16
 Figuras da Dança no Cinema

Figur as Dad Anca Final

Embed Size (px)

Citation preview

Figuras da Dana no Cinema

CINEMA 1, 2, 14, 15, 28, 29, 30 DE ABRIL, 5 E 6 DE MAIO18h30 e 21h30 Pequeno e Grande Auditrio 2 Euros Comissrio Ricardo Matos Cabo

Gradiva - Esquisse I de Raymonde Carasco, 1978. Operador de fotograa: Bruno Nuytten Raymonde Hbraud

Prambules au cinmatographe, Etiennes-Jules Marey de Claudine Kaufman e Jean-Dominique Lajoux, 1996 J-D. Lajoux/Cindoc-PFC

2004 marcou o centenrio do falecimento do mdico e siologista francs Etiennes-Jules Marey, impulsionador do mtodo grco de representao do movimento atravs da cronofotograa de placa xa e de outros sistemas tcnicos de anlise (da motricidade do corpo humano e animal, dos movimentos dos uxos orgnicos, dos elementos, do ar, do fumo). Ao concentrar-se nos modos de representao do movimento, a sua obra permite-nos perceber que a anlise do movimento de todas as coisas est sobretudo dependente da possibilidade de mediao de um conito entre aquilo que representado (o movimento na imagem) e aquilo que resulta como consequncia, a reconstituio desse mesmo movimento. O programa centra-se nessa questo partindo da dana como terreno frtil de inveno gurativa no cinema e da histria esttica e terica comum entre as duas artes. Foram vrios os autores que reectiram sobre estas relaes e transies entre o cinema e a dana pondo em destaque a emergncia de motivos e formas originais de representao do movimento. Por exemplo, na sua discusso sobre a legitimidade do cinema como arte, Walther Ruttmann discute nos anos dez a ideia de

uma arte cujas leis se identicariam com as da msica e da dana. O mesmo surge reformulado em 1927 pelo historiador de arte lie Faure que na sua reexo sobre as funes do cinema e deste como arte plstica, identica uma genealogia comum entre o cinema e a dana na base de uma cineplasticidade para que contribuiriam a ideia de constituio de um espao, um tempo, um ritmo e diramos ns, de uxos, intensidades, condies modulares da representao nas duas artes. O programa isola em quatro momentos o que pode ser uma introduo a este tema, recordando ou apresentando pela primeira vez entre ns, autores que tomaram a dana, a coreograa e o gesto como estmulos criativos de constituio metafrica de um mundo em movimento. Apesar das diferenas entre os autores possvel identicar questes comuns que as suas obras levantam no apenas preocupaes de ordem formal e de representao (com a insistncia no motivo da linha, na serialidade, na repetio, entre outras) mas sobretudo uma reexo sobre as formas de transmisso da experincia do movimento, clara no interesse partilhado pelos modos do ritual e do xtase.

1 MDULO 1 E 2 DE ABRIL 1 de Abril 21h30 Pequeno Auditrio UMA ARTE DO MOVIMENTO: LOE FULLER E GERMAINE DULAC O programa abre de forma simblica com uma homenagem a Loe Fuller (18621928), bailarina, coregrafa e realizadora cuja aproximao dana ainda hoje um dos exemplos mais relevantes do cruzamento entre disciplinas, entre a arte e a cincia, e um exemplo da convivncia entre as formas obsoletas do entretenimento popular (fantasmagorias, vaudeville) e a emergncia da modernidade e do desenvolvimento tecnolgico (e com o fascnio e o desejo de renovao esttica que se lhes associam). As Danas Serpentinas, nome pelo qual caram conhecidas as criaes mais representativas de Fuller, recuperao de um motivo clssico da representao do movimento, eram coreograas simples, assentes em estruturas tcnicas por vezes complexas. A bailarina em palco manipulava com a ajuda de grandes varas o corpo de um imenso vestido feito de tecido reector e brilhante sobre o qual eram projectadas manchas de cor com o recurso a focos de luz, espelhos e diversos truques de palco. Reectidas pelo movimento ondulante do vestido, a iluminao e a energia da bailarina criavam uma sensao de irrealidade, destituindo o corpo de qualquer presena, substitudo pela iluso de uidez energtica de um outro corpo, agora feito luz, linha abstracta ondulante capaz de evocar no mesmo momento o xtase de uma cerimnia ritual e a mais clssica das genealogias, a da linha ondulante como ideal de beleza de representao do movimento. Apesar de ter realizado apenas um lme, Le Lys de la vie (1919), de que se conhece a primeira parte, no existem registos de nenhuma interpretao de Loe Fuller. O fenmeno das danas serpentinas, representadas um pouco por todos os locais na Europa e nos Estados Unidos gerou uma legio de imitadoras que apesar de algumas variantes

mantinham no essencial as estruturas das danas fullerianas. O sucesso que estas obtiveram rapidamente interessou uma indstria ento em vias de constituio, a do comrcio fotogrco e flmico, resultando numa profuso de lmes dedicados s danas serpentinas, muitos deles experincias inebriantes que parecem conrmar o modo como as danas elctricas de Loe Fuller evidenciavam j um desejo de cinema, prenunciando uma arte do movimento puro, da representao da imagem feita energia, luz e cor. A inuncia de Fuller foi imensa e a forma como interagiu de modo decisivo com as primeiras vanguardas cinematogrcas, de resto fascinadas com a representao do movimento, ainda uma histria em aberto, sobretudo se pensarmos na histria do cinema abstracto na obra de Oskar Fischinger, Viking Eggeling, entre muitos outros. A leitura dos textos de Germaine Dulac um exemplo elucidativo do modo como Fuller se aproximava do modelo do que poderia ser o cinema integral a sua dana tanto era energia, como teatro, fantasmagoria, escrita do movimento com luz, logo cinegraa, cinema puro (e tal como o cinema segundo Dulac, prximo da msica ou da dana).

Loe Fuller Cinmathque de la Danse, Paris

Apresentao de Xavier Baert, programador da Cinmathque de la Danse, Paris; especialista em cinema experimental e nas relaes entre o cinema e a dana. (as apresentaes sero feitas em francs) Loe Fuller et ses imitatrices 29 Beta sp v.o. francesa montagem realizada em 2002 por Giovanni Lista e pela Cinmathque de la Danse textos de Giovanni Lista lidos por Pascale Lismonde imagens e fotograas retiradas do livro Loe Fuller, danseuse de la Belle poque Ballet Libella de Alice Guy 1897 Annabelle Buttery Dance de Thomas A. Edison 1894 com Annabelle Whitford Moore Annabelle Serpentine Dance de Thomas A. Edison 1894 com Annabelle Whitford Moore Annabelle Serpentine Dance de Thomas A. Edison 1897 com Annabelle Whitford Moore Folioscpio La Danse serpentine de Loe Fuller 1894 imitadora e realizador desconhecidos Serpentine Dance de Thomas A. Edison 1897 com Crissie Sheridan Serpentine Dance de William K.L. Dickson 1903 com Ameta Annabelle Serpentine Dance de Thomas A. Edison 1895 com Annabelle Whitford Moore La Cration de la Danse serpentine de Segundo de Chomon 1908 Danse serpentine, n765 de Louis Lumire 1896 Buttery/Le Farfalle 1907 Danse serpentine de Paul Nadar c. 1900 Danse serpentine Gaumont 1900 Annabelle Fire Dance de Thomas A. Edison 1898 Le Lys, Prlude du Dluge de Saint Sans de George R. Busby 1934 Compilao que revela o fascnio do cinema primitivo por Fuller e a sua dana de energia e luz. Le Lys, Prlude du Dluge de Saint Sans de George R. Busby com Miss Baker cpia restaurada pela Cinmathque de la Danse Frana 1934 3 35mm pb som Sequncia restaurada de um lme de 1934 que reencena parte signicativa das coreograas de Fuller sob a direco da sua colaboradora Gab Sorre. Aqui uma dana serpentina ao ar livre.

tude cingraphique sur une arabesque de Germaine Dulac Frana 1928 7 35mm pb sil. Evoco uma bailarina! Uma mulher? No. Uma linha que se move em ritmos harmoniosos. Evoco sobre os vus uma projeco luminosa! Matria precisa! No. Ritmos uidos. Porqu ignorar no ecr os prazeres que procura o movimento no teatro? Harmonia das linhas. Harmonia da luz. Linhas, superfcies, volumes que evoluem discretamente, sem artifcios de evocao, na lgica prpria das suas formas, desprovidas de todo o sentido demasiado humano para melhor se elevarem abstraco e dar mais espao s sensaes e aos sonhos: o cinema integral.Germaine Dulac. Du sentiment la ligne (1927)

2 de Abril 18h30 21h30 Pequeno Auditrio TRIBUTO A VALESKA GERT CALEIDOSCPIO DE UMA VIDA DANADA A recente reedio da autobiograa de Valeska Gert (18921978), Je suis une sorcire. Kalidoscope dune vie danse, um testemunho precioso para aceder ao universo de uma das coregrafas e intrpretes mais fascinantes deste sculo. Admirada por Eisenstein, Meyerhold e Brecht, com quem chegou a trabalhar, Gert trouxe para a dana e para a interpretao teatral uma concepo radical do movimento do corpo baseada por um lado na reavaliao do valor expressivo do gesto, da pantomima e da palavra e por outro na idealizao de um corpo tcnico (dana biodinmica na expresso de Meyerhold), moldado por uma mecnica inspirada nos gestos quotidianos (stiras mecanizao do trabalho, tcnica cinematogrca, ao desporto) e pela defesa da migrao entre as diferentes formas artsticas (entre a dana, o teatro, o cinema e a escrita). O cinema inuenciou o trabalho corporal de Valeska Gert que com uma ateno particular s tcnicas de projeco e aos movimentos da imagem, introduziu o gesto lentido do ralenti, rapidez da imagem acelerada e mesmo ideia de montagem de gestos aplicada mudana brusca

de personagens e aces no tempo breve das suas interpretaes. Do mesmo modo Valeska tomou conscincia dos limites imaginrios do enquadramento cinematogrco, tendo utilizado essa ideia de espao demarcado em muitas das suas coreograas (e nos poucos registos lmados). 18h30 Apresentao de Xavier Baert, programador da Cinmathque de la Danse, Paris; especialista em cinema experimental e nas relaes entre o cinema e a dana. (as apresentaes sero feitas em francs)Valeska Gert Cinmathque de la Danse, Paris

Tanzerische Pantominen de Suse Byk com Valeska Gert Alemanha 1925 3 35mm pb sil. Nur zum Spass, Nur zum Spiel, Kaleidoskop Valeska Gert de Volker Schlndorff com Valeska Gert e Pola Kinski msica Friedrich Meyer gurinos Ruth Gilbert Alemanha 1977 60 cor Beta sp v.o. alem [legendado em portugus] A sesso abre com os nicos registos conhecidos de trs coreograas de Valeska Gert interpretadas pela prpria, documento que tem tanto de espantoso como de relevante para a compreenso do seu pensamento sobre o gesto histrinico e sobre a representao. Apresenta-se igualmente o retrato lmado de Valeska Gert realizado por Volker Schlndorff em 1978. O documentrio encontra Valeska de regresso Alemanha aps os anos de exlio nos Estados Unidos numa recriao do seu cabaret e num relato apaixonante do passado, dos seus encontros com Serguei Eisenstein, Bertolt Brecht e Tennesse Williams, os seus papis nos lmes de Georg Wilhelm Pabst, Jean Renoir ou Federico Fellini. O lme rico em documentos sobre Valeska Gert, que aceita pela primeira vez desde os anos 20 refazer alguns dos seus solos mais famosos.

21h30 Opus II, III, IV de Walther Ruttmann cpia restaurada pelo Nederlands Filmmuseum Alemanha 1921-1925 12 35mm cor sil. Tanzerische Pantominen de Suse Byk com Valeska Gert Alemanha 1925 3 35mm pb sil. Tagebuch einer Verlorenen de Georg W. Pabst com Louise Brooks, Andr Roanne, Joseph Rovensk, Valeska Gert, entre outros Alemanha 1929 100 35mm pb sil. [legendado em portugus] A sesso da noite alude ao universo criativo de Gert, juntando na mesma sesso o lme abstracto de Walther Ruttmann Opus II (1923), originalmente projectado na primeira parte da sua verso para palco de Salom de Oscar Wilde (1923) e exemplo do teatro tcnico que defendia (o fulgor dos objectos e do seu movimento na ausncia de elementos humanos); os trs lmes de Suse Byk de 1925, possibilidade de testemunhar o fulgor criativo das suas danas e da sua postura particular no cinema e por m Tagebuch einer Verlorenen (1929) um dos trs lmes de Georg Wilhelm Pabst em que Valeska participou como actriz transportando para a representao cinematogrca o peso expressivo das suas criaes. A breve presena de Gert no papel de directora corresponde ao que ser o momento mais expressivo do lme e que chamou a ateno de Siegfried Kracauer no comentrio que faz na sua histria do cinema alemo.

2 MDULO 14 E 15 DE ABRIL COREOCINEMA E RITUAL REGRESSO A MAYA DEREN Autora de um corpo terico rico e complexo, bem como de uma obra flmica signicativa, Maya Deren (19171961) foi uma das cineastas que mais explorou as anidades entre o cinema, a dana e a escrita, nomeadamente atravs da reexo sobre o conceito de coreograa para cmara (coreocinema) e do seu desejo de provocar atravs do lme uma simbiose entre o movimento lmado e a imagem em movimento (entre o bailarino, os objectos e a cmara). Este mdulo prope um regresso sua obra flmica e terica em dois momentos que correspondem a estdios diversos do seu pensamento e prtica cinematogrca. 14 de Abril 18h30 21h30 Pequeno Auditrio 18h30 Dance in the Sun de Shirley Clarke coreograa e interpretao Daniel Nagrin msica Ralph Gilbert EUA 1953 6 16mm cor som In Paris Parks de Shirley Clarke EUA 1954 12 16mm cor som Bridges-Go-Round de Shirley Clarke registo musical electrnico Louis e Bebe Barron registo musical jazz Teo Macero EUA 1958 8 16mm cor som Rome is Burning: A Portrait of Shirley Clarke de Andr S. Labarthe e Nol Burch com a participao de Nel Burch, Jacques Rivette, Jean-Jacques Lebel, Yoko Ono, entre outros Frana 19681998 54 Beta sp pb v.o. ingls A abrir este mdulo inclui-se uma homenagem muito especial ao cinema de Shirley Clarke (19191997), cineasta ainda rara entre ns (dela conhecemos sobretudo os documentrios que realizou na dcada de 60 e raramente os seus lmes dos anos 50, 70 e 80) e cujos primeiros trabalhos foram assumidamente inuenciados e mesmo apoiados por Maya Deren. Bailarina de formao, o cinema

A Study in Choreography for Camera de Maya Deren, 1945 Lightcone, Paris

de Clarke cedo exibiria a preocupao em assimilar o movimento e a gestualidade da dana a uma expresso cinematogrca capaz de aproximar o olhar da cineasta ao seu sujeito lmado. Pontes que danam, o movimento das ruas, a transio do gesto no espao e no tempo, uma cmara gestual que mais tarde informaria os seus lmes, denotam essa inuncia no seu trabalho. A sesso apresenta alguns dos seus lmes da dcada de 50 e complementada com um retrato da realizadora lmado em 1968 por Nol Burch e Andr S. Labarthe em que Clarke fala do seu trabalho para uma plateia ntima de amigos que passam a cmara entre si e nos quais reconhecemos Jacques Rivette, Jean-Jacques Lebel e Yoko Ono, conversa que intercalada com imagens dos seus lmes, com destaque para Portrait of Jason (1967). 21h30 Excertos no utilizados de A Study in Choreography for Camera [Outtakes] de Maya Deren interpretao de Talley Beatty EUA 1945-77 16 16mm pb A Study in Choreography for Camera de Maya Deren interpretao de Talley Beatty EUA 1945 3 16mm pb som Im Spiegel der Maya Deren de Martina Kudlacec msica John Zorn com a participao de Jonas Mekas, Stan Brakhage, Alexander Hammid, Katherine Dunham, Amos Vogel entre outros ustria, EUA 2001 103 35mm cor v.o. ingls Correspondendo primeira fase da sua carreira apresenta-se o retrato documental de Deren, Im Spiegel der Maya Deren, realizado por Martina

Kudlacek, em que se procura reconstituir o percurso intelectual da autora atravs de testemunhos raros dos que com ela trabalharam e conviveram (Jonas Mekas, Alexander Hammid, Teiji Ito, Stan Brakhage entre outros) e de uma investigao meticulosa do material lmado encontrado nos arquivos da Anthology Film Archives. Para alm das imagens dos seus lmes mais conhecidos, o documentrio permite conhecer alguns dos seus trabalhos inacabados como Witchs Cradle (1943) ou Ensemble for Somnambulists (1951) bem como aceder a uma seleco do esplio de imagens lmadas por Deren no Haiti. O lme apresenta igualmente pela primeira vez registos sonoros da autora em que esta fala sobre os seus projectos. A Study in Choreography for Camera , como o ttulo assinala, um lme-tese de Maya Deren realizado com o coregrafo e intrprete Talley Beatty sobre as possibilidades de articulao entre o espao flmico e os movimentos do bailarino. A abrir a sesso uma montagem rara de todos os rushes realizados para o lme, modo de acesso ao processo de montagem da realizadora. 15 de Abril 18h30 21h30 Pequeno Auditrio O segundo momento detm-se na obra antropolgica de Maya Deren e no seu interesse pelos rituais de transe e possesso do vudu haitiano. Inuenciada pelo trabalho precursor de Margaret Mead e Gregory Bateson na rea da antropologia visual, Deren dedicaria muito do seu interesse investigao dos rituais de dana em que reconhecia os padres da repetio de diferentes culturas num projecto de lme que reuniria num s movimento ( imagem dos seus lmes da dcada de 40) as danas dos possudos, os jogos infantis das crianas no Bronx em Nova Iorque ou os rituais Balineses. Este projecto ambicioso, que nunca foi terminado, resultou na publicao de um estudo de carcter antropolgico sobre os rituais no Haiti, Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti (1953) e na tentativa gorada de terminar um lme a partir de cerca de cinco horas de material lmado, projecto abandonado desde ento.

18h30 Horendi de Jean Rouch Frana 1972 72 16mm cor som Horendi (1972) um ensaio visual sobre as relaes entre a dana e a msica num ritual de iniciao de duas mulheres s danas de possesso, sem recurso a voz off, utilizando o som das msicas originais e o recurso cmara lenta e ao ralenti sonoro sncrono. 21h30 Initiation la danse des possds de Jean Rouch Frana 1948 21 16mm cor v.o. francs Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti lmagens de Maya Deren 1947-1954 montagem de Cherel e Teiji Ito 1973-1977 47 16mm registos sonoros Maya Deren leitura de textos de Maya Deren por Raymonde Carasco (sujeito a alterao) leitura de textos (verso inglesa) John Genke e Joan Pape A abrir a sesso um dos primeiros lmes de Jean Rouch, premiado no Festival du Film Maudit de Biarritz em 1949 e dedicado ao ritual de iniciao de uma jovem Songhai na Nigria. O lme Divine Horsemen rene apenas uma parcela mnima do material lmado por Deren e foi montado posteriormente pelo ento marido de Deren, o compositor Teiji Ito e por Cherel Ito. Se hoje podemos apenas especular sobre o que poderia ter sido o lme de Deren, esta montagem permite-nos conhecer algumas das imagens registadas por Deren e perceber a concepo de transmisso da experincia que a realizadora tentou registar (fazendo viver na imagem o xtase dos rituais lmados).

3 MDULO 28, 29 E 30 DE ABRIL RAYMONDE CARASCO E OS TARAHUMARAS Raymonde Carasco Mestre do poema etnogrco E o aroma da erva seca do cosmos assaltou-o com mais fora que nunca. Pier Paolo Pasolini Petrleo Quando descobrimos a obra de Raymonde Carasco, uma das obras cinematogrcas mais exemplares deste sculo, parece que o cinema atingiu por m os ideais do Romantismo Alemo: Se quiseres entrar nas profundezas da fsica, inicia-te nos mistrios da fantasia (Schlegel). Como que o cinema acede verdade potica dos fenmenos, de que modo que a descrio sensual das aparncias e das particularidades se pode converter num tal canto magntico? Isso deve-se antes de mais natureza da procura: Raymonde Carasco no partiu para o Mxico para pilhar e roubar o imaginrio dos Tarahumaras, mas sim no rasto de Antonin Artaud para vericar de forma emprica o encontro do real com um texto sagrado da modernidade. por essa razo que a sua pesquisa no consiste numa investigao clssica (elucidar, revelar e divulgar) mas numa aliana sensvel: usufruir o privilgio de estar, aceitar que nem tudo visvel, pr lentamente em destaque alguns traos, em relevo alguns movimentos, alguns signos da beleza afectiva antes de pretender a compreenso das coisas, partilhando, no o segredo, mas o culto do segredo, do mistrio e do transe. Mesmo antes de encontrar nas plancies do Mxico o seu territrio, a elegncia formal que estrutura o estilo de Raymonde Carasco desde a sua Gradiva Esquisse I tem j origem nos esquemas plsticos do rito: fragmentao, monumentalidade, fetichizao, serialidade. No entanto o cinema no monumentaliza aqui outra coisa que o real em si mesmo, do qual Raymonde Carasco elegeu um motivo preferido, o gesto. Mostra assim

que cada gesto humano, comeando, tal como em Muybridge e Marey, pelo caminhar e pela marcha, menos um resultado das caractersticas singulares de um corpo individual concreto que da relao global do homem com o mundo todo o gesto uma mitograa, e o que Raymonde Carasco descreve dos Tarahumaras, tal como Rouch dos Dogons, mostra-nos como se fssemos marionetas agitadas, movidas por os pelo menos mgicos.Nicole Brenez Texto de apresentao da retrospectiva Tarahumaras de Raymonde Carasco na Cinmathque Franaise de Paris, Salle des Grands Boulevards, 17 de Setembro a 29 de Outubro de 1999.

Tutuguri - Tarahumaras 79 de Raymonde Carasco, 1979 Rgis Hbraud

As sesses sero apresentadas por Gabriela Trujillo e pelos autores Raymonde Carasco e Rgis Hbraud.(as apresentaes sero feitas em francs)

28 de Abril 21h30 Grande Auditrio Deslocaes e citaes: as origens Tutuguri Tarahumaras 79 de Raymonde Carasco imagem e som Rgis Hbraud textos de Antonin Artaud lidos por Raymonde Carasco Frana 1979 25 16mm cor v.o. francs Este lme foi rodado no Vero de 1979. Repete o ritual do Tutuguri que Tranquilino, o saweame cantou e danou seis vezes, num tempo breve e rigorosamente preciso (1 minuto e 45 segundos). Palavras secretas de onde apenas emergem as vogais a dana constitui um espao sagrado entre os quatro pontos cardinais de uma cruz,

signo negro e pago. Rito solar e nativo, anterior conquista espanhola. A montagem constri a partir de um plano os dois plos do tempo real e de um espao-tempo dilatado a partir de um material duplo: Tutuguri e Carreras (corridas masculinas, chamadas de bola e femininas, ditas de aro, especcas do povo Tarahumaras, que a etimologia declara como o do p que corre). Raymonde Carasco Tarahumaras 2003 La flure du temps. Enfance de Raymonde Carasco imagem e som Rgis Hbraud voz de Raymonde Carasco e do ltimo Chaman Tarahumaras Frana 2003 47 cor v.o. espanhola e francesa Quando era criana adorava danar. Lembro-me de um tempo em que vivamos felizes. 29 de Abril 21h30 Pequeno Auditrio DIA MUNDIAL DA DANA 21h30 Motivos e hierglifos dinmicos Prambules au cinmatographe: Etiennes-Jules Marey animao de placas cronofotogrcas seleccionadas do Fundo Marey da Cinmathque Franaise realizada por Claudine Kaufmann e Jean-Dominique Lajoux Frana 1996 13 16mm cor e pb v. o. francesa distribuio Cindoc - Paris Films Coop A obra de Etiennes-Jules Marey reencontra muitos dos seus princpios nos ensaios de Raymonde Carasco sobre a marcha e o passo. Nesta sesso sugere-se a aproximao entre os estudos analticos da representao grca do movimento e dois dos mais emblemticos lme da autora sobre o passo e a marcha. Gradiva Esquisse I de Raymonde Carasco imagem Bruno Nuytten Frana 1978 25 16mm cor som Raymonde Carasco realizou um primeiro lme anterior ao ciclo Tarahumaras inspirado pela obra homnima de Wilhelm Jensen, Gradiva Esquisse I, mais tarde objecto de uma obra de Sigmund Freud. O lme que da resulta um tratado sobre a cmara lenta, e do romance Carasco apenas reteve um gesto da novela original, uma gura feita cone mvel de um p que caminha, que pousa no cho,

Los Pintos - Tarahumaras 82 de Raymonde Carasco, 1982 Rgis Hbraud

acto singular, repetido, intransitivo, e que constitui numa imagem a matria de uma ideia que toma forma no tempo dilatado de uma sensao a que apenas o cinema permite aceder. O lme serve de matriz a uma reexo mpar sobre o movimento do corpo e sobre a capacidade do cinema em revelar o pensamento de uma escrita sobre aquilo que a prpria denominou como as velocidades innitas do pensamento. Los Pintos Tarahumaras 82 de Raymonde Carasco imagem e som Rgis Hbraud Frana 1982 58 16mm cor som Durante as festas da Semana Santa, os ndios Tarahumaras do Mxico inventam (ou reencontram) os rituais de dana dos homens com os rostos e os corpos pintados. As procisses da Paixo metem em cena dois tipo de fariseus: uns, vestidos de branco e rudemente ornamentados a giz; outros, quase nus, que transportam chapus de plumas, ornamentados com grandes marcas brancas. Crianas, adolescentes, jovens e todos os homens da tribo esto organizados em grupo sob a conduo de um danarino mais velho que carrega uma bandeira. Ocupam o centro da aldeia durante trs dias e trs noites, sem interrupo, ao som obstinado dos tambores. Comemorao ou preparao para um combate? A estranha gura do Governador de mscara de couro parece ecoar a tradio dos chefes guerreiros nmadas. Na manh de Pscoa as festas pblicas terminam bruscamente com a apario de dois Pascoleros com os corpos namente decorados, numa dana duplamente subtil: sero o sinal da morte de Judas. Na noite precedente, no rancho em que os Pascoleros se iniciam at de madrugada, desenrolam-se os rituais nativos, longe do olhar

dos mestios. A festa indgena prolongar-se- at que acabe o Tezguino (milho fermentado).Raymonde Carasco

4 MDULO 5 E 6 DE MAIO TRANSIES CRTICAS DA DANA PARA O CINEMA [a partir de Yvonne Rainer] O quarto mdulo parte de cinco pequenos lmes realizados por Yvonne Rainer na dcada de 60 e que reectem no s algumas da preocupaes e exploraes dos seus trabalhos coreogrcos (e dos seus contemporneos) como introduzem as questes que marcariam a transio quase denitiva para o cinema, nomeadamente para o cinema narrativo que caracteriza a sua obra nas dcadas seguintes. Os cinco lmes concebidos inicialmente para ser integrados em coreograas sugerem uma srie de estratgias processuais reectidas por muito do cinema moderno que desaa os princpios da linguagem cinematogrca clssica. A escolha de lmes para este mdulo ilustra algumas dessas abordagens comuns, entre as quais identicamos novas formas de organizao do espao, tempo e consequentemente uma redenio da prpria ideia de movimento, a redescoberta da intensidade do gesto a que se acrescenta o questionamento da funo ideolgica do corpo (atravs da emergncia dos auto-retratos lmados, da reformulao das formas narrativas, da presena do corpo e do gesto no lme informadas pelos modos coreogrcos). Cada lme introduz uma questo que surge complexicada, pensada de modo diverso nos lmes a que surge associada.

30 de Abril 18h30 21h30 Pequeno Auditrio Tarahumaras 2003 La flure du temps de Raymonde Carasco imagem e som Rgis Hbraud Frana 2003 16mm cor v. o. espanhola/francesa Este lme em forma de saga articula-se a partir da palavra do ltimo Chaman Tarahumara que aceitou na Primavera de 2000 revelar o seu pensamento numa srie de dilogos em locais por si escolhidos: as runas da sua casa de infncia, os crculos das ltimas cerimnias do Ciguri, as grutas outrora frequentadas pelo seu av, pelo seu iniciador, Glria e pelos invasores, os Apaches. As imagens rodadas em 1999, 2000 e 2001 captam as danas e os rituais actuais assim como os elementos da paisagem Tarahumara: gua, fogo, terra e cu. O lme construdo em cinco partes. Primeiros elementos para um retrato do vidente 18h30 Tarahumaras 2003 - La flure du temps L Avant Les Apaches 40 Os Apaches, nunca os vi, mas o meu pai contou-me o que lhe tinham contado a ele. Initiation Gloria 51 Basta que Glria to diga a primeira vez: se queres trabalhar deste modo, ento comea. O sonho no se ensina: cabe-te a ti pensar como trabalhar o sonho. O culto do mistrio 21h30 Tarahumaras 2003 La flure du temps Raspador Le Sueo 46 Trabalhamos o sonho, o sonho puro: primeiro, ver, ver a doena, ver como esta avana. La Despedida 54 Sim, a morte vejo-a bem. Fala-me da necessidade de fazer este rito. necessrio que tudo isso termine, que seja limpo, que deixe terminado o que tem de ser terminado.Nota: Ttulos sugeridos pelos textos de Gabriela Trujillo

Trio Film de Yvonne Rainer, 1968. Imagem cortesia Video Data Bank, www.vdb.org

5 de Maio 21h30 Pequeno Auditrio 21h30 Hand Movie de Yvonne Rainer EUA 1968 5 Beta sp pb sil. Hand Catching Lead de Richard Serra EUA 1968 3 16mm pb sil. Hand Lead Fulcrum de Richard Serra EUA 1968 240 16mm pb sil. Hands Scraping Lead de Richard Serra EUA 1968 340 16mm pb sil. Recriao da sesso de 1968 que juntou o lme de Yvonne Rainer aos lmes das mos de Richard Serra. O lme de Rainer descrito pela realizadora como uma dana sensual de uma mo recorre ao grande plano xo do movimento dos dedos de uma mo. sua imagem os lmes de Serra so variaes de aces e tarefas: uma mo que tenta agarrar um pedao de chumbo que cai, um brao em tenso que aguenta um peso e por m uma coreograa que pretende transcender a funo aparentemente banal dos gestos que percebemos. Trio A de Yvonne Rainer EUA 1978 1030 Beta sp pb som Registo raro de uma das coreograas mais emblemticas do trabalho de Yvonne Rainer criada em 1966 e aqui interpretada pela prpria. Water Motor de Babette Mangolte coreograa e interpretao Trisha Brown EUA 1978 7 16mm pb sil. Considerado por Yvonne Rainer como um dos mais belos lmes de dana da histria do cinema, Water Motor o registo do solo homnimo de Trisha Brown apresentado pela primeira vez em 1978. Mangolte, realizadora, fotgrafa e directora de imagem de lmes de Chantal Akerman e Yvonne Rainer, entre outros, apresenta a coreograa duas vezes, explorando as velocidades do registo flmico. Lives of Performers de Yvonne Rainer imagem Babette Mangolte som Gene De Fever e Gordon Mumma com Valda Settereld, Shirley Soffer, John Erdman, Fernando Torm, Epp Kotkas, James Barth, Yvonne Rainer, Sarah Soffer EUA 1972 104 16mm pb v.o. inglesa

Lives of Performers marca o incio de um perodo de experimentao que se tornaria marca distintiva da obra de Rainer, ao mesmo tempo que recupera o tema clssico do tringulo amoroso como motivo central da sua explorao. O lme de Rainer interroga directamente a funo voyeurista dos dispositivos estilsticos atravs do recurso a mudanas efectivas e labirnticas nos diversos registos flmicos: co/no-co (os bailarinos da Grand Union representam-se a si prprios), ensaio/ performance, entoao verbal/texto escrito, descrio objectiva/subjectiva; som diegtico/extradiegtico. A coreograa comanda no s a dana e os quadros vivos que encerram o lme [retomados a partir das indicaes do argumento de A Boceta de Pandora de G.W. Pabst, 1929] mas igualmente a forma de representao anti-naturalista e as leituras que transformam este melodrama numa subverso minimalista dos seus semelhantes.Michael Rowin

6 de Maio 18h30 21h30 Pequeno Auditrio 18h30 Trio Film de Yvonne Rainer com Steve Paxton e Becky Arnold EUA 1968 13 Beta sp pb sil. Os bailarinos interagem com uma esfera gigante no espao de uma sala vazia. La Chambre (1) de Chantal Akerman Blgica 1972 11 16mm cor sil. Uma longa e lenta panormica descreve diversas vezes o espao de um quarto. Vemos Chantal Akerman sentada na cama e na segunda passagem da cmara a comer uma ma. um auto-retrato misterioso em que a cineasta surge no seu lugar predilecto que equivale no seu cinema a uma natureza morta: acumular motivos mobilirios numa descrio repetitiva para deles dispor. O lme no tem genrico de comeo ou de m. Line de Yvonne Rainer com Susan Marshall EUA 1969 10 Beta sp pb sil. Rainer questiona aqui a bidimensionalidade do lme com a introduo de uma gura feminina no plano ilusrio de uma imagem plana cortada por

Deux Fois de Jackie Raynal, 1969 Collectif Jeune Cinma

um ponto que se move na diagonal. Para este lme a realizadora contou com a ajuda do realizador e compositor Phil Niblock. Deux Fois de Jackie Raynal com Jackie Raynal, Francisco Viader, Oscar Frana 1969 60 35mm pb v.o. francesa e espanhola Deux Fois de Jackie Raynal um lme-culto do cinema underground francs produzido pelo grupo Zanzibar de Sally Shafto (produtora dos primeiros lmes de Phillipe Garrel, entre outros). Segundo lme da realizadora (o primeiro um documentrio sobre Merce Cunningham) e montadora entre outros do lme Mditerrane (1963) de Jean-Daniel Pollet, Deux Fois como o ttulo indica um lme sobre a variao e a repetio, ao mesmo tempo um auto-retrato da autora, uma performance, um lme sobre a iluso do cinema e sua destituio e uma experincia singular sobre a durao dos planos, a sua composio e os estados do corpo (a queda, a corrida, a imobilidade, etc). Pela sua reinveno da linguagem cinematogrca (o lme anuncia o m da signicao pela voz da autora) Deux Fois foi altura admirado por Nol Burch, Jean-Luc Godard e Serge Daney.

21h30 Volleyball (Foot Film) de Yvonne Rainer EUA 1967 10 Beta sp pb sil. Goshogaoka de Sharon Lockhart EUA 1997 63 16mm cor som Rhode Island Red de Yvonne Rainer EUA 1968 10 Beta sp cor sil. NO de Sharon Lockhart EUA 2003 34 16mm cor som Mais dois lmes de Yvonne Rainer que se aproximam aqui do trabalho flmico de Sharon Lockhart que recorre coreograa como mtodo de organizao do movimento nas imagens. Volleyball um plano xo ao nvel dos ps de uma rapariga que joga com uma bola e surge aqui com Goshogaoka, hipntica encenao de um jogo de basquetebol duma equipa feminina de um liceu japons. Rhode Island Red o lme preferido de Rainer desta poca e uma observao dos movimentos num galinheiro. NO um lme contemplativo dos movimentos de um casal de agricultores que desenvolvem em tempo real o ritual de arranjo de ores num campo de cultivo (NO-Ikebana).

Os lmes da artista plstica Sharon Lockhart tm a sua origem na dana, no teatro e nas artes visuais; so ao mesmo tempo coreografados no seu movimento, modernistas na sua sensibilidade e etnogrcos no detalhe. Lockhart est to interessada na representao da vida real como na sua encenao, na arte do mundo como no mundo da arte. Com um estilo minimal, muito do seu trabalho levanta questes cruciais sobre as nossas expectativas como espectadores. Encena padres rigorosos apenas para nos surpreender e cria lmes exigentes que constituem um prazer. O uso que Lockhart faz da cmara xa e da durao dos planos para salientar a estrutura e o ritmo de aces de rotina e rituais est to relacionado com o seu trabalho fotogrco como com o cinema estruturalista. O seu lme mais recente um belo lme de paisagem realizado no Japo, que documenta o trabalho dirio de duas guras que trabalham o solo. O ttulo refere-se palavra que em Japons designa ao mesmo tempo teatro e agricultura.

Goshogaoka documenta o treino de basquetebol de uma equipa feminina de liceu de uma cidade suburbana japonesa, os seus movimentos fascinantes e mgicos.Kathy Geritz (Pacic Film Archive Film Notes)

Goshogaoka de Sharon Lockhart, 1997. Imagem cortesia de neugerriemschneider, Berlim

AGRADECIMENTOS AMIP (PARIS) CENTRE GEORGES POMPIDOU (PARIS) CINEDOC (PARIS) CINEMATECA PORTUGUESA MUSEU DO CINEMA (LISBOA) CINMATHQUE DE LA DANSE (PARIS) CINMATHQUE ROYALE DE BELGIQUE CNRS IMAGES/CINMATHQUE (PARIS) COLLECTIF JEUNE CINMA (PARIS) EVA RIEHL FILM MAKERS COOPERATIVE (NOVA IORQUE) FILMMUSEUM BERLIN (BERLIM) FREUNDE DER DEUTSCHEN KINEMATHEK (BERLIM) FRIEDRICH-WILHELM-MURNAU STIFTUNG (BERLIM) GIOVANNI LISTA JEAN-MICHEL MAREAU LIGHTCONE (PARIS) LUX (LONDRES) MOMA CIRCULATING FILM & VIDEO LIBRARY (NOVA IORQUE) NEDERLANDS FILMMUSEUM (AMESTERDO) NEUGERRIEMSCHNEIDER (BERLIM) PARADISE FILMS (BRUXELAS) RE:VOIR (PARIS) RICHARD SERRA SIXPACKFILM (VIENA) VIDEO DATA BANK (NOVA IORQUE) ZEITGEIST FILMS (NOVA IORQUE) CHRISTOPHE BICHON CLAIRE GAUSSE CLMENCE TAILLANDIER GABRIELA TRUJILLO JOANA ASCENSO JOO NISA JOS NEVES MARCEL MAZ MARCELO FELIX NICOLE BRENEZ NUNO SENA PAULO PRANTO PIP CHODOROV RAPHAL SEVET RAYMONDE CARASCO RGIS HBRAUD SHARON LOCKHART TIAGO GUEDES TOM GUNNING XAVIER BAERT YVONNE RAINER

Conselho de Administrao Presidente Manuel Jos Vaz Vice-Presidente Miguel Lobo Antunes Vogal Lus dos Santos Ferro

Assessores Gil Mendo (Dana) Francisco Frazo (Teatro) Miguel Wandschneider (Arte Contempornea) Raquel Ribeiro dos Santos (Servio Educativo) Direco de Produo Margarida Mota Produo e Secretariado Patrcia Blazquez Mariana Cardoso de Lemos Tiago Rodrigues * Exposies Antnio Sequeira Lopes (Produo e Montagem) Paula Tavares dos Santos (Produo) Susana Sameiro (Culturgest Porto) Comunicao Filipe Folhadela Moreira Publicaes Marta Cardoso Rosrio Sousa Machado Actividades Comerciais Catarina Carmona Servios Administrativos e Financeiros Cristina Ribeiro Paulo Silva * estagirio

Direco Tcnica Eugnio Sena Direco de Cena e Luzes Horcio Fernandes Audiovisuais Amrico Firmino Paulo Abrantes Iluminao de Cena Fernando Ricardo (Chefe) Nuno Alves Maquinaria de Cena Jos Lus Pereira (Chefe) Alcino Ferreira Tcnicos Auxiliares Tiago Bernardo lvaro Coelho Frente de Casa Rute Moraes Bastos Bilheteira Manuela Fialho Edgar Andrade Joana Marto Recepo Teresa Figueiredo Soa Fernandes Auxiliar Administrativo Nuno Cunha

Culturgest, uma casa do mundo. Informaes 21 790 51 55 Edifcio Sede da CGD, Rua Arco do Cego, 1000-300 Lisboa [email protected] www.culturgest.pt