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FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? REFLEXÕES
ACERCA DAS FERRAMENTAS DE BUSCA NA INTERNET SOB A
PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional
Úrsula Maruyama [email protected]
Resumo: Este estudo procura realizar uma reflexão a respeito do artigo de Theodore Levitt
“Miopia em Marketing” com a obra “O filtro invisível” de Eli Pariser. Além disto, foi
organizada uma breve simulação baseada na proposta de Pariser com utilização da
plataforma de busca do Google, sendo solicitado a um grupo heterogêneo e multidisciplinar
de 21 pessoas que realizassem uma busca com três diferentes palavras: ‘inovação’,
‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Cada indivíduo deveria escolher qual o meio de captação
(celular, tablet, laptop ou desktop) e enviar os seus resultados com o printscreen de suas
respectivas telas. Os resultados indicam uma coerência com a afirmação de Pariser sobre as
‘mudanças sutis’ de conteúdo nas telas dos participantes. Assim, pode-se inferir que embora
a área de Marketing tenha atualizado os seus ‘óculos’, é necessário que a Ciência da
Informação deva observar a tendência de uma ‘miopia informacional’.
Palavras-chaves: Filtro invisível, Miopia informacional, Gestão da informação, Marketing.
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1.INTRODUÇÃO
A busca incessante por melhores resultados numa maior velocidade é uma consequência de
um conjunto de transformações nas áreas econômica, financeira, social, cultural e
informacional, dentre outras. Uma mudança aparentemente despercebida, realizada em 2009,
tornou-se ‘num divisor de águas’ nas plataformas de busca: a personalização dos resultados de
acordo com o perfil do usuário.
Na tentativa de ajustar e otimizar os resultados da busca com o perfil do usuário, pode-se
incorrer numa ‘miopia’ a outros desdobramentos e problemas futuros, os quais não estão
sendo considerados neste momento. Com isto, apresenta-se o clássico de Marketing, “Miopia
em Marketing” de Theodore Levitt, como marco comparativo com a literatura em
‘competência informacional’ e a obra de Eli Pariser “O filtro invisível”.
Concomitante ao estudo teórico, foi apresentado um vídeo a estudantes universitários sobre o
livro relatado pelo próprio autor, contextualizando e respaldando as suas escolhas para a
elaboração de sua obra. Ao final da exibição, foi solicitado que cada um exprimisse as suas
opiniões acerca do assunto. As respostas foram coletadas com a finalidade de comparar com o
perfil destes jovens no resultado da simulação realizada numa segunda etapa.
A simulação foi baseada na seguinte questão: Como os resultados da busca apresentam-se ao
usuário? Existem diferenças nos resultados das buscas conforme apresentado por Pariser? Um
grupo de 21 pessoas com faixas etárias, formações e profissões distintas foi solicitada a
simular a pesquisa em seus próprios equipamentos com a finalidade de comparar os seus
resultados. Assim foram escolhidas três palavras: “inovação”, “informação” e
“sustentabilidade”. As palavras foram definidas por considerar as características de afinidade
com os diversos perfis, proporcionando, assim, uma oportunidade comparativa com
embasamento mais específico ao olhar da pesquisadora.
O presente trabalho é dividido seis seções: 1- introdução; 2- referencial teórico sobre miopia
em marketing, competência informacional e introdução ao conceito ‘miopia informacional’;
3- diálogo com a obra ‘O filtro invisível’; 4- prática da simulação e indicação da metodologia;
5- análise dos resultados; 6- considerações finais.
2. MIOPIA EM MARKETING, COMPETÊNCIA INFORMACIONAL &
MIOPIA INFORMACIONAL
A fim de levar à uma melhor compreensão desta pesquisa, optou-se por manter as questões
sobre ‘Miopia em Marketing’ apresentada por Levitt (1960, 1986), os debates sobre
competência informacional (CAMPELO, 2003; MIRANDA, 2004; LACARDELLI &
PRADO, 2006; MELO & ARAÚJO, 2007; DUDZIAK, 2008; VITORINO & PIANTOLA,
2009; DUDZIAK, 2010; GASQUE, 2010) e a proposta do termo ‘miopia informacional’
numa única seção.
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2.1. Miopia em Marketing
O texto de 1960 do professor Theodore Levitt na área de Marketing ‘abriu os olhos’ aos
profissionais de Marketing e empresas que estavam engessadas numa visão míope, ou seja, de
curto prazo em relação às suas iniciativas.
O autor indica e exemplifica que todo setor de atividade importante já foi em alguma ocasião
um "setor de rápida expansão". Assim, alertava que alguns setores que, no momento do seu
texto atravessavam uma onda de entusiasmo expansionista estariam, contudo, sob a ameaça de
decadência futura. Outros casos, tidos como setores de rápida expansão em fase de
amadurecimento, na realidade já haviam parado de crescer. Em todos os casos, se enfatizava
que a razão pela qual o desenvolvimento é ameaçado, retardado ou detido não é porque o
mercado está saturado, mas sim devido a uma falha administrativa, ou miopia organizacional.
Desta forma, Levitt questionava “Quem diz que as companhias de luz e força não têm
concorrência? Talvez representem hoje monopólios naturais; mas amanhã talvez sofram morte
natural”. Para evitar que isto aconteça, as empresas de energia também deveriam criar meios
de aproveitar a energia solar e outras fontes de energia limpa. Por conseguinte, para manter a
sua estratégia de sobrevivência, elas próprias teriam de tramar a obsolescência daquilo que
agora era seu ganha-pão (fontes de energia tradicional). Surge então, a visão sobre a
“obsolescência programada” como estratégia de negócio.
Não obstante, a história de todos os negócios "de rápida expansão", mortos ou moribundos,
revela um ciclo auto-ilusório de grande ascensão e queda despercebida. E neste momento
Levitt apresenta quatro condições que em geral provocam este ciclo (LEVITT, 1986, p.6):
1. A crença de que o desenvolvimento é assegurado por uma população em
crescimento e mais opulenta;
2. A crença de que não há substituto que possa concorrer com o principal produto da
indústria;
3. Fé exagerada na produção em massa e nas vantagens na queda rápida dos custos
unitários, à medida que aumenta a produção;
4. A preocupação com um produto que se presta à experimentação científica
cuidadosamente controlada, ao aperfeiçoamento e à redução dos custos de fabricação.
Por esta e outras características visionárias de Theodore Levitt, o seu artigo tornou-se um
“divisor de águas” na área de Marketing (KOTLER&KELLER, 2014), tornando-se
direcionador de muitas estratégias corporativas nas gerações seguintes. No entanto, vale
ressaltar que o autor enfatizou a seguinte distinção “Vendas, repito, não é marketing.
Conforme já assinalei, a parte de vendas se preocupa com os truques e as técnicas de fazer
com que as pessoas troquem seu dinheiro por um produto. Não se preocupa com os valores
aos quais diz respeito a troca”.
Por este motivo, ao contrário do que invariavelmente faz o marketing, alerta Levitt, a área de
vendas “não vê no conjunto das atividades comerciais um esforço global para descobrir, criar,
suscitar e atender às necessidades dos fregueses”. A administração não deveria julgar se a sua
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tarefa é fabricar produtos, mas sim proporcionar as satisfações que angariam clientes. Deve-se
propagar esta ideia (e tudo que ela significa e exige) por todos os cantos da organização,
ininterruptamente, com vontade e motivação para estimular as pessoas que nela se encontram.
Esta era a principal causa da “miopia em Marketing”, a qual, como temos percebido nas
últimas décadas, recebeu adequadamente os seus ‘óculos’, utilizando melhores ‘lentes’ que
enxergaram os desejos dos clientes e foram além, transformando-os em necessidades básicas
de consumo. É neste sentido que a discussão sobre competência informacional se torna um
relevante fator neste estudo.
2.2. Competência Informacional
O conceito de competência já é reconhecidamente transversal, a qual perpassa diversas áreas
do conhecimento. A competência é quando numa situação prática, um indivíduo coloca os
seus recursos disponíveis em ação (ZARAFIAN, 2003). Vitorino e Piantola (2009)
apresentam que “é consenso que o desenvolvimento de habilidades e competências que
permitam o uso consciente, criativo e benéfico da informação tornou-se essencial”, no
entanto, deve-se ressaltar que as habilidades já estão implícitas no conceito de competência,
como um conjunto integrado de conhecimento, habilidades e atitudes (MIRANDA, 2004).
Linda Langford em seu artigo Information Literacy? Seeking Clarification publicado em
1998, considera que a competência informacional esteja no cerne de um conjunto
diversificado de competências emergentes resultantes da sociedade da informação, tais como
competência cultural, competência digital, competência visual, competência tecnológica,
dentre outras. Campello (2003) que foi uma das primeiras autoras a utilizar o termo
competência informacional no Brasil, reconhece que em 1976, o termo era analisado sob uma
diferente perspectiva, vinculando à cidadania e à responsabilidade social.
Gasque (2010) discorre em seu Arcabouço conceitual do letramento informacional as
variações do conceito na Ciência da Informação ao longo do tempo e ao redor do mundo:
perspectiva da Information Literacy na década de 1970 nos EUA; a ‘Alfabetização
Informacional’; ‘Literacia da Informação’ em Portugal. A ‘competência informacional’ busca
ensinar e incutir a cultura de um aprendizado contínuo, que, de acordo com a autora brasileira
Dudziak (2003, 2008), pode ser avaliada em três contextos: concepção da informação (com
ênfase na tecnologia da informação), a concepção cognitiva (com ênfase nos processos
cognitivos); a concepção da inteligência (com ênfase no aprendizado).
O acesso à informação ou às tecnologias da informação não representam acesso ao
conhecimento. Assim como “o significado subjacente à expressão information literacy
necessariamente rompe as fronteiras entre a Biblioteca e o ‘mundo informacional’”
(DUDZIAK, 2010), a competência informacional extrapola as fronteiras do ‘letramento
informacional’ e da ‘inclusão digital’.
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Figura 1 – Composição do Ciclo Informacional
Fonte: Baseado em Lecardelli e Prado (2006)
Considerando-se as diferentes concepções de competência informacional, as competências
informativas geram um ciclo informacional que envolvem (LECARDELLI&PRADO, 2006):
Entender a informação – compreender a estrutura do conhecimento e da informação;
Identificar necessidades – determinar a natureza de sua necessidade informativa;
Localizar – planejar estratégias efetivas para buscar e encontrar;
Recuperar – recuperar informação de forma eficiente;
Avaliar – analisar e avaliar informação;
Usar – integrar, sintetizar e utilizar a informação;
Comunicar – comunicar adequadamente os resultados do seu trabalho;
Ética – respeitar a propriedade intelectual e os direitos de autor (e do indivíduo –
acréscimo nosso).
Seguindo a lógica supracitada do ciclo informacional, para avaliar, usar, comunicar e pensar
eticamente – para que o saber oriente a ação – é necessário que haja tempo para que o
indivíduo possa raciocinar, relacionar e organizar informações de forma autônoma.
Assim, o conceito de competência informacional ultrapassa a noção de simples aquisição de
mais um conjunto de habilidades e chega a se caracterizar como um requisito para a
participação social ética e eficaz dos indivíduos neste novo contexto social, baseado no uso
intensivo de informação e conhecimento (MELO&ARAÚJO, 2007).
Dudziak (2010, p. 18) indica que temas como “mobilidade, convergência, websocial, acesso
livre à informação, semântica, realidade aumentada e tantas novas frentes de pesquisa têm
exercido profunda influência sobre as atividades relacionadas à Ciência da Informação e à
Competência em Informação.
Neste contexto, Beluzzo e Feres (2009), por exemplo, apresentam uma articulação entre a
competência em informação e a questão da qualidade das publicações científicas como fator
crítico na agregação de valor das contribuições científicas. As autoras ressaltam a existência
de domínios e valores que necessitam estar presentes na produção científica, com
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aprofundamento de análise de conteúdos e pensamento crítico. Tanto emissor e receptor no
fluxo de informação não podem se limitar a aprender apenas a manusear as tecnologias,
funcionando como meros processadores de inputs-outputs de informação.
É preciso ser partícipe de uma aprendizagem relacionada à ética, autonomia, responsabilidade,
criatividade, criticidade e o aprender a aprender juntos, com ênfase no exercício da cidadania
inserido em dimensão social e ecológica. Considerando esta visão é que relacionamos o
conceito do Marketing para a proposição do termo ‘miopia informacional’ à análise do texto
de Pariser.
2.3. Miopia Informacional
A partir dos conceitos de Levitt sobre “Miopia em Marketing” e dos autores da Ciência da
Informação, apresenta-se o conceito de “Miopia Informacional” ao considerar os aspectos
turvos ou obscuros advindos da complexidade na área ao analisar as redes informacionais na
internet.
Para Bezerra (2015), é necessário que o usuário da internet que busca informações na rede
conheça as estruturas que operam e orientam a sua navegação. Afinal de contas,
[...] não importa que estejamos usando o nosso tempo livre para pesquisar
destinos para as férias e preços de passagens aéreas; do ponto de vista da
empresa que monitora nossos dados, estamos realizando uma espécie de
trabalho que tem como resultado a produção de informação que, filtrada pelos
algoritmos, orientará a publicidade a ser direcionada instantaneamente
(BEZERRA, 2015, p.9).
Não obstante, considerando o cenário em que Levitt criticava a ‘miopia das organizações’ ao
enxergar as implicações de suas ações e não-ações no meio empresarial na década de 1960,
alertando para as possíveis implicações destas escolhas, a obra de Pariser “O filtro invisível”,
torna-se um vetor para reflexão das implicações que as ferramentas de buscas orientam ou são
orientadas aos seus usuários.
3. O FILTRO INVISÍVEL
Ao iniciar a sua obra, Eli Pariser apresenta uma epígrafe de Mc Luhan bastante pertinente
neste estudo: “nós moldamos nossas ferramentas, e então nossas ferramentas nos moldam”. O
livro “O filtro invisível” apresenta as armadilhas e artimanhas que a ferramenta de busca nos
coloca de forma imperceptível e que nos torna refém de anúncios de publicidade. Neste
sentido, pode-se inferir que as lições de Theodore Levitt foram levadas em consideração.
Agora, a mídia está ávida por conhecer os desejos dos consumidores para habilmente
transformá-los em necessidade de consumo.
De acordo com o autor, o ano de 2009 foi o grande divisor de águas nesta estratégia, onde os
“mecanismos, cada vez mais parciais, vão se adequando à visão de mundo de cada um”
(PARISER, 2012, p. 9). Assim, “sem grande aviso ou estardalhaço, o mundo digital está
mudando em suas bases” (op.cit., p.11).
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Pariser chama a atenção para um novo mercado que surge ‘por trás das páginas que
visitamos’, um mercado de informações sobre o que fazemos na rede, movido por empresas
de dados pessoais pouco conhecidas, mas altamente lucrativas. Por isso, é necessário ficar
atento a esta nova geração de filtros on-line que examina aquilo que aparentemente gostamos
e realiza extrapolações baseadas em estimativas do comportamento de consumo.
Assim, batizada como “bolha dos filtros”, ao acúmulo destes mecanismos de previsão que
criam, refinam e adaptam continuamente uma ‘teoria’ sobre quem somos (ou gostaríamos de
ser), sobre o que fazemos e realizam inferências sobre o que gostaríamos de fazer. As ‘bolhas
de filtros’ indicam uma nova fase onde: (i) cada um está só em sua própria ‘bolha’, (ii) as
bolhas contêm filtros que são invisíveis; (iii) não nos pergunta se desejamos fazer parte desta
bolha.
O estudo do comportamento do consumidor não é novo (MERLO, 2011;
KOTLER&KELLER, 2014), mas o que preocupa os estudiosos sobre o tema é a forma pela
qual somos expostos à esta condição. Seja ao assistir aos canais de tv americana Fox News ou
CNN, seja ao ler as revistas Exame, Veja ou Isto é, no Brasil – são escolhas as quais tomamos
e compreendemos que tais organizações utilizam ‘lentes’ pelas quais escolhemos enxergar o
mundo. Quando desejamos ‘diferentes perspectivas’, trocamos os ‘óculos’: mudamos o canal,
compramos outro jornal ou revista. Com os filtros invisíveis, esta atitude não é possível, pois
somos levados a enxergar uma ‘realidade’ a qual nos direciona à base dos lucros de sites que
utilizam estes filtros personalizados, desta forma:
A personalização se baseia numa barganha. Em troca do serviço de filtragem,
damos às grandes empresas uma enorme quantidade de dados sobre nossa vida
diária – dados que muitas vezes não dividiríamos com nossos amigos. Essas
empresas estão ficando cada vez melhores no uso desses dados para traçar
suas estratégias. No entanto, muitas vezes acreditamos excessivamente que
essas empresas irão cuidar bem dessas informações, e, quando nossos dados
são usados para tomar decisões que nos afetam negativamente, em geral não
ficamos sabendo (PARISER, 2012, p.20)
Qual seria o maior impacto no caso da personalização das plataformas digitais a longo prazo?
Primeiro, conforme Melo e Araújo (2007) resumem “a informação passou a constituir-se num
dos principais fatores de produção e a representar a maior parte do valor agregado dos
produtos”. Segundo, Bezerra (2015) nos alerta que “o problema é que, imersos em universos
egocêntricos, reificadores de nossas próprias opiniões e visões de mundo, tendemos a perder o
componente dialético que traz as dúvidas e os questionamentos como auxiliares de uma
ampliação de nossas formas de conceber os mundos existentes e possíveis”.
3.1. Como a Geração Y enxerga os pontos apresentados por Pariser?
A fim de corroborar com esta pesquisa, foi solicitado a um grupo de estudantes de graduação,
bolsistas de iniciação científica (PIBIC), que assistissem ao vídeo e expusessem a sua opinião
sobre o tema abordado.
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Figura 2 – Printscreen de email enviado ao bolsista sênior para replicar ao grupo
A atividade foi realizada por quatro dos seis estudantes inseridos no grupo: dois rapazes e
duas moças. Sendo importante que os respondentes são vinculados a três diferentes cursos:
Administração, Línguas Estrangeiras Aplicadas a Negócios Internacionais (LEANI),
Engenharia Mecânica. A perspectiva de cada área pode ser observada nas suas respectivas
colocações crítica de oposição (1), a favor (1), ambivalente crítico (2):
Achei o vídeo muito interessante. Eu só tinha percebido esse direcionamento
no Facebook. Quando eu pesquisava sobre livros e depois como anúncios
vinham os títulos que eu havia procurado. Agora diferenças no Google eu
fiquei pasma. É uma manipulação de outra dimensão agora! Porque as
pessoas se sentem conectadas hoje em dia com a intranet. Mas estamos
vivendo então em ilhas de isolamento. Eu consigo ver notícias do mundo
porque esse é o meu estilo de navegação. Mas quantos milhares não
conseguem. Eu fiquei pasma. Eu gostei do posicionamento do vídeo, porque
precisamos ter a escolha de decidir quais assuntos são bons, interessantes
dentre outros. [LV – 22 anos, estudante de Línguas Estrangeiras Aplicada a
Negócios Internacionais]
A visão da estudante deve ser também considerada com a sua formação que ‘bebe na fonte’
das Ciências Sociais e Relações Internacionais. O curso de sua escolha possui caráter
interdisciplinar que permeia áreas que contribuem ao pensamento crítico e reflexivo das
questões contemporâneas. Interessante se observarmos com a opinião de um estudante de
Engenharia Mecânica, como o apresentado a seguir:
Primeiramente não acho ruim o Google "escolher" seus resultados de
pesquisa uma vez que ele só se destacou dos outros buscadores exatamente
por esses tais "algoritmos inteligentes" que buscam te dar o melhor resultado
ou o mais adequado, eles criaram até aquele "Estou com sorte" que faz a
busca e acessa o primeiro site da busca ou o que mais se enquadra. Porem
exatamente por serem números/algoritmos não conseguem exprimir tudo o
que um ser humano precisa, sendo assim algumas das vezes eles erram ou
limitam as pesquisas de forma não necessária. Realmente seria muito bom ter
o controle do "filtros" para que possamos ter a acesso a notícias,
informações, curiosidades menos "manipuladas". E podendo assim ter total
autonomia sobre o conteúdo que é exposto a nós em todas as redes sociais,
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buscadores e até mesmo propagandas. [CR – 19 anos, estudante de
Engenharia Mecânica]
Figura 3 – Printscreen de grupo Whats app com atividade proposta
Numa combinação de opiniões, o estudante de Administração apresenta uma ponderação na
dicotomia presente na utilização dos algoritmos nos mecanismos de busca:
Eu gostei muito do vídeo, especialmente porque é um assunto contemporâneo
e que está em pauta cada vez mais na mídia: como nossos dados são usados
na internet e a ética de sua utilização por parte das empresas que os detêm.
Eu particularmente acredito que os algoritmos não foram feitos para o mal,
com a finalidade de espionar as pessoas como no caso do Google e do
Facebook. Os algoritmos estão utilizando padrões de comportamento dos
usuários na internet para promover uma navegação mais assertiva ao
usuário, para que ele tenha mais respostas úteis aos seus objetivos pessoais,
profissionais e acadêmicos. O resultado negativo dessa prática é o que foi
falado no vídeo: as pessoas perdem um pouco da variedade da informação
que poderiam ter acesso caso esses algoritmos não filtrassem as pesquisas.
Acredito também que se a pessoa quer ter acesso a mais links não explorados
cabe a ela aprofundar mais suas pesquisas e se utilizar dos tópicos mais
acessados para descobrir novas fontes de pesquisa e trilhar seu próprio
caminho diante da informação. Acredito que os algoritmos estão disponíveis
para ajudar e não tem como objetivo atrapalhar ninguém em sua jornada pelo
conhecimento, aprendizado e diversão. [EM – 19 anos, estudante de
Administração]
A declaração seguinte apresenta a visão de uma estudante, que embora seja de Engenharia, também
possui formação complementar na área de Ciências Sociais:
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No mundo em que o mais rápido é melhor, que nosso tempo deve ser
aproveitado o máximo possível, não me espanta que esse tipo de algoritmo
exista. Trazendo a notícia "que você quer" o mais rápido até você. O
problema é que a internet avança de uma maneira que as vezes esquecemos
que ela é uma nova área, que tanto deve ser explorada, como também
"governada". Ainda é um lugar sem muitas leis. O cyber bullying surgiu e
depois foi criada uma lei para impedir. Do mesmo jeito acontecerão com
outras coisas, a exemplo esses algoritmos que estão limitando nossas
informações. Adorei o vídeo, TED's sempre são maravilhosos e abrem meus
olhos. O importante é sempre estar antenado. [MT – 19 anos, estudante de
Engenharia Mecânica]
Embora em alguns aspectos as opiniões pareçam divergir em determinado grau de
concordância ao conteúdo do vídeo. Todos os participantes reconhecem a atuação dos
algoritmos, independente do seu juízo de valor, na dinâmica de busca e classificação dos
resultados. Esta é uma característica desejada no conceito de ‘competência informacional’,
pois representa que os jovens que participaram desta pesquisa estão inseridos num contexto
ativo de uma ‘competência crítica em informação’ conforme apresentado por Bezerra (2015).
4. ENSAIO PRÁTICO: BUSCA DE PALAVRAS-CHAVE
Com o intuito de aplicar a situação proposta por Pariser de identificar as mudanças no
conteúdo do site de buscas Google, foi solicitado a 21 pessoas com idade variando entre 20 e
60 anos, diferentes profissões e formações acadêmicas para realizar a busca a partir de seus
próprios equipamentos. Não foi determinado o meio (equipamento) pelo qual seria captado:
celular, laptop, tablet ou desktop, deixando por livre escolha do respondente voluntário.
Assim, na última quinzena do mês de outubro de 2015, cada participante deveria simular uma
busca com três palavras: ‘inovação’, ‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Ao realizar a busca de
uma palavra por vez, foi solicitado que ao aparecer na tela os primeiros resultados obtidos,
deveria ser realizado um printscreen para evidenciar o conteúdo disponibilizado pelo Google
e enviado por email a pesquisadora.
Para comparabilidade, utilizou-se como referência o printscreen inicial realizado no
equipamento principal (desktop) utilizado pela pesquisadora. A fim de testar possíveis
mudanças de uma mesma origem, além dos participantes voluntários, foram testados outros
equipamentos utilizados por uma mesma pessoa, neste caso a pesquisadora. Os resultados
serão apresentados isoladamente.
Baseado metodologicamente no conceito de ‘conveniência e oportunidade’ (MARCONI
&LAKATOS, 1996; FLICK, 2009), com o intuito de gerar reflexões por meio de pesquisa
qualitativa, não houve a pretensão nesta análise preliminar de utilizar uma amostra
probabilística. Por ‘conveniência’, considerou-se o fato de conhecer o background acadêmico
e profissional dos convidados para facilitar a comparabilidade de conteúdo. Por
‘oportunidade’, considerou-se o tempo limitado para a realização da pesquisa e o perfil de
voluntário que respondesse em tempo hábil para coleta e análise das respostas.
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5.ANÁLISE DOS RESULTADOS
A pesquisa foi estruturada selecionando um grupo de estudantes, profissionais e acadêmicos,
com diferentes perfis profissionais, formações acadêmicas e linhas de pesquisa. A escolha foi
baseada por conveniência e oportunidade (MARCONI&LAKATOS, 1996; FLICK, 2009),
utilizando a rede de contatos familiares, pessoais, acadêmicas e profissionais. Foi possível,
por exemplo, ter a oportunidade de coletar as respostas de orientadores da pesquisadora de
graduação, mestrado e doutorado, oriundos de diferentes áreas e linhas de pesquisa, para
contribuir neste estudo, assim como de pares (outros professores; profissionais de outras
áreas) e, orientandos de projeto final e bolsistas de iniciação científica.
Quadro 1 – Descrição do perfil dos respondentes
COD.RESP. FX.ET. OCUPAÇÃO FORMAÇÃO ÁREA ou Linha de Pesquisa
UM 36-40 a Prof/pesq ADMINISTRAÇÃO GESTÃO/INOVAÇÃO
[R1] 31-35 a Empresário N/A N/A
[R2] 31-35 a Empresaria N/A N/A
[R3] 31-35 a Mestranda ADMINISTRAÇÃO GESTÃO
[R4] 20-25 a PIBIC ADMINISTRAÇÃO INCUBADORAS
[R5] 56-60 a Prof/pesq FÍSICA METROLOGIA
[R6] 46-50 a Prof/pesq C.COMPUTAÇÃO INCUBADORAS
[R7] 20-25 a PIBIC ENG.MEC INCUBADORAS
[R8] 20-25 a PIBIC ADMINISTRAÇÃO ECON.CRIATIVA
[R9] 20-25 a PIBIC LEANI SUST
[R10] 31-35 a Mestrando METEOROLOGIA OCEANOGRAFIA
[R11] 51-55 a Prof/Pesq ECONOMIA PLAN.ENERG.
[R12] 20-25 a Graduação ENG.AUTOMAÇÃO ROBÓTICA
[R13] 56-60 a Prof/pesq FÍSICA HFC
[R14] 51-55 a Prof/pesq ECONOMIA/CI CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
[R15] 20-25 a PIBIC ENG.MEC INCUBADORAS
[R16] 20-25 a PIBIC ENG.MEC ECON.CRIATIVA
[R17] 31-35 a Engenheira ENG.EL ENERGIAS LIMPAS
[R18] 41-45 a Prof/Pesq ENG.MEC INOVAÇÃO
[R19] 20-25 a estudante ADMINISTRAÇÃO ADM. FINANCEIRA
[R20] 41-45 a Prof/Pesq LETRAS CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
[R21] 41-45 a Prof/Pesq BIBLIOTECONOMIA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Dos 21 respondentes, percebeu-se a predominância de três grandes grupos, os quais podem ser
relacionados a determinadas faixas etárias e perfis: estudantes de graduação (20 a 25 anos);
profissionais (26 a 35 anos); acadêmicos (acima de 35 anos).
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Figura 4 – Gráfico do perfil geral dos participantes
Com base nestas informações iniciais, foi iniciada a análise dos dados coletados para
avaliação da consulta à plataforma de busca Google.
5.1. Análise preliminar
Para realizar a análise foram estratificados e analisados por ‘blocos-tema’, ‘palavras-chave’
ou ‘ descritores’: ‘inovação’, ‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Buscou-se observar
isoladamente os descritores pois o comportamento observado em cada resultado, não
necessariamente foi refletido em todos os casos quando observados conjuntamente.
Figura 5 – print screen das buscas de referência base (autora)
Analogamente, foi definido que o ponto de partida para a observação dos resultados seria
considerado o seguinte critério: por meio (equipamento) utilizado na pesquisa; por
background ou grupo de interesses do participante; por análise de resultados provenientes de
diferentes meios (equipamentos) mas de mesma origem (pesquisador). Finalmente, também
foram analisadas as palavras-chave isoladamente para observar o comportamento da dinâmica
dos resultados na plataforma de busca Google.
5.1.1. Quanto ao meio (equipamento) utilizado na pesquisa
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Inicialmente, é importante ressaltar que não foi orientado ao respondente sobre o meio
(equipamento) de pesquisa, com a finalidade que se observasse a preferência de utilização
pelo usuário para este fim. Comparando-se principalmente os dados obtidos por meio de
aparelho celular com os provenientes de pesquisa realizada nos computadores, observou-se
que os resultados apresentados no mobile (celular) geralmente são comuns entre si, isto é, não
foi identificada diferença de conteúdo entre diferentes simuladores.
Ao mesmo tempo, como não foi realizada uma entrevista em profundidade posterior à coleta
desde material, não há como afirmar que os meios utilizados, assim como os equipamentos,
sejam os mesmos que o usuário utiliza como objeto de trabalho e/ou pesquisa em sua rotina.
No entanto, de acordo com o supracitado, pode-se inferir que tais palavras-chave não são
comumente pesquisadas nestes tipos de aparelho (celular), não fomentando uma quantidade
de dados suficiente para que os algoritmos sejam associados para geração de um perfil
específico.
Figura 6 – Gráfico de distribuição do tipo de equipamentos utilizados para pesquisa
Não houve distinção na aparição dos anúncios quanto ao equipamento utilizado. No entanto,
vale ressaltar, que devido a características físicas do equipamento (i.e. tamanho da tela),
houve uma limitação no reconhecimento dos resultados subsequentes.
5.1.2. Quanto ao background ou interesses
Quanto à área de formação e atuação profissional dos participantes, apresentou-se certa
variação nas diversas áreas de formação. Vale salientar que alguns participantes, embora
possuam formação básica (graduação) numa determinada área, permeiam diferentes áreas em
suas linhas de estudo posterior (mestrado; doutorado; pesquisa).
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Figura 7 - Gráfico com perfil de formação acadêmica dos participantes
No caso de formação transversal ou multidisciplinar, aplica-se especificamente aos
pesquisadores, por exemplo: economia-gestão-planejamento energético; engenharia mecânica-
logística- engenharia química; economia-engenharia de produção-ciência da informação;
física-engenharia de produção-filosofia da ciência; física-estatística-metrologia; meteorologia-
física-oceanografia; ciência da computação-gestão/empreendedorismo-propriedade
intelectual; letras-gestão-ciência da informação; biblioteconomia-ciência da informação.
5.1.3. Quanto aos diferentes meios (equipamentos) simulados por uma mesma
origem (pesquisador)
No caso da pesquisa realizada pela mesma pesquisadora em diferentes meios (equipamentos):
tablet, laptop, computador institucional e computador pessoal, foi observado que os resultados
se mantiveram iguais em todos os meios (equipamentos) de pesquisa, ratificando a questão do
perfil individual realizado pela plataforma de busca.
5.2 Análise por palavra-chave
A seguir serão apresentados os resultados obtidos nas buscas das palavras-chave: inovação,
informação e sustentabilidade. Embora, cada item apresente a sua peculiaridade a ser
discutida posteriormente, é possível indicar que houve diferença nos resultados obtidos nas
buscas por diferentes participantes.
5.2.1. Inovação
Ao iniciar a análise observa-se primeiramente que 43% dos participantes obtiveram
primeiramente em suas buscas o resultado de anunciantes.
15
Figura 8 – Gráfico indicativo da presença de anúncios nas respostas sobre inovação
Destes resultados, todos apresentaram como primeiro resultado a indicação da Endeavor.
Como segundo resultado, houve variação entre os sites da INEI (Instituto Nacional de
Empreendedorismo e Inovação) e Maradentro. Houve ainda apenas um caso de incidência de
um terceiro anúncio da ACI (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo
Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha). Observa-se que os participantes que apresentaram
esta característica de anúncios, são pesquisadores ativos na área, estudantes com pesquisa
ativa, profissionais de projetos, trabalham com incubadoras ou empresas juniores.
Figura 9 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base inovação
Já na análise dos resultados, foram considerados os resultados coletados na busca da
referência na seguinte ordem: Definição do termo pelo Google; Inventta; Revista Exame;
conceito do Wikipedia. A variação de aderência a estes termos pelos demais participantes é
representada no gráfico da figura 9.
Os respondentes R1, R2, R8, R9, R10, R15, R20 apresentaram o site da Revista Exame antes
do site Inventta. Ao analisar o perfil, observou-se que representam um grupo que não atua
muito neste campo ou que apresente um viés com interesse mais corporativo, sendo este mais
forte nas suas pesquisas (i.e. gestão da inovação) em relação à ‘inovação pura’.
16
Em dois casos R15 e R18 apresentaram o mesmo resultado, desconsiderando a definição, mas
mantendo a ordem seguinte da base: Inventta; Revista Exame e Wikipedia. Este resultado
pode indicar que os usuários têm pouco hábito de buscar definições de palavras não
caracterizando tal “perfil” no seu resultado de busca.
5.2.2. Informação
Não houve presença de anúncios para nenhum dos respondentes desta pesquisa quando
utilizada para busca a palavra “informação”.
Figura 10 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base informação
Considerando que não obtivemos resultados com anúncios, consequentemente, a amplitude
dos resultados da busca foi maior do que nas duas outras buscas.
A definição apresentada pelo Wikipedia foi unanimidade como primeiro resultado da busca. O
resultado ‘Imagens’ apareceu em 81% dos participantes como segundo tópico, excetuando-se
para dois distintos perfis: R11, onde o segundo resultado foi a página inicial do Governo sobre
Lei da Informação [o respondente é diretor estratégico de uma Instituição de Ensino Superior
federal]; R16, é estudante que ingressou este ano na graduação, sendo o seu segundo resultado
o Guia do Estudante.
Para o terceiro resultado, os 38% de aderência, representam os pesquisadores ou profissionais
que representam o tema, uma vez que este é um artigo da revista Informação & Informação da
UEL, para os demais predominantemente aparece a indicação dos Infográficos do Site de
Acesso `a Informação do Governo Federal.
No entanto, em oposição à observação anterior, o respondente com maior experiência na área
[R21] não apresentou o artigo de Belluzo na sua lista de resultados. Pode-se levantar duas
hipóteses: 1- o pesquisador não utilizou o seu equipamento (computador) que comumente
utiliza para trabalho; 2- o pesquisador utiliza outras bases/plataformas para pesquisa não
registrando pela plataforma Google o seu perfil profissional. Infelizmente, não houve tempo
hábil neste trabalho para aprofundar a análise por meio de entrevistas com os usuários sobre
as suas fontes de pesquisa. Como quarta opção de resultado, os que não apresentam notícias
obtiveram como resultado também o site do Governo Federal sobre Acesso à Informação.
17
5.2.3. Sustentabilidade
O resultado com anunciantes foi maior (52%) que o resultado obtido com a palavra
“inovação”. Como primeiro resultado de anunciantes o site HumanaTerra foi o que obteve o
maior percentual de resultado como primeiro na lista.
Figura 11 – Gráfico indicativo da presença de anúncios nas respostas sobre sustentabilidade
Outros sites que apareceram: Ekos, Smartcities, Envolverde, Polis, 5 elementos. Vale ressaltar
que no caso da palavra “sustentabilidade” também apareceu uma barra lateral com
anunciantes em 8 participantes.
Figura 12 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base sustentabilidade
No caso da aderência, 95% apresentaram a definição como primeira resposta. Desta vez,
apenas R18 não apresentou este resultado corroborando com a suposição de que este usuário
não possua o hábito de buscar definições em sua ‘metodologia de busca’. O site “Sua
Pesquisa” é indicado para todos, com exceção de R6, onde aparece em substituição a
indicação para ‘imagens’.
18
Em geral não houve muitas variações nos resultados em “sustentabilidade”, indicando que
este tópico deva ser ‘novo’, considerando o primeiro resultado como ‘definição’. O
aparecimento de anúncios, pode ser um indício aos participantes que se interessam ou
pesquisam mais pelo tema, dando indícios de ‘potenciais consumidores’.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a possibilidade de realizar pesquisas teóricas seja sempre um universo profícuo ao
estudante de pós-graduação, a observância do conteúdo advindo da literatura de forma prática
enfatiza a convicção na defesa de que a noção de ‘competência’ perpassa diversos conceitos
como educação, aprendizagem, cognição, trabalho em equipe, cultura organizacional, além
dos conhecidos “conhecimento, habilidade e atitude”.
Baseado nestes aspectos foi definido o tema deste trabalho: análise da obra “O filtro invisível”
de Eli Pariser com a simulação de busca no Google das palavras “inovação”, “informação” e
“sustentabilidade” por um grupo de 21 pessoas com faixa etária de 20 a 60 anos, com
diferentes formações e áreas de atuação.
As mudanças geradas pela plataforma de busca foram identificadas algumas vezes de forma
sutil, mas percebeu-se o direcionamento a determinados tópicos. Um usuário provavelmente
não reconhece ou não parou para refletir acerca desta característica. Como no livro de Pariser,
reconhecemos que os problemas que enfrentaremos nos próximos vinte anos – escassez de
energia, terrorismo, mudança climática e doenças – têm uma grande abrangência e relevância.
Ao mesmo tempo, estes problemas só poderão ser resolvidos juntos, ‘fora das bolhas
individuais’. Precisamos compreender as implicações do fluxo destas informações (de onde
vem, para onde vai, quem e como as visualiza), para a nossa política, cultura e sociedade.
Com um conteúdo cada vez mais dinâmico, numa pletora de informações, faz-se necessário
desenvolver uma ‘competência crítica informacional’ e neste sentido, defende-se a ideia do
papel do docente como ‘facilitador’, ‘orientador’, ‘coach’ de pesquisa na integração do
conteúdo ao debate científico-tecnológico.
Levando-se em consideração os resultados obtidos, sugere-se a reflexão sobre uma inversão
no pensamento crítico acerca do assunto considerando a seguinte questão: “deveremos
considerar os ‘filtros como realmente invisíveis’ ou estamos sujeitos à predominância de uma
‘miopia informacional’?”
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em publicações científicas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v.5, n.1/2,
2009.
BEZERRA, Arthur. Vigilância e filtragem de conteúdo nas redes digitais: desafios para competência
crítica em informação. GT3 – Mediação, circulação e apropriação da informação. XVI Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação ENANCIB. João Pessoa – PB, 26 a 30 de outubro
de 2015.
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letramento informacional. Ci. Inf, Brasília, v.32, n.3, p.28-37, set/dez, 2003.
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produtividade científica em âmbito mundial. Inf. Inf. Londrina, v.15, n.2, p.1-22, jul/dez, 2010.
____________ . Os faróis da sociedade de informação: uma análise crítica sobre a situação da
competência em informação no Brasil. Inf & Soc.: Est., João Pessoa, v.18, n.2, p. 41-53, maio/ago,
2008.
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v.32, n.1, p. 23-35, 2003.
FLICK, Uwe. Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3 ed. Porto Alegre: e. Penso, 2009.
GASQUE, Kelley. Arcabouço conceitual do letramento informacional. Ci. Inf. Brasília, v.39, n.3,
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KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14 ed. Reimp. São Paulo:
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LANGFORD, Linda. Information literacy: a clarification. School Libraries Worldwide, n;1, jan,
1998, p.56-72.
LECARDELLI, Jane; SCHOFFEN PRADO, Noêmia. Competência informacional no Brasil: um
estudo bibliográfico no período de 2001 a 2005. Revista Brasileira de Biblioteconomia e
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LEVITT, Theodore. Miopia em marketing. Harvard Business Review. 1960. In: Coleção Harvard de
Administração 1. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1986.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de
dados. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MELO, Ana Virginia C. de; ARAÚJO, Eliany A. de. Competência informacional e gestão do
conhecimento: uma relação necessária no contexto da sociedade da informação. Perspectivas em
Ciência da Informação, v. 12, n.2, p.185-201, mai/ago 2007.
MERLO, Edgard. Administração de varejo: com foco em casos brasileiros. Rio de Janeiro: LTC,
2011.
20
MIRANDA, Silvânia V. Identificando competências informacionais. Ci. Inf. Brasilia, v. 33, n. 2, p.
112-122, mai/ago, 2004.
PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar,
2012.
VITORINO, Elizete V.; PIANTOLA, Daniela. Competência informacional – bases históricas e
conceituais: construindo significados. Ci. Inf. Brasília, v.38, n.3, p.130-141, set/dez, 2009.
ZARAFIAN, Philippe. O modelo da competência: trajetória histórica, desafios, atuais e
propostas. São Paulo: Senac, 2001.
ANEXO I
Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “inovação”
ENDEAVOR INEI MARADENTRO ACI DEFINIÇÃO INVENTTA EXAME WIKIPEDIA
UM N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[UM*] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R1] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4
[R2] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4
[R9] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 N/A
[R8] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 N/A
[R4] 1 2 N/A N/A 1 N/A N/A N/A
[R10] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4
[R3] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R12] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R7] 1 N/A 2 3 1 2 3 N/A
[R5] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R15] N/A N/A N/A N/A N/A 1 2 3
[R14] 1 2 N/A N/A 1 2 3 4
[R11] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R18] 1 2 N/A N/A N/A 1 2 3
[R13] 1 2 N/A N/A 1 N/A N/A N/A
[R6] 1 2 N/A N/A 1 2 3 4
[R16] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 N/A
[R17] 1 N/A N/A N/A 1 2 3 4
[R19] 1 2 N/A N/A 1 2 4 3
[R20] N/A 1 N/A N/A 1 3 2 4
[R21] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 5
ANÚNCIO
21
ANEXO II
Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “informação”
Wiki imagens UEL (Beluzzo) notícias infográficos HomeGov Sist.Gov guia estud e-SICGov
UM 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A
[UM*] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A
[R1] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R2] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A
[R9] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R8] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R4] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R10] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A
[R3] 1 2 N/A N/A 3 4 N/A N/A N/A
[R12] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A
[R7] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A
[R5] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A
[R15] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R14] 1 2 3 4 5 N/A N/A N/A N/A
[R11] 1 N/A N/A 5 3 2 4 N/A N/A
[R18] 1 4 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A
[R13] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
[R6] 1 2 3 4 5 N/A N/A N/A N/A
[R16] 1 N/A N/A N/A N/A N/A N/A 2 3
[R17] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A
[R19] 1 2 N/A 6 3 4 5 N/A N/A
[R20] 1 N/A 2 6 3 4 5 N/A N/A
[R21] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A
ANEXO III
Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “sustentabilidade”
22
humana
terra Ekos Smart cities Polis envolverde 5elementos
ANUNCIO
LATERAL DEFINIÇÃO SUA PESQ IMAGENS WIKI EXAME Brasil Sust
UM N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A
[UM*] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A
[R1] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A N/A N/A N/A
[R2] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A
[R9] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A
[R8] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A N/A N/A N/A
[R4] 1 N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A
[R10] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 5 N/A
[R3] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A
[R12] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A 3 N/A 4
[R7] 1 2 3 N/A N/A N/A S 1 2 3 N/A N/A N/A
[R5] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A
[R15] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A
[R14] 1 2 N/A N/A 3 N/A N 1 2 3 4 N/A N/A
[R11] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 5 N/A
[R18] N/A 1 N/A N/A N/A N/A N N/A 1 3 2 4 N/A
[R13] 3 2 N/A N/A N/A 1 S 1 2 3 N/A N/A N/A
[R6] 2 1 N/A N/A 3 N/A S 1 N/A 2 3 N/A N/A
[R16] N/A N/A N/A 1 N/A N/A S 1 2 3 4 N/A N/A
[R17] 1 2 N/A N/A N/A N/A S 1 2 3 4 N/A N/A
[R19] 1 2 N/A N/A 3 N/A S 1 2 3 4 N/A N/A
[R20] 1 2 N/A N/A 3 N/A S 1 3 4 2 N/A N/A
[R21] N/A N/A N/A N/A 1 N/A S 1 4 3 2 N/A 5
ANÚNCIOS
ANEXO IV
Printscreen de alguns dos resultados coletados
[identificador do respondente em código de cores: azul- inovação; vermelho – informação;
verde- sustentabilidade]
23