Financiamento Das Pequenas e Médias Empresas_ Análise Das Empresas Do Distrito Do Porto Em Portugal

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    05/02/2016 Financing of small and medium-sized companies: analysis of companies from Porto District, Portugal

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    Revista de Administrao (So Paulo)On-line versionISSN 1984-6142

    Rev. Adm. (So Paulo) vol.50 no.2 So Paulo Apr,/June 2015

    http://dx.doi.org/10.5700/rausp1198

    ESTRATGIA & ECONOMIA DE EMPRESAS

    Financiamento das pequenas e mdias empresas:anlise das empresas do distrito do Porto emPortugal

    Financing of small and medium-sized companies: analysisof companies from Porto District, Portugal

    Financiacin de pequeas y medianas empresas:anlisisde empresas del distrito de Oporto, Portugal

    Fernando Oliveira Tavares1 , Lus Pacheco2 , EmanuelFerreira Almeida3

    1Universidade Portucalense Infante D. Henrique Porto, Portugal2Universidade Portucalense Infante D. Henrique Porto, Portugal3Universidade Portucalense Infante D. Henrique Porto, Portugal

    RESUMO

    Neste artigo, o objetivo conhecer e analisar as formas de financiamento e produtos mais utilizados pelaspequenas e mdias empresas do distrito do Porto, em Portugal. Pretende-se ainda perceber a aceitabilidade e apropenso para utilizao de formas de financiamento alternativas e compreender quais as dificuldades dasempresas no acesso ao crdito. O mtodo utilizado quantitativo e exploratrio, um inqurito foi enviado a 1.600empresas do distrito do Porto, ac erca das diferentes formas de financiamento das organizaes. Os resultadospermitem concluir que o crdito bancrio a principal fonte de financiamento das pequenas e mdias empresas,seguindo-se o autofinanciamento. O financiamento pela emisso de aes e obrigaes residual. Os resultadosapresentam trs fatores preponderantes quando as empresas tm necessidade de financiar-se: o cresc imento daempresa, o custo do emprstimo e os aspetos burocrticos. Apesar de tratar-se de um estudo exploratrio, ostrs fat ores encontrados so um contributo para o estudo sobre o financiamento de pequenas e mdiasempresas, merecendo ateno por parte de investidores, gestores e detentores de c apital.

    Palavras-Chave: financiamento; gesto financeira; pequenas e mdias empresas; anlise fatorial; formasalternativas de financiamento

    ABSTRACT

    In this article, the purpose is to know and analyze the more used products and financing forms by small and

    http://www.altmetric.com/details.php?domain=www.scielo.br&doi=10.5700/rausp1198http://www.scielo.br/scieloOrg/php/articleXML.php?pid=S0080-21072015000200254&lang=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0080-2107&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0080-2107&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0080-210720150002&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-21072015000200241&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&index=AU&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&index=KW&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0080-2107&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_alphabetic&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_alphabetic&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0080-2107&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&index=KW&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5Edrausp&index=AU&format=iso.pft&lang=i&limit=0080-2107http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-21072015000200241&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0080-210720150002&lng=en&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?lng=enhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0080-2107&lng=en&nrm=isohttp://www.mendeley.com/import/?url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext%26pid=S0080-21072015000200254%26lng=en%26nrm=iso%26tlng=pthttp://www.altmetric.com/details.php?domain=www.scielo.br&doi=10.5700/rausp1198http://analytics.scielo.org/w/accesses?document=S0080-21072015000200254&collection=http://www.scielo.br/scieloOrg/php/articleXML.php?pid=S0080-21072015000200254&lang=enhttp://www.scielo.br/readcube/epdf.php?doi=10.5700/rausp1198&pid=S0080-21072015000200254&pdf_path=rausp/v50n2/0080-2107-rausp-50-02-0254.pdf&lang=pthttp://www.scielo.br/pdf/rausp/v50n2/0080-2107-rausp-50-02-0254.pdfhttp://www.addthis.com/bookmark.php?v=250&username=xa-4c347ee4422c56dfhttp://www.addthis.com/bookmark.php?v=250&username=xa-4c347ee4422c56df
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    medium companies in the district of Porto, in Portugal. The aim is also to realize the acceptability and thepropensity for use of alternative forms of financing and understand what the c ompanies difficulties to accesscredit are. The method used is quantitative and exploratory, with a survey sent to 1,600 companies in the districtof Porto, about the different ways of financing used by organizations. The results indicate that bank credit is themain source of financing for small and medium companies, followed by self-financing. The financing by issuingstocks and bonds is residual. The results show three important fac tors when companies need to finance up: thecompanys growth, the cost of borrowing and bureaucratic aspects. Despite the exploratory characteristic of thisstudy, the three factors found are a contribution to the study on the financing of small and medium companies,deserving attention from investors, managers and equity holders.

    Key words: financing; financial management; small and medium companies; factor analysis; alternative forms offinancing

    RESUMEN

    El objetivo en este estudio es comprender y analizar las formas de financiacin ms utilizadas por las pequeas ymedianas empresas en el distrito de Oporto, Portugal. Adems, se analizan la aceptabilidad y la proclividad al usode formas alternativas de financiacin, y se busca conocer las dificultades de las empresas para acceder alcrdito. El mtodo utilizado es cuantitativo y exploratorio, y se envi un cuestionario a 1.600 empresas deldistrito de Oporto, acerca de las diferentes formas de financiacin de las mismas. Los resultados indican que elcrdito bancario es la principal fuente de financiacin para las pequeas y medianas empresas, seguido de laautofinanciacin. La financiacin mediante emisin de acciones y bonos es residual. Los resultados tambinmuestran tres factores importantes cuando las empresas necesitan financiarse: el crecimiento de la empresa, elcosto de los prstamos y los aspectos burocrticos. A pesar de que se trata de un estudio exploratorio, los tresfactores encontrados son una contribucin a los estudios sobre la financiacin de las pequeas y medianasempresas, y merecen la atencin de los inversores, direct ivos y ac cionistas.

    Palabras-clave: financiacin; gestin financiera; pequeas y medianas empresas; anlisis factorial; formasalternativas de financiacin

    1. INTRODUO

    A crise do subprimeiniciada nos Estados Unidos da Amrica em 2007 e o efeito de contgio s restanteseconomias mundiais provocaram uma crise econmica sem precedentes. A problemtica, que comeou por afetaras empresas do setor financeiro, rapidamente condicionou a gesto das dvidas soberanas e as condies definanciamento das empresas. O crdito fcil e barato que caracterizou a dcada de 1990 e os primeiros anos

    deste sculo terminou, verificando-se nos anos mais recentes graves dificuldades nas condies e no acesso aomercado de crdito por parte das pequenas e mdias empresas [PMEs] (BCE, 2014a; 2014b). As empresasportuguesas apresentam um elevado nvel de endividamento e esto fortemente descapitalizadas, tendo a atualconjuntura provocado uma reduo da rendibilidade e um correspondente aumento de necessidades definanciamento externo empresa, pelo que o reforo do capital prprio por meio de uma cotao em Bolsaconstituir uma alternativa de financiamento.

    De acordo com informao do Banco de Portugal (BdP, 2014), o endividamento das empresas no financeirasportuguesas aumentou significativamente desde 1995, principalmente por meio de emprstimos bancrios, existe,no entanto, um elevado nmero de PMEs inteiramente financiadas por capitais prprios. Constata-se tambm queapenas um pequeno nmero de empresas se financia por meio dos mercados de capitais, quer atravs de aes,quer de obrigaes, sendo esta forma de financiamento geralmente utilizada apenas por grandes empresas, poisexistem barreiras entrada das pequenas (Demirguc-Kunt & Beck, 2006).

    No presente artigo, o objetivo conhecer e analisar as formas de financiamento e produtos mais utilizados pelasPMEs do distrito do Porto, em Portugal, perceber a aceitabilidade e a propenso utilizao de formas definanciamento alternativas e compreender quais as principais dificuldades das empresas no acesso ao crditobancrio e no desenvolvimento de suas atividades. Para at ingir esses objetivos, elaborou-se questionrio enviadopara cerca de 1.600 empresas por correio eletrnico entre o perodo de dezembro de 2013 e janeiro de 2014. Odistrito do Porto, um dos principais de Portugal em termos de populao e de relevncia econmica, possui umtecido empresarial diversificado com milhares de empresas, alm de uma boa rede de infraestrutura e meios decomunicao que facilitam a localizao e a atividade das empresas. A escolha das PMEs para objeto de estudodeve-se grande importncia que tm na sociedade e na economia. De acordo com o estudo "Empresas emPortugal 2012" (INE, 2014a), as PMEs representam 99,9% do nmero total de empresas, empregam 78,1% dostrabalhadores e so responsveis por 57,6% do volume de negcios. No presente artigo, foi utilizada comodefinio de PME a Recomendao n. 2003/361/CE, que caracteriza as empresas de acordo com trs critrios:nmero de trabalhadores, volume de negcios e total do balano anual. De acordo com esses critrios, as micro,pequenas e mdias empresas so definidas da seguinte forma:

    empregam menos de 250 pessoas;tm um volume de negcios anual que no exceda os 50 milhes de euros ou cujo balano total anual noexceda 43 milhes de euros;

    respeitam o princpio da independncia, o que significa que 25% do capital ou dos direitos de voto nodevem ser propriedade de uma empresa ou, conjuntamente, de vrias empresas que no se enquadram nadefinio de pequena e mdia empresa ou de pequena empresa.

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    Por contraponto, a definio de grande empresa abrange todas as que ultrapassam os limites acima definidos.

    O artigo est estruturado do seguinte modo: a seco seguinte descreve brevemente as principais fontes definanciamento das empresas portuguesas, terminando com a apresentao da alternativa de recurso ao mercadode capitais. A terceira seco apresenta os dados e a metodologia a desenvolver, sendo apresentados osresultados do questionrio na sec o quatro. Por ltimo, so discutidas as conc luses e apresentadas algumaslimitaes do estudo.

    2. EMPRESAS E FINANCIAMENTO

    A fraca importncia dos mercados financeiros no financiamento das PMEs, quando comparado com o

    financiamento bancrio, comum na maioria dos pases europeus e uma caracterstica do modelo continental(Payne, 2006) em contraste com o que acontece em pases como os Estados Unidos e o Reino Unido (modeloanglo-saxnico). O continental um modelo de corporate governancet pico nos pases europeus cujas principaiscaractersticas so a concentrao do capital em poucos indivduos que normalmente agregam as funes degesto e de deciso, e em que o financiamento bancrio muito relevante no f inanciamento das empresas, sendoo papel da bolsa reduzido. O anglo-saxnico um modelo comum nos pases anglo-saxnicos e baseia-se noconceito de capitalismo de mercado. A estrutura de capitais dispersa por vrios indivduos que, por norma, nointervm na gesto da empresa, o financiamento bancrio no tem um papel to relevante como no modelocontinental e o papel da bolsa muito importante. Por meio do questionrio desenvolvido neste artigo, serpossvel observar de qual dos modelos as empresas do distrito do Porto mais se aproximam.

    O financiamento essencial para as empresas poderem expandir qualquer parte de sua atividade, quer seja parainvestigao, para produo, para financiamento de estoques ou para promoo internacional; porm asorganizaes no tm capacidade, por norma, para fazer isso apenas com os recursos que geram, assim, sonecessrias fontes de financiamento a um custo razovel.

    No mbito da gesto de sua estrutura de capital, o financiamento das empresas pode ser dividido da seguinteforma, tendo em conta sua origem:

    financiamento interno por autofinanciamento, isto , pela reteno dos lucros obtidos, pela gesto maiseficiente dos ativos (corrente e no correntes) ou pelo controlo racional de custos;

    financiamento externo por capitais alheios (crditos de fornecedores, emprstimos bancrios, linhas decrdito, leas inge factoring), por capitais prprios (aumento de capital, business angels, capital de risco erecurso ao mercado de capitais).

    Nas empresas, preciso conhecer e escolher formas de financiamento diversificadas e alternativas que melhor seadaptem a suas necessidades, para esse escopo, existem desde o trabalho precursor de Modigliani e Miller (1958)

    at a vasta literatura acerca das determinantes da escolha da estrutura de capital das empresas (por exemplo,Romano, Tanewski & Smyrnios, 2000; Schafer, Werwatz e Zimmerman, 2004; Santos, Pimenta Jnior & Cicconi, 2009).

    De acordo com a Figura 1, as fontes e formas de financiamento tipicamente mais utilizadas variam com ocrescimento da empresa e ao longo do tempo. No presente artigo, so privilegiadas as fontes de financiamentodisponveis para empresas em fase de crescimento e start-up.

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    Fonte:Silva (2007).

    Figura 1 Fontes de Financiamento de Acordo com a Fase de Crescimento da Empresa

    Na Tabela 1, agrega-se a informao do "Inqurito de conjuntura ao investimento", de outubro de 2010 e deoutubro de 2013 (INE, 2011; 2012; 2014b), sendo possvel constatar que o autofinanciamento constitui a principalfonte de financiamento com um cresc imento de 8,9 pontos percentuais de seu peso relativo entre 2010 e 2013. Ocrdito bancrio a segunda fonte de financiamento, mas com uma quebra de 11,5 pontos percentuais em seupeso relativo, fruto das dificuldades de acesso ao crdito pelas empresas, j referidas anteriormente.

    Tabela 1 Distribuio Percentual do Investimento por Fontes de Financiamento (em Porcentagem)

    Ano Autofinanciamento Crdito BancrioAes e ObrigaesEmprstimos do Estado Fundos UE Outros

    2010 59,0 28,6 0,3 1,2 4 6,8

    2011 60,1 26,5 0,3 0,8 4,6 7,7

    2012 65,7 18,4 0,5 0,7 4,6 10,2

    2013 67,9 17,1 0,2 0,6 4,1 10,1

    De notar que os dados agregam respostas de empresas de todos os portes, no se limitando, portanto, PME,

    assim, o presente estudo ir contribuir para precisar essa questo.

    2.1. O autofinanciamento

    O autofinanciamento uma forma de financiamento interno, que representa os fundos financeiros libertados pelaatividade da empresa e que ficam disponveis para financiar a realizao de novos projetos de investimento.

    Silva Jnior (2012)considera que o recurso ao autofinanciamento apresenta as seguintes vantagens:

    reduz a dependncia da empresa em relao ao capital alheio;

    melhora a rendibilidade;

    aumenta o poder negocial e ostenta taxas de juros mais atrativas no momento de recorrer ao financiamentoexterno;

    permite desenvolver projetos que de outra forma no seria possvel iniciar.

    J Alcarva (2011), aponta as seguintes desvantagens do autofinanciamento:

    sua acumulao excessiva de recursos pode provocar o investimento em projetos desaconselhveiseconomicamente;

    http://www.scielo.br/img/revistas/rausp/v50n2//0080-2107-rausp-50-02-0254-gf01.jpg
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    sua permanente utilizao pode provocar uma reao de averso a qualquer tipo de endividamento e arecusa de oportunidades de investimento por falta de capital;

    a possibilidade de provocar uma diminuio dos dividendos distribudos.

    O autofinanciamento indicado por muitas empresas como a primeira escolha de financiamento a ser consideradano processo de deciso da forma de financiamento a utilizar.

    2.2. Crdito comercial

    O crdito comercial uma fonte de financiamento de natureza informal, em que as condies no esto definidas

    legalmente, estando a operao de crdito relacionada com um ato comercial. O crdito comercial concedidopelo adiamento da cobrana da dvida decorrente de uma transao de bens ou servios, em consequncia daatividade da empresa (Vieira, Pinho & Oliveira, 2013). O crdito comercial representa, portanto, uma formaalternativa de financiamento em que as empresas no financeiras com maior capacidade de acesso ao mercadode capitais so fornecedoras de crdito para outras empresas suas clientes, com menos capacidades de sefinanciarem, por meio do adiamento da cobrana das dvidas.

    2.3. Crdito bancrio

    Com a liberalizao do setor financeiro e a entrada em vigor da unio econmica e monetria europeia, asempresas portuguesas tiveram acesso ao c rdito bancrio a custos significat ivamente mais baixos do queanteriormente, o que contribuiu para o aumento significativo dos rcios de endividamento (BdP, 2014). A crise dadvida soberana que se abateu sobre Portugal em 2011, aumentando o prmio de risco do pas e exigindo adesalavancagem dos balanos das instituies bancrias, transmitiu-se s PMEs por um aumento das dificuldades

    no acesso ao crdito (Iyer, Peydr, Rocha-Lopes & Schoar, 2014).De entre os produtos habitualmente disponibilizados pelas instituies bancrias, e adequados finalidade comque so conferidos, destacam-se os seguintes: crdito para fundo de maneio (por exemplo, conta corrente, notapromissria), antecipao de receitas (por exemplo, desconto comercial, factoring) e apoio ao investimento (porexemplo, financiamento no mdio e longo prazo, leasing, renting, garantias bancrias). Destacam-se ainda aspossibilidades de recurso, quando existentes, a linhas de crdito protocoladas e bonificadas, a sistemas degarantia mtua ou a fundos de revitalizao e expanso empresarial. Fora do sistema bancrio, e como fontesalternativas de financiamento, observa-se um crescimento do nmero de empresas financiadas por meio decapital de risco, business angelse, mais recentemente, pelo crowdfunding(Belleflamme, Lambert & Schwienbacher,2013; Holton, Lawless & McCann, 2014). Como fontes de financiamento associadas aos mercados de capitais, e paraalm do recurso emisso de aes em mercados especialmente destinados s PMEs, descrito na secoseguinte, destacam-se as possibilidades de emisso de papel comercial e de emprstimos obrigacionistas.

    2.4. Mercado de capitais: NYSE AlternextO NYSE (New York Stock Exchange) Euronext o resultado da combinao do grupo NYSE, a maior bolsa mundialde aes, e do Euronext, o mercado de capitais que congrega as bolsas de Amesterdo, Bruxelas, Lisboa e Paris eo mercado londrino de derivados. O NYSE Euronext o maior mercado europeu em termos de capitalizao evolume transacionado. O NYSE Alternext, criado a 17 de maio de 2005, um mercado acionista dirigido para asPMEs, que gera oportunidades para que elas possam fortalecer sua estratgia de crescimento. Trata-se de ummercado no regulamentado, mas regulado pelo NYSE Euronext, com procedimentos simplificados de admisso erequisitos de transparncia e liquidez.

    A 31 de dezembro de 2013, o Alternext listava mais de 180 empresas, em sua expressiva maioria francesas, eapenas duas portuguesas. Refira-se que cerca de cem empresas tm uma capitalizao bolsista inferior a 25milhes de euros. Os principais setores de atividade das empresas cotadas no Alternext so servios (21%),indstria (20%) e sade (19%); outros setores presentes so bens de consumo, tecnologia, telecomunicaes,entre outros.

    A entrada no Alternext exige dois anos completos de atividade e pode ser realizada por meio de uma colocaoprivada, necessitando de pelo menos trs investidores qualificados, ou por meio de oferta pblica inicial,dispersando aes equivalentes a um mnimo de 2,5 milhes de euros. A empresa fica obrigada a apresentar suascontas anuais auditadas e acompanhada ao longo de todo o processo por um listing sponsor(instituiobancria ou outra entidade de apoio), que tem as seguintes funes:

    avaliar numa fase inicial se a adeso ao Alternext a melhor soluo para a empresa;

    proceder avaliao da empresa, determinando o preo e a estrutura da colocao;

    garantir que toda a informao da empresa seja adequada, em termos legais, financeiros e operacionais;

    criar a apresentao da empresa, plano de negcios, projeto e destino do investimento;

    selecionar potenciais investidores;

    estabelecer ligao com reguladores, auditores, investidores e NYSE antes, durante e aps a listagem.

    No questionrio desenvolvido na seco seguinte, afere-se da predisposio das PMEs para aceder a essa formade financiamento.

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    3. DADOS E METODOLOGIA

    A metodologia adotada para a elaborao do presente artigo consubstanciou-se na preparao de umquestionrio dirigido s PMEs do distrito do Porto, em Portugal. O estudo quantitativo e exploratrio e procuraabordar as escolhas, as condies e as opes de financiamento das PMEs.

    O inqurito est segmentado em quatro grupos de perguntas:

    o primeiro grupo pretende caracterizar, de uma forma geral, a empresa (local da sede, data de incio deatividade, relao de quem responde para com a empresa, principal atividade da empresa, tipo desociedade, nmero de colaboradores, porte da empresa);

    o segundo grupo relativo s formas de financiamento tradicionais utilizadas pelas empresas,nomeadamente o nmero de entidades bancrias com que trabalham, quais os produtos e relevnciaatribuda aos produtos bancrios, relevncia das garantias exigidas, qual a perceo sobre a existnc ia dedificuldades de acesso ao financiamento e as principais dificuldades que existem no acesso aofinanciamento;

    o terceiro grupo de questes est relacionado com a utilizao de formas de f inanciamento alternativas equal a sensibilidade para as vantagens da entrada numa bolsa como o Alternext;

    por fim, existe um ltimo grupo de questes de opinio sobre decises e condies de financiamento e como classificada a envolvente empresarial em Portugal.

    O questionrio foi enviado, no perodo de dezembro de 2013 a janeiro de 2014, por correio eletrnico para umapopulao de 1.600 empresas do distrito do Porto, do qual resultaram 110 respostas, o que com uma taxa decerca de 7% est dentro das expectativas no meio empresarial portugus. Como o questionrio dirigido apenas

    PME, foram excludas trs respostas devido a serem de grandes empresas, o que resultou numa amostra de 107respondentes.

    Recorreu-se ao softwareSPSS 22 para tratamento do inqurito. Primeiro foi efetuada uma anlise descritiva dosresultados e posteriormente recorreu-se anlise de componentes principais da anlise fatorial (ACPAF) paraextrair os fatores preponderantes para as c ondies de financiamento das empresas. Pestana e Gageiro (2005)eMarco (2014)entendem que essa uma tcnica de anlise exploratria que tem como objetivo descobrir e analisarum conjunto de variveis inter-relacionadas de forma a constituir uma escala de medida para fatores que, dealguma maneira, controlam as variveis originais. Assim, recorre-se ACPAF para reduzir o grande nmero devariveis consideradas, num nmero menor de fatores. As variveis destinadas anlise multivariada provm dequestes obtidas por meio de respostas numa escala Likert de 1 a 5. No decorrer da ACPAF, levaram-se emconsiderao as recomendaes metodolgicas em sua elaborao, de acordo com Marco (2014). Assim,observou-se que todos os itens includos na ACPAF: tivessem uma medida de adequao da amostra superior a0,5, que todos os itens dos fatores tivessem uma saturao superior a 0,5 e que os valores das comunalidades

    fossem superiores a 0,5.

    Tendo em conta que no teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), segundo Pestana e Gageiro (2005), ]0,9 1,0] =Excelente; ]0,8 0,9] = tima; ]0,7 0,8] = Boa; ]0,6 0,7] = Regular; ]0,5 0,6] = Medocre; KMO

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    seguindo-se o comrcio com 40% e os servios com 21%. As sociedades por quotas so as empresas maisrepresentativas do inqurito, com 52% das respostas; seguem-se as sociedades annimas, com 36,4%; e associedades unipessoais, com 10%. De acordo com a definio de PME, participaram 13,1% de empresas com um anove colaboradores; 54,2% com 10 a 49 colaboradores; e, por fim, 32,7%, com 50 a 249 colaboradores. Como adefinio de PME abrange outros critrios para alm do nmero de colaboradores, foi colocada a questo sobre oporte/estatuto da empresa. Responderam ao inqurito 11,2% microempresas, 54,2% pequenas empresas e 34,6%mdias empresas.

    A questo sobre as fontes de financiamento utilizadas pelas empresas foi adaptada do "Inqurito de conjunturaao investimento" (INE, 2014b). Pela Tabela 2, pode-se constatar que o crdito bancrio a principal fonte definanciamento, sendo utilizado por 91% das empresas, enquanto 62% utilizam o autofinanciamento. De forma

    residual, so utilizados fundos da Unio Europeia e emprstimos/subvenes do Estado, com 8% e 2%,respetivamente.

    Tabela 2 Fontes de Financiamento Uilizadas

    Fontes de Financiamento Nmero de Respostas Frequncia (%)

    Crdito bancrio 97 91

    Autofinanciamento 66 62

    Fundos da Unio Europeia 9 8

    Emprstimos / Subvenes do Estado 2 2

    Emisso de aes 0 0

    Emisso de obrigaes 0 0

    No presente estudo, as empresas preferem primeiro o recurso dvida, seguida do autofinanciamento e a opopela emisso de aes e obrigaes como forma de financiamento no sequer escolhida. Esses resultadosevidenciam caractersticas t picas do modelo continental de financiamento, em que existe uma preferncia muitoforte pelo autofinanciamento e pelo crdito bancrio e em que o papel da bolsa e dos mercados de capitais reduzido.

    Relativamente ao nmero de instituies bancrias com que transacionam, as empresas que trabalham com maisde c inco bancos representam 35% das respostas; com cinco bancos t rabalham 12%; com quatro bancos, 17%das empresas; as que trabalham com dois e trs bancos tm a mesma percentagem de 14%; e, por fim, 8%trabalham apenas com um banco. Refira-se que no investigada a questo se as empresas que trabalham commais bancos tm mais dificuldades ou necessidades de financiamento em face daquelas que trabalham com menosbancos, ou se a escolha de trabalhar com mais bancos relaciona-se com uma forma de obter condies maisvantajosas e diferenciadoras.

    O produto de crdito bancrio mais utilizado pelas empresas a conta corrente, com 84% das respostas,

    seguindo-se o leasing/rentinge os emprstimos de mdio e longo prazo (superiores a um ano), com 62%. Comcerca de 30% de respostas, esto as garantias bancrias, os financiamentos de operaes com o estrangeiro, osemprstimos de curto prazo (inferior a um ano) e o desconto de letras. O factoring, o descoberto bancrio e odesconto de notas promissrias surgem com 19%, 16% e 15% das respostas, respetivamente. As empresas queno utilizam nenhum desses produtos representam 5% das respostas. Os produtos bancrios com maior mdia,mediana e moda so a conta corrente, os emprstimos de mdio e longo prazo e o leasing/renting. Por outro lado,os produtos bancrios menos relevantes, e consequentemente com mdia, mediana e moda mais baixos, so odescoberto bancrio, o factoringe o desconto de nota promissria (Tabela 3). Os produtos bancrios com maiordesvio padro so a utilizao de financiamentos de operaes com o estrangeiro, os emprstimos de mdio longoprazo e os emprstimos de curto prazo.

    Tabela 3 Relevncia Atribuda aos Produtos Utilizados pelas Empresas

    Relevncia dos ProdutosBancrios

    Mdia MedianaModa DesvioPadro

    Nadarelevante

    Poucorelevante

    Estouindeciso

    Relevante Muitorelevante

    Conta corrente 3,89 4 4 1,368 16,04% 0,94% 0,00% 44,34% 38,68%

    Emprstimos de mdio elongo prazo

    3,57 4 5 1,562 22,64% 4,72% 1,89% 34,91% 35,85%

    Leasing e/ou Renting 2,98 4 4 1,380 22,64% 19,81% 1,89% 48,11% 7,55%

    Financiamentos/Oper.com oestrangeiro

    2,67 2 1 1,626 39,62% 15,09% 2,83% 23,58% 18,87%

    Garantias bancrias 2,35 2 1 1,360 36,79% 29,25% 1,89% 26,42% 5,66%

    Emprstimos de curto prazo 2,28 2 1 1,426 45,28% 19,81% 2,83% 25,47% 6,60%

    Desconto de letras 1,97 2 1 1,230 49,06% 28,30% 2,83% 16,04% 3,77%

    Factoring 1,91 1 1 1,342 58,49% 19,81% 2,83% 10,38% 8,49%

    Descoberto bancrio 1,80 1 1 1,276 64,15% 15,09% 1,89% 14,15% 4,72%

    Desconto de notaspromissrias 1,71 1 1 1,023 56,60% 29,25% 1,89% 11,32% 0,94%

    Para obteno de financiamento bancrio, as empresas atribuem maior relevncia (Tabela 4) nota promissriasubscrita pela empresa e nota promissria com aval dos scios como garantias necessrias. No total, mais de60% das empresas consideram essas garantias como relevantes ou muito relevantes para a obteno definanciamento bancrio, o que confirmado pelas medianas e modas de 4. Os covenants/cartas conforto so o

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    tipo de garantia que apresenta uma mdia mais baixa, inferior a 2 (pouco relevante e nada relevante) e umamediana e moda de 1 (nada relevante). A garantia hipotecria e a garantia mtua apresentam mdias de 2,56 e2,6, respetivamente, o que indica uma relevncia intermdia entre as empresas que atribuem e no atribuemrelevncia a esses tipos de garantia.

    Tabela 4 Relevncia das Garantias para a Obteno dos Financiamentos

    Relevncia das Garantias Mdia MedianaModaDesvioPadro

    Nadarelevante

    Poucorelevante

    Estouindeciso

    Relevante Muitorelevante

    Nota promissria subscrita pelaempresa com aval pessoal 3,57 4 4 1,47 18,69% 6,54% 6,54% 35,51% 32,71%

    Nota promissria subscrita pelaempresa

    3,23 4 4 1,40 19,63% 14,95% 2,80% 47,66% 14,95%

    Garantia mtua 2,60 3 1 1,39 34,58% 14,95% 11,21% 34,58% 4,67%

    Garantia hipotecria 2,56 2 1 1,52 39,25% 15,89% 6,54% 26,17% 12,15%

    Penhor de valores 2,18 2 1 1,34 42,99% 28,04% 3,74% 18,69% 6,54%

    Covenants / Cartas conforto 1,88 1 1 1,16 52,34% 25,23% 8,41% 10,28% 3,74%

    Relativamente questo sobre se existem dificuldades no acesso ao financiamento bancrio, 63% das empresasresponderam que existem dificuldades; 34% responderam que no existem dificuldades; e 3% no manifestaramopinio.

    Na Tabela 5, so avaliadas as principais dificuldades no acesso ao financiamento bancrio apontadas pelasempresas. Nas elevadas taxas de juro e comisses e despesas associadas, a mdia superior a quatro, o que

    indica que mais de 80% das empresas consideram que essas dificuldades so relevantes ou muito relevantes.

    Tabela 5 Dificuldades no Acesso ao Financiamento Bancrio

    Dificuldades noAcesso

    Mdia MedianaModa Desvio

    PadroNada

    relevantePouco

    relevanteEstou

    indeciso Relevante

    Muitorelevante

    Taxa de juro 4,10 5 5 1,236 7,48% 8,41% 0,93% 32,71% 50,47%

    Comisses edespesas

    4,00 4 5 1,259 8,41% 8,41% 2,80% 35,51% 44,86%

    Garantias exigidas 3,78 4 4 1,334 11,21% 9,35% 6,54% 36,45% 36,45%

    Montante aprovado 3,73 4 4 1,300 11,21% 9,35% 5,61% 42,99% 30,84%

    Tempo de resposta 3,54 4 4 1,348 10,28% 18,69% 5,61% 37,38% 28,04%

    Em termos mdios, os fatores menos relevantes apontados so o tempo de resposta (3,54) e os montantesaprovados (3,73).

    Quanto questo sobre se a empresa nos ltimos dois anos realizou algum aumento de capital, 90% da amostraresponderam no, enquanto 10% responderam sim, o que corresponde em termos absolutos a 11 empresas(Tabela 6).

    Tabela 6 Motivos para a Empresa No Ponderar a Entrada de Novo Capital

    Motivos para a No Entrada de Novo Capital Nmero de RespostasPercentagem (%)

    No foi necessrio novo ou adicional capital prprio 34 35,42

    O(s) proprietrio(s) no tenciona(m) perder o controlo do negcio 26 27,08

    Porte e estrutura da empresa 23 23,96Encontrados outros recursos financeiros 22 22,92

    O(s) proprietrio(s) no tenciona(m) diluir o capital da empresa 21 21,88

    O(s) proprietrio(s) no tenciona(m) investir mais 16 16,67

    O pedido de financiamento por capitais difcil e demorado 15 15,63

    O(s) proprietrio(s) sente(m) que o pedido seria recusado 10 10,42

    Obrigaes de divulgao de informao 5 5,21

    Nenhuma das anteriores 3 3,13

    s 11 empresas que realizaram o aumento de capital, foi colocada a questo sobre qual a modalidade utilizada. Aentrada de capital dos acionistas atuais foi a que obteve mais respostas (73%) e 27% responderam que foi pormeio de incorporao de reservas. Apenas uma empresa teve a entrada de um novo acionista. Relativamente s96 empresas que responderam que no realizaram aumento de capital nos ltimos dois anos, questionou-se arazo para a empresa no ponderar a utilizao/financiamento por entrada de novo capital. A essa questo, 35%

    das empresas responderam que no necessitaram de aumentar o capital social; e 27%, que os proprietrios notencionam perder o controlo da empresa (Tabela 6). Outras razes importantes apresentadas foram o porte e aestrutura da empresa, outros recursos financeiros e a no pretenso de os proprietrios dilurem o capital daempresa, com 24%, 23% e 22%, respetivamente.

    A forma de financiamento alternativa mais utilizada pela empresa o financiamento com recurso a GarantiaMtua, com 51% das respostas, e 36% das empresas no utilizaram nenhuma das formas de financiamento

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    alternativas sugeridas (Tabela 7). O papel comercial regista 16% de respostas; e o Programa PME Consolida,10%. As percentagens de respostas para os emprstimos obrigacionistas, sociedades de capital de risco, businessangelse crowdfundingso inferiores a 6%. Esses resultados demonstram que no existe por parte das empresaso recurso e uma utilizao significativa de formas de financiamento alternativas e, por outro lado, de salientar oimportante papel que os emprstimos com recurso a Garantia Mtua representam.

    Tabela 7 Formas de Financiamento Alternativas j Utilizadas pela Empresa

    Formas de Financiamento Alternat ivas Nmero de Respostas Percentagem (%)

    Financiamento com recurso a garantia mtua 55 51

    Papel comercial 17 16

    Programa PME Consolida 11 10

    Sociedades de capital de risco 6 6

    Business Angels 3 3

    Emprstimos obrigacionistas 2 2

    Crowdfunding 1 1

    Nenhuma das anteriores 38 36

    Na Tabela 8, apresentam-se os resultados da questo de quais as formas alternativas que a empresa ponderautilizar nos prximos dois anos: 43% das empresas refere que no iro utilizar nenhuma das formas definanciamento alternativas sugeridas. O financiamento com recurso a Garantia Mtua obteve 37% das respostas;utilizao de papel comercial e o Programa PME Consolida, 13% de respostas cada. As restantes respostas foramrelativamente baixas: soc iedades de capital de risco, emprstimos obrigacionistas e adeso ao Alternext

    apresentaram percentagens de 7%, 4% e 3%, respetivamente. Conclui-se que, em grande medida, no se dmaior ateno utilizao de formas de financiamento alternativas no momento da escolha do tipo definanciamento a utilizar nos prximos anos, apesar das atuais dificuldades que existem no financiamentotradicional, nomeadamente, ao nvel bancrio.

    Tabela 8 Formas de Financiamento Alternativas que a Empresa Pondera Utilizar nos Prximos Dois Anos

    Formas de Financiamento Alternat ivas Nmero de Respostas Percentagem (%)

    Financiamento com recurso a garantia mtua 40 37,38

    Papel comercial 14 13,08

    Programa PME Consolida 14 13,08

    Sociedades de capital de risco 8 7,48

    Emprstimos obrigacionistas 4 3,74

    Adeso ao Alternext 3 2,80Business Angels 2 1,87

    Crowdfunding 1 0,93

    Nenhuma das anteriores 46 42,99

    Tendo em conta a identificao das principais vantagens na adeso ao Alternext, foi elaborada uma questo paraavaliar a relevncia que as empresas atribuem a essas vantagens (Tabela 9). As vantagens elencadas noquestionrio em relao entrada no mercado do Alternext foram consideradas relevantes ou muito relevantes, oque demonstra uma perspect iva positiva e de reconhecimento das oportunidades decorrentes da entrada embolsa. As principais vantagens atribudas entrada no Alternext so o aumento da visibilidade e notoriedade, oacesso ao mercado de capitais e a possibilidade de mobilizar fundos para financiar seu crescimento, cujas mdiasso de 3,5, 3,4 e 3,38, respetivamente. As vantagens menos valorizadas pelas empresas so facilitar orecrutamento, com uma moda e mediana pouco relevante, e antecipar possveis problemas de sucesso, com umamediana de "estou indeciso", apesar de a moda ser relevante (4).

    Tabela 9 Resposta ao Inqurito sobre as Vantagens da Entrada no Mercado do Alternext

    Vantagens na Adeso ao Alternext MdiaMediana Moda Nadarelevante

    Poucorelevante

    Estouindeciso

    Relevante Muitorelevante

    Aumento da visibilidade e danotoriedade

    3,50 4 4 12,15% 7,48% 13,08% 52,34% 14,95%

    Aceder ao mercado de capitais 3,40 4 4 13,08% 8,41% 15,89% 50,47% 12,15%

    Mobilizar fundos para financiar seucrescimento

    3,38 4 4 10,28% 12,15% 16,82% 50,47% 10,28%

    Favorecer o crescimento externo 3,20 4 4 12,15% 14,95% 20,56% 45,79% 6,54%

    Estruturao da empresa 3,14 4 4 12,15% 16,82% 20,56% 45,79% 4,67%

    Antecipar possveis problemas desucesso 2,78 3 4 17,76% 26,17% 20,56% 31,78% 3,74%

    Facilitar o recrutamento 2,51 2 2 20,56% 35,51% 16,82% 26,17% 0,93%

    O aumento do endividamento das empresas considerado pela maioria delas como relevante ou muito relevanteem face do aumento do risco tanto para acionistas como para os detentores da dvida, conforme possvel verna Tabela 10.

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    Tabela 10Aumento do Endividamento /Aumento do Risco

    Relaes de Conceitos Mdia Mediana Moda Nadarelevante

    Poucorelevante

    Estouindeciso

    Relevante Muitorelevante

    Aumento do endividamento / Aumento dorisco para os acionistas

    3,99 4 4 1,87% 11,21% 3,74% 52,34% 30,84%

    Aumento do endividamento / Aumento dorisco para os detentores da dvida

    3,85 4 4 2,80% 14,02% 9,35% 42,99% 30,84%

    Esse resultado reflete a abordagem da teoria de Durand (1952), segundo a qual o aumento do endividamentoprovoca o aumento do risco para os acionistas e para os detentores da dvida, sendo exigido um prmio maiorpara seus investimentos. Em situaes extremas, fica implcito o risco de falncia resultante de um endividamentoexcessivo. Daskalakis e Psillak (2009)consideram que o sistema jurdico desempenha papel fundamental nadisponibilidade de financiamento externo de uma empresa, com especial relevncia nas PMEs. No presente estudo,as respostas so ambguas, pois 46% das empresas consideram a relao sistema jurdico/acesso aofinanciamento como relevante ou muito relevante, 33% consideram que pouco relevante e 9% responderam queera nada relevante. Foi tambm averiguado se as empresas tm em ateno questes de fiscalidade no momentode escolher suas estruturas de capital e formas de financiamento: 50% das empresas consideram aquela questorelevante; e 11,21%, muito relevante. Esse resultado contradiz o estudo de Pettit e Singer (1985), que considera asquestes fiscais de pouca importncia para as PMEs, porque essas empresas so menos suscetveis de gerarelevados lucros e, portanto, so menos propensas ao uso do benefcio fiscal da dvida.

    A maturidade dos ativos versusa maturidade do passivo uma das questes fundamentais do equilbriofinanceiro. Cerca de 66% das empresas considera essa questo relevante ou muito relevante. Esse resultado coincidente com o estudo de Graham e Harvey (2001)que, por meio de um inqurito a 392 Chief Financial Officers(CFOs), concluram que as PMEs procuram financiar seus investimentos com dvida, cuja maturidade seja similar dos ativos que iro financiar. Relativamente ao ambiente exterior, os resultados mostram que as empresasconsideram como muito relevante ou relevante o clima macroeconmico do pas na influncia do endividamentodas empresas de curto e de longo prazo (82,24% das respostas). Michaelas, Chittenden e Poutziouris (1999)

    consideram que em perodos de recesso econmica as empresas recorrem mais ao endividamento de curto prazopara responder a problemas momentneos de tesouraria. Durante esses perodos de abrandamento econmico, osgrandes investimentos tendem a ser adiados. Quando a economia comea a crescer e as empresas aumentam oslucros, liquidam os financiamentos de curto prazo e comeam a implementar os grandes investimentos que haviamsido adiados, aumentando, assim, o endividamento de longo prazo. Analisando mais detalhadamente como asempresas caracterizam algumas variveis macroeconmicas da envolvente empresarial em Portugal (Tabela 11),destaca-se o funcionamento da Justia, caracterizado como muito mau por 39,3% das empresas e como mau por43,9%. De acordo com Daskalakis e Psillak (2009), o sistema jurdico desempenha papel fundamental nadisponibilidade de financiamento externo de uma empresa, com especial relevncia nas PMEs. A burocracia outro

    dos fatores macroeconmicos apontados por 85% das empresas como tendo muito mau funcionamento ou maufuncionamento, enquanto a concorrncia/regulao teve 41% de respostas como mau funcionamento e 32%esto indecisos.

    Tabela 11 Clima Macroeconmico

    QuestesMacroeconmicas

    Mdia MedianaModa Muito mau

    funcionamentoMau

    funcionamentoEstou

    indecisoBom

    funcionmentoMuito bom

    funcionamento

    Capital humano 3,50 4 4 4,7% 13,1% 19,6% 53,3% 9,3%

    Inovao 3,14 3 4 4,7% 25,2% 25,2% 41,1% 3,7%

    Financiamento 2,88 3 2 8,4% 35,5% 18,7% 34,6% 2,8%

    Concorrncia/Regulao 2,58 2 2 9,3% 41,1% 31,8% 17,8% 0,0%

    Fiscalidade 2,50 2 2 12,1% 48,6% 16,8% 22,4% 0,0%Energia 2,40 2 2 17,8% 46,7% 14,0% 20,6% 0,9%

    Rigidez da legislaolaboral

    2,35 2 2 18,7% 48,6% 13,1% 18,7% 0,9%

    Licenciamento 2,25 2 2 21,5% 43,0% 24,3% 11,2% 0,0%

    Baixo poder de comprada populao

    2,18 2 2 26,2% 40,2% 24,3% 8,4% 0,9%

    Prazos de pagamentopelas entidades pblicas

    1,92 2 1 38,3% 38,3% 16,8% 6,5% 0,0%

    Burocracia 1,91 2 2 30,8% 55,1% 7,5% 5,6% 0,9%

    Funcionamento daJustia

    1,86 2 2 39,3% 43,9% 9,3% 6,5% 0,9%

    A fiscalidade, a rigidez da legislao laboral e a energia so apontadas como mau funcionamento por cerca de

    50% das empresas. O fator capital humano foi o que apresentou uma mdia mais elevada de todos os fatores(3,5) e uma mediana e moda de bom funcionamento. O fator financiamento teve respostas mais dspares, pois foiconsiderado como mau funcionamento e bom funcionamento por cerca de 35% das respostas e 19% dasempresas demonstraram indeciso.

    O prazo mdio de pagamento das entidades pblicas foi considerado por cerca de 76% das empresas como tendoum muito mau funcionamento ou mau funcionamento. O licenciamento e o baixo poder de compra da populao

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    foram considerados por cerca de 40% das empresas como um fator de mau funcionamento. Depois do fatorcapital humano, o fator inovao foi o que apresentou maior mdia (3,14), pois 41% das empresas consideraramexistir um bom funcionamento.

    4.2. Anlise fatorial das condies de financiamento

    A anlise fatorial pressupe a existncia de um menor nmero de variveis no observveis subjacentes aosdados que expressam o que existe em comum nas variveis iniciais.

    O valor obtido de KMO (0,717) significa, de acordo com Pestana e Gageiro (2005), uma boa anlise fatorial e, umavez que o teste de Bartlett tem associado um nvel de significncia de 0,000, conduz rejeio de a hiptese da

    matriz das correlaes na populao ser a matriz identidade, mostrando, assim, que a correlao entre algumasvariveis estatisticamente significativa.

    Na Tabela 12, so apresentados os resultados da anlise fatorial, utilizando-se para a extrao dos fatores omtodo das componentes principais. Para efetuar a rotao dos eixos fatoriais, foi utilizado o mtodo ortogonalVarimax com normalizao de Kaiser. Verifica-se na Tabela 12que os valores prprios dos trs fatores so todossuperiores a 1 (critrio de Kaiser foi cumprido).

    Tabela 12 Varincia Total Explicada

    Componente

    Valores Prprios Iniciais Extraction Sums of Squared Rotation Sums of Squared

    Total % daVarincia

    %Acumulada

    Total % daVarincia

    %Acumulada

    Total % daVarincia

    %Acumulada

    1 3,284 41,048 41,048 3,284 41,048 41,048 3,249 40,618 40,6182 1,844 23,047 64,094 1,844 23,047 64,094 1,851 23,136 63,755

    3 1,538 19,231 83,325 1,538 19,231 83,325 1,566 19,571 83,325

    A anlise fatorial resultou na extrao de trs fatores responsveis por 83,325% da varincia total (Tabela 12). Avarincia no explicada, de 16,675%, poder estar relacionada com outros fatores menos relevantes, resultantesde outras combinaes das variveis. Na Tabela 13pode ser observada a matriz das componentes.

    Na Tabela 13, o Alfa de Cronbach indica que se est diante de uma consistncia interna excelente no fator 1(Alfa de Cronbach = 0,923) e no fator 2 (Alfa de Cronbach = 0,911), uma consistncia interna aceitvel no fator3 (Alfa de Cronbach = 0,706). Relativamente ao fator 1, a observao das variveis que contribuem para explic-lo permite concluir que se est diante das variveis relacionadas com a capacidade de a empresa crescer com aentrada em bolsa. Esse fator explicado pelo aumento da visibilidade e da notoriedade nacional e internacional,pelo acesso ao mercado de capitais e pela possibilidade de mobilizao de fundos para financiar seu cresc imentoe permitir o crescimento externo. Pode-se verificar que as empresas atribuem grande importncia s vantagensda entrada em bolsa como o Alternext para potenciar seu crescimento externo. Refira-se que muito ainda tem deser feito para elucidar e potenciar a entrada de mais empresas em bolsa. Esse maior nmero poder significarorganizaes mais fortes e dinmicas, permitindo o desenvolvimento das empresas e da economia nacional. Para ofator 2, contribuem duas variveis, as comisses e despesas cobradas e as taxas de juros praticadas. Essas duasvariveis so representativas dos principais fatores de dificuldade no acesso ao crdito bancrio, neste caso soos custos do emprstimo que mais penalizam as empresas. Os elevados custos dos financiamentos tradicionais eos consequentes impedimentos ao desenvolvimento e ao crescimento de novos ou atuais projetos vo influenciara procura de outras formas de financiamento que consigam dar vida a esses projetos. Para o fator 3, contribuemas variveis relacionadas com aspetos burocrticos, como o funcionamento da Justia e a burocracia generalizadacom o enquadramento legal e administrativo. Conclui-se que as empresas, para crescerem e desenvolverem seusprojetos, necessitam de um melhor funcionamento da Justia e da simplificao dos aspetos burocrticos.

    Tabela 13 Matriz das Componentes

    Componente

    1 2 3

    Aumento da visibilidade e da notoriedade nacional e internacional0,914

    Acesso ao mercado de capitais 0,911 Fator 1

    Mobilizao de fundos para financiar seu crescimento 0,902 Crescimento da Empresa

    Favorecimento do crescimento externo 0,873

    Comisses e despesas 0,957 Fator 2

    Taxa de juro 0,956 Custo do Emprstimo

    Funcionamento da Justia 0,881 Fator 3

    Burocracia (enquadramento legal e administrativo) 0,876 Aspetos Burocrticos

    Alfa de Cronbach 0,923 0,911 0,706

    5. CONCLUSES

    O presente trabalho foi realizado poucos anos aps a crise financeira do subprimee c onsequente efeito decontgio s restantes economias, que provocaram alteraes profundas da realidade econmica e social dosvrios pases afetados. Durante a elaborao deste trabalho, Portugal esteve sob um Programa de Assistncia

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    Econmica e Financeira, consequncia da elevada dvida pblica e das dificuldades de financiamento do pas nosmercados financeiros. A crise que afetou algumas instituies bancrias provocou a diminuio do nvel deconcesso de crdito economia e o aumento dos custos de financiamento.

    Os resultados do inqurito apontam para a aplicabilidade da teoria de Durand (1952; 1959), segundo a qual umaumento do endividamento das empresas considerado pela maioria delas como relevante ou muito relevante emface do aumento do risco tanto para ac ionistas quanto para os detentores da dvida. O estudo no permitiu umaconcluso clara sobre se as PMEs do distrito do Porto consideram o papel do sistema jurdico fundamental nadisponibilidade de financiamento externo, conforme concluiu Daskalakis e Psillak (2009). As empresas tm em contaos benefcios fiscais na escolha de suas estruturas de capitais e formas de financiamento, resultado que contradizo estudo de Pettit e Singer (1985), que consideram as PMEs menos suscetveis de gerar elevados lucros e, portanto,

    menos propensas ao uso do benefcio fiscal da dvida.A maioria das empresas considera que o Sistema de Normalizao Contabilstica, recentemente aplicado emPortugal, permite obter informao mais credvel e homognea, o que poder melhorar no s a qualidade dainformao contabilstica produzida, apurando o relacionamento que mantm com os bancos ( Baas & Schrooten,2006), como tambm as condies de acesso ao crdito bancrio (Hall, Hutchinson & Michaelas, 2004).

    A generalidade das PMEs que responderam ao inqurito procura financiar seus investimentos com dvida, cujamaturidade seja similar dos ativos que ela ir financiar, resultado em acordo com o estudo de Graham e Harvey(2001).

    O questionrio permitiu concluir que o crdito bancrio a principal fonte de financiamento, sendo utilizado por91% das empresas; segue-se o autofinanciamento, utilizado por 62% das empresas. Os financiamentos poremisso de aes e obrigaes no tiveram respostas, caractersticas tpicas do modelo continental definanciamento, em que existe uma preferncia muito forte pelo autofinanciamento e pelo crdito bancrio e emque o papel da bolsa e dos mercados de capitais reduzido.

    A expressiva maioria das empresas tem dificuldades no acesso ao crdito bancrio; os custos do emprstimo, ouseja, as comisses e as despesas cobradas e as taxas de juro praticadas, so o fator que mais contribui para talsituao. Esse resultado poderia significar que as empresas estariam mais propensas utilizao de formas definanciamento alternativas, situao que no veio a verificar-se.

    De acordo com os resultados do inqurito, 36% das empresas no utilizaram nenhuma das formas definanciamento alternativas sugeridas e 43% tambm no ponderam vir a utilizar nenhuma delas nos prximos doisanos. Esses dados so reveladores de alguma rigidez que existe na utilizao de formas de financiamentotradicionais, apesar das dificuldades admitidas em seu acesso.

    Por outro lado, as vantagens de adeso ao mercado bolsista do Alternext parecem cat ivar as empresas pelosbenefcios que apresentam. O resultado da anlise fatorial permitiu concluir que so fatores a ter em conta oaumento da visibilidade e da notoriedade nacional e internacional, o acesso ao mercado de capitais, a

    possibilidade de mobilizao de fundos para financiar seu crescimento e permitir o crescimento externo. Osaspetos burocrticos (funcionamento da Justia e a burocracia generalizada com o enquadramento legal eadministrativo) foram outros fatores apontados pelas empresas como entraves a seu crescimento edesenvolvimento.

    Conclui-se que a utilizao de fontes de financiamento diversificadas e alternativas um processo demorado,tendo em conta que as formas de financiamento tradicionais esto bastante enraizadas na gnese das PMEs e namentalidade de seus dirigentes. Refira-se que o modelo de financiamento encontrado e grande parte dasconcluses aqui obtidas revelam um panorama que no difere significativamente do que acontece no Brasil. Oagravamento e as limitaes das condies de financiamento tradicionais poderiam ser uma forma indireta deincentivar a utilizao de formas de financiamento alternativas, mas at ao momento no se verifica essatendncia, pois o acesso ao mercado de capitais parece estar ainda dedicado s grandes empresas.

    Neste artigo, foi mantida a lngua portuguesa de Portugal.

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    Recebido: 29 de Julho de 2014; Aceito: 13 de Fevereiro de 2015

    Fernando Oliveira Tavares, Mestre em Finanas pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Doutor emGesto Industrial pela Universidade de Aveiro, Professor Auxiliar na Universidade Portucalense Infante D.Henrique (4200-072 Porto, Portugal). E-mail: [email protected]: Universidade Portucalense Infante D.Henrique Departamento de Economia, Gesto e Informtica Rua Dr. Antnio Bernardino de Almeida, 541 4200-072 Porto Portugal

    Lus Pacheco, Mestre em Economia Monetria e Financeira pelo Instituto Superior de Economia e Gesto daUniversidade Tcnica de Lisboa, Doutor em Economia pela Universidade Tcnica de Lisboa, Professor Assoc iadona Universidade Portucalense Infante D. Henrique (4200-072 Porto, Portugal) e Docente na Universidade deAveiro. E-mail: [email protected]

    Emanuel Ferreira Almeida, Mestre em Finanas pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique (4200-072 Porto, Portugal). E-mail: [email protected]

    Avenida Professor Luciano Gualberto, 908, sala F184

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