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PSICANALISE
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7/17/2019 Filosofia Geral I - Resenha I (FREUD CONF. 3 )
http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-geral-i-resenha-i-freud-conf-3- 1/3
Filosofia Geral I. 2015, Matheus Camargo Jardim, Matr. 103.023, Vesp, Prof. André
Medina Carone.
Resenha
FREUD, Sigmund. Terceira Conferência: os lapsos (continuação). In: Conferências
introdutórias à psicanálise. 1917. Tradução de Marilene Carone. p. 21-36.
Os lapsos: intenções ocultas no cotidiano
Resultado de anos de discursos e exposições de suas ideias e pesquisas, Freudpublicou em 1917 uma de suas mais importantes obras: Conferências introdutórias à
psicanálise. Após uma sucessão de palestras na Universidade de Viena, o materialque concede base aos estudos até os dias de hoje foi reunido e difundido, tornando-
se um best seller e traduzido em diversas línguas. Formado em medicina, tornou-seum pesquisador de neurofisiologia e posteriormente ao seu contato com a hipnosedesenvolveu suas ideias por meio da experiência, originando assim o conceito de
psicanálise.O interesse de Freud nessa área começou com os seus estudos sobre a histeria e
a sua intenção de criar uma metodologia para o tratamento de distúrbios mentais.Desse método nasce a psicanálise. Fundamentada na teoria de que os processos
psíquicos são geralmente inconscientes, os define como a parcela mais abrangentee protagonista da mente, limitando assim o consciente à parcela manifesta esuperficial da psique. Em soma, Freud ainda coloca as tendências sexuais comoagentes desses processos.
Na Terceira Conferência, Freud continua sua preleção sobre os lapsos indo maisa fundo em seu estudo após o estabelecimento anterior de algumas ideias, tais
como a de que o ato falho possui um sentido ou uma intenção e deve serinvestigado acima de suas circunstâncias.
Abordando o lapso de fala, Freud exemplifica através de um evento em que um
presidente de uma sessão parlamentar a declara encerrada, uma vez quesupostamente deveria abri-la. Isso demonstra a sua intenção em encerrar a sessão,
porém ele queria o oposto. Freud então deixa sua observação pertinente de que olapso, primeiramente, deve ser considerado em seu próprio sentido para somentedepois discutir a relação com a finalidade que ele atinge.
Existem diferentes, embora não desconexos, lapsos de fala. Eles podem ocorrerem situações convencionais, onde espera que se diga uma coisa, mas a intençãoverdadeira do indivíduo vem à tona. Outros podem ocorrer em uma intenção deabreviação, um resumo de falas para chegar a um enunciado mais rápido. Outro
caso é a união de duas palavras ocasionada pela intenção do falante de falar umapensando em outra, ou até mesmo possuir um sentimento forte no que se diz.
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Freud chega então a conclusão irresoluta de que os lapsos representam um
embate entre duas intenções de fala díspares. Em seguida, seguro de que após acompreensão dos lapsos os seus interlocutores poderão entender a deformação denomes, ele então começa a elaborar.
Essa deformação não é um lapso de fala e a sua segunda intenção é mais clara.Geralmente é usada para rebaixar alguém ou alguma coisa. Fazendo uma analogia
moderna aos exemplos de Freud, podemos utilizar o caso do governador do Estadodo Paraná, Beto Richa. Hostilizado por sua conduta, foi-lhe atribuído o “apelido” de
Beto Hitler. A intenção nesse caso é bem clara, porém a deformação não é
politicamente correta. É uma convenção social de que não é certo utilizá-la, sendoum instrumento direto para o bullying e da discordialidade.
Após essa elucidação, Freud então consuma sua explicação de lapso através de
seu contraste com a deformação dizendo que ele não é uma casualidade e sim umato psíquico sério, surgindo pelo efeito contrário de duas intenções diferentes. Em
seguida ainda acrescenta que as condições fisiológicas (fadiga, excitação, distração,entre outras) podem contribuir para o lapso de fala, opondo-se às afirmações doscontrários às suas teorias que apenas essas condições propiciavam o lapso. Esses
fatores não esclarecem, mas o que os causa pode ser investigado para uma melhorcompreensão.
Freud retorna para os lapsos para uma melhor explicação. Ele estabelece aintenção primária da fala como a tendência pertubada e como tendência pertubadora
a intenção que deveras possui. À partir disso ele compara de forma orgulhosa eresoluta a psicanálise com a química: algo que seja estabelecido cientificamente enão se pode omitir.
A fim de provar a sua técnica em relação aos lapsos Freud começa a argumentarem relação a negação do lapso quando se é cometido de forma inconveniente paraos participantes e como o falante é exaltado quando o lapso lhe convém. Como um
método para a interpretação do lapso há de se contar a situação psíquica, o caráterda pessoa que comete o lapso e a reação a ele. De modo geral, Freud explica quemesmo parecendo oculto, o sentido do lapso sempre existe e a interpretação dele
pode vir em níveis diferentes de dificuldade.Entrando em terrenos vizinhos, Freud começa a explanar o lapso do esquecimento
utilizando exemplos comuns como a deslembrança de um nome causado pelaaversão à pessoa ou num contexto onde uma senhora chama sua amiga pelo nomede solteiro, esquecendo seu nome de casada por não gostar do marido dela. Em
relação ao esquecimento de propósitos, a teoria freudiana se repete em afirmar queo indivíduo não gostaria de realizá-lo. Ainda nesse campo existe a perda e o
extravio: como alguém que perde algum objeto que foi dado por uma pessoa quenaquele momento não estava com uma relação amigável e gostaria de esquecê-la,
ou até mesmo utilizando da perda como um pretexto para se desfazer de um objetoque não se tem mais apreço. Freud explica que geralmente o extravio de um objeto
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possui um motivo pessoal e uma vez que ele desapareça a pessoa volta a encontrar
o material desaparecido.Consecutivamente, Freud discorre pelo campo do esquecimento contínuo citando
modelos similares em que a pessoa esquece a mesma coisa várias vezes por, de
algum modo, não lhe agradar. Ele reafirma que em diversos casos a interpretação éautenticada no futuro, quando as intenções podem ser verificadas de forma mais
complexa. Um exemplo simples é o de uma noiva que perde sua aliança na lua demel. Futuramente o motivo desse evento é confirmado pelo divórcio. Nesses casos,Freud ainda faz uma espécie de gracejo comparando os atos falhos ou lapsos com
os presságios. Sua teoria então baseia-se em intenções ocultas no agir daspessoas, o que dá alicerce ao inconsciente e por fim à psicanálise.
Para finalizar a conferência, Freud convida o seu ouvinte ou leitor a pensar em
como poderiam ser poupados de decepções e surpresas desagradáveis caso sedessem ao trabalho de interpretar os seus lapsos e tomá-los como sinais de intuitos
ocultos naquele momento. Por fim, ele diz que nem todos os presságios se realizame não há necessidade de tal, afirmando assim que nada é completamente certo edevemos ao mesmo tempo nos atentar a não nos tornar supersticiosos.
"Olhe para dentro, para as suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer".Essa frase dita pelo médico é quase religiosa e base para qualquer pessoa que
busca conhecimento e uma melhor forma de viver. Freud, evidentemente, deve seranalisado de acordo com o seu contexto histórico e social, contudo a sua obra é um
pilar para a forma que ainda hoje estudamos a psicologia. Mesmo que aparenta sermodesta, sua pesquisa sobre os lapsos é o ponto inicial para uma série de outrasdescobertas, afinal não se pode começar de lugar nenhum.
Uma palavra que pode descrever os lapsos é percepção. A maneira como seobserva a realidade e como interagimos. Se fossemos mais analíticos teríamos ahabilidade de controlar melhor a forma como reagimos. Parece ser complicado, mas
os lapsos são a forma mais contundente de entender a relação entre o desejo e aopressão social, conflitos mentais simples do nosso dia a dia.
A fim de começar a explicar o inconsciente, o ato falho é dissecado com exemplos
um tanto repetitivos, mas talvez o suficiente para seus ouvintes da épocaentenderem corretamente o que ele queria dizer. Hoje os lapsos não parecem tão
relevantes para nós, mas até o começo do século XX ainda eram aceitos comofalhas humanas normais, mas sem uma explicação de fato coerente e científica.
Com a obra de Freud hoje podemos compreender melhor que nada é por acaso e
que cada ato do ser humano possui intenções, e a maioria delas encontra-se noinconsciente. A terceira conferência é a melhor forma de ponto de partida para
qualquer leigo entender um pouco de psicanálise e entender o funcionamento dasua própria mente. O mais importante é estar ciente de seus processos: Freud nos
coloca em um caminho para a consciência e a valorização do conhecimento, mesmoos menores desvios no comportamento humano possuem significado e à partirdesse ponto podemos alcançar domínios mais complexos.