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FILOSOFIA

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FILOSOFIA Professor(a): Douglas Azevedo

Tópico 1: Pré-Socráticos Os pensadores pré-socráticos rompem com o mito que anteriormente era a fonte das explicações para toda a existência.

Os pré-socráticos levam esse nome pois buscavam na natureza e no cosmo a explicação para a realidade, ao passo que Sócrates, anos após, traz aspectos humanos para o centro do debate filosófico, como política, democracia, ética, justiça, etc.

Temos, assim, pensadores apontado a água como origem de todas as coisas – caso de Tales, de Mileto.

Devemos destacar, contudo, dois nomes:

Heráclito: princípio material é o fogo. Heráclito trabalha a ideia do devir, do vir-a-ser, da constante mudança e transformação. Não se entra duas vezes no mesmo rio, pois as águas são outras e você não será o mesmo. A realidade está nesse contraste entre opostos: o quente vira frio e virará quente novamente – não há permanência.

Parmênides: só o ser é, o não ser não é; nada muda (a mudança é apenas uma enganação provocada por nossos sentidos, pois a essência das coisas sempre permanece). O ser é imutável e eterno

Como se aplica: (UFPR 2019) Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o

Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que quererá ele então significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente não está mentindo, porque isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor. (PLAT O. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.) O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada: a) pela transição de um tipo de conhecimento racional para um conhecimento centrado na fabulação. b) pela dedicação dos filósofos em resolver as incertezas por meio da razão. c) pela aceitação passiva do que era afirmado pela divindade. d) por um acento cada vez maior do valor conferido ao discurso de cunho religioso. e) pelo ateísmo radical dos pensadores gregos, sendo Sócrates, inclusive, condenado por isso

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Tópico 2: Os Socráticos A filosofia de Sócrates se encontra em forte oposição com os ensinamentos dos Sofistas, os

quais defendiam não haver conhecimento objetivo e não ser possível chegar até a verdade ou a essência das coisas – uma verdadeira relativização do conhecimento, sob o argumento de que a boa retórica poderia sustentar e convencer qualquer pessoa sobre qualquer ponto. Dessa concepção surge a máxima “o homem é a medida de todas as coisas”, a qual representa o fato de algo ser bom se esse algo for bom para você, e desse mesmo algo ser ruim, caso seja ruim para você – o que reforça o relativismo.

Nesse sentido, Sócrates se posiciona contra tal afirmativa, defendendo a possibilidade de se conhecer a essência das coisas. Para tanto, cria o chamado “método Socrático”, no qual o filósofo conversa com as pessoas e, por meio da contradição das ideias e constatação dos preconceitos imbuídos pela vida social (ironia), a pessoa passa a pensar por si mesma e não mais abraçar os conceitos equivocados aos quais antes aderia (maiêutica).

O sábio, assim, é aquele que conhece a si mesmo e, por isso, reconhece que nada sabe – uma postura de humildade diante do conhecimento, mas também de constante busca.

A filosofia de Sócrates é também marcada por uma forte oposição aos Sofistas – pensadores que relativizavam o conhecimento, mais preocupados com a retórica do convencimento do que com a busca pela verdade.

Platão foi o principal discípulo de Sócrates e deu segmento à suas ideias, “colocando-as em prática”. Em sua obra A República, trabalha a ideia de justiça e política na “Pólis” (cidade) grega. O faz traçando uma comparação entre a alma – cujas partes racional, apetitiva e impetuosa precisam estar “funcionando” de maneira harmoniosa – e uma cidade ideal – na qual cada indivíduo exerce suas atividades conforme sua aptidão. Para tanto, ele propõe o método de educação chamado Paideia (7-30 anos) no qual verifica-se as aptidões das pessoas. Após esse árduo período de educação dos membros da “Pólis”, Platão destaca que existiriam três grupos de pessoas:

1) produtores; 2) guerreiros; 3) filósofos.

Sobre o mundo das ideias, Platão narra o famoso mito da caverna, no qual indivíduos encontram-se acorrentados pelos pés e pela cabeça no fundo de uma caverna, impossibilitados de olharem para trás. Às costas dessas pessoas há um muro, e por trás desse muro uma alta fogueira pela qual são passados objetos que lançam suas sombras contra a parede do fundo da caverna. As pessoas aprisionadas só conhecem, portanto, o que lhes é mostrado, e mesmo assim, a sombra ou uma mera projeção de como o objeto real é. Contudo, por só conhecerem aquilo, entendem que se trata da realidade.

Um dia uma dessas pessoas consegue fugir e vê o mundo pela primeira vez, compreendendo que aquilo era a realidade, e não as sombras. Ao retornar para caverna e comunicar isso aos demais, todos se

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revoltam e tentam matá-lo por não aceitarem essa verdade. O mito faz clara alusão à Sócrates, mestre de Platão, o qual foi condenado a beber veneno por “subverter a juventude” e “falar contra os deuses”. O conceito por trás do mito é de que há um mundo sensorial (o nosso) e um mundo das ideias, e que nós só vemos a sombra de como as coisas realmente são nesse mundo das ideias. Nele está a essência das coisas, aqui, no mundo sensorial, apenas sombras/ilusões/distorções

Diferente de Platão, Aristóteles vai defender que se conhece alguma coisa por meio do método empírico – da observação ou relação do objeto com nossos sentidos, ao passo que Platão defendia a existência de ideias inatas – as quais poderíamos conhecer mesmo sem interação.

Para Aristóteles, todas as ações humanas possuem uma finalidade (logo, teleológica), isto é, a eudaimonia, traduzida como a felicidade ou o sumo bem. Para se chegar até essa felicidade, é preciso seguir o caminho racional das virtudes, entendidas como o meio termo ou a mediana entre dois vícios (de excesso e de insuficiência, exemplo: coragem é o equilíbrio; covardia é insuficiente e temeridade é excesso). Fala o autor ainda do hábito virtuoso e exercício da razão, ou seja, as virtudes são aprendidas por meio do hábito, da repetição.

Como se aplica: (UFU 2015) Somente uns poucos indivíduos, se aproximando das imagens através dos órgãos

dos sentidos, com dificuldade nelas entreveem a natureza daquilo que imitam.

PLATÃO. Fedro. Diálogos socráticos. v. 3. Tradução de Edson Bini. Bauru/SP: Edipro, 2008, p. 64 [250b].

Assinale a alternativa que explicita a teoria de Platão apresentada no trecho acima. a) A teoria materialista que fixa a imagem como o reflexo de corpos físicos que constituem a única realidade existente. b) A teoria das ideias que estabelece a distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível, sendo que as imagens captadas pelos sentidos humanos despertam a alma para as ideias que habitam o mundo inteligível. c) A teoria existencialista que delimita o espaço vital do homem e lhe impede de transcender para além do mundo sensível. d) A teoria niilista que admite dois mundos, mas que nega qualquer possibilidade de conhecimento das coisas e das ideias.

Tópico 3: Helenismo As conquistas de Alexandre, o Grande, provocaram a “helenização” do mundo, isto é, se levou

a cultura dos helenos (gregos) para diversos cantos do mundo, (e trouxe também elementos destas culturas de volta). Ocorre, portanto, espécie de universalização do pensamento, em que a “Pólis” grega

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deixa de ser o centro da filosofia e outras questões passam a ser incorporadas, derivadas dessa visão “cosmopolita”. Surgem, assim, as principais escolas do período:

1) Epicurismo – vida voltada para a satisfação moderada dos prazeres – comida, amizade, etc.

2) Estoicismo - Desprezar os prazeres e dores da vida; tendo aceitação dos fatos e coisas. Essa escola defende que a vida deve ser voltada a compreensão do cosmo e a busca da sabedoria

3) Ceticismo – questionavam a possibilidade da construção de verdades absolutas. Assim, por o conhecimento ser relativo e depender das pessoas, do contexto histórico e afins, adotavam uma postura de neutralidade e indiferença.

4) Cinismo –a forma de viver destes pensadores era sua própria filosofia; um completo abandono das convenções sócias.

Como se aplica: (UFRN) Felipe II, rei da Macedônia, conquistou a Grécia. Seu filho, Alexandre, o Grande,

consolidou as conquistas do pai e expandiu o império em direção à Ásia, chegando até a Índia. Na perspectiva histórica, a obra de Alexandre e de seus sucessores imediatos foi importante porque: a) substituiu a visão mística do mundo, presente nos povos orientais, pelo reconhecimento intelectual proveniente da razão e do raciocínio lógico. b) favoreceu a difusão do modelo político das cidades-Estados da Grécia pelas regiões conquistadas no Oriente, estimulando um governo fundamentado na liberdade e na democracia. c) suplantou o poder despótico predominante nos grandes impérios orientais, os quais atribuíam aos governantes uma origem divina. d) possibilitou o intercâmbio de culturas, difundindo as tradições gregas nas terras do Oriente, enquanto as mesopotâmicas, egípcias, hebraicas e persas expandiram-se para o Ocidente.

Tópico 4: Idade Média

A Idade Média é o período marcado pela forte presença de Deus e da Igreja em todas as esferas da vida pública (ética, moral, explicações metafísicas, etc). Num primeiro momento, a filosofia seguia os ditames da chamada Patrística (os pais da igreja, preocupados com a afirmação dos dogmas religiosos), sobretudo os ensinamentos de St. Agostinho. Contudo, apenas muitos séculos depois, através da Escolástica (momento no qual os dogmas religiosos já estão firmados e buscava-se afirmá-los com bases racionais), o pensamento filosófico medieval abre espaço para uma base filosófica mais racional, inspirada em Aristóteles, tendo como principal referência São Tomás de Aquino.

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Teoria da Iluminação Santo Agostinho também afirma que a verdade está no interior da alma, não nas palavras (que são transitórias, mudam conforme convenções). É o próprio Deus que ilumina a alma humana e permite que esta obtenha a compreensão da verdade. Tal teoria é proveniente da doutrina da reminiscência de Platão, segundo a qual as ideias já residiriam em nossa alma e caberia ao filósofo despertá-las.

Os autores medievais aproximam a filosofia grega clássica do cristianismo – Platão é cristianizado por Agostinho e Aristóteles por São Tomas. Agostinho parte de uma noção de ideias inatas relacionadas à Deus nos proporcionando iluminação para compreendermos o mundo (compreensão é uma palavra chave para trabalharmos tal autor); já Aquino, com aporte em Aristóteles, promove equilíbrio entre razão e fé.

Como se aplica: (ENEM 2016) Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de

uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles — até então vista sob suspeita pela Igreja —, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período.

MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos. b) declarara inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa. c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas. d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo. e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política.

Tópico 5: Renascimento

O pensamento filosófico religioso era algo inquestionável e absoluto, mas “enfraquece” no século XVI. Nesse novo momento, uma série de fatores contribui para uma revolução no pensamento europeu. A descoberta das américas amplia o horizonte e introduz novos elementos à cultura europeia; a reforma protestante de Lutero, a qual critica a corrupção do catolicismo (venda de indulgências, por exemplo) divide a igreja em católica e protestante; o surgimento de pensadores humanistas como Erasmo de Roterdão ou de expoentes do constante progresso da curiosidade científica, como o caso de Giordano Bruno e Copérnico; finalmente, Galileu Galilei e suas teses baseadas na observação dos astros com sua

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luneta, tudo isso influencia esse novo momento do pensamento ocidental. A igreja permanece exercendo amplo poder, certamente, mas não consegue mais controlar o surgimento de livros, teses e retóricas que questionavam seus dogmas. Em suma, tais autores não negavam Cristo/Deus, mas tão somente tentavam separar religião e ciência – esta última sendo, para eles, responsável por compreender melhor o mundo, ao passo que a primeira deveria concentrar-se na salvação da alma.

Como se aplica: (ENEM 2014) A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre

perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média. b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático. c) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica. d) importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja. e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.

Tópico 6: Racionalismo X Empirismo Descartes, importante racionalista, trabalha com a ideia de que o conhecimento pode ser

alcançado pelo próprio princípio de racionalidade que o ser humano possui dentro de si. Nesse sentido, e lançando-se de seu ceticismo, passa a buscar o princípio fundamental que serviria como alicerce para todo o restante. Em outras palavras, o pensamento primeiro, aquele livre de qualquer possibilidade de erro, e, sendo utilizado como ponto de partida, possibilitaria a construção do conhecimento verdadeiro. Para tanto, Descartes passa a duvidar de absolutamente tudo. “Penso, logo existo” A célebre frase do autor deriva justamente desta busca pela raiz de todo conhecimento. O cogito, ergo sum representa todo o seu ceticismo quanto ao conhecimento da época e aos meios através dos quais tal conhecimento era adquirido. Assim, para encontrar um ponto de partida, Descartes duvida de tudo com base em alguns argumentos divididos em estágios 1) A tradição: aquilo que aprendemos por meio da tradição e dos costumes pode ter alguma relevância para nossas vidas, mas não é necessariamente algo verdadeiro e inquestionável; o mero pertencimento a uma tradição, portanto, não torna algo como conhecimento válido. O costume de se utilizar tal erva para

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tratamento de tal doença, por exemplo, muda constantemente com o passar dos tempos. 2) Os sentidos: a aquisição de conhecimento por meio dos sentidos é, também, conforme Descartes, repleta de erros e equívocos. Nossas sensações podem nos enganar: nossos olhos podem ver objetos distorcidos e assim por diante. 3) Argumento dos sonhos: e se tudo o que vivemos não passasse de um sonho? Você consegue provar com total certeza que não vivemos em uma simulação – uma espécie de The Sims ou Matrix? Para Descartes, não possuímos condições racionais para respondermos essa questão. 4) Argumento do gênio maligno: e se houvesse um gênio maligno (ou qualquer figura muito poderosa) distorcendo a realidade de todas as coisas ao nosso redor? E se até nossa concepção acerca dos princípios matemáticos mais elementares fosse alterada por esse gênio? Se 2+2 fosse de fato 5 mas, manipulados por tal criatura, só conseguimos chegar ao resultado 4?

EMPIRISMO O empirismo, com suas raízes em Aristóteles, é uma teoria do conhecimento pautada na experiência sensorial – conhecemos o mundo por meio de nossos sentidos (tato, visão, audição, etc). É por meio da experiência e da evidência que o conhecimento é obtido. Há um afastamento, portanto, das noções de ideia inata. Aqui trabalharemos com três nomes desta corrente filosófica: John Locke, Francis Bacon e David Hume.

Como se aplica: (ENEM 2015) Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e

ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito. DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979. A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com padrões da reflexão medieval, por a) estabelecer o ceticismo como opção legítima. b) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica. c) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo. d) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento. e) questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.

Tópico 7: Contratualismo Os autores contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) buscam explicar o surgimento da entidade

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estatal ou, mais precisamente, o motivo dos homens abrirem mão de parte de sua liberdade, conferindo poderes a um grupo seleto de indivíduos. Eles analisam o surgimento dos Estados e as relações de poder. Para tanto, todos partem de um mesmo ponto: um Estado de Natureza no qual o homem se encontrava antes do surgimento do Estado.

O ponto de partida para Hobbes é o Estado de Natureza, um momento anterior ao surgimento do Estado e da sociedade. Nesse momento, o autor entende que os homens são maus por natureza e viviam num estado de guerra de todos contra todos no qual imperava a insegurança e o medo, razão pela qual afirmou ser o homem o lobo do próprio homem. Para romper esse estado de insegurança, os homens se juntam e, por um ato de vontade, celebram o contrato social (o qual, como contrato celebrado, deve ser cumprido), pelo qual transferem seus direitos e liberdades a outro homem, o qual passará a governar todos, criando mecanismos para proteger o direito à vida. O Estado, portanto, deveria ser forte e com o poder centralizado. Assim, o autor defende a ideia de um estado absolutista, que seria o mais apto a impedir o retorno ao Estado de Natureza.

O Estado de natureza também é o ponto de partida, mas diferente do modelo hobbesiano, para Locke o homem tende a ser bom e viver bem. Existem alguns direitos no Estado de natureza como a vida, a propriedade privada e a punir transgressões. Locke adota uma visão jusnaturalista, na qual já existiam direitos na natureza derivados da razão humana mesmo antes do surgimento do Estado.

O trabalho era o critério para a propriedade de terras. Eventualmente poderia haver disputas, configurando um Estado de Guerra temporário. Seria, portanto, interessante haver uma instituição para julgar as disputas, prevenir abusos, punir os que descumprem as leis naturais, etc. Assim, surge o Contrato Social e, com o consentimento das partes, há acessão de direitos ao Estado com o intuito de se poder criar: as próprias leis; um sistema coercitivo e instituir juízes imparciais. A ideia, portanto, é a de melhorar algo que já era bom. Modelo de governo: democracia representativa e o papel do Estado seria o de garantir as liberdades individuais Por fim, vale destacar o direito de defesa proposto por Locke. Para o autor, se o governo representante não garante a população os direitos de liberdade e a propriedade privada, o povo pode contra ele se insurgir

No Estado Natural de Rousseau o homem é bom; ele era solitário (grupo familiar, no máximo) e os indivíduos respeitavam a liberdade uns dos outros. O eventual crescimento populacional acaba por instituir o chamado Estado de Sociedade, no qual alguns homens tomam para si propriedade, dando início a uma sociedade desigual e corrompida. As leis protegem os ricos etc. Há, portanto, a corrupção do homem pela sociedade. Não há liberdade, pois só alguns fazem as leis. O contrato social seria celebrado para se sair desse Estado de Sociedade para um novo modelo. Para isso seria necessário romper a alienação inicial dos oprimidos e instaurar um modelo de democracia participativa pautada na ideia de vontade geral – entendida como o substrato das vontades coletivas; o interesse comum “norteando” a sociedade; o que cada homem quer em comum com seus semelhantes

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Como se aplica: (ENEM 2016) TEXTO I

Até aqui expus a natureza do homem (cujo orgulho e outras paixões o obrigaram a submeter-se ao governo), juntamente com o grande poder do seu governante, o qual comparei com o Leviatã, tirando essa comparação dos dois últimos versículos do capítulo 41 de Jó, onde Deus, após ter estabelecido o grande poder do Leviatã, lhe chamou Rei dos Soberbos. Não há nada na Terra, disse ele, que se lhe possa comparar.

HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003

TEXTO II Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a solução adequada para as inconveniências do estado de natureza, que devem certamente ser grandes quando os homens podem ser juízes em causa própria, pois é fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto de lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo pela mesma ofensa.

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Petrópolis: Vozes, 1994

Thomas Hobbes e John Locke, importantes teóricos contratualistas, discutiram aspectos ligados à natureza humana e ao Estado. Thomas Hobbes, diferentemente de John Locke, entende o estado de natureza como um(a) A) condição de guerra de todos contra todos, miséria universal, insegurança e medo da morte violenta. B) organização pré-social e pré-política em que o homem nasce com os direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade. C) capricho típico da menoridade, que deve ser eliminado pela exigência moral, para que o homem possa constituir o Estado civil. D) situação em que os homens nascem como detentores de livre-arbítrio, mas são feridos em sua livre decisão pelo pecado original. E) estado de felicidade, saúde e liberdade que é destruído pela civilização, que perturba as relações sociais e violenta a humanidade

Tópico 8: Iluminismo Trata-se de movimento político, social, cultural e econômico surgido na França do século XVIII no intuito de “iluminar”, de trazer luz para afastar as trevas nas quais a sociedade se encontrava. Isto porque a monarquia absolutista da época impedia o pleno desenvolvimento da sociedade, diferente da realidade vivida na Inglaterra onde, após a implementação da monarquia parlamentar, havia liberdade religiosa, progresso científico e participação popular nas decisões. A burguesia francesa também nutria interesse no fim do regime monárquico, que prejudicava seus lucros com impostos e intervindo diretamente nas questões mercadológicas. O iluminismo desponta, portanto, como espécie de apelo à razão e ao cientificismo; um grito de liberdade perante os abusos da monarquia, e de consolidação dos direitos e

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garantias individuais. Nesse contexto, se fortalece a ideia de lei e igualdade, de governos com participação popular e da separação de poderes e do liberalismo econômico.

Alguns expoentes:1) Montesquieu (separação dos poderes para limitar o Estado); 2) Diderot (responsável pela enciclopédia) 3) Voltaire (crítico da igreja católica).

Kant também era iluminista, embora não fosse francês. Resumidamente, o autor trabalha com os Imperativos Categóricos – minha ação precisa ser boa em si mesma; não posso agir pensando em me beneficiar ou evitar o sofrimento, se para isso eu precisar mentir. A ação precisa ser boa – e isso ocorre quando ela é universalizável – se todos agissem daquela forma, o mundo se tornaria melhor e não pior.

Como se aplica: (ENEM 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder

seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo Abril Cultural, 1979 (adaptado). A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja A) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas. B) consagração do poder político pela autoridade religiosa. C) concentração do poder nas mãos de elites técnico-cientificas. D) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo. E) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito

Tópico 9: Nietzsche Na obra O Nascimento da Tragédia, encontramos o ponto de partida das principais críticas de Nietzsche: a predominância do lado racional na vida do ser humano. Para o autor, Sócrates foi o responsável destruir um balanço que existia até então entre o lado racional do ser humano e o lado que afirma os valores da vida (emoções, individualismo, etc.). A partir da filosofia grega clássica, se passou a prevalecer um apelo às questões metafísicas da mente e do intelecto, esquecendo-se, contudo, do corpo, das sensações físicas. Nietzsche associa a estes aspectos a figura de deuses: a razão é representada por Apolo (deus da retidão, da ordem, beleza, harmonia etc.) e os valores da vida são associados à Dionísio (deus das festas, do caos, da felicidade, etc). A predominância do lado apolíneo e o abandono do lado

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dionisíaco seria, portanto, a origem da moralidade atual, a qual Nietzsche buscava superar, por considerar que ela negava aspectos fundamentais da vida. O cristianismo viria a fazer a mesma coisa futuramente, pois a moral cristã também prioriza o espírito e o pós vida e não o corpo, o físico, o agora. Temos ainda o livro E assim falou Zaratrusta, sendo essa a obra central na filosofia do autor. Nele, Nietzsche descreve os diálogos do profeta Zaratustra quando este desce de sua montanha e anuncia à cidade a morte de deus e anuncia a “necessidade” de todos se tornarem “além-do-homem” ou super-homem – o que seria justamente o resultado da transvaloração de valores para algo ativo e positivo – a afirmação de uma filosofia mais alegre que superaria as antigas bases morais e racionais que negavam o valor à vida. Zaratustra utiliza a explicação das três metamorfoses para tanto: Primeiramente o espírito humano seria o camelo – moralista e rancoroso, responsável por carregar os pesados fardos da humanidade nas costas, dizendo “sim” para os outros e “não” para si mesmo. Após, o leão representaria o espírito que nega os fardos e liberta-se do moralismo que tão somente atribui culpa e deveres. Por fim, a criança representa o espírito livre que esqueceu da antiga moral e possui potência para gerar novos valores que afirmam a vida.

Como se aplica: (ENEM 2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a

água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas, em 9 segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? A) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais B) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas C) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes D) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas E) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real

Tópico 10: Existencialismo Na análise sobre o existencialismo, concentraremos nossa atenção em um autor: Jean-Paul Sartre. A frase que resume perfeitamente esta filosofia é: a existência precede a essência. Com isso, o autor rompe com toda uma tradição metafísica ocidental, a qual colocava a existência física como condicionada a um valor maior, a uma essência – o ideal platônico de um mundo das essências, ou a própria figura do Deus cristão – exemplos nos quais a essência precederia a existência. Ao afirmar isso, Sartre nega a própria existência de Deus, afirmando que a fundamentação da vida humana deve se dar pelo próprio sujeito, e não por aspectos que lhe são externos. Livre destes grilhões, o ser humano seria livre para traçar e determinar seu próprio destino – constituímos nosso próprio destino e moldamos nosso caráter

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conforme nossas experiências. Cada indivíduo possui, portanto, sua própria essência. Não existe, também, uma fundamentação para a existência do ser – ele é contingente. Ou seja, nós existimos porque existimos, não há nenhuma razão ou explicação que explique nossa existência. Angústia – por perceber toda essa questão (a liberdade absoluta, a responsabilidade de todas as suas ações) o ser humano sofreria de uma profunda angústia. A liberdade do individuo existe, portanto, mas não deixa de ser um fardo que precisamos nos acostumar a carregar. O ser humano está condenado a ser livre, diz Sartre. Isso pode ser bom ou ruim – depende de você.

Como se aplica: (Unioeste 2009) Jean-Paul Sartre é um dos filósofos mais representativos do Existencialismo,

com sua defesa incondicional da liberdade e do sentido ético da existência do ser humano. Assinale a alternativa que não corresponde à concepção de liberdade deste filósofo. a) Sartre afirma que há uma esfera objetiva de valores absolutos que determinam a liberdade. b) A existência precede a essência é o princípio fundamental do existencialismo sartreano. c) O ser humano é absolutamente responsável pelas suas escolhas por ser “liberdade enquanto tal” (Sartre). d) A angústia é o sentimento que surge no ser humano por ter de fazer escolhas e de ser o único responsável pelas escolhas que faz. e) O fundamento de todos os valores humanos é a liberdade, pois o significado das escolhas, em circunstâncias concretas, é a “procura da liberdade enquanto tal” (Sartre) GABARITO 1. B 2. B 3. D 4. A 5. D 6. D 7. B 8. D 9. C 10. A