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Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 09 de Dezembro de 2021 |Ano XIV | nº 983 50,00MT E Z Sai às quintas ONDE A NAÇÃO SE REENCONTRA AMBEZ Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2021 MAIS INFORMAÇÕES Cell: (+258) 82 30 73 450 | (+258) 84 56 23 544 Email: [email protected] ZAMBEZE 2.300,00MT 2.900,00MT 4.450,00MT PERÍODO TRIMESTRAL SEMESTRAL ANUAL Para salvar crise energética na RAS Segundo Human Rigths Watch Gringos atentos na energia de Moz Terroristas raptam e vendem raparigas de Mocímboa Imran Issa queima todos e irrita OAM Para salvar António Carlos Do Rosário Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Gan(i)a de martelanços

Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

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Page 1: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

Director: Ângelo Munguambe|Editor: Egídio Plácido | Maputo, 09 de Dezembro de 2021 |Ano XIV | nº 98350,00mt

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Para salvar crise energética na RAS Segundo Human Rigths Watch

Gringos atentos na energia de Moz

Terroristas raptam e vendem raparigas

de Mocímboa

Imran Issa queima todos e irrita OAM

Para salvar António Carlos Do Rosário

Filipe Sitoe quer processo contra o declarante

Gan(i)a de martelanços

Page 2: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| destaques |

Abdul Gani apresentou documento falso na tentativa de salvar António Carlos Do Rosário

esta segunda-feira no prosseguimento do julgamento das dívidas ocultas na Bo, o advogado abdul Gani pediu ao tri-bunal para que fosse retirado dos autos o título constitutivo da empresa txopela investiments por si entregue à justiça. o advogado alega que pelo facto de o documento por si en-tregue conter informações contraditórias com o documento apresentado pelo ministério público, o seu documento devia ser extraído dos autos. os declarantes imran issa e Bilar see-dat disseram em tribunal que o documento apresentado pelo experientíssimo advogado é falso.

Martelan-ços foi a pala-vra mais r e p e t i -

da, em sede de produção de provas, pelo co-réu António Carlos do Rosário quando foi confrontado com provas docu-mentais pelo Ministério Pú-blico. Martelanços, segundo Do Rosário, é termo usado na secreta para referir que um de-terminado documento é falso.

Pelas provas e afirmações de declarantes ouvidos esta se-mana, tudo leva a crer que Do Rosário terá apresentado docu-mentos falsos, através do ad-vogado Abdul Gani, uma velha raposa de advocacia no país.

Na sexta-feira da semana passada o declarante Bilal Se-edat, antigo administrador da empresa Txopela Investiments (empresa de António Carlos Do Rosário), negou em tribu-nal que ele tenha sido um dos signatários do acto constituti-vo da Txopela investiments, em representação da IRS e, parafraseando António Car-los Do Rosário, o documen-to com qual foi confrontado

é martelado, ou seja é falso.“Eu entrei na Txopela em

2015 e a Txopela foi criada em 2013, como iria assinar o documento do acto constituti-vo?”- questionou Bilal Seedat.

Confrontado com estas declarações, Abdul Gani, sem apontar nenhuma base legal veio pedir a retirada do docu-mento. À data da submissão do documento, Abdul Gani

era advogado de António Carlos Do Rosário e foi ele quem deu entrada da contes-tação que foi suportada por tal documento. Abdul Gani explicou ao tribunal que o documento foi entregue por uma pessoa que no entanto não revelou a sua identidade.

Sobre o mesmo assunto foi

também questionado o decla-rante Imran Issa, o advogado que tratava dos expedientes de António Carlos Do Rosário. Este disse de forma peremptó-ria que foi ele quem elaborou o acto constitutivo da Txopela e que o documento apresen-tado pelo advogado Gani não é aquele que ele elaborou e por isso o mesmo era falso.

O juiz da causa, Efigénio

Baptista, solicitou a digna re-presentante do Ministério Pú-blico, Ana Sheila Marengula para que esta se prenunciasse. Ana Sheila não só discordou com o posicionamento de Dr. Gani como também acrescen-tou que a retirada do docu-mento dos autos iria colocar em causa a harmonia do pro-cesso posto que foi com base neste documento que o advo-gado Gani terá contestado nos actos anteriores que foram de-cididos pelo Tribunal Superior de Recursos de Maputo. No mesmo diapasão posicionou-

-se o assistente do Ministério Público, a Ordem dos Advo-gados de Moçambique, repre-sentada pelo seu bastonário, Casimiro Duarte. A OAM acrescentou que Dr. Gani não aponta nenhuma base legal que suporta a sua pretensão.

Por seu turno, o juiz da causa, indeferiu o pedido ten-do justificado que o facto de existir nos autos dois docu-mentos sobre o mesmo as-sunto mas com teor diferente significa que um deles é falso. O Juiz disse que deve ser apu-rado o documento falso porque

antónio Carlos do rosário

abdul Gani

Efigénio Baptista

ana sheila marengula

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 20212 | zambeze

Page 3: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| destaques |

imran issa foi advogado dos réus antónio Carlos de rosá-rio, Ângela Leão, Fabião Mabunda e Zulficar Ahmed e, nessa qualidade, tomou conhecimento de factos que partilhou com o tribunal e que contrariam as narrativas dos réus em causa.

O declarante en-tregou tudo e todos, sobre-tudo questões que podem

ser consideradas confidenciais do réu António Carlos de Rosário, contrariando e expondo questões cruciais da sua estratégia de de-fesa. Ao abrigo dos Estatutos da Ordem dos Advogados de Mo-çambique (OAM), Imran Issa foi autorizado a cessar o segredo profissional para perseguir in-teresses legítimos relacionados com a sua dignidade ou honra.

Entretanto, a própria OAM entende que o advogado/decla-rante foi para além do autorizado, pois em nenhum momento agiu no interesse do seu antigo cliente, tal como prevê o Estatuto da orga-nização para efeitos de cessação do segredo profissional. O que se viu, na verdade, é vingança por parte de um advogado que já não tem boas relações com o seu an-tigo constituinte, na circunstância o réu António Carlos de Rosário.

O requerimento da OAM foi apresentado pelo advogado Fili-pe Sitoe, que na sua intervenção colocou questões sobre o assunto que deixaram o declarante nervo-so. Imran Issa enervou-se durante a sua audição, pois as perguntas do advogado Filipe Sitoe foram no sentido de condenar a sua pos-tura de fazer revelações no tribu-nal sobre factos relacionados com o seu antigo cliente. “Se a Ordem

dos Advogados me quiser punir, fica a vontade”, disse o advoga-do Imran Issa, acrescentando que tinha seguido todos os procedi-mentos legais para que fosse ou-vido como declarante no tribunal.

Outros dois advogados já ti-nham mostrado preocupação com a postura de Imran Issa no tribu-nal, nomeadamente Alice Ma-bota e Anlauè Cheia. “Corremos o risco de os nossos clientes não nos confiarem informações con-fidenciais sobre os assuntos que tratamos da sua esfera jurídica. Isto que estamos a assistir aqui é uma sujeira. Acompanho grandes julgamentos desde os anos 90 e nunca vi uma coisa idêntica. Os réus foram despidos no tribunal”, disse a advogada Alice Mabota.

Entretanto, o juiz Efigénio Baptista decidiu indeferir o pedi-do do assistente, a OAM, justifi-cando que havia dois interesses a perseguir, nomeadamente o dever de colaboração das partes ou sujeitos processuais para que se chegue à verdade material dos factos, no proveito do Esta-do, e ainda o interesse de se sal-vaguardar a obrigatoriedade de sigilo profissional do advogado.

Nestes termos, o juiz Efigé-nio Baptista considerou que é mais importante o interesse do Estado e não a obrigatoriedade de sigilo profissional do advoga-do, tendo em conta os factos que estão em julgamento. A OAM pediu que o juiz concedesse

Imran Issa entregou tudo e a todos

Ângela Leão não tem doença grave

em Moçambique a falsificação de documentos é crime, e sen-do assim os agentes desse tipo legal de crime devem ser iden-

tificados e responsabilizados.Face ao posicionamento do

tribunal e sem argumentos jurí-dicos palpáveis o Dr. Gani disse

que o seu entendimento é que a partir do momento em que o juiz exara despacho de pronúncia, que fixa objecto do processo,

todos os actos anteriores ficam sem efeito. Momentos depois, o advogado retirou-se do tribunal alegando que tinha uma outra

audiência num outro tribunal, numa clara demonstração de falta de respeito e prepotên-cia do nosso super causídico.

A ré Ângela Leão já foi submetida a exames médicos no Hospital Geral de Mava-lane, e os resultados não con-firmam que a mesma sofre de traumatismo craniano grave, tal como o sugeriu a clínica pri-vada Clinicare. A informação foi avançada ontem pelo Juiz Efigénio Baptista, que prome-teu juntar documentos para que os mandatários judiciais da ré fossem notificados sobre os factos. Sobre este assunto, o juiz já tinha avisado que o médico da Clinicare que exa-minou Ângela Leão e concluiu que ela tinha traumatismo cra-niano grave, seria alvo de um processo-crime caso o hospi-tal público, no caso o Hospital Geral de Mavalane, chegas-se a um resultado diferente.

Há duas semanas, a ré Ânge-la Leão passou mal na tenda da Cadeia de Máxima Segurança, vulgo B.O, e teve de ser levada de emergência para o hospital. Três dias depois, o juiz infor-mou que recebeu um médico do Estabelecimento Penitenci-ário Preventivo de Maputo que ia requerer que Ângela Leão fosse examinada no Hospital Geral de Mavalane, após lau-dos médicos da Clinicare terem concluído que a mesma padecia de traumatismo craniano grave.

Em resposta ao requeri-mento da cadeia, o juiz não só autorizou que Ângela Leão

fosse observada no Hospital de Mavalane e/ou em qual-quer outro hospital do sector público sempre que o Estabe-lecimento Penitenciário Pre-ventivo de Maputo julgasse necessário, mas que a ré tam-bém fosse encaminhada para uma unidade sanitária sempre que solicitasse. Aqui, Efigénio Baptista procurou responder à reclamação feita pela ré e a sua defesa, dando conta de falta de sensibilidade da cadeia em responder imediatamente às suas necessidades de sair para ser atendida por um médico.

Há mais de um mês que Ângela Leão está incomodada e o calendário do julgamento

teve que ser revisto, uma vez que cerca de 10 declarantes que têm ligação com factos que são imputadas à ré não podem ser ouvidos na sua ausência.

Entretanto, a sua advogada tentou tomar palavra em sede de tribunal a situação da Ângela mas não lhe foi concedida a pa-lavra pelo Juiz. Mais tarde, em entrevista a TV Sucesso, a ad-vogada explicou que o que está em causa não é, necessariamen-te, traumatismo craniano grave mas sim ela é epilepsia. Segun-do advogado a sua constituinte terá numa das vezes entrado em crise e cai o que terá pro-vocado problemas encefálicos.

(redacção / Cdd)

uma cópia do seu despacho de indeferimento para analisar e pode tomar um posicionamento.

Imaran Issa sem papas na língua

Imran Issá acusou o réu Antó-nio Carlos do Rosário de sempre comunicar com o mundo exterior a partir da cela, usando um tele-móvel, uma prática proibida no sistema prisional moçambicano.

“Sempre comuniquei com António Carlos do Rosário atra-vés do Whatsapp, quer na altura em que estava no Estabeleci-mento Penitenciário Preventivo de Maputo (antiga Cadeia Ci-vil de Maputo), quer agora que está na Cadeia do Língamo”.

Imran Issá chegou mesmo a dizer que António Carlos do Ro-sário continua a comunicar com

os seus advogados, nomeadamen-te Isálcio Mahanjane e Alexandre Chivale, através do Whatsapp.

“É só verificar os seus tele-móveis. Estão lá as conversas”. O declarante acusou António Carlos do Rosário de ter muda-do, por mais de cinco vezes, de contactos telefónicos que usa-va na Cadeia Civil de Maputo.

No primeiro dia da sua au-dição, Imran Issa afirmou que quando foi visitar António Carlos do Rosário na então Cadeia Civil de Maputo, este o teria informado que tinha recebido visita do Presi-dente da República, Filipe Nyusi.

A OAM perguntou ao decla-rante se tinha conhecimento de alguma proximidade entre o réu António Carlos do Rosário e o Presidente da República, Filipe Nyusi, ao que respondeu: “Por várias vezes me mostrou men-sagens que trocava com o Presi-dente da República. Não sei se o número era efectivamente do Presidente da República, mas

o facto é que ele me mostrava mensagens e dizia que trocava com o Presidente da República”.

O declarante disse ainda que António Carlos do Rosário ficou por pagar honorários no valor de 1.700.000 meticais. “Este valor consta da carta que fizemos no acto de entrega de documentos ao doutor Alexandre Chivale, advogado de António Carlos do Rosário. Mas abdico desse valor”.

No primeiro dia da sua au-dição, Imran Issa afirmou, sem que ninguém o questionasse, que financiava, a título de crédito, operações especiais dos servi-ços secretos moçambicanos com valores que variavam entre 100 mil e um milhão de dólares. Mas recusou-se a responder a todas as perguntas relacionadas com essas operações financeiras. Isto é, não ficou claro onde e com quem o declarante Imran Issa conseguia tantos milhões de dólares para dar emprestado ao Serviço de In-formação e Segurança de Estado.

zambeze | 3Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

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| destaques |

Injectado capital dos EUA para projecto de interligação eléctrica entre Moçambique e África do Sul

Um projecto de produção e interligação eléctrica, denomi-nado mozambique – south africa power (msap), cujo custo total está estimado entre Usd 3.100 milhões e Usd 4.200 milhões, foi apresentado esta semana em Washington dC, tendo por objectivo fornecer energia eléctrica à África do sul (ras) a partir de moçambique.

A e n e r g i a eléctrica sul-- a f r i c a n a provém das importações

e de uma capacidade “crítica” de produção a partir de várias estações de produção a carvão, altamente poluentes e disfuncio-nais por falta de manutenção e que representam cerca de 80 % das fontes de produção de elec-tricidade no país. A somar à seca que se tem agravado em algumas regiões, a necessidade de alterar o Sistema sul-africano de produ-ção de energia está sob pressão de novo paradigma do combate às alterações climáticas, levan-do o governo de CYRIL RA-MAPHOSA a comprometer-se a reduzir as emissões de carbo-no em 30% na próxima década.

Entre os países da nome-adamente entre os membros da Comunidade para o Desen-volvimento da África Austral (SADC), Moçambique surge como a única fonte alternativa economicamente viável. As di-ficuldades de fornecimento da Eskom, a companhia eléctrica sul-africana que gere 30 unidades de produção energética, 100% estatal, têm vindo a agravar-se, sendo urgente o aumento da ca-pacidade de produção em cerca de 10%. A Eskom é a compa-nhia energética com maior nível de emissões de CO2 no mundo.

O projecto MSAP tem como principal promotor a Anglo Eu-rasia Power Africa (AEPA). Com sede em Houston, EUA, a sucursal da empresa em Africa está sediada na Cidade do Cabo. O grupo propõe a construção de uma unidade de produção de ci-clo combinado com capacidade de 2,3 Gw adjacente ao “site” de gás natural de Afungi, Pal-ma, a cargo da Área 1 (consórcio liderado pela Total), a ser parti-lhado pela Área 4 (liderada pela ExxonMobil e Eni), para o forne-cimento eléctrico aos projectos de GNL e exportação regional.

Esta unidade, cujo custo es-timado rondaria os USD 1.500-2.000 milhões seria alimentada pelo gás proveniente do offsho-re de Cabo Delgado, incluindo o Mozambique LNG, Rovuma LNG e a plataforma offshore Co-ral Sul (FLNG) a cargo da Eni, que deverá iniciar a produção em 2022. A unidade de produ-ção seria servida por uma linha de alta voltagem entre Afungi e a estacão eléctrica no Songo, seguindo até ao Malawi através do Corredor Logístico Integra-do de Nacala, numa extensão de 1.090 Kms. O custo da infraes-trutura eléctrica está estimado em USD 1.000-1.200 milhões.

O projecto passaria pelo upgrading da infraestrutura do Songo, província de Tete, que serve Cahora Bassa, com vis-ta ao aumento da capacidade para 3960 Mw e a construção de 500 Kms de linhas de mé-dia tensão para servir o noroes-te de Moçambique e o Malawi. A fonte de alimentação para o MSAP seria, segundo cálculos apresentados em documento re-servado, o equivalente a 6% do total produzido pelos consórcios.

A construção da unidade de ciclo combinado e da rede

eléctrica prevista implicariam um período de três anos, aos quais se somarão mais três anos até à conclusão total da infraestrutura de fornecimento eléctrico, ou seja, até finais de

2027, na eventualidade do pro-jecto arrancar em 2022. A unida-de contaria com tecnologia Car-bon Capture and Storage (CCS) que permitiria reduzir em cerca de 90% as emissões de CO2. A eventual utilização desta tecno-logia seria pioneira em Africa, mas o custo não está incluído nas estimativas do projecto, po-dendo resultar num aumento de 30% sobre o custo de construção da unidade de ciclo combinado.

Para o consórcio, os princi-pais parceiros moçambicanos serão o Instituto Nacional do Petróleo (INP), obrigado a dis-tribuir 25% da energia produzida em Afungi no mercado interno, a Empresa Nacional de Hidro-carbonetos (ENH) que poderá rentabilizar a sua percentagem de gás natural, proporcional ao seu peso enquanto accionista dos consórcios das Áreas 1 e 4, e a Electricidade de Moçambi-que (EDM) que desempenharia o papel de parceiro no projecto.

O envolvimento do Mala-wi é tido como decisivo para a rentabilização o do projecto, por via do fornecimento eléc-trico ao respectivo mercado, assim como o sul-africano, em particular da Eskom enquanto

cliente e comprador da ener-gia produzida pelo MSAP. Os promotores pretendem obter o grosso do financiamento junto do USAID, US International De-velopment Finance Corporation

(DFC) e Departamento de Ener-gia (DOE), classificando-o como projecto prioritário. O recurso a “Eximbanks” será́ outra das vias.

A AEPA é presidida por Ray Leonard, um executivo com longa experiência no sector pe-trolífero, secundado por RO-BIN SUTHERLAND e TIM O H́ANLON, ambos ex-quadros da Tullow Oil, uma empresa do sector petrolífero com origem na Irlanda e com forte presença em Africa (Costa do Mar fim, Gabão, Namíbia, Gana). O gru-po surge associado aos turcos da CALIK Enerji e à empresa de consultoria e lobbying norte--americana Linden Strategies.

A CALIK Enerji tem forte presença na Ásia Central, estan-do indicada como os principais gestores do projecto MSAP, cumprindo as orientações do go-verno de Ancara no sentido de ser potenciada a presença turca no continente africano. A Linden Strategies, com sede em Houston, é presidida por Stephen Payne, envolvido em vários negócios no Paquistão, incluindo venda de ar-mamento ao regime anterior e lo-bbying a favor do actual Governo junto da Administração dos EUA.

Stephen Payne actua igual-

mente como broker na venda de GNL e tem estado envolvido em várias campanhas eleitorais de candidatos republicanos nos EUA, sendo dado como ami-go pessoal do ex-presidente GEORGE W. BUSH. Stephen Payne é igualmente vice-presi-dente da Qilak LNG, do grupo Lloyds Energy, com interesses directos no GNL do Alaska, tendo fechado recentemente um acordo com a ExxonMobil Alaska para vender gás extraı́do de Prudhoe Bay para os merca-dos asiá ticos, nomeadamente Japão. A ExxonMobil é o prin-cipal operador da Área 4 em Moçambique. Os acessos da Lin-den à administração norte-ameri-cana actual passam por BRIAN ETTINGER, ex-conselheiro jurı́dico do actual Presidente Joe Biden, actual director do depar-tamento jurı́dico da Linden Stra-tegies. AEPA, Calik e Linden estão envolvidos num outro pro-jecto precisamente envolvendo o Paquistão (TAPP – 500 Project), envolvendo um investimento superior a USD 2.000 milhões.

O avanço do MSAP pas-sa por um forte lobbying jun-to dos governos envolvidos - Moçambique, Malawi e Africa do Sul - e, numa segunda fase, junto da Zâmbia e RD Con-go. Exige ainda negociações com os produtores de GNL (A rea 1 e 4), pela conclusão de acordos de compra da ener-gia produzida e um plano de financiamento que se encon-tra já na fase de procurement.

Fontes do sector conside-ram o projecto “aventureiro”. O investimento envolvido revela--se “monumental” ao implicar a construção de uma linha de transmissão de c. 3000 Kms, com elevados riscos técnicos e de se-gurança associados. A viabiliza-ção do projecto passaria assim também pela alteração legal dos limites de dependência externa da A frica do Sul: a Eskom está interdita de aumentar a sua de-pendência externa acima dos 19% da produção interna (25 Gw), estando já́ próxima do li-mite com 2 Gw importados de Cahora Bassa, 1 Gw de Ressa-no Garcia e 1 Gw do Lesotho.

(África monitor/Zambeze)

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 20214 | zambeze

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Londres

Iniciam audições para bloquear financiamento britânico a mega-projecto de exploração de gás natural em Moçambique

Começaram esta terça-feira, em londres, as audições de uma acção judicial que visa bloquear o financiamento do Governo britânico a um megaprojecto de exploração de gás natural em moçambique lançada pela organização ambienta-lista Friends of the earth

A Friends of the Earth pediu uma “Revisão Judicial” [Judi-cial Review] no

Tribunal Superior [High Court] à decisão do Governo britânico de providenciar até 1.150 milhões de dólares (1.350 milhões de eu-ros no câmbio actual) através da agência de crédito à exportação UK Export Finance (UKEF).

A organização argumenta que a decisão foi tomada sem levar devidamente em conta os impac-tos ambientais do projecto, o qual estima que vai ser responsável pela libertação de até 4.500 mi-lhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera ao longo de vários anos, o que desrespeita os compromissos do Acordo de Pa-ris para travar o aquecimento glo-bal, escreve o Notícias ao Minuto.

Apesar de o Governo britâ-nico ter anunciado em Março o fim do financiamento à explora-ção de combustíveis fósseis no estrangeiro, manteve o apoio ao projecto gás natural liquefeito (LNG na sigla inglesa) ‘offshore’ na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

A Área 1 está concessionada a um consórcio liderado pela pe-trolífera francesa Total, que teve

de suspender as obras de constru-ção do empreendimento devido aos ataques de grupos armados na província de Cabo Delgado.

Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaproje-to de extracção de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições finan-ceiras internacionais e prevê a construção de unidades indus-triais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi.

Antes de a construção ser suspensa, a primeira ex-portação de gás liquefei-to estava prevista para 2024.

Num documento publicado em Agosto, a UKEF admitiu que a construção vai produzir emis-sões de dióxido de carbono, mas considera que a maioria das emis-sões vai acontecer no consumidor final, e vinca que o gás natural tem o potencial de substituir ou-tros combustíveis mais poluentes.

“O potencial para o gás do Projecto remover ou substituir combustíveis com teor de carbono mais pesado e mais baixo foi con-siderado (…). Considera-se que, ao longo de sua vida operacional, o projecto resultará, pelo menos, em algum deslocamento de com-bustíveis mais poluentes, com a

consequência de alguma redução líquida de emissões”, fundamenta.

Sem querer comentar o pro-cesso judicial em particular, um porta-voz disse à agência Lusa que a UKEF está confiante de são feitas “diligências robustas e internacionalmente reconheci-das antes de fornecer qualquer apoio a projectos no exterior”.

A activista da organização Friends of the Earth, Rachel Ken-nerley, qualifica este de “investi-mento sujo” e urge o Reino Unido a “reconhecer a contribuição his-tórica para a crise em que estamos agora, ajudando os países na linha da frente, como Moçambique, a fazer essa importante transição para as energias renováveis”.

O Relatór io da Human R i g t h s Watch es-tima que

as 600 raparigas desapare-cidas em Cabo Delgado se-jam vítimas de tráfico sexu-al, onde além de vendidas a terceiros, são obrigadas a casar com sequestradores.

Sob a ameaça de uma me-tralhadora, uma mulher teve de indicar aos rebeldes em Cabo Delgado, norte de Moçambi-que, as casas da aldeia de Dia-ca onde moravam raparigas.

Por entre cerca de 200 meninas com idades entre 12 e 17 anos, escolheram

quem queriam sequestrar, enquanto as mães implora-vam para que as levassem a elas próprias e deixassem as crianças e jovens para trás.

Mas os homens armados diziam que não queriam as mais velhas e investigações indicam porquê: as vítimas de Cabo Delgado terão ser-vido a rebeldes para forne-cer redes de tráfico de mu-lheres que se estendem da Europa ao Golfo Pérsico.

O relato de Diaca diz respeito a um dos ataques ao distrito de Mocímboa da praia em 2020 e foi divul-gado esta terça-feira pela organização não-governa-

mental (ONG) Human Ri-ghts Watch (HRW), num comunicado em que estima ainda haver 600 mulheres de-saparecidas em Cabo Delgado.

Segundo relatos de so-breviventes à HRW, houve mulheres obrigadas a “ca-sar” com os sequestradores, outras foram escravizadas e vítimas de abuso sexual, ou-tras ainda foram vendidas a “combatentes estrangei-ros” por valores equivalen-tes a entre 550 e 1.600 euros.

“Mulheres e meninas es-trangeiras sequestradas, em particular, foram libertadas depois de as famílias pagarem resgates”, acrescentou a ONG.

600 mulheres desaparecidas e outras vendidas

“Ao pôr fim ao apoio a to-dos os combustíveis fósseis, in-cluindo o gás, o Governo pode ficar conhecido por outra coisa que não seja a hipocrisia climá-tica”, afirma, em comunicado.

Além de destacar a vulnera-bilidade de Moçambique ao im-pacto das alterações climáticas, a organização refere que a desco-berta de gás natural na região de Cabo Delgado resultou também em “conflitos, violações dos di-reitos humanos e a deslocação de centenas de milhares de pessoas que perderam as casas, meios de subsistência e comunidades”.

A acção judicial conta com o apoio de ambientalistas moçambi-canos da organização Justiça Am-biental (também conhecida por Amigos da Terra Moçambique).

“Se os tribunais permitirem que a UKEF financie a indús-tria de gás de Moçambique, então o país será cúmplice de violações dos direitos humanos, deslocamento de comunidades, destruição do clima e o fomento de um conflito devastador”, avi-sou a directora, Anabela Lemos.

O processo da revisão judi-cial vai decorrer ao longo de três dias, devendo a decisão só ser conhecida semanas mais tarde.

zambeze | 5Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

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Grafismo: NOVOmedia, SARLFotografia: José Matlhombe Revisão: AM

Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 84-7714280(PBX) 82-307 3450Publicidade: Egídio Plácido Cell: 82-5924246 | 84-7710584 [email protected]ão: Sociedade do Notícias S.A

Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584(E-mail. [email protected])

Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido, Elton da Graça, Silvino Miranda

Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo, Douglas Madjila, Randulani

Colaboradores: Kelly Mwenda (Manica), Crizalda Vilanculos, Jordane Nhane

Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544(E-mail: munguambe2 @hotmail.com

Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002

Propriedade da NOVOmedia, SARL

D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. Emília Daússe nº1100 (casa da Educação da Munhuana)

Alto-Maé - Maputo

Cell: 82-307 3450 (PBX)[email protected]

Conselho de AdministraçãoArminda Janfar

z x

Não sou tão en-t u s i a s -ta nem apaixo-

nado de qualquer tradição que obriga a um ser com pensamento emancipado repetir Ipsis Verbis o que os outros disseram, para ser ou parecer verdadeiro no que digo, mas, óbvio, tenho feito em todas as circunstâncias que julgue particularmente necessário e inevitável, para evitar o uso ilegítimo de pensa-mentos e frases de outrem, e merecer todos os predi-cados existentes para tal deslealdade. Esta caracte-rística resulta do facto de ter convicta consciência de que todo o conhecimen-to se funda na capacidade de observar zelosamente as coisas, os processos, os fenómenos, e apegar-se à rígida religiosidade de sempre fazer referência a outros que antes trataram o mesmo assunto, não passa de uma vã demonstração de cumprimento dos pre-ceitos inculcados, e não uma efectiva prova de um conhecimento apropriado.

Portanto, nesta série de

artigos pretende-se trazer à fogueira o eterno grande problema das nossas lín-guas, classificadas como Línguas Bantu, em virtude de, as mesmas, apresen-tarem quase sempre um som aparentado no final da palavra que designa PESSOA/S ou GENTE/S, como em MUNHUem Tsonga,(I)M’THUem Txi-txopi, MUNDU em Ciyao, MUTHU em Emakhwa, apenas para citar alguns exemplos. O problema a que me refiro, pode não ser para alguns, é como em qualquer assunto na vida, o problema de um não é problema do outro, há uns que se sentem ricos mesmo sendo pobres e outros ricos que se sentem pobres mesmo demons-trando sinais de riqueza, tudo depende da sensi-bilidade que temos com as coisas, da forma como dedicamos a atenção a determinadas situações.

É do domínio público que as nossas línguas têm a idade da história ances-tral das nossas comunida-des, desde a expansão e fixação bantu nas diversas regiões que, no seu con-

junto, formam o nosso território nacional, Mo-çambique; sendo, por con-seguinte, muito anterio-res a todas as ocupações posteriores, encabeçadas por asiáticos do oriente e europeus do ocidente. Es-tas línguas sobreviveram vários momentos, sobre-tudo de humilhação sem precedentes, chegando--se ao ponto de serem consideradas umas Não Língua ou dialectos ou Landins ou Línguas do Cafre ou Línguas dos In-dígenas. Na verdade, elas não eram consideradas línguas, não tinham qual-quer valor social e esta-vam circunscritas à comu-nicação entre aqueles que não conseguiam alcançar a privilegiada oportuni-dade de se tornar civili-zados, isto é, falar com fluência a língua do ocu-pante e viver conforme os seus valores, neste caso ocidentais ou orientais.

Esta história pode gerar inúmeros estudos interes-santes e úteis para perce-bermos a nossa longa tra-jetória como um povo de permanentes submissões e imposições. A verdade é

que as nossas línguas não desapareceram, viveram intensamente ao lado da língua do ocupante, vei-culando cultura, saberes, valores, atitudes, perso-nalidade e todo o resto. Mas também é verdade que muitas consciências, de entre os próprios mo-çambicanos, afloraram-se e se assumiram, havendo, até hoje, muitos que não tem nada a ver com estas línguas, porque as consi-deram não representando qualquer valor acrescenta-do para a vida individual, colectiva e até nacional. É sim uma verdade que há muitos moçambicanos que não falam porque não sabem nem se preocupam em aprender estas línguas.

No fundo estamos aco-modados no antigo proble-ma, semeado pelos outros, os ocupantes, e desta vez somos nós os verdadeiros actores desvalorizadores das línguas, que achamos que elas não interferem nem influenciam nem de-terminam a vida de nin-guém, aliás, em vários mo-mentos vemos as nossas línguas a decidirem a ima-gem e honra de indivíduos,

isto é, quem só fala uma destas línguas e não fala a língua oficial, a do ex-ocu-pante ocidental, é visto com desdém, com pena, e é entendido como um des-provido de conhecimento, de saber. É que está cris-talizada e, de uma forma impressionante, repercuti-da para os novos a ideia de que as nossas línguas não têm qualquer valor, por isso, para quê perder tem-po em aprende-las; esta é a realidade que hoje em dia se vive até no meio rural, há lá famílias que não que-rem que seus filhos apren-dam as nossas línguas.

Em contrapartida ve-mos a língua oficial, a lín-gua do ex-colonizador, o Português a ganhar uma impressionante aceita-ção a ponto de até idosos se esforçarem em usa-la para conversar com seus bisnetos, netos e filhos. Mas porquê esta atitude? Certamente por causa do estatuto que se lhe deu e nada terá sido dado as nossas línguas. A nossa Constituição da Repúbli-ca diz o quê sobre elas? Terá sido definido algum estatuto destas línguas?

RANDULAN I

Línguas Moçambicanas Vs Língua Oficial: Estatuto, Relações

e Tendências Sociais (1)

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 20216 | zambeze

Page 7: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

zambeze | 7

AlmAdinA Sheikh Aminuddin Mohamad

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Comercial

Nã o h á dúvidas que o S e r H u m a n o , com a sua

forte determinação, coragem e força, conseguiu alcançar assinaláveis vitórias. Atingiu progressos inimagináveis, a exemplo dos transportes, em que em muito pouco tempo se conseguem percorrer longas distâncias tanto na terra como no mar e sobretudo no ar. Mas mesmo assim ele continua sendo incapaz de conhecer o seu percurso de vida, enumerar os seus momentos, bem como detectar os murmúrios da morte, enfrentar o anjo da morte, evitar a saída da alma do seu corpo para pelo menos tentar prolongar por mais algum tempo a sua vida.

Na v ida , com mui ta frequência deparamo-nos com o nascer e o pôr-do-sol, com o aparecimento e desaparecimento da Lua, com o verdecer e o amarelecer das plantações, com a ascensão e a decadência dos povos, com a atracção pela beleza, com a arrogância dos vaidosos, com a inteligência dos génios, com o valor e honra dos sábios, dos piedosos e dos místicos, etc., mas nem mesmo tudo isso consegue bloquear a morte, pois esta não tem medo de nada, nem de ninguém, nem do poder, nem da riqueza, nem da beleza, nem da grandeza de quem quer que seja. E também não tem pena dos pobres e dos desgraçados, e não protela a

hora da morte de algum jovem ou algum idoso, pois inúmeras pessoas de todas as idades estão a morrer diariamente.

Não raras vezes vemos com os nossos próprios olhos, seja ao vivo, na televisão ou no telemóvel, cadáveres, uns afogados, outros mutilados, e outros carbonizados.

Em jornais e por vezes na televisão, com frequência nos chegam notícias de mortes, sejam elas naturais ou decorrentes de acidentes, de familiares ou amigos, carregamos caixões nos nossos ombros, e com as nossas mãos os sepultamos. Não obstante, continuamos desprecavidos da morte, da imaginação da mortalha ou do caixão, do funeral, etc., continuando a v ive r num des le ixo total ao ponto de mesmo estando em frente a campas no cemitério, tal não nos causar qualquer desconforto, ou nos lembrarmos, ainda que seja por momentos, que o nosso derradeiro dia pode chegar a qualquer momento sem pré-aviso.

Os nossos olhos já estão enxutos, o que resta da nossa sensibilidade já não reage a nada, vamos aos funerais mas estamos lá apenas de corpo presente, sem qualquer sentimento de temor. Em plenas exéquias nos envolvemos em conversas mundanas, de tal modo que parece estarmos num evento social/recreativo. Não se tira lição do momento em que

se está para que mudemos as nossas vidas praticando boas acções, imaginando o dia em que chegará a nossa vez, imaginando o O u t r o M u n d o , e t c .

No recesso do nosso quarto, se nos perguntarmos a nós mesmos qual o motivo para o desleixo em que nos deixamos resvalar, concluiremos que nos deixamos levar pelo amor excessivo ao Mundo. O desinteresse para com o Além mudou o estilo das nossas vidas, e a satisfação das nossas paixões transformou-se no objectivo das nossas vidas.

E D e u s d i z n o Qur’án, Cap. 6, Vers. 32:

“A vida mundana não é senão uma brincadeira; e na realidade, a morada do Além é melhor para os tementes. Acaso não raciocinais”?

E no Cap. 4, Vers.77, Deus ordena ao Profeta (S.A.W.):

“Diz: O gozo mundano é curto e o do Além é melhor para quem teme”.

Nós vivemos em tão profundo desleixo que n e m s e q u e r o u s a m o s pronunciar a palavra “morte”.

Por cada dia que passa a vida de cada um de nós reduz. Por cada amanhecer que passa é menos uma manhã, e por cada anoitecer é menos uma noite, pois estamos caminhando sem paragens rumo ao fim da nossa estadia neste mundo terreno.

Vivemos envoltos em planos dia e noite, não nos lembrando que um dia teremos que encarar a morte que é

um fenómeno infalível.E será que todo o dinheiro

ganho, toda a fortuna e propriedades acumuladas, a s r o u p a s d e m a r c a , os carros de luxo, etc., continuarão na nossa posse?

A morte é certa e tem um tempo fixo, mas Deus na Sua infinita prudência não informou a cada um dos Humanos o dia e o momento da sua morte, pois se o tivesse feito, os últimos tempos de vida da pessoa seriam extremamente difíceis. Seriam momentos insuportáveis de agonia antes mesmo da agonia que antecede a própria morte. Portanto, é bom que Deus tenha mantido isso oculto.

Todas as religiões são unânimes na inevitabilidade da morte. E não parece que possa existir alguém no Mundo que possa pensar que não vai morrer. Mas mesmo ass im es tamos engajados na aquisição de bens que não levaremos connosco para o sepulcro. E mesmo que os levemos não nos servirão de nada.

Os donos dos prédios não permanecerão eternamente ao pé dos seus empreendimentos, nem os donos dos carros luxuosos permanecerão para sempre se fazendo transportar neles. Até a roupa que vestimos ser-nos-á despida, seja de forma normal ou cortada com uma tesoura para facilitar a sua remoção do nosso corpo.

Deus ao edificar este Mundo fê-lo com coisas

contraditórias. Aqui há luz do dia, mas também há escuridão da noite; há frescura e há calor; há beleza das flores, mas também há espinhos; há moleza na vela, mas também há dureza no ferro; há brilho na sabedoria, mas também há trevas na ignorância. Há o bem e orientação, mas também há o mal e perdição.

Nessas contradições existem alegrias e tristezas, que são dois dos estados que afectam a vida do Ser Humano. E Deus criou esses dois estados para manter o equilíbrio da vida. Assim, quando o coração do Ser Humano se alegra por ter adquirido alguma graça, ao lhe ser retirada entristece.

Ao viver nesses dois estados o Ser Humano ora está satisfeito, ora está triste. Algumas vezes luta para alcançar meios que lhe proporcionem alegria, e outras esforça-se para afastar as condições de tristeza.

E s t e s d o i s e s t a d o s permanecem com a pessoa até ao seu último suspiro.

Estamos a terminar mais um ano das nossas vidas, que será menos um nas nossas vidas.

É um momento de reflexão, de fazer um balanço sobre como passamos o ano.

Ainda vamos a tempo de corrigir o que estiver errado, e reforçar o que está bom.

Cada um que viva quanto puder, mas um dia vai morrer.

Cada um que ame a quem quiser, mas um dia ter-se-á que separar da pessoa amada.

Menos um ano de vida

zambeze | 7Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 8: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

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MApUtADAsF R A N c I s c o R o D o L F o

z Pais que ofereçam também livros pelo Natal e Ano Novo

Escrevo na Quarta-feira, depois de se-mana finda, ter constitu-

ído para mim nota de desta-que o Congresso do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) ter escrito com letras de ouro o virar do pano, do Partido do “Galo”.

Na realidade, a realiza-ção do Congresso do MDM, e eleição de Lutero Simango, para o cargo de Presidente na-quele partido fundado pelo ir-mão mais novo Daviz Siman-go, Fundador e Presidente do Município da Beira, falecido em Fevereiro último na África do Sul, vitima de doença, cujas cerimónias fúnebres constituí-ram uma das maiores manifes-tações que há memória no Ce-mitério da Santa Isabel, ali no Chiveve, devia servir de exem-plo para muitos partidos que aparecem, amiúde, só na vés-pera da eleições Autárquicas, Provinciais e Gerais (e tam-bém para futuras eleições para Administradores Distritais).

Esses partidos vão à caça de triste fundo, aquilo que no tempo de ONUMOZ designa-

vam trust fund. Alguns deles nem aparecem a fazer “Comu-nicados de Imprensa” nas datas comemorativas nacionais e in-ternacionais, mesmo no dia do aniversário dos seus partidos.

Todavia, aparecem amiu-dadamente quando questiona-dos qual é o seu programa e a resposta é: “O nosso objectivo é derrubar a FRELMO…”

Com a eleição do Eng.º Lutero Simango, cai por ter-ra a “mania” dos que agi-tavam que o MDM é par-tido da família Simango, pois foram 87.9% de votos (do novo Presidente) contra 9.9% do Dr. Silvério Run-guane, segundo concorrente.

Quer a FRELIMO, quer a RENAMO fe-licitaram o MDM, por esta lição de democracia.

Para nós está de parabéns, Lutero Simango, por esta vitó-ria, não obstante as balas que choviam de todos os lados para “acabar” com o MDM. Al-guns diziam “Lutero é calmo, não vai ser como Daviz” e nós respondíamos: “Lutero é Lute-ro”, cada um tem o seu estilo.

Mas a maka de hoje é: Com Natal e Ano Novo

à vista: Patrões: se pude-rem paguem salário cedo aos vossos trabalhadores…

Vão dizer lá estão estas incomodativas MAPUTA-DAS aqui no teu ZAMBE-ZE a “BATER” sempre…

Está chegando o Natal (esta festa que Samora Moisés Machel, Primeiro Presiden-te da República (Popular de Moçambique), convencionou chamar “Dia da Família”) para abranger todas as famílias mo-çambicanas, sendo Moçam-bique um País laico. Todavia, porque o Natal e Ano Novo são celebrados mundialmente, nós não podíamos ser excepção.

Recordar aqui aos mais novos, que nos primeiros anos da Independência de Moçam-bique, no Dia 25 de Dezembro os funcionários e trabalhado-res dos ministérios e institui-ções e empresas iam trabalhar, era dia normal e laboral, sendo dispensados apenas aos que professavam a religião cristã.

Samora naquele seu es-pírito pragmático, pôs o Na-tal como “Dia da Família”.

É na senda do NATAL, que propomos e pedimos aqui nes-te cantinho, quer aos “Patrões”

(empregadores, do Estado, das instituições de Estado e Pri-vados), quer aos patrões com empregados e empregadas do-mésticas QUE SE PUDEREM PAGUEM CEDO AOS VOS-SOS TRABALHADORES.

É a exemplo dos anos an-teriores criarem condições para que os empregados – al-guns dirão – “colaboradores” (dão amiúde este nome para não pagarem ou não paga-rem como deve ser), para que eles consigam fazer as suas compras, paulatinamente.

Não obstante, o Ministro moçambicano de Indústria e Comércio, Eng.º Carlos Mes-quita ter garantido que não haverá rupturas de stock, é sempre bom fazer compras an-tecipadamente. Porque o que conta no fim, para compra de tomate, cebola, alface, carnes (vermelha) e frangos, etc. a lei da procura e oferta é que conta.

No fim, nem os zelosos s funcionários da Eng.ª Rosa de Freitas do INAE (Inspec-ção Nacional das Activida-des Económicas) conseguem controlar, à última hora.

Já que estamos no tem-po das festas, sugiro aos pais

e encarregados de educação para que no lote das ofertas a dar aos filhos e outros petizes (e não só) ofereçam também os LIVROS DE LEITURA.

O prémio de quem passou de classe, podem não ser só muitos brinquedos, mas irem às livrarias e aí escolherem li-vros para todas as idades. São os que eu apreciei no último Domingo, na Livraria Ma-buko, na Av. Julyus Nyerere, na Cidade das Acácias Verme-lhas, do mayor, Dr. Eneias da Conceição Comiche, num dia de muito calor a rondar 35º Célsius, mas sem praia. Mas há livrarias em todo este País.

Ponham os nossos filhos a lerem, LIVROS, para te-rem mais conhecimentos, muito embora a nossa Ju-ventude esteja viciada de textos curtos que é a carac-terística dos whatsapandos.

Alguns vão dizer-me, mas não vês aquele “bicho” de Tesouraria? Por FAVOR PAGUEM CEDO “SE PU-DEREM” aos vossos traba-lhadores, porque eles são o suporte da sua empresa, do seu escritório, da loja e por-que não da sua barraca…

Patrões: se puderem paguem salário cedo aos vossos trabalhadores…

Com Natal e Ano Novo à vista:

z MDM: Parabéns pela eleição de Lutero Simango

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Quinta-feira, 09 de Dezembro de 20218 | zambeze

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DoUgLAs MADjILA

EditorialGalo forjado

na Beira Uma só chamada de atenção feita pelo agora segun-do mais popular juiz do território nacional. Uma confissão que muitos dos juristas ou técnicos de direito recusam-se a fazer, nem mesmo o autor desta o faria em sua sã consciência, nesta afirma-

ção a confissão cai-lhe que traiçoeiramente, concordando com o que sempre se disse e sempre também se refutou pelos técnicos da lei. A justiça não é para todos, num provérbio mais efectivo da realidade. Para os que se encontram mergulhados no quotidiano legislativo, seja fazendo, interpretando ou aprendendo a fazer tudo isso, consideram a legislação uma maravilha, a chave da convivência colectiva, pois é, a intenção das leis é mesmo essa, estabelecer um chão comum de actuação dos cidadãos, percebe-se.

Porém os escritos, que são na verdade o conteúdo almejado, muitas vezes desprendem-se do seu exercício e quando se chega ao terreno da prática, a lei e o cidadão deparam-se com inúmeras vicissitudes que por sua vez conduzem a um longo debate relativamente a justiça, se esta existe, se acolhe a todos os cidadãos de igual modo e tantos outros aspectos que digam respeito as regras, normas e ou preceitos.

Grandes pensadores da lei rejeitam a teoria de que o direito não faz justiça, ou seja, a justiça não é necessariamente justa como podem ou realmente pensam alguns pensadores ou meros cidadãos alheios ao estudo dessa ciência, para os juristas nesse campo encontra-se a justiça e não só, é para isso que ela existe, muito bonito, ou melhor, ao menos seria se assim fosse mas a realidade dita o contrario, e esta afirmação do varão justiceiro das ocultas é realmente o sig-nificado da teoria filosófica que compreende o direito tal como é, a ciência de apoio aos mais poderosos, aliás aos mais acordados confirmando desse modo que, os adormecidos não tem direito ne-nhum a direitos, logo a ciência reguladora distingue consoante o peso de sono de cada um, nem todos tem direito a justiça por tanto, quanto menos sono melhor e por essa razão os que tem condições para virar as noites estão sempre absolvidos pois nunca dormem, é muita televisão digital, é muito vídeo game, muito vinho, cerveja e tantos outros recursos que os permitem garantir a sua justiça.

São os contornos manietados pela era do capital que regulam a justiça dos actuais tempos, os elementos necessários para se manter acordado exigem também elementos de desfrute nocturno, a ma-drugada precisa no mínimo ser divertida e isso se garante com um mínimo de condições, disso pode-se presumir que esta prerrogativa de cidadão acordado só é válida aos cidadãos que podem, cidadãos sem dificuldades financeiras. Diz-se sempre que se está a enfrentar um problema com a lei é importante ter um bom advogado, dos melhores possível visto que, independentemente do crime que se possa ter cometido, um bom conhecedor da lei, dominador da matéria jurídica, é capaz de livra-lo de qualquer punição desde que, conforme o capitalismo, seja pago a altura e é tal como se tem visto, bom ad-vogado, sempre bem pago, liberta até dos mais terríveis criminosos.

No entanto, eles até podem até recusar-se mas a dolo-r o s a v e r d a d e é e s s a , o d i r e i t o o u a j u s t i ç a d e f e n -de a nobreza, isto é, a justiça muito pouco tem de justo.

A lei não protege quem dorme

O fim-de-semana passado foi de autêntica barafunda na capoeira do galo. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) esteve reunido na cidade da Beira, sua sede natural, em III Congresso desde a formação daquele partido político. A data mostrou- se crucial para se aferir até onde vai a saúde do parti-

do. Para já, o momento é bastante desafiador. Houve festa. Sim. Mas digamos

que houve tanta confusão, de tal forma que até aos dias de hoje, o desfecho

final do festim partidário continua na boca do povo e dos seguidores do galo.

Houve cenas do passado que marcaram o que hoje é a vida do MDM. Não

se pode esquecer que a morte por assassinato do presidente do Conselho

Municipal de Nampula Mahamaudo Amurane teve seguramente conse-

quências devastadoras no Galo. Na retina da opinião pública ficou a ligação

directa da morte do edil Mahamudo Amurane com alguns membros influen-

tes daquele partido, na cidade de Nampula. Seguidamente veio a morte por

doença de Daviz Simango, facto que criou um burburinho quanto ao seu

sucessor. Cresceram as querelas internas. Houve agitação a rodos. Candi-

datos de raiz na fila da frente apresentaram os seus projectos de governação

partidária. Pintainhos e galinhas aplaudiram os galos concorrentes. Nesta

senda choveram especulações. Acusações. Cenas de outro jaez que não lem-

bram ao diabo. No fim ganhou Lutero Simango, da dinastia dos Simangos.

Apesar de tudo O III Congresso do Galo foi sem sombra de dúvidas, uma

oportunidade para resolver os problemas internos ou mesmo tentar evitar o pior

nos próximos dias. Nas próximas eleições, o MDM, não terá a vida facilitada.

Para além da confusão da Beira, o MDM também tem um desafio que os seus

membros (alguns) começam a não ter estômago suficiente para aguentar: há

desistências. Há rumores de tudo mais alguma coisa. No seio dos membros do

partido há certo descontentamento sobre a eleição de Lutero Simango. Exis-

tem alguns membros que publicamente, embora de forma tímida, manifestam

interesse em colocar um ponto final à sua continuidade na capoeira. Portanto,

esperamos que tomando em consideração o actual ambiente pouco abonatório

que se vive e com o horizonte eleitoral à espreita, a bem da democracia moçam-

bicana, o MDM possa sair mais fortificado e lavar algumas mentes impuras.

É tempo do partido começar a mostrar alguma maturidade e assumir

o seu estatuto. O “Estado de graça” acabou! Aquele discurso de euforia

virado para a juventude demonstrado na altura da formação do parti-

do tem de ser reinventado. As pessoas não vivem do passado, por isso o

MDM deve encontrar políticas correctas que convençam os moçambica-

nos que de facto esta formação é alternativa válida à Frelimo. Claro que

na capoeira onde há muitos galos, as confusões não acabam. Bem haja!

DoUgLAs MADjILA

zambeze | 9Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 10: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| nacional |

Aumentam casos de trombose em tempo da pandemia da Covid-19

É uma realidade de extrema preocupação nos dias actuais, a trombose mata mais de 1,2 milhões de pessoas no mundo por ano. e agora com a pandemia, o número de casos au-mentou em 30%. algumas pesquisas, apontam que o risco de desenvolver trombose como consequências de uma infecção por Covid-19 é até 10 vezes maior. No entanto, a boa notícia é que é possível evitar a doença e, mesmo para quem vive com a doença pode levar uma vida normal.

A trombose é ca-racteriza pela presença de co-águlo em um vaso sanguí-

neo, como veia ou artéria. Tam-bém, atingem os membros infe-riores e outras regiões do corpo.

Neste caso, pacientes que procuram os serviços da Neu-rologia do Hospital Central de Maputo, são pacientes da fai-xa etária dos 50 anos de idade.

Entretanto, a maioria dos pa-cientes já atingiram o nível mais alto da condição clínica de trom-bose cerebral, também tem com-plicação séria que é o desloca-mento do trombo da veia para o pulmão, Dr. Hélder Lorenzo afecta ao Hospital Central de Maputo.

Explicou igualmente que os casos da trombose tendem aumen-tar por conta da situação actual da pandemia da Covid-19, onde certas pessoas têm stress social, ou seja, onde a sociedade antes da pan-demia não era hipertensa e neste momento, por conta da pandemia, desenvolveram tensão arterial.

Diante deste cenário, a Co-vid-19, facilita o desenvolvi-mento da trombose, através de um flamatório vascular. Por isso, recomenda-se a necessidade de consultas regulares e controlo fre-quentes de hipertensão arterial.

“Todos que completarem 40 anos de idade devem fazer o contro-lo frequente de hipertensão arterial, para ter um diagnóstico precoce”.

Com efeito, 90% dos casos a situação é controlada com me-dicamentos, mas em algumas si-tuações será necessária atuação conjunta de cardiologistas, neuro-logista, angiologista pneumologis-ta e até mesmo o hematologista.

Entretanto, neste tempo atípico da pandemia da Covid-19, há gran-de esforço por parte do Ministério da Saúde (MSAU) em sensibilizar a população sobre as medidas de pre-venção e o controlo de doença do foro trombose para quem já padece.

Portanto, acção visa garantir despiste visto que a trombose tem consequências severas, disse a fonte.

De acordo com Dr. Hel-der Lorenzo, a trombose pode ser assintomática e não trazer grandes complicações a saúde de que padece, mas também al-guns sintomas podem se mani-festar em grandes complicações.

Para este, o edema ou apareci-mento busco de inchaço, sensação de queimação, rigidez na muscu-latura da região, e mudanças na cor da pele da região afectada, pode ser sintomas de trombose.

Explicou igualmente que o diagnóstico em pacientes que apresentam embolia pulmonar ne-cessitam de exames complemen-tares, além do exame clínico, o principal exame para fazer o diag-nóstico é através da angiotomo-gráfia, mas outros exames podem ajudar como o Raio X de tórax, ecocardiograma ou arteriografia pulmonar, disse Hélder Lorenzo.

De salientar que o objeti-

vo do tratamento da trombose é impedir a formação e o aumen-to do trombo e bem como evitar que se desloque até o pulmão.

A fonte referiu ainda que facto-res risco da trombose estão associa-do a obesidade, contrair novamente a trombose, ter problemas de co-agulação, hipertensão pulmonar.

Ressalvou, caso a trombose seja diagnosticada antes do enfar-to, a necessidade de fazer-se uma intervenção cirúrgica para coloca-ção de um stent (mecanismo que impede a construção do fluxo oral) também é uma das possíveis me-didas, assim como eventual proce-dimento para retiração do coágulo da gordura tratamento da trombose.

Estratégias de prevenção

Explicou igualmente que, é importante conhecer seu histórico familiar, buscando ajuda imediata assim que tiver sintomas, evitar a obesidade, praticar actividades físi-cas regular e o corpo agradece no todo, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. Contudo, a fonte frisou que o tratamento medicamentoso pode não ser sufi-ciente para combater a trombose.

Explicou igualmente, que o tra-tamento mais adequado em casos mais graves, pode-se realizar uma trombectomia ou uma cirurgia para retirar o coágulo, afirma a fonte.

É fundamental o controle de hiperatenção arterial, ou para quem já é hipertenso deve cum-prir com as recomendações mé-dicas, como por exemplo, evi-tar alimentos ricos em gordura.

A fonte disse ainda que se a população conseguir controlar hipertensão arterial é possível re-duzir as evidências de doenças do foro trombose, segundo referiu.

Disse ainda que a grade difi-culdade na prevenção da trombose é que certas pessoas subestimam, ou seja, não dão muita importân-cia aos factores riscos e aos sinto-mas, isso faz de a trombose ser a terceira causa de morte no mundo.

Paciente na busca recuperar a sua mobilidade

A equipa do jornal, conver-sou com Hélder Vasco Chaú-que, residente do bairro Pola-na Caniço A, que padece da trombose desde ano 2013.

Contou-nos que a doen-ça não foi acompanhada de

sintomas, foi algo repentino.Infelizmente, não tive sinto-

mas, foi de repente estava senta-do na cadeira só me vi no chão e fiquei nestas condições. Foi algo a mais de ruim dentro dele, fi-quei assustado quando acordei e sem movimentos” disse a fonte.

Entretanto, a fonte referiu que tem seguido todas as recomenda-ções médicas para voltar a ter a sua vida normal, apontou a exem-plo de praticar exercícios físicos não consumir bebidas alcoólicas, ter uma alimentação equilibrada.

“Esta doença de alguma forma tem interferido de for-ma negativa, porque antes era um homem sem limites, e ago-ra tenho muitas restrições no meu dia pós dia “ disse a fonte.

Ainda disse que a pandemia da Covid-19, interferiu um pouco deforma negativa. Parei um pouco de ir fisioterapia para ter melhor atuação dos médicos, porque eles e que tem o domínio dos exercí-cios que cada paciente necessita.

No entanto, referiu que não ficou parado efectivamente por

conta do encerramento das salas de fisioterapia, continuou com os exercícios básicos a partir de casa.

Ressalva, que por conta da mi-nha situação actual, graças a Deus não sou discriminado pelos meus familiares e mesmo fora de casa me tratam com respeito que mereço.

Entretanto, O facto de hoje ter a trombose não muda a minha pessoa e atenção na família triplicou por par-te de todos membros, frisou a fonte.

Segundo ele apesar das li-mitações que tem actualmente olha para o futuro com muita es-perança e que bons dias virão, porque tem feito grande esforço para ver a situação melhorada.

Fonte alusão, encoraja ou-tras pessoas que estão na mesma

condição não perder a esperança e também devem deixar de fazer auto discriminação, para que a sociedade não lhes discriminarem.

“Nesta ordem de ideia, tenho a recomendar para certas pesso-as que estão na mesma condição que me encontro neste momento, nada está perdido” referiu Hélder.

Acrescentou igualmente que o melhor que se pode fazer é sem-pre seguir com as recomenda-ções médicas, aconselha a fonte.

Referiu ainda que não tem sido fácil seguir todas as recomendações, mas para melhorar a condição actual é mesmo seguir a isca dos médicos, porque só assim vão ter uma vida saudável mesmo com a doença.

Por outro lado, Armando Macamo, de 45 anos de idade vive no Maputo disse que, ad-quiriu a doença no ano passado.

“Sou hipertenso, mas não sabia antes, actualmente me en-contro nestas condições de di-fícil de lidar perdi a mobilidade das duas pernas”, frisou a fonte.

Diante desta triste realidade, o nosso interlocutor contou-nos que vezes sem contas procurou ajuda médica por conta de sin-tomas que apresentava e poste-rior foi diagnosticado hipertenso.

Perante esta situação dramá-tica segundo contou a nossa equi-pa quando ficou sem movimento não quis acreditar pois ele é que o garante do sustento da família.

No entanto, a fonte referiu que “ não é fácil aceitar as limita-ções, pois é, muito difícil depen-der de terceiros para realizar qual-quer tarefa”Armando Macamo.

Afirma ainda, que o apoio da família é muito fundamental. “

Actualmente, sinto alguma me-lhoria porque dantes não conseguia movimentar os pés e agora com o trabalho intenso dos profissionais da fisioterapia, já consigo sentir um pouco os meus pés mesmo que seja de forma tímida, ressalvou.

O nosso entrevistado, termina a sua locução apelando a socieda-de para não discriminar quem pa-dece de alguma doença, segundo ele sente na pele a discriminação por parte de certas pessoas, mas que essa atitude não muda os seus objectivo que ao contrario da lhe mais forca para continuar a lutar para ter a sua locomoção de volta.

“Todos somos iguais in-dependentemente das limi-tações de qualquer pessoa”, disse Armando Macamo.

- Os estudos revelam risco maior em desenvolver trombose como consequências de infecção por Covid-19.

crizalda Vilanculos

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202110 | zambeze

Page 11: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

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O n d e a n a ç ã O S e r e e nc O n t r aambEz

|suplemento|

PRIMEIRO SIMPÓSIO ANUAL DE ECONOMIA E GESTÃO DA LUSOFONIA

Por uma economia orientada a sustentabilidade,desenvolvimento e ambiente aberto entre os povos

Fórum de debate de Economia e Gestão

É um espaço onde vários investigadores de países lusófonos dedicam-se a apresentação e dis-cussão dos seus trabalhos de investigação, sendo elegíveis todas as pessoas que no mínimoreúnam o título de mestre nas áreas económicas, de gestão, finanças, contabilidade, ambiente,sustentabilidade e áreas afins.

Objectivos

Oferecer oportunidade aos investigadores das áreas de Economia, Gestão, Finanças, Contabil-idade, Ambiente, Sustentabilidade e afins para divulgar e consolidar as suas investigações.Facilitar o entrosamento dos investigadores em desenvolver trabalhos conjuntos.Aproximar povos e as várias instituições de ensino, criando oportunidades de mobilidade dequadros.Reflectir sobre os impactos socioeconómicos nas diversas áreas.

Candidatura

1. Tem direito de se candidatar à apresentação de alguma comunicação nas áreas económicas,de gestão, finanças, contabilidade, ambiente, sustentabilidade e áreas afins, todos aqueles quepossuam no mínimo um título de mestre ou ser um mestrando nas áreas acima referenciadas.

2. Para efeitos do número anterior, considera-se mestrando elegível todo aquele que já tenhacumprido a parte curricular, estando na fase da escrita da dissertação.

3. O candidato pode submeter no máximo dois temas (trabalhos) para o simpósio.

Tipos de trabalhos aceites

Neste fórum são aceites os seguintes trabalhos (digitados no editor de textoMicrosoftOfficeWord):

Projectos de Teses de Doutoramento;Projectos de Dissertações de mestrados;Artigos científicos;Resumos

Instituições organizadoras

Estrutura do trabalho

O trabalho a ser apresentado deve ser digitado no editor de textoMicrosoft OfficeWord e enviadopor correio electrónico, obedecendo a seguinte estrutura:

1. CapaLogotipo e Nome da instituição do proponente.Tema/título do trabalho a ser apresentado.Nome(s) do(s) proponente(s).

2. ÍndiceDeve estar formatado de forma automática.

3. ResumoNão deve exceder uma página.Deve ser escrito em português e inglês.Deve ter no máximo 400 palavras.

4. IntroduçãoDeve procurar enquadrar o leitor, respondendo as seguintes perguntas:O quê está sendo tratado? (tema/objectivos).Porquê da realização do estudo? (problema e justificação).Como o estudo foi conduzido? (metodologia usada).Qual(is) o(s) resultado(s) encontrado(s).

Devem constar nesta secção os objectivos, problemas, justificação e hipóteses (caso existam).

5. MetodologiaDeve-se listar os materiais usados e explicar os métodos de investigação aplicados no estudo.

6. Resultados e DiscussãoDeve-se usar para relatar os resultados e discutí-los, fazendo um juízo dos mesmos eavaliando os resultados encontrados.

7. Conclusões e/ou recomendaçõesDeve conter as conclusões e/ou recomendações constatadas com base nos resultadosobtidos na secção anterior.

8. Referências BibliográficasAs fontes podem incluir livros, enciclopédias, revistas, artigos, página de internet, etc.

9. CitaçõesAs citações e referências devem obedecer às normas APA.

10. Número de páginasOs trabalhos devem ter no mínimo 6 páginas e no máximo 16 páginas.

11. LinguagemDeve ser objectiva e precisa, não sendo permitida a utilização de termos que geram dúvidas(como mais ao menos, relativamente, etc.)

Apresentações

Para facilitar o debate e o interesse, os temas serão agrupados segundo a afinidade das áreas.

O evento será realizado em 3 dias e consistirá na apresentação oral dos trabalhos, através dasplataformas virtuais (a serem divulgadas oportunamente).

O orador terá no máximo 10minutos para fazer a sua comunicação. Em seguida serão concedidoscerca de 20 minutos para a apresentação de dúvidas e debate.

Datas importantes

Actividades DataSubmissão dos trabalhos (Resumos) 25/10/2021 a 17/11/2021Divulgação dos trabalhos aceites Até 24/11/2021Realização do evento 01/12/2021 a 03/12/2021Publicação dos anais 2022

Contactos

Todos os trabalhos (resumos) devem ser enviados para o endereço electrónico da comissão orga-nizadora - [email protected]

Em caso de dúvidas estamos disponíveis nos seguintes contactos (WhatsApp):+258 868655650 - Ana Lúcia+258 829463607 - Gil Sevene+258 845444330 - Rogério Romão

Grupo alvo

Poderão participar neste simpósio todos os estudantes que estejam a frequentar o ensino supe-rior (graduação e pós-graduação), docentes, investigadores, gestores/funcionários das instituiçõespúblicas/privadas e a sociedade no geral.

Instituições organizadoras

Primeiro Simpósio - 2021

Moçambique acolheu de 1 a 3 de Dezembro, a realização do I Simpósio académico da Lusofonia. Atraente. Na perspectiva científica. Movimentando meio mundo. Criando sintonias. Ambiente. E sobretudo, foi um marco importante no salto gigante que se pretenda seja no futuro. Aconteceu o parto. Em três salões. De forma híbrida. Designadamente no ISFIC, no ISPG, e

no ISCAM, alicerçando a ideia de que JUNTOS SOMOS MAIS FORTES. Bem-haja esta iniciativa, que se conjuga no esfor-ço para devolver a África e a lusofonia, aquilo que ontem nalgum momento foi relegado para plano segundo. A formação do

homem. Para o ano há mais, ou simplesmente parafraseando Camões, E se mais mundo houvera lá chegara…

Simpósio da Lusofonia veículo de recomendações económicas e políticas

na promoção do desenvolvimento

zambeze | 11Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 12: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| suplemento|

As universidades africanas são chamadas a ter uma função social de luta pela sobrevivência da humanidade negra, ameaçada pela tecnologia do ocidente que avançou para níveis longín-quos. Severino Ngoenha, Reitor da Universi-dade Técnica de Moçambique (UDM), adverte ainda sobre a necessidade de as instituições de ensino superior no continente africano servi-rem aos africanos para resolver os problemas africanos.

Severino Ngoenha, que falava durante a abertura do I Simpósio Anual da Economia e Gestão da Lusofonia, sustenta que o ocidente se transformou com base na ciência, vai daí que a discrepância entre este e o continente negro ain-da estar longe de se alcançar e exemplifica: “Os europeus conseguiram escravizar os africanos porque havia uma discrepância técnica”.

O académico diz haver necessidade de coo-peração de universidades em projectos autocen-trados nos países africanos.“Estendendo-nos as mãos, juntando as nossas competências e inte-ligências para encontrar resposta aos problemas africanos. É preciso desenvolvermos actividades de ensino a partir de nós, do domínio técnico e

científico que nos levem a soluções de alguma sustentabilidade das nossas. Assume que hoje em dia, a tecnologia avançou de tal forma que já se aborda sobre a inteligência artificial. Os estudos do ácido desoxirribonucleico conhecido por ADN começados há mais de 25 anos atrás, levaram a um trabalho espectacular sobre o homem e sua influência no corpo. Contudo, há uma tentativa em curso de introduzir a inteli-gência artificial no corpo humano.

Acrescenta que com as consequências da in-trodução da inteligência artificial vai haver uma separação real entre os homens, porque alguns terão grande capacidade de reserva de conhe-cimento e com grande velocidade na resolução dos problemas, e não vão ser homens como os africanos.

“Haverá uma situação na humanidade, nomeadamente, a geneticamente modificada, tecnicamente aumentada e a pergunta é sim-ples. Pertencemos a mesma humanidade? Não sucederá com o cavalo que foi a reforma sem ser perguntado devido a invenção da máquina a vapor?”, questionou.

Pertencemos a mesma humanidade?

Discursando no encerramento, do primeiro dia do Simpósio de Economia e Gestão da Lusofonia, o Magnífico Reitor da Universidade do Mindelo, Cabo Verde, Albertino Graça, este enalteceu o con-tributo dos participantes e oradores do I Simpósio, incluindo as instituições organizadoras do primeiro evento anual de economia e gestão e áreas afins de economia, sob o lema por uma economia orientada a sustentabilidade, desenvolvimento e ambiente aberto entre os povos.

“Não pude acompanhar todas as apresentações”, justificou-se o Reitor da Universidade do Minde-lo, reconhecendo que a iniciativa deve continuar a ser bem aproveitada pelo facto de a economia e a gestão constituírem assuntos bastante actuais.A economia e gestão estão na ordem de Cabo-Verde, vincou o reitor da Universidade do Mindelo que espera que o simpósio para além de fornecer conhecimentos de índole académica, seja o veículo de recomendações económicas e políticas sobre a realidade económica dos países e que seja promo-tora do desenvolvimento.O Reitor acrescenta ainda a necessidade de reformas políticas que reforcem o financiamento de África com vista assegurar um futuro melhor.

Reformas políticas para o financiamento de África

albertino da Graca, reitor da Universidade do mindelo

A representante da Universidade Kimpa Vita de Angola (UNI-KIVA) explicou durante a abertura do segundo dia do Simpósio Anual da Economia e Gestão da Lusofonia que a participação da sua instituição num evento daquela magnitude abre aportas para a posteridade, acreditando que a presença de várias instituições de ensino superior sobretudo africanas demonstra uma aproximação e ideia de que” juntos somos fortes”.

“As questões económicas são de moralidade e justiça, daí que é preciso pautar pela ética na economia, de modo a não torná-la vazia. Todas as empresas e sociedades fazem parte de um ecos-sistema económico, daí ser necessário trabalhar com consciência e respeito mútuo assegurando um desenvolvimento económico sustentável.

O Simpósio veio demonstrar que juntos somos mais fortes

rogério romão, representante da Kimpa Vita

-Questiona académico severino Ngoenha

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202112 | zambeze

Page 13: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| suplemento|

As Instituições do Ensino Superior (IES) são chamadas a cumprir em toda a sua extensão o decreto 46/2018 do Conselho Nacional de Avaliação de Qualidade (CNAQ) que determina a obrigatoriedade de ter a componente de investigação científica, memorandos com outras Instituições estrangeiras, permitindo a mobilidade de docentes e discentes de um ponto para outro.

É à luz do espírito e letra do decreto que a Administradora Geral do Instituto Superior de Formação, Investigação e Ciência (ISFIC), Arminda Janfar esclareceu que foi com grande honra acolher o maior evento da lusofonia, num momento atípico deri-vado da pandemia da covid19.

“É um sentimento de satisfação,não de missão cumprida.O simpósio irá permitir a mobilidade,transformação, fusão entre as IES e universidades” disse,acrescentando que para o I simpósio de Economia e Gestão em lusofonia, o ISFIC também saiu a ganhar,na qualidade de membro organizador do evento. Refira-se que o ISFIC possui vários memorandos, nomeadamente com a Universidade de Mindelo, Cabo Verde, Universidade Kimpa Vita de Angola de entre outras.

O ISFIC ganhou na qualidade de membro organizador

arminda Janfar, administradora Geral

O Director Geral do Instituto Superior Mutasa (ISMU), Agripah Kandiero, salienta que o objectivo como Instituição de Ensino Superior “é transferir, criar e evoluir com o conhecimento, e particular-mente no ISMU o que buscamos, é servir e não ser servido”.

Para Kandiero, este simpósio foi uma das várias formas que buscaram para servir o seu corpo discentena perspectiva de ultrapassar a fragilidade académica, apresentando colheitas diversas que reforçarão o saber nas comunidades,nações e no mundo em geral.

“Acredito que hoje, os nossos apresentadores, pesquisadores, têm grandes sementes para plantar nas nossas mentes. Sementes de economia, gestão e de diversas áreas relacionadas. Ao longo da minha experiência de trabalho, uma das coisas que esta-beleci pela experiência é o conhecimento atrasado, que pode equivaler ao conhecimento negado ou privado. E isto foi ultrapassado neste grandioso encontro familiar académico. Aos apresentadores, organizadores e participantes digo profundamente muito obrigado”.

Apresentar colheitas para reforçar o saber comumagripah Kandiero, do ismU

O Dr. Rodrigues Fazenda, DG do ISFIC e membro da Comissão Organizadora do I Simpósio da Lusofonia, não tem dúvidas quanto aos frutos do evento. Fazenda, que falava no último dia do Sim-pósio em nome da comissão organizadora, lança o seu agradecimento a todos os membros da comissão pela efectivação do simpósio. “O simpósio teve vários eixos os quais resultaram dos três dias de re-alização. No primeiro dia tiveram 14 conferências, no segundo dia 16 conferências com falha de duas, e no último dia houve falha apenas de uma. Dizer a todos que foi um grande privilégio lidar com todos os investigadores e académicos que enviaram os seus trabalhos para a comissão. Temos critérios, que são trabalhos com qualidade, que tendem a ser revistos por pareceristas de forma independente”.

Fazenda reitera que por cada simpósio haverá sempre os anais do simpósio, ou seja, os respectivos livros das comunicações científicas todas feitas. Neste evento houve participação de 27 instituições de nível superior, 79 trabalhos ou comunicações científicas e 45 comunicações aprovadas para o evento.

“Agradecer a todos os que aceitaram fazer parte deste desafio partilhando suas ideias para que construamos essa união entre os povos e discussão da economia de vários povos e países. Agradecer ao mesmo tempo a todos que representam a comunida-de moçambicana e a todas instituições que tomaram parte deste evento”.

Agradecemos o desafio de todos na partilha de ideias para construirmos união entre países e povos

-dr. rodrigues Fazenda da Comissão organizadora

zambeze | 13Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 14: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

14 | zambeze | suplemento |

A problemática de gestão face a inovação empresarial foi a introdução do docente e pesquisador do Instituto Superior de Investigação e Ciência (ISFIC), Dr. Eduardo Pulande que explicou que a inovação carrega muitos discursos a volta do conceito, cabendo algumas correntes de opinião assumi-rem que inovar, se trata de mudar de actividade.

Eduardo Pulande assume que é preciso que existam factores que concor-rem para a inovação, nomeadamente a eficácia, eficiência, comunicação, o meio envolvente. A eficiência mede a competitividade da economia e gestão, pois a gestão visa atingir objectivos, daí que para o gestor inovar sua presen-ça é preciso ter o binómio objectivo e resultados para o alcance da mesma.

“ É preciso visitar pilares de gestão como planeamento, organização, direcção, controle entre outros.Todo e qualquer gestor que pretenda que sua empresa ganhe rumo do sucesso, precisa que planifique, organize, direccione e controle. Numa era digital, um bom gestor deve aprimorar ferramentas que respondam ao contexto de modo a aumentar a produtividade, se pretender aumentar o lucro” explicou

Futuro dos Africanos passa pelo domínio da ciência

dr eduardo pulande, do isFiC

Falar das Pequenas e Médias Empresas faz referência ao desempenho do crescimento económico, com particular enfoque para os países em via de desen-volvimento como Moçambique e o sucesso das empresas pequenas depende da sua expansão em vários mercados da estratégia adoptada no processo da interna-cionalização. A literatura apresenta diversos estudos da ligação entre as estratégias competitivas do desempenho exportador das PMEs.

“As pequenas e médias empresas moçambicanas ao adoptar uma estratégia de diferenciação de produtos e serviços aumentam a sua competitividade e a possibi-lidade de se internacionalizar bem como o desempenho exportador. As empresas que se solidificaram, a sua vantagem posicional como estratégia de diferenciação aumentaram o beneficiam desempenho exportador “ disse Eurico Navaia subli-nhando que a estratégia de diferenciação desempenha um papel importante no sucesso exportador.

Os gestores devem valorizar a estratégia competitiva de diferenciação assu-mindo uma vantagem posicional, de forma a aumentar o desempenho exportador no mercado internacional.

O sucesso das empresas pequenas depende da sua expansão em vários mercados da estratégia

dr eurico Navaia da Universidade Zambeze

Segundo o docente da Unidade Metodista de Angola, Ananias Valentim, as Micro-Pequenas Empresas sempre desempenharam um papel importante no desenvolvimento das economias, pois criam postos de trabalho e rendimento das famílias. O professor Ananias Valentim explicou aos presentes que na pro-víncia de Bengo, concretamente no município de Bengo registou-se a falência de pouco mais de 44 Micro e Pequenas Empresas.

Os principais factores por detrás da falência das microe pequenas empresas, segundo Ananias Valetim são os problemas financeiros, seguido pela falta de gestão e a localização inadequada das empresas.

“Os factores externos como a crise do país, falta de financiamento, concor-rência e queda do poder de compra contribuíram para que as empresas se vis-sem mergulhadas na falência” disse acrescentando que a falência das empresas deveu-se a combinação dos factores internos e do ambiente externo.

Causas de falência das Micro e Pequenas Empresas, na província de Bengo (2012 e 2017)

– dr. ananias Valentim da Universidade metodista de Angola

As importações extra SADC foram estimadas em mais de 140 mil milhões contra 154 nas exportações ao nível da região e a situação contínua a mesma. Kengebeni Mbuta, pesquisador da Universidade de Kimpa Vita é do entendimento que os países da SADC importam mais dos países europeus.

A renda nacional e o produto interno bruto, segundo Mbuta é o factor determi-nante das importações nos países da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Consequentemente isso cria uma dependência, ou seja Mbuta acrescenta que os países africanos na sua maioria consomem coisas que não produzem, e produzem coisas que não consomem ou seja, se não se importar poderão parar de viver. A moeda única ao nível da SADC e a consolidação do comércio intra-regional poderá salvar os países da região das influências cambiais.

- Kengebeni mbuta, Universidade Kimpa Vita de angola

Análise da Demanda De Exportação Regional

Índice do Preço do Consumidor em Moçambique

O Director geral do Instituto Politécnico de Gaza (ISPG), Prof. Doutor Mário Tauzene refere que o I Simpósio da Lusofonia foi um grande evento, que de certa forma parou a academia moçambicana e lusófona, e pelo facto, estamos muito honrados pelo empenho de todos.

“Teremos vários eventos desta natureza, e estamos muito ansiosos para que esta onda não pare, afinal de contas tudo o que produzimos, se não for publicado ou comunicado é simplesmente um não respondido, então isso vai aumentar as nossas referências biblio-gráficas e também vamos cada vez mais, em função

da nossa tipologia, construir grupos de pesquisa “.

Tauzene convida a todos os oradores a submeter as comunicações na revista, sendo que a única manei-ra de mostrar a essência do Instituto Politécnico de Gaza é publicando. Portanto, de forma simples e bre-ve existe um bom painel para o fazer. “Tenho a fé de que no próximo ano em Maio, teremos o II simpósio e em Novembro termos o III simpósio”.

“Não há satisfação maior que esta, ao estar com todo mundo a participar do simpósio, juntos a fazer uma actividade muito nobre, que é fazer a ciência”.

É gratificante realizar uma actividade incarnada na ciência

prof. doutor mário tauzene, ispG

Algumas apresentações durante o I Simpósio da Lusofonia

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202114 | zambeze

Page 15: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| nacional |

Carlos Mesquita participa no webinar da agência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)

Comercial

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abertas assinaturas para 2022

MAIS INFORMAÇÕESCell: (+258) 82 30 73 450 | (+258) 84 56 23 544

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2.300,00mt 2.900,00mt 4.450,00mt

período

trimestral semestral aNUal

o ministro da indústria e Comércio, Carlos mesquita, em representação de moçam-bique, participou, quarta-feira, 8 de dezembro, no webinar organizado pela agência das Nações Unidas sobre Comércio e desenvolvimento (UNCtad), um evento que decorreu, a partir de Genebra – suiça, sob o lema “transformando África austral – aproveitando as cadeias de valor regionais e política industrial para o desenvolvimento”.

O evento teve como objectivo discutir o papel instrumental que a integração regional na África Austral pode desem-penhar para acelerar as trans-

formações estruturais e o desenvolvimento eco-nómico. A abordagem integrada que a estrutura da política industrial necessária, tanto no âm-bito nacional e regional, pode ter para superar as múltiplas restrições enfrentadas pelas econo-mias da região no actual contexto global difícil.

Falando na ocasião, no painel sobre pers-pectivas de políticas da África Austral, Carlos Mesquita enalteceu os esforços da UNCTAD, na dinamização da plataforma de interacção e pro-moção sobre as boas práticas e experiências que a nível da integração económica, a SADC tem vindo a construir através da Estratégia e Roteiro de industrialização e a sua ligação com a visão

e o percurso local dos seus Estados membros no âmbito coordenação da política industrial.

Segundo o governante moçambicano, o pro-cesso consolidado da integração económica da SADC, para além de ter como instrumento de força, o Protocolo de Trocas Comerciais, tam-bém têm se servido da experiência soberana dos Estados membros, o que vem permitindo que sejam consensualizados alguns objectivos--resultados e deu como exemplos: o desenvol-vimento industrial assente no Crescimento, na Produtividade, na Geração de Emprego, no Am-biente de Negócios e de Investimento privado, na Inovação e Tecnologia, na Transformação dos produtos primários nacionais privilegiando as Infra-estruturas de Apoio e a Substituição de Importações; A partilha e o aproveitamento in-tegrado dos corredores logísticos estratégicos e programas de desenvolvimento; A parceria em-

presarial através do conteúdo local e a efectividade do Diálogo Público-Privado incluindo com os parceiros de desenvolvimento e a profissionalização e modernização da Micro, Pequena e Mé-dia Indústria como eixo expressivo de inclusão produtiva regional; As Políticas, Estratégias e Programas Industriais nacionais har-monizados com a pauta estratégica da região Austral, da África Continental e com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

Carlos Mesquita falou, igualmente, sobre o quadro da Política industrial e a convergência na visão operacional, tendo enfatiza-do que como parte do “edifício de Política Industrial da Região Austral, Moçambique conformou a sua Política e Estratégia In-dustrial – (PEI) 2016-2025 que busca tornar a indústria o principal veículo para o alcance da prosperidade e bem-estar do país atra-vés da geração da maior parte de postos de emprego, produção e contribuição na valorização dos recursos naturais, através da sua adição de valor; e Operacionalizou os seus fundamentos e pres-supostos através do Programa Nacional Industrializar Moçambi-que - PRONAI (2021-2031), lançado oficialmente por Sua Exce-lência o Presidente da República, cujo objectivo é contribuir para aumento da produção industrial, investimento em infraestruturas, desenvolvimento de recursos humanos, assente na transforma-ção local da matéria-prima de forma inclusiva e ambientalmente sustentável no âmbito da melhoria da Balança Comercial” disse.

O governante, finalmente apelou “a uma resposta efecti-va, concertada, justa e sustentável para que a Indústria afecta-da pela Pandemia da COVID-19 não seja vítima nem refém de eventuais medidas e posições discriminatórias, antes se rein-vente, seja competitiva, resiliente, globalmente integrada e ino-vadora como factor preponderante para o rápido crescimen-to, recuperação económica e desenvolvimento da SADC”.

zambeze | 15Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 16: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r a

No leito do grande rioVale Moçambique doa materiais de apoio Para sensibilização contra HIV/SIDA

A Girl Move recebe o prémio da UNESCO 2021 para Educação de raparigas e Mulheres

A Girl Move, uma organi-zação mo-ç a m b i c a n a que através

dos seus modelos educativos inovadores, amplia talentos e promove a igualdade de gé-nero, com foco no empodera-mento de mulheres e raparigas recebeu o prémio UNESCO para a “Educação de rapari-gas e Mulheres 2021” pelo seu trabalho no incentivo à educa-ção de mulheres e raparigas.

O Prémio UNESCO para a Educação de Raparigas e Mu-lheres homenageia contribui-ções notáveis e inovadoras fei-tas por indivíduos, instituições e organizações para promover a educação de raparigas e mu-lheres. É o primeiro Prémio UNESCO dessa natureza e é o único por apresentar projec-

tos de sucesso que melhoram e promovem as perspectivas educacionais de meninas e mu-lheres e, por sua vez, a qualida-de de suas vidas. Estabelecido em 2015 com financiamento do Governo da República Popular

da China, o Prémio é concedido anualmente a dois premiados e consiste num prémio de US $ 50.000 atribuído a cada um dos premiados para ajudar a promo-ver o seu trabalho na educação de raparigas e mulheres. O mes-

mo contribui directamente para o cumprimento da Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 e, em particular, da Meta 4 de Desenvolvimento Susten-tável sobre educação e da Meta 5 sobre igualdade de género

A cerimónia de entrega do prémio terá lugar no dia 08 de Dezembro de 2021, pelas 08:30h na Sala de Reuniões do Ministério de Educação de Desenvolvimento Humano, na cidade de Maputo. O evento vai ocorrer em formato híbrido e contará com a participação de representantes do Gover-no, Parceiros, Sector Privado, Sociedade Civil e assim como organizações que trabalham na promoção da educação e direitos de mulheres e rapari-gas. Para além de promover o reconhecimento do traba-lho na promoção da educação das mulheres e raparigas feito pela Girl Move, a cerimónia servirá de arena para uma dis-cussão sobre a importância de se investir e valorizar na educação formal e não-for-mal de raparigas e mulheres.

No âmbito das celebrações do dia mundial de luta Contra a sida, a Vale moçambique ofereceu diversos ma-teriais de apoio para sensibilização às comunidades da sua área de actuação, em moatize, província de tete.

O m a t e r i a l , constituído por cami-setas, bo-nés e laços

vermelhos, foi entregue, no dia 30 de Novembro, ao Nú-cleo Provincial de Combate ao HIV/SIDA e ao Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social de Moati-ze. As celebrações da data este ano tiveram como lema “Acabar com as desigual-dades. Acabar com a SIDA. Acabar com as pandemias”.

O Coordenador do Con-selho Provincial de Comba-te ao HIV/SIDA, Marcelino Miguel, agradeceu o gesto, enaltecendo o apoio que a mineradora Vale tem vindo a dar ao longo dos anos no

âmbito da prevenção e com-bate à doença. Por seu turno, o médico-chefe do Serviço Distrital de Saúde Mulher e Acção Social de Moatize, Luizinho Abel Culuze, con-siderou o donativo como “um meio importante para fazer chegar a mensagem de forma mais rápida às comunidades”.

O gestor de Saúde e Hi-giene Ocupacional na Vale, Pedro Carvalho, disse que a oferta faz parte do compro-misso da mineradora no apoio ao governo na prevenção e combate à doença. “Deve-mos juntar os nossos esfor-ços para dar melhor resposta a esta epidemia”, realçou.

O dia 1 de Dezembro foi instituído em 1988 pela Orga-nização Mundial das Nações

Unidas como o dia consa-grado à luta contra a SIDA.

Esta celebração tem como propósito consciencializar a população para a neces-

sidade de prevenção contra o HIV/SIDA, o combate ao preconceito e todas as for-mas de estigmatização con-tra as vítimas da doença.

A Vale Moçambique as-sociou-se, assim, à data de forma a contribuir para uma maior sensibilização das co-munidades para esta causa.

Page 17: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

O n d e O n e g ó c I O S e r e e nc O n t r a

No leito do grande rio

entre 1 de dezembro do corrente ano e 1 de Janeiro de 2022, a Betway moçambique, empresa de apostas online, que completou recentemente um ano da sua presença no país, já se acomodou no espírito festivo dos moçambica-nos, e deu início à promoção Maratona Betwaya a fim de premiar os amantes de apostas desportivas durante todo o mês.

A M a r a t o n a Betway vai proporcionar aos seus usu-ários a opor-

tunidade de serem vencedores de prémios diários e dinhei-ro durante todo o mês. Cada aposta vencedora vai garantir uma entrada ao sorteio para o Grande Prémio da qua-dra festiva: UMA VIAGEM PARA DOIS, COM TODAS AS DESPESAS PAGAS.

Para promover os locais, gastronomia e cultura nacio-nal, os destinos a serem es-colhidos pelos vencedores, deverão ser no território na-cional e serão totalmente su-portados pela Betway, numa maratona de prémios auditada

pela Inspecção Geral de Jogos.“Depois dos prémios do

Euro 2020, queremos cele-brar a nossa segunda quadra festiva no país e vamos ofe-recer prémios diários, onde os amantes de apostas des-portivas poderão usar apos-tas grátis ou o saldo disponí-vel nas suas contas Betway. Queremos estar em contacto diário com nossos actuais e novos jogadores, para trazer uma experiência que promove o amor ao desporto e a possi-bilidade de ganhar, com uma marca reconhecida mundial-mente, desde que acertem nos prognósticos”disse Jonas Jú-nior, Director Geral da Betway.

A fonte destacou que a sua empresa é transparente

nos resultados das apostas, uma vez que tudo reflete--se na comparação entre o prognóstico e o resultado dos

jogos ou combinação de jogos, frisando que “nós so-mos a ponte entre as equipas

e amantes do desporto e pro-porcionamos uma ocasião onde os adeptos também ce-lebram vitórias e prémios”.

A fonte, assegurou a con-tínua aposta da sua empresa em Moçambique, tendo asse-

gurado a contribuição da mes-ma para a economia nacional, através dos prémios monetá-rios, impostos sobre prémios, postos de trabalho directos e indirectos, acções de respon-sabilidade social. (Karingana)

Agualusa estreia-se na fotografia com “O Mais Belo Fim do Mundo”

Preenche quadra festiva com ofertas diárias

“É u m a n o i t e impro-v á v e l e m

que inauguro uma exposição de fotografia”. Foi deste modo, inu-sitado, que José Eduardo Agua-lusa, terminou a sua intervenção, no Camões - Centro Cultural Portugal, em Maputo, na ceri-mónia de inauguração da sua ex-posição de fotografia intitulada ‘O mais belo fim do Mundo”.

De facto, o ineditismo da si-tuação, levou-o a afirmar: “Estar aqui, em Maputo, a inaugurar esta exposição de fotografia foi algo que nunca imaginei.” Depois, ex-plicou a génese de “O Mais Belo Fim do Mundo’: “É uma história de amor pela Yara – a sua mulher. A maior parte destas fotos e des-tes poemas foram feitos durante o período em que a Yara estava grávida da Kianda. Durante esse tempo, fui fazendo estas ima-gens e escrevendo estes versos. Mas revela também o meu amor pela Ilha de Moçambique. Eu conheci a Ilha da melhor manei-

ra possível, através dos seus po-etas. Rui Knopfli, Nelson Saúte, Mia Couto e, muito mais lá para trás, Camões, Bocage, Tomás António Gonzaga. A Ilha para mim é um território de poesia.”

Para o embaixador de Por-tugal em Moçambique, António Costa Moura, “O Mais Belo Fim Do Mundo” é uma celebração da amizade construída através do amor à língua portuguesa. “A língua viaja pelo mundo e com ela também o amor à pala-vra, tão presente na plasticidade da língua portuguesa, em todos

os continentes. Nesta iniciativa são apresentados dois momentos que têm em comum a fotogra-fia de José Eduardo Agualusa.”

Efectivamente, A mostra homenageia claramente duas expressões artísticas: a literatu-ra, obrigatória em Agualusa, e a fotografia, aliás expostas em sala distintas. Na primeira sala encon-tramos rostos de escritores lusó-fonos com as quais a objectiva de José Eduardo Agualusa se cruzou ao longo dos anos durante encon-tros literários nos quais o escritor participou. É a lusofonia com

Operação Dezembroda Betway

todo o seu peso: Inês Pedrosa, João Tordo, João Lopes Marques (Portugal); Tatiana Salem Levy, Fabrício Carpinejar (Brasil); Ana Paula Tavares, Kalaf Epalanga (Angola), Mia Couto, Ungulani Ba Ka Kossa, Paulina Chiziane (Moçambique); Luís Cardoso (Timor), são alguns deles. Na segunda sala, mais resguarda, as fotos da Ilha de Moçambique, a preto e branco acompanhadas por legendas poéticas, bem à maneira daquele pedaço de terra.

Já antes, o amigo Mia Couto, havia tomado a palavra para dizer que conhecera o escritor angola-no em Cabo Verde, há mais de 30 anos, por ocasião de um encontro de escritores. Mia, já nessa altu-ra observou a originalidade de Agualusa na fotografia. “O Zé não tirava fotografias, como todos nós fazemos. Ele não fazia esse registo turístico, essa colecção de memórias que os visitantes habitualmente fazem. Ele fazia bem mais do que isso. O que ele espreitava naquela lente só ele é que podia ver. O Zé não foto-grafava, fazia fotografia, que é outra coisa.” E acrescentou :“na imagem que o Zé fazia havia um mar que era mais feito de céu do que de água, havia uma terra que era mais feita de gente do que de chão. É muito curioso que este mesmo Zé regresse à fotografia a partir de outra ilha, que é a nossa

Ilha de Moçambique. É como se ele nunca tivesse saído desse lugar de ilhéu, espantado a ver o mar.”

O escritor moçambicano vê ainda outra coisa em ‘O Mais belo Fim do Mundo’: “Há qual-quer coisa nestas imagens que prolonga aquilo que ele faz, como se ele escrevesse agora com outra grafia, feita de luz e sombra. Não é por acaso que esta exposição tem o nome do título do seu últi-mo livro. Há aqui uma recreação nova da fronteira entre mar e céu, uma fronteira em que apenas os barcos, os peixes e os viajantes podem conhecer. Não são foto-grafias, são histórias, são decla-rações de amor à Yara, à Kianda, conversas secretas com os habi-tantes da Ilha. Estas fotografias precisam de ser lidas e não apen-sas vistas. Precisam de ser escuta-das porque há aqui uma voz que anuncia esse lado de escritor que o Zé, quando fotografa, não reve-la aquilo que num primeiro olhar podemos ver. Quase nunca reve-la o rosto de quem é fotografado. O escritor deixa essa função, de preenchimento do rosto, da fei-ção, a quem está a ler o livro.”

Refira-se que ‘O Mais Belo Fim do Mundo”, estará patente, com entrada livre, até ao dia 12 de Fevereiro de 2022, excepto entre 18 de Dezembro e 15 de Janeiro, período em que o Centro se encontra encerrado para férias.

zambeze | 17Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 18: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| nacional|

Segundo Ministro das Obras Publicas

CNCT desafiado a emitir parecer quecontribui para o conhecimento cientifico

Violação das regras de trânsito tem sido o expoente dos acidentes de viação

o ministro da Ciência, tecnologia e ensino superior, daniel Nivagara, reitera o apelo aos membros do Conselho Nacional de Ciência e tecnologia (CNCt), para emissão de pareceres com elevada responsabilidade e abnegação, para que o conhecimento científico, inovação, o desenvolvimento tecnológico e da transferência de tecnologias possam contri-buir para o crescimento e desenvolvimento socioeconómico do país.

O apelo foi l a n ç a d o Sexta-feira dia 3 de D e z e m b r o

do ano corrente, em Maputo, durante a I Sessão Ordinária do CNCT, órgão de consulta do Conselho de Ministros, que exerce a função de articular e promover políticas, estratégias e programas nas áreas de Ci-ência, Tecnologia e Inovação.

Durante a sessão, tónica dominante dos assuntos gra-vitou em torno da apreciação e aprovação do Regulamento de Funcionamento do CNCT; apreciação da proposta do Pro-jecto de Criação do Centro de Estudos Científicos de Baza-ruto (BCSS) e do Projecto de Criação do Centro de Inves-

tigação Científica Megafauna Marinha (CIMM); apreciação do ponto de situação da revi-são da Política de Ciência e Tecnologia (PCT) e, da ela-boração da nova Estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação de Moçambique (ECTIM); e apreciação da metodologia de produção dos inquéritos do Sector de Ciência e Tecnologia.

Segundo o Presidente do órgão, Daniel Nivagara, o CNCT vai utilizar os saberes diferenciados, as experiências acumuladas e evidências cien-tíficas geradas pelas diferen-tes instituições que compõem o órgão, para pronunciar-se sobre o desenvolvimento de políticas, estratégias, progra-mas e instrumentos norma-tivos ligados a Ciência, Tec-

nologia e inovação no país. “Temos plena consciência

que os desafios para a trans-formação da Ciência, Tecno-logia e Inovação gerada pelas nossas Instituições de Ensino Superior (IES) e Instituições de Investigação Científica (IIs) em benefícios práticos, tangíveis e estruturantes à nossa sociedade

são enormes, mas, tal realidade desejável pode ser alcançada se optarmos pela cooperação, pela complementaridade de siner-gias, pela coordenação intra e inter-institucionais, pelo rigor e pelo profissionalismo, valores que gostaríamos que este Con-selho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT) adoptasse

e os maximizasse”, sublinhou. Para Nivagara, órgãos da

natureza do CNCT são impor-tantes, visto que possibilitam que a acção governativa seja suportada por um processo inclusivo de consultas dos di-ferentes actores que intervém no sistema, promovendo-se, por conseguinte, maior efi-ciência nas decisões e eficá-cia nos resultados esperados.

Referir que este colectivo reúne após ter permanecido tempo considerável sem se reu-nir, deliberar e emitir pareceres atinentes ao desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inova-ção em nosso país, com os cons-trangimentos daí decorrentes. Por essa razão, visando definir as atribuições e ajustar as com-petências e o funcionamento do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT), de modo a adequá-lo à dinâmica actual do Sector de Ciência e Tecno-logia, o Conselho de Ministros aprovou o Decreto no. 65/2021, de 2 de Setembro, revogando, por conseguinte, o Decreto no. 32/2006, de 30 de Agosto.

O Ministro das Obras Publi-cas Habitação e Recursos Hí-dricos (MOR-

PH), João Machatine assume que o recrudescimento dos acidentes tem a ver com a violação das regras elementares de trânsito e não a degradação das vias de acesso como se pode depreender em alguns círculos de opinião.

Segundo João Machatine, os acidentes ocorrem frequen-temente em vias cujo estado da estrada encontra-se em bom estado, o que significa que os condutores têm estado a con-duzir em alta velocidade, des-respeitando as regras e os sinais de trânsito existentes nas vias.

É impensável circular em alta velocidade num troço em estado demasiado de degradação, afir-

mou João Machatine para quem, o governo tudo tem estado a fazer na componente de melhoria das vias de acesso, com vista a prover aos cidadãos boas condições de transitabilidade. Contudo, é preci-so que haja responsabilidade dos cidadãos quando se fazem as vias obedecendo as regras elementares

de trânsito, evitando circular sob efeito de álcool , fazer ultrapassa-gens perigosas entre outros facto-res que acabam contribuindo para o recrudescimento dos acidentes.

João Machatine indicou que a intervenção nas vias de acesso obedece pressupostos incontornáveis para se garantir

o binómio custo benefício sem sacrificar as condições de segu-rança, comodidade e conforto.

Na busca do binómio, João Machatine sublinhou que as estra-das são concebidas para padrões diferenciados nomeadamente: não revestidas e revestidas com uma ou duas faixas por sentido.

“A nossa rede classifica-da de estradas e de 30000Km e dela apenas 8000km e que estão revestidas ficando apenas por revestir mais de 22000Km” dis-se acrescentando que com base

Relativamente às portagens, o Ministro das Obras Públicas justificou que o desafio preva-lecente que atravessara várias legislaturas prende-se com a necessidade de aumentar os vá-rios quilómetros de estradas que nestes momentos estão num universo de 8000km conforme

patente no parágrafo anterior. Se atendermos a uma asfaltagem media de 1500km por ano seria necessário 15 ciclos de governa-ção para que os 30000km seja concluída a asfaltagens e assu-mindo que o que já esta asfaltado esta convenientemente mantido.

É imperioso que haja uma comparticipação dos utilizadores--pagadores para sua manutenção e criando alguma folga para a as-faltagens e alargamento das faixas de outras vias cujo binómio cus-to beneficio se julgar favorável.

Outrossim, segundo João Machatine o estudo de tráfico indica a necessidade de alarga-mento das faixas de rodagem Marracuene-Xai-Xai, Mato-la – Boane e Namaancha que já foi lançado um concurso com propósito de concessionar alar-gando as faixas de rodagem.

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202118 | zambeze

Page 19: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| economia|

Para beneficiar pequenos agricultores de Marracuene

Universidade Pedagógica e HEINEKENpartilham experiência e conhecimento

Comercial

*serviço de inteligência exclusivo para assinates, com publicações regulares sobre politica e economia africana*arquivo de inteligência sobre empresas, negócios e individualidades desde década 1980*relatórios a pedido (“tailoe-made”), de acordo com necessidades de pesquisa e analise de clientes individuas

(verificação de historial, “due dIIIIgence”, consultoria)

para mas informação, contacte: patrícia dias, +351 936 307 183 (tel/Whatsapp) ou [email protected]

a Cervejeira Heineken moçambique e Universidade pedagógica de maputo rubricaram um acordo de cooperação que visa estimular a produtividade dos pequenos agricultores do distrito de marracuene.

Desde 2019, a HEINEKEN M o ç a m -bique tem implantada

a sua unidade fabril em Bo-bole, no distrito de Marracue-ne, onde produz as cervejas Heineken e assumindo a ci-dadania empresarial, que tem como pilar a sustentabilidade, que se materializa pela contí-nua melhoria a qualidade de vida nas comunidades onde os seus projectos estão instalados.

Visando a melhoria da subsistência das comunida-des do distrito de Marracuene, a HEINEKEN Moçambique desenvolve um projecto para apoio aos pequenos agriculto-res, dotando-os de insumos e alfaias para estimular a produ-ção em larga escala, através da prática de técnicas científicas, cujo processo de aprendizagem será garantido pela Universi-dade Pedagógica de Maputo.

Neyde Pires, Directora de Assuntos Corporativos da

HEEINEKEN Moçambique, intervindo na cerimónia de assinatura de acordo de coo-peração, demonstrou a preo-

cupação da sua entidade para o desenvolvimento do conteúdo local e bem como comunitário.

“Nós acreditamos que,

apoiando os pequenos agricul-tores, com alfaias e conheci-mento, estaremos a estimular a produção em larga escala e o

bom aproveitamento da terra.” Disse Neyde Pires que realçou o papel da UP de Maputo como ”para nós, o apoio incondicio-

nal que a Universidade Peda-gógica de Maputo oferece, irá alavancar a iniciativa e acelerar o processo de emponderamento

da comunidade, que irá assistir ao incremento da sua produção, impulsionada pela transferên-cia de conhecimento que será assegurada pela universidade”.

Por seu turno, Jorge Ferrão, Reitor da Universidade Peda-gógica de Maputo, frisou que é papel da academia transformar a sociedade e que com o conhe-cimento científico e o correcto uso da tecnologia pode desen-volver o país. Ademais, Ferrão incluiu que a sua entidade vai assegurar esta transferência de tecnologia para comunidade.

“O memorando que assi-namos hoje, resulta de uma conversa entre a universidade e Heineken, com vista a pro-moção de estágios profissio-nalizantes, criação de bolsas de estudos em várias áreas de interesse e desenvolvimen-to do corpo docente. Com foco, no desenvolvimento do país, e das comunidades en-volvidas”, afirmou Ferrão.

O acordo firmado entre as duas entidades, tem a duração de cinco anos e almeja-se al-cançar o envolvimento de todas as partes através de pesquisa, estágios profissionalizantes, bolsas de estudos e seminários.

zambeze | 19Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 20: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

|nacional|

Comercial

x

silVino miranda

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202120 | zambeze

o projecto associação mão solidária foi fundado pelo jovem e visionário Júnior Bila e lançado oficialmente no dia 30 de outubro de 2020, no momento em que a pandemia as-solava o país, tendo como consequências tanta gente perdeu emprego, e criou com vista ajudar a famílias desfavorecidas, lar dos idosos, orfanatos, asilos, etc… e com a sua acção so-lidária, à associação mão solidária tem como meta principal abranger todas as comunidades carenciadas em moçambique

Comprome-tida com o desenvo l -v i m e n t o do País, a

AssociaçãoMãoSolidária fe-chou parcerias com algumas instituições de ensino, com vista a oferecer cursos práti-cos de curta e de forma gra-tuita para jovens desprovidos de condições financeiras para pagar pela própriaformação.

Neste momento, a gre-lha compreende os seguintes cursos, serralharia, inglês, produção musical, informá-ticabásica, carte e costura.

Essencialmente, o projecto visa ajudar aos jovens menos favorecidos, capacitando e de-senvolvendo habilidades que os coloque no nívelmédio de competência que o mercado de emprego exige. Acima de tudo, a AssociaçãoMão So-lidaria, pretende incentivar a criação de projectos de gera-ção de renda (auto-emprego).

Como fase experimen-tal, o projecto irábeneficiar aos jovens que encontram--se na província de Maputo, mas com a perspectiva de, num futuro breve, alcançar-Moçambique no seu todo.

Júnior Bila fundador des-

ta associação, que falava a nossa entrevista, diz que este projecto é fruto da sua história de vida e que os episódios por ele vividos contribuíram para que este tivesse motivação para idealizar. Não obstante, a meio de tanta dificuldade nessa altura o jovem, mesmo que ao fundo do túnel pode ver uma luz e hoje, poder dar a mesma esperança aos jovens menos favorecidos, com o pouco do seu esforço, constitui um grande conquista para si.

“A minha própria história de vida constitui a motivação para este projecto. Eu cresci numa família não de muitas posses e, por conta disso, eu passei muitas dificuldades. Eu recordo-me que quando conclui o ensino geral, eu e os meus irmãos, tivemos muitas barreiras para prosseguirmos com os estudos e formamo--nos profissionalmente. En-tretanto, neste processo de superação na vida, sempre tive uma voz na minha mente que chamava-me para ajudar aos mais necessitados, aqueles que estão a passar pelas mesmas dificuldades que eu passei ou ainda mais piores. A minha maior motivação para este projecto é a minha própria his-

tória de vida”, diz JúniorBila. As dificuldades que se

destacam, desde a concepção deste projecto, no processo de tirá-lo do papel para a reali-dade, têm a ver com pessoas. Com todo respeito, algumas pessoas são complicadas.

“Sempre que vou à uma reunião com um potencial par-ceiro, preparo-me para todas

situações, porque alguns que não se identificam com o pro-jecto, fazem pouco caso, pro-ferem palavras que para quem não está determinado no que faz, pode facilmente desistir”.

A Associação Mão soli-dária, que através dela, presta assistência a pessoas neces-sitadas, provendo alimentos, roupas, abriga, etc… A expe-

riência que Bila tem na parte administrativa e executiva que pôde colher ao longo dos tempos, através de reuniões com executivos em organi-zações não-governamentais (nesse trabalho você lida com todo o tipo de pessoa) foi cres-cendo em resiliência e hoje em dia, isso permite não se abalar fácil com o que as pes-soas dizem sobre os seus pro-jectos/trabalhos, acrescenta.

“Eu sempre acreditei que a educação é a mais pode-rosa arma que nós podemos usar para mudar o mundo, o meu maior objectivo com o lançamento deste projecto, é contribuir, para o desen-volvimento do nosso país, entregando aos jovens, as ferramentas necessárias para tornar este desenvolvimen-to possível, com enfoque aos jovens, digamos menos fa-vorecidos que não tem as ca-pacidades financeiras para si formarem e efectivamente se firmarem profissionalmen-te no mercado de emprego”.

“Através deste projec-to, pretendemos transmitir uma visão empreendedo-ra para os jovens, de modo que sejam Proactivos e aten-tos as oportunidades para gerar o auto emprego”.

Na última quarta-feira (1 de Dezembro) foi lançado oficialmente o projecto “Ju-ventude Cresce” na mídia, re-des sociais e outros meios de comunicação e de seguida co-meçaram com a formação das pessoas queserão beneficia-das pelos cursos supracitados.

Associação Mão Solidária lança projecto JUVENTUDE CRESCE

Page 21: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

|desporto|

Desportistas rendem última homenagem a Marcelino Macome

o pavilhão do maxaquene acolheu na manhã do último sábado, 4 de dezembro, o veló-rio de marcelino macome, antigo presidente do Comité olímpico de moçambique, que perdeu a vida noite desta terça-feira vítima de doença de que padecia há já alguns anos.

Dezenas se não centenas de pessoas acorreram ao pa-vilhão dos “tricolores” o clube de coração do finado para dizer adeus a uma fi-

gura que marcou o olimpismo moçambicano.No elogio fúnebre, Aníbal Manave, que suce-

deu a Marcelino Macome na Presidência do Co-

mité Olímpico destacou o papel Macome nos momentos mais altos do desporto moçambicano.

O Governo moçambicano esteve represen-tado neste velório pelo Secretário do Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, que para além de ter recordado o papel de Marcelino Ma-come na sua carreira desportiva bem no desen-volvimento da prática desportiva no país o que

A Taça COSA-FA 2021 na categoria de Sub-20, que deveria de-

correr de 10 a 18 de Dezembro decorrente, foi adiada para o próximo ano de 2022 segundo indica o Conselho Superior do Futebol da Região Austral de África, que anunciou o facto na sua página oficial na inter-net que refere que esta decisão visa permitir participação de maior número das associa-ções membros da COSAFA.

Este é um duro golpe para a equipa de Moçambi-que que há mais de dois me-ses prepara a sua presença na prova, onde os Mambinhas Sub-20 pretendiam defender o título de vencedor da Taça COSAFA conquistado o ano

passado na África do Sul.A prova deveria ter lugar

em Eswatine que continuará a ser o local que deve acolher o evento no próximo ano, sendo que a competição terá o con-dão de apurar o representante regional na Copa Africana de Nações Sub-20 da TotalEner-gies 2023 da CAF. As novas da-tas do torneio COSAFA serão determinadas oportunamente.

“É uma grande pena para uma competição que é dispu-tada anualmente desde 2016 e proporcionou uma plataforma tão excelente para os nossos jovens jogadores da região mostrarem o seu talento e serem vistos pelos olheiros”, disse a secretária-geral da COSAFA, Sue Destombes.

O torneio na categoria de Sub-20 era para ser o último

de sete eventos organizados pela COSAFA este ano, mas vários factores operacionais tornaram necessário um adia-mento, não menos importante o caos de viagens causado pela variante Omicron COVID-19.

Aliás, a pandemia da COVID-19 já teve um im-pacto negativo para o tor-neio de Sub-17 em mas-culinos e femininos que decorre nesta altura no Le-sotho, na qual Moçambique é um dos grandes ausentes.

“Mas estamos entusias-mados por estar em Eswatini em 2022 para a Qualificatória Zonal para as finais continen-tais, o que certamente dará um tempero adicional ao que tem sido uma competição excelen-te ao longo dos anos”, referiu Destombes. (laNCemZ)

Taça COSAFA SUB-20 adiada para 2022 e Eswatine continua o país acolhedor da prova

levou a ser exaltado, a 25 de Junho deste ano, o finado foi condecorado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, com a Medalha de Mérito Desportivo em reconhecimento aos seus feitos na liderança do COM.

Um dos fundadores do Comité Olímpico, tem como principal registo no seu curri-culum, a bolsa Olímpica para os Estados Unidos da Amé-

rica, atribuída à “menina de ouro”, Lurdes Mutola. Maco-me foi igualmente responsável pela idealização e concepção do novo edifício do Comité Olímpico de Moçambique, uma efectivação do que pro-metera em 2013, aquando da sua reeleição a mais um man-dato no COM tendo sido pre-sidente nesta instituição du-rante 15 anos. (laNCemZ)

zambeze | 21Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

Page 22: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| cultura|

O momento é de grito: Artista que retrata cultura nortenha e junta diversidades

Blessed como é tratado artisticamente, amante e praticante do género musical Hip-hop, nascido em maputo, actualmente reside em Quelimane. o Hip-Hop é para ele uma inspiração em sua vida, para além de fazer, respira e vive Hip-Hop no seu dia-a-dia. Considera a sua arte uma estrela guia e através dela passou a olhar o mundo e a sociedade de forma diferente.

“Tudo aquilo que eu retrato na música é o que eu vivo, as músicas que eu faço, são mú-sicas que me dão motivação, fora de eu motivar as outras pessoas, portanto, o rap assu-miu um papel muito impor-tante na minha vida porque abriu a minha visão e a minha mente em relação a forma de pensar sobre muita coisa que acontece no dia-a-dia”.

Blessed descobre a paixão pelo rap muito cedo, quando o hip-hop nacional estava no seu auge, nos anos 2008/2009, nessa altura escutava muito rap e imitava maior parte dos artis-tas que representavam o “com-boio”, e assim faziam freesty-les na zona com alguns amigos.

“Nessa altura sentávamos no murro e fazíamos rap a nos-sa maneira, mas era aquele bi-chinho que estava a começar a entrar, tal como muitos outros, o freestyle é que abriu os meus caminhos, aqueles freestyles de abuso que todos os jovens na zona fizeram e chegou uma fase em que pesquisa letras norte americanas e escutava muito o 50 Cent e Lil Wayne e rabuscava as suas letras”.

O artista acrescenta que escutou muito do rap mo-çambicano, G Pro Fam, Trio Fam, 360 Graus e foram esses artistas que impulsionaram o seu gosto pelo rap e quando eu por si, ja estava mergulha-do nesta maravilhosa praia.

“Eu fiz a minha primei-ra música ainda no Instituto Comercial e um amigo con-vidou-me para casa dele para fazer algumas instrumentais e dai saiu uma instrumental e a música e como nos encon-trávamos na escola, aquilo foi se espalhando com muita

rapidez e até hoje as pesso-as lembram daquela primei-ra música e fui fazendo rap e quando dei por mim descobre que era aquilo que eu queria fazer e estou aqui até hoje”.

O artista conta actual-mente com 3 Eps, uma mix-tape e conta com um álbum intitulado “Trinta: Dez”, lançado oficialmente a 3 de Julho de 2021 em Quelima-ne e posteriormente a promo-ção do álbum em Maputo.

Após lançar o álbum em Quelimane e Maputo, Bles-sed achou importante levar o seu primeiro bebé a cidade que descobriu a paixão pelo rap (Nampula) e mostrar aos demais artistas que é possível fazer trabalhos de qualidade em qualquer parte do país.

“As músicas que com-põem o álbum, retratam como já havia dito, o meu dia-a-dia, amor, histórias de superação e motivação, eu tento trazer no meu estilo de rap mensagens não pejorativas, um rap que puxa orelha e chama atenção”.

“Eu faço rap a contar com todo tipo de faixa etá-ria e o meu pai escuta o meu rap, então eu faço música para que todos escutem”.

A escolha do nome do

álbum Trinta: Dez, está rela-cionado ao seu percurso ar-tístico, desde o início a sua carreira até hoje. Dez reflec-tem ao seu percursoartístico e trinta a sua idade actual. Este álbum foi projectado desde 2019, a quando da pandemia com mais tempo para gravar.

“Por ver que a pandemia não tinha tempo para terminar, na primeira fase do estado de emergência, foi o momento que decidi dar tudo de mim na composição das músicas e quando dei por mim, já es-tava a fazer músicas que po-diam compor um álbum”.

Este álbum conta com a colaboração e participação de artistas do Centro, Norte e sul, ressaltando ainda a par-ticipação de artistas de reno-me da músicamoçambicana e com uma presença especial do comediante Cabeçudo.

“Tentei neste álbum tra-zer todos artistas que fize-

rem parte dos meus 10 anos de carreira, todos aqueles que acompanharam o meu percurso, chamei eles para fazerem a festa comigo”.

O álbum é feito em CDs e Flash, o artista refere que Flash é uma nova forma de venda de músicas, apesar que muitos ar-tistas ainda nãoabraçaram esta causa. Acresce que o CD e o Flash tiveram bom retorno e fizeram a venda de todos, por tanto, o álbum encontra-se ac-tualmentedisponível apenas em plataformas digitais, Itunes, Spotfy, Deezer, Soundcloud.

“Adoptamos a venda do álbum em Flash, porque tive-mos dificuldades em vender o CD, porque muitos jánão tem dispositivos para escutar o CD, compravam mais para nos ajudar, alguns até com-pravam o CD e o Flash, foi uma experiência muito boa e fomos a todo canto do país”.

“A primeira vez que subi

ao palco foi um marco his-tórico na minha carreira e na minha vida e senti muito frio na barriga, foi algo mui-to eufórico para mim, subi ao palco sem saber o que fazer, mas como adrenalina tomou conta, dei por mimjá estava a fazer o show”, diz Blessed.

Acresce que, para além do álbum existe artigos a vendam do Trinta: Dez, que são as ca-misetas, interiores e os bones.

O artista participou do festival “Zalala” em 2018, que realiza-se no distri-to com o mesmo nome, foi a primeira e última fez que subiu o palco do festi-val de Zalala e conta ter sido uma experiência muito boa.

São várias as dificuldades que enfrenta como rapper, sobre tudo por estar na pro-víncia, a fraca divulgação do seu trabalho tem sido uma das principais dificuldades do artista, porque podem fazer trabalhos de qualidade, mas se o meio de divulgaçãonão existe, fica difícil as pessoas conhecerem os seus trabalhos.

Bom, uma das formas usadas para ultrapassar essas barreiras é trabalhar a ima-gem. O artista conta que tra-balha com uma vasta equipa que cuida da sua imagem. São feitos planos e estraté-gias para poder permanecer no mercado, criam modelos de promoção da sua imagem.

“Terminando, gostaria de agradecer a Deus pelo dom da vida, pelas bênçãos infini-tas que tem proporcionando ao longo desta caminhada e força que me da que criar coi-sas novas. De seguida agra-deço ao Jornal Zambeze pela oportunidade que me conce-deram de em poucos minutos partilhar a minha trajectória artística. Agradeço também a minha família que dia e noite me suportam e incansa-velmente me poem em cima quando me sinto em baixo”.

“Agradeço a Golden Mul-timídia que cuidam da minha imagem, que dá-me suporte e ideias novas e juntos partilha-mos novos conteúdos do bem--estar do Blessed e da música”.

silVino miranda

“Adoptamos a venda do álbum em Flash, porque tivemos difi-culdades em vender o CD, porque muitos jánão tem dispositi-vos para escutar o CD, compravam mais para nos ajudar, alguns até compravam o CD e o Flash, foi uma expe-riência muito boa e fomos a todo canto do país”.

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 202122 | zambeze

Page 23: Filipe Sitoe quer processo contra o declarante Imran Issa

| cultura|

Zaiby Manasse lançou o livro “O Entroncamento” chancelada pela Editora Kulera

o escritor moçambicanoZaiby manasse lançou no pas-sado dia 2 de Dezembro, pelas 16h, num dos Anfiteatros da Uplhanguene, em maputo, o livro “o entroncamen-to”. a obra, que sai sob a chancela da Kulera, é segundo romance do jovem escritor, depois de “a Caneta do Bal-cão 1”, publicado no ano passado pela mesma editora.

Ac e r i m ó n i a contou com a p r e s e n ç a d e i n ú m e -ros figuras,

com aparticipação especial do Dr. JorgeFerrão, Emílio Cossa, representante da Edi-tora Kulera. Aapresentação do livro ficou a cargo de Ál-varoTaruma e para falar do autorJessemusseCacinda .

ZaibyMassane assume nun-ca ter sonhado em ser um escri-tor e dizem alguns na literatura, os escritores nascem feitos, por tanto, no seu caso, foi o con-trário, escrevia mesmo antes de ter a paixão pela leitura, es-crevia aquilo que vivenciava.

“Nem sequer sou escritor, sou apenas um homem livre que escreve sobre as suas loucuras e loucos são os que dão asas as minhas loucuras, muita das vezes quando faço algo na arte, nunca sei para onde ir, sei ape-nas que quero chegar, sempre acreditei que o caminho pode não ser o mais importante, mas chegar é sempre o objectivo”.

“Muitos fazem o cami-nho com glória, mas não che-gam a meta, será que valeu a pena o caminho. Eu ando para frente porque sei que só assim chego a algum lugar, resguardo-me para as pedras e só depois de limpar as calças é que sigo o meu caminho”.

“Aprendi a ignorar o nega-tivismo dos escritores e me fo-car em ser eu, acreditem, nãohá melhor coisa que sermos nós, eu sou eu em cada linha que es-crevo e fico feliz em saber que nesse meu eu, tem gente que se encontra”, ZaibyMassane.

A escrita de Zaiby Manasse foi-se aperfeiçoando e moldan-do à medida que avançava nos seus estudos superiores como estudante do curso de Licencia-tura em Medicina Geral, na ci-dade de Nampula, onde ingres-sou na Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Lúrio.

Com dois livros de poesia já lançados, “O mel do meu passado presente” e “Deva-neios ensanguentados pela glo-balização”, e um Romance “A

caneta do balcão 1”este último sob chancela da Editora Kulera.

JessemusseCacinda poeta, declamador e amigo próximo, considera Zaiby um jovem ar-

tista que gosta de mexer vários campos da arte, é escritor e artis-ta plástico, exercendo ao mesmo tempo a sua profissão de médico.

“A sua paixão pela poesia te-ria começado aqui em Maputo, mas foi moldando-se enquan-to escritor no mesmo período em que estudava medicina e,eu

acho que o Zaibynão pode dei-xar de trabalhar no hospital e ser escritor, deve fazer as duas coi-sas até ao fim”, diz Jessemusse.

ÁlvaroTaruma que falava a apresentação da obra diz que para o leitor até desta obra, irá perceber que a cada movimento dos personagens que se cruzam na história, nada é por acaso e mesmo que se ocultem em for-ma de personagem fictícias e situações imaginadas, o autor delicia-se a si mesmo ao tra-zer invenções da sua alma na-quele espaço que é onde mui-to dos encontros acontecem.

“Nãohá nada que me orgu-lha, ao partilhar a história desta obra, que transmite a mensa-gem que devemos atravessar esses entroncamentos em busca da salvação”, sublinha Taruma.

Acrescenta ainda que, nãohá livros menores e livros maiores, a ideia da obra ad-verte que nãohá nenhum es-critor que nunca tenha escrito o maior verso da literatura em poucas palavras, atenta para o facto que a beleza é mais frequente do que se imagina.

O representante da Editora Kulera, Emílio Cossa, discer-niu sobre aparticipação da Edi-tora e como foi trabalhar com Zaiby em mais uma obra. Emí-lioCossa disse que o trabalho com Zaiby iniciou muito cedo, quando ambos faziam parte de um grupo e Zaiby gostava de partilhar os seus escritos e par-tir daidespertou sua atenção.

“Quando Zaiby disse que tinha um livro por publicar, neste caso a “Caneta do Bal-cão 1”, aproximei e falei so-bre a possibilidade de publicar o livro pela nossa editora em 2020, que infelizmente não teve uma cerimónia de lan-çamento, por causa do tem-po que nos encontrávamos”.

“Depois dolançamento des-te livro a Caneta do Balcão 1

até o momento tivemos o pri-vilégio de publicar 25 obras de outros autores e mais uma vez estamos a celebrar a pu-blicação de mais um livro e que isso para nós é muita sor-te”, acrescenta Emílio Cossa.

Emílio Cossa diz que, por serem tão pequenos e mesmo assim merecerem a confian-ça de tanta gente, deveu-se as obras que Zaiby Manasse pu-

blicou com a nossa editora. “A Editora Kulera está

aberta para todos aqueles que pretendem publicar a sua obra, sejam autores consa-grados, emergentes, que são neste momento o nosso prin-cipal foco e podem aproximar a mim, como aos nossos es-critores”, acrescentou Cossa.

Por seu turno, Jorge Ferrão, Vice-Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo e mem-bro do Conselho de Adminis-tração da BIOFUND afirma que falar de Zaibyé um pouco difícil, não uma dificuldade lexical ou gramatical, mas di-ficuldade por ter uma relação muito próxima, tãopróxima que o Zaiby foi um dos primeiros estudantes, num lugar em que foi o pela primeira vez reitor.

“Uma relação que nos apro-ximou, porque o Zaiby foi irre-verente como estudante apesar de ser um jovem com alguma turbulência e nessa turbulência-tambémperturbava-nos e sãoas dificuldades que tenho para fa-lar deste passado”, comentou.

“Mas vale recordar aquele Zaibyque nos mostrou ser um grande estudante e um grande escritor, porque a perturbação que este tinha era por ser um jovem que olhava para tudo da sua forma, tanto que tinha sempre critica para aquilo que muitos achavam normal, sem-pre tinha alguma coisa que não achava certo”, sublinha.

silVino miranda

“Quando Zaiby disse que tinha um livro por publicar, neste caso a “Caneta do Balcão 1”, aproximei e falei sobre a possibilidade de pu-blicar o livro pela nossa editora em 2020, que infelizmente não teve uma cerimónia de lan-çamento, por causa do tempo que nos encon-trávamos”.

“Uma relação que nos aproximou, porque o Zaiby foi irreveren-te como estudante apesar de ser um jovem com alguma turbulência e nessa turbulênciatambém-perturbava-nos e sãoas dificuldades que tenho para falar deste passado”,

zambeze | 23Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2021

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Caso da exploração sexual das reclusas de Ndlavela

A culpa não deve morrer solteira

o caso da exploração sexual de reclusas, encarcera-das no estabelecimento penitenciário Feminino de Ndla-vela, na província de maputo, ainda não teve desfecho que se considere definitivo, tendo em conta que, depois do rela-tório da Comissão de inquérito, acções de investigação e se-guimento mereceram uma abordagem de seguimento. ou seja, ainda se está a fazer o seguimento do assunto, particu-larmente pelo facto de o resultado da Comissão de inquéri-to ter chegado à conclusão de que há sim exploração sexual e outros tratamentos degradantes e contra os direitos Hu-manos das reclusas naquele estabelecimento reclusório.

A activista so-cial do Ob-servatório da Mulher, Qui-téria Guirin-

gane, voltou a colocar tónica discursiva na necessidade pre-mente de se assegurar que o caso seja seguido até às últimas consequências. Guiringane defende que a culpa não deve morrer solteira, deve haver responsabilização total, tanto do ponto de vista administra-tivo, assim como criminal.

É que, entende ela, no caso foram sim detectados, tanto pelo Centro de Integri-dade Pública, assim como pela Comissão de Inquérito, atitudes e comportamentos que correspondem e abrem espaço para que os perpe-tradores sejam responsabili-zadosdo ponto de vista ins-titucional e como criminal.

“Nos próximos dias ire-mos anunciar as acções que estão a ser tomadas para o seguimento do Caso Ndla-vela”, disse a activista.

A responsável do Observa-tório da Mulher fez estas colo-cações no âmbito da acção de capacitação de formadores do Serviço Nacional Penitenciá-rio (SERNAP), da Polícia da República de Moçambique e de Organizações da Sociedade

Civil em matérias que se con-sidera “Regras de Bangkok”.

O evento foi organizado pelo Observatório da Mulher, em parceria com a recém--constituída rede de Mulheres do SERNAP, a ActionAid, a Relatora a Especial para Pri-sões, Condições de Detenção e Policiamento em África, o Alto Comissariado das Na-ções Unidas para os Direitos Humanos e a Comissão Na-cional dos Direitos Humanos.

Inserida, igualmente, no âmbito dos 16 dias de acti-vismo pelo fim da violência contra a mulher tem sido ví-tima, a acção de formação abrangeu 40 agentes selec-cionados a nível nacional. A ideia era formar mais, mas as restrições impostas pela Co-vid-19 não abriram espaço.

No essencial, ao longo da formação, ficou clara a ideia de que muitos países continu-am a enfrentar grandes desa-fios no âmbito da criação de condições que se considerem boas nos estabelecimentos

prisionais, particularmente quando o assunto é a abor-dagem que se deve fazer em relação à mulher reclusa.

Nesta realidade, Moçambi-que não é excepção, pelo que várias recomendações foram deixadas, particularmente em relação ao comportamento que deve ser garantido pelas auto-ridades governamentais e esta-tais. No fundo, o que se disse é que, apesar de se saber que a Constituição da República preserva completamente a dig-nidade humana, o facto é que as cadeias não estão, infeliz-mente, isentas de práticas per-niciosas aos direitos humanos.

Ainda na abordagem das violações dos direitos das mulheres nas cadeias, Qui-

téria Guiringane questionou, por exemplo, a realidade da mulher gestante. Para ela, está-se diante de uma ques-tão problemática, pelo facto de os crimes de que a mulher é acusada não deverem ser transferidos para a criança.

Nesta ordem de ideias, a fonte diz que a criança não deve ser privada da liberda-de e de outros direitos por ter nascido por mãe reclusa. Por outro lado, retirar a criança da mãe estar-se-ia a privar, à criança, os seus direitos de acesso à amamentação, pelo que outras abordagens são aconselhadas para garantir que os direitos, tanto da mãe reclusa, assim como da crian-ça não sejam prejudicados.

-Reitera Quitéria Guiringane, do Observatório da Mulher, para quem a necessidade de responsabilização administrativa e criminal é fundamental

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