônica. E mais: de se dirigirem a Chico Xavier ofenden-do-o, pedindo-lhe contas de seus atos, transformando-se em juízes

descaridosos e frios, como se lhes coubesse esse direito em relação a outro ser humano.

É triste verificarmos o quanto ainda somos pouco cristãos. Não assimilamos quase nada dos ensina-mentos do Cristo. É o caso de nos perguntarmos: Onde está o Evange-lho em nós? E da Doutrina Espírita o que apreendemos, assimilamos e incorporamos à nossa vivência?

A lição do Mestre prossegue ecoando ao longo dos tempos para aqueles que têm uvidos de ouvir: “Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados.”

Mas, Chico nem sequer mencio-na nomes. Poderia tê-lo feito, pois

escreve a um amigo do seu coração. Não acusa, todavia, a ninguém. Não faz referências desairosas. Apenas explica a Wantuil que muitas pu-blicações não são corretas e que alguns jornalistas não o procuram com boas intenções. Chico quer que Wantuil esteja a par da verdade. Interessa-lhe que o amigo saiba do que ocorre. Não se preocupa em divulgar a realidade ou esclarecer os demais. Permanece, como sempre faz, em sua extraordinária vivência evangélica.

De suas palavras neste trecho, reponta a frase de Emmanuel: “na

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 32 - 36. Feb. 1998.

tarefa mediúnica, não podemos agradar a todos, mas não devemos desagradar a ninguém.” Realmente, com paciência apostolar Chico tem procurado seguir este conselho, do-ando constantemente o melhor de si mesmo. As pessoas, entretanto, em sua maior parte, não se conten-tam com o que recebem. Querem sempre mais. Estão sempre exigindo e cobrando. E especialmente dos médiuns.

Bem poucos têm uma noção correta do que seja a tarefa medi-única. Crêem que o médium tem consigo a fórmula mágica que re-solve problemas, afasta dissabores e, sobretudo, que suas mãos guardam o segredo do milagre capaz de curar e cicatrizar males e feridas do corpo e da alma.

Chico Xavier dá-nos os parâ-metros do que seja a vivência da mediunidade com Jesus, plena e integral. Ele não é espírita apenas quando está no Centro ou cercado pela multidão. Ele não é médium somente nos horários restritos das reuniões. A sós ou junto do povo, no seu lar ou no Centro, ele é sem-pre o espírita e o médium que vive e exemplifica o que escreve e fala.

Com a simplicidade que lhe é característica, transmite a Wantuil a “fórmula milagrosa” para superar a tantas dificuldades: “Continuemos, meu amigo, em nossos trabalhos, edificados na consciência tranqüi-la.”

A lição do Mestre prossegue ecoando ao longo dos tempos para aqueles que têm uvidos de ouvir: “Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados”

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA hISTóRIA

Cristo e Césarpor Cairbar Schutel / Waldo Vieira

A Doutrina dos Espíritos veio ensinar um novo caminho para que a

vida terrestre ofereça mais ampla criação de valores espirituais para a Vida Maior.

Se antes, desconhecendo-a, os homens conseguiam avançar razoa-velmente, lidando, afanosos, em todo o período da existência, em prol da evolução de si mesmos, atra-vés de esforço físico contínuo em determinado setor dos interesses de César, hoje, conscientes dos princí-pios espíritas, é possível produzirdes muito mais para as vossas almas e para a Humanidade, através do esforço contínuo em determinado setor dos interesses do Cristo, sem detrimento dos deveres comuns.

A renascença moral dentro da própria alma é o movimento mais importante para a criatura.

Sem fantasias ou superstições tendentes ao fanatismo cego, não mais vale para o espírita deixar-se absorver inteiramente por um em-prego humano, por uma profissão digna, por uma posição social ou por uma liderança de vantagens terra -a-terra conquanto respeitáveis. Acima de quaisquer circunstâncias transitárias entre os homens, pre-valece para ele a inadiável necessi-dade de melhorar-se, intimamente, atento à vida real que o espera no futuro.

O espírita não menosprezará a execução de suas obrigações na sociedade, perante o reduto domés-tico e à frente das lides profissionais, que aceitará naturalmente como graves pontos de honra, tanto quanto não esbanjará talentos e responsabilidades que lhe foram situados nas mãos; entretanto, não se desgastará consumindo saúde, inteligência, tempo, oportunidades e recursos outros exclusivamente nisso; alcançará a visão para o mais alto, buscará elevados objetivos mais além, demandará, com todas as suas

forças, a edificação da fraternidade legítima, onde estiver.

Novas conquistas da Ciência ou alterações de regimes políticos não lhe modificarão a atitude; isso por saber que, se os governos humanos são temporários, o governo divino é imorredouro, e que, se toda pai-sagem propriamente humana se es-fuma, a vida espiritual continua em renovação e ascensão permanentes.

Eis aí porque a voz da Espiri-tualidade Superior encarece, dia a dia, o imperativo da vigilância e da disciplina cristãs.

Viver como já vivemos outras vi-das ou à maneira daqueles que ainda ignoram a verdade, será sempre fácil; somos convocados a uma experiên-cia diversa e positivamente difícil, que conserva, no entanto, em si mesma, a substância da felicidade.

Manejando embora os instru-mentos de ação que o mundo lhe confia, o espírita é chamado a viver com o Cristo, pelo Cristo e por Cris-to, no roteiro do amor puro.

Relembremos que Jesus nos recomendou: — “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, sem qualquer indicação de que devamos dar a César mais do que o lícito e necessário.

Portanto, espíritas irmãos, do-emos a César, personificado nas exigências passageiras do mundo, o respeito e a colaboração digna a que estamos debitados pela própria Na-tureza, mas, sob qualquer roupagem exterior com que nos caracterize, saibamos viver para o Cristo, a fim de que estejamos efetivamente na construção do Reino de Deus.

Fonte:

VIEIRA, Waldo. Seareiros da Volta. Págs. 70

– 72. Feb. 1966.

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010CIêNCIA

Contribuição ao PensamentoEspíritapor Prof. Dr. Nubor Orlando Facure

André Luiz aponta a sintonia, o condicionamento, a aceitação e a sugestão como indispensáveis ao fenômeno mediúnico

1 – Ao descrever as fun-ções da pineal, a partir do plano espiritual, André

Luiz (pelo médium Chico Xavier) revela-nos outro paradigma fisio-lógico. Para mim, esse modelo de interação, descrito por André Luiz, introduz uma nova compreensão dos fenômenos de ação da mente sobre o cérebro.

2 - Sugeri o nome de “fenôme-nos espírito-somáticos” a um grupo de fenômenos onde a atuação do fluido mental (derivado do “fluido cósmico universal” , segundo Allan Kardec) tem papel preponderante, com particularidades que estão muito acima das limitações, por exemplo, dos neurotransmissores.

3 – Organismos inferiores, como uma bactéria, não precisam “renascer” bactérias. Seu material genético “espiritual” pode ser in-corporado a outros seres vivos mais ou menos complexos. Afinal, nosso corpo físico transita carregando em suas vísceras trilhões de microorga-nismos.

4 – Creio que os centros de for-ças (chacras) atuariam no cérebro através de vias anatômicas (feixes

nervosos) que os neurologistas chamam de “sistemas difusos” de atividade cerebral.

O chacra cerebral de localização frontal estaria ligado ao sistema dopaminérgico. O chacra coroná-rio ao sistema endócrino pineal e o eixo hipotálamo-hipofisário (hormônios). Os chacras plexuais

(laríngeo, gástrico, esplênico, ge-nésico) estariam ligados ao sistema nervoso autônomo (acetilcolina e nor-adrenalina).

5 – Para mim, a mediunidade é um automatismo cerebral comple-xo, com a participação orquestrada de duas mentes interdependentes. Os núcleos da base e o lobo frontal seriam as principais áreas desses automatismos.

6 – André Luiz aponta a sinto-nia, o condicionamento, a aceitação

e a sugestão como indispensáveis ao fenômeno mediúnico. Eu incluiria o aprendizado. Todo automatismo passa antes por um treinamento.

7 – Nos médiuns pintores o aprendizado cria, nos centros de automatismo cerebral (núcleos da base e região pré-frontal), um pro-

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA CIêNCIA

Fonte:

O autor, Dr. Nubor Orlando Facure, espírita

desde criança, especialista em Neurologia,

diretor do Instituto do Cérebro de Campi-

nas, ex-professor titular de Neurocirurgia da

UNICAMP, pesquisador, escritor e expositor

espírita, é colaborador desta Revista.

grama específico para a capacidade de pintar. O Espírito pintor traz pronta a tela que é resgatada para o plano físico dentro deste programa automático. Como o power-point resgata as imagens da nossa câmara fotográfica.

No que concerne à mistura das tintas e sua expressão na tela, deve ocorrer um fenômeno tipo mediuni-dade de “efeitos físicos”que obriga a tinta a “obedecer” as misturas que a mente do pintor determinou.

8 - Diversas situações clínicas, como a histeria, a hipnose, a nar-

colepsia, o membro fantasma, a anorexia nervosa, podem expressar a existência de um “corpo mental” que obedece a uma fisiologia distinta da que ocorre com corpo físico.

9 – Na literatura, a definição de mente costuma ser complexa, discordante e contraditória. Fre-quentemente é interpretada como sendo a própria consciência. André Luiz tem a mente como sinônimo de Espírito.

Para mim, consciência é uma pro-priedade da mente que nos permite identificar e interagir com o meio in-terno e externo que nos atinge. Essa propriedade vai se constituindo com a progressão da evolução dos seres vivos. Assim como um elemento sim-

ples, como o oxigênio ou o carbono, tem determinadas propriedades, es-ses mesmos elementos, à medida que se combinam compondo substâncias cada vez mais complexas, como, por exemplo, proteínas, se enriquecem com outro padrão de propriedades. A consciência implica, então, na aquisição de uma organização mais ampla e complexa de um mesmo elemento.

10 – Nossas memórias são eternas. No mundo físico, aprendemos que “nada se perde, tudo se transforma”. No mundo mental, pensamentos e

idéias vibram para sempre.

11 – André Luiz ensina que o Espírito produz o pensamento e o transfere ao cérebro físico atuando sobre os corpúsculos de Nissl. A neurologia esclarece que esses cor-púsculos correspondem ao retículo endoplasmático rugoso, que está encarregado de transcrever protei-nas que participam da membrana celular e enzimas que participam da química dos neurotransmissores. Parece, então, que podemos sugerir que o próprio Espírito tem em suas mãos o poder de construir o tipo de neurônio que lhe convém.

12 – A reencarnação não se processa numa trajetória linear.

As idéias de “vidas sussessivas e o progresso constante do átomo ao arcanjo” parecem sugerirem isso.

Assim como ocorre em qualquer organismo vivo, onde, do ponto de vista material, o que interessa é levar adiante os seus genes para o “Prin-cípio Espiritual”, o que interessa é ocupar um corpo qualquer, para viver. O próprio material genético já conquistado não nos deixaria retro-ceder. As aquisições são progressivas. Aptidões, habilidades, instintos e conhecimento estão aprimorando genes. A trajetória que eles vão se-guir é ascendente, mas seguramente tortuosa.

13 – Acreditamos haver no cére-bro a “via do bem estar”, da mesma maneira que existe o circuito do estresse que nos faz reagir diante das agressões físicas ou psicológicas. Numa situação de perigo o cérebro põe todo um sistema de alerta que nos favorece a luta ou a fuga ime-diata. Esse processo mediado por cortisol e adrenalina é altamente destrutivo para o organismo.

A reação de bem estar que esta-mos propondo incluiria a pineal e centros talâmicos como o núcleo accunbens ligado à sensação de recompensa. Os mediadores quí-micos seriam a melatonina e a dopamina.

No mundo físico, aprendemos que “nada se perde, tudo se transforma”. No mundo mental, pensamentos e idéias vibram para sempre.

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010ENSINAmENTO

Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria

O passe espírita é sim-plesmente a imposi-ção das mãos, usada

e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e

divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer. Desde as origens da vida humana na terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanha-dos de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo (resíduo do rito do barro), a mistura de saliva e terra para aplicação no doente. No próprio Evangelho vemos a

descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas entre quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas

influência de costumes religiosos da época. Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo. Essas incoerên-cias históricas, como advertiu Kar-dec, não podem provir dele, mas dos evangelistas; caso contrário, Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.

O passe espírita não comporta

as encenações e gesticulações em que hoje se envolveram alguns teóricos improvisados, geralmen-te ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas, de um passado já há muito superado. Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas à prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.

As encenações preparatórias: mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de f lui-dos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente,

O PasseSuas origens, aplicações e efeitos

por J. herculano Pires

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos f luidos, e assim por diante, só serve para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas pilhas mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, as correntes de mãos dadas ou de dedos se to-cando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que

resíduos do mesmerismo do sécu-lo passado, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.

Todas essas tolices decorrem essencialmente do apego humano às formas de atividades materiais. Julgamo-nos capazes de fazer o que não nos cabe fazer. Queremos dirigir, orientar os fluidos espiri-tuais como se fossem correntes elétricas e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós.

O passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficien-temente humilde para compreen-der que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário. Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles? Muitas vezes os Espíritos recomendam que não se façam movimentos com as mãos e os braços para não atrapalhar os passes. Ou confiamos na ação dos Espíritos ou não confiamos, e neste caso é melhor não os incomodarmos com os nossos pedidos.

O passe espírita é prece, con-centração e doação. Quem re-conhece que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual.

Ou confiamos na ação dos Espíritos ou não confiamos, e neste caso é melhor não os incomodarmos com os nossos pedidos.

Fonte:

PIRES, J. Herculano. Obsessão, o passe, a

doutrinação. Pág. 41-44. 8ª Ed. Paideia. São

Paulo/SP. 2002.

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010dIáLOGO

Diálogo com

Divaldo

1.1 - Importância do Espiritismo

Antonio Schiliró: Bom-dia, caros compa-nheiros. A primeira pergunta que faremos ao nosso querido divaldo é a seguinte: se-gundo o Codificador, o Espiritismo possui o importante papel de resolver e reformar o mundo. Como ele fará isso?

Divaldo: Meus irmãos, que o Senhor Jesus nos abençoe, nos guarde e nos dê sua paz! Essa trans-formação do mundo dar-se-á através da transfor-mação do indivíduo, porque o Espiritismo é a me-lhor metodologia comportamental de que se tem notícia. Como visa, principal e objetivamente, a transformação da comunidade onde ele se en-contra situado a viver e, conseqüentemente, de toda a humanidade.

Além desse trabalho de transformar o homem interiormente pela metodologia do esclarecimen-to e do amor, o Espiritismo também influirá de forma positiva no relacionamento das criaturas,

porque demonstrará que a felicidade somente é possível quando objetivamos, de início, a paz do nosso próximo.

A decantada felicidade pessoal, individual, é uma quimera apresentada pelo egoísmo; a felicidade a dois resulta, naturalmente, de uma necessidade de intercâmbio de emoções que, à medida que o tempo se desdobra, demonstra não ser legítima.

A felicidade real é somente aquela que pode ser equiparada à tarefa da luz que, ao ser emitida, realiza o seu pé-riplo no mini-uni-verso em que es-tamos e retorna ao foco gerador;

isto é, quando o homem ama, ele emite uma men-sagem que se dilata, realiza uma jornada, e sem-pre retorna ao fulcro de origem. Desta forma, o Espiritismo modificará a comunidade, convidando o homem a uma revisão de valores, a um reesca-lonamento de conceitos e, ao mesmo tempo, à sua plena integração no espírito da vida.

... o Espiritismo modificará a comunidade, convidando o homem a uma revisão de valores

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA dIáLOGO

Diálogo com

Divaldo

1.2 - Papel do Centro Espírita

Pergunta: O mundo passa por grandes transformações. dentro desse contexto, como encarar o papel do Centro Espíri-ta?

Divaldo: Como de relevante importância. O Centro Espírita é a célula mater da nova sociedade, porque nele se reúnem as almas que trabalham pelo progresso geral, transfor-mando-se numa escola, porque esta é uma das suas funções pre-cípuas. Uma Esco-la, porém, naquela abrangência muito bem definida pela Pedagogia moderna, que não apenas instrui, mas também educa, criando há-bitos consentâneos com as próprias diretrizes da Codificação.

O Centro Espfrita realizará o mister de trans-formar-se na célula viva da comunidade onde se encontra, criando uma mentalidade fraternal e espiritual das mais relevantes, porque será escola e santuário, hospital e lar, onde as almas encarnadas e desencarnadas encontrarão diretrizes para uma vida feliz e, ao mesmo tempo, o alimento para sobreviver aos choques do mundo exterior.

1.3 - Importância do Centro Espírita

Pergunta: O Espiritismo poderia prescindir das atividades do Centro Espírita para se implantar na sociedade?

Divaldo: De forma alguma. Embora o Espiritis-mo seja uma doutrina de liberdade, esta liberdade é muito bem situada dentro da responsabilidade. O indivíduo é livre para agir, porque a sementeira é espontânea, mas desde que ela atua, torna-

se ele escravo das suas próprias ações, em razão de a colheita ser compulsória. O Centro Espírita, em conseqüên-cia disto, é o local

onde se caldeiam os interesses, onde se desenvol-vem as atividades, onde se realizam os misteres do intercâmbio, onde se produzem os centros de in-teresses, a fim de que as motivações permaneçam sempre atuantes, facultando ao indivíduo trabalhar sem enfado, sem cansaço, e crescer, mudando de metas, sempre para cima e para melhor.

Fonte:

FRANCO, Divaldo. Conversa com Trabalhadores e Dirigentes Espíritas.

U.S.E. 2001.

Embora o Espiritismo seja uma doutrina de liberdade, esta liberdade é muito bem situada dentro da responsabilidade

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010CAPA

Análise da Mediunidadepor Léon Denis

O fenômeno da mediunidade é complicado e exige certas expli-cações. Todos os que estudaram

alguma coisa das ciências ocultas sabem que o homem tem um organismo fluídico invisível, invólucro inseparável da alma, que progride, se aperfeiçoa e se purifica com ela.

O corpo físico, com seus cinco sentidos, não é senão sua representação grosseira, sua prolongação no plano material. Os sentidos psíquicos, sufocados debaixo da carne na maioria dos homens, recobram uma parte de seus meios de ação e de percepção, durante o sono e depois da morte.

Este invólucro sutil é, na realidade, nossa verdadeira forma indestrutível, anterior ao nascimento e sobrevivente à morte.

Ele é o assento permanente das faculdades do espírito, enquanto que o corpo material não é senão uma espécie de vestimenta em-prestada.

Esta forma elástica e comprimida explica o fenômeno do crescimento por sua ação sobre o corpo do menino, que ele faz desenvolver até que alcance seu tamanho normal.

A mediunidade é, pois, o poder que pos-suem certos seres de exteriorizar esses sentidos profundos da alma que, na maioria de nós, permanecem inativos e guardados durante a vida terrestre; é uma maneira de penetrar, por antecipação, no mundo dos Espíritos.

Em muitos casos, não são os Espíritos que vêm ao médium, senão este quem vai até eles. A célebre vidente de Prevorst se queixava, um dia, de que os Espíritos se metiam em sua vida íntima. E estes a contestaram: “Não somos nós que viemos a ti; és tu que vens a nós.”

A mediunidade é, pois, por excelência, a reveladora das potências da alma; é também, um resumo de nosso modo de vida e de per-cepção no Mais-Além. Deste modo apresenta um duplo interesse.

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

O pensamento do Espírito não está representado senão por trechos de frases e fragmentos de idéias

A participação do médium em muitos fenômenos é grande e não se pode desconhecer que, geralmente, sua personalidade desempenha ne-les um certo papel. Mas, à medida que suas faculdades se desenvolvem, torna-se mais consciente da parte que se lhe pode atribuir e da que corresponde aos Espíritos, especial-mente nos fenômenos de escrita.

Entre os médiuns em desenvol-vimento, o cérebro é comparável a um teclado incompleto, ou melhor dizendo, a uma placa fotográfica desigualmente sensibilizada, que registra de uma forma imperfeita as imagens e os pensamentos que deve reproduzir.

O pensamento do Espírito não está representado senão por trechos de frases e fragmentos de idéias. Impõe-se a necessidade, pois, para este de encher as lacunas, utilizan-do termos e imagens tomados dos costumes do médium.

Em muitos fenômenos, dizemos, se encontra uma parte atribuída ao médium, a seu próprio fundo de idéias, de conhecimentos e de expressões.

Com efeito, entre pensar e ex-pressar-se com o próprio cérebro e fazê-lo por intermédio de um cérebro estranho há uma grande diferença.

Nosso órgão cerebral está adapta-do por um prolongado e constante adestramento a nossa mentalidade pessoal e revela um dos aspectos de nosso “eu”. Não ocorre o mesmo com um cérebro estranho e temos que compreender as dificuldades que experimentam certos Espíritos para comunicar-se de modo tão cla-ro e preciso como quando estavam na Terra.

Esta dificuldade, que é muito acentuada nos fenômenos de es-crita, se encontra, também, ainda em menor grau, nos fenômenos de incorporação. Assim, nosso guia, que dispõe de uma vontade e de uma força psíquica excepcionais, e que sabe tomar plena posse dos mé-diuns que utiliza, serviu-se algumas vezes de termos graciosos, que não lhe eram familiares e que tirava do vocabulário do médium.

A espessa cortina que nos separa do Além-Túmulo permanece impe-netrável, para o homem revestido de seu manto carnal; porém, o espírito exteriorizado do médium, assim como o espírito livre do morto, pode atravessá-la com a mesma faci-

lidade que um raio de sol atravessa uma teia de aranha.

É suficiente somente a exterio-rização de um só de seus sentidos psíquicos para que o médium per-ceba os ruídos, as vozes, as formas do mundo invisível.

A intervenção dos Espíritos não é, pois, necessária em certos fenômenos, como os de visão e audição.

Porém, se o médium é capaz de penetrar em AIém-Túmulo por suas próprias faculdades, não seria incapaz de transmitir aos vivos as mensagens dos habitantes dessas regiões.

Inclusive, pode, nos casos de incorporação, proporcionar-lhes os

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meios de manifestar-se aos humanos com tanta precisão e intensidade como se o tivesse feito durante sua permanência na Terra, com seu próprio organismo.

O fenômeno da incorporação permite aos Espíritos dar-nos provas de identidade mais abundantes e mais convincentes que qualquer outro dos procedimentos de co-municação. Os que conheceram o morto não podem confundir-se: a voz, os trejeitos, as idéias emitidas constituem outros tantos elemen-tos de certeza no que concerne à personalidade do manifestante, especialmente quando se sabe que o médium não pôde conhecê-lo, nem recorrer a nenhum informe sobre sua maneira de ser e seus costumes.

Eu pude dispor durante mais de trinta anos de uma excelente médium falante, por meio da qual podia comunicar-me com Além-Túmulo e receber as instruções necessárias para prosseguir meus trabalhos.

Tive a desgraça de perder esta médium nos fins de 1917 e, desde então, tornaram-se bastante limita-das as relações com meus guias.

Depois de anos de uma privação cruel, num certo dia de verão, vi chegar duas senhoras parisienses portadoras de uma carta de reco-mendação do Sr. Leymarie, e que vinham passar um mês de férias na Touraine. Eram-me completamente desconhecidas.

Durante o transcurso de uma conversação, falando de um cego, meu amigo, que havia obtido comu-nicações escritas, estas senhoras ex-pressaram o desejo de vê-lo trabalhar. Organizei uma pequena sessão.

Ignorava eu, todavia, que uma delas era médium, pois não me ha-via dito nada. Assim minha surpre-sa foi grande quando logo a vi caída em transe e ouvi uma voz forte que anunciava a presença de meu guia, do poderoso Espírito cujos sábios conselhos e terna solicitude me dirigiram e sustentaram sempre em minhas tarefas de propagandista.

Durante a conversação que entabulamos, de quase uma hora, este Espírito me expôs seus pon-tos de vista acerca da situação do Espiritismo, falando-me de nossos trabalhos comuns no passado com detalhes minuciosos, que a médium não podia conhecer em absoluto. Todos os assistentes que há muito haviam participado das sessões que descrevi em meu livro, “No Invisí-vel”, reconheceram Jerônimo de Praga, enquanto a médium ignorava completamente tudo quanto se refe-ria a esse espírito eminente.

Após um instante de repouso, outra entidade inteiramente dife-rente se comunicou e pudemos ou-vir a doce voz da madame Forget.

Madame Forget era a médium preciosa a quem me refiro mais acima, já liberada então de seus laços terrestres.

Com essa jovialidade que a caracterizava fez com que a reco-nhecessem em seguida seus amigos presentes, e nos disse que, vendo-me privado de sua presença, em conseqüência de sua partida, de toda relaçao com o Além-Túmulo, pôs-se em campo, “pulando como um rato”. A força de procurar, havia terminado por descobrir uma médium capaz de substituí-la. Ajudada por Jerônimo de Praga, havia sugerido à dita senhora que

viesse a Tours para se pôr à minha disposição.

Ambas as senhoras parisienses criam perfeitamente, ao virem à minha casa, que realizavam suas próprias intenções. O que demons-tra, uma vez mais, que os homens cedem, mais rapidamente do que geralmente crêem, à influência dos Espíritos.

No transcurso da mesma sessão, um incidente veio proporcionar-nos uma notável prova de identidade. Um de nossos médiuns escreventes registrou, com ajuda de um benevo-lente Espírito, a queixa de um suici-da que implorava a ajuda de nossas orações. Este suicida lamentava sua situação dolorosa em termos que permitiram reconhecê-lo.

Uma senhora vizinha, que veio convidada por um membro do grupo e assistia pela primeira vez a uma reunião espírita, manifestou a princípio seu ceticismo acerca dos fenômenos obtidos. Porém, ao ler a última comunicação, empalideceu, perturbou-se e declarou que se tra-tava de seu pai, de seu próprio pai, que se havia enforcado, há alguns meses, em conseqüência de reveses de fortuna. Este fato nos foi confir-mado posteriormente por outros habitantes da mesma localidade.

Afirmei que o Espiritismo é a religião da família. Com efeito, as relações constantes que nos per-mite manter com nossos queridos mortos, são em nossa vida, outros tantos elementos de força mental e de elevação.

Nossas reuniões íntimas são sem-pre um doce consolo e conforto. Por exemplo: em 2 de novembro passado, dia dos mortos, nos reu-nimos em uma sessão, na qual, por

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É muito difícil a um Espírito produzir mensagens de forma literária ou científica por meio de um cérebro inculto

dois médiuns em transe, nossos queridos invisíveis vieram uma vez mais conversar conosco.

Enquanto as multidões inva-diam os cemitérios em busca de uma forma tangível de recordação, nós comungávamos com nossos amigos do espaço, no recolhimento do pensamento e na doce intimida-de do coração.

Depois dos ensinamentos de Je-rônimo de Praga e de Allan Kardec, escutamos as narrativas humorísti-cas de Massenet.

Logo, presenciamos uma cena emotiva, na qual o Espírito da mãe de um amigo nosso, cego, veio pro-porcionar a seu filho e à sua nora advertências e ternas exortações que lhes arrancaram soluços. Deu-lhes conselhos preciosos acerca de uma situação delicada. E tudo isso por intermédío de um médium que não havia conhecido o dito espírito.

Numa palavra, tivemos du-rante algumas horas toda a gama de sensações e emoções em uma linguagem que ia do grave ao doce, do gracioso ao severo, e que nos causou uma profunda impressão. Ao nos separarmos, sentimos que os laços que nos uniam à nossa família espiritual haviam estreitado ainda mais e que algo de serenidade dos grandes espaços havia descido às nossas almas.

O fenômeno espírita, dizíamos, varia de natureza e de intensidade segundo as aptidões dos médiuns. Se na ordem dos fatos materiais o espírito busca, sobretudo os mé-diuns depositários e transmissores de forças radiantes, na ordem in-telectual dedicará sua atenção, de preferência, aos que por terem uma certa cultura, lhe oferecem recursos

mais amplos para a eclosão de ex-pressões e idéia.

É muito difícil a um Espírito produzir mensagens de forma lite-rária ou científica por meio de um cérebro inculto. Se, com um gran-de esforço de vontade, pode fazer expressar por esse cérebro nomes, palavras, datas que não se acham registrados de antemão, não lhe é possível prolongar esse esforço por muito tempo.

“Quando se nos oferece uma corneta, dizia um Espírito, não podemos obter dela os sons de uma harpa”.

Outro se servia da seguinte comparação:

“Nós experimentamos a mesma repugnância em nos servirmos de um cérebro inculto como uma deli-cada mão de mulher se serve de um enorme ferrolho enferrujado.”

Acontece, às vezes, nas sessões que vários médiuns escreventes obtêm simultaneamente mensagens firmadas com o mesmo nome, ex-pressando idênticas idéias embora com formas diferentes. Por isso, entre os assistentes, se fazem muitos comentários salpicados de suspeitas e de críticas. Temos que colocar esses fatos entre as fraudes e as im-posturas ou ver neles a intervenção de espíritos pouco escrupulosos?

Eis aqui o que nos diz, a esse

respeito, um de nossos guias: “A telegrafia sem fios revelou

que uma faísca elétrica produzida por corrente de alta freqüência envia ondas em todas as direções. E estas ondas podem ser captadas por aparelhos receptores dispostos igualmente em todas as direções. Uma mesma mensagem pode ser, pois, percebida ao mesmo tempo por vários ouvintes. Este fenômeno se baseia numa lei que se aplica tam-bém às emissões fluídicas. Estas, no lugar de serem produzidas por um dínamo, podem sê-lo por um pensa-mento dirigido voluntariamente, de certa maneira. Um espírito encar-nado ou desencarnado pode, pois, produzir, em determinadas condi-ções, uma chispa exatamente igual à das correntes de alta freqüência e enviar ondas em todas as direções. Estas ondas podem ser percebidas

por sensitivos encarnados ou de-sencarnados que façam as vezes de receptores. Um espírito desencar-nado pode influir perfeitamente, segundo estas leis e no mesmo ins-tante, sobre vários médiuns, sem se mover do plano que habitualmente ocupa; e assim poderá enviar uma mensagem escrita, numa mensagem visual (transmissão de imagens por televisão), uma mensagem auditiva, etc... conforme os médiuns atuados e, como as faculdades intelectuais

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010CAPA

A mediunidade constitue, pois, a possibilidade de irradiar nossas forças e nossos sentidos ocultos

são mais sensíveis em nosso plano do que no vosso, poderá ditar a seus médiuns várias mensagens de dife-rentes teores, sem ter necessidade, por isso, de se deslocar.”

Quanto ao problema da sub-consciência, que tem sido complica-do e enrolado à vontade, se resume simplesmente pela ação em nós e fora de nós, desse centro psíquico do qual já falamos, onde se fundem, em um único sentido, todos os meios de percepção e de sensação da alma. Inconsciente, subconscien-te, subliminal, ego superior, não são senão palavras para designar um mesmo princípio, o centro de nosso “eu”, de nossa inteligência de nossa consciência pela e íntegra.

Por seu desprendimento parcial ou total do corpo físico, esse centro recobra seu poder de irradiação, e ao mesmo tempo se despertam neles as recordações, os reconheci-mentos, as aquisições adormecidas em estado de vigília e que os séculos passados foram acumulando no fundo do ser. Nessas condições, o médium pode penetrar nos mundos visível e invisível e recolher e trans-mitir seus ecos, seus rumores, seus ensinamentos.

A telepatia, a psicometria, a premonição, a leitura do futuro, os fenômenos da intuição e até certos fatos de ordem magnética se referem a esta forma de ação. A mediunidade constitue, pois, a possibilidade de irradiar nossas forças e nossos sentidos ocultos. Nesse estado, o médium oferece mais facilidade e rapidez do Espírito para manifestar-se.

Nos fenômenos de escrita, o Espírito pode dirigir-se seja ao subconsciente, seja à consciência

normal do médium. O subcons-ciente, no primeiro caso, transmite ao cérebro as sugestões do manifes-tante, porém, o médium não perce-berá tão vivamente a personalidade estranha que se manifesta nele. Então sua influência pessoal será preponderante e inevitável.

O médium pode, pois, entrar em relação com o Além-Túmulo de duas maneiras por dissociação de seu centro psíquico, que lhe permite exercitar seus sentidos no mundo invisível e penetrar em

seus mistérios, ou pela ação direta dos espíritos sobre seu organismo fluídico, por meio de transe, da escrita, da mesa, da prancheta, etc... O primeiro procedimento é o mais eficaz, porque sua aplicação repetida aumenta pouco a pouco o poder de irradiação do médium e lhe abre o acesso aos planos supe-riores; assim adquire a plenitude do seu “eu” pela união íntima da consciência superior com a consci-ência física.

Por outro lado, essa é a finali-

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

Fonte:

DENIS, Léon. Espíritos e Médiuns. Págs. 67 – 79.

Centro Espírita Léon Denis. 1987.

dade geral da evolução da alma: ampliar incessantemente o campo de suas irradiações e de suas perce-ções; ao mesmo tempo é uma forma de preparação para a vida no Espa-ço, a possibilidade de gozar suas profundas alegrias e sua harmonia sublime.

Na realidade, pode-se dizer que a mediunidade preenche toda a História. Ela é um dos focos que iluminam de século em século a marcha da Humanidade.

Os inventores, os poetas, os es-critores célebres, quase todos aque-les a quem classificamos de gênios, tinham os sentidos psíquicos mais desenvolvidos e recebiam as inspira-ções de altas entidades do Espaço. Parece como se um vasto programa se desenvolvesse através do tempo. As invenções, os descobrimentos se

sucedem numa ordem prevista para marcar as etapas da civilização.

Neste imponente rol, a mulher tem uma parte considerável, sem falar de Joana D’Arc, cuja missão salvou a França no século XV, mis-são que estudamos em outra parte, com todos os detalhes; recordemos sobre este ponto a opinião de “PA-RACELSO”, o grande médico do Renascimento. Depois de lançar ao fogo seus livros de medicina, decla-ra: “É das bruxas de quem aprendi tudo quanto sei de prático e bené-fico.” Michelet em “La Sorciêre”, se exprime da mesma forma. Sabido

é que na Idade Média e durante o Renascimento todos os médiuns eram considerados como bruxos. Ainda hoje o é entre as mulheres de quem citamos as mais notáveis faculdades psíquicas.

Recordemos também que os grandes predestinados, os profetas, os fundadores de religiões, todos os mensageiros da verdade e do amor mantiveram comunicação com o Invisível. Graças a eles se estendeu pelo mundo o pensamento divino. Suas palavras e seus ensinos brilham como relâmpagos em nossa noite e formam outras tantas brechas sobre o desconhecido, sobre o Infinito.

Podem comparar-se a esses cla-rões que se produzem entre as nuvens quando há tempestades, mostrando-nos o céu azul profun-do, luminoso, para ocultar-se em

seguida. Porém, esse instante basta para nos permitir entrever a vida ascencional e a grande hierarquia das almas que se escalonam na luz, de círculo em círculo, de esfera em esfera, até Deus.

Em torno de nós f lutua, na atmosfera, a multidão de inúmeras almas inferiores e atrasadas, presas por seus fluidos grosseiros à esfera de atração da Terra e de cujos vícios não se livraram com a morte. Po-rém, acima dos tristes horizontes de nosso globo, plainam as legiões de Espíritos protetores, benfeitores, de todos aqueles que só esperam pelo

Bem, pela Verdade, pela Justiça. A escala das inteligências e das consci-ências vai graduando-se até às almas poderosas e radiantes, depositárias das forças divinas.

Às vezes, essas altas entidades interferem na vida dos povos.

Não o fazem sempre de um modo tão notório como na epo-péia de Joana D’Arc. Geralmente sua ação é de menos relevo, mais obscura, porque se as potências invisíveis, se Deus mesmo desejam ser conhecidos, também desejam que o homem faça seu esforço e se esforce para conhecê-los.

Quanto à eleição dos meios e formas que esses grandes Seres utilizam, temos que recordar que nosso saber é muito restrito e nossas medidas muito curtas para abarcar os vastos planos do Invisível. Porém, os fatos aí estão incontestáveis, inegáveis, como pudemos ver no transcurso da guerra passada.

De tempos em tempos, através da obscuridade que nos envolve, no fluxo e refluxo dos acontecimentos, nas horas decisivas da História, quando uma sociedade, uma nação ou a própria Humanidade se acha em perigo, uma emanação, uma de-legação do poder supremo intervém para reagir contra o mal.

Vem mostrar aos homens que há, acima da Terra, infinitos re-cursos e sociedades melhores, às quais podemos chegar desde já com nossos pensamentos e chamadas e que um dia lograremos alcançar por nosso próprio mérito e esforço.

Na realidade, pode-se dizer que a mediunidade preenche toda a História

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010ESCLARECImENTO

Comemos para Viver ouVivemos para Comer?

Vez por outra observamos como os espíritas, em nos-sas instituições, oferecemos

enorme valor às confraternizações com alimentos e refrescos. Natural? Talvez!

Geralmente esquecemos que o Centro Espírita é uma oficina de trabalho para os dois planos da vida e que os bons espíritos se utilizam do nosso ambiente para a continuidade do trabalho.

Convidamos o leitor para refletir conosco e pensar com mais vagar sobre a necessidade ou não das con-fraternizações sempre, ou na maioria das vezes, regadas a alimentação em nossos Centros como uma espécie de culto à comida. Não quer dizer que estejamos proibidos de nos reunirmos e tomarmos um alimento, a questão é se devemos introduzir essa idéia como prática comum. Abaixo, segue contribuição de André Luiz sobre o assunto, registrada no Cap. 9 da obra Nosso Lar!

Meditemos...

PROBLEMA DE ALIMENTAÇãO

Enlevado na visão dos jardins prodigiosos, pedi ao dedicado enfermeiro para descansar alguns minutos num banco próximo. Lísias anuiu de bom grado.

Agradável sensação de paz me felicitava o espírito. Caprichosos repuxos de água colorida zigueza-gueavam no ar, formando figuras encantadoras.

- Quem observa esta colmeia imensa de serviço - ponderei - é induzido a examinar numerosos problemas. E o abastecimento? Não tenho notícia de um Ministério da Economia...

- Antigamente - explicou o pa-ciente interlocutor - os serviços dessa natureza assumiam feição mais destacada. Deliberou, porém, o atual Governador atenuar todas as expressões de vida que nos recor-dassem os fenômenos puramente materiais. As atividades de abaste-

cimento ficaram, assim, reduzidas a simples serviço de distribuição, sob o controle direto da Governadoria. Aliás, a providência constitui medi-da das mais benéficas.

Rezam os anais que a colônia, há um século, lutava com extre-mas dificuldades para adaptar os habitantes às leis da simplicidade. Muitos recém-chegados ao “Nos-so Lar” duplicavam exigências. Queriam mesas lautas, bebidas excitantes, dilatando velhos vícios terrenos. Apenas o Ministério da União Divina ficou imune de tais abusos, pelas características que lhe são próprias; no entanto, os demais viviam sobrecarregados de angustio-sos problemas dessa ordem.

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA ESCLARECImENTO

O Governador atual, todavia, não poupou esforços. Tão logo assumiu obrigações administrativas, adotou providências justas. Antigos missionários, daqui, puseram-me ao corrente de curiosos aconteci-mentos.

Disseram-me que, a pedido da Governadoria, vieram duzentos instrutores de uma esfera muito elevada, a fim de espalharem novos conhecimentos, relativos à ciência da respiração e da absorção de princípios vitais da atmosfera. Re-alizaram-se assembléias numerosas. Alguns colaboradores técnicos de “Nosso Lar” manifestavam-se contrários, alegando que a cidade é de transição e que não seria justo, nem possível, desambientar imedia-tamente os homens desencarnados, mediante exigências desse teor, sem grave perigo para suas organizações espirituais. O Governador, contudo, não desanimou. Prosseguiram as reuniões, providências e atividades, durante trinta anos consecuti-vos. Algumas entidades eminentes chegaram a formular protestos de caráter público, reclamando. Por mais de dez vezes, o Ministério do Auxílio esteve superlotado de enfer-mos, onde se confessavam vítimas do novo sistema de alimentação deficiente. Nesses períodos, os opo-sitores da redução multiplicavam acusações. O Governador, porém, jamais castigou alguém. Convocava os adversários da medida a palácio e expunha-lhes, paternalmente, os projetos e finalidades do regime; destacava a superioridade dos mé-todos de espiritualização, facilitava aos mais rebeldes inimigos do novo processo variadas excursões de es-tudo, em planos mais elevados que

o nosso, ganhando, assim, maior número de adeptos.

Ante pausa mais longa, reclamei, interessado:

- Continue, por favor, meu caro Lísias. Como terminou a luta edi-ficante?

- Depois de vinte e um anos de perseverantes demonstrações, por parte da Governadoria, aderiu o Ministério da Elevação, passando a abastecer-se apenas do indispensá-vel. O mesmo não aconteceu com o Ministério do Esclarecimento, que demorou muito a assumir com-promisso, em vista dos numerosos espíritos dedicados às ciências ma-

temáticas, que ali trabalham. Eram eles os mais teimosos adversários. Mecanizados nos processos de prote-ínas e carboidratos, imprescindíveis aos veículos físicos, não cediam ter-reno nas concepções corresponden-tes daqui. Semanalmente, enviavam ao Governador longas observações e advertências, repletas de análises e numerações, atingindo, por vezes, a imprudência. O velho governan-te, contudo, nunca agiu por si só. Requisitou assistência de nobres mentores, que nos orientam através do Ministério da União Divina, e jamais deixou o menor boletim de esclarecimento sem exame minu-

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010ESCLARECImENTO

De fato, matéria existe em estados que eram desconhecidos da humanidade à época de Kardec

cioso. Enquanto argumentavam os cientistas e a Governadoria contem-porizava, formaram-se perigosos dis-túrbios no antigo Departamento de Regeneração, hoje transformado em Ministério. Encorajados pela rebel-dia dos cooperadores do Esclareci-mento, os espíritos menos elevados que ali se recolhiam entregaram-se a condenáveis manifestações. Tudo isso provocou enormes cisões nos órgãos coletivos de “Nosso Lar”, dando ensejo a perigoso assalto das multidões obscuras do Umbral, que tentaram invadir a cidade, aproveitando brechas nos serviços de Regeneração, onde grande nú-mero de colaboradores entretinha certo intercâmbio clandestino, em virtude dos vícios de alimentação. Dado o alarme, o Governador não se perturbou.

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar.

Cap. IX

Terríveis ameaças pairavam so-bre todos. Ele, porém, solicitou audiência ao Ministério da União Divina e, depois de ouvir o nosso mais alto Conselho, mandou fe-char provisoriamente o Ministério da Comunicação, determinou funcionassem todos os calabouços da Regeneração, para isolamento dos recalcitrantes, advertiu o Mi-nistério do Esclarecimento, cujas impertinências suportou mais de trinta anos consecutivos, proibiu temporariamente os auxílios às re-giões inferiores, e, pela primeira vez na sua administração, mandou ligar as baterias elétricas das muralhas da cidade, para emissão de dardos mag-néticos a serviço da defesa comum. Não houve combate, nem ofensiva da colônia, mas resistência resoluta. Por mais de seis meses, os serviços de

alimentação, em “Nosso Lar”, foram reduzidos à inalação de princípios vitais da atmosfera, através da respi-ração, e água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos. A colônia ficou, então, sabendo o que vem a ser a indignação do espírito manso e justo. Findo o período mais agudo, a Governadoria estava vitoriosa. O próprio Ministério do Esclarecimento reconheceu o erro e cooperou nos trabalhos de reajus-tamento. Houve, nesse comenos, regozijo público e dizem que, em meio da alegria geral, o Governador chorou sensibilizado, declarando que a compreensão geral constituía o verdadeiro prêmio ao seu coração. A cidade voltou ao movimento normal. O antigo Departamento da Regeneração foi convertido em Ministério. Desde então, só existe maior suprimento de substâncias alimentícias que lembram a Terra, nos Ministérios da Regeneração e do Auxílio, onde há sempre grande número de necessitados. Nos de-mais há somente o indispensável, isto é, todo o serviço de alimentação obedece a inexcedível sobriedade. Presentemente, todos reconhecem que a suposta impertinência do Governador representou medida de elevado alcance para nossa libertação espiritual. Reduziu-se a expressão física e surgiu maravilhoso coeficiente de espiritualidade.

Lísias silenciou e eu me entreguei a profundos pensamentos sobre a grande lição.

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

Cuidados ao Falar

por Marcos Vinícius - São Paulo/SP

Com esse título a psicóloga Rosely Sayão, autora de Como educar meu filho? escreveu um belo artigo na

Folha de São Paulo do dia 18/02/2010.Ressalta que o ouvido não pode ser

“fechado” como fechamos os olhos. Logo, todos nós ouvimos aquilo que nem sempre queremos.

Os adultos poderão filtrar, as crianças e adolescentes nem sempre.

Por isso, os pais devem ficar atentos com o que falam perto dos filhos ou de qualquer criança.

A psicóloga relata o caso de um menino de nove anos que f icou inteiramente desestimulado, em relação aos estudos, quando ouviu a mãe comentar com o pai que teriam de encontrar uma escola mais fácil para ele, porque o filho não era tão inteligente quanto o seu outro irmão.

Experiência curiosa aconteceu em uma escola infantil em que a professora contou uma história que falava em pesadelos e sonhos. Uma criança disse que a mãe sempre tinha pesadelos porque gemia à noite e, na seqüência, outras crianças comentaram o mesmo a respeito dos seus pais.

Portanto, todo cuidado ao falar com nossas crianças e adolescentes!

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FidelidadESPÍRITA | Junho 2010REFLExãO

Bezerra de Menezes acabava de presidir a uma das sessões públicas da Casa de lsmael, na Avenida Passos.

Era uma noite de terça-feira do mês de junho de 1896.

Sua palavra esclarecida e carinhosa, à moda de uma chuva fina e criadeira, no dizer de M. Quintão, pene-trava às almas de quantos, encarnados e desencarnados, lhe ouviam a evangélica dissertação sobre uma lição do livro da vida!

Os olhos estavam marejados de lágrimas, tanto de ouvintes como os do próprio orador.

Acabada a sessão, descera Bezerra com passos tardos, ainda emocionado, as escadas da Federação Espirita Brasileira.

E ia, humildemente, indagando dos mais íntimos, se ferira alguém com sua palavra, que lhe perdoassem o descuido, e ia descendo e alagando a todos que o esperavam ávidos dos seus conselhos, dos seus sorrisos, do seu olhar manso e bom.

No sucedâneo da escada, localizou um irmão, de seus 45 anos, cabelos em desalinho, com a roupa suja e amarrotada.

Os dois se olharam. Bezerra compreendeu logo que

Um Abraço em nome de Deus faz Maravilhas

por Ramiro gama

E ia, humildemente, indagando dos mais íntimos, se ferira alguém com sua palavra

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA REFLExãO

ali estava um caso, todo particular, para ele resolver.

Oh! Bendito os que têm olhos no coração!

E Bezerra os tinha e os tem! E levou o desconhecido para um

canto e lhe ouviu, com atenção, o desabafo, o pedido:

— Dr. Bezerra, estou sem em-prego, com a mulher e dois filhos doentes e famintos... E eu mesmo, como vê, estou sem alimento e febril!

Bezerra, apiedado, verificou se ainda tinha algum dinheiro. Nada encontrou nos bolsos. Apenas a passagem do bonde...

Tornou-se mais apiedado e apreensivo.

Levantou os olhos já molhados

de pranto para o alto e, numa prece muda, pediu inspiração a seu Anjo Tutelar e solucionador de seus problemas. Depois, virando-se para o irmão:

— Meu filho, você tem fé em Deus?

— Tenho e muita Dr. Bezerra! — Pois, então, em Seu Santíssi-

mo Nome, receba este abraço.E abraçou o desesperado irmão,

envolvente e demoradamente. E, despedindo-se: — Vá, meu filho, na paz de

Jesus e sob a proteção do Anjo da Humanidade. E, em seu lar, faça o

mesmo com todos os seus familia-res, abraçando-os, afagando-os. E confie no amor de Deus, que seu caso há de ser resolvido.

Bezerra partira. A caminho do lar, meditava:

teria cumprido seu dever, será que possibilitara ajuda ao irmão em prova, faminto e doente?

E arrependia-se por não lhe haver dado senão um abraço. Não possuía nenhum dinheiro. O próprio anel de grau já não estava nos seus dedos. Tudo havia dado. Não tendo dinheiro, dera algo de si mesmo, vibrações, bom ânimo, moeda da alma, ao irmão sofredor e não tinha certeza de que isso lhe bastara...

E, neste estado de espírito,

preocupado pela sorte de um seu semelhante, chegou ao lar.

*Uma semana se passara. Bezerra não recordava mais do

sucedido. Muitos eram os problemas

alheios. Após a sessão de outra terça-fei-

ra, descia as escadas da Federação. Alguém, no mesmo lugar da

escada, trazendo na fisionomia toda a emoção do agradecimento, toca-lhe o braço e lhe diz:

— Venho agradecer-lhe, Dr. Be-

Fonte:

GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Bezerra de

Menezes. Págs. 108 – 111. LAKE. 2001.

Venho agradecer-lhe, Dr. Bezerra, o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste local e nesta mesma hora

zerra, o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste local e nesta mesma hora. Daqui saí logo sentindo-me melhor. Em casa, cum-pri seu pedido e abracei minha mu-lher e meus filhos. Na linguagem do coração, oramos todos a Deus. Na água que bebemos e demos aos familiares, parece, continha alimen-to. Pois dormimos todos bem. No dia seguinte, estávamos sem febre e como que alimentados... E veio-me uma inspiração, guiando-me a uma porta, que se abriu e alguém por ela saiu, ouviu meu problema, condoeu-se de mim e me deu um emprego, no qual estou até hoje. E venho lhe agradecer a grande dádi-va que o senhor me deu, arrancada de si mesmo, maior e melhor do que dinheiro!

O ambiente era tocante! Lágrimas caíam tanto dos olhos

de Bezerra como do irmão benefi-ciado e desconhecido.

E uma prece muda, de dois corações unidos, numa mesma força gratulatória, subiu aos céus, louvando Aquele que é, em verda-de, a porta de nossas esperanças, o advogado querido de todas as nossas causas!

Louvado seja o nome de Deus! E abençoado seja o nome de

quem, em seu nome, num abraço, fez maravilhas, a verdadeira carida-de desconhecida!

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FidelidadESPÍRITA |Junho 2010

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 73. Editora Moderna.

São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo Martins

COm TOdAS AS LETRAS

Comparação admite “que” e “do que”

Uma dúvida freqüente das pessoas é sobre a forma a usar nas compa-rações: que ou do que? As duas

estão corretas e nem se pode dizer que uma seja melhor que (ou do que) a outra.

Veja, portanto, como proceder: É mais esperto que o amigo. /É mais esperto do que o amigo. / Ninguém ajudou mais a cidade que ele. /Ninguém ajudou mais a cidade do que ele. / Teve mais votos que o adversário. / Teve mais votos do que o adversário.

O do que é mais coloquial e o que aparece mais comumente na linguagem escrita. Não se trata, porém, de uma distinção rigorosa: o do que figura com muita freqüência nos textos formais, sem nenhum problema.

Para continuar nesse terreno, quando se omite uma palavra nas comparações, são as formas ao do, do do, etc., que se devem em-pregar, mesmo que elas possam parecer pouco eufônicas.

Assim: Seu carro era inferior ao do irmão. / As vendas de fevereiro podem ficar abaixo das de janeiro. / O índice ficou acima do do ano passado.

É como se se escrevesse: Seu carro era inferior

ao carro do irmão. /As vendas de fevereiro podem ficar abaixo das vendas de janeiro. / O índice ficou acima do índice do ano passado.

Do e da não estabelecem comparações, sen-do, pois, erradas formas como: Estava com três pontos a mais “do” Corinthians (o certo: Estava com três pontos a mais do que ou que o corinthians). / Pediu 2 mil lugares a mais “do” autorizado (o certo: Pediu 2 mil lugares a mais do que ou que o autorizado).

dAqUELE E dAqUILODaquele e daquilo também não

podem estabelecer comparações, consti-tuindo seu uso mero italianismo. Assim: Era mais atraente do que os que chegaram depois (e não: Era mais atraente “daqueles” que chegaram depois). / O clube gastou mais que arrecadou (e não: O clube gastou mais “daquilo” que arrecadou).

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Junho 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

“Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.”— Jesus. (Lucas, 22:27.)

Política Divina

Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

O discípulo sincero do Evangelho não neces-sita respirar o clima da política administrativa do mundo para cumprir o ministério que lhe é cometido.

O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da política do amor, re-presentou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora.

Administrou servindo, elevou os demais, humilhando a si mesmo.

Não vestiu o traje do sacerdote, nem a toga do magistrado.

Amou profundamente os semelhantes e, nessa tarefa sublime, testemunhou a sua gran-deza celestial.

Que seria das organizações cristãs, se o apos-tolado que lhes diz respeito estivesse subordi-nado a reis e ministros, câmaras e parlamentos transitórios?

Se desejas penetrar, efetivamente, o templo da verdade e da fé viva, da paz e do amor, com Jesus, não olvides as plataformas do Evangelho Redentor.

Ama a Deus sobre todas as coisas, com todo o teu coração e entendimento.

Ama o próximo como a ti mesmo. Cessa o egoísmo da animalidade primitiva. Faze o bem aos que te fazem mal.

Abençoa os que te perseguem e caluniam. Ora pela paz dos que te ferem. Bendize os que te contrariam o coração

inclinado ao passado inferior. Reparte as alegrias de teu espírito e os dons

de tua vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho.

Dissipa as trevas, fazendo brilhar a tua luz. Revela o amor que acalma as tempestades

do ódio. Mantém viva a chama da esperança, onde

sopra o frio do desalento. Levanta os caídos. Sê a muleta benfeitora dos que se arrastam

sob aleijões morais. Combate a ignorância, acendendo lâmpadas

de auxílio fraterno, sem golpes de crítica e sem gritos de condenação.

Ama, compreende e perdoa sempre. Dependerás, acaso, de decretos humanos

para meter mãos à obra? Lembra-te, meu amigo, de que os adminis-

tradores do mundo são, na maioria das vezes, veneráveis prepostos da Sabedoria Imortal, am-parando os potenciais econômicos, passageiros e perecíveis do mundo; todavia, não te esqueças das recomendações traçadas no Código da Vida Eterna, na execução das quais devemos edificar o Reino Divino, dentro de nós mesmos.

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Centro de Estudos Espíritas“Nosso Lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120Vl. Marieta - Campinas/SP

(19) 3386-9019 / 3233-5596

Ônibus:Vila Marieta nr. 348* Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

www.nossolarcampinas.org.br

www.nossolarcampinas.org.br

Aberto ao Público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

Aberto ao Público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

ATIVIdAdES PARA 2010

Cursos dias horários Início

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 01/03/2010

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 07/03/2010

2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2010 Restrito

2º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito

3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 03/02/2010 Restrito

3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito

Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público

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