10
Em capítulos anteriores, nós examinamos a tabela de roteamento utilizando o comando show ip route. Nós vimos como rotas diretamente conectadas, estáticas e dinâmicas são adicionadas e excluídas da tabela de roteamento. Um administrador de rede precisa conhecer profundamente a tabela de roteamento ao identificar e solucionar problemas de rede. Entender a estrutura e o processo de procura da tabela de roteamento ajudará a diagnosticar qualquer problema de tabela de roteamento - independentemente de seu nível de familiaridade com um protocolo de roteamento específico. Por exemplo, você pode encontrar uma situação na qual a tabela de roteamento tem todas as rotas que você esperava ver, mas o encaminhamento de pacotes não está funcionando conforme o esperado. Saber realizar o processo de procura de um endereço IP de destino para um pacote lhe dará a capacidade de determinar se o pacote está sendo encaminhado conforme o esperado, se e por que o pacote está sendo enviado para outro lugar ou se o pacote foi descartado. Neste capítulo, nós examinaremos a tabela de roteamento mais detalhadamente. A primeira parte do capítulo aborda a estrutura da tabela de roteamento de IP da Cisco. Examinaremos o formato da tabela de roteamento e obteremos mais informações sobre as rotas de nível 1 e nível 2. A segunda parte do capítulo analisa o processo de procura da tabela de roteamento. Nós discutiremos o comportamento de roteamento classful, bem como o comportamento de roteamento classless, que utiliza os comandos no ip classless e ip classless. Muitos dos detalhes relacionados à estrutura e ao processo de procura da tabela de roteamento de IP Cisco foram omitidos deste capítulo. Se você estiver interessado em ler mais sobre este assunto e os mecanismos internos do IOS Cisco já que estão relacionados a roteamento, leia Cisco IP Routing, de Alex Zinin (ISBN 0-201-60473-6). Nota: Este não é um livro para iniciantes sobre protocolos de roteamento - é uma análise completa de protocolos, processos e algoritmos utilizados pelo IOS Cisco. 1 | Page

figura. R1 e R2 compartilham uma rede 172.16.0.0/16 comum

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Em capítulos anteriores, nós examinamos a tabela de roteamento utilizando o comando show

ip route. Nós vimos como rotas diretamente conectadas, estáticas e dinâmicas são adicionadas

e excluídas da tabela de roteamento.

Um administrador de rede precisa conhecer profundamente a tabela de roteamento ao

identificar e solucionar problemas de rede. Entender a estrutura e o processo de procura da

tabela de roteamento ajudará a diagnosticar qualquer problema de tabela de roteamento -

independentemente de seu nível de familiaridade com um protocolo de roteamento específico.

Por exemplo, você pode encontrar uma situação na qual a tabela de roteamento tem todas as

rotas que você esperava ver, mas o encaminhamento de pacotes não está funcionando

conforme o esperado. Saber realizar o processo de procura de um endereço IP de destino para

um pacote lhe dará a capacidade de determinar se o pacote está sendo encaminhado

conforme o esperado, se e por que o pacote está sendo enviado para outro lugar ou se o

pacote foi descartado.

Neste capítulo, nós examinaremos a tabela de roteamento mais detalhadamente. A primeira

parte do capítulo aborda a estrutura da tabela de roteamento de IP da Cisco. Examinaremos o

formato da tabela de roteamento e obteremos mais informações sobre as rotas de nível 1 e

nível 2. A segunda parte do capítulo analisa o processo de procura da tabela de roteamento.

Nós discutiremos o comportamento de roteamento classful, bem como o comportamento de

roteamento classless, que utiliza os comandos no ip classless e ip classless.

Muitos dos detalhes relacionados à estrutura e ao processo de procura da tabela de

roteamento de IP Cisco foram omitidos deste capítulo. Se você estiver interessado em ler mais

sobre este assunto e os mecanismos internos do IOS Cisco já que estão relacionados a

roteamento, leia Cisco IP Routing, de Alex Zinin (ISBN 0-201-60473-6).

Nota: Este não é um livro para iniciantes sobre protocolos de roteamento - é uma análise

completa de protocolos, processos e algoritmos utilizados pelo IOS Cisco.

1 | P a g e

Neste capítulo, nós utilizaremos uma rede simples de três roteadores, como mostrado na

figura. R1 e R2 compartilham uma rede 172.16.0.0/16 comum com sub-redes de 172.16.0.0/24.

R2 e R3 estão conectados pela rede 192.168.1.0/24. Observe que R3 também possui uma sub-

rede 172.16.4.0/24 que está desconectada, ou descontígua, da rede 172.16.0.0 que R1 e R2

compartilham. Serão examinados os efeitos desta sub-rede descontígua posteriormente neste

capítulo, quando observarmos o processo de procura de rota.

2 | P a g e

Também são mostradas as configurações de interface para R1 e R3 na figura. Em uma seção

posterior, nós configuraremos as interfaces para R2.

A tabela de roteamento de exemplo na figura consiste de entradas de rota das seguintes

origens:

Redes diretamente conectadas

Rotas estáticas

Protocolos de roteamento dinâmico

A origem da rota não afeta a estrutura da tabela de roteamento. A figura mostra um exemplo de

uma tabela de roteamento com rotas diretamente conectadas, estáticas e dinâmicas. Observe

que as sub-redes de 172.16.0.0/24 possuem uma combinação de todos os três tipos de fontes

de roteamento.

Nota: A hierarquia de tabela de roteamento no IOS Cisco foi implementada originalmente com o

esquema de roteamento classful. Embora a tabela de roteamento incorpore endereçamento

classful e classless, a estrutura global ainda é criada ao redor deste esquema classful.

3 | P a g e

Os roteadores R1 e R3 já têm suas interfaces configuradas com os endereços IP e máscaras

de sub-rede apropriados. Agora nós configuraremos as interfaces para R2 e utilizaremos o

comando debug ip routing para exibir o processo da tabela de roteamento utilizado para

adicionar estas entradas.

A figura mostra o que acontece quando a interface Serial 0/0/1 para R2 está configurada com o

endereço 192.168.1.1/24. Assim que o comando no shutdown é digitado, a saída do comando

debug ip routing mostra que esta rota foi adicionada à tabela de roteamento.

4 | P a g e

Na figura, show ip route exibe a rede diretamente conectada na tabela de roteamento que nós

acabamos de adicionar a R2.

A tabela de roteamento de IP Cisco não é um banco de dados flat (plano). A tabela de

roteamento é, de fato, uma estrutura hierárquica utilizada para acelerar o processo de procura

quando se deseja localizar rotas e pacotes de encaminhamento. Dentro desta estrutura, a

hierarquia inclui diversos níveis. Para simplificar, nós discutiremos todas as rotas como um dos

dois níveis: nível 1 ou nível 2.

5 | P a g e

Vamos aprender sobre as rotas dos níveis 1 e 2 revisando a entrada de tabela de roteamento

mais detalhadamente.

C 192.168.1.0/24 is directly connected, Serial0/0/1

Uma rota de nível 1 é uma rota com uma máscara de sub-rede igual ou menor que a máscara

classful do endereço de rede. 192.168.1.0/24 é uma rota de rede de nível 1, porque a máscara

de sub-rede é igual à máscara classful da rede. A máscara classful é /24 para as redes de

classe C, tais como a rede 192.168.1.0.

Uma rota de nível 1 pode funcionar como:

• Rota padrão - Uma rota padrão é uma rota estática com o endereço 0.0.0.0/0.

• Rota de super-rede - Uma rota de super-rede é um endereço de rede com uma máscara

menor do que a máscara classful.

• Rota de rede - Uma rota de rede é uma rota que possui uma máscara de sub-rede igual

a da máscara classful. Uma rota de rede também pode ser uma rota primária. As rotas

primárias serão abordadas na próxima seção.

A origem da rota de nível 1 pode ser uma rede diretamente conectada, rota estática ou um

protocolo de roteamento dinâmico.

6 | P a g e

No tópico anterior, nós vimos uma rota de rede de nível 1 que também era uma rota definitiva.

Vejamos agora outro tipo de rota de rede de nível 1, uma rota primária. A figura mostra a

configuração da interface 172.16.3.1/24 em R2 e a saída do comando show ip route. Observe

que existem, na verdade, duas entradas adicionais na tabela de roteamento. Uma entrada é a

rota primária e a outra é a rota secundária. Por que existem duas entradas em vez de uma?

7 | P a g e

Quando a sub-rede 172.16.3.0 foi adicionada à tabela de roteamento, outra rota, 172.16.0.0,

também foi adicionada. A primeira entrada, 172.16.0.0/24, não contém nenhum endereço IP do

próximo salto ou informações de interface de saída. Esta rota é conhecida como uma rota

primária de nível 1.

8 | P a g e

Uma rota primária de nível 1 é uma rota de rede que não contém endereço IP do próximo salto

ou interface de saída para nenhuma rede. Uma rota primária é, de fato, um título que indica a

presença de rotas de nível 2, também conhecidas como rotas secundárias. Uma rota primária

de nível 1 é criada automaticamente toda vez que uma sub-rede é adicionada à tabela de

roteamento. Em outras palavras, uma rota primária é criada sempre que uma rota com uma

máscara maior do que a máscara classful é inserida na tabela de roteamento. A sub-rede é a

rota secundária de nível 2 da rota primária. Neste caso, a rota primária de nível 1 que foi criada

automaticamente é:

172.16.0.0/24 is subnetted, 1 subnets

Uma rota de nível 2 é uma rota que é uma sub-rede de um endereço de rede classful. Como

uma rota de nível 1, a fonte de uma rota de nível 2 pode ser uma rede diretamente conectada,

uma rota estática ou um protocolo de roteamento dinâmico. Neste caso, a rota de nível 2 é a

rota de sub-rede real que foi adicionada à rede quando nós configuramos a interface

FastEthernet 0/0:

C 172.16.3.0 is directly connected, FastEthernet0/0

Nota: Lembre-se de que a hierarquia da tabela de roteamento no IOS Cisco possui um

esquema de roteamento classful. Uma rota primária de nível 1 é o endereço de rede classful da

rota de sub-rede. Este é o caso mesmo se um protocolo de roteamento classless for a origem

da rota de sub-rede.

Analisemos as entradas da tabela de roteamento para a rota primária de nível 1 e a rota

secundária de nível 2 (sub-rede).

9 | P a g e

Rota primária de nível 1

• Esta rota primária contém as seguintes informações:

• 172.16.0.0 - O endereço de rede classful para nossa sub-rede. Lembre-se: a tabela de

roteamento de IP Cisco é estruturada de uma maneira classful.

• /24 - A máscara de sub-rede para todas as rotas secundárias. Se as rotas secundárias

tiverem máscaras de sub-rede de tamanho variável (VLSM, variable length subnet

masks), a máscara de sub-rede será excluída da rota primária e incluída com as rotas

secundárias individuais. Isto será mostrado em uma seção posterior.

• is subnetted, 1 subnet - Esta parte da rota especifica que esta é uma rota primária e,

neste caso, tem uma rota secundária, ou seja, 1 sub-rede.

Rota secundária de nível 2

A segunda entrada, 172.16.3.0, é a rota real para nossa rede diretamente conectada. Esta é

uma rota de nível 2, também conhecida como rota secundária, e contém as seguintes

informações:

• C - O código do roteador para a rede diretamente conectada.

• 172.16.3.0 - A entrada de rota específica.

• está diretamente conectada - Junto com o código de rota de C, isto especifica que esta

é uma rede diretamente conectada com uma distância administrativa de 0.

• FastEthernet0/0 - A interface de saída para encaminhar pacotes que correspondem a

esta entrada de rota específica.

A rota secundária de nível 2 é a entrada de rota específica para a sub-rede 172,16.3.0/24.

Observe que a máscara de sub-rede não está incluída com a sub-rede, a rota secundária de

nível 2. A máscara de sub-rede para esta rota secundária (sub-rede) é a máscara /24 incluída

em sua rota primária, 172.16.0.0.

As rotas secundárias de nível 2 contêm a origem de rota e o endereço de rede da rota. As rotas

de nível 2 também são consideradas rotas definitivas porque contêm o endereço IP do próximo

salto e/ou a interface de saída.

10 | P a g e