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Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no DF Filiado à CUT/FENAJUFE Ano XVI - nº 54 Dezembro de 2008

Filiado à CUT/FENAJUFE Sindicato dos Trabalhadores do ......Até dobrei minha série na academia. Tenho certeza de que vou fazer bonito tanto no vôlei quanto no futebol. E se der,

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Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciárioe do Ministério Público da União no DF

Filiado à CUT/FENAJUFE

Ano XVI - nº 54Dezembro de 2008

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4 Revista do Sindjus Dez/2008

Vamos fechar 2008 e abrir 2009 com a certeza de estar nobom combate: só não há saída quando a gente se tranca paraa solidariedade. Mais um ano para confirmarmos a nossa força nopacto cotidiano. Todo dia renovar a disposição para a luta, reavaliarcaminhos, rever pontos ultrapassados, criar pontes sobre as diferençase se manter em diálogo permanente nessa construção, ao mesmo tem-po, coletiva e individual. Melhoramos o que nos cerca quandosomos melhores. Melhoramos mais ainda quando agimos or-ganizados. O ano fecha com a apreensão da conjuntura econômicamundial que se desfaz pelo colapso inevitável dos seus descaminhosde cobiça descontrolada e dominação pelo acúmulo de poder, recursos

e informações. Ao se decomporum mundo cria-se a chance deconstrução para outro. Exorci-zamos o retrocesso para saudarum novo mundo que sempre acha-mos ser possível e por isso luta-mos tantos anos. Um que seja maishumano e fraterno. Um que sejamais de todos. Todos mais consci-entes do quanto cada um repre-senta e deve ser respeitado. Vaderetro, retrocesso! Recue o quenos oprime e acua. Avance oque nos liberta.

Vade retro,retrocesso

Brincante cearense na Praça dos Três Poderes,no cortejo da Re-Proclamação da Repúblicapela Cultura, em 15 de novembro. Arco-íris:arco da aliança entre os que ousam sonhar efazer. Leia na página central sobre o cortejo-manifesto da diversidade cultural brasileira.

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5Revista do Sindjus Dez 2008

O fim do ano se anuncia enos convida a um momento dereflexão, de balanço de atitudese de germinação de sonhos. Aolongo dessa estrada chamada2008 nos deparamos com mui-tas conquistas e bandeiras em-punhadas. A instalação da Co-missão Interdisciplinar do Judici-ário, a diminuição da jornada detrabalho no MPU e a fomenta-ção de um novo Plano de Car-reira são feitos a comemorar.Nosso plano já é uma realidade,

ao menos na consciência coletiva de quem o estáconstruindo. Sendo assim, é apenas uma questãode tempo para nossa carreira prosperar ainda mais.

Prosperar lembra crescimento, evolução, pro-gresso, aprimoramento. Que essa expressão, car-regada de simbolismo, sirva-nos de alimento.Após a confraternização de final de ano, come-çaremos 2009 com a missão de aprovar nossos

Roberto PolicarpoCoordenador-geraldo Sindjus

A nossa vidaé agora, ofuturo é só umseguimento...E prosperar éo destino quequeremos seguir.Nada poderáimpedir ajornadarumo às suasreivindicações,se você assimdecidir.

AO LEITOR

prosperarplanos de carreira dentro do Judiciário e Ministé-rio Público e levá-los ao Congresso Nacional. Se2008 foi o ano do debate, o próximo será o damobilização. A capacidade de nos unir e lutar peloque queremos será o fator decisivo para o nossomelhoramento enquanto profissionais e cidadãos.Melhorar a nossa carreira é investir no desenvolvi-mento da sociedade e, sobretudo, de uma naçãomais justa e igualitária.

Se nos convencemos de que somos pessoas ca-pazes de mudar a realidade, tudo será transforma-do. Com esperança, podemos escrever uma novahistória. A nossa vida é agora, o futuro é só umseguimento... E prosperar é o destino que quere-mos seguir. Nada poderá impedir a jornada rumoas suas reivindicações, se você assim decidir. Por isso,o êxito em 2009 depende do grau da sua inserçãonesta coletividade. Muito obrigado por ter feito donosso 2008 um ano repleto de orgulho e motiva-ção. Que o seu final de ano e o de sua família sejade muita felicidade, solidariedade e esperança numfuturo cada vez melhor.

Caminho paraDAN SHIRLEY

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6 Revista do Sindjus Dez/2008

CARTAS

A crise não é nossaConcordo plenamente com o Policarpo. Asaída para essa crise financeira está nofortalecimento do serviço público. É precisoinvestir nos servidores de carreira e não cortarna nossa carne. Ainda mais quando se trata deuma crise que não é nossa.Augusto Sousa – TSE

O caminho certoAo entrevistar o presidente do STJ, ministroCésar Asfor Rocha, e buscar seu apoio para onosso Plano de Carreira, tive a certeza de queo Sindjus é o único meio para conseguirmosavanços em nossas reivindicações.Definitivamente, esse Sindicato conquistatodos os espaços.Vera Lúcia – STJ

Racismo no JudiciárioEu não sou negro na cor da pele, mas nocoração. Sou apaixonado pela cultura negra,casei-me com uma negra e fico muito triste aover que o Judiciário e o MPU ainda sãocompostos, majoritariamente, por brancos.Principalmente, nos altos escalões. A inclusãodeve se dar em todas as frentes e espaços.César Moura – MPU

Agora só faltam vocêsOlhem aí, Gilmar Mendes, Ayres Britto, RiderBritto: o ministro Asfor Rocha já secomprometeu a nos ajudar em nosso Plano deCarreira. Agora, faltam vocês declararemapoio. Estamos de olho!Victor Oliveira – TST

A fome e a ostentaçãoAntigamente eu achava que essa discussãosobre consumismo era simplesmenteideológica. Mas hoje vejo que o objeto dediscussão é real. Há um sentimento decomprar, comprar, comprar pulsando nas veiasde uma gente que lota supermercados,shoppings, lojas de entrequadra. E pior,compra-se o desnecessário. Daí o prejuízomaterial, psíquico e alheio, já que a fome e aostentação passam pela mesma rua.Marta Guimarães – TJDFT

Ano de conquistasQuero desejar um feliz natal e um feliz anonovo a todos os diretores e trabalhadores doSindjus, bem como a todos os associados.Estou filiado há onze anos e me orgulho muitode fazer parte dessa família. Que 2009 sejaum ano farto de conquistas!Carlinhos – TRT

Sindicato dos Trabalhadores doPoder Judiciário e do MPU no DF

SDS, Ed. Venâncio V, Bl. R, s. 108 a 114CEP 70393-900 - Brasília-DFPABX (61) 3224-9392www.sindjusdf.org.br

Coordenadores-geraisAna Paula Barbosa Cusinato (MPDFT)Roberto Policarpo Fagundes (TRT)Wilson Batista de Araújo (TRE/DF)

Coordenadores deAdministração e FinançasBerilo José Leão Neto (STJ)Cledo de Oliveira Vieira (TRT)Jailton Mangueira de Assis (TJDF)

Coordenadores de AssuntosJurídicos e TrabalhistasEliza de Souza Santos Ávila (STF)José de Oliveira Silva (TJDF)Newton José Cunha Brum (TST)

Coordenação de Formaçãoe Relações Sindicais Carlos Alberto de Araújo Costa (TJDF)Eliane do Socorro Alves da Silva (TRF)Raimundo Nonato da Silva (STM)

Coordenadores de Comunicação,Cultura e LazerOrlando Noleto Costa (TSE)Sheila Tinoco Oliveira Fonseca (TJDF)Valdir Nunes Ferreira (MPF)

Conquista do OesteEstimulante a reportagem “A conquista doOeste” publicada na edição passada. Dá vontadede ler mais sobre o assunto. Eu fiz questão deguardar a revista para o meu filho, que vivefazendo trabalhos escolares sobre a história deBrasília. Cheio de detalhes, é um assunto queinteressa toda a família e nos leva a pensar:onde eu entro nessa conquista?Leila Tavares – TRF-1

Canal de comunicaçãoTenho acompanhado as discussões sobre o novoPlano de Carreira e gostaria de parabenizar oSindicato pelo canal de comunicação que foicriado com os servidores. Quando estivermoscomemorando a aprovação do plano noCongresso Nacional poderemos dizer: fomos nós,literalmente, que construímos a nossa carreira!Mendonça – STF

Olimpíadas do SindjusQuero avisar aos associados que eu já comeceimeu treinamento para as Olimpíadas do Sindjus.Até dobrei minha série na academia. Tenhocerteza de que vou fazer bonito tanto no vôleiquanto no futebol. E se der, ainda vou cair napiscina. Não vejo a hora das disputascomeçarem.Mauro Soares – TJDFT

PARTICIPE!Envie seuscomentários ousugestões depauta [email protected]

Coordenação editorialTT Catalão - Reg. Prof. 685-DFEdiçãoUsha VelascoReportagem e redaçãoDaniel CamposFabíola GóisThais AssunçãoRevisãoPatcha ComunicaçãoProjeto gráfico e arteUsha VelascoTiragem12.000 exemplares

Sindjus

Revista do Sindjus

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“Uma revista de alta classe”Quero registrar minha satisfação com aRevista do Sindjus. Sou uma pessoa difícilde agradar; no entanto, mesmo procuran-do defeitos no novo formato da publica-ção, não consegui encontrá-los, nem nascores, nem nas fotografias, nem nos temasabordados, nem nas reportagens, que porsinal estão muito bem escritas, sem esticarnem encolher assuntos. A diagramaçãoestá ótima, a impressão muito boa, opapel em uma tonalidade que não cansao leitor, pois não briga com o texto. Enfim,uma revista de alta classe. Continuem,vocês estão no caminho do sucesso!Parabéns para toda a equipe.

Telma Oliveira – STJ

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caba de ser lançado, sob a responsabilidade edi-torial do Conselho Indigenista Missionário – CIMI

e autoria da professora Rosane Lacerda, um livro queregistra e avalia a participação indígena no processoconstituinte de 1987–1988.

Publicado pelo CIMI, uma das entidades mais atu-antes na luta pelos direitos indígenas na AssembléiaNacional Constituinte, o livro traz em suas 240 pági-nas o resgate histórico da intensa mobilização dospovos indígenas e de seus aliados no palco da ANC.

A publicação reúne também diversas fotografias edocumentos do período relativos a cada fase do anda-mento dos trabalhos da ANC em torno da questão in-dígena. Além de marcar as comemorações pela passa-gem dos vinte anos da CF/88, o trabalho visa subsidiarpesquisas relativas à participação dos movimentos so-ciais na elaboração da Carta Fundamental do país.

O lançamento ocorreu no SESC Ceilândia, no fi-nal de novembro, com a presença de Dom Erwin Kräu-tler, Bispo de São Félix do Xingu e Presidente do CIMI,e fez parte das atividades do Seminário Constituição20 anos: Estado, democracia e participação popular,promovido pela Comissão de Legislação Participativada Câmara dos Deputados.

A autora, Rosane Lacerda, é uma das principaisexpressões da assessoria jurídica à causa indígena, e étambém de sua autoria uma dissertação de mestradoexemplar – Diferença não é Incapacidade. Gênese e Tra-jetória Histórica da Concepção da Incapacidade Indíge-na e sua Insustentabilidade nos Marcos do Protagonis-mo dos Povos Indígenas e do Texto Constitucional de1988 – que tive o privilégio de orientar no âmbito doPrograma de Pós-Graduação da Faculdade de Direitoda UnB. Rosane escreve regularmente no Observatórioda Constituição e da Democracia, publicação mensalque resulta de uma bem-sucedida parceria entre a UnB(Faculdade de Direito) e o Sindjus-DF.

Conforme indicou a própria autora, com-põem o livro duas partes principais. Na primeira, divi-dida em dois capítulos, ela buscou oferecer ao leitoruma panorâmica dos problemas vividos pelos povosindígenas no momento pré-constituinte, a inserção domovimento indígena no conjunto maior dos movimen-tos sociais em luta pela construção de um regime ver-

OPINIÃO

José Geraldo deSouza JúniorProfessor da Faculdadede Direito e Reitorda Universidadede Brasília (UnB)

Este livro disponibi-liza diversos devalor histórico,como depoimentosde lideranças indí-genas e militantesindigenistas. Trata-se de um tributo àmemória de todosos que acreditarame participaramdaquele processo

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Os povos indígenas e a

Constituintedadeiramente democrático, plural e participativo, bemcomo as mobilizações destinadas à participação na fei-tura da nova Carta Constitucional do país. Na segundaparte ela narra, a partir de cada fase dos trabalhos daANC, os embates em torno das propostas relativas aosdireitos indígenas, os obstáculos encontrados em meioao percurso e as estratégias utilizadas tanto pelos po-vos indígenas quanto por seus aliados, culminando como texto finalmente aprovado.

Nesse momento em que se comemora os vinteanos da promulgação da Constituição Federal de 1988– a “Constituição Cidadã”–, a presença indígena noscorredores do Congresso Nacional em meio à Assem-bléia Nacional Constituinte é fato freqüentemente lem-brado. Contudo, não havia ainda recebido um tratamentomais detido e específico.

O livro é, pois, o significativo esforço de um resgatesistematizado sobre a histórica participação do movi-mento indígena no processo constituinte de 1987–1988.É fruto não apenas de pesquisas documentais nos anais,arquivos e publicações da época, mas também da pers-pectiva de quem acompanhou e testemunhou de pertoaqueles acontecimentos.

Visando servir de subsídio a pesquisas sobre aparticipação dos movimentos sociais na Constituinte, olivro disponibiliza aos seus leitores diversos documen-tos de valor histórico relativos ao tema, como depoi-mentos de lideranças indígenas, militantes indigenistase especialistas, dados perante a fase das subcomissões,assim como o inteiro teor das propostas relativas aosdireitos indígenas e as propostas de emendas popularesà Constituição. Além disso, traz diversos registros foto-gráficos dos momentos mais marcantes das mobiliza-ções em torno da luta pelos direitos indígenas na ANC.Uma luta, em suma, com alto teor de exemplaridadepara a construção social da cidadania, sobretudo quan-do se leva em conta debates, inclusive acadêmicos (de-bate de Valladolid), travados ao longo do século XVI,quando pairava a dúvida – se é que não paira ainda –acerca da própria humanidade dos indígenas.

Trata-se, enfim, de um tributo à memória de todos osque acreditaram e participaram daquele processo, e umafonte importante de pesquisas para as gerações mais no-vas, para as quais estes fatos já constituem história.

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CARREIRA

Sindjus já fechou a primeira versãoda proposta de Plano de Cargos, Car-

reira e Remuneração (PCCR). O texto foielaborado a partir de um amplo debatecom a categoria, ao longo de todo o se-gundo semestre deste ano. Foram realiza-das uma série de reuniões, seminários se-toriais, debates e oficinas com analistas etécnicos do Judiciário e do Ministério Pú-blico, com a consultoria do especialista emgestão de pessoas Angelino Rabelo, con-tratado pelo Sindicato para coordenar oprocesso de discussão e de consolidaçãodas propostas dos servidores.

A primeira versão do PCCR (para osservidores do Judiciário) foi ao ar no dia21 de novembro, no site do Sindjus, e

em dez dias recebeu mais de 450 men-sagens dos servidores, corroborando oumodificando algum item.

A proposta do novo Plano de Car-reira para o MPU foi disponibilizada umasemana mais tarde, no dia 28, para in-cluir as contribuições do encontro naci-onal dos servidores do Ministério Públi-co, que aconteceu em São Paulo, nos dias14 e 15 de novembro.

“Prorrogamos um pouco a apresenta-ção dessa primeira versão para adequarmelhor o texto às especificidades do Mi-nistério Público, ouvindo a opinião domaior número possível de servidores. As-sim, garantimos um processo democráti-co e participativo”, afirmou o coordena-

dor-geral do Sindjus, Roberto Policarpo.Como os dois textos são bastante

parecidos, publicamos nesta edição daRevista do Sindjus a versão preliminardo PCCR do Judiciário. Você pode con-ferir o texto, na íntegra, nas próximaspáginas, e consultar os anexos no nossosite (www.sindjusdf.org.br). Lá vocêpode analisar também a íntegra do pro-jeto do PCCR para os servidores do Mi-nistério Público.

É sempre bom lembrar que essas duasversões preliminares estão sendo divulga-das para receber as críticas e sugestões dosservidores. Dê a sua opinião! Afinal, trata-se do seu futuro. Para participar, escrevapara [email protected].

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Oficina com técnicosdo Judiciário, emoutubro: processoparticipativo

ARTHUR MONTEIRO

Leia, opine,

participeEstão prontas as minutas dosprojetos de lei que criam o novo

Plano de Carreira para oJudiciário e o Ministério Público

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MINUTA DE PROJETO DE LEI(VERSÃO PRELIMINAR)

LEI Nº __ /08 , DE __ DE ____ DE 2008

Institui o Plano de Cargos, Carreira eRemuneração dos servidores públicos doPoder Judiciário da União; revoga a Leinº 11.416, de 15 de dezembro de 2006;e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço Sa-ber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDas Disposições Preliminares

Art. 1º Fica instituído o Plano de Car-gos, Carreira e Remuneração – PCCR dosservidores públicos do Poder Judiciárioda União.

Seção IDos Princípios e das Diretrizes

Art. 2º O PCCR instituído por esta Leiestá fundamentado em um consistenteprocesso de reestruturação de cargos,carreira, vencimentos e política de remu-neração, com ênfase nos seguintes prin-cípios e diretrizes:

I – vinculação das atividades, a seremexercidas nas diversas áreas de atuação,aos processos de trabalhos, estratégiase competências essenciais dos Órgãos,e, por conseqüência, aos objetivos doPoder Judiciário da União, para o cum-primento do seu papel constitucional;

II – participação e formação de opiniãodos servidores por meio de um processodemocrático e transparente de comuni-cação e de coleta de informações e su-gestões obtidas nos seminários e nasoficinas de delineamento de cargos deprovimento efetivo, como forma de as-

segurar a modernização dos cargos e onecessário equilíbrio interno e externodos vencimentos com aqueles pratica-dos por órgãos estratégicos dos demaisPoderes da União;

III – concepção de estrutura ocupaci-onal com observância à aplicação dafilosofia da multifuncionalidade, pormeio da adoção de cargos amplos eestratégicos, com as seguintes carac-terísticas:

a) engloba, num mesmo cargo e áreade atuação, tão somente as atividadespreponderantes que agregam valoresaos Órgãos, permitindo que haja flexi-bilidade para seus ocupantes exercerematribuições amplas e correlatas em na-tureza, nível de complexidade e res-ponsabilidade;

b) facilita a mobilidade dos servidoresno âmbito das diversas unidades orga-nizacionais, valorizando a polivalência eo enriquecimento do trabalho e, comoconseqüência, otimiza o aproveitamen-to do potencial dos servidores, evitandoa sua subutilização.

c) reduz o número de especialidades aomínimo necessário, evitando-se desviosde função.

IV – ingresso nos cargos de provimentoefetivo da carreira judiciária medianteaprovação prévia em concurso públicode provas ou de provas e títulos, confor-me disposto no edital; nomeação paracargos em comissão e designação parafunções comissionadas por meio de pro-cesso seletivo interno, como forma deevitar a terceirização em áreas estraté-gicas e finalísticas dos órgãos;

V – desenvolvimento funcional na car-reira em decorrência de mérito, tempode serviço e participação em programas

e projetos de capacitação e educação,com foco na gestão por competências –como instrumento de desenvolvimentoorganizacional e de desenvolvimentoprofissional e pessoal dos servidores, le-vando-se em conta as necessidades es-tratégicas dos órgãos e os seus legíti-mos interesses.

Seção IIDos Conceitos

Art. 3º. Para os efeitos desta lei, consi-deram-se:

I – Avaliação de Desempenho: processodidático-pedagógico, integrado à avali-ação institucional, de caráter contínuoe não punitivo, voltado para a melhoriacontínua da gestão pública, que consi-dera as condições de trabalho, os aspec-tos positivos e outros que precisam sermelhorados no desempenho do servidore da equipe, visando subsidiar ações efi-cazes e efetivas nos demais processosde gestão de pessoas, com foco nas es-tratégias organizacionais dos Órgãos doPoder Judiciário.

II – Avaliação Institucional: processo sis-têmico e socialmente contextualizado,levando-se em conta as estratégias ecompetências organizacionais, constru-ído de forma democrática e transparen-te, com a participação de todos os ato-res envolvidos, como parte integrante doprocesso de construção de um serviçopúblico de qualidade no Poder Judiciá-rio da União.

III – Adicional de Qualificação: vantagempecuniária devida ao servidor em razãodos conhecimentos adicionais adquiri-dos em ações de treinamento, títulos,diplomas ou certificados de cursos depós-graduação, em sentido amplo ouestrito, em áreas de interesse dos órgãosdo Poder Judiciário.

VEJA A ÍNTEGRA DO PROJETO DE LEI

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IV – Capacitação e educação: conjuntode ações didático-pedagógicas, vincula-das ao planejamento e às competênciasessenciais do Órgão, com o objetivo deconscientizar o servidor para a responsa-bilidade compartilhada do seu desenvol-vimento integral, até os mais altos níveisde educação formal e prepará-lo paradesenvolver competências que agreguemvalor à carreira e à Instituição.

V – Cargo em Comissão: cargo decla-rado em lei de livre nomeação e exone-ração, destinado às atribuições de di-reção, chefia e assessoramento, cujoquantitativo deverá ser preenchido, nopercentual mínimo de 60% (sessentapor cento), por servidores ocupantes decargo de provimento efetivo do órgãorespectivo.

VI – Cargo Multifuncional: conjunto deatribuições de natureza abrangente eestratégica, que permite a flexibilidadeno exercício daquelas preponderantese diversificadas, com níveis equivalen-tes de escolaridade, complexidade e res-ponsabilidade.

VII – Carreira: possibilidade de cresci-mento do servidor nas classes de umcargo, estimulando o seu desenvolvi-mento profissional e pessoal de forma acontribuir para a melhoria contínua dosresultados organizacionais e para o cum-primento das funções sociais do estadono Poder Judiciário.

VIII – Descrição e especificação de car-gos: registro de atribuições principaiscometidas ao servidor (que agregamvalores ao Órgão) e requisitos essenci-ais (escolaridade, conhecimentos, habi-lidades e atitudes) requeridas para oprovimento e exercício de cargo amploe estratégico.

IX – Desenvolvimento: processo de cres-cimento profissional e pessoal do servi-dor, caracterizado pela aquisição de no-vos conhecimentos, habilidades e atitu-des e a conseqüente melhora no seudesempenho funcional.

X – Padrão vencimental: instrumento daestrutura remuneratória dos cargos deprovimento efetivo, estruturados emclasses e padrões, com vistas a viabili-zar a progressão e a promoção do servi-dor na carreira, delimitada por valoresmínimos, intermediários e máximos.

XI – Função Comissionada: conjunto deatribuições de direção, chefia ou asses-soramento, a serem ocupadas exclusiva-mente por servidores ocupantes de car-go de provimento efetivo, da carreirajudiciária, mediante retribuição.

XII – Plano de Cargos, Carreira e Re-muneração: instrumento legal voltadoà área de gestão de pessoas, que con-templa o processo de estruturação decargos, carreira, vencimentos e políticaremuneratória, em conformidade comas estratégias, competências essenciaise processos de trabalho dos Órgãos eem conformidade com os ditames cons-titucionais.

XIII – Progressão Funcional: movimen-tação do servidor de um padrão para oimediatamente superior dentro de umamesma classe, mediante critérios previ-amente estabelecidos.

XIV – Promoção: movimentação do ser-vidor do último padrão de uma classesalarial para o primeiro padrão da clas-se seguinte, dentro do mesmo cargo,observando-se critérios de tempo, méri-to, capacitação e educação, que carac-teriza o desenvolvimento funcional.

XV – Vencimento Básico: é a retribuiçãopecuniária pelo exercício de cargo de pro-vimento efetivo, com valor fixado em lei.

XVI – Vencimentos: o vencimento bási-co acrescido das vantagens de caráterpermanente estabelecidas em lei.

XVII – Remuneração: o vencimento bá-sico, acrescido das parcelas permanen-tes e transitórias, pagas ao servidor atítulo de contraprestação pelos servi-ços prestados.

CAPÍTULO IIDa Estrutura Ocupacional do PCCR

Art. 4º A estrutura ocupacional do PCCRcontempla, em conformidade com asestratégias, competências essenciais,processos de trabalhos e os aludidosprincípios e diretrizes, cargos públicosmultifuncionais de provimento efetivo,organizados na Carreira Judiciária, as-sim como cargos em comissão e fun-ções comissionadas, de livre nomeaçãoe exoneração.

Seção IDa Carreira Judiciária

Art. 5º Os Quadros de Pessoal efetivodo Poder Judiciário, organizado na Car-reira Judiciária, são compostos dos se-guintes Grupos Ocupacionais:

I – Grupo Ocupacional de AtividadesTécnicas de Nível Superior, com nível decurso superior, inclusive licenciatura ple-na, correlacionado com a especialidade,se for o caso, que compõe-se dos seguin-tes cargos:

a) Analista Judiciário;b) Oficial de Justiça Avaliador Federal; ec) Técnico Judiciário.

II – Grupo Ocupacional de Atividades deApoio Operacional e Administrativo, comnível de escolaridade correspondente aoensino médio completo, composto pelocargo de Assistente Judiciário.

Parágrafo único. Aos ocupantes dos car-gos de Analista Judiciário e de TécnicoJudiciário – área de segurança institu-cional e transporte são conferidas asdenominações de Inspetor de Seguran-ça e Agente de Segurança e Transporte,respectivamente, para fins de identifi-cação funcional.

Art. 6º Os cargos de provimento efetivode ambos os grupos ocupacionais sãoestruturados em Classes, na forma doAnexo I, levando-se em conta as seguin-tes áreas estratégicas de atuação:

O PCCR está aqui para receber suas críticas e sugestões.

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I – área judiciária, compreendendo a re-alização de atividades técnicas de nívelsuperior por bacharéis em Direito, queenvolvam o processamento de feitos,apoio a julgamentos, execução de man-dados, estudos e pesquisas de legisla-ções, de doutrina e de jurisprudência einstruções processuais, bem como ela-boração de laudos e pareceres jurídicosentre outras atividades;

II – área especializada, compreendendoa realização de atividades de suportetécnico, de nível superior, por profissio-nais graduados em várias especialida-des, como: (arquitetura e engenharia,saúde, taquigrafia entre outras), queagregam valores aos órgãos e exigemdos titulares o devido registro no órgãofiscalizador do exercício da profissão;

III – área administrativa, compreenden-do a realização de atividades de supor-te técnico-administrativo, de nível supe-rior, em áreas como: planejamento emodernização institucional, gestão depessoas, material e patrimônio, licitaçõese contratos, orçamento e finanças, con-trole interno e auditoria, entre outrasatividades;

IV– área de segurança institucional etransporte, compreendendo a realizaçãode atividades técnicas de nível superior,complexas e diversificadas, na área desegurança e transporte do Tribunal, pla-nejando, organizando, coordenando eexecutando atribuições que envolvam asegurança patrimonial, de magistrados edemais autoridades, servidores e o públi-co externo nas dependências do Órgão.

V – área de gestão e de tecnologia dainformação – compreendendo ativida-des técnicas de nível superior, relacio-nadas com a gestão, desenvolvimento,suporte e ao planejamento, organização,assessoramento, coordenação e execu-ção atribuições que envolvam o desen-volvimento, implantação e manutençãode sistemas informatizados, tecnologiasde rede, bancos de dados e segurançae comunicação da informação do Órgão.

VI – área de atividades básicas, de ní-vel médio, compreendendo o apoiooperacional nas áreas de vigilância, ar-tífice e administrativo nas áreas de se-cretariado, digitação, recepção, entreoutras correlatas.

Art. 7º A descrição dos cargos de provi-mento efetivo, suas atribuições principaise requisitos para ingresso, estão conti-dos no Anexo V.

Seção IIDos cargos em comissão e dasfunções comissionadas

Art. 8º Os cargos e as funções de livrenomeação e exoneração, destinados àsatribuições de direção, chefia e assesso-ramento, integram os Quadros de Pes-soal dos órgãos do Poder Judiciário daUnião, e estão estruturados em:

I – Cargos em Comissão, escalonadosde CJ-1 a CJ-4;

II – Funções Comissionadas, escalona-das de FC-1 a FC-6.

CAPÍTULO IIIDa Estrutura de Remuneraçãodo PCCR

Art. 9º A estrutura de remuneração doPCCR dos servidores do Poder Judiciárioda União contempla a remuneração doscargos de provimento efetivo, incluídasas vantagens estabelecidas em lei, e aretribuição pelo exercício de cargos emcomissão e funções comissionadas.

Seção IDa Remuneração dos Cargosde Provimento Efetivo

Art. 10. A remuneração dos cargos deprovimento efetivo da Carreira Judiciá-ria de que trata esta lei é composta pelovencimento básico, pela Gratificação deAtividade Judiciária (GAJ), pelo Adicio-nal de Qualificação (AQ), pela Gratifica-ção de Atividades Especiais, e demaisvantagens estabelecidas em lei.

Art. 11. Os vencimentos básicos dos Car-gos de Provimento Efetivo dos Quadrosde Pessoal do Poder Judiciário são osconstantes do Anexo II desta Lei.

§ 1° – A Gratificação Judiciária – GAJé calculada mediante aplicação dopercentual de 50% (cinqüenta por cen-to) do maior vencimento básico do car-go de provimento efetivo ocupado peloservidor.

§ 2º Os servidores retribuídos pela re-muneração do Cargo em Comissão,bem como os sem vínculo efetivo coma Administração Pública, não percebe-rão a gratificação de que trata o § 1°deste artigo.

§ 3º O servidor da carreira judiciária ce-dido não perceberá, durante o seu afas-tamento, a gratificação de que trata o §1° deste artigo, salvo na hipótese decessão para órgãos da União, na condi-ção de optante pela remuneração docargo efetivo.

Seção IIDo Adicional de Qualificação

Art. 12. Fica instituído o Adicional deQualificação – AQ, destinado aos servi-dores da carreira judiciária, em razão deconhecimentos e habilidades adicionaisadquiridos em ações de treinamento edesenvolvimento (eventos de capacita-ção – cursos, congressos, seminários ecorrelatos de pequena e média duração),bem como de educação formal em cur-sos de longa duração de graduação epós-graduação em nível de especializa-ção, mestrado e doutorado, em sentidoamplo ou estrito, em áreas de interessedos órgãos do Poder Judiciário, confor-me Anexo VI.

§ 1º O adicional de que trata este artigonão será concedido quando o curso cons-tituir requisito para ingresso no cargo.

§ 2º Para efeito do disposto neste arti-go, serão considerados como formaçãoem educação continuada somente os

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ANEXO II

O PCCR está aqui para receber suas críticas e sugestões.

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cursos de graduação e pós-graduaçãoem nível de especialização, mestrado edoutorado, ministrados por instituiçõesde ensino reconhecidas pelo Ministé-rio da Educação, na forma da legisla-ção vigente.

§ 3º O adicional será considerado nocálculo dos proventos e das pensões,somente se o título, o diploma ou certi-ficado forem anteriores à data da ina-tivação.

Art. 13. O Adicional de Qualificação –AQ incidirá sobre o maior vencimentoda carreira judiciária, da seguinte forma:

I – 30% (trinta por cento), em se tratan-do de título de Doutor;

II – 20% (vinte por cento), em se tratan-do de título de Mestre;

III – 15% (quinze por cento), em se tra-tando de certificado de Especialização;

IV – 10% (dez por cento), em se tratan-do de curso de graduação de duraçãoregular para os ocupantes do cargo deAssistente Judiciário; e

V – 10% (dez por cento), em se tratan-do da segunda graduação para os ocu-pantes de cargos de nível superior.

VI – 2% (dois por cento) ao servidorque possuir conjunto de ações de trei-namento e desenvolvimento que tota-lize pelo menos 120 (cento e vinte)horas, observado o limite de 10% (dezpor cento).

§ 1º Os cursos de educação formal emnível de pós-graduação mencionadosnos incisos de I a III não são cumulati-vos, devendo, em razão disso, o servidorperceber apenas o percentual correspon-dente ao nível mais alto.

§ 2º O adicional de qualificação serádevido a partir do dia da apresentaçãodo título, diploma ou certificado.

§ 3º O servidor da carreira judiciária ce-dido não perceberá, durante o afasta-mento, o adicional de que trata este ar-tigo, salvo na hipótese de cessão paraórgãos da União, na condição de optantepela remuneração do cargo efetivo.

Seção IIIDas Gratificações de AtividadesEspeciais

Art. 14. Fica instituída a Gratificação deAtividade Externa – GAE, devida exclu-sivamente aos ocupantes do cargo deOficial de Justiça Avaliador Federal.

§ 1º A gratificação de que trata este ar-tigo corresponde a 35% (trinta e cincopor cento) do maior vencimento básicodo cargo de Oficial de Justiça AvaliadorFederal.

§ 2º É vedada a percepção da gratifica-ção prevista neste artigo pelo servidordesignado para o exercício de funçãocomissionada ou nomeado para cargoem comissão.

Art. 15. Fica instituída a Gratificação deAtividade de Segurança – GAS, devidaexclusivamente aos ocupantes dos car-gos de Analista Judiciário e de TécnicoJudiciário que exerçam as atribuições desegurança e transporte.

§ 1º A gratificação de que trata este ar-tigo corresponde a 35% (trinta e cincopor cento) do maior vencimento básicodo cargo de provimento efetivo ocupa-do pelo servidor.

§ 2º É vedada a percepção da gratifica-ção prevista neste artigo pelo servidordesignado para o exercício de funçãocomissionada ou nomeado para cargoem comissão.

§ 3º O recebimento da gratificação pre-vista no caput deste artigo está condici-onado à participação anual do servidorem programa de capacitação e desen-volvimento, na área de segurança insti-tucional e transporte.

Seção IVDa Retribuição dos Cargosem Comissão

Art. 16. O servidor designado para ocu-par Cargo em Comissão poderá optarpor perceber:

I – a retribuição pelo exercício de cargoem comissão, conforme disposto no Ane-xo III, ou

II – a remuneração de seu cargo de pro-vimento efetivo, acrescida de 65% daretribuição do cargo em comissão.

Seção VDa Retribuição pelo exercíciode Funções Comissionadas

Art. 17. A retribuição pelo exercíciode função comissionada é paga emrubrica destacada ao servidor desig-nado para ocupar essa função e serápercebida cumulativamente com a re-muneração do seu cargo de provimen-to efetivo.

Art. 18. Os valores da retribuição dasFunções Comissionadas são os constan-tes do Anexo IV.

CAPÍTULO IVDo Provimento dos Cargos eFunções Comissionadas

Seção IDo Ingresso na Carreira

Art. 19. O ingresso em qualquer dos car-gos de provimento efetivo da carreirajudiciária dar-se-á no primeiro padrão daclasse “A” respectiva, após aprovação emconcurso público, de provas ou de pro-vas e títulos.

Parágrafo único. Os órgãos do Poder Ju-diciário da União poderão incluir, comoetapa do concurso público, programa deformação de caráter classificatório.

Art. 20. São requisitos de escolaridadepara ingresso:

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I – para o cargo de Analista Judiciário,curso de ensino superior, inclusive licen-ciatura plena, correlacionado com a es-pecialidade, se for o caso;

II – para o cargo de Oficial de JustiçaAvaliador Federal, curso de ensino su-perior, de bacharelado em direito;

III – para o cargo de Técnico Judiciário,curso de ensino superior, inclusive licen-ciatura plena, correlacionado com a es-pecialidade, se for o caso;

IV – para o cargo de Assistente Judiciá-rio, curso de nível médio.

Parágrafo único. Além dos requisitosprevistos neste artigo, poderão ser exi-gidos formação especializada, experi-ência e registro profissional a seremdefinidos em regulamento e especifica-dos em edital de concurso.

Seção IIDos cargos em comissão e dasfunções comissionadas

Art. 21. Para a investidura em cargos emcomissão, será exigida formação superi-or, considerando-se gerenciais os cargosem que haja vínculo de subordinação epoder de decisão, especificados em re-gulamento, e exigindo-se de seus titula-res a participação em cursos de desen-volvimento gerencial.

Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta porcento) dos cargos em comissão, existen-tes no âmbito de cada órgão do PoderJudiciário, serão destinados a servidoresefetivos integrantes de seu quadro depessoal, selecionados mediante critéri-os técnicos, em processo seletivo inter-no, na forma prevista em regulamento.

Art. 23. O exercício das funções comis-sionadas é exclusivo dos servidores ocu-pantes de cargos de provimento efetivointegrantes da carreira judiciária, obser-vados os requisitos de qualificação eexperiência, estabelecidos em regula-mento e aferidos em processo seletivointerno de ampla divulgação.

§ 1º As funções comissionadas de natu-reza gerencial serão exercidas exclusi-vamente por servidores com formaçãosuperior.

§ 2º Consideram-se funções comissio-nadas de natureza gerencial aquelas emque haja vínculo de subordinação e po-der de decisão, especificados em regu-lamento, exigindo-se do titular partici-pação em curso de desenvolvimentogerencial oferecido pelo órgão.

§ 3º A participação dos titulares de fun-ções comissionadas de que trata o § 2ºdeste artigo em cursos de desenvolvi-mento gerencial é obrigatória, a cada 2(dois) anos, sob a responsabilidade dasrespectivas unidades organizacionais degestão de pessoas dos órgãos do PoderJudiciário da União.

Art. 24. No âmbito da jurisdição de cadatribunal ou juízo é vedada a nomeaçãoou designação, para os cargos em co-missão e funções comissionadas, de côn-juge, companheiro, parente ou afim, emlinha reta ou colateral, até o terceirograu, inclusive, dos respectivos membrose juízes vinculados, salvo a de ocupantede cargo de provimento efetivo da car-reira judiciária, caso em que a vedaçãoé restrita à nomeação ou designaçãopara servir perante o magistrado deter-minante da incompatibilidade.

Art. 25. O servidor designado formal-mente, como substituto, para o exercí-cio de Cargo em Comissão ou FunçãoComissionada, perceberá nas ausênciase impedimentos legais do titular, a retri-buição do Cargo em Comissão ou Fun-ção Comissionada proporcional ao nú-mero de dias trabalhados.

CAPÍTULO IVDo Desenvolvimento na CarreiraJudiciária

Art. 26. O desenvolvimento dos servido-res nos cargos de provimento efetivo dacarreira judiciária dar-se-á por progres-são funcional e por promoção.

§ 1° A progressão funcional observaráo interstício de um ano, mediante crité-rios fixados em regulamento e de acor-do com o resultado obtido em sistemade gestão de desempenho, e também oseguinte:

I – O sistema de gestão de desempenhoconsistirá em instrumento gerencial con-tínuo que envolva o planejamento, aexecução, o acompanhamento e a ava-liação 360 graus, devendo, para isso, le-var em consideração as necessidadesestratégicas do Órgão, os interesses dosservidores e as condições de trabalho aeles oferecidas;

II – O servidor que permanecer, no mes-mo padrão, pelo período de dois anosconsecutivos, por não obter progressãofuncional por mérito, terá, automatica-mente, no início do terceiro ano, a pro-gressão de um padrão, a título de pro-gressão por antigüidade;

§ 2° A promoção observará o interstí-cio de um ano em relação à progressãofuncional imediatamente anterior, de-pendendo, cumulativamente, do resul-tado do processo de gestão de desem-penho e da participação com aprovei-tamento em curso de aperfeiçoamentooferecido, preferencialmente, pelo ór-gão, na forma prevista em regulamen-to, e observado o seguinte:

I – Os requisitos para promoção nos car-gos da carreira judiciária, envolverão ocumprimento de etapas de programa decapacitação e educação continuada,além daqueles estabelecidos para efei-to de progressão funcional;

II – Os programas de capacitação e edu-cação continuada de pessoal deverãoconsiderar as necessidades estratégicasdos Órgãos, o potencial e o interessedo servidor;

§ 3º Os programas referidos nos pará-grafos anteriores deste artigo disponi-bilizarão projetos específicos de capaci-tação e educação continuada de servi-

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dor, com vistas à sua evolução nas di-mensões técnica e/ou gerencial.

§ 4º Os programas capacitação e edu-cação continuada de servidor serão ge-ridos pela Escola Judiciária – que de-verá ser criada na forma de regulamen-to, no prazo de 180 dias, em parceriacom as unidades organizacionais res-ponsáveis pela gestão de pessoas decada Órgão.

§ 5º Os órgãos do Poder Judiciário de-verão assegurar orçamento anual de 2%da folha de pagamento para as açõesde capacitação e educação continuadados servidores.

Art. 27. Os Órgãos do Poder Judiciárioda União deverão instituir conselhosde caráter consultivo, normativo e fis-calizador, integrado por 6 (seis) mem-bros, sendo 3 (três) indicados pelo ór-gão e 3 (três) pela entidade sindicalde classe.

§ 1º Os conselhos a serem instituídosconforme disposto no caput deste arti-go terão competências inerentes à pro-gressão funcional, promoção, ocupaçãode cargos em comissão e funções comis-sionadas, bem como à capacitação eeducação continuada.

§ 2º Os integrantes do Conselho referi-do no caput deste artigo deverão ser trei-nados para o exercício de suas funçõese substituídos gradativamente após pe-ríodo não superior a 3 (três) anos.

§ 3º O Conselho referido no caput desteartigo deverá incumbir-se de:

I – acompanhar a fundamentação téc-nica, lisura e imparcialidade na aplica-ção dos critérios e procedimentos con-tidos no sistema de gestão de desem-penho, propondo alterações quandonecessário;

II – verificar o cumprimento dos critéri-os exigidos para progressão funcionale promoção.

III – acompanhar e avaliar o conteúdodos programas e projetos de capacita-ção e educação continuada, propondoalterações quando necessário.

CAPÍTULO IVDisposições Finais e Transitórias

Art. 28. Para efeito da aplicação do art.36 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembrode 1990, conceitua-se como Quadro aestrutura de cada Justiça Especializada,podendo haver remoção, nos termos dalei, no âmbito da Justiça Federal, da Jus-tiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral eda Justiça Militar.

Art. 29. Para fins do inciso I do artigo 37da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de1990, atende ao interesse da adminis-tração a redistribuição por reciprocida-de entre os cargos de provimento efeti-vo, no âmbito dos quadros de pessoaldos órgãos do Poder Judiciário da União,mediante provocação ou ex oficio, ob-servados os demais requisitos constan-tes dos incisos II a VI do mencionadodispositivo legal, conforme disposto emregulamento.

Art. 30. Os ocupantes dos cargos deprovimento efetivo da Carreira Judiciá-ria executam atividades exclusivas deEstado.

Art. 31. Os concursos públicos realiza-dos ou em andamento, na data da pu-blicação desta Lei, para os Quadros dePessoal dos Órgãos do Poder Judiciárioda União são válidos para ingresso naCarreira Judiciária.

Art. 32. O enquadramento previsto noart. 5º da Lei nº 8.460, de 1992, esten-de-se aos servidores dos Quadros dePessoal do Poder Judiciário da União queocupavam as classes A e B da Categoriade Auxiliar Operacional de Serviços Di-versos, convalidando-se os atos adminis-trativos com este teor, observados osenquadramentos previsto no art. 4º e noAnexo III da Lei nº 9.421, de 24 de de-zembro de 1996, no art. 3º e no Anexo

II da Lei nº 10.475, de 27 de junho de2002, e no art. 19 e no Anexo V da Leinº 11.416, 15 de dezembro de 2006.

Art. 33. Os órgãos do Poder Judiciárioda União fixarão em ato próprio a lota-ção dos cargos efetivos, das funçõescomissionadas e dos cargos em comis-são nas unidades componentes de suaestrutura.

Art. 34. Serão aplicadas aos servidoresdo Poder Judiciário da União as revisõesgerais dos servidores públicos federais,observado o que a respeito resolver oSupremo Tribunal Federal.

Art. 35. Caberá ao Supremo Tribunal Fe-deral, ao Conselho Nacional de Justiça,aos Tribunais Superiores, ao Conselho daJustiça Federal, ao Conselho Superior daJustiça do Trabalho e ao Tribunal de Jus-tiça do Distrito Federal e Territórios, noâmbito de suas competências, baixar osatos regulamentares necessários à apli-cação desta Lei, observada a uniformi-dade de critérios e procedimentos, noprazo de 180 (cento e oitenta) dias, acontar de sua publicação.

Art. 36. A elaboração dos regulamentosde que trata esta Lei deve contar com aparticipação de representantes das en-tidades sindicais.

Art. 37. O disposto nesta Lei aplica-seaos aposentados e pensionistas.

Art. 38. As despesas resultantes da exe-cução desta Lei correm à conta das do-tações consignadas aos Órgãos do Po-der Judiciário da União, no OrçamentoGeral da União.

Art. 39. Esta Lei entra em vigor na datade sua publicação.

Art. 40. Fica revogada a Lei 11.416, de2006.

Brasília, ___ de ________ de 2008; ___da Independência e ____ da República.

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Thais Assunção e Usha Velasco

odos temos algo de bom a dar.Comida, dinheiro, roupas, atenção,

tempo, companhia, aptidões, talentos.Num país onde as desigualdades so-ciais são abissais e onde o governo nãosupre satisfatoriamente nem mesmo asnecessidades básicas da população, to-dos os gestos são importantes, tantoos pequenos quanto os grandes.

Com isso em mente, cerca de vintemilhões de brasileiros arregaçam asmangas e dedicam seu tempo a ajudaro próximo, gratuitamente e por iniciati-va própria. Esse número tende a aumen-tar, porque, segundo pesquisa do Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatísti-

ca (IBGE), 60% dos entrevistadosafirmaram ter vontade defazer algum tipo de tra-balho voluntário, se sou-bessem como e ondeajudar.

Fazer a ponte entre esses voluntári-os em potencial e as entidades sociaisque precisam de ajuda é o objetivo dacampanha Eu dôo talento, lançada estemês pelo Sindjus (veja p. 19). Nos pri-meiros dias a campanha já recebeu umgrande número de adesões dos servi-dores – mostrando que só falta um“empurrãozinho” para estimular aspessoas à ação.

Esse também é o objetivo da RedeSolidária Anjos do Amanhã, criada hádois anos no TJDFT. A Rede reúne umconjunto de ações voluntárias paraajudar crianças e adolescentes quecumprem penas socioeducativas.“Queremos dar formação para essesmeninos e meninas, ajudá-los a con-quistar um lugar no mercado de tra-balho. Para isso, temos que ofereceroportunidades”, afirma a coordenado-ra Lúcia Eugênia Velloso Passarinho.

Atualmente a Rede Solidária envol-ve 160 voluntários e dezenas de em-

presas e instituições. A idéia é reunir osrecursos humanos e materiais que sur-gem de iniciativas individuais, gruposou empresas. A Rede faz a ligação en-tre os voluntários, as instituições e ascrianças e adolescentes.

“Estamos ajudando a formar cida-dãos. Precisamos oferecer capacitaçãoe, conseqüentemente, autonomia a es-ses jovens. Vejo na Rede Solidária aoportunidade que faltou a eles”, dizSimone Costa Resende da Silva, dire-tora da Vara da Infância e Juventude.“E o trabalho de voluntário é muitogratificante”, acrescenta.

A Rede Solidária ofereceu ao técni-co judiciário Vinícius de Faria Sena umaoportunidade que ele procurava: “Sem-pre quis trabalhar em projetos sociais.Já participei de alguns, mas nada tãogrande quanto esse. Hoje dou aulas demontagem e configuração de micro-computadores no bairro Itapuã. Estoume sentindo útil e realizado.”

SOLIDARIEDADE

Lúcia, Vinícius, Lilianee Helena, do TJDFT:

oportunidades paracrianças e adolescentes

em situação de risco

T

voluntárioVida de

Servidores dedicam-se atrabalhos sociais e garantem,com unanimidade: ajudar opróximo é gratificante

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A Rede Solidária não recebe doa-ções em dinheiro. O interesse do pro-jeto é orientar os voluntários. O corpotécnico é formado por servidores doTJDFT. “Somos uma ferramenta impor-tante, porque fazemos o link entre osvoluntários e as instituições. O traba-lho é intenso, mas gratificante. Mes-mo assim, estou sentindo necessida-

de de fazer mais.Quero ser volun-tária também,para dedicar umahora ou mais domeu dia a ajudaralguém mais deperto”, afirma aanalista judiciáriaLiliane Miranda.

“Os jovenstêm uma série den e c e s s i d a d e sfundamentais e

que devem ser supridas, para termosadultos dignos no futuro”, afirma otécnico judiciário Gelson de Souza Lei-te. Ele também se diz gratificado pelotrabalho voluntário: “Minha vida agoraé outra. Com o trabalho na Rede Soli-dária eu me sinto mais feliz.”

Para a técnica judiciária Maia He-lena Marques, ser voluntária é umgesto de amor. “Só trabalha como vo-luntário quem tem paixão. Eu souapaixonada pela Rede Solidária; elame fez enxergar o mundo de outraforma. Dois mais dois, aqui, não dãoquatro, dão muito mais. O trabalho émultiplicado. Eu me sinto mais útil acada dia”, conta ela.

A Rede Solidária Anjos do Ama-nhã foi criada por iniciativa do juizda Vara da Infância e da Juventudedo DF, Renato Rodovalho Scussel, ecom o apoio da diretora Simone Cos-ta Resende da Silva.

Gelson Leite, técnico doTJDFT e voluntário doAnjos do Amanhã: “Mi-nha vida agora é outra”

Simone Costa: “Precisamos oferecercapacitação e autonomia a esses jovens”

Uma nova visão de mundo

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“Sou voluntária por amor. Sintoa maior alegria quando vejo a reali-zação de um projeto como este”, afir-ma Márcia Bernardes, servidora apo-sentada do TRT e presidente da As-sociação dos Voluntários do Hospi-tal Universitário de Brasília – HUB.

A Associação foi fundada em1993. Possui treze núcleos, organi-zados de acordo com necessidadesdos pacientes e familiares. O núcleoBula do Riso leva diversão ao hospi-tal. São jovens vestidos de palhaço,que brincam nos corredores, enfer-marias e salas de espera.

A palhaça Joquinha, que já faziaa festa de crianças e adultos em ou-tros hospitais, agora integra a equi-pe do HUB. “Se eu puder, continuofazendo esse trabalho para sempre.

Nada se compara à sensação de pro-vocar um sorriso ou um olhar de ale-gria”, afirma a jovem, que preferenão revelar seu verdadeiro nome.

No núcleo Mediadores de Histó-rias, os voluntários, munidos de livros,fantoches e muita dedicação, levama literatura às enfermarias infantis. Aprofessora aposentada Leise Gonçal-ves de Oliveira participa do projetodesde o início. “Depois que descobrique sou uma contadora de histórias,eu me encontrei. Cresci como ser hu-mano e como cidadã”, analisa.

“Redescobri a arte de viver ao metornar voluntária”, conta Silvia Ma-ria Agostinho, servidora aposentadado TRT. “Tive câncer de mama; du-rante o tratamento, minha médicaperguntou se eu gostaria de partici-par do trabalho no HUB. Vim e meapaixonei. Já passei por quase todosos núcleos”, recorda.

Hoje Silvia fica oito horas por dia,de segunda a sexta, no núcleo Salade Espera da Mastologia, onde orien-ta as pacientes com problemas seme-lhantes aos que ela já enfrentou. “Es-cuto cada uma e tento ajudá-las comsugestões. Fico feliz quando alguémme diz que superou um problema comminhas dicas”, orgulha-se ela.

Ex-presidente do TRT, a juíza Tere-zinha Célia Kneipp Oliveira também évoluntária no HUB. “Estou aqui há doisanos e meio; sinto-me realizada”, afir-ma. Uma vez por semana ela vai aonúcleo de Hemodiálise e conversa comos pacientes, para que as quatro ho-ras que eles passam ligados às má-quinas se tornem mais leves.

Uma das idealizadoras do proje-to, a enfermeira Maria da Glória deLourdes Lima, diz que esse trabalhomove sua vida: “Aqui dou meu san-gue e suor. Faço tudo por amor aoser humano. Acho que o trabalho vo-luntário é hereditário; todos na mi-nha família são assim”, conta.

Hoje o HUB conta com 180 volun-tários, mas esse número ainda é peque-no comparado ao volume de pacien-tes. Por isso, a Associação está chaman-do mais gente para a equipe: “Todossão bem-vindos; tenho certeza de quevão se apaixonar”, aposta a presiden-te Márcia Bernardes. Veja os contatosno nosso site: www.sindjusdf.org.br.

Amor ao ser humano

Márcia Bernardes, Silvia Agostinho (no alto)e Maria da Glória (acima): Associação do

HUB reúne 180 voluntários em treze núcleos

A palhaça Joquinha (no alto)diverte o pessoal nos corredores eenfermarias. Acima, crianças sob oscuidados da “contadora de histórias”Leise Gonçalves (à direita)

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Para muitos servidores do TST, um grandeincentivo para aderir ao voluntariado veio em1994, com a campanha contra a fome de Her-bert de Souza (a famosa “campanha do Beti-nho”). Mobilizados, os servidores lançaram umaCampanha de Combate à Fome.

A adesão foi grande. Todos os meses aspessoas doavam um ou mais tíquetes-refeição.Em um ano e meio, arrecadaram em média qua-tro mil reais por mês. Mas alguns servidoresnão se contentaram em doar. Inspirados no SOSCidadania, do Banco do Brasil, Ana Borges, Fer-nanda Sampaio, Yoshimi Aparecida Ofuji e Ja-nedir Lopes resolveram modificar a campanha.

“Um projeto assistencialista não é suficien-te. É importante formar cidadãos, pessoas queentendam seus direitos e tenham como buscaro seu próprio sustento”, afirma a técnica judici-áriaYoshimi Aparecida Ofuji.

Com esse novo conceito, a campanha fir-mou parceria com o SOS Cidadania e o Sebrae,que ofereceu cursos profissionalizantes às pes-soas assistidas. “Colocamos toda a nossa ener-

gia no projeto. Tínhamos garra. O objetivo eraajudar as pessoas da melhor forma possível”,conta a analista judiciária Janedir Lopes. Porém,com o fim dos tíquetes (o auxílio-alimentaçãopassou a ser pago em dinheiro em 1995), mui-tos servidores deixaram de participar.

Hoje as doações são realizadas de três a qua-tro vezes por ano, em seis entidades: Cepacs, Fale,Associação de Deficientes de Brasília, Lar Infantil,Ampare e Casa da Criança. Mensalmente, 89 ser-vidores contribuem com valor que eles mesmosdecidem. O dinheiro é depositado diretamente naconta da Associação dos Servidores do TST. Oacompanhamento e a distribuição dos recursosficam por conta de Fernanda Sampaio.

Atualmente, porém, a campanha está pas-sando por um processo de revitalização. “Que-remos articular nossas idéias com outros pro-jetos que já existem. Também pretendemos fa-zer com que a campanha se torne realmentevoluntária, com mais participação dos servido-res nas entidades”, afirma o técnico adminis-trativo Edílson Franklin.

Ações cidadãs no TST

Participe da campanhaEU DÕO TALENTO. Com ela, o Sindjusestá fazendo a ponte entre asentidades sociais e as pessoas quequerem ser voluntárias.

Indique entidades para o nossocadastro. Para colaborar diretamente,consulte a lista de instituições nonosso site e veja onde você se encaixa.

As opções são muitas: escrever, cantar,dançar, cozinhar, organizar, liderar,conversar, brincar, dirigir, passear, fazercompanhia, consertar, contabilizar,pintar, fazer massagem, fotografar,costurar, telefonar, fazer campanhas...

Participe! Tem muita gente precisandodo que você gosta de fazer! E nãodeixe de relatar suas experiências paranossa equipe. Vamos divulgar todos ostrabalhos e fazer a campanha crescer.

Escreva para [email protected] ligue para 3212-2624 (Thais)e 3212-2602 (Anária).

Participe! www.sindjusdf.org.br

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ENQUETE

F OTOS : ARTHUR MONTE IRO

Eu me preocupo com opróximo; não gosto dedar esmolas, acho queisso não fará o outrocrescer ou se motivar.Acho que devemos

ajudar o próximo comum gesto, uma palavra eatitudes que o façam sedesenvolver e melhorar

como ser humano.

Danilo da Silva Mendes,técnico judiciário

do TJDFT

solidário?O que é ser solidário? Talvez possamos dormir com a consci-

ência tranqüila após dar uma esmola ou doar as roupas que nãousamos. Mas ser solidário significa muito mais. Solidariedadeenvolve colocar-se no lugar do outro, seja ele quem for. Podeenvolver, também, dedicar aos menos favorecidos algumas ho-ras do seu tempo. Neste final de ano, decidimos perguntar aosnossos filiados: você é solidário? Como?

Faço doações periódicas debrinquedos e roupas para

creches e asilos.Também procuro tratar as

pessoas sempre comrespeito e educação.

Acho que o mundo estácarente de diálogo; as

pessoas devem se respeitarmais e tentar conversar,resolver os problemas de

forma amigável.

Sérgio Neves Silva,analista judiciário do TRE

Você é

Ajudo instituições comdoações mensais.

Seleciono brinquedos dosmeus filhos para doar. Já

visitei creches paraconhecer as crianças e otrabalho realizado; achoque o tempo é a melhor

forma de mostrar seu ladosolidário. Muita gente

precisa de uma palavra, umabraço, um aperto de mão.

Elida Santos Cabral,analista judiciária do TRT

Ajudo a Abrace comdinheiro, mas queria fazermais pelo próximo. Vejo

muitas pessoas carentes deum gesto de carinho, de

palavras de apoio. Eu faziavisitas em uma creche, maspercebi que o trabalho eravoltado só para a questãofinanceira, então resolviprocurar outra entidade

mais confiável para apoiar.

Grecinai Kostouros,técnica judiciária

Page 21: Filiado à CUT/FENAJUFE Sindicato dos Trabalhadores do ......Até dobrei minha série na academia. Tenho certeza de que vou fazer bonito tanto no vôlei quanto no futebol. E se der,

21Revista do Sindjus Dez 2008

Participo de ações deinclusão social na minha

quadra. Sou prefeitocomunitário há vários anos;

durante a minha gestão,procurei fazer com que osmoradores de integrassemmais, revitalizando a praça,

organizando aulas decapoeira para as crianças.

Acho que isso é sercidadão e solidário.

Francisco Xavier de Castro,técnico judiciário do TJDFT

Ajudo campanhas deações cidadãs e me

preocupo com o próximo.Gosto de ouvir as pessoase tentar ajudá-las: colegas

de trabalho, amigos...Agora pretendo ouvir as

pessoas mais necessitadas.Acho que isso é

necessário para construirum mundo mais humano.

Aguilina Luiza Morais,técnica judiciária

do TJDFT

Minha família entregaroupas usadas para minhasogra reformar; doamos

a entidades carentes, durantetodo o ano. Já fui voluntário

no Hospital Distrital; fuipoucas vezes, mas me senti

muito bem. Fui visitar ospacientes e adorei; tenho que

me esforçar para encontrarmais tempo de me dedicar a

outras ações solidárias.

Ricardo Conceição Bermudaz,técnico judiciário do TRT

Eu ajudo como posso:financeiramente.

Visitei uma vez a creche queeu auxilio; lá nós “adotamos”

uma criança para ajudá-lacom dinheiro. Mas a instituição

reforça a importância dapresença física. Vou tentar irmais vezes. Também ajudo

meus parentes quandonecessitam de auxílio, comdinheiro ou com conversas.

Lucila Gomes Rosa, técnicajudiciária do TRE

Todo servidor público temobrigação de ser solidário. Apartir do momento em queum ser humano olha para o

outro e vê o seu próprioreflexo, tem consciência deque todos são iguais. Sou

solidária no meu dia-a-dia,com meus colegas; na

verdade, eu me vejo no outro.Ser solidário faz parte de mim,

corre nas minhas veias.

Léa Paula Septímio Coury,analista judiciária do TRT

Acho que ser solidário écolocar em prática a empatia,

colocar-se no lugar dooutro. Ajudar não só

materialmente, mas doandoseu tempo para encontrarcaminhos para solução de

problemas. Tento sersolidária no meu cotidiano,

como meus colegas detrabalho e familiares.

Elvanita Cristina PereiraCosta, técnica

administrativa do TJDFT

Ajudo em campanhasda igreja e em

creches também.No dia-a-dia, procurome conscientizar da

necessidade de ouvir opróximo e de observá-lo, para não invadir seuespaço. Acho que temosque tentar compreender

as pessoas.

Ana Paula PatiGomes, técnica

judiciária do TRE

Durante a faculdade estivenum projeto de alfabetização

de adultos. Depois, no trabalho,participei de projetos sociais

no Movimento dos Sem-Terra –MST. Percebi a importância

de ajudar o outro comopsicólogo; vi de perto aluta das pessoas. Tenho

orgulho de ter participado,foi uma lição de vida.

Wadar Rodrigues Lames,técnico de apoio

especializado do MPT

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24 Revista do Sindjus Dez/2008

Do alto dos seus 91 anos,

o poeta Manoel de Barrosensina que o ser humanoé incompleto, e que isso não

é defeito; é qualidade.Assim como ele, muitas outraspessoas precisam ser Outras.

E são. Esta coluna publicarámensalmente histórias de genteque concilia o serviço público

com as mais diversasatividades. São atletas, chefesde cozinha, professores,

pintores, mágicos, mecânicos,músicos... A lista não tem fim.

OUTROS EUS

A maior riqueza do homemé a sua incompletude.Nesse ponto sou abastado.Palavras que me aceitam comosou – eu não aceito.Não agüento ser apenas umsujeito que abreportas, que puxa válvulas,que olha o relógio, quecompra pão às 6 horas da tarde,que vai lá fora,que aponta lápis,que vê a uva etc. etc.PerdoaiMas eu preciso ser Outros.Eu penso renovar o homemusando borboletas.

Manoel de Barros

24 Revista do Sindjus Set/2008

Satisfação e

plenitude

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25Revista do Sindjus Dez 2008

ou completamente apaixonada pelo te-atro. O que mais me fascina é o poder

que ele tem de tocar o coração das pesso-as, de mudar suas vidas”, conta a técnicajudiciária do TSE, Raiane de Castro Barbo-sa. Aos 25 anos de idade, Raiane de Cas-tro tem um currículo extenso. Desde osnove anos, quando pediu para seus pais amatricularem na Companhia dos Peque-

nos Grandes Atores, ela dedica boa partede seu tempo à atuação nos palcos. A pai-xão só cresce com o passar dos anos.Quando cursava o ensino médio, Raianeatuava no grupo de teatro da escola; nafaculdade de Letras não foi diferente. Masela nunca deixou de participar do Grupode Teatro Espírita Luzes da Esperança – Te-luzes, onde trabalha há onze anos.

Hoje, com dezesseis anos de carreira,a técnica judiciária acredita que cada serhumano tem uma missão, uma espécie dedom especial, que nos transforma em pes-soas melhores. “Nós nascemos com algoque nos faz capazes de levar alguma coisaboa para as outras pessoas. No meu caso,essa missão é a arte”, diz Raiane.

Ela conta que está muito feliz por reali-zar mais um sonho: agora é estudante deBacharelado em Artes e Ciências, na Facul-dade Dulcina de Moraes. “Nasci para seratriz”, comemora. Outra grande paixão datécnica judiciária é o grupo de teatro espíri-ta, o Teluzes, que existe há vinte anos. “Jápassamos por muitas dificuldades, mas ogrupo permanece vivo e atuante, graças àparticipação de todos e ao nosso amor pelaarte”, conta. “Se tivermos a oportunidadede nos apresentar num ótimo teatro, exce-lente. Se a apresentação deve ser feita numaescola, num ginásio, onde quer que seja,excelente da mesma forma. Nossa intençãoé divulgar a mensagem espírita-cristã pormeio da arte”, explica.

Atualmente o grupo está em cartazcom a peça Palco das Ilusões, que conta ahistória do palhaço Peteleco e da bailari-na italiana Paola – personagem interpre-tada por Raiane. Ambos cometeram suicí-dio, por motivos diferentes. A peça mostrao desenrolar dessa história: conta as cau-sas, as conseqüências espirituais do aten-tado contra a vida e o processo evolutivodos personagens. A peça foi apresentadanos palcos de Brasília e de algumas cida-des do Entorno. “Para o próximo ano, te-mos planos de levar o espetáculo para maislonge”, sonha Raiane.

São tantos anos dedicados à arte deinterpretar que Raiane perdeu a conta daspeças em que participou, mas acredita se-rem mais de vinte. Para ela, o teatro acres-centa sempre algo especial em todos osaspectos de sua vida: “Sinto felicidade, paz,satisfação, plenitude. Isso acaba se refle-tindo até no meu ambiente de trabalho.”

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Raiane de Castro(com o colega Márcio

Guimarães): “Minhamissão é a arte”

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Quem quiser patrocinar oucontribuir com o grupo Teluzes podeentrar em contato com o diretorDaniel Magalhães (9696-1131) ouRaiane de Castro (9241-0174).

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26 Revista do Sindjus Dez/2008

mãosCom as próprias

Reunidas em cooperativas, comunidadesde baixa renda incorporam um novo conceito

de ação solidária, sem assistencialismo

ma humilde costureira da perife-ria de Brasília se viu sem rumo

quando apanhou do marido e saiu decasa. Não tinha perspectivas de mudarde vida até encontrar um grupo de mu-lheres que, assim como ela, precisavaencontrar um caminho para a indepen-dência. A personagem é do Gama, maspoderia ser do Paranoá, Ceilândia ouqualquer outra cidade desse Brasil comtantas desigualdades sociais. Diferen-temente do que seu algoz esperava, amulher se reergueu. Sobreviveu, con-quistou seu espaço e virou associadade uma organização que tem mudadoa realidade da comunidade onde vive.Costura, come com o dinheiro fruto doseu trabalho, se arruma, elevou a auto-estima e se sente cidadã.

Essa costureira é o retrato de umaação que tem dado certo no Brasil, hápelo menos vinte anos. É a solidarieda-de democrática, conceito estudado edifundido entre sociólogos e pesquisa-dores, que reforça a coesão social ecorrige as desigualdades. É uma redede voluntários que se unem para ga-rantir os seus direitos. E é diferente do

conceito de caridade e filantropia. O di-cionário define solidariedade como“compromisso pelo qual as pessoas seobrigam umas pelas outras e cada umadelas por todas”. Caridade significa“benevolência, bondade, compaixão”.

Todo final de ano os brasileiros re-petem esta cena: doar o que sobra, aroupa que não cabe mais, os alimen-tos que podem fazer falta não na suamesa, mas na daquela família carenteque espera ajuda natalina.

A mídia parece reforçar esse sen-timento de compaixão. Os órgãos deimprensa divulgam as campanhas deNatal como se elas fossem transfor-mar as comunidades carentes. Mas arealidade é bem diferente. As doaçõessão importantes, mas não são trans-formadoras: “Nesse caso, há mobili-zação, mas os doadores não se en-volvem numa prática cotidiana quemodifique o problema social”, desta-ca em sua tese de doutorado a pro-fessora Luciane Lucas, do Programade Mestrado em Comunicação e Prá-ticas de Consumo da Escola Superiorde Propaganda e Marketing (ESPM).

AssociaçãoMaria Brejeira,do Gama, ebordadeiras doParanoá (abaixo):mais renda emelhor qualida-de de vida

INCLUSÃO SOCIAL

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27Revista do Sindjus Dez 2008

Luciane afirma que a ação carita-tiva “raramente se compromete commudança de quadro social, cristalizan-do o outro na posição de quem nadatem a oferecer”. A caridade, na visãodos sociólogos, “engessa” indivíduose minorias em posições subalternas.

A doutora e professora do Depar-tamento de Sociologia da Universida-de de Brasília, Cristiane Girard, afirmaque a caridade é importante e tem oseu papel, mas é a solidariedade que

vai resgatar os direitos sociais. “A soli-dariedade é um vínculo fundamentalà democracia”, destaca.

A doutoranda em Sociologia doTrabalho Sônia Marise Sales Carvalho,aluna de Cristiane Girard, vai além. Elaafirma que a solidariedade democrá-tica amplia a idéia de doação e dá àsociedade o “direito a ter direito”.Sônia Carvalho explica que não bastatransferir renda do mais rico para omais pobre: “É preciso ensinar a essas

comunidades a gerenciar seus recur-sos e ter capacidade de retribuir o querecebem”, argumenta. Segundo ela,não pode haver democracia se nãohouver esse conceito amplo, chama-do de dádiva social: uma relação detroca onde dar, receber e distribuir émais importante do que apenas dar ereceber. As páginas seguintes trazemalguns exemplos de ações sociais quese alinham com o conceito de solida-riedade democrática.

Dar, receber e distribuir

CoesãoO conceito de

solidariedade democráticaé considerado um vínculo

fundamental àdemocracia, porque

reforça a coesão social ecorrige desigualdades.

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28 Revista do Sindjus Dez/2008

A inclusão social foi a meta do fo-tógrafo Ivaldo Cavalcante (dir.) paramudar a realidade onde vive. Atualmen-te ele possui a galeria Olho de Águia,em Taguatinga, e o jornal virtual www.olhodeaguia.com.br, montado com acolaboração de outros fotógrafos.

A saga de Ivaldo pela área socialcomeçou quando ele publicou dois li-vros: Taguatinga: Duas Decádas de Cul-tura e Brasília: 25 anos de Fotojorna-lismo. Hoje ele distribui os livros paramoradores de rua e pedintes que vivemabaixo da linha da pobreza e da exclu-são. Esses personagens foram foco eobjeto de suas imagens, retratadoscomo forma de denúncia.

“Eu dôo os livros, mas digo a elesque precisam vendê-los para ganhar di-nheiro. Foi a forma que encontrei decolaborar para a inclusão desses mo-radores de rua”, afirma.

Fotógrafo-cidadão

Cooperativa Noá:parceria com a UnB

INCLUSÃO SOCIAL

28 Revista do Sindjus Dez/2008

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29Revista do Sindjus Dez 2008

As cooperativas sociais que proli-feram por todo o país baseiam-se naidéia de solidariedade democrática. AUnB tem, por meio do Centro de De-senvolvimento Tecnológico, o progra-ma Incubadora Social e Solidária, queoferece consultoria, assessoria e acom-panhamento de projetos.

Em Brasília, a UnB apóia, entreoutros, as bordadeiras do Paranoá,um grupo de mulheres com poucosrecursos financeiros, que começarama trabalhar para ajudar na renda dafamília e montaram a cooperativaNoá. Elas bordam camisetas, saias ebolsas, e fazem a diferença na co-munidade onde moram. Desde 2005,as bordadeiras recebem apoio daUniversidade. O início da parceria sedeu com a doação de vinte camise-tas para o trabalho. A partir dessaação, as mulheres começaram a seaperfeiçoar: fizeram curso na área de

vendas e de costura. E hoje produ-zem e geram renda, em meio às suasatividades domésticas.

O coordenador de projetos da In-cubadora Social e Solidária, Pedro Hen-rique Isaac Silva, explica que a inten-ção é buscar qualidade de vida e nãoapenas renda para essas comunidades.“Solidariedade é dar e também rece-ber; é uma troca. Essas pessoas se aju-dam mutuamente”, destaca.

Isaac Silva afirma que a populaçãobrasileira precisa modificar conceitos.E buscar essa mudança por meio dasolidariedade é a garantia para umfuturo melhor. “Nós, que somos con-sumidores, podemos começar a com-prar produtos desses empreendimen-tos. Ao mesmo tempo em que se fazum consumo consciente, recebe-sealgo em troca; nesse caso, o fruto deum trabalho comunitário. Toda a soci-edade ganha com isso”, afirma.

Empolgado com as iniciativas quesurgem das comunidades, Isaac Silvalembra que esse consumo movimentaa economia, gera renda, amplia a no-ção de solidariedade e ainda eleva aauto-estima de todos os envolvidos.

Foi o que ocorreu com a dona-de-casa Santina Camargo, uma das inte-grantes da associação Ascobel, um pe-queno empre-endimento emÁguas Lindas(GO), distante40 quilômetrosde Brasília, quemonta vassou-ras à base degarrafas PET. Ogrupo de onzemoradores dobairro Coimbradecidiu inovar e,há cinco anos,comercializa osprodutos.

Santina Ca-margo contaque a mudançaveio com a parceria com a UnB. De-pois que a Ascobel tornou-se uma das“incubadas” da Universidade, a pro-dução tem tudo para aumentar. “Es-tamos começando a ser vistos e pro-curados por pessoas que querem com-prar vassouras e outras curiosas emsaber como é a produção”, conta.

Até o nome da associação vai mu-dar: passa a se chamar IPET a partirde janeiro. Em 2009, ganharão novasmáquinas para aumentar a produçãoe melhorar a qualidade das vassouras.Segundo Santina, elas não perdem emnada para as vassouras de piaçava;aliás, têm qualidade superior, são maisduráveis e eficientes. As cerdas de plás-tico reciclado não empenam nem de-formam, ao contrário das vassouras depiaçava. E ainda colaboram para evi-tar a degradação ambiental.

O papel doconsumidor

“Nós, que somos consumidores,podemos começar a comprarprodutos desses empreendi-mentos. Ao mesmo tempo emque se faz um consumo cons-ciente, recebe-se algo em troca;nesse caso, o fruto de umtrabalho comunitário. Toda asociedade ganha com isso.”

Isaac Silva, coordenadorde projetos da IncubadoraSocial e Solidária da UnB

Garantia de um futuro melhor

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30 Revista do Sindjus Dez/2008

A imprensa também atua de forma positiva noresgate da cidadania e inclusão social. Exemplo dis-so é o recente prêmio idealizado pelo jornal CorreioBraziliense, Mãos da Cidadania. O projeto homena-geou aqueles que construíram, com suas próprias mãos,um futuro melhor para a população do Distrito Fede-ral. Foram premiados os autores dos melhores proje-tos que promovem a cidadania no DF, nas categoriaseducação, cultura, tecnologia, saúde e esporte.

Resgate da cultura brasileira

Outro projeto que participa da Incubadora Social da UnB é a Asso-ciação Cultural Cia Artcum, fundada em 1994 por um grupo de artistasde Taguatinga, com objetivo de resgatar a cultura popular brasileira.Eles têm dois espetáculos montados: O Boi Jatová e o Forró do Cerra-do. Hoje, participam da associação músicos, atores, dançarinos e arte-sãos, que se preocupam com a preservação do meio ambiente e a gera-ção de trabalho e renda para a comunidade local.

O presidente do projeto, Geraldo Magela Toledo, explica que, alémdo artesanato vendido em loja própria, a companhia leva cultura àscomunidades. “Tiramos os jovens das ruas e os levamos para a oficinade produção de instrumentos musicais, por exemplo, para que eles ven-dam o que produzem. Queremos que eles vivam sem precisar de cestabásica. Queremos mostrar a eles que é possível conquistar bens com oseu próprio esforço”, resume.

Trabalho eficaz

Gláucia Silva, da Maria Brejeira: sucesso na 5ª Capital Fashion Week

Cia Artcum: preservaçãodo meio ambiente, culturae geração de renda paraa comunidade

INCLUSÃO SOCIAL

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31Revista do Sindjus Dez 2008

Também ganhou destaque na mí-dia a cooperativa Bem Me Quero, queparticipou da 5ª Capital Fashion Week,entre 17 e 20 de setembro. Trata-sede uma associação de sete grupos deartesãs do DF, que seguem os princípi-os da democracia solidária.

Uma das integrantes da Bem MeQuero é a associação Maria Brejeira,do Gama. A coordenadora da MariaBrejeira, Gláucia Maria da Silva, conta

que donas-de-casa da sua comunida-de resolveram se unir para costurar evender os produtos para ampliar a ren-da familiar. “Deu tão certo que agoranão conseguimos mais parar”, diz amulher, com um sorriso no rosto, sa-tisfeita por ter visto tantas mudançasna sua vizinhança.

Gláucia Silva conta que havia mui-tas mulheres com depressão, vítimasde agressão por parte dos maridos, de-

sempregadas, viúvas ou solitárias, eque agora conseguiram reverter todoo histórico de tristeza em suas vidas:“Hoje elas são outras mulheres.” Jun-tas, conseguiram conquistar o que ossociólogos tanto defendem: sair da li-nha da pobreza sem depender de po-líticas assistenciais, favores políticos ouajuda constante de entidades filantró-picas. Esse é o tipo de trabalho consi-derado socialmente eficaz.

FOTOS: ARTHUR MONTEIRO

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ROTEIRO DAS ARTES

Brasília é um museu acéu aberto. Poucas

cidades no mundo têmesse privilégio. Nas ruas,

nos gramados, nasfachadas, no interior e

no exterior dos prédiosestão expostos trabalhos

dos maiores artistasmodernos brasileiros. Sãotantos que, muitas vezes,

estão ao nosso lado e nemnotamos. A cada edição,

esta seção mostrará otrabalho de um artista.

Este mês você vai conhecero escultor Bruno Giorgi.

Bruno Giorgi nasceu em Mococa(SP), em 1905. Filho de imigran-tes italianos, aos seis anos mu-dou-se para Roma, porque ospais decidiram regressar à terranatal. Foi lá que, ainda adoles-cente, começou a estudar dese-nho e escultura.

Aos 26 anos, por sua militân-cia nos movimentos antifascistas,

Bruno Giorgi foi condenado a sete anos de pri-são. Graças à intervenção do embaixador bra-sileiro na Itália, ele foi extraditado após cum-prir quatro anos da pena.

Ao sair da prisão, o jovem Bruno alistou-se na frente republicana, nos primeiros mesesda Guerra Civil Espanhola. Em 1937 montouum atelier em Paris, que se tornou um pontode encontro e de articulação de exilados itali-anos e da resistência antifascista na Europa.

Na iminência da Segunda Guerra Mundi-al, em 1939, resolveu voltar a São Paulo, onde

ligou-se aos grupos modernistas. A convite doministro Gustavo Capanema, foi trabalhar noRio de Janeiro em 1943, quando fez sua pri-meira escultura ao ar livre, Monumento à Ju-ventude, no jardim do Ministério da Educação.

Após expor no Brasil e no exterior, BrunoGiorgi participou da I, da II e da IV Bienais deSão Paulo, entre 1951 e 1957. Foi premiadocomo melhor escultor brasileiro em 1953. Par-ticipou também de duas Bienais de Veneza, em1950 e em 1952.

Entre suas obras mais conhecidas estão asesculturas que fez para Brasília: Meteoro(1967), no espelho d’água do Palácio do Ita-maraty, e Os Candangos (1959), na Praça dosTrês Poderes, uma homenagem aos operáriosque construíram a nova capital e consideradaum dos símbolos da cidade.

Um dos seus últimos trabalhos foi o mo-numento Integração, de 1989, no Memorial daAmérica Latina, em São Paulo. Bruno Giorgimorreu em 1993, aos 88 anos.

ar livreObras ao

FOTOS: ARTHUR MONTEIRO

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Os Candangos, naPraça dos Três Poderes:oito metros de altura.Na página anterior,Meteoro, em frente aoPalácio do Itamaraty, eDinamismo Olímpico,no estacionamento doSetor Esportivo (EixoMonumental)

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Thais Assunção

tualmente a obesidade avançaem todas as faixas etárias e clas-

ses sociais do país. Dados da Pesquisade Orçamento Familiar, realizada peloIBGE em 2007, apontam que o exces-so de peso afeta 41% dos homens e40% das mulheres. O estudo mostraque o aumento de peso está ligado aomaior consumo de alimentos industri-alizados e à ingestão de grandes quan-tidades de açúcar e gordura. Mostratambém um cenário onde são muitasas pessoas sedentárias, com maus há-bitos alimentares, problemas de saú-de e pouco rendimento no trabalho.

Preocupados com a alimentação ea saúde dos servidores, o STJ e a PGRresolveram promover uma campanhapara estimular servidores, terceirizadose estagiários a emagrecer juntos. “Paraadotar hábitos alimentares saudáveisbasta ter força de vontade e acreditarno seu potencial. O estímulo de ami-gos e familiares também ajuda mui-to”, explica o nutricionista AldemirMangabeira, responsável pelo progra-

ma De Olho na Balança, do STJ.Ao todo, o programa motivou a

perda de 502,8 kg em 2006 e 273kgem 2007. A edição de 2008 foi lança-da no dia 14 de outubro e tambémestá fazendo sucesso. Aldemir contaque há dez anos o STJ mantém o Gru-po de Controle de Peso e ReeducaçãoAlimentar, mas a adesão estava baixae as palestras de orientação tinhampouco público, porque os servidoresnão podiam se ausentar do trabalho.

Por isso o programa foi reformula-do; uma das novidade é a premiaçãodaquele que conseguir emagrecer maisno período de dois meses. “O grandevencedor ganhará R$ 700,00 e umpacote de drenagem linfática. Esse foium dos motivos que impulsionou aparticipação dos servidores”, conta onutricionista. O resultado será revela-do no dia 15 de dezembro.

A inscrição dos partipantes come-çou com a medição do Índice de Mas-sa Corporal (IMC). Com isso, foramformados dois grupos: um com servi-dores com IMC acima de 24,9% (umpercentual que já é preocupante e

Além de combater a obesidade, campanhasde reeducação alimentar ajudam a recuperar

o bem-estar e a elevar a auto-estima

ALIMENTAÇÃO

alegriaMais saúde

e mais

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ESTÍMULO

ao servidor que emagrecer mais.Atualmente o excesso de peso é

um mal que atinge cerca de

40%dos brasileiros, e está ligadoao sedentarismo, má saúde e

baixo rendimento no trabalho.

Programa De Olho na Balança,do STJ, oferece prêmio de

RS 700,00

A

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mostra indícios de obesidade) e ooutro com pessoas cujo índice estavaabaixo desse percentual.

Participante do grupo com IMCacima de 24,9%, Paulo César Gomesde Sousa, técnico judiciário do Conse-lho da Justiça Federal, foi um dos gran-des destaques do programa: em ape-nas um mês e meio ele conseguiu ema-grecer 8,8 kg. “Antes eu me alimenta-va sem nenhuma preocupação, e os

intervalos de tempo entre as refeiçõeseram enormes”, conta.

Mas, para Paulo César, as comidaspesadas ficaram no passado: “Estou fa-zendo uma dieta balanceada. Meu pro-cesso de emagrecimento é conscientee acompanhado pelos nutricionistas.Sigo um cardápio rico em todos os nu-trientes, com proporções adequadas.”

Nem os colegas de trabalho reco-nhecem o novo Paulo Sérgio: antes

Paulo César perdeuquase nove quilos emum mês e mudou ohumor: “Ganheiqualidade de vida”

sério e insatisfeito, hoje ele vive ale-gre. “Com a nova alimentação, minhasaúde melhorou bastante e eu ganheiem qualidade de vida”, afirma. “Te-nho comprovado isso diariamente,quando vou subir um ou mais lancesde escadas. Agora respiro sem dificul-dades e até durmo mais tranqüilo.Num futuro próximo estarei jogandobola com os amigos novamente”,comemora ele.

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O cardápio dos servidores do STJtambém foi analisado; todos recebe-ram a sugestão de uma nova dieta, in-dicada por Aldemir Mangabeira, semgrandes restrições, mas com hábitosalimentares mais saudáveis. Os parti-cipantes do programa De Olho na Ba-lança podem fazer o acompanhamen-to da dieta e da perda de peso pelaintranet. O principal objetivo é ofere-cer uma visão mais realista do ema-grecimento e valorizar a constânciados hábitos saudáveis.

Mas Ademir foi bem além dos con-selhos e orientações aos servidores.“Ao elaborar o projeto básico, perce-bemos a importância de oferecer umaalimentação adequada dentro do pró-prio STJ. Então, exigimos que fossefixada uma cláusula no contrato coma empresa que administra o restau-

rante, para que o cardápio passassea oferecer mais produtos saudáveis,como frutas e verduras. Isso ajudoumuito”, ressalta.

Outro segredo do sucesso do pro-grama, revelado pelo nutricionista, foieliminar o óleo: “Tiramos 90% do óleoda comida. Não há necessidade de uti-lizar esse ingrediente. Fizemos umapesquisa com os servidores e vimosque eles não perceberam a falta deóleo na alimentação”, conta ele.

Aldemir Mangabeira lembra tam-bém a importância do exercício físico,tanto para emagrecer quanto para pre-servar a saúde: “Quanto mais a pes-soa pratica, mais ela vai querer se exer-citar; é um processo natural”.

As orientações sobre alimentaçãofizeram uma grande diferença na roti-na de Déia Barros, técnica judiciária

do STJ. “Aprendi muito sobre o que,quando e como comer. Mais porçõespor dia, mas em menores quantidades.Assim, a sensação de fome é reduzidae a alimentação fica mais balancea-da”, explica. Na primeira semana departicipação no programa, Déia per-deu 1,4 kg. Até o ambiente de traba-lho mudou, segundo ela: “Incentiveimeu colegas a aderir ao programa eagora trocamos idéias e dicas. Isso fazdiferença, é um grande suporte.”

Déia Barros afirma que a reeduca-ção alimentar mudou sua vida: “Cadadia em que consigo comer bem e pou-co significa uma meta atingida. Ficorealizada e feliz. Esse trabalho de ree-ducação é fundamental para o bem-estar. A perda de peso é só uma con-seqüência. O grande desafio é se man-ter saudável.”

Cardápio saudável consta do contrato

Déia Barros:“Aprendi oquê, quando ecomo comer”

ALIMENTAÇÃO

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Equilíbriopossível

Equilibra é o programa de reeducaçãoalimentar desenvolvido pela PGR. Diferen-temente do STJ, a avaliação aqui é feitacom a medição da circunferência da cin-tura. Segundo a nutricionista responsável,Daiana Gomes Pereira, esse método aju-da a checar se há excesso de peso e tam-bém propensão a desenvolver diabetes edoenças cardíacas. “Uma pessoa que car-rega gordura principalmente na região ab-dominal, ao redor da cintura, está maispropensa a desenvolver problemas de saú-de do que quem engordou mais na alturadas coxas e quadris”, afirma.

O programa foi implantado em agos-to deste ano, com encontros semanaisonde os servidores são orientados a fazeruma alimentação saudável. “Durante es-ses encontros, tento levar o máximo deinformação para conscientizar as pessoassobre a importância da alimentação equi-librada. A interação do grupo também aju-da”, explica Daiana.

Além de dar palestras, conversar eouvir os servidores, a nutricionista literal-mente “põe a mão na massa”: ela gostade executar as receitas de suas dietas.“Quero mostrar que a receita funciona.Na penúltima palestra, por exemplo, fizum brigadeiro light que todos adoraram,ficou uma delícia”, relata.

Para Daiana, o grande problema dosservidores que freqüentam seu consul-tório é a motivação. Muitos não seguema dieta e retornam com os mesmos pro-blemas. Mas entre os participantes doprograma, que se integram ao grupo etêm oportunidade de escutar os depoi-mentos dos colegas, a motivação é mui-to maior. “A vontade de atingir o objeti-vo é nítida. O trabalho em grupo é muitomotivador e dá mais resultado, porquesaímos da formalidade de um consultó-rio e todos podem trocar experiências”,avalia a nutricionista.

AldemirMangabeira:

“Basta ter forçade vontade”

Para uma dieta saudável

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Veja algumas dicas do nutricionista Aldemir Mangabeira:

Mude suas compras. Prefira queijo e leite lights. Para osrecheios, geléia, requeijão e margarina lights.Diminua o óleo em tudo: carne magra (nem frita nem àmilanesa), biscoitos sem recheio e sanduíches sem maionese.Gorduras contêm mais calorias do que proteínas e carboidratos.Diminuindo a gordura você consegue uma significativa reduçãode calorias, mesmo sem comer menos.

Não despreze as pequenas perdas de peso. Comemore-as. Elas indicamuma vitória. Uma redução de 5% traz benefícios significativos:

Ação mais eficiente da insulina (benefício vascular)Maior disposição para o trabalhoControle da pressão sanguíneaMelhor desempenho sexualMaior qualidade de sonoRedução de apnéia e roncosMenor carga sobre as articulações

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Atualmente estão no Equilibra 95 servido-res, que participam ativamente dos encontros.“Já dá para perceber as mudanças nos hábi-tos alimentares dos participantes; isso é muitogratificante para mim”, conclui Daiana Perei-ra. O programa de 2008 foi finalizado em de-zembro, mas terá continuidade em 2009.

A técnica administrativa da PGR, Elda Bar-bosa Gomes Barroso, orgulha-se dos 25 quiloseliminados depois de entrar no Equilibra. “Pre-cisava me conscientizar da importância de umaalimentação saudável; o grupo me estimuloua continuar com a dieta”, conta.

Para Elda, uma rotina estressante no tra-balho e alguns problemas familiares foram de-cisivos para o ganho de peso. “Meu dia-a-diaé muito corrido. Tenho que cuidar da minhamãe, que está doente, e dos meus filhos. Masme sinto orgulhosa por ter conquistado umnovo visual com os quilinhos a menos na ba-lança”, comemora.

Como tinha dificuldade para seguir uma di-eta muito rígida, Elda conta que o grupo a aju-dou muito a continuar com uma alimentaçãobalanceada, mas sem grandes restrições: “Eufujo daquela dieta rígida. Por isso, os depoi-mentos dos colegas me incentivaram a conti-nuar controlando a alimentação. Eles me mos-traram que todos são capazes, e que eu tam-bém podia emagrecer.”

Perseverante, Elda tem outras metas: “pre-tendo perder mais vinte quilos. Eu me sintomuito feliz com o que já consegui, mas, alémde emagrecer mais um pouco, também querofazer exercícios físicos e manter o meu peso.”

O analista administrativo da PGR, LúcioZimbres, comemora a redução de medidas: “Adiminuição da quantidade de comida está evo-luindo aos poucos, mas eu já consegui dimi-nuir três centímetros na circunferência da cin-tura. E perdi dois quilos.” Lúcio conta que, apóscomeçar a seguir as orientações da nutricio-nista, livrou-se de um persistente mal-estar queo acompanhava: “Hoje eu caminho e corro deuma a duas vezes por semana, mas pretendoaumentar a freqüência para três vezes.”

Com o apoiodo grupo

Elda Barbosa:“Os colegas meincentivaram acontinuarcontrolando aalimentação.”Lúcio Zimbres:“Diminuição dacomida estáevoluindoaos poucos”

F OTOS : ARTHUR MONTE IRO

ALIMENTAÇÃO

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