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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Ciências Médicas
ANA PAULA RAGONETE DOS ANJOS
FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA COM PRESSÃO POSITIVA
INTERMITENTE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA EM
RELAÇÃO AO TRATAMENTO CONVENCIONAL NA
REMOÇÃO DO DRENO DE TÓRAX
CAMPINAS
2016
ANA PAULA RAGONETE DOS ANJOS
FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA COM PRESSÃO POSITIVA
INTERMITENTE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA EM RELAÇÃO AO
TRATAMENTO CONVENCIONAL NA REMOÇÃO DO DRENO DE
TÓRAX
Dissertação de mestrado apresentada à Pós-Graduação em Ciências
da Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a
obtenção do título de Mestra em Ciências.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA
ALUNA ANA PAULA RAGONETE DOS ANJOS, E ORIENTADA PELO
PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO MARTINS E CO-ORIENTADA PELA PROFA. DRA.
LUCIANA CASTILHO DE FIGUEIREDO
CAMPINAS
2016
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO MARTINS
CO-ORIENTADORA: PROF(A). DR(A). LUCIANA CASTILHO DE FIGUEIREDO
MEMBROS:
1. PROF. DR. LUIZ CLÁUDIO MARTINS
2. PROF. DRA. CRISTINA APARECIDA GUEDES VELOSO
3. PROF. DR. MARCELO SCHUWELLER
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora
encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
DATA DE DEFESA: 25/02/2016
RESUMO
Introdução: Uma das estratégicas clínicas que pode ser adotadas para
acelerar a remoção do dreno torácico é a reabilitação respiratória com técnicas de
reexpansão pulmonar, sendo este um dos critérios para remoção do dreno. Objetivo:
Comparar a utilização do equipamento Reanimador de Muller como recurso
fisioterapêutico em relação às técnicas fisioterapêuticas convencionais no tratamento de
pacientes submetidos ao uso de dreno de tórax. Método: Estudo prospectivo, randomizado,
descritivo e comparativo. O estudo foi composto por 40 pacientes, sendo elegíveis acima
de 18 anos, hemodinamicamente estável, presença de tórax de dreno, orientado e
consciente. Foi comparado dois grupos, sendo o grupo convencional composto por técnicas
fisioterapêuticas com incentivador inspiratório e manobras manuais de reexpansão. O outro
grupo denominado de estudo, teve como principal técnica a pressão positiva intermitente
com o equipamento Reanimador de Muller. A análise estatística foi realizada para
comparar as variáveis categóricas entre os 2 grupos, porém foram usados o teste qui-
quadrado ou, na presença de valores esperados menores que 5, o teste exato de Fisher,
Mann-Whitney, ANOVAs, sendo o nível de significância adotado para os testes
estatísticos foi P<0.05 . Resultado: Houve diferença estatísticas entre os valores pré e pós
intervenção fisioterapêutica intra grupos da variável de volume minuto, volume corrente e
dispneia (p<0.001). O valor de frequência respiratória no momento pós intervenção foi
maior no grupo estudo (p=0.031).Quanto a variável de saturação periférica de oxigênio
apresentaram diferença (p<0.001) intra grupos antes e após sessão de fisioterapia. A
percepção de dor, tempo de internação e tempo de dreno não foram observadas diferenças
estatísticas.
Conclusão: Ambas as técnicas de fisioterapia respiratória em indivíduos com dreno
de tórax foram efetivas na melhora do volume minuto, volume corrente, redução da
dispneia.
Palavras chaves: fisioterapia, respiração pressão positiva intermitente, doenças pleurais
ABSTRACT
Introduction: Introduction: One of the clinical strategies that can be adopted to accelerate
the removal of the chest tube is respiratory rehabilitation with pulmonary re-expansion
techniques, being one of the criteria for removal of the drain. Objective: To compare the
use of Muller Resuscitator equipment as a physical therapy resource in relation to
conventional physical therapy techniques in the treatment of patients with the use of chest
drain. Methods: A prospective, randomized, descriptive and comparative. The study
consisted of 40 patients, being eligible over 18 years, hemodynamically stable, the
presence of chest drain, oriented and aware. two groups were compared, and the
conventional group consisting of physical therapy techniques with inspiratory encourager
and manual maneuvers to re-expansion. The other group called the study was mainly
technical intermittent positive pressure with Muller Resuscitator equipment. Statistical
analysis was performed to compare categorical variables between the 2 groups, but were
used the chi-square test or, in the presence of lower expected values than 5, Fisher's exact
test, Mann-Whitney, ANOVA, and the level of significance for the statistical tests was P
<0.05. Results: There was statistical difference between pre and post physical therapy
intervention intra groups of minute volume variable, tidal volume and dyspnea (p <0.001).
The value of respiratory rate in the post intervention time was higher in the study group (p
= 0.031).As peripheral oxygen saturation variable showed differences (p <0.001) intra
groups before and after physical therapy session. The perception of pain, hospitalization
time and drain time stats differences were observed.
Conclusion: Both techniques of respiratory physiotherapy in patients with chest tube were
effective in improving the minute volume, tidal volume, reduction of dyspnea.
Key words: physiotherapy, intermittent positive pressure breathing, pleural diseases
DEDICATÓRIA
A realização do meu sonho não poderia ter sido concretizada sem a
ajuda de meus amáveis e eternos pais José Gomes dos Anjos e Ana Maria
Ragonete dos Anjos, que, no decorrer da minha vida me proporcionaram,
além de extenso carinho e amor, os conhecimentos da integridade, da
perseverança e de procurar sempre em Deus a força maior para o meu
desenvolvimento como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar e
reconhecer a imensa gratidão e meu amor eterno.
À Deus, dedico o meu agradecimento maior, porque têm sido tudo em
minha vida.
Um agradecimento especial à minha querida maninha Marcela, tios,
amigos e avô, que permaneceram sempre ao meu lado, nos bons e maus
momentos; ao meu querido amor Mickael Silva Agostini, que além de me
fazer feliz, ajudou-me, durante todo o percurso desta etapa acadêmica,
compreendendo, carregando, apoiando e sendo paciente ao meu lado para que
fosse possível a conquista do meu maior sonho e realização profissional.
A todos vocês, meu muito obrigado.
AGRADECIMENTOS
A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para
superar as dificuldades, mostrar os caminho nas horas incertas e suprir em
todas as minhas necessidades.
Aos meus orientadores Prof. Dr. Luiz Cláudio Martins e Prof(a) Dra. Luciana
Castilho Figueiredo, por acreditarem em mim, no futuro deste projeto,
contribuir para o meu crescimento profissional, mostrarem o caminho da
ciência, amizade, companheirismo, compreensão durante estes anos, e por
serem exemplos de profissional a serem seguidos, os quais sempre farão parte
da minha vida.
À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo.
Aos meus colegas de trabalho Ivaneide de Paula Barros Lemos e sua equipe
de fisioterapia respiratória da Santa Casa de Passos-MG, que participaram
diretamente deste trabalho e que ajudaram em todos os momentos da
pesquisa.
A todos os colegas e professores da pós-graduação da Ciência da Cirurgia
Faculdade de Ciências Médicas de Campinas.
EPÍGRAFE
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas
usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os
nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.
Fernando Pessoa
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ml/Kg: mililitro por quilograma
CPAP: Pressão Positiva Contínua nas vias aéreas
BIPAP: Pressão Positiva em dois níveis respiratórios (inspiração e expiração)
EPAP: Pressão Positiva Expiratório
RPPI: Pressão Respiratória Positiva Intermitente
IR: Incentivador Respiratório
TCLE: Termo de consentimento livre esclarecido
FCM: Faculdade de Ciências Médicas
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
cmH2O: centímetro por água
Kgf/cm2: Quilograma-força por centímetro quadrado
mmHg: milimitros de mercúrio
IMC: Índice de massa corpórea
VM: Volume Minuto
VC: Volume Corrente
FR: Frequência Respiratória
rpm: respiração por minuto
SpO2: Saturação periférica de oxigênio
EVA: Escala Analógica Visual de Dor
Kg/m2: Quilograma por metro quadrado
ml: mililitros
VNI: Ventilação mecânica não-invasiva
p: Indicador de significância
GC: grupo controle
GE: grupo estudo
ICC: Insuficiência cardíaca congestiva
DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crônica
TEP: Trombo-embolismo pulmonar
IAM: Infarto Agudo do miocárdio
DP: Desvio padrão
CEP: Comitê Ético Pesquisa
PEEP: Pressão Positiva no Final da Expiração
%: porcentagem
<: menor
>: maior
m2: metro quadrado
VO2: Volume de oxigênio
PaO2: Pressão Arterial de Oxigênio
L/min: Litros por minuto
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Respiron ............................................................................................................... 17
Figura 2- Reanimador de Muller ......................................................................................... 19
Figura 3- Ventilômetro de Wright ....................................................................................... 23
Figura 4- Oxímetro de pulso portátil ............................................................................. ......23
Figura 5- Escala Visual Analógica de Dor .......................................................................... 24
Figura 6- Escala de Borg ................................................................................................ .....25
Figura 7- Incentivador Inspiratório.....................................................................................26
Figura 8- Compressão e descompressão com bloqueio contralateral do hemitórax com
dreno................................................................................................................................26
Figura 9- Manobra de compressão e descompressão..........................................................26
Quadro 1- Procedimentos fisioterapêuticos realizados nos pacientes do grupo
controle.................................................................................................................................26
Quadro 2- Procedimento fisioterapêutico realizado nos pacientes do grupo estudo...........27
Quadro 3- Um fluxograma com desenho metodológico do estudo ................................ .....28
Quadro 4- Fluxograma do desenho de randomização do estudo ......................................... 31
Tabela 1- Variáveis demográficas, diagnóstico, doença prévia, tempo de internação
hospitalar, tempo de dreno, oxigenação suplementar e complicações durante a intervenção
fisioterápica. Valores expressos em média, desvio padrão e
porcentagem.............................................................................................................33
Gráfico 1- Diferença entre as médias dos valores de volume corrente (ml), nos momentos
PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica, no grupo controle e no grupo estudo..................34
Gráfico 2- Diferença entre as médias dos valores de volume minuto nos momentos PRÉ e
PÓS intervenção fisioterapêutica no grupo controle e no grupo estudo..............................34
Gráfico 3- Diferença entre as médias dos valores de frequência respiratória nos momentos
PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica no grupo controle e no grupo estudo...................35
Gráfico 4- Diferença entre as médias do grau de dispneia PRÉ e PÓS intervenção do grupo
estudo e do grupo controle sendo o valor de p<0,001.........................................................36
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15
2 OBJETIVOS.............................................................................................................. 19
2.1. Objetivo Geral........................................................................................................19
2.2. Objetivo Específico................................................................................................20
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 20
3.1. Aspectos éticos da pesquisa .................................................................................. 20
3.2. Tipo do estudo ....................................................................................................... 20
3.3. Local do estudo ..................................................................................................... 20
3.4. População do estudo .............................................................................................. 21
3.5. Critérios de inclusão .............................................................................................. 21
3.6. Critérios de exclusão ............................................................................................. 21
3.7. Coleta de Dados .................................................................................................... 22
3.7.1.Ventilometria ....................................................................................................... 22
3.7.2. Saturação periférica de oxigênio ........................................................................ 23
3.7.3.Dor ....................................................................................................................... 24
3.7.4. Tempo de dreno de tórax e internação hospitalar .............................................. 24
3.7.5. Dispnéia .............................................................................................................. 25
3.8. Intervenção ............................................................................................................ 25
3.9. Análise estatística .................................................................................................. 29
4 RESULTADOS ......................................................................................................... 30
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 37
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 42
APÊNDICE .................................................................................................................. 46
APÊNDICE I. Termo de consentimento livre e esclarecido ........................................ 46
APÊNDICE II. Ficha de Coleta de Dados ................................................................... 49
ANEXOS ...................................................................................................................... 52
ANEXO 1. Parecer do Comitê de Ética ....................................................................... 52
15
1- INTRODUÇÃO
A pleura é uma membrana serosa que fica entre a cavidade torácica, pulmões, e
mediastino, sendo denominada de visceral na porção que recobre as superfícies dos
pulmões e parietal que reveste o diafragma, superfície costal e mediastino1. A quantidade
de fluído presente no espaço entre as pleuras corresponde normalmente a 0,1-0,2 ml/Kg do
peso corporal, diante do equilíbrio entre a produção e absorção realizado pelo sistema
circulatório, linfático e gânglios linfáticos do mediastino2. Existem quatro tipos principais
de fluidos no espaço pleural: seroso (hidrotórax), sangue (hemotórax) lipídico (quilotórax)
e purulento (piotórax ou empiema)3.
O acúmulo de fluido ocorre pelo desequilíbrio no balanço homeostático, decorrente
da deficiência de reabsorção do fluido4. Esta deficiência é resultado de vários mecanismos,
tais como aumento da pressão dos capilares pulmonares, diminuição da pressão
intrapleural, diminuição da pressão oncótica, aumento da permeabilidade da membrana
pleural e obstrução do sistema linfático5. Entretanto, o acúmulo de fluido pleural não é
especificamente uma doença, mas reflexo de patologias adjacentes6.
Muitas doenças podem causar a efusão pleural, sendo as mais comuns a
insuficiência cardíaca congestiva, câncer, pneumonia, tuberculose, embolia pulmonar e
doença renal7. As consequentes alterações pulmonares são a diminuição da complacência
pulmonar, aumento do trabalho respiratório, aumento da caixa torácica, causando assim,
alongamento dos músculos inspiratórios e resultando no desequilíbrio posicional e
alteração da curva de força e tensão8. Os sinais e sintomas dependem da patologia
adjacente, mas dispneia, tosse seca e dor torácica são mais comuns9.
A dor é provocada pelos movimentos entre as superfícies pleurais durante a
inspiração profunda, tosse e espirros. A dispneia é o sintoma mais comum e inespecífico.
As causas são multifatoriais e reflexas da combinação entre a redução da complacência da
parede torácica, depressão do diafragma e redução do volume pulmonar2.
O sistema de drenagem torácica em selo d’ água é uma técnica na qual é inserido um
tubo na linha média axilar lateral do corpo entre as costelas 10
. O liquido é drenado por um
sistema coletor de drenagem composto de frasco coletor, tubo de drenagem e selo d’agua
que impede a entrada de ar atmosférico na cavidade torácica. No entanto, algumas vezes,
para aumentar a velocidade da remoção, é utilizado um sistema de aspiração com pressão
16
negativa contínua junto ao sistema coletor, que possui uma câmara de transmissão de alta
pressão, regulável por meio de coluna d’agua submersa, ligada a um sistema de vácuo.
Entretanto, esse processo pode gerar um maior escape aéreo, podendo prejudicar a
ventilação alveolar e a capacidade de manter um adequado valor de PEEP (pressão positiva
ao final da expiração)11
. Este método de tratamento é usado aproximadamente em 133.000
pacientes hospitalizados por ano nos Estados Unidos12
. O objetivo principal da utilização
da drenagem torácica é a remoção de acúmulo de fluídos tais como o ar, sangue e líquido
da cavidade pleural para que os sinais e sintomas, possam melhorar e restaurar a função
respiratória e pulmonar13
.
A principal e mais comum indicação para a drenagem de tórax é o
hemopneumotórax com prevalência de 52,3%, seguida por 23.4% nos casos de hemotórax,
20,7% nos casos de pneumotórax e também por casos de derrame pleural14
.
As complicações da drenagem torácica incluem as infecções, dor, lesão tecidual do
tórax, enfisema subcutâneo, trombose, embolia pulmonar e pneumotórax. Essas
complicações estão associadas ao aumento dos dias de permanência do dreno, tempo de
internação hospitalar e mortalidade 8, 13,14
. Por estas razões, estratégicas cirúrgicas e
clínicas são adotadas para reduzir o tempo de utilização do dreno torácico nos pacientes.
Uma das estratégicas clínicas que podem ser adotada para acelerar a remoção do
dreno torácico é a reabilitação respiratória com técnicas de reexpansão pulmonar, sendo
que a reexpansão pulmonar é considerada um dos critérios para remoção do dreno.
Existem alguns recursos utilizados para a realização da fisioterapia respiratória para
reexpansão pulmonar tais como as manobras manuais, a pressão positiva contínua nas vias
aéreas (CPAP), a pressão positiva em dois níveis pressóricos (BIPAP), a pressão positiva
expiratória (EPAP), a respiração com pressão positiva intermitente (RPPI) e o incentivador
respiratório (IR), que são recursos seguros e de fácil aplicação 15,16
.
Os exercícios respiratórios são técnicas manuais frequentemente utilizadas na
prática clínica e podem influenciar o padrão respiratório e o movimento toracoabdominal,
sendo capazes de priorizar um compartimento da parede torácica em relação ao outro e
modificar o grau de contração dos músculos respiratórios 17
.
O inspirômetro de incentivo é um dispositivo que encoraja o pacientes por meio de
um feedback visual, a manter uma inspiração máxima e sustentada18
. Os inspirômetros de
incentivo a fluxo são quantificados a partir do fluxo gerado capaz de elevar as esferas.
17
Inspirações máximas e sustentadas levam ao aumento da pressão transpulmonar e,
associadas à pausa inspiratória, promovem insuflação pulmonar. Portanto, os
incentivadores pulmonares são uma das estratégias mais utilizadas no pós operatório (
Figura 1)19
.
Os benefícios da técnica foram relatados em estudos de pós operatório de cirurgia
abdominal, torácica e cardíaca 20,21
e está correlacionados com a melhora da função
pulmonar e diminuição do tempo de hospitalização 20, 21, 22,23
. Entretanto, apesar dos
benefícios relatados nos estudos, não demonstraram superioridade do incentivador
respiratório em relação às outras técnicas fisioterapêuticas que possuem o objetivo
reexpansão pulmonar.
A forma pela qual a expansão pulmonar pode ocorrer com o uso do incentivador
respiratório é através da redução da pressão pleural proporcionada pela contração dos
músculos inspiratórios, determinando assim, a expansão da parede torácica. Esta expansão
faz com que a pressão ao redor do pulmão, ou seja, a pressão pleural, diminua,
ocasionando uma espécie de tração dos pulmões e, consequentemente, a expansão. Esse
processo gera um gradiente de pressão alveolar, que é menor que a pressão externa ou de
abertura das vias aéreas, responsável pelo fluxo inspiratório 24
.
Figura 1: Respiron, NCS®(http//:www.hospitalardistribuidora.com.br 01/06/2015)
18
A pressão positiva intermitente (RPPI) é considerada uma pressão positiva, aplicada
na fase inspiratória, por meio de máscara facial ou bocal, na expiração passiva o ar
retorna a pressão a níveis de pressão atmosférica25
. O princípio fisiológico do exercício
com RPPI é o aumento da pressão alveolar na inspiração com o objetivo de aumentar a
capacidade inspiratória, volume corrente, melhorar parâmetros de oxigenação, imagem
radiológica, favorece a tosse e eliminação de secreções26
.
A expansão pulmonar proporcionada pelo RPPI pode ser explicada
fisiologicamente pelo aumento da pressão intrapulmonar por ação do dispositivo. Porém,
os dispositivos geram aumento na pressão de abertura das vias aéreas gerando a diferença
de pressão necessária para que ocorra o fluxo inspiratório. O volume pulmonar aumenta
gradualmente enquanto a pressão intrapulmonar também for positiva24
.
O Reanimador de Muller é um aparelho desenvolvido em 1991, na Santa Casa
Misericórdia de Curitiba, por fisioterapeutas do serviço, para atender as dificuldades
respiratórias em pacientes portadores das mais diversas afecções pulmonares (Figura 2). A
partir de 1991, passou a ser utilizado no serviço, e com o passar do tempo se tornou um
recurso indispensável na rotina diária, principalmente em pacientes em pós-operatório de
cirurgia cardíaca que comumente apresentam distúrbios ventilatórios. É constituído por
uma válvula de característica pneumática, usado de maneira intermitente ou contínua para
reexpansão pulmonar, com menor carga de trabalho imposto, além de incrementar a
eficácia das trocas gasosas por melhorar volumes, capacidades pulmonares e padrão
respiratório, além de reverter atelectasias27, 28
.
A pressão de trabalho do Reanimador de Muller é ajustada através da válvula
reguladora, responsável pela intensidade de pressão endotraqueal gerada durante a
ventilação dos pacientes, na proporção de 10 cmH2O de pressão endotraqueal para cada
Kgf/cm2. Quando o operador aciona o botão da válvula reguladora, um fluxo de ar
abastece, simultaneamente o micronebulizador e o injetor. A névoa gerada pelo
micronebulizador é aspirada pelo injetor e enviada sob pressão controlada para o paciente.
O mesmo injetor atua como válvula de segurança quando a pressão máxima regulada for
atingida, ou seja, o fluxo antes enviado para o paciente passa a ser desviado para o
ambiente. O sistema ainda permite que o paciente realize respirações espontâneas nos
intervalos da respiração manual. À medida que o gás injetado na fase inspiratória, com um
fluxo laminar, é produzido um aumento da pressão intratorácica, que se mantém elevada
19
por alguns segundos, o que proporciona uma boa distribuição dos gases na corrente
sanguínea 29
.
Figura 2: Reanimador de Muller, Engemed® (http//:www.saudeshop.com.br 01/06/2015)
No entanto, ainda existem poucos relatos na literatura referentes aos benefícios do
Reanimador de Muller em diferentes modalidades e protocolos de reabilitação respiratória.
Além disso, os estudos não possuem padronização de métodos e recursos utilizados na
fisioterapia respiratória, em pacientes com dreno de tórax.
2 OBJETIVOS GERAL
2.1 Objetivos Gerais
Comparar a utilização do equipamento Reanimador de Muller como recurso
fisioterapêutico em relação às técnicas fisioterapêuticas convencionais no tratamento de
pacientes submetidos ao uso de dreno de tórax.
2.2. Objetivos Específicos
2.2.1. Comparar as variáveis (VM, VC e FR) que são avaliadas pela ventilometria em
ambos os grupos, PRÉ e PÓS intervenção;
2.2.2. Comparar saturação periférica de oxigênio ANTES e APÓS a sessão de fisioterapia
em ambos os grupos.
20
2.2.3. Comparar a percepção de dispneia PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica em
ambos os grupos
2.2.4. Comparar o escore de dor em ambos os grupos ANTES e APÓS a sessão de
fisioterapia.
2.2.5. Comparar o tempo de internação hospitalar.
2.2.6. Comparar o tempo de utilização do dreno de tórax.
2.2.7. Comparar o tempo de sessão fisioterapêutica.
3 CASUÍSTICA E MÉTODO
3.1 Aspectos éticos da pesquisa
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas
de Campinas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), parecer CEP:
429.810. (APÊNCICE 1). Os testes e as medidas realizadas utilizaram aparelhos não
invasivos, ou seja, não ofereceram riscos aos pacientes. Se o paciente relata algum
desconforto, os testes foram interrompidos. Os dados coletados, assim, como a identidade
dos pacientes, foram preservados. Apenas pessoas envolvidas no projeto tiveram acesso às
informações confidenciais. Não houve desconforto para os pacientes ou riscos previsíveis
de prevenção. Todos os participantes foram orientados sobre a pesquisa, os objetivos,
riscos, benefícios e métodos de avaliação. Todas as dúvidas foram esclarecidas e os
indivíduos ficariam livres para desistir da participação em qualquer momento. O termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE) foi assinado previamente pelo participante
(APÊNDICE 2).
3.2 Tipo de estudo
Estudo prospectivo, randomizado, sorteio por envelope lacrado, comparativo e
descritivo
3.3 Local de estudo
O estudo foi realizado no Hospital Santa Casa de Passos, Minas Gerais
21
3.4 População do estudo
Participaram do estudo os indivíduos com dreno de tórax em acompanhamento nas
enfermarias cirúrgicas do Hospital Santa Casa de Passos- Minas Gerais. Eles foram
abordados pelo pesquisador responsável e convidados a participar do estudo.
3.5 Critérios de Inclusão
Idade entre 18 e 65 anos;
Ambos os gêneros;
Uso de drenagem torácica.
Indivíduo consciente, orientado e colaborativo.
Estabilidade hemodinâmica.
3.6 Critérios de Exclusão
Pacientes que apresentem contra-indicação e ou limitação quanto a utilização da pressão
positiva, como recurso fisioterapêutico Segundo Diretrizes Brasileiras de Ventilação
Mecânica de 2013, tais como:
Intolerância do paciente.
Incapacidade de cooperar, proteger as vias aéreas, ou secreções abundantes.
Rebaixamento de nível de consciência (exceto acidose hipercápnica em DPOC).
Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malignas. ou
hemorragia digestivas graves com instabilidade hemodinâmica).
Cirurgia facial ou neurológica.
Trauma ou deformidade facial.
Alto risco de aspiração.
Obstrução de vias aéreas superiores.
Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O) 30
.
Outras contra-indicações:
Infarto agudo do miocárdio;
Lobectomia;
Neoplasia de pulmão;
Cirurgia gastrointestinal;
Fístula broncopleural.
22
3.7 Coleta de Dados
A coleta foi realizada no período entre novembro de 2013 a dezembro de 2014.
Todos os pacientes que aceitaram participar do estudo responderam a uma ficha contendo
dados de identificação, idade, gênero, diagnóstico, indicação do dreno torácico, sintomas
respiratórios, comorbidades, hábitos e cálculo de Ìndice de massa corporal (IMC) (Anexo
3). A coleta da variáveis de volume corrente, volume minuto, frequência respiratória e
dispnéia foram realizadas nos momentos, antes da intervenção fisioterapêutica (PRÉ) e
após a retirada do dreno (PÓS). A saturação periférica de oxigênio e escala de dor foram
coletadas nos momentos antes a sessão diária de fisioterapia (ANTES) e após a sessão
diária de fisioterapia (APÓS).
Procedimentos de medidas das variáveis analisadas:
3.7.1 Ventilometria: A mensuração referente ao Volume Corrente (VC), Volume
Minuto (VM) e Frequência Respiratória (FR) foram realizadas, antes da
intervenção (PRÉ) e após a retirada do dreno de tórax (PÓS), em ambos os
grupos.
A ventilometria foi realizada de acordo com o proposto por Yang & Tobin, 1991. O
dispositivo utilizado foi o Ventilômetro de Wright, modelo MK8, fabricante FERRARIS®
Reino Unido (Figura 3), acoplado a um bucal. O paciente foi orientado para respirar
tranquilamente, por um minuto, através do bucal para leitura do volume minuto (VM).
Durante esse período, foi verificada também a frequência respiratória (FR) para cálculo do
volume corrente (VC), dado pela fórmula VC= VM/FR 31.
23
Figura 3: Ventilômetro de Wright, modelo MK8, fabricante FERRARIS®(http://
www.ibiubi.com.br -01/06/2015).
3.7.2 Saturação periférica de oxigênio: A saturação periférica de oxigênio
(SpO2) foi mensurada antes da primeira sessão de fisioterapia diária
(ANTES) e após a realização do protocolo fisioterapêutico (APÓS), tanto
para o grupo controle ( fisioterapia convencional) quanto para o grupo estudo
(Reanimador de Muller). Todas as medidas da SpO2 foram realizadas com os
pacientes respirando em ar ambiente, após 10 minutos do protocolo
fisioterapêutico, em ambos os grupos. O dispositivo utilizado para medida da
SpO2 foi o Oxímetro de pulso portátil, modelo Onyx II 9550, NONIN®
(Figura 4).
Figura 4: Oxímetro de pulso portátil, modelo Onyx II 9550, NONIN® (http//:
www.cpapmed.com.br -11/06/2015).
24
3.7.3 Dor: A avaliação da dor foi realizada de acordo com o proposto por Gift,
1989. A intensidade da dor foi mensurada antes da primeira sessão de
fisioterapia diária (ANTES) e após a realização do protocolo fisioterapêutico
(APÓS), tanto para o grupo controle ( fisioterapia convencional) quanto para
o grupo estudo ( Reanimador de Muller). O dispositivo utilizado foi a Escala
Analógica Visual de Dor (EVA) demonstrada pela Figura 5, a qual gradua a
dor de 0 a 10 pontos, sendo categorizada em dor leve valores de um 1 a 3
pontos, moderada valores entre 4 a 7 e intensa com valores entre 8 a 1032
.
Figura 5: Escala Visual Analógica- EVA
(http//: www.casoclinicofisioterapia.blogspot.com 01/06/2015)
3.7.4 Tempo de dreno de tórax e internação hospitalar: Foi estabelecida a
quantidade de dias entre a colocação do dreno até a sua retirada. O critério de
remoção do dreno foi protocolado pelos médicos da equipe de cirurgia
torácica do hospital. O débito de dreno em mililitros foi colhido pelos
profissionais de enfermagem diariamente.
Tempo de internação compreenderia a quantidade de dias entre a admissão do
indivíduo até a alta.
3.7.5 Dispneia: A mensuração referente ao grau de dispneia foi realizada, antes da
intervenção (PRÉ) e após a retirada do dreno de tórax (PÓS), em ambos os
grupos. A intensidade da dispneia foi graduada de acordo com o proposto por
Borg, 198233
. O paciente foi orientado a responder o grau de dispneia após a
explicação simplificada e detalhada do pesquisador (Figura 6).
25
Figura 6: Escala de BORG (http//www.oldfiles.bjorl.org 01/06/2015)
3.8 Intervenção
3.8.1 Grupo Controle (Fisioterapia Convencional): Os pacientes foram
posicionados em Fowler 45o e submetidos ao tratamento com o incentivador
inspiratório, a fluxo, modelo Respiron, fabricante NCS, associado às
manobras de bloqueio contralateral ao dreno, compressão e descompressão
abrupta. Estes exercícios foram realizados durante quatro séries de dez
repetições ativas do paciente, com intervalo de dois minutos de descanso
entre as séries. A carga de trabalho imposta no incentivador inspiratório foi
zero, durante todo o tratamento (Quadro 1). Foram adotadas também como
conduta fisioterapêutica à mobilização ativa, progressiva e precoce e
respirações profundas com padrões ventilatórios diafragmático. O protocolo
fisioterapêutico foi supervisionado e individualizado, de acordo com a
resposta de cada paciente.
26
Quadro 1- Procedimentos fisioterapêuticos realizados nos pacientes do grupo controle
Procedimentos Como foram realizados
Incentivador respiratório (Respiron)
Paciente posicionado em Fowler de 45o. O
respiron foi mantido sob vedação bucal,
assim o paciente realizava inspirações
profundas e lentas até a capacidade pulmonar
total. O pesquisador incentivou por meio de
comandos verbais “Vai, puxa fundo e
mantém”. Enquanto o paciente realizava, foi
observado a elevação das esferas (Figura 7).
Compressão e descompressão com bloqueio
contralateral do hemitórax com dreno
O pesquisador, com as mãos posicionadas na
parede torácica, realiza a compressão durante
a expiração, liberando abruptamente no início
da inspiração o hemitórax contralateral ao
dreno (Figura 8).
Compressão e descompressão
Paciente posicionado em Fowler de 45o. O
pesquisador, com as mãos posicionadas na
parede torácica, realiza a compressão desta
durante a expiração, liberando, abruptamente,
no início da inspiração (Figura 9).
Tempo estimado de realização das técnicas
Em torno de 40 minutos
Figura 8: http// www.colfisio.org 09/12/2015
Figura 9: http// www.centraldafisioterapia.com.br-
09/12/2015
Figura 7: http//:www.fisioterapiaecancer.com.br-
09/12/2015
27
3.8.2 Grupo Estudo (Reanimador de Muller)
Os pacientes foram posicionados em Fowler 45o e submetidos ao tratamento com
pressão positiva intermitente (Reanimador de Muller, Engemed®, Brasil), ajustando a
pressão positiva em torno 1,5 Kgf/cm2, o que corresponde de 15 a 20 cmH2O, de acordo
com Holanda, 201034
, A pressão positiva foi aplicada por meio de uma máscara orofacial
(Respironics®), que foi conectada na extensão de um circuito, junto ao dispositivo. Este
exercício foi realizado durante quatro séries de dez repetições ativas do paciente, com
intervalo de dois minutos de descanso entre as séries, (Quadro 2). Também adotados foram
como conduta fisioterapêutica à mobilização ativa, progressiva e precoce, exercícios de
respiração diafragmática de forma individualizada e supervisionada pelo pesquisador.
Quadro 2- Procedimento fisioterapêutico realizado nos pacientes do grupo estudo
Procedimentos Como foram realizados
Reanimador de Muller: Pressão positiva
intermitente
Paciente posicionado em Fowler de 45o. O
pesquisador aperta o botão de disparo do
fluxo de ar no momento da inspiração
profunda do indivíduo. Na fase de expiração
o aparelho é desativado e a expiração é
passiva.
Tempo estimado de realização da técnica
Em torno de 20 minutos
Um fluxograma com o desenho metodológico do estudo está representado no quadro
3.
28
Quadro 3- Um fluxograma com o desenho metodológico do estudo
População
Pacientes com dreno de tórax
TCLE; Avaliação clínica e física; Avaliação pré
intervenção e retirada do dreno (pós);
Ventilometria ( VC, VM e FR); Dor; Dispnéia;
Saturação periférica de oxigênio; Tempo de
dreno de tórax e internação.
Randomização - Dois grupos
Controle e Estudo
Grupo Controle
Fisioterapia Convencional
Grupo Estudo
Reanimador de Muller
Critérios de Inclusão e Exclusão
Incentivador inspiratório;
Manobras manuais de reexpansão
pulmonar; mobilização ativa
precoce.
Pressão positiva intermitente;
mobilização ativa precoce
Análise Estatística
Resultados
Discussão
Conclusão
29
3.9 Análise Estatística
Para comparar as variáveis categóricas entre os 2 grupos foram usados o teste qui-
quadrado ou, na presença de valores esperados menores que 5, o teste exato de Fisher. Para
comparação das variáveis numéricas entre os grupos foi utilizado o teste de Mann-
Whitney, devido à ausência de distribuição Normal das variáveis. Para analisar a relação
entre as variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman.
Para comparar as variáveis numéricas entre avaliações e grupos foi utilizada análise
de variância para medidas repetidas (repeated measures ANOVA), seguida do teste post-
hoc de Tukey para comparação entre grupos, e do teste de perfil por contrastes para
comparação entre avaliações, com as variáveis transformadas em postos (ranks) devido à
ausência de distribuição normal.
O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi P<0.05
30
4 Resultados
Quarenta pacientes com dreno torácico foram analisados no estudo. Cinco pacientes
(12,5%) foram excluídos por apresentarem diagnóstico de neoplasia maligna de pulmão no
transcorrer da pesquisa. Desta forma, trinta e cinco pacientes foram randomizados em dois
grupos denominados de grupo controle (GC) e grupo estudo (GE). Os grupos foram
submetidos a uma análise comparativa dos protocolos de fisioterapia respiratória.
Dezessete pacientes foram incluídos no grupo controle, sendo que 16 completaram
o protocolo de fisioterapia respiratória Os óbitos foram consequência de falência de órgãos
e complicações hospitalares em ambos os grupos. No grupo estudo, foram incluídos 18
pacientes, 16 completaram o protocolo de fisioterapia. Um fluxograma explicativo com o
total da amostra, pacientes excluídos e incluídos após a randomização, bem como a
sequência da intervenção para análise estatística (Quadro 4).
31
Quadro 4- Fluxograma do desenho de randomização do estudo
Amostra
N= 40
Exclusão
N= 5
Randomização
N= 35
Grupo Controle (GC)
N= 17
Fisioterapia Convencional
Grupo Estudo (GE)
N= 18
Reanimador de Muller
Variáveis e co-variáveis: Características demográficas;
Ventilometria PRÉ-PÓS (VC, VM, FR); SpO2 ANTES-
APÓS; Percepção de dispnéia PRÉ- PÓS; Escore de dor
ANTES- APÓS
Análise comparativa
Resultado, Discussão e Conclusão
Óbito
N= 1
Óbito
N= 2
Grupo Controle
N= 16
Grupo Estudo
N= 16
32
Os pacientes de ambos os grupos foram analisados quanto as variáveis
demográficas, diagnóstico, doença prévia, débito do dreno, tempo de internação hospitalar,
tempo de dreno, oxigenação suplementar, complicações durante a intervenção
fisioterapêutica e necessidade de ventilação com pressão positiva. A tabela 1 demonstra os
valores destas variáveis, em análise comparativa, entre os grupos e seus respectivos valores
de significância estatística, quanto à homogeneidade da amostra. Pôde ser observado que a
população de ambos os grupos são homogêneas, mediante teste estatístico. No grupo
controle, pôde ser observada a necessidade do uso de ventilação não invasiva (VNI)
pressão positiva para garantir reexpansão pulmonar durante o tratamento fisioterapêutico
com p<0,05 quando comparado com o grupo estudo.
33
Tabela 1- Variáveis demográficas, diagnóstico, doença prévia, tempo de internação hospitalar,
tempo de dreno, oxigenação suplementar e complicações durante a intervenção fisioterápica.
Valores expressos em média, desvio padrão e porcentagem.
Variáveis Grupo Controle
N=16
Grupo Estudo
N=16
P valor
Idade (anos)
43,06 ± 15,48 40,50 ± 15,49 0.598
IMC (Kg/m2) 24,28 ± 2,67
23,84 ± 2,46
0.949
Tabagismo (%)
Sim
Não
43,75 (n= 7)
56,25 (n= 9)
56,25 (n= 9)
43,75 (n= 7)
0.480
Gênero (%)
Feminino
Masculino
25 (n= 4)
75 (n= 12)
37.5 (n= 6)
62.5 (n= 10)
0.446
Diagnóstico (%)
Derrame pleural
Pneumotórax
Hemotórax
Hemopneumotórax
43,75 (n= 7)
18,75(n= 3)
31,25 (n= 5)
6,25 (n= 1)
25 (n= 4)
43,75 (n= 7)
25 (n= 4)
6,25 (n= 1)
0.497
0.497
0.497
0.497
Doença prévia (%)
ICC
Diabetes
DPOC
IM
TEP
Insuficiência renal
12,5 (n= 2)
12,5 (n= 2)
6,25 (n= 1)
-
6,25 (n= 1)
6,25 (n= 1)
6,25 (n= 1)
-
6,25 (n= 1)
6,25 (n= 1)
-
6,25 (n= 1)
1.000
0.484
1.000
1.000
1.000
1.000
Tempo de dreno (dias) 7 ± 6 6 ±3 0.955
Tempo de internação hospitalar
(dias)
8 ± 6
8 ± 5
0.864
Oxigênio suplementar (%)
Sim
Não
31,25 (n= 5)
68,75 (n= 11)
31,25 (n= 5)
68,75 (n= 11)
1.000
Complicações durante
intervenção (%)
Enfisema subcutâneo
Necessidade de VNI
12,5 (n= 2)
12,5 (n= 2)
12,5 (n= 2)
1.000
<0,05
Legenda: IMC: Índice de massa corpórea; Kg: quilo; m2: metro quadrado; ICC: Insuficiência cardíaca
congestiva; DPOC: Doença pulmonar obstrutiva crônica; IAM: Infarto agudo do miocárdio; TEP:
Tromboembolismo pulmonar; VNI: ventilação não invasiva. Teste Exato de Fisher e Qui-Quadrado.
34
4.1 Ventilometria
Nos momentos PRÉ e PÓS intervenção, os grupos foram considerados homogêneos
quanto ao volume minuto e volume corrente. Na análise da diferença entre os momentos
PRÉ e PÓS intra-grupos, para a variável VC, pôde ser observada diferença significativa,
sendo que os valores em média, respectivamente, do GC de 599,56ml ± 305,06ml e
873,06ml ± 413,17ml e do GE foram de 567ml ± 207,60ml e 738,5ml ± 337,47ml
(p<0,001) mostrado no gráfico 1. Na análise da diferença entre os momentos PRÉ e PÓS
intra-grupos, para a variável VM os valores do GC foram de 11,34ml/min ± 5,5 para
14,75ml/min ± 5,91 e do GE foi de 11,29ml/min ± 4,64 para 14,74ml/min ± 4,93
(p<0,001) demonstrado no gráfico 2. Os valores de frequência respiratória, no momento
PÓS, apresentaram diferença estatística significativa entre os grupos (p= 0.031)
demonstrado no gráfico 3.
Gráfico 1: Diferença entre as médias dos valores de volume corrente (ml), nos
momentos PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica, no grupo controle e no grupo estudo.
Legenda: ml: mililitros; GC: grupo controle; GE: Grupo estudo; p<0,001: significância estatística.
Teste de Mann Whitney
599,56±305,06 567±207,60
873,06±413,17
738,5±337,47
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
GC GE
Vo
lum
e C
orr
ente
(m
l)
Grupos
PRÉ
PÓS
p<0,001
p<0,001
35
Gráfico 2: Diferença entre as médias dos valores de volume minuto nos momentos PRÉ
e PÓS intervenção fisioterapêutica no grupo controle e no grupo estudo.
Legendas: L/min: litros por minuto; GC: grupo controle; GE: grupo estudo; p<0,001: significância
estatística. Teste Mann Whitney
Gráfico 3: Diferença entre as médias dos valores de frequência respiratória nos
momentos PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica no grupo controle e no grupo estudo.
Legendas: rpm: respiração por minuto; GC: grupo controle; GE: grupo estudo; p<0,001
significância estatística. Teste Mann Whitney.
11,34±5,5 11,29±4,64
14,75±5,91 14,74±4,93
0
2
4
6
8
10
12
14
16
GC GE
Vo
lum
e M
inu
to L
/min
Grupos
PRÉ
PÓS
p<0,001 p<0,001
18,75±4,55 21±5,47
17,75±3,66
21,44±5,45
0
5
10
15
20
25
GC GE
Freq
uên
cia
resp
irat
óri
a (r
pm
)
Grupos
PRÉ
PÓS
p=0.031
36
4.2 Saturação periférica de oxigênio
Quando analisada a variável saturação periférica de oxigênio (SpO2), antes da
sessão fisioterápica (ANTES) e após (APÓS), pôde ser observado que os valores se
encontravam dentro da normalidade, em ambos os grupos. Os valores observados,
respectivamente, foram no GC de 95,57% ± 1,06 e 96,4% ± 0,94 e no GE foram de
95,31% ± 1,14 e 96,35% ± 1,21. Também pôde ser observado que não houve diferença
estatística entre os grupos quanto ao uso de oxigênio suplementar como consta na
tabela 1.
4.3. Escala de dispneia
Quando analisada a variável percepção de dispneia pré e pós realização do
protocolo de fisioterapia respiratória (PRÉ e PÓS), pôde ser observada diferença
significativa entre tempos PRÉ e PÓS intra-grupos (p<0,001). Os valores observados,
respectivamente, foram 2,16 ± 1,89 e zero no GC e 3,6 ± 2,79 e 0,06 ± 0,25 no GE. O
gráfico 4 representa os valores da variável percepção de dispneia.
Gráfico 4. Diferença entre as médias do grau de dispneia PRÉ e PÓS intervenção do
grupo estudo e do grupo controle sendo o valor de p<0,001.
4.4. Escala de Dor
A percepção de dor, de acordo com a escala analógica de Dor (EVA) nos momentos
ANTES e APÓS a sessão fisioterapêutica diária apresentou valores em média e desvio
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
PRÉ PÓS
Esca
la d
e d
isp
né
ia
Protocolo de fisioterapia respiratória
Controle
Estudo
37
padrão, respectivamente no GC de 1,04 ± 1,41 e 1,10 ± 1,59 e no GE de 1,22 ± 2,2 e
1,59 ± 1,9. Porém, não apresentou diferença estatísticas.
5 DISCUSSÃO
A utilização de dreno torácico é necessária em alguns casos em que os pacientes
apresentam câncer pulmonar, cirurgia cardíaca, complicações decorrentes de
pneumonias e tuberculose, trauma torácico, pneumotórax espontâneo, transplante
hepático, toracotomias e lobectomias14,35
. A fisioterapia respiratória é proposta, por
alguns autores, como parte do tratamento de pacientes com efusão pleural,
independente da etiologia. Alguns autores ainda sugerem que os pacientes com dreno
de tórax devem ser incluídos em programas de fisioterapia precocemente 36,37
.
Conhecer a história prévia, idade, IMC, tabagismo, gênero, diagnóstico, insuficiência
cardíaca congestiva, diabetes, doença pulmonar obstrutiva, infarto agudo do miocárdio,
tromboembolismo pulmonar e insuficiência renal, para alguns autores, é muito
importante, visto que, quando analisados em relação às doenças pulmonares, estes dados
podem influenciar no sucesso da recuperação pulmonar em indivíduos com dreno de
tórax 25,38
. No presente estudo, estes dados foram analisados e a prevalência foi
homogênea em ambos os grupos, pois não houve diferença estatística.
O tratamento padrão inclui drenagem do fluido acumulado no espaço pleural, o que
está associado com o aumento dos volumes pulmonares estáticos, indicando que os
fluídos do espaço pleural provocam uma diminuição do volume pulmonar e da expansão
da parede torácica39,40
. As variáveis que analisam a ventilometria (VM, VC)
apresentaram aumento dos seus valores PRÉ e PÓS intervenção fisioterapêutica, o que
sugerem que ambos os grupos apresentaram reexpansão pulmonar e a frequência
respiratória pós intervenção foram diferentes (p= 0.031) entre as técnicas sem alterar os
valores de normalidade do VM. Desta forma, assim como um programa de fisioterapia
convencional a utilização do Reanimador de Muller, como recurso pode melhorar a
expansão pulmonar.
De acordo com Pinheiro et al, existe correlação de normalidade entre o volume minuto
(VM), volume corrente (VC) e frequência respiratória (FR). Desta forma, o valor de
VM pode se manter dentro dos valores de referência, porém, à custa de um baixo
38
volume corrente e de uma elevada frequência respiratória. Isto pode levar a ocorrência
de fadiga dos músculos respiratórios, queda da SpO2 de oxigênio, em alguns casos,
insuficiência respiratória41
.
O volume corrente diminuído ocasiona um progressivo colapso a nível
alveolar, resultando em shunt pulmonar com consequente hipoxemia, bem como provoca
a ausência dos suspiros fisiológicos no período pós-operatório imediato, decorrente de
um padrão monótono de respiração após à sedação. Isto pode levar a uma diminuição na
produção de surfactante, o que produz instabilidade nas vias aéreas levando a formação
de atelectasias. Alguns autores consideram importante a avaliação dos valores de volume
e capacidades pulmonares no pós-operatório de cirurgia abdominal, cardíaca e pulmonar,
como forma de escolha de técnica e desfecho em relação ao tratamento fisioterapêutico
realizado para prevenção de complicações pulmonares 25, 27, 28,37,42,43
. Aquino et al
relataram que pacientes no período pós-operatório de cirurgia cardíaca apresentaram
diminuição dos volumes e capacidades pulmonares, os quais reduziram a quantidade de
inspirações profundas e efetividade da tosse, devido a dor provocada pela inserção do
dreno44
. A diminuição da inspiração profunda e tosse predispõem complicações
respiratórias, sendo que a atelectasia é a mais frequente das complicações, atingindo
64% dos pacientes no período pós-operatório13
. Segundo alguns autores, a indicação
terapêutica do Reanimador de Muller nas primeiras horas, de pós-operatório, parece
restabelecer mais rapidamente os volumes pulmonares 25, 28,45
.
Com relação à saturação periférica de oxigênio, não foi observado hipoxemia no
momento ANTES e APÓS a sessão de fisioterapia diária. Normalmente, são consumidos
cerca de 1% a 5% total da quantidade de oxigênio corporal (VO2) para o ato de respirar.
Nas situações de aumento da resistência das vias aéreas, de redução da complacência
pulmonar e diminuição da expansibilidade pulmonar, estes valores podem aumentar
significativamente, ocasionando, portanto, um aumento excessivo do trabalho muscular
respiratório 24
. A hipoxemia é uma complicação sistêmica que em alguns pacientes pode
ocasionar repercussões como acidose metabólica, isquemia mesentérica e insuficiência
renal 46
. Assim como os achados de Silveira et al, quando analisada a variável SpO2, no
presente estudo, os valores ANTES e APÓS intervenção fisioterapêutica, em ambos os
grupos estavam dentro dos valores de normalidade. Desta forma, os dados sugerem que a
utilização do Reanimador de Muller como recurso terapêutico não interferiu no
equilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio. O equilíbrio entre e a oferta e o consumo
39
de oxigênio é revertido precocemente após a colocação do dreno de tórax e permanece
normal quando associada à fisioterapia respiratória com incentivador respiratório ou
pressão positiva intermitente42
. Sendo assim, as intervenções fisioterapêuticas
contribuem para a drenagem dos fluidos acumulados no espaço pleural, expansão
pulmonar e equilíbrio entre a relação da ventilação e da perfusão27, 38
.
A dispneia é um dos sintomas mais frequente em pacientes com dreno de tórax,
limitando a realização das atividades de vida diária e consequentemente, interferindo na
qualidade de vida47
. Na análise da escala de dispneia do presente estudo, não foram
observadas diferenças significativas entre os grupos. De acordo com a pesquisa de
Roceto et al, não foram observadas diferença significativa dos valores da escala de
dispneia entre o grupo controle e o grupo que foi tratado com CPAP no pós-operatório
de lobectomia. Os autores relataram que os valores na escala de dispneia, quando
relatados pelos indivíduos, foram graduados como leves e moderados, os quais estão de
acordo com os achados do presente estudo43
.
A expansão torácica diminuída e o deslocamento do diafragma são os princípios
básicos das alterações fisiológicas proporcionada pela efusão pleural. A expansibilidade
da caixa torácica e a restauração da função normal do diafragma, após a colocação do
dreno torácico, talvez sejam mecanismos importantes para justificar a melhora da
dispneia 47
.
A presença do dreno torácico provoca dor e limitação quanto à expansibilidade
torácica48, 49
. Na análise da escala analógica de dor, não houve diferença significativa
entre os valores nos momentos ANTES e APÓS a intervenção fisioterapêutica. Alguns
autores sugerem que os níveis de dor podem ser reduzida em 33% após a utilização de
analgésicos em pacientes com dreno de tórax50
. Lima et al observaram uma redução de
dor, clinicamente importante (49,7%), após a remoção do dreno, sugerindo que a
presença do dreno de tórax é um fator importante associado com a dor e limitações
funcionais51
. No presente estudo, a percepção de dor foi relativamente baixa, tanto no
momento ANTES quanto APÓS intervenção fisioterapêutica de ambos os grupos, e de
acordo com a análise da prescrição médica não houve a necessidade de analgésico
durante o período de tratamento. Entretanto, de acordo com a literatura, além de um
protocolo adequado de analgesia, a retirada precoce do dreno e intervenção
fisioterapêutica podem influenciar positivamente quanto ao manejo da dor, evitando
complicações pulmonares e prolongamento do tempo de hospitalização 48, 49, 50,51
.
40
Alguns autores sugerem que a fisioterapia restabelece precocemente a função
pulmonar, após drenagem torácica, reduz a incidência de complicações pulmonares,
favorece a função circulatória, diminui a incidência de fenômenos tromboembólicos,
evita o processo de descondicionamento físico sofrido durante a hospitalização, remoção
precoce do dreno torácico e redução do tempo de internação hospitalar 25, 27, 28, 37, 42,49
. A
utilização dos recursos fisioterapêuticos para reexpansão pulmonar promove o
decréscimo do trabalho ventilatório, a diminuição do índice de dispneia e o aumento do
volume residual, prevenindo, portanto, o desenvolvimento de atelectasias e favorecendo
o recrutamento alveolar, como também incrementando PaO225
.
De acordo com o estudo de Jablonskin et al, a média de tempo de utilização do
dreno torácico foi de 4 dias e tempo de internação hospitalar foi de 7 dias ao comparar
técnicas cirúrgicas na colocação do dreno de tórax 52
. No presente estudo, foi
observado um tempo médio de utilização do dreno e internação hospitalar, no grupo
controle de 7 e 8 dias, e no grupo estudo foi de 6 e 8 dias. Na pesquisa de Valenza et al,
foi observado que os pacientes que realizaram fisioterapia durante o tratamento de
drenagem torácica apresentaram uma média inferior de tempo de internação de 27 dias
quando comparados em relação ao grupo controle que não realizou acompanhamento
fisioterapêutico e apresentou 39 dias37
. Em contrapartida, Ludwing et al, ao comparar
grupos de pacientes que receberam pressão positiva intermitente com um grupo
controle, observaram que a média do tempo de internação hospitalar foi de 11 dias e
tempo de utilização do dreno foi de 6 dias, em ambos os grupos, não havendo diferença
significativa entre os grupos estudados27
. O tempo prolongado de permanência com o
dreno pode proporcionar a colonização bacteriana no frasco coletor e tubos,
aumentando índice de comorbidades, mortalidade e custos diários de internação que
inclui medicação, profissionais de saúde e realização de exames complementares 53,54
.
Na RESOLUÇÃO N° 444, de 26 de abril de 2014, decretada pelo Conselho
Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), foi fixado e estabelecido
os Parâmetros Assistenciais Fisioterapêuticos nas diversas modalidades prestadas pelo
fisioterapeuta. O texto da resolução relata que a assistência prestada pelo fisioterapeuta
ao cliente/paciente, individualmente em enfermarias ou unidades especializadas
hospitalares, deve seguir um quantitativo de pacientes, por turno de 6 horas, no valor
numérico entre 8 a 10 pacientes, zelando assim, pela a dignidade e ética profissional 55
.
No presente estudo, o tempo de aplicação do Reanimador de Muller foi menor do que
41
as técnicas utilizadas no grupo controle, sugerindo que a técnica otimiza o tempo de
assistência prestada.
A demanda de atendimento fisioterapêutico em enfermarias e unidades
especializadas é muito maior do que a capacidade de profissionais disponíveis. Estudos
que avaliem a efetividade das técnicas, bem como o manejo mediante protocolos de
boas práticas, são necessários para otimizar o tempo de atendimento fisioterapêutico.
Deve ser destacado as limitações do estudo como, a análise da capacidade vital,
observação e acompanhamento de radiografia torácica ocasionada pela deficiência de
protocolo clínico e presença de número limitado da amostra, devido o tempo de
pesquisa.
6 CONCLUSÃO
O Reanimador de Muller é considerado um recurso terapêutico prático, fácil
manejo e acessível e reduz tempo de sessão fisioterapêutica, porém sugere-se que a
técnica com pressão positiva intermitente se mostrou tão efetiva quanto a fisioterapia
convencional na melhora do volume corrente, volume minuto, diminuição da dispneia
em pacientes com drenagem torácica.
7 REFERÊNCIAS
1- Gunluoglu G, Olcmen A, Gunluoglu MZ, Dincer I, Sayar A et al. Long term
outcome of patients with undiagnosed pleural effusion. Arch Broncopneumol. 2015;
pii: S0300-2896(14) 00390-1; Acesso em: httm//www.pubmed.com.br 20/05/2015
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55- COFFITO, RESOLUÇÃO N° 444, de 26 de abril de 2014. Parâmetros
Assistenciais Fisioterapêuticos nas diversas modalidades prestadas pelo fisioterapeuta.
232ª Reunião Plenária Ordinária, Brasília, 8 de julho de 2014.
46
APÊNDICE I: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) Senhor(a),
Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário(a), de uma
pesquisa. Meu nome é Ana Paula Ragonete dos Anjos ,sou a pesquisadora responsável
e minha área de atuação é fisioterapia.
Após receber os esclarecimentos e as informações a seguir, no caso de aceitar fazer
parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em três vias. Uma delas é
sua, a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa, você não será
penalizado(a) de forma alguma.
Em caso de dúvida sobre a pesquisa , você poderá entrar em contato com a
Pesquisadora responsável Ana Paula Ragonete dos Anjos CREFITO 4/109640F no
telefone: 35 9201 5986, e-mail: [email protected]. Em casos de dúvidas
sobre os seus direitos como participante nesta pesquisa, você poderá entrar em contato
com o Comitê de Ética em Pesquisa/FCM/UNICAMP. Para denúncias e/ou
reclamações referentes aos aspectos éticos da pesquisa. Rua: Tessália Vieira de
Camargo, 126 – CEP 13083-887 Campinas – SP Fone (019) 3521-8936 ou 3521-7187
e-mail: [email protected]
Este é um termo de consentimento livre e esclarecimento para convidá-los a
participar do nosso estudo: Eficácia do Reanimador de Muller em pacientes com dreno
de tórax”.
Como todo paciente que é submetido a essa drenagem o(a) senhor(a)
necessitará de exercícios respiratórios para reexpansão pulmonar, por causa do dreno
na região do tórax. O equipamento e as manobras manuais utilizados serão assistidos
pelo fisioterapeuta durante o tempo de dreno e de internação. O aparelho que será
utilizado irá mandar um fluxo de ar para os seus pulmões através de uma máscara que
será colocada em seu rosto. Durante as técnicas aplicadas, estas poderão raramente
causar tonturas, dores na região no peito , cansaço e desconforto da máscara no rosto
momentaneamente.
Depois da colocação do dreno no peito, quando o(a) senhor(a) estiver
bem acordado e no quarto do hospital será submetido a avaliação da fisioterapia
47
respiratória para os exercícios propostos. Os benefícios da fisioterapia respiratória
encontra-se na diminuição do tempo do dreno , internação , dor, melhora da respiração
e a volta mais rápida para as suas atividades diárias.
A finalidade deste documento é esclarecê-lo(a) e convidá-lo(a) a participar de
um estudo cujo objetivo é verificar se há diferença entre as duas técnicas fisioterápicas
para melhorar a função pulmonar, sendo o grupo 1 composto por aplicação de um
único aparelho para a técnica de reexpansão pulmonar, denominado de grupo
experimental, e o grupo 2, composto por aplicações de manobras manuais e
incentivador respiratório, denominado de grupo controle. No estudo estão sendo
propostos dois grupos de pesquisas, sendo que a alocação é iniciada pelo primeiro
paciente no grupo do reanimador e o segundo para o grupo controle, e assim,
sucessivamente aos demais voluntários.
Neste estudo serão colhidos a quantidade de ar dos pulmões através do aparelho
ventilomêtro, questionários de dor e cansaço e a avaliação da quantidade de oxigênio
através do oximetro, sendo que estes procedimentos não causam nenhum risco.
Normalmente, essas coletas citadas acima, são feitas mesmo para os que não
participam de nenhum estudo. Os dados serão colhidos na primeira visita da
fisioterapia e após a retirada do dreno. Pretendemos com esse estudo, definirmos a
melhor técnica fisioterapêutica para reexpandir os pulmões de pacientes que encontra-
se com dreno de tórax.
O estudo também observará como será sua evolução durante o
tratamento no hospital e usará uma série de informações sobre sua condição de saúde
durante o tratamento.
Nenhum outro procedimento diferente daqueles normalmente
necessários para o tratamento de sua doença ou das complicações relacionadas à sua
doença ou à drenagem torácica será feito por causa do estudo.
O(a) Senhor(a), ou seu representante legal, tem o direito de escolher
não participar deste estudo ou mesmo parar de participar em qualquer momento que
desejar, sem que isso prejudique a continuidade do tratamento, ou seja, seu tratamento
será exatamente o mesmo daqueles pacientes que participarem do estudo, tanto durante
48
a internação como depois da alta.
Em nenhum momento durante a realização do estudo e de seu
tratamento, ou durante a divulgação dos resultados do estudo, o(a) Senhor(a) terá sua
identidade revelada.
O(a) Senhor(a) têm o direito de solicitar indenização nos termos da
lei Brasileira vigente caso ache que a participação neste estudo o tenha prejudicado de
alguma maneira.
Não está prevista nenhuma forma de compensação ou remuneração
pela sua participação no estudo.
Eu, __________________________________________________________, após ler o
documento pessoalmente, recebi todas as informações necessárias e após ter minhas
dúvidas esclarecidas, tendo conhecimento de todos os meus direitos, concordo
voluntariamente em participar do estudo “Eficácia do Reanimador de Muller em
pacientes com dreno de tórax”.
Passos, _____ de ___________________de 20
Campinas, --------- de ------------------------------de 20
1 via: Pesquisador
2 via: Voluntário
____________________________________________________________
Nome e assinatura do voluntário (a)
_________________________________________________________
Nome a assinatura do pesquisador(a)
49
APÊNDICE II
FICHA DE AVALIAÇÃO
Dados Pessoais
Nome:
R.H: Quarto/Leito:
Idade: Data de Nascimento: (___/___/___) Sexo: M F
Peso: Altura: IMC:
Profissão:
HP:
Diagnóstico:
Indicação do dreno:
Antecedentes
Tabagista: sim não Duração: Maços/dia: Parou há:
Diabetes
ICC descompensada
DPOC
HAS
Aneurisma aorta
Doença vascular perif.
Hipertensão Arterial
AVC
Obst. Carótida
DLP
IAM prévio
Hipert pulmonar
Insuf. Renal
Câncer
Exame Físico
Tipo de tórax: longilíneo brevilíneo outro
Padrão respiratório: costal abdominal misto
50
Expansibilidade torácica: simétrica assimétrica
Cianose: sim não
Ausculta pulmonar:
Tosse: seca produtiva Expectoração:
Dificuldade para andar? Sim Não
Falta de ar para se vestir ou realizar alguma atividade dentro de casa? Sim Não
Sintomas de dor: Escala Visual:
Dispnéia (Escala de Borg): 0-nenhuma 0,5- Fraquissima 2- Muito fraca
5- Forte 10- Fortíssima
Dados para as coletas
Entrada Saída Intercorrências
Volume Minuto
Frequência Respiratória
Volume corrente
Saturação de oxigênio
Data internação/alta
Data colocação dreno/ retirada
51
FICHA DE EVOLUÇÃO DIÁRIA
GRUPO:........................................................................................
NOME DO PACIENTE:...........................................................................................
QUARTO:...........................................................
Dor 1 dia 2 dia 3dia 4dia 5dia 6 dia 7 dia 8dia 9 dia
Pre sessão
Pos sessão
Debito drenado
Volume minuto
Volume corrente
Frequencia
Respiratória
Oximetria de pulso
Pré sessão
Pós sessão
Uso de Oxigênio
Uso de analgésico