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Portugal Destinos algarvios para os dia de chuva Cultura Entrevista a Mafalda Ferreira Tecnologia As últimas do mundo TEC EDIÇÃO 1 NOVEMBRO DE 2010 MENSAL Mundo Contemporâneo Segunda temporada Minas portuguesas entre as mais seguras Visitamos a mina de Loulé e estivemos à conversa com o eng.º Alexandre Andrade numa altura em que o assunto anda à baila pela agenda mundial. NBA: A época que agora começa em análise. Manel Cruz: a pessoa, o músico e o poeta. Presidenciais 2011 aquecem com candidatura de Cavaco Silva.

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Portugal Destinos algarvios para os dia de chuva Cultura Entrevista a Mafalda Ferreira Tecnologia As últimas do mundo TEC

Edição 1 NovEmbro dE 2010 mENsal

Mundo Contemporâneo Segunda temporada

Minas portuguesas entreas mais seguras

Visitamos a mina de Loulé e estivemos à conversa com o eng.º Alexandre Andrade numa altura em que o assunto anda à baila pela agenda mundial.

NBA: A época que agora começa em análise.

Manel Cruz: a pessoa, o músico e o poeta.

Presidenciais 2011 aquecem com candidatura de Cavaco Silva.

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2 // Mundo Contemporâneo

Editorial

O atleta passa o testemunho, o jornalista não pode passá-lo. O jornalista não corre, mas às vez-es dá passos de gigante. O jor-nalista tem mãos pequenas e por vezes tolas. Não saberia como pas-sar o testemunho. O jornalista nem sempre sabe o que escrever.O jornalista não passa o tes-temunho, passa o tesouro que lhe parece sempre infinita-mente mais valioso: as palavras.Mesmo que nem sempre saiba li-dar com elas, mesmo que tenha de lutar para colocá-las da mel-hor forma no papel. O jornalista trabalha com palavras e são das suas palavras que brota a verdade. Porque hoje, ao passarmos este “te-souro” para novas mãos hábeis e re-pletas de vontade de triunfar somos nós que estamos lá outra vez a apre-nder, a aprender com as palavras. Ao longo desta nova etapa tudo o que desejamos é que a vossa

caminhada seja pautada pela se-riedade, rigor e vontade que nos moveu na criação deste projecto. E porque o Mundo Contemporâ-neo, o mundo em que vivemos hoje precisa de ser olhado e vis-to pelos olhos da crítica todos os dias, não podemos deixar de nos sentir orgulhosos com a vossa ânsia em agarrar este projecto. Porque como vos disse, o jornalista não passa o testemunho. Passa a vontade, passa o olhar rigoroso e atento a cada situação do dia-a-dia na certeza de que o vosso percurso será veloz como o de um atleta. Assim, na impossibilidade de vos passarmos o testemunho, passa-mo-vos a melhor ferramenta de trabalho de um jornalista: as pa-lavras. Porque foi com elas que ao longo de um ano conseguimos crescer pessoal e profissionalmente.

Isa Mestre

O atleta passa o testemunho, o jornalista não pode passá-lo. O jornalista não corre, mas às vezes dá passos de gigante. O jornalista tem mãos pequenas e por vezes tolas. Não saberia como passar o testemunho. O jornalista nem sempre sabe o que escrever.O jornalista não passa o teste-munho, passa o tesouro que lhe parece sempre infinitamente mais valioso: as palavras.Mesmo que nem sempre saiba lidar com elas, mesmo que tenha de lutar para colocá-las da melhor forma no papel. O jor-nalista trabalha com palavras e são das suas palavras que brota a verdade. Porque hoje, ao passarmos este “tesouro” para novas mãos hábeis e repletas de vontade de triunfar somos nós que estamos lá outra vez a aprender, a apren-der com as palavras. Ao longo desta nova etapa tudo o que desejamos é que a vossa caminhada seja pautada pela seriedade, rigor e vontade que nos moveu na criação deste projecto. E porque o Mundo Contem-porâneo, o mundo em que vivemos hoje precisa de ser olhado e visto pelos olhos da crítica todos os dias, não podemos deixar de nos sentir orgulhosos com a vossa ânsia em agarrar este projecto. Porque como vos disse, o jor-nalista não passa o testemunho. Passa a vontade, passa o olhar rigoroso e atento a cada situa-ção do dia-a-dia na certeza de

Estatuto Editorial

Nova Etapa

É assim que nasce uma nova etapa do Mundo Contemporâ-neo. Uma nova fase que quer manter o nível das edições anteriores, inovando. Inovando no grafismo, nos conteúdos e na sua originalidade. Porque de recessões e cortes na despesa já o país está saturado, porque de influências politicas está o jornalismo farto, esta revista será um conjunto de todos os problemas da atu-alidade mas não só, será uma aliança de vontades dos alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Algarve. Vontade de aprender, von-tade de trabalhar, fazer mais, fazer melhor e principalmente vontade de sermos ouvidos. Por isso, como novo dire-tor, sinto-me privilegiado em ser o porta-voz de uma eq-uipa de trabalho que, apesar das dificuldades, se juntou e conseguiu brindar os nossos leitores com a continuação deste excelente projeto.

Filipe Pardal

o tEstEmuNho

Mundo Contemporâneo (MC) é uma revista digital da Licenciatura em Ciên-cias da Comunicação da Universidade do Algarve. Surge no âmbito da discip-lina de História Contemporânea e tem por objectivo oferecer aos alunos uma experiência mais prática em termos jornalísticos.

MC é uma revista multimédia de informação geral e periodicidade mensal, organizada pelas seguintes seções: Portugal, Mundo, Cultura, Desporto, Lazer, Ciência e Tecnologia.

A revista promove o rigor informativo e a distinção clara entre informação e opinião.

*A revista é redigida utilizando o novo acordo ortográfico *

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indEx

tEma dE capa

Minas em Portugal seguem as normas da Europa e são mesmo das mais seguras do ter-ritório

Portugal p.4Mundo p.8Cultura p.10Lazer p.15Desporto p.18Ciência e Tecnologia p.22

Mundo Contemporâneo // 3

Entrevista a Júlio Marcelino, atual treinador do clube de judo mais impor-tante da região

p.20

GEral

dEsporto

p.6

DIRETOR Filipe Pardal ADJUNTO Ana Pereira DIRETOR DE ARTE Ricardo Madeira ADJUNTO Maartje Vens PORTUGAL Jorge Felício, Mª João Parente, Ângela Marques (coordenadora), Andreia Matinhos, Filipe Pardal MUNDO Ana Louren-ço, Ana Pereira, Denise Horta, Ana Marques (coordenadora) CULTURA Ana Parra, Milton Lima, Isa Vicente, Luis Timó-teo, Tatiana Contreiras, Susana Teixeira, Diogo Leal (coordenador) LAZER Ana Narciso (coordenadora), Raquel Viegas, Cristina Apolónia, Cecilia Palma, Orlandina Guerreiro CIÊNCIA/TECNOLOGIA Ricardo Madeira, Micaela, Sofia Chaveiro, Maartje Vens (coordenadora), Melanie Messias DESPORTO Pedro Nascimento (Coordenador), Fábio Gonçalves, Andreia Ruívo, Liliana Lourencinho CONTACTO [email protected]

rEvista muNdo coNtEmporâNEo

Barack Obama: da fama à descon-fiança.

página 8

muNdo

Moda LisboaLisboa recebeu o evento Moda Lisboa 35’

Geert WildersO defensor das “políticas liberais” anti-islão

De malas feitasSugestões gastronómicas da “aldeia global”

Os Da Vinci da NASAO Robot que também é médico

p.5

p.25

p.9p.8

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4 // Mundo Contemporâneo

Com a oficialização da recandida-tura de Cavaco Silva nas próxi-

mas eleições presidenciais de 2011, restam cada vez menos dúvidas quanto ao potencial vencedor desta corrida eleitoral, de acordo com as últimas sondagens. Com a votação para o Orçamento de Estado quase à porta, a pré-cam-panha para as próximas eleições presidenciais tem passado desperce-bida.Enquanto os nomes de Manuel Alegre, Francisco Lopes, Defensor Moura, Fernando Nobre e José Pinto Coelho surgem como presenças con-firmadas à corrida presidencial, a re-candidatura de Cavaco Silva perman-ecia incógnita.Após afirmar consecutivamente que só revelaria se se recandidataria ou não depois da votação do Orça-mento de Estado, Cavaco Silva aca-bou por anunciar oficialmente a sua recandidatura no passado dia 26 de Outubro, pelas 20 horas, no Centro

Cultural de Belém. Esta informação foi facultada em antemão pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa, durante um dos seus comentários semanais, e pos-teriormente confirmada no passado dia 20 de Outubro pelo Chefe de Es-tado na Covilhã, quebrando assim o “efeito surpresa” tão esperado pela presidência. Apesar de não ter ad-mitido o conteúdo da declaração a efectuar no CCB, o atual Presidente da República avançou esta informa-ção cinco anos depois de ter anun-ciado a primeira candidatura, a 20 de Outubro de 2005, no Porto.

O Presidente da República é assim o último dos nomes pesados a apre-sentar-se à corrida eleitoral, seguin-do o exemplo dos presidentes que se recandidatam – “os presidentes em exercício apresentam-se ao acto eleitoral já no fim do prazo, são os úl-timos a avançar” – confirma o espe-cialista em ciência política, António Costa Espinho, que explica ainda esta

demora na apresentação da recan-didatura com a instabilidade política nacional e o facto de Cavaco não ser “um político com particular apetên-cia para campanhas competitivas”.O potencial candidato do PSD conta já com o apoio de Santana Lopes e Alberto João Jardim, sendo por agora o candidato mais forte. Esta superio-ridade vai ao encontro da projecção da Intercampus, levada a cabo entre os dias 4 e 6 de Outubro do corrente ano, que adianta Cavaco Silva como o vencedor das eleições com 59,4% dos votos, seguindo-se o candidato do PS, Manuel Alegre, com 26,8% da preferência eleitoral e só depois Fer-nando Nobre com 9,1%.O prazo para a entrega das candi-daturas a Belém termina a 23 de Dezembro, e as Eleições Presidenci-ais realizar-se-ão no dia 23 de Janeiro do próximo ano, decorrendo as cam-panhas eleitorais entre os dias 9 e 21 do mesmo mês.

Portugal

Presidenciais 2011 por Andreia Matinhos e Ângela Marques

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Mundo Contemporâneo // 5

Este mês foi In the Market, mais precisamente no Mercado da

Ribeira que os principais criadores de moda em Portugal mostraram as suas colecções Primavera/Verão para o próximo ano. A Semana da Moda decorreu nos dias 7, 8, 9 e 10 de Out-ubro e contou com desfiles de estil-istas como Ana Salazar, Nuno Gama, Miguel Vieira, Nuno Baltazar, e mar-cas como Adidas e CIA. Marítima.A mostra de talentos decorreu ao ritmo de sons alternativos e comple-mentada com poesias declamadas por Luís Miguel Cintra, ator e encena-dor.Pela passerelle passaram nomes do futebol e do atletismo. Figuras do mundo do desporto entre os quais Naide Gomes, Nelson Évora, Nuno Gomes e Simão Sabrosa desfilaram para mostrar o estilo streetwear da

Adidas.Fora das plataformas convidados das mais diversas áreas, desde a política, passando pela música até à elite so-cial, estiveram presentes na primeira fila, num evento com direito a figu-rantes e cocktail de boas-vindas.O Moda Lisboa exibiu nesta edição 24 desfiles de 18 designers e primou pelo contraste da tradição de um mercado típico português com o es-pírito vanguardista e internacional do vestuário.

A estilista Maria Gambina encerrou a 35ª edição do Modalisboa com uma exposição elegante feminina e casual.A opinião geral dos convidados foi bastante positiva e a diretora da agência ModaLisboa, Eduarda Ab-bondanza afirmou que o evento cor-reu conforme planeado.Ficam assim estabelecidas as tendên-cias da época através das propostas de estilistas portugueses e convida-dos. Pelo menos até Março…

Moda LisboaLisboa recebeu no princípio de Outubro o evento Moda Lisboa 35’, In the Market por Maria João Parente

Portugal

“O Moda Lisboa exibiu nesta ed-ição 24 desfiles de 18 designers”

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6 // Mundo Contemporâneo

A indústria mineira portuguesa está, provavelmente, longe de

assistir a um episódio de dimensões tão dramáticas como aconteceu re-centemente no Chile. Quem o diz é o engenheiro Alexandre Andrade, dire-tor da mina de Loulé, que presenteou uma pequena entrevista para a revista Mundo Contemporâneo. Os sistemas de segurança das minas europeias per-filham o mesmo padrão, assim sendo, as que estão localizadas em território europeu conservam uma situação semelhante em termos de manuten-ção de equipamento, bem como em questões de relatórios de segurança. Aliás, a situação trágica que decorreu no Chile foi provocada por existir ape-nas uma saída possível em caso de der-rocada, assim que esta foi bloqueada os mineiros ficaram sem opções de salvamento. A Rússia, a China e muitos países africanos vivem em situações mais complicadas, não existindo o pla-neamento necessário para evitar situa-ções infelizes.

Alexandre Andrade afirma que, “as minas Portuguesas estão equipadas com os meios necessários para a extra-ção ser produtiva e segura” e vai mais

longe quando expressa que as falhas de segurança existentes nas três minas em laboração (Loulé, Neves Corvo e Panasqueira) são maioritariamente provocadas por falha humana. Como testemunho, no caso especifico das minas de Loulé que estão em labora-ção há quarenta e quatro anos, existe o registo de zero fatalidades em trabal-ho, chegando a laborar cento e oitenta pessoas simultaneamente. Contactado António Guerreiro, delegado sindical das minas de Neves Corvo, este ates-tou as declarações afirmadas anterior-mente, destacando “o enorme papel que as organizações sindicais têm no que diz respeito à luta para melhores condições de trabalho e segurança para os mineiros de todo o país”.

A entidade responsável pela fiscaliza-ção das minas é a DGEG – Direcção-Geral de Energia e Geologia - que contribui nomeadamente para a co-ordenação dos trabalhos de definição, concretização e avaliação da política de identificação, desenvolvimento e exploração dos depósitos e massas minerais. A fiscalização é rigorosa e geralmente é consumada no seu dev-ido momento, porém António Guer-

reiro alerta para “os equipamentos da idade da pedra”, apesar de estes usu-fruírem de revisões periódicas para a modificação de peças danificadas. Em termos de segurança, a maior lasca, mas também a maior luta sindical, ai-nda se concentra provavelmente pela falta de formação profissional dos mi-neiros. Não conseguimos apurar quais são as actividades extractivas com maior número de acidentes em tra-balho, mas Daniel Lopes, um antigo mineiro das minas de Aljustrel afirma “Trabalhar em uma mina não deixa de ser uma profissão de risco, no entanto se a segurança for feita em condições é possível tornar a actividade mineira numa profissão sem acidentes”.

Em suma, temos motivos para acredi-tar que Portugal está bem preparado neste sector e que apesar de algumas fatalidades pontuais que já tiveram registo, a profissão de mineiro não tem necessariamente de ser considerada uma das profissões mais perigosas, não afastando o seu esforço para con-seguir trabalhar a mil metros debaixo do solo.

Minas portuguesas entre as Mais seguras

Texto por Filipe Pardal // Imagem por Jorge Felício

6 // Mundo Contemporâneo

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Mundo Contemporâneo // 7

Texto por Filipe Pardal // Imagem por Jorge Felício

“as minas Portuguesas estão equipadas com os meios necessários para a extração

ser produtiva e segura”

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8 // Mundo Contemporâneo

A popularidade de Barack Obama parece estar a afundar-se num

mar de promessas por cumprir. Em pouco mais de 1 ano e meio o atual presidente dos Estados Unidos per-deu 18% de aprovação por parte dos eleitorados.

De entre os 68% de americanos que no dia 20 de Janeiro de 2009 de-positaram a sua confiança em Barack Obama ao contribuir com o seu voto para que este se tornasse seu gover-nador, uma parte considerável põe ag-ora em causa a sua opção. O recente presidente cumpriu pouco mais de 90 das 502 promessas às quais se propôs cumprir, o que, segundo o historiador político Evan Cornog, conduziu a uma acentuada descida da satisfação por parte da população, não só nos Es-tados Unidos mas também mundial-mente. Este cenário não é de admirar se se tiver em conta a pesada herança que foi deixada a Barack Obama pelo anterior Governo. Ainda que tenha aterrado em campo de guerra com o Afeganistão e com o Iraque, Barack

Obama parecia ser, aos olhos da popu-lação mundial, o candidato ideal para o combate à crise. Os seus esforços concentraram-se na luta contra a crise financeira e o aquecimento globais. É de reforçar que Barack Obama foi honrado com o Prémio Nobel da Paz, o mesmo homem que, ironicamente, hoje, é apontado pelos media como um “incumpridor de promessas”. O envio de mais tropas para o Afe-ganistão, o aumento do desemprego da população com estudos médios, a intensificação da crise económica e a extensão da cobertura de saúde a um número mais elevado de pessoas são assim os principais fatores que estão na base do aumento da insatisfação do povo.

Barack Obama: Da fama à desconfiançapor Ana Lourenço e Inês Gaio

Geert Wilders, o defensor das “políticas liberais” anti-islãopor Denise Horta

Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade holandês, tem feito

polémica com as suas afirmações anti-islamitas. Certo é que a sua populari-dade tem crescido na Holanda desde que se formou a coligação que governa atualmente o país.

A renúncia ao cargo de primeiro-minis-tro por parte de Jan-Peter Balkenende, foi um passo importante para o ganho de popularidade por parte de Wilders. Após a formação de uma coligação do governo entre o VVD e o PVV, pode-se afirmar que a política holandesa gan-hou um novo rumo. Segundo o The Economist “Geert Wilders é o mais proeminente repre-sentante dos partidos antiemigração e anti-islão que têm emergido na Euro-pa”. Ideias como cobrar uma taxa pelo uso do lenço islâmico na Holanda, ou mesmo na existência da Eurábia têm causado alguma controvérsia. Surge

ainda de sua parte a comparação do Corão com Mein Kampf de Adolf Hitler. Loiro e de olhos azuis, ele define-se a si mesmo como um ardente defensor da liberdade de expressão, facto que não exagera. Desde o início do mês de Outubro que está a ser julgado por de-clarações de incentivo ao ódio racial e à discriminação. A luta de Wilders não tem sido em vão e tem dado alguns frutos: no acordo de coligação as burqas e os lenços que tapam a cara vão ser proibidos; polí-cias e juízes não vão poder usar len-ços que tapam a cabeça. O primeiro primeiro-ministro liberal desde 1918, Mark Rutte, promete a redução da imi-gração após pressão da parte do par-tido de Wilders afirmando que "não podemos continuar a deixar entrar na Holanda tantas pessoas sem perspeti-vas". Na Holanda vivem cerca de um milhão de islamitas.

Mundo

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Mundo Contemporâneo // 9

Cachupa RicaIngredientes:

1 pé de porco 500 g de frango 1 chouriço 1 farinheira 150 g de toucinho entremeado 1 morcela 500 g de carne de vaca de cozer 100 g de banha 3 dentes de alho 2 cebolas grandes 1 folha de louro 0,5 l de milho 4 folhas de couve-portuguesa (cortada aos bocados) 3 dl de feijão-pedra 300 g de batata-doce (cortada aos cubos)3 dl de favona 300 g de banana verde (cortada em rodelas grossas)200 g de abóbora cortada aos cubossal q.b. piripiri q.b. 1 ramo de salsa 1 l de água

Confeção:

No dia anterior demolhe o feijão e o milho, que são cozidos no dia seguinte.Coza as carnes e o toucinho em separado. À parte, coza as folhas de couve, a batata-doce, a abóbora e a banana.Leve um tacho ao lume com a banha, a cebola e os dentes de alho picados, a folha de louro e o ramo de salsa. Quando a cebola começar a amolecer, junte-lhe as carnes cortadas aos bocados e as hortaliças. Tempere com piripiri e adicione a água da cozedura das carnes. Para que o caldo não fique muito forte, junte mais um pouco de água. Deixe ferver um pouco em lume brando para apurar. Está pronto a servir.

O espaço De Malas Feitas surge no Mundo Contemporâneo com o objetivo de dar a conhecer aos leitores peque-nas, ou grandes, curiosidades sobre a aldeia global em que vivemos. Assim, nos próximos números, procuraremos

apresentar aspetos diversos que contribuem para a riqueza cultural de cada um.Neste número escolhemos trazer um dos grandes marcos da diversidade mundial: a gastronomia. A Cachupa Rica é um prato típico de Cabo Verde, e as Natinhas do Menino Jesus uma receita dos “nuestros hermanos”.

De Malas Feitaspor Ana Marques e Ana Pereira

Natinhas do Menino JesusIngredientes:

1 l de leite sumo e casca de 1 laranja 50 g de farinha maizena 300 g de açúcar 3 gemas 2 ovos canela em pó

Confeção:

Corte a casca da laranja fina e deite-a no leite, levando a ferver. À parte, misture a maizena com o açúcar, as ge-mas, os ovos e o sumo de laranja, mexendo bem.Adicione, em fio, o leite, já sem a casca da laranja, e, mexendo sempre com a colher de pau, leve ao lume até levantar fervura. Deite em pratinhos ou tigelinhas individuais e, depois de deixar arrefecer bem, polvilhe com canela em pó a gosto. Está pronto a servir.

Mundo

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A comédia «Uma família muito mod-erna» estreou nos EUA em 2009 e

já começa a dar que falar.Na 62ª edição dos prémios Emmy re-alizada este ano, esta série arrecadou seis prémios realçando as seguintes categorias: melhor série de comédia, melhor actor secundário, melhor actor convidado e melhor argumento den-tro do mesmo género. Teve de igual modo, uma nomeação para os Golden Globes e nos prémios Director Guild of America ganhou na categoria de mel-hor realização. A revista Time consid-erou-a como “a mais engraçada e nova comédia familiar do ano”.«Uma família muito moderna» começou a ser emitido em Portugal

em Maio deste ano no canal FOX Life, e tal como o nome indica, representa o quotidiano confuso e as relações com-plicadas das famílias complexas própri-as do século XXI.Esta série destaca-se pela forma de re-alização, é semelhante a um documen-tário devido aos relatos ficcionais das personagens. Através desta particulari-dade a série aproxima-se muito da vida real e é quase impossível que o público não se identifique com uma ou outra personagem.Esta grande família divide-se em três núcleos que se relacionam entre si e ilustram os estereótipos da sociedade americana. No núcleo mais tradicional integram-se Claire (Julie Bowen), dona

de casa, e Phil (Ty Burrell), que são casados e têm três filhos, Haley (Sarah Hyland), Alex(Ariel Winter) e Luke (No-lan Gould). No núcleo mais moderno integram-se Mitchell (Jesse Tyler Fer-guson)e Cameron(Eric Stonestreet), um casal gay que adoptou uma bebé vietnamita. Por fim do núcleo multicul-tural faz parte o casal Jay (Ed O’Neill) e Gloria (Sofía Vergara) natural da Colômbia, e Manny (Rico Rodriguez) que é filho de Gloria. Jay é pai de Claire e de Mitchell.A primeira temporada desta série con-ta com muito humor e muitos actores convidados, o que torna cada episódio imperdível para muitos espectadores.

Cultura

Modern family : Como é a sua? por Tatiana Contreiras

10 // Mundo Contemporâneo

Draculea Café -Bar

TV/Séries

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Mundo Contemporâneo // 11

Estamos precisamente no ano de 2001, ano de libertação de Gor-

don que sai com pouco dinheiro, um telemóvel quase préhistórico e um bil-hete para a Big Apple.Em segundos, avançamos sete anos e conhecemos Jacob/Jake Moore (repre-sentado por Shia Labeouf), um jovem brilhante, ambicioso e idealista em relação à aposta em investimentos de energia limpa e sustentável, atitude que talvez seja o único elo de ligação com a sua namorada Winnie (carac-terizada pela atriz em ascenção Carey Mulligan), filha de Gordon Gekko.Winnie caracteriza-se pelo deprezo que sente pelo pai, atribuindo-lhe a culpa pela destruição da família (over-dose do irmão e abandono por parte da mãe). Odeia tudo o que rodeia o pai; trabalha num blog ativista, onde denuncia todos os «podres» do mundo financeiro.Jacob trabalhava na Keller Zabel Invest-ments (KZI), uma empresa de renome e altamente rentável liderada por Louis Zabel (Frank Langella) até que surge uma crise no mercado que força-o a vender a empresa a Bretton James (Josh Brolin) um impiedoso homem de negócios, por uma ninharia; razão, esta, que levara ao suicídio de Zabel.Abalado pela morte do mentor e patrão, Jake decide procurar Gekko e ambos fazem um acordo:Gekko ajuda-o a vingar-se da morte de Zabel, des-macarando Bretton e em troca Jacob ajuda Gekko a reconquistar a filha. Mentiras, boatos, escandâ-los e

traições são o mote deste filme. “Wall Street: O dinheiro nunca dorme” é de facto um bom filme, usando como pano de fundo toda a agressividade usada nos mercados bolsistas de Wall Street.Realmente, em tempos de crise, esta longa metragem parece que veio mes-mo a tempo. Os guionista Allan Loeb e o também realizador Oliver Stone utilizaram, de modo inteligente, as histórias individuais das personagens principais para fazer uma crítica geral e muito pertinente, assim como uma exposição à situação atual do mercado financeiro que peca pela falta de medi-das de combate à especulação.A riqueza dramática de história do filme, ainda que por vezes excessiva, serve para dar mais valor e credibili-dade à história, e ainda de fio condutor de todo o seu desenrolar; deixando, no entanto, aquela “pseudo relação” entre pai e filha Gekko que faz parecer aquele ressentimento todo um pouco forçado. O filme acaba por ter uma conclusão idealista, moralmente satisfatória (at-revo-me a dizer fantasiosa, até): rela-tivamente ao vilão, Bretton, acaba por ser responsabilizado pelas suas ações e ainda ao «final feliz» de Jacob e Win-nie. No entanto a grande surpresa é o regresso de Gekko pai,acompanhado da frase «What, can´t you believe in a comeback?»Mais uma vez, Oliver Stone prova o seu valor como realizador, nunca deixan-do a sua vertente controversa, crítica

e polémica de lado. No entanto, em comparação aos seus trabalhos, “Wall Street: O dinheiro nunca dorme” não chega aos pés das complexidades téc-nicas de clássicos como “Alexandre, O Grande” ou “W”.De parabéns está ainda o diretor de fotografia Rodrigo Prieto que descreve de forma genial toda a área envolvente de New York.Com um um elenco luxuoso e experi-ente desde Michael Douglas, com um bom papel, mas soube a pouco; deix-ou-nos apegados ao Gekko de “Wall Street” (1987) que foi merecedor de Óscar. Carey Mulligan, que deu cartas no filme nomeado de 2009 “An Educa-tion”, e ainda Josh Brolin (no papel de vilão) tiveram ambos grandes perfo-mances.Em relação a Shia LaBeouf, peman-ece a dúvida. O ator vendido às ações «transformerianas», digo, às películas de Michael Bay, ficou muito a desejar naquele que foi provavelmente os seu primeiro grande papel (à exceção de “Paranóia” e “Alpha Dog”), sendo mes-mo o elo mais fraco no trio de protago-nistas (Mulligan, Douglas e LaBeouf).De nota negativa, estão os atores Su-san Sarandon que esteve “apagada” durante o filme, assim como James Franco que não se destacaram. Acerca de Charlie Sheen, sem comentários…«Será a ganância uma coisa boa?» Assista e tire as suas próprias con-clusões, pois uma coisa é certa, «pode ser anti ética mas não é ilegal».

Cultura

Wall Street: Money Never Sleeps / O dinheiro nun-ca dormepor Milton Lima

O filme «Wall Street: O dinheiro nunca dorme» surgiu numa espécie de spin-off do clássico de 1987 «Wall Street:Poder e Cobiça», onde o que se mantem de uma película para a outra é o galardoado Michael Douglas (Gordon Gekko) e Charlie Sheen, que mais valia não ter aparecido!Gordon Gekko é uma personagem ironicamente cativante, com uma personalidade desprezível e ainda uma lábia sociopata; pagou caro pela suas ações acabando preso, ser-vindo de exemplo para os grandes capitalistas.

Cinema

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Manel Cruz presenteou os seus fãs com temas arrojados, com musicalidades fora dos padrões habituais do país. A revista Mundo Contemporâneo dá-vos a conhecer melhor este cantor e os seus projetos.

De Ornato a Bandido fugitivopor Diogo Costa Leal e Luís Timóteo

Manuel Gomes Coelho Pinho da Cruz, ou simplesmente Manel

Cruz, artista inato, não tem como objectivo primordial a publicidade, o lucro ou o vedetismo. Escreve e cria por prazer e necessidade. «As pessoas têm mesmo essa necessidade de criar coisas, é quase como comer […] Não me identifico com essa ideia de alcan-çar mercados. A ideia é alcançar pes-soas. […] Embora goste de saber que as pessoas gostam do que faço.» (Manel Cruz).

As letras dos projectos em que esteve envolvido sempre foram caracteriza-das pela evocação da figura feminina e também da materna, o sexo e as palavras sem tabus, o erro intrínseco à vida, o jogo entre os sons e as pa-lavras, a crítica crua à sociedade, aos meios de comunicação social, à políti-ca, como também às falsas amizades e à violência, o ser solitário, insatisfeito, assim como a ironia e o sarcasmo.

“Gosto da sonori-dade, das palavras”«Gosto da sonoridade, das palavras, […] comunicar as coisas de uma for-ma mais simples […] a comunicação é sempre uma coisa subjectiva […] Daí o encanto da escrita, porque nunca é líquido. Esse jogo de procurar essa subjectividade e encontrar as pes-soas nessa subjectividade emocional é muito fixe […] Os próprios jogos com palavras, jogos de fonética, a musicali-dade das palavras. Gosto da ideia da canção.» (Manel Cruz).

Na génese dos Ornatos Violeta esteve uma banda chamada «Suores dos Reis», na qual já militavam alguns el-ementos que viriam a formar o núcleo duro dos Ornatos, mais tarde o vocal-ista Ricardo sai da banda, Elísio Donas entra para as teclas e Manel Cruz passa de guitarrista a vocalista, corria então o ano de 1991.

Passados três anos a banda ganhou o prémio de originalidade no concurso de música moderna portuguesa do «Rock Rendez Vous». Depois de alguns anos passados na «garagem», em 1997 sai o muito aguardado primeiro álbum: «Cão!». Ainda em 1997 são convidados pelos Xutos e Pontapés para abrir os seus concertos, entre eles, um no Coliseu de Lisboa. Entre 1997 e 1999 editam alguns temas em várias colectâneas nacionais. «O monstro precisa de amigos» foi o título escolhido para aquele que viria a ser o segundo e último álbum da banda portuense, lançado em 1999. Este trabalho contou com a participa-ção de vários artistas, nomeadamente Vitor Espadinha, Gordon Gano (Violent Femmes) e Corvos. Este disco veio con-solidar a posição dos Ornatos Violeta no panorama musical português, este facto ganhou ainda mais fundamento quando, em 2000 a banda arrecadou todos os prémios das categorias para que estava nomeada pelo então jornal «Blitz».12 // Mundo Contemporâneo

Cultura

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Mundo Contemporâneo // 13

Cultura

Em 2002, quando nada o fazia prever – porque a banda estava a preparar um terceiro álbum – dá-se o fim da car-reira dos Ornatos Violeta, sendo que no último concerto Manel Cruz des-pediu-se do público com a expressão «Até um dia!». Esse dia chegou ainda no mesmo ano, quando Manel Cruz formou outra banda, os Pluto. Este col-ectivo praticava uma sonoridade mais crua e pesada em relação ao seu grupo anterior. Para a história desta banda fica apenas um álbum intitulado «Bom dia». Curiosamente na mesma semana em que nasceram os Pluto surgiu tam-bém outra banda em que Manel Cruz era novamente vocalista, os «SuperNa-da», que para além de alguns concer-tos e de um CD ao vivo no «Hard Club», pouco mais ofereceram aos seus fãs.

No

Verão de 2008 o «Bandido» edita o seu álbum/livro, constituído pela quanti-dade surpreendente de oitenta músi-cas, algumas delas com títulos bastan-te sugestivos, tais como «Mau hálito», «Discussão Canina», «Cabói Inglês» ou «Passaroco Motoqueiro», dividido em duas partes (O amor dá-me tesão/Não fui eu que estraguei), este projecto foi “cozinhado” durante dez anos e contou com a participação de vários amigos e familiares do artista. Os temas foram gravados maioritariamente num am-biente de estúdio caseiro. A primeira edição de aproximadamente 1000 ex-emplares esgotou num ápice e já conta com uma segunda.

Entre os três primeiros projectos, Or-natos Violeta, Pluto e Supernada, até

ao último, Foge Foge Bandido, verifica-se uma transformação significativa do estilo musical. Antes o estilo era mais rock e no seu último projecto depar-amo-nos com uma fuga aos cânones mais convencionais sendo que Foge Foge Bandido é composto por uma amálgama de sonoridades mais alter-nativas e experimentalistas.

Este «Ornato Bandido» para além de músico explora o mundo das artes plásticas e destaca-se pelo seu estilo próprio de escrever poesia. Cresceu, aprendeu e inovou dentro da sua própria música.

A escrita e musicalidade com cariz imagético estão bem perceptíveis nas suas tendências particulares. Como o próprio diz numa das suas músicas, «Meu sonho tem boca, que o digam meus ossos, tem dois olhos, sobre a nuca», é um artista sonhador, autodi-dacta e faz questão de cantar na sua língua materna – o português. Justifi-ca-se mencionando que dessa mesma forma as palavras têm maior signifi-cado.

“A ideia da original-idade é uma ilusão tremenda.”Manel Cruz tem um ponto de vista muito particular no que toca à original-idade, «A ideia da originalidade é uma ilusão tremenda. As coisas estão sem-pre a ser inventadas e reinventadas. Não interessa fazer uma coisa que seja aparentemente original. O importante é que seja original relativamente à nossa maneira de sentir. O que me faz impressão é a desistência das pessoas face a essa procura. Essa procura é in-evitavelmente difícil. Só com o tempo é que nos tornamos mais experientes. E depois, quando nos tornamos expe-rientes podemos resignar-nos com a experiência que temos ou estabelecer novos objectivos.» (Manel Cruz).Jo

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Cultura

Mundo Contemporâneo – Quando surgiu esta paixão pela escrita?Mafalda Ferreira – Quando percebi que a escrita podia ser o meu ponto de abrigo. Depois percebi que as pes-soas gostavam do que eu escrevia, começaram a incentivar-me bastante, eu comecei a escrever mais e com mais frequência, até que tive material suficiente para criar um livro.

MC – Quais são os seus pontos de in-spiração?MF – A minha inspiração são pequenos momentos da vida, coisas pontuais, como experiências pessoais, histórias a que tenho acesso, ou histórias de vida com que todos os dias nos depa-ramos. Não posso apontar uma altura específica, dizer que estou mais inspi-rada consoante os estados de espírito, num determinado local ou com deter-minadas pessoas, é algo que quando vem é em bruto e para passar para o papel imediatamente.

MC – É fácil ser-se escritor em Portu-gal?MF – Definitivamente não é fácil ser escritor em Portugal. É necessária muita procura e investimento da parte do autor do livro, para que consiga que o seu trabalho seja publicado. Existem

bastantes editoras, mas especializa-das, e um reduzido número de edito-ras está disposto a publicar trabalhos de autores desconhecidos.Haverá a possibilidade de vir a publi-car outro livro?MF – Sim, quero fazer um trabalho continuado, como um crescimento tanto do meu trabalho como pessoal. Seria mais um sonho concretizado, um segundo livro.

MC – Porquê o nome “Os meus son-hos nas tuas mãos “?MF – Foi um título que construí, uma ideia que era muito próxima. Achei que tinha de ser este o título do meu livro, não poderia ser outro, desde o momento em que pensei nesta frase.«Os meus sonhos nas tuas mãos» porque nós colocamos sempre os nos-sos sonhos nas mãos de outras pes-soas, mesmo que não seja de forma indirecta, todos nós dependemos uns dos outros.

MC – Quanto tempo demorou a es-crever o seu livro? MF – O livro surgiu quando eu me aper-cebi que tinha material suficiente para colocar em livro, tanto em quantidade como em qualidade. Eu não comecei a escrever para o livro num dia, estipu-

lando uma data para o terminar.

MC – Dedica este livro a alguém? MF – A todas as pessoas que conhece-ram o meu trabalho antes do livro ser publicado.

MC – Qual a frase que mais a marca?MF – “ Eu descobri que me posso par-tir”

MC – Este livro era um sonho?MF – Realmente eu nunca tinha pensa-do em ter um livro, claro que gostava de ser autora de um livro, mas nunca tinha pensado em investir nisso. Foi quando me dediquei à escrita, que sur-giu a ideia do livro. Aí sim, ter o meu livro tornou-se um sonho.

MC – Qual a sua opinião acerca da lit-eratura portuguesa?MF – Actualmente, existem bons au-tores, de diferentes géneros. Mas to-dos nós podemos ser autores, e essa ideia ainda não é aceite pelos editores da literatura portuguesa. Acho que há talentos que não estão em livros, mas que são tão grandes comos os “au-tores da literatura portuguesa”, os au-tores reconhecidos.

Entrevista a Mafalda Ferreirapor Isa Vicente e Ana Parra

Ficha técnica:Editora: Corpos Editora

Lançamento: 24 de Abril de 2010

Mafalda Ferreira, aluna do curso de ciências da comunicação na Universidade do Al-garve, viu publicada recentemente a sua primeira obra literária, intitulada de “ Os meus sonhos nas tuas mãos”.

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Mundo Contemporâneo // 15

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Algarve – 4 destinos de Invernopor Ana Narciso, Raquel Viegas e Cristina Apolónia

EstoiO Palácio de Estói, construído no séc. XIX pelo Visconde José Francisco da Silva, é um bom destino para quem quer uma boa dose de cultura. Após a morte do Visconde, este Palácio con-tinuou a pertencer à sua família até ao ano de 1987 quando é comprado pela Câmara Municipal de Faro. Em 1977, foi classificado como Imóvel de Interesse Público e actualmente é uma das Pousadas de Portugal.

A sua arquitectura e jardins estilo Ver-salhes são atractivos ao nosso olhar e proporcionam uma viagem pelo tem-po. Este lugar, situado a 10 km de Faro, dá-nos excelentes alternativas para empreendermos o nosso tempo livre no Inverno. O Health Club inclui sauna, banho turco, piscina interior aquecida, hidromassagem e ginásio. Para quem quiser apenas envolver-se pela atmos-fera acolhedora poderá usufruir do bar e, de seguida, instalar-se numa das grandes salas de chá.

Aqui, o antigo e o moderno juntam-se num só assim como a beleza e o entu-siasmo de sermos transportados para outra era. Mas também há espaço para o mistério… Em 2006, duas esculturas femininas de tamanho real importadas de Itália com 200 kg cada uma, denom-inadas de “Preguiças”, foram “retira-das” dos jardins do palácio e, até hoje, continuam desaparecidas. É sem dúvida, um Palácio com muito potencial.

Contactos:Telef: 289990150

E-mail: [email protected]

Ir de férias para o Algarve no Inverno? Parece não fazer muito sentido, rumar até ao Algarve sem ser para dar uns mer-gulhos nas belas praias da região. Mas esta é uma ideia errada. Na época mais fria do ano, o Algarve, além da tranquili-dade (inexistente no Verão) possui boas condições climatéricas e inúmeras actividades ao ar livre. Caminhadas por praias desertas e descobrir o interior algarvio em veículos todo-o-terreno ou de bicicleta são apenas algumas delas. A magnífica e variada gastronomia da região e a diversidade de alojamento é algo que também não podemos esquecer.Aqui ficam as nossas sugestões.

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Sagres / Vila do BispoCom 60% da sua área inserida no Parque Natural do Sudoeste Alente-jano e Costa Vicentina, o concelho de Vila do Bispo é um dos poucos locais da região do Algarve onde a natureza selvagem, aliada aos variados tipos de turismo e desportos, se mantém intac-ta. A gastronomia é similar à do restan-te Algarve e as bebidas características são a aguardente de medronho e a de figo. Sol, mar e um vasto património

histórico-cultural perfazem, assim, a conjugação perfeita para quem quer sentir o misticismo do passado e a dinâmica do presente. A pequena vila de Sagres contém um enorme significado histórico e marí-timo, de onde, há 500 anos, D. Hen-rique fez sair as caravelas portuguesas à demanda de novos mundos. Muitos amantes do surf praticam o desporto nas praias desta vila, como a famosa praia do Tonel e a do Marinhal que agrega uma escola de desportos náu-ticos. Para quem quiser dedicar-se à

prática de golfe, no Parque da Floresta existe um campo que foi desenhado pelo famoso arquitecto espanhol, Pepe Gancedo. A Fortaleza de Sagres e o Cabo de São Vicente são alguns dos locais onde a história e as inigualáveis falésias e paisagens nos deslumbram. Por tudo isto é, então, caso para nos juntarmos a Luís Represas e dizermos “Sagres, tu sabes como se arma um co-ração”.

AlcoutimLonge da agitação dos centros turísti-cos do litoral algarvio, Alcoutim é um paraíso de tranquilidade entre a serra do Caldeirão e o rio Guadiana, fron-teira natural com a vizinha Espanha. A região dá grande importância ao seu artesanato, eminentemente ligado à vida rural. A carne derivada da caça e o peixe do rio, constituem a base de uma rica gastronomia, onde se destaca também uma apetitosa doçaria que

reflecte a abundância de mel, figos e amêndoas do Algarve. No Miradouro do Guadiana pode-se relaxar e apreciar calmamente a rique-za natural desta zona da serra algarvia. Para conhecer o Miradouro sugerimos o percurso pedestre de 14 Km, que ali tem início, onde se pode encontrar os mais diversos tipos de flora e fauna lo-cais.O Mural de Azulejos é outro local a conhecer. Situado na entrada poente da vila, é da autoria de Carlos Luz e é composto por 31 painéis que contam

histórias da vila.Local de recreio e lazer até mesmo no Inverno, é também a Praia Fluvial do Pego do Fundo. Actualmente um dos maiores atractivos turísticos do concel-ho, dispõe de um parque de merendas com cobertura, um parque geriátrico, campo de voleibol e uma área para ac-tividades lúdicas e desportivas. Por tudo isto, aliado à hospitalidade e simpatia, a vila de Alcoutim merece a nossa visita.

Onde ficar:Pousada da Juventude de Alcoutim

Telef.: 281546004Email: [email protected]

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Onde ficar:Pousada Infante, Telef: 282620240

Parque da Floresta, Telef: 282 690 000E-mail: [email protected]

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Ryanair aposta no aeroporto de Faropor Cecília Palma e Orlandina Guerreiro

Mundo Contemporâneo // 17

A Ryanair permite viajar mais economicamente a par-tir de Faro. Desde Março passado, esta companhia

aérea lowcost, abriu a sua segunda base nesta cidade. Oferece novos destinos aos seus passageiros, o que per-mitiu o crescimento e o desenvolvimento do aeroporto de Faro.Desde Março de 2010, Faro tem estacionados mais seis aviões desta companhia aérea que oferece destinos como Bruxelas, Milão, Birmingham, Billund, Marselha, Derry, Kerry, Oslo, Knock, Estocolmo, Eidhoven, Mem-mingen, Madrid , Paris e Munique. A cerimónia de inau-guração desta nova base aérea contou com a presença de Daniel Carvalho, Director de Comunicação, Eddie Wilson, Director de Recursos Humanos da Ryanair, e re-sponsáveis da ANA e do próprio aeroporto de Faro. Pelas palavras do presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve, Nuno Aires “ esta foi a melhor notí-cia do ano”, pois com este novo investimento de 200 milhões de euros o aeroporto de Faro cresceu significati-

vamente, triplicando em Julho o número de passageiros para 134 mil. Deste modo a Ryanair dominou o mercado, ultrapassando a EasyJet e ganhando-lhe o título de líder. Associado a este investimento da Ryanair surgiram mais de 200 postos de trabalho directos e mais de 1000 indi-rectos. Esta foi uma aposta muito favorável para a cidade de Faro e para o desenvolvimento do turismo algarvio.

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A época 2010-2011 apresenta-se com 3 grandes candidatos ao tí-

tulo: os vencedores das duas últimas edições, Los Angeles Lakers; os atuais campeões da conferência este e fi-nalistas vencidos na época transata, Boston Celtics; e ainda os super-re-forçados, Miami Heat. Estes últimos sofreram uma autêntica revolução no plantel durante o verão, com a entrada de 9 caras novas, destacando-se obvia-mente a contratação da antiga estrela dos Cleveland Cavaliers, LeBron James, e do ex-Toronto Raptors, Chris Bosh.Apesar do favoritismo destas 3 fran-chises, outras equipas deverão ter uma palavra a dizer na luta pelo maior tro-féu do basquetebol mundial, como os Orlando Magic, de Dwight Howard; os Phoenix Suns, de Steve Nash; os Dal-las Mavericks, de Dirk Nowitzki; ou ainda os Oklahoma City Thunder, de Kevin Durant. Estas e outras equipas garantem uma interessante e animada contenda pelas posições cimeiras da

tabela durante a época regular, e emo-tivas e competitivas rondas nos decisi-vos Play-offs.Com um verão calmo em Los Angeles no que toca a transferências de joga-dores, a grande nota do defeso dos Lakers acabou por ser a permanência do treinador Phil Jackson. O homem que já foi campeão da NBA por onze vezes na sua carreira de treinador, tendo cinco dos títulos sido alcançados ao leme da sua atual equipa, decidiu avançar para a sua última temporada na NBA, esperando alcançar o seu 4º tricampeonato. Esta situação, junta-mente com o facto de nenhum dos jogadores mais influentes da forma-ção liderada por Kobe Bryant ter saído, trouxe à equipa uma estabilidade que pode ser decisiva ao longo da época.O plantel é sensivelmente o mesmo que dominou as duas últimas edições, sendo apenas de notar a saída de Jor-dan Farmar, que partiu para New Jer-sey, e as entradas de Matt Barnes e

Steve Blake. A contratação destes dois jogadores visa, sobretudo, fortalecer a 2ª linha da equipa, procurando garan-tir a manutenção do nível de jogo nos períodos de descanso dos jogadores mais influentes.Comandados por Kobe Bryant, e com o contributo de jogadores como Pau Ga-sol, Adrew Bynum, Derek Fisher, Ron Artest ou Lamar Odom, os Los Angeles Lakers partem para a temporada 2010-2011 como a equipa a bater.Com o desaire na final do ano passa-do ainda na mente, os Boston Celtics trabalharam intensamente durante o verão para conseguirem o título que lhes foge há duas edições. O treinador, Doc Rivers, vai poder contar esta épo-ca com o contributo de dois jogadores vindos de Cleveland, o veteraníssimo Shaquille O’Neil e Delonte West, e de Jermaine O’Neil (ex-Miami Heat). Em sentido inverso, Tony Allen rumou a Memphis e Rasheed Wallace terminou a sua carreira.

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Com o início de mais uma temporada na National Basketball Association, as atenções do mundo do basquetebol viram-se, naturalmente, para os pavilhões norte-americanos.

LA Lakers iniciam defesa do títulopor Fábio Gonçalves

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Os atuais vencedores da conferência este, que na época passada perderam no jogo 7 da final da NBA por somente 4 pontos, iniciam a época com uma baixa de peso, Kendrick Perkins, que ficará fora dos planos de Doc Rivers até meados de Janeiro. Tendo em conta esta situação, a adaptação de Jermaine O’Neil, seu provável substituto, ao es-tilo de jogo da equipa será crucial para um bom arranque por parte da equipa de Boston. A base da equipa perman-ece inalterável, com o trio de vetera-nos com maior qualidade da liga (Ray Allen, Paul Pierce e Kevin Garnett) a transitar do ano passado, tal como a jovem estrela, Rajon Rondo, que pode aproveitar este ano para se afirmar como um dos jogadores de topo da liga. Em comparação com o ano pas-sado, os Celics possuem um banco de qualidade superior, com jogadores como O’Shaq, Delonte West, Glen Da-vies ou o pequeno Nate Robinson a darem uma grande base de jogadores de qualidade à equipa. Reputados de melhor defesa da liga, os Boston Celt-ics iniciam a temporada 2010-2011 com a ambição de repetirem o êxito de 2008, ano em que foram campeões pela última vez, embora saibam que a concorrência é feroz.Os Miami Heat foram indubitavel-mente a franchise mais ativa durante o defeso, conseguindo reunir o chamado Big Three: LeBron James, Chris Bosh e Dwayne Wade. As expetativas sobre este trio são grandes, mas 3 jogadores não fazem uma equipa campeã, e é nesse particular que a formação de Miami fica a perder para a concorrên-cia. Pat Riley, presidente da franchise, teve que deixar sair vários jogadores

importantes, como Michael Beasley ou Jermaine O’Neil, para libertar orça-mento para as contratações de LeBron e Bosh, o que levou a que o valor da sua 2ª linha não acompanhasse o salto qualitativo registado nos principais jogadores.Com a qualidade garantida no ataque, a chave do sucesso dos Heat acabará por ser a solidez defensiva que a eq-uipa apresentará. Erik Spoelstra, o trei-nador, terá que contar com jogadores

como o gigante Zydrunas Ilgauskas, Joel Anthony ou Udonis Haslem para assegurar a consistência defensiva ne-cessária, bem como com a disponibili-dade de qualquer um dos Three Kings. Sendo provavelmente o maior candi-dato a derrubar os Lakers do trono, os Miami Heat esperam que as suas estrelas consigam disfarçar as várias lacunas do plantel, de forma a alcançar o seu segundo título da história.Continuando na conferência este, en-contramos os Magic, de Orlando. Esta equipa, que na época transata logrou chegar à final da sua conferência, tem desenvolvido um trabalho de continui-dade, mantendo a base da equipa do ano passado. Não possuindo um plan-

tel equiparável ao de outras equipas, podem, ainda assim, ter uma palavra a dizer, pois jogadores como Dwight Howard, Vince Carter, Jameer Nelson ou Rashard Lewis são claramente aci-ma da média.Os Phoenix Suns também são uma equipa a ter em conta. Finalistas ven-cidos da conferência oeste, perderam Amar’e Stoudemire para os Knicks, mas a equipa de Steve Nash e Hedo Turkoglu é forte e, quando inspirada,

é capaz de grandes feitos. Na mesma linha aparecem os Dallas Mavericks, que colocam as suas esperanças no título nos ombros do alemão Dirk Nowitzki e do veterano Jason Kidd.Em clara ascensão estão os Thunder. Após uma motivante campanha com a seleção americana no mundial, Kevin Durant, forte candidato ao prémio de MVP, aposta forte em liderar a fran-chise de Oklahoma City a uma classifi-cação histórica.No fundo esta ambição é comum a to-das as equipas. A ambição de entrar para cada época com a ideia de a co-locar na história da NBA, da franchise e dos seus fãs.

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Mundo Contemporâneo – Há quanto tempo está ligado ao judo e à Associação Distrital de Judo do Algarve (ADJA)?Mestre Júlio Marcelino – Estou ligado ao judo há bastante tempo, sensivelmente, desde os meus 8 anos, onde já pas-sei por várias etapas, pois comecei em França e agora estou no Algarve. Quanto à Associação, encontro-me ligado há 14 anos, ocupando atualmente a função de diretor-técnico dis-trital.

MC – Estando ligado à modalidade há tanto tempo, pensa que tem havido uma progressão no judo que se pratica no Algarve?Mestre JM – Obviamente. Embora os meus conhecimentos dos princípios do judo no Algarve não sejam muitos, sei que no passado houve, nomeadamente após o 25 de Abril, um boom de todas as modalidades, sendo que o Algarve não foi exceção e surgiram, portanto, bastantes clubes e pratican-tes. Depois acabou por haver uma quebra bastante grande mas penso que, desde que eu cá estou, têm vindo a abrir novos clubes e a estabilizarem, ou seja, não abrem num dia para fecharem no outro.

MC – Que clubes fazem atualmente parte da ADJA e qual o mais representativo?Mestre JM – Antes de mais, penso que é importante referir

que a nível de clubes o Algarve está bem distribuído, embo-ra faltem talvez alguns na zona interior, como por exemplo, em São Brás de Alportel. Neste momento pertencem à ADJA os seguintes clubes: Academia de Artes Marciais do Guadi-ana e o Clube de Ju-jitsu e modalidades associadas, ambos pertencentes a Vila Real de Santo António; Clube Recreativo Alturense, que é também um clube com vários anos de ex-istência; em Faro temos o Judo Clube do Algarve e o Clube de Judo de Faro; Sociedade Recreativa Cacelense; Clube De-sportivo Areias de São João; Judo Clube de Albufeira; Judo Clube de Portimão; Academia de Judo do Sul, em Silves; Gil Eanes de Lagos e peço desculpa se me estou a esquecer de algum. Quanto ao clube mais representativo, esse é, indis-cutivelmente, o Judo Clube do Algarve.

MC – Considera que o Algarve é hoje uma região de refer-ência a nível nacional?Mestre JM – Felizmente o Algarve é hoje uma referência e especialmente por causa de um clube, o Judo Clube do Algarve. Este tem trazido inúmeras medalhas, não só para a região, mas também para Portugal, pois tem vários atle-tas que já foram medalhados em campeonatos internacio-nais. Fazendo o somatório total de medalhas, somos, neste momento, a 3ª ou 4ª associação do país mais medalhada a nível nacional.

O judo é uma modalidade em ascensão no nosso país. No Algarve, a Associação Distrital de Judo é já uma instituição com mais de 30 anos de existência e sobre a sua importância ouvimos o atual treinador do clube mais importante da região, o mestre Júlio Marcelino.

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“O Algarve é uma referência no judo nacional”por Pedro Nascimento

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MC – A nível de atletas, quais pensa serem as maiores refer-ências da região?Mestre JM – Referindo-me apenas aos atletas atuais, a prin-cipal referência é claramente a Ana Cachola, uma vez que já foi várias vezes campeã da Europa. A seguir, estará provavel-mente o Tiago Lopes, que é também um atleta de topo. Há também a Filipa Almeida e a Joana Santos, que é bicampeã do mundo e campeã olímpica dos deficientes auditivos, o que é igualmente bastante importante.

MC – Também a nível de atletas, quais são as maiores espe-ranças do judo algarvio? Mestre JM – Temos alguns jovens a despoletar, como por exemplo a Marta Silva e a Catarina José do Judo Clube de Portimão e outros atletas que se evidenciaram nos escalões mais jovens, mas é necessário aguardar para ver até que ponto amadurecem e continuam a ganhar. O facto de ser medalhado nos escalões etários mais jovens não significa, necessariamente, que se seja um grande atleta, enquanto sénior. Pela minha experiência posso dizer que o judo é uma modalidade bastante complexa e na qual é preciso ter tal-ento, querer e poder e, muitas vezes, aparecem atletas com talento, mas que não podem ou não querem.

MC – O mestre é, incontornavelmente, uma das maiores fig-uras do judo no Algarve. Para além de si, quais pensa serem as outras figuras que mais ajudaram a desenvolver o judo na região?

Mestre JM – Vou ter algumas dificuldades em responder a esta pergunta, porque a região tem um passado, do qual eu não faço parte. No entanto posso dizer que António Menau, Fausto Martins Carvalho, César Nicola e João Carrasquinho são exemplos de pessoas que desenvolveram um trabalho bastante importante no desenvolvimento do judo algarvio. Sou também obrigado a referir algumas pessoas que já se encontram há bastante tempo na modalidade, como o Sr. Jorge Sanina Marques ou o Sr. Reinaldo Aquilino, em Vila Real de Santo António e em Altura, respetivamente. Em suma, posso dizer que se não houver um bom passado é impossível haver um grande futuro.

MC – Para concluir, acha que daqui para a frente o judo al-garvio tem capacidade para evoluir e tornar-se ainda mais competitivo?Mestre JM – Eu penso que neste momento não só há referências a nível de treinadores, como também há resul-tados desportivos e, havendo estes dois fatores, julgo que se poderá ir sempre mais além. No entanto, reconheço, tal como disse há pouco, que o judo não é uma modalidade fácil, pois é extremamente desgastante. É então fundamen-tal que os treinadores incutam nos atletas a vontade e o sacrifício, já que estes normalmente pretendem resultados rápidos que, habitualmente, só se atingem dos 25 anos para cima. Para resumir, penso que é complicado fazer previsões para o futuro, mas creio que, embora não seja fácil, com vontade os resultados irão aparecer.

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Actualidade

Muito se ouve falar da nova tecnologia fibra óp-

tica, mas poucos de nós sabem realmente como este funciona. Esta tecnologia promete-nos uma qualidade de transmissão da internet, telefone e tele-visão muito superior ao que estamos habituados e muitos operadores já nos oferecem este serviço.As linhas de fibra óptica são um conjunto de fios longos e finos (comparável à espessura de um cabelo) de vidro puro, dividido em cabos ópticos que transmitem luz ao longo de grandes distâncias. Comparan-do este método de transmissão

àquele a que estamos habitu-ados (por fio de cobre), este é mais barato, consome menos energia, são leves e flexíveis, e por serem mais finas têm uma capacidade de transmissão maior, por conseguir conter mais fibras do que fios de co-bre em determinado diâmetro. A origem poderá localizar-se, por exemplo, num computa-dor que envia a informação electricamente ao transmissor, constituído por um LASER ou LED, que converte o sinal eléc-trico num sinal óptico na forma de impulsos de luz. Estes, por sua vez, são guiados e trans-mitidos pela fibra óptica até

ao recetor localizado na outra extremidade da fibra.Atualmente estamos numa fase de exploração desta nova tecnologia, ou seja, ainda falta atingir o seu potencial máximo. Não está longe, porém, a possi-bilidade de atingir velocidades até 100 Megabits por segundo, e para o bem das máquinas de que tanto dependemos, já não existirá tanto a necessidade de deixar o PC ligado durante a noite para que se tenha con-cluído o tão desejado down-load no dia seguinte.

BlackBerry Torch 9800Blackberry.com

Já sabíamos que os BlackBerry eram peritos

no que toca ao e-mail, mas com um novo sistema operativo, um ecrã maior,

câmara de 5 MP e mais funcionalidades multimé-dia, este smartphone está

finalmente a sair da sua área de conforto.

Loewe Individual SlimLoewe.maygap.com

Este televisor não só é po-tente, como oferece uma

gama de hipóteses de designs diferentes. Uma

variedade de escolhas em tamanhos de ecrã, todos

retroiluminados a LED, opções de áudio, possibi-lidade de disco rígido de

250GB com gravador, e muito mais.

Playstation MovePlaystation.com

O novo comando de movimento oferece uma experiência inovadora e

extremamente envolvente para o sistema PS3. Graças aos avançados sensores de

movimento, esta tecnologia vai permitir aos utilizadores

jogar uma variedade de tí-tulos como se eles próprios

fizessem parte do jogo.

Apple MacBook AirApple.com

Com uma nova aparên-cia, este é o portátil da

Apple mais pequeno de sempre, apresentando

uma espessura de 1.7 cm atrás que vai até 0.3 cm

á frente. O modelo chega em duas versões – ecrã de

13,3 e 11,6 polegadas - e promete, entre outras mel-

horias, até 7 horas de uso da bateria e um arranque

quase instantâneo.

Novidades

Fibra ópticapor Maartje Vens

CiênCia E tECnologia

22 // Mundo Contemporâneo

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Open Source ou Código Aberto descreve práticas de produção

e desenvolvimento que promovem o acesso aos materiais de origem ou có-digo fonte. Mais do que uma prática, algumas pessoas consideram-no uma filosofia.

O conceito de open source já existia muito antes da era dos computadores, por exemplo, sob a forma de receitas culinárias que têm vindo a ser partilha-das desde o inicio da cultura humana. Este sentimento de partilha continu-ou, mas na época do desenvolvimento automóvel, começaram a surgir direi-tos e patentes, o que fez com que os capitalistas monopolizassem a indús-tria, obrigando os produtores a ceder conforme as suas exigências.

Para combater este tipo de exigên-cias e a fim de manter a filosofia que

é baseada na partilha, foram surgindo ao longo dos anos pequenos indícios, a ARPANET, por exemplo, utilizou um processo chamado Request for Com-ments para desenvolver os protoco-los de telecomunicação que tornou possível o nascimento da Internet em 1969, do que viria a ser mais tarde o conceito open source.

A Janeiro de 1998, vários membros do Open Source Movement reuniram-se para o que seria a divulgação do có-digo fonte da Navigator, no entanto, vários entusiastas como Linus Torvalds (criador da Linux), já se tinham adi-antado, espalhando a sua visão ide-ológica acompanhada do termo free-software. Antes do termo ser conhecido, foi uti-lizada uma variedade de frases para descrever o conceito, numa frase de

três palavras nasceu o open source software. Iniciando uma batalha com os direitos de autor e outros processos legais.

O termo Código Aberto em termos de software permite com que os program-adores não tenham de se debruçar so-bre questões éticas e legais. O objetivo do conceito para os programadores é o de poder criar software sem limites e poder partilha-lo e optimiza-lo com outros programadores contribuindo assim para o surgimento de novas apli-cações inteiramente grátis.A Mission Open Source Initiative ou OSI é uma empresa cujo principal ob-jetivo é o de nos informar sobre os benefícios do open source, alargando a sua iniciativa a outros países.

Open Source – Software Livrepor Mónica Gaião

CiênCia E tECnologia

Mundo Contemporâneo // 23

TOP 3 jogos flash do mês

Ordena as pedras preciosas de acordo com a sua cor e passe horas agarrado ao ecrã!Se não acreditas então o melhor é experimentar, não custa nada:

http://www.popcap.com/games/free/bejeweled2?mid=bejeweled2_pcweb_en_fullBejeweledGénero: Puzzle

Transporta-te para uma banda sonora de cliques a fim de evitar um acidente de helicóptero!Se não acreditas então o melhor é experimentar em:http://www.helicoptergame.net/

Se gostas de ninjas este jogo é para ti! Tens de apanhar os tesouros e evitar uma queda mortal!Se não acreditas então o melhor é experimentar:http://www.addictinggames.com/ngame.html

The Helicopter GameGénero: Arcade e Clássico

NGénero: Acção

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CiênCia E tECnologia

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Entrevista com Tiago Casanovapor Micaela Leal e Sofia Carvalho

Mundo Contemporâneo – Como são geridas as cargas horárias de teoria e prática no teu curso? Tiago Casanova – Temos ambas as componentes, teórica e prática, porém são dedicadas mais aulas à teoria.

MC - Achas que aprendes maiscom a prática ou com a teoria?TC - Tanto a teoria como a prática são extremamente impor-tantes, pois ambas se complementam. Na minha opinião se só uma delas fosse lecionada, não seria suficiente para nos preparar para o mercado de trabalho.

MC – Quais são as atividades práticas que desenvolvem nas aulas?TC – Fazemos vários trabalhos práticos mas alguns deles são sistemas de bombagem de água, experiências com circuitos elétricos (resistências), sistemas de controlo de uma escada rolante, por exemplo, e outras experiências.

MC - Quais são os tipos de trabalhos que gostarias de vir a desenvolver numa aula?TC – Muitos dos trabalhos que apenas aprendemos na teor-ia e que seriam interessantes trabalhá-los na prática, como, por exemplo, a implementação de um posto de transforma-ção, que transforma energia para baixar a tensão. E acho que seria bastante interessante e importante para a nossa aprendizagem se houvesse mais visitas de estudo a diferen-tes fábricas e obras para compreender mais aprofundada-mente a teoria que nos é ensinada nas aulas.

MC – Na tua opinião, achas que a escola tem equipamento em condições favoráveis para a vossa aprendizagem?TC – Acho que sim. Nesse aspecto, a escola dá-nos boas condições para fazer os nossos projetos. Por exemplo, neste semestre substituiram vários computadores e os materias das salas práticas são mais que suficientes para a realização dos nossos trabalhos.

MC - Achas que a tecnologia substitui a importância do Homem na vossa área?TC - Eu acho que não. Na minha opinião a tecnologia vem como um assistente ou suporte ao trabalho do Homem, apenas com o papel de o ajudar. Imaginemos que numa empresa ou fábrica, existe uma máquina que trabalha con-soante o tempo, não será necessário uma pessoa para con-trolar esse mesmo tempo, pois a tecnologia assim o per-mite.

MC - Mas na tua opinião, a tecnologia não irá substituir o Homem em vários postos de trabalho?TC –Claro que irá substituir, aliás, já hoje em dia o faz. Esse é um dos fatores negativos que a tecnologia carrega con-sigo. Mas, por outro lado, a substituição de pessoas por computadores, imaginemos, ajuda a reentabilizar o investi-mento, diminuindo os custos da empresa.

MC – Achas que o desenvolvimento da tecnologia na tua área é algo positivo? Ou na tua opinião se não tivesse hav-ido desenvolvimento o trabalho teria a mesma qualidade?TC – A meu ver, a evolução tecnológica é sempre uma ajuda para o ser humano, apesar de em certas situações o desfa-vorecer, como já referi na questão anterior. Na minha área a tecnologia poupa-nos tempo e na maioria das vezes o tra-balho tem uma qualidade superior , como tal, acho que só temos a beneficiar com ela. É claro que não devemos des-valorizar o trabalho do Homem, muito pelo contrário. Acho que devemos interiorizar que temos de mover tudo o que nos possa ajudar, e a tecnologia é definitivamente uma fer-ramenta poderosa e em constante atualização.

Para descobrir como são trabalhadas as Ciências e Tecnologias na Universidade do Algarve, decidimos abordar o curso de Engenharia Elétrica e Eletrónica, dando a conhecer a sua atividade aos interessados por esta área. Tiago Casanova,

aluno do 3º ano deste curso, disponibilizou-se para falar à Revista Mundo Contemporãneo do funcionamento e da empre-gabilidade do seu curso. Ao concluir a entrevista sugere ainda alguns rumos possíveis que os estudantes desta área podem seguir.

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Os Da Vinci® da NASApor Melanie Messias

Mundo Contemporâneo // 25

MC – Olhando para o passado o que achas que te levou a escolher o curso de Engenharia Elétrica e Eletrónica?TC – O meu interesse por esta área já vem desde a secundária. Eu frequentei a área de Ciências e Tecnologias e gostei. Para além disso, a electricidade e electrónica foi algo por que sempre me interessei. E acho que foi o camin-ho certo, vamos ver.

MC – Parece-te que escolheste um bom curso, no que diz respeito a saídas profissionais?TC – Sim. Penso que é um dos melhores em termos de em-pregabilidade. Mesmo sendo um curso mais difícil e que ne-cessita de mais estudo, na maioria das vezes, os licenciados conseguem emprego nesta área, por isso sim, acho que tem muita saída profissional.

MC – No teu curso, tal como em outros cursos, têm de fazer um estágio para concluir a licenciatura?TC – Não. O nosso curso não tem estágio obrigatório, mas em casos excepcionais temos de o fazer. Por exemplo, se

nos quisermos inscrever na ANET (Associação Nacional de Engenheiros Técnicos), temos de fazer um estágio. Mas, se tirarmos o mestrado já não precisamos de o fazer. Porém é importante fazer estágio, para quem não tire mestrado, porque só assim podemos assinar projetos.MC – Acerca da tua perspetiva profissional, como vês o teu futuro?TC – Ainda não penso no que quero para o meu futuro, mas existem algumas áreas que me suscitam interesse, como trabalhar uma empresa que crie projetos relacionados com a minha área. Interesso-me também pela área de fiscaliza-ção e instalações eléctricas. Enfim, sinto-me à vontade com tudo o que envolva projetos de eletricidade, de telecomuni-cações, toda esta área.

Os robôs desenvolvidos pela NASA (National Aeronautics and Space

Administration) criados inicialmente para operar os astronautas a longa distância, alastram hoje por todos os blocos operatórios do mundo. Já são mais de 300 Da Vinci® a demonstrar as suas capacidades e relevância em prol do internado. Esta tecnologia caracteriza-se por al-guns pontos negativos, como os cus-tos elevados devido ao investimento necessário na manutenção dos instru-mentos utilizados pelo robô, que leva alguns hospitais a optarem pelo mé-todo mais tradicional. Contrariamente ao que se considerava sobre a utiliza-ção dos robôs nas operações, os pro-fissionais de saúde continuam a ter um papel fundamental. No entanto, é necessária a compreensão do que é afinal um robô e de como operar com o Da Vinci® System. O sistema inovador permite ao médico operar o doente sem lhe tocar, pois o robô Da Vinci® exerce essa função. As-sim, evita que existam acidentes, por

exemplo provocados pelo nervosismo, como pode suceder numa operação em que haja contacto físico entre pa-ciente e médico. Muitos são os benefícios adquiridos quando o paciente opta por uma cirurgia deste tipo. As dores e as dificuldades presentes numa cirurgia diminuem significativamente, sen-do menor a probabilidade de sofrer perdas de sangue as transfusões de sangue são reduzidas. Em termos de estética, a nova solução deixa uma cic-atriz menos visível do que o método mais tradicional. Quanto aos gastos dados pela utilização de Da Vinci®, os custos de permanência do doente no hospital serão claramente reduzidos devido à rápida recuperação que este método permite. O único robô Da Vinci® de Portugal en-contra-se no Hospital da Luz adquirido para a equipa de Urologia. Sendo ai-nda a única área de intervenção pos-sível é, no entanto, a mais adequada. Segundo José Vilhena-Ayres, diretor da equipa de Urologia do Hospital da

Luz, Da Vinci® permite uma visão tri-dimensional. Faculta a possibilidade de aumentar a imagem as vezes que forem necessárias, para que o médico tenha uma visão mais precisa da área. Da Vinci® resume-se a um robô co-mandado por um médico que o dirige através de uma ferramenta idêntica a uma consola de jogos, que tem como objetivo remover tumores na próstata. Em Portugal, apenas os doentes que têm possibilidades de pagar os ser-viços de saúde numa unidade privada têm acesso a este método moderno.

CiênCia E tECnologia

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22 // Mundo Contemporâneo

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Vê o mundo como ele é...

Contemporâneo.