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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE JAGUARIÚNA FORO DE JAGUARIÚNA 2ª VARA RUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000 Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min 0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 1 SENTENÇA Processo Físico nº: 0003375-82.2009.8.26.0296 Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Homicídio Simples Autor: Justiça Pública Réu: Flavio Paoliello Machado de Souza e outros Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ana Paula Colabono Arias Vistos. FLÁVIO PAOLIELLO MACHADO DE SOUZA, MARIA CAROLINA DA SILVA WINKLER e VALDOMIRO POLISELLI JÚNIOR, todos qualificados nos autos, foram denunciados e estão sendo processados como incursos nos artigos 121, parágrafo 3º, por quatro vezes, e 129, parágrafo 6º e 7º, por dez vezes, e 129, parágrafo 1º, incisos I e II, por uma vez, na forma do artigo 70 (concurso formal), todos do Código Penal, porque, em 23 de maio de 2009, por volta das 2 horas da manhã, no interior do "Red Park", situado na Rodovia SP 340, altura do km 130+500m, em Jaguariúna, durante o evento conhecido por "Rodeio de Jaguariúna", agindo com imprudência e negligência mataram Vivian Montagner Contrera, Giovana Peretti, Andréa Paola Machado de Carvalho e Ariel Foroni Avelar e ofenderam a integridade corporal de Aline Carvalho Giavoni, Barbara Gabriela Cardoso dos Santos, Carlos Eduardo Dall Oca Fosse, Guilherme Andraus, Irineu Siriani Neto, Isadora Gonzales Gegollotte, Maria Carolina Vilas Boas de Oliveira, Maria Kfouri Gonçalves, Paula de Souza Sakurai, Rui Gilberto Aleixo Oliveira e Stela Ribeiro de Paula (fls. 1d/9d). A denúncia foi recebida em 19 de maio de 2011 (fls. 1205/1207). Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0003375-82.2009.8.26.0296 e código 880000000Q20Q. Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA PAULA COLABONO ARIAS, liberado nos autos em 09/04/2018 às 12:42 . fls. 1

fls. 1 - politica.estadao.com.br · de Oliveira, Maria Kfouri Gonçalves, Paula de Souza Sakurai, Rui Gilberto Aleixo Oliveira e Stela Ribeiro de Paula (fls. 1d/9d). A denúncia foi

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 1

SENTENÇA

Processo Físico nº: 0003375-82.2009.8.26.0296

Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Homicídio Simples

Autor: Justiça Pública

Réu: Flavio Paoliello Machado de Souza e outros

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ana Paula Colabono Arias

Vistos.

FLÁVIO PAOLIELLO MACHADO DE SOUZA, MARIA CAROLINA DA

SILVA WINKLER e VALDOMIRO POLISELLI JÚNIOR, todos qualificados nos autos,

foram denunciados e estão sendo processados como incursos nos artigos 121, parágrafo 3º, por

quatro vezes, e 129, parágrafo 6º e 7º, por dez vezes, e 129, parágrafo 1º, incisos I e II, por uma

vez, na forma do artigo 70 (concurso formal), todos do Código Penal, porque, em 23 de maio de

2009, por volta das 2 horas da manhã, no interior do "Red Park", situado na Rodovia SP 340,

altura do km 130+500m, em Jaguariúna, durante o evento conhecido por "Rodeio de Jaguariúna",

agindo com imprudência e negligência mataram Vivian Montagner Contrera, Giovana Peretti,

Andréa Paola Machado de Carvalho e Ariel Foroni Avelar e ofenderam a integridade corporal de

Aline Carvalho Giavoni, Barbara Gabriela Cardoso dos Santos, Carlos Eduardo Dall Oca Fosse,

Guilherme Andraus, Irineu Siriani Neto, Isadora Gonzales Gegollotte, Maria Carolina Vilas Boas

de Oliveira, Maria Kfouri Gonçalves, Paula de Souza Sakurai, Rui Gilberto Aleixo Oliveira e Stela

Ribeiro de Paula (fls. 1d/9d).

A denúncia foi recebida em 19 de maio de 2011 (fls. 1205/1207).

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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Os réus foram pessoalmente citados (fls. 1227-verso e 1377)

O acusado Valdomiro, por seu defensor, apresentou defesa prévia (fls. 1229/1260)

e documentos (fls. 1261/1324).

O acusado Flávio, por seu defensor, apresentou defesa prévia (fls. 1326/1345).

A acusada Maria Carolina, por seu defensor, também apresentou defesa prévia

(fls. 1347/1360) e documentos (fls. 1362/1368).

O Ministério Público ofertou aditamento a denúncia, para constar a prática de

apenas oito lesões corporais culposas (fl. 1369).

Por sentença datada de 30 de agosto de 2011, foi extinta a punibilidade dos

acusados em relação as lesões sofridas pelas vítimas Mariana Kfouri Gonçalves, Barbara Gabriela

Cardoso dos Santos e Carlos Eduardo Dall Oca Fossa em razão da composição civil. Também foi

recebido o aditamento ofertado pela acusação (fls. 1385/1387).

Na instrução, foram ouvidas sete vítimas (fls. 1545, 1616/1620, 1621/1625,

1626/1630 e 1686/1690), oito testemunhas de acusação (fls. 1636/1637, 1663/1673, 1674/1675,

1682/1686, 1690/1693, 1694/1701, 1723/1728 e 1773), onze testemunhas de defesa (fls.

1657/1659, 1676/1681, 1676/1681, 1759, 1815, 1996, 2143, 2144, 2145 e 2164) e cinco

testemunhas do juízo (fl. 1480) e, ao final, os acusados foram interrogados (fls. 2164 e 2317).

O Ministério Público apresentou alegações finais escritas, pugnando pela

condenação dos réus nos termos da denúncia, com a fixação da pena para todos os acusados acima

do mínimo legal em razão do intenso sofrimento suportado pelas vítimas e seus familiares e, em

relação aos acusados Flávio e Maria Carolina, requereu a incidência da majorante especial de

inobservância de regra técnica de profissão e pleiteou, ainda, a substituição da pena privativa de

liberdade pela restritiva de direitos e, em caso de descumprimento desta, a fixação do regime

inicial aberto para o cumprimento da pena (fls. 2329/2367).

A defesa de Flávio Paoliello, por sua vez, sustentou a preliminar de prescrição

quanto aos delitos de lesão corporal culposa. No mérito, pugnou pela absolvição, em razão das

modificações do projeto terem sido aprovadas pelo Corpo de Bombeiros; porque houve apenas um

incidente isolado e não a evacuação total do recinto em decorrência de incêndio e porque o

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acusado não pode ser responsabilizado por eventual falha na operação do evento. (fls. 2378/2415).

A defesa de Maria Carolina também levantou a preliminar de prescrição quanto

aos delitos de lesão corporal e, quanto ao mérito, sustenta que foi responsável somente pela

montagem da arquibancada, camarote e ala "vip"; que a montagem do palco, arena, bretes,

portões, chapas de fechamento, sinalização, iluminação e decoração eram da responsabilidade de

outras empresas contratadas pela organização de evento e que o plano de abandono e cálculo de

saídas não foi elaborado por ela, tampouco foi a responsável pelo controle de pessoas no evento

(fls. 2456/2465).

A defesa de Valdomiro Poliselli, da mesma forma que os demais defensores,

arguiu, em preliminar, a prescrição dos delitos de lesão corporal culposa. Quanto ao mérito,

afirma, em resumo, que não houve superlotação do recinto; que todos os requisitos legais para a

realização do evento foram observados e que as mortes e lesões decorreram de uma briga isolada,

requerendo, assim, a absolvição (fls. 2471/2547).

Finalmente, ao se manifestar sobre a preliminar arguida pelos advogados de

defesa, o Ministério Público opinou pelo reconhecimento da prescrição exclusivamente em relação

aos crimes de lesão corporal culposa (fls. 2549/2550).

É o relatório.

Fundamento e decido

(1) Da preliminar de prescrição.

Assiste razão à defesa dos acusados nesse ponto.

A denúncia foi recebida em 19 de maio de 2011 e o delito previsto no artigo 129,

parágrafo 6,º do Código Penal, prevê pena de máxima de um ano de detenção, prescrevendo,

portanto, em quatro anos, conforme dispõe o inciso V do artigo 109 do Código Penal.

Logo, a prescrição se consumou em 19 de maio de 2015, sendo de rigor

reconhecer a extinção da punibilidade em favor dos réus Flávio Paoliello, Maria Carolina e

Valdomiro Poliselli com relação aos delitos de lesão corporal culposa narrados na denúncia.

(2) Do mérito

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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Trata-se de ação penal na qual se apura a responsabilidade criminal dos acusados

Maria Carolina, Flávio Paoliello e Valdomiro Poliselli pela prática, por quatro vezes, em concurso

formal, do delito de homicídio culposo, tendo como vítimas Vivian Montagner Contrera, Giovana

Peretti, Andrea Paola Machado de Carvalho e Ariel Foroni Avelar.

Entende-se por crime culposo aquele praticado pelo agente quando, deixando de

observar o dever de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia, realiza voluntariamente

uma conduta que produz um resultado naturalístico indesejado, não previsto nem querido, mas

objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com a devida

cautelar, ter sido evitado1.

Portanto, para o reconhecimento da prática de delito culposo, é indispensável a

existência de uma conduta voluntária; a violação do dever de cuidado objetivo; o resultado

naturalístico involuntário; nexo causal; tipicidade; previsibilidade objetiva e ausência de previsão

do resultado.

A tipificação do delito é patente assim como ausência de efetiva previsão do

resultado. Ademais, o resultado lesivo involuntário é inconteste e restou demonstrado notadamente

pelo boletim de ocorrência de fls. 4/5, auto de reconhecimento de cadáver de fl. 10, boletim de

ocorrência militar de fls. 32/35, laudos dos exames necroscópicos das vítimas Giovana Peretti,

Andrea Paola Machado de Carvalho, Ariel Foroni Avelar e Vivian Montagner Contrera (fls.

109/116) e pelo laudo pericial Complementar (fls. 1549/1577).

E antes da verificação da violação do dever de cuidado objetivo, nexo causal e

previsibilidade objetiva, passo, primeiramente, a analisar o extenso conjunto probatório acostado

aos autos.

Interrogatórios

Ao ser interrogado, o réu Valdomiro Poliselli Júnior relatou que é proprietário da

"Red Parque" e responsável pelo rodeio de Jaguariúna desde 1989; que o acidente que aconteceu

foi uma surpresa, pois naquele ano o evento estava completando 20 anos; que deu todo suporte

para as famílias das vítimas, bem como as restituiu; que atendeu as exigências do Ministério

Público; que nunca imaginou que poderia acontecer algo do tipo; que tinha mais 60 empresas que

1 Masson, Cleber. Direito Penal, parte Geral. Editora Método, 2a edição, página 261.

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auxiliavam no evento e que nos últimos 5 (cinco) anos a venda de ingressos era uma venda

informatizada; que o número de ingressos é informado para a empresa que comercializa, bem

como que é impossível ter algum tipo de falha, pois essa empresa faz a comercialização dos

maiores eventos do Brasil; que vendem os ingressos antes da liberação do AVCB, pois quando o

AVCB é liberado geralmente não foi vendido nem 50% dos ingressos; que mesmo se houver uma

venda acima da 50%, essas vendas são monitoradas e com base do AVCB do público do ano

anterior é liberado os lotes; que são liberados dois tipos de ingressos arena e parque, ala vip e

camarote e que os ingressos cedidos a colaboradores são contabilizados juntamente com os

ingressos vips; que no dia dos fatos não chegaram a 27 mil pessoal no evento e havia mais o

menos 19 mil na arena e parque e 8 mil na ala vip e camarote; que o controle de acesso é feito

através de um leitor que libera a pessoa, após passa para uma segunda catraca de contagem e que

todas as pessoas tinham que passar nas catracas para ter acesso ao evento. Indagado sobre um

evento anterior que foi adiado e se as pessoas poderiam ingressar no evento do dia dos fatos com o

ingresso do dia que foi adiando, negou essas alegações, esclarecendo que não tinha como

acontecer isso, pois o leitor das catracas liam somente o ingresso do dia e a orientação que foi

passada ao público foi para que fossem a um ponto de venda pegar o dinheiro do ingresso de volta

ou substituir por um ingresso do outro dia. Falou que sua função era como proprietário do evento,

mas o evento tomou uma proporção tão grande que não tinha como administrar tudo sozinho,

momento em que buscou profissionalizar o evento e contratar novos profissionais para auxiliar.

Relatou que a venda dos ingressos eram limitadas a 30 mil pessoas; que as pessoas do parque e as

pessoas dos camarotes tinham acesso à arena, bem como não tinha um controle de arena; que no

dia dos fatos estava presente no evento; que o acidente ocorreu por volta de meia noite e o show já

tinha começado; que foi informado de uma briga muito grande na arena e quando chegou ao local

o serviço médico já estava transportando as pessoas; que o serviço médico chegou imediatamente

no local; quanto aos seguranças, informou que a medida adotada por eles foi de fechar o portão da

arena até evacuar o corredor e depois abrir novamente; que todos os documentos contendo a

quantidade ingressos e quantidade de catracas foram colhidos no momento em que as vítimas

entraram em óbito e a polícia lacrou o evento, momento em que não teve acesso à mais nada.

Mencionou, ainda, que segundo estudos de 25% a 30% do público vai embora quando acaba a

competição; que o acidente foi um fato isolado e não houve necessidade de evacuar o evento e

que havia dois ambulatórios grandes, com acesso a duas saídas de emergência.

Também no interrogatório judicial, o réu Flávio Paoliello Machado de Souza

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relatou que é engenheiro civil há trinta anos e com relação ao evento objeto da ação penal fez doze

vezes o projeto de prevenção e combate a incêndio, o "projeto do bombeiro" como é mais

conhecido e que sempre fez esses projetos para outros eventos; que recebeu o projeto, fez os

cálculos e o apresentou para os bombeiros e que durante uma consulta com os bombeiros, eles

disseram a quantidade necessária de saída de emergência para um público inicial de 29 mil

pessoas e que precisaria diminuir a quantidade de pessoas na arena ou como segunda opção

aumentar as aberturas de saída de emergência e como isso não era possível, então foi diminuído

para 25 metros as saídas de emergência. Salientou que o recinto em si teria capacidade para 70 mil

pessoas, porém por questão de segurança foi limitado para 30 mil pessoas; que nunca alcançava a

lotação máxima estipulada para arena, pois as pessoas nunca ficavam no mesmo espaço ao mesmo

tempo e que a própria norma não contempla a possibilidade de o público total ter acesso à arena,

bem como que nunca é alcançada a lotação máxima da arena; que cinco portões de saída de

emergência foram implementados e comportava quatro mil e oitocentas pessoas por portão e que

depois que tudo esta montado é feita uma vistoria de liberação do rodeio; que por própria

desatenção no projeto impresso constam 4 saídas de emergência, mas na verdade são 5 saídas, pois

a quinta saída foi implementada e somente não foi impressa no projeto, o que implicou a redução

de capacidade máxima feita pelo bombeiro, por não constar essa quinta saída de emergência no

projeto apresentado. Mencionou que fiscaliza o local antes da vistoria e durante a vistoria a

implantação das saídas de emergências; que toda entrada é considerada uma saída de emergência e

que pode na mesma saída as pessoas tanto entrarem como saírem; que a sua responsabilidade

perdura até o momento da vistoria do Corpo de Bombeiro; que a sinalização era de

responsabilidade da organização; que eram cinco saídas de emergência com 5 metros cada

suficientes para escoar 24 mil pessoas; que o seu projeto e o de Maria Carolina são feitos

praticamente em conjunto; que sua esposa e seu filho estavam no camarote no dia dos fatos e sua

outra filha estava na arena, porém só ficou sabendo do incidente no dia seguinte e que seu projeto

estava correto, tanto que foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros.

A ré Maria Carolina da Silva Winkler, também no interrogatório, informou que

trabalhou por quatro ou cinco anos na empresa NP, empresa que fazia a montagem das estruturas

das arquibancadas e camarotes do evento; que a denúncia cita o palco e outras estruturas, mas

montou apenas os camarotes e arquibancadas; que a estrutura é modular, são módulos de 2,5 e o

cliente solicita para a empresa uma estrutura, eu quero “x” metros de estrutura; que era a

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engenheira responsável pela montagem da estrutura e montava a primeira montagem para o

cliente, que é a primeira estrutura, sem acabamento, sem sinalização, sem elementos decorativos,

sem portões, sem placas, sem nada; que a empresa não fornece portão, só módulos de 2,5 x 1,95,

faz a montagem, entrega ao cliente que é juntado ao projeto do recinto todo e o cliente providencia

a aprovação junto aos bombeiros, Prefeitura e tudo que for necessário e que é do seu conhecimento

tudo foi aprovado; que não tem como os corredores serem menores que 5 metros porque os

módulos são prontos; que montou três corredores porque eram os corredores que constavam

embaixo da estrutura, mas é do conhecimento de todos que foram disponibilizados mais dois

acessos no projeto geral; que o seu projeto chega primeiro e depois se junta ao geral, não é uma

modificação, várias empresas trabalham em conjunto, então seria um complemento de um projeto

com outro e foi tudo aprovado. Ressaltou que sua responsabilidade consistia em montar a estrutura

base, então montou a estrutura, entregou ao cliente e o cliente correu atrás das aprovações, sendo

que a empresa se prontifica a realizar modificações no projeto se solicitado, e nada foi requerido;

que as estruturas locadas nunca deram problemas e esse evento acontece na cidade há anos e

nunca deu problema e projeto é quase sempre o mesmo e nunca deu problema; não sabe dizer o

que ocorreu porque não estava presente, sabe apenas o que foi divulgado pela mídia, uma possível

briga, porém afirma que não houve falha técnica na montagem, que foi tudo aprovado e montado

de acordo com as normas; que a empresa não fornece nenhum portão e desconhece esse portão

mencionado; que a empresa tem contato direto com o cliente e faz tudo em cima do que o cliente

solicitou; que nunca conversou com o Sr. Valdomiro, tinha contato apenas com o engenheiro

Flávio, porém não pessoal; que o projeto foi liberado pelo Corpo de Bombeiros e que antes de

montar a estrutura modular analisa as orientações do Corpo de Bombeiros; que os contratos

sempre foram realizados da mesma forma, passando a responsabilidade dos bombeiros para o

cliente e, por fim, que desconhece qualquer pedido de alteração no projeto e para ela nada foi

requerido.

Ou seja, todos os acusados negam as acusações constantes na exordial acusatória.

Valdomiro Poliselli Júnior, responsável pela organização do evento, nega que tenha havido

superlotação; Flávio Paoliello Machado de Souza, engenheiro civil responsável pelo projeto de

prevenção e combate à incêndios, nega que seu projeto tenha apresentado as falhas técnicas

apontadas pelo Ministério Público assim como que as saídas de emergência existentes

efetivamente fossem insuficientes para o escoamento do público e, por fim, Maria Carolina da

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 8

Silva Winkler, engenheira civil que assinou a ART do projeto das arquibancadas, não só nega que

tenha sido a responsável pelo projeto e implementação de toda a estrutura mencionada na denúncia

como também reafirma, tal como seu colega, que o projeto não continham falhas técnicas.

Vítimas

A vítima Aline Carvalho Giovoni relatou que no dia dos fatos estava presente e

teve uma briga no evento; como tinha falta de segurança ou os seguranças fecharam o portão, isso

fez com que o pessoal que estava entrando nesse local parasse de entrar, momento em que quem

estava na frente via que estava fechando e tentava sair e as pessoas que estavam atrás tentavam

entrar e começou um empurra-empurra, um por cima do outro e começou a ficar com falta de ar,

até que desmaiou. Informou que a briga aconteceu na arena e quando quem vinha de fora tentando

entrar na arena informaram que havia acontecido uma briga na frente e por isso fecharam a arena,

embaixo da arquibancada; era um tipo um corredor que fica embaixo da arquibancada e foi nesse

corredor que as pessoas entravam por baixo; esperou o show começar para não pegar a hora que

todo mundo ia entrar, já tinha dado um tempo que o show tinha começado, estava tranquilo para

entrar, daí começou, não entendeu nada a principio, momento em que começou a ficar pior do que

imaginava; disse que nas outras vezes que foi ao local tinham mais entradas, nunca aconteceu nada

das outras vezes, não sabe se por sorte ou se tinham mais segurança, o que percebeu é que não

tinha médico suficiente para o tamanho do evento, não tinha maca, tinha apenas duas macas para o

evento todo, não tinha maca suficiente para carregar o pessoal que teve problema; passou mal e

ficou duas horas no local, pois tinha muito trânsito e a ambulância não chegava; que algumas

pessoas falaram que foram fechadas as entradas para aumentar o camarote, pois é o local que dava

mais dinheiro; houve muita aglomeração no local, bem como que as pessoas tiveram que subir

naqueles paus da arquibancada e começaram a gritar para os seguranças “abre que tem gente

morrendo aqui”, após um bom tempo eles abriram; ficou sabendo que três pessoas morreram no

local, um menino perdeu a perna e uma morreu depois; sofreu ferimentos e até hoje sente falta de

ar, pois ficou muito tempo desacordada, bem como em razão do trauma faz terapia; que além do

desmaio, estourou veias de seu olho e ficou roxa em vários lugares, pois foi pisoteada e seu noivo

foi pedir uma maca para as pessoas que estavam lá e ele falaram “a gente só tem duas macas” e

não conseguiam localizar nem essas duas macas; acha que o problema foi falta de sinalização,

falta de pessoas competentes para organização de um evento daquele tamanho; que Guilherme não

sofreu nenhuma lesão, mas Paula sim, problemas na perna de circulação; disse, por fim, que o

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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tumulto aconteceu por volta de meia noite e pouco; que não chegou a presenciar a briga, mas ficou

sabendo do fato e que os portões haviam sido fechados.

A vítima Guilherme Andraus relatou que no momento em que tentou entrar na

arena já tinha começado o show e em um determinado momento eles pararam porque os portões

foram fechados; já tinham liberado para algumas pessoas entrarem e de repente fecharam e o

pessoal que conseguiu disse que ocorreu uma briga próximo ao portão, momento em que os

seguranças acharam melhor fechar os portões. Aduziu que não chegou a presenciar a briga

ocorrida dentro da arena e que as pessoas que estavam entrando resolveram voltar porque não

tinha mais acesso e as pessoas que estavam no início do corredor queriam entrar, então ficou um

pessoal querendo entrar e outro sair; nesse empurra-empurra as pessoas foram caindo uma em

cima das outras, todo mundo ficou travado ali, não tinha como sair; sua noiva Aline acabou

passando empurrada, ela caiu em cima de outra pessoa, outras pessoas caíram por cima dela, ela

simplesmente sumiu, dai os bombeiros apareceram, dois bombeiros, eles não sabiam o que fazer,

não tinha como tirar as pessoas debaixo nem pessoas de cima, o pessoal estava ali dentro do

corredor travado nesse intervalo e começaram a pular o alambrado do lado, abriram uma brecha,

começaram escapar, foi isso que isso que literalmente desafogou o corredor, as pessoas que

estavam atrás não tinham para onde sair, o portão fechado, começaram a sair pelo lado, começou a

aliviar, a Paula, a próxima testemunha, estava embaixo dele mas não estava preocupado porque

estava com o tronco para fora, estava normal e sua maior preocupação era sua noiva; quando

conseguiu sair de lá encontrou sua noiva praticamente morta, teve que ressucitá-la; ela estava com

o olho aberto, sem respirar, urinada, e como tem curso de primeiros socorros percebeu que eram

sinais de parada e no desespero deu um murro no peito dela, mas ela não respirava; carregou ela

sozinho, chamou os bombeiros e pediu uma prancha, porém foi informado de que não tinha

prancha, pois só havia três; então a colocou no chão do lado de fora e foi atrás de uma prancha,

levou ela até a enfermeira, chegando lá pediu para que atender ela, mas falaram que não, que ela

não podia ficar ali; disse que ela precisava de oxigênio e tinha problema de asma, mas a

enfermeira lhe disse que eles não tinham oxigênio, só em caso de emergência e disse ainda que ela

teria que aguardar, momento em que pegou sua noiva e saiu carregando-a; chegando no carro,

duas horas da manhã, conseguiu sair do evento era quatro e meia, parecia que não tinha plantão de

emergência nenhum, diversas vezes precisou parar e não teve nenhum apoio. Disse que era a

primeira vez que estava indo no rodeio de Jaguariúna e que só viu uma entrada que estava escrito

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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bem grande “entrada”, então esse foi o único acesso que viu; contou que entrada e saída eram no

mesmo local, bem como que tinha muita gente no corredor de acesso e antes de chegar à

enfermaria tinha um espaço, um local que parecia um saguão, onde havia diversas pessoas

sentadas no chão, deitados, por diversos motivos, não só do acidente, mas estavam esperando

atendimento.

A vítima Paula de Souza Sakurai relatou que foi assistir ao show, mas não

imediatamente assim que o show começou, aguardaram um pouco e então foram até a entrada, que

era entrada e saída e foram entrando, mas estava muito apertado no aceso à arena e resolveram sair

e todos começaram a sair; quando entrou havia esse portão, que estava aberto e não sabia que se o

portão havia sido fechado, mas achava que não; então as pessoas começaram a cair,

provavelmente por causa do empurra-empurra, como se fossem um dominó, caindo um por cima

do outro e ficaram presos lá por cerca de vinte minutos à meia hora; o pessoal que ia se soltando

tentava ajudar, iam puxando, como por exemplo as três pessoas que estavam embaixo e tentavam

puxar, mas a perna estava presa e depois de muito tempo não aparecia ninguém pra ajudar; quem

ajudava foi o pessoal que foi se soltando; estava de costas para a arena, porque estava saindo e o

fluxo se inverteu, e não sabe se em outra parte da arena tinha outra entrada para esse corredor;

esclareceu que o corredor tinha aproximadamente cinco ou seis metros de largura e eles não

estavam nem na metade e tem essa noção por causa de sua profissão como arquiteta; também que

estava na frente na hora de ir embora e no início ficou só inclinada, só que a cada pessoa que era

empurrada, o pessoal ia caindo, e até o final já se encontrava de joelho. Relatou que depois do

ocorrido pesquisou e ouviu falar que teve um tumulto na frente do palco e daí começou a correria,

mas que eles estavam no corredor então não pode afirmar; quem estava do lado de fora não sabia o

que estava acontecendo do lado de dentro então havia o empurra-empurra com umas pessoas

querendo entrar e outras querendo sair e quando um caiu todos começaram a cair; depois de

quinze ou vinte minutos apareceu um pessoal, com algo que lembrava um jaleco ou uniforme, não

sabendo precisar se eram seguranças ou da organização, pois até então quem estava ajudando era o

pessoal que ia se soltando e que quando eles chegaram, não sabiam o que fazer, estavam mais

perdidos do que quem estava se soltando e ajudando; lembra que um rapaz que se soltou foi

organizando, dizendo que era para começar pela beirada, puxando quem estava na beirada, e

depois ele pedia para o pessoal do fundo parar de tentar sair e que depois de meia hora, não sabe o

que fizeram na parte da arena, mas conseguiram desbloquear o acesso para sair, então as pessoas

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de trás foi levantando e as pessoas foram saindo; estava acompanhada de Guilherme e Aline; teve

ferimentos do pescoço para baixo, e, chorando, contou que ficou com sequelas, no pescoço, pois

ela usa bolsa lateral e no empurra-empurra a bolsa foi para trás, e ela estava de jaqueta grossa e

torceu o braço direito para trás, e não mexia; conseguiu arrebentar a alça e o braço não tinha como

soltar, estava estrangulado e o cabelo também estava preso, que a pessoa em cima dela ficou

segurando no cabelo então ela não conseguia olhar pro lado esquerdo, só tinha à frente e a direita,

e tinha dificuldade para respirar e certo momento achou que ia desmaiar, só que no empurra-

empurra, a pessoa que estava em baixo dela, de quatro, travou e apoiou seu corpo por cima dela e

não chegou a desmaiar, e quando pôde sair, levantou e foi até lá fora recuperar o fôlego e atrás do

amigos; foi atrás deles na enfermaria, viu que Aline não respirava e, ao ser questionada se foi

atendida, contou que quando chegou o portão estava fechado e não deixavam que eles entrassem e

era visível que ela não estava bem, estava descabelada, roupa estropiada, mas que pediu que só

queria saber se seus amigos estavam lá; tinha uma moça no fundo que estava anotando os nomes,

mas não achava, era muita gente machucada, não conseguia pegar o nome de todo mundo e que

nisso viu os dois amigos saindo e seu amigo lhe contou que sua amiga Aline tinha desmaiado e

que ele tinha ido atrás de uma maca, porque o pessoal estava perdido, os funcionários não sabiam

o que fazer. Esclareceu, ainda, que no acesso à arena não tinha placa sinalizadora de entrada e

saída, e que inclusive no lado externo do acesso ao corredor tinha um tronco no chão, onde eles

chegaram a tropeçar, não sabendo dizer se o pessoal que estava saindo tropeçou também; era a

primeira vez que esteve no local, que não gosta de sertanejo e que foi mais para conhecer a festa.

Questionada, informou que quando foi até a enfermaria não a permitiram entrar, justificando que

estava muito cheio e viu uma pessoa de jaleco com estetoscópio e o restante, não sabe dizer se

eram auxiliares; tinham por volta de trinta ou quarenta pessoas na enfermaria e tinham muito mais

pessoas em pé, na frente tinham trinta ou quarenta, e que ela estava no começo. Contou que no

corredor onde aconteceu o fato não tinha saída de emergência e algumas pessoas conseguiram

subir pela estrutura e sair. Questionada se em sua condição de arquiteta podia precisar quantas

pessoas por metro quadrado tinha no corredor, contou que achava que mais de dez pessoas,

contando que estava empilhadas, que só por baixo dela, contou quatro pessoas, e que antes do

tumulto, também era algo em torno de dez pessoas por metro quadrado, porque o espaço pequeno,

não podia dar passos longos. Contou que no acesso ao corredor não havia funcionários ajudando

ou direcionando e quanto à arena não sabe dizer, porque não chegou até lá. Contou que viu na

internet depois que tinham pessoas ali e ressaltou, quanto as sequelas, que depois de tudo teve

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dores no corpo todo, algumas passaram, porém outras continuaram persistindo, trincou a costela,

teve ruptura muscular nas duas pernas, lesão de ligamento no tornozelo direito, fora os hematomas

e afirmou ter atualmente Linfodema, o que não pode comprovar que foi devido o acidente, mas

suspeita que o problema surgiu após o acidente. Questionada acerca de todo o procedimento de

entrada, desde as catracas até a praça de alimentação, relatou que o estacionamento e o ingresso no

recinto pela catraca foi tranquilo; que logo que entrou, havia alguns estandes à esquerda, parte da

alimentação à direita, no fundo os "box" de alimentação; os corredores eram largos e nessa parte

não viu problema nenhum, tudo bem organizado; só na parte da arena, no corredor lateral, havia

uma única entrada e saída e para o tamanho da arena tinha que ter, visivelmente, muito mais

acesso e saída. Questionada se não existiam outros acessos ou se apenas não os tinha visto, disse

que por ser arquiteta, por tudo que aprendeu na faculdade, sempre que chega num lugar olha para

as saídas de emergência, e que então a única entrada que viu foi aquela, não sabe se existia outro

acesso do outro lado, mas do lado que era o principal afirmou que não tinha; que a partir do

momento que acessou o corredor, percorreu cerca de dez metros até fazer a inversão de sentido, e

que nesse trajeto de dez metros, haviam pessoas saindo também. Questionada se antes dos fatos as

pessoas conseguiam entrar e sair, informou que não, que começou a bagunça de pessoas querendo

entrar e querendo sair e que não viu briga alguma, só ficou sabendo posteriormente, pela internet.

A vítima Stela Ribeiro de Paula relatou que foi com seu namorado à festa e que

normalmente não vai até a arena, ficando sempre na arquibancada, mas nesse dia como estava com

muitos amigos, resolveu ir para a arena; sabe que é muito cheio, lotado, e que na entrada estava

bem lotado e que entrava conforme as pessoas iam empurrando, então decidiu aguardar no canto

enquanto as pessoas iam passando, lembra que ficou na grade esperando junto com outros casais

que também estavam esperando a multidão passar e depois de 10 ou 15 minutos viram uma fila de

pessoas que estavam conseguindo sair e resolveram sair junto com aquelas pessoas já que a

multidão não parecia melhorar, visto que já tinha se perdido dos dez amigos com quem chegou;

lembra de ter falado para que seu namorado ficasse atrás dela para protege-la e foram andando

apertados, como foi na entrada, muita gente querendo entrar e sair ao mesmo tempo, tendo isso

tudo ocorrido na entrada principal e não nas duas laterais e foram andando, lembra-se de ver uma

menina passando mal dizendo que ia desmaiar, e lembra-se que tudo em que pensava era que não

podia cair, porque se cair, vai cair todo mundo em cima e todos vão passar por cima; andou até

quase metade do caminho, ficando mais ou menos embaixo da arquibancada, e então caiu uma

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menina e abriu um buraco, foi quando conseguiram andar mais, mas então quase na saída uma

menina caiu e então começaram a cair pessoas na frente e então ela também caiu e o namorado

caiu em cima dela, e ela não conseguia mexer nada, e ficou por 20 ou 30 minutos nessa posição e

só conseguir mexer o pescoço, que era quando conseguia respirar, mas não conseguia mexer o

dedo dentro do sapato e as pessoas caíram uma em cima da outra e lembra-se de um menino

gritando desesperado e que ela, entretanto, ficou calma, só respirava, e que pensava que não podia

desmaiar; lembra-se de pessoas, principalmente meninas que tentavam subir na arquibancada pelo

ferro, tentando escapar da multidão, e algumas pessoas tirando foto e dando risada enquanto eles

gritavam pedindo ajuda, porque não tinha como sair, e então após um tempo chegaram os

bombeiros pela frente, pela entrada e fecharam as portas pra não entrar mais gente, disse que

imaginava que os bombeiros não conseguiam ter acesso por trás para tirar as pessoas que estavam

por cima, porque tinha muita gente e os bombeiros tentavam puxar as pessoas que estavam

embaixo, o que em sua concepção estava errado, porque ao puxar quem estava embaixo, as outras

pessoas caiam por cima; havia pessoas passando por cima das outras, entre cambalhotas, enquanto

tentavam sair, mas não a pisoteando, porque não tinha como andar e seu namorado que caiu por

cima, tentava empurrar as pessoas para trás, para que ele pudesse levantar; seu namorado estava

bem desesperado e as pessoas pisavam na perna das outras, chegando a quebrar, e depois de um

tempo, conforme foram saindo as pessoas de trás, seu namorado conseguiu levantar e lhe puxar, e

que estavam mais no canto da parede, nem tanto no meio, então ao ser puxada pelo namorado, ela

conseguiu levantar e sair pela lateral, isso tudo no tempo dos 20 ou 30 minutos em que teria ficado

nessa situação e ficou com marcas roxas devido ao ocorrido. Conhecia o acusado Valdomiro

apenas de nome, que é conhecido ali em Campinas (cidade onde prestou depoimento) e não

conhecia as vítimas que faleceram; acredita que quando entrou na arena o show já teria começado,

pois abriram as portas para o início do show e aí entraram, e não sabe precisar se foi

imediatamente quando começou o show ou 10 minutos depois, mas sabe que foi logo no início, e

que quando abriram as portas, logo na entrada não estava tão cheio, mas mais pro meio estava, e

então as pessoas iam vindo atrás e começavam a empurrar e que mesmo que você não queira

entrar, acaba entrando; o tumulto realmente aconteceu logo na abertura da arena e posteriormente

muitas pessoas falaram que viram brigas, mas não chegou a ver briga, só viu muita gente e que ao

ver tanta gente teve a intenção de sair e muitas pessoas pularam por cima para ir para a área VIP,

mas que ela não conseguia, porque era muito alto, e que foi então quando viram a fila de pessoas

que estavam tentando sair pelo canto, mas a maioria das pessoas queriam entrar. Disse que não

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 14

sabe porque as pessoas não conseguiam passar, mas que sabia que tinha essa entrada e mais uma

na lateral, e que acredita que talvez fosse porque as pessoas entravam por essas duas entradas e

ficavam ali quando “desembocavam”. Ao ser questionada, informou que não viu ninguém da

organização do evento ajudando as pessoas a entrarem ou sinalizando, ou orientando as pessoas,

inclusive as pessoas ajudavam umas as outras e ela mesmo teria ajudado uma ambulante com um

isopor que nem conseguia andar direito e conseguiram puxar ela também, mas ninguém da

organização. Também ao ser indagada, informou que os bombeiros que fecharam o portão, que era

o portão da entrada da arena, o portão por onde ela teria entrado e eles fecharam para poderem

trabalhar, ou para não entrarem mais curiosos, não sabendo precisar o motivo, e disse que nesse

momento ela estava lá dentro da arena, com as pessoas em cima dela, no corredor que dá acesso à

saída. Contou ainda que só lembra de ter vistos bombeiros, que por causa da farda são fáceis de

reconhecer, não se lembra de ter visto seguranças. Questionada, informou que ela não foi

pisoteada, porque não tinha como as pessoas andarem por cima dela, porque eram muitas pessoas

umas em cima das outras, mas que o peso das pessoas em cima era terrível, só que não tinha como

as pessoas andarem por cima dela, mas que viu pessoas rolando por cima, tentando sair. Indagada,

contou que acreditava que existiam 3 entradas de acesso para a arena naquele dia, mas não chegou

direito a entrar na arena, porque havia esse corredor de acesso e foi quando ela chegou ao final

desse corredor, porque não tinha como continuar também, não podendo afirmar quantas pessoas

tinham no interior da arena. Indagada, informou que parou o carro dela no estacionamento e que

estacionar o carro levou muito tempo, porque estava demorada a fila, acha que levou por volta de

40 ou 50 minutos, mas que do estacionamento para dentro do evento, foi rápido, pegando uma fila

rápida. Contou que o espaço de alimentação que antecede a entrada da arena estava bem cheio

também, não tão cheio quanto a arena, mas bem cheio; não se recorda se estava acontecendo outro

show ali, naquela área de alimentação, se recorda que haviam áreas específicas com as baladas,

como por exemplo espaço Brahma e demais, mas que na rua ali mesmo não estava tendo um show.

Contou que no dia não viu nenhuma briga, mas que pessoas disseram que houve briga, tiroteio e

falou que sabe que briga sempre tem, mas que ela não viu, salientando que em sua opinião, não

teria sido uma briga que causou o tumulto, porque de onde estava, não ouviu gritaria, ou viu briga,

ou gente correndo querendo sair, era só muita gente. Acerca dos bombeiros, informou que eles

aparecerem da parte de fora para entrar, porque, como afirmou antes, eles apareceram pela frente e

tentaram puxar as pessoas que estavam por baixo, porque não conseguiam entrar por trás para tirar

quem estava por cima. Acerca do horário da ocorrência, não se recorda e não pode dizer um

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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horário específico.

A vítima Maria Carolina Vilas Boas de Oliveira informou que na data dos fatos

uma amiga chegou a falecer, houve “pisoteamento” e chegou a ser pisoteada, mais pessoas

faleceram. Não sabe dizer porque aconteceu o pisoteamento, mas sabe que quando estavam

entrando, que estava mais ou menos na segunda música do show, entrando para a arena, ai muita

gente começou a sair, então quem estava entrando batia de frente com quem estava saindo, ocorreu

alguma coisa na arena, mas não sabe dizer o que aconteceu na arena, porque não viu, mas alguns

dizem que estava acontecendo uma briga, então quem estava na arena queria sair e muita gente

querendo entrar, começou um empurra empurra e nisso foi pra frente e caiu na metade do corredor

para entrar do lado direito, bem no canto, que caiu ali e as amigas começaram a voltar e no final

elas contaram que a Vivian caiu e onde ficou uma barreira de gente caída no chão, não se lembra

quanto tempo ficou caída no chão, mas lembra que tentava erguer a mão, beliscar as pessoas para

verem que estavam embaixo, mas ali era uma questão de sobrevivência, por conta disso teve uma

costela trincada, teve uma menina que ficou em cima, uma menina ficou em cima porque não tinha

para onde ir, uma pessoa caída em cima da perna, então não conseguia levantar e a hora que

levantaram, um menino ergueu então levantou e deu uns 10 passos e tinha uma barreira de gente

caída no chão, isso já saindo, umas quatro pessoas enfileiradas uma em cima da outra e ai o portão

já estava meio fechado, conseguiu sair e começou a procurar a Vivian e depois de uns 40 minutos

descobriu que ela tinha falecido. Disse que sua amiga Vivian estava bem próxima a saída, que ela

caiu no canto direito e a Vivian no canto esquerdo, bem no final; que o pé da Vivian ficou

enroscado em um ferro e caiu de rosto para o chão, enquanto ela caiu de cabeça e outra amiga

tentou puxar a Vivian, mas que o pé dela estava preso então não conseguia e nesse meio tempo

outro rapaz caiu em cima dela e ai já entrou uns moços com colete amarelo pedindo que elas

evacuassem o local que eles iriam cuidar de quem estava lá, mas não cuidaram de ninguém.

Perguntada sobre a quantidade de pessoas em cada barreira, informou que algumas tinham três ou

quatro pessoas, outras eram maiores, mas que não tinha como pular essa barreira de gente, para

sair tinha que pisar nessas pessoas. Informou também que o túnel inteiro de saída e entrada estava

com pessoas caídas, inteiro; que não havia pessoas da organização do evento oferecendo ajuda e

quando levantou viu alguns amigos que estudaram com ela e eles que vieram ajudar, tiveram que

passar por cima da pilha de pessoas novamente para ajudar, porque ninguém sabia o que estava

acontecendo, não tinha mais ninguém, tinha umas pessoas sentadas na cerca onde tinha o

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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espetinho, mas eles fecharam o portão e deixaram um espaço pequeno então quem queria sair

também não conseguia porque o portão não estava completamente aberto e pelo que se lembra,

quando levantou não tinha nenhum moço com colete amarelo. Quando perguntada, informou que

foi ao rodeio de ônibus fretado e havia estacionamento para o ônibus, desceu do ônibus e entrou

por uma portaria que nunca tinha entrado, ficava perto do parque, tinha um parquinho lá e foi por

onde entrou que tinha um pouco de fila, mas não muito; no banheiro químico também não tinha

muita fila, mas estava faltando a parte de trás dele, porém, o outro banheiro do local mesmo é

impossível, não tem como usar porque fica muito cheio; disse que a praça de alimentação estava

lotada, mas pelo que se lembra não pegou fila para comprar nada, que dava para se movimentar

nos locais e que como não chegou a arena então não conseguiu visualiza-la. Esclareceu que

quando se levantou não viu nenhum bombeiro nem segurança no local, a hora que saiu, sentou um

pouco, ficou sentada para se recuperar, dai foi até a portaria que foi onde encontrou as meninas,

portaria principal, lá tinha uma ambulância e disse que estava procurando a amiga, mas não

deixaram ela entrar, só falaram que só entraria quem estivesse ferido e mesmo dizendo que havia

sido pisoteada não deixaram ela entrar, não quiseram saber o que estava acontecendo, e ela estava

morrendo de dor, mal conseguia andar, dai foi até uma outra enfermaria, que ficava do lado oposto

da porta de entrada e nisso procurava gente para falar, tinha várias salas e ela até entrou em uma

sala achando que era a amiga mas não era e não tinha bombeiro nenhum lá, também não tinha

bombeiros ou seguranças quando caiu.

A vítima Barbara Cardoso informou que chegou a escutar no máximo três

músicas e não ia entrar na arena, mas entrou para acompanhar a prima do namorado que era

menor; chegando na saída teve uma briga, mas não tinha nada a ver, a briga aconteceu na entrada

do corredor, mais a esquerda e o pessoal contornava à direita, quando passou estava vindo um

pessoal de frente, nisso não sabe dizer o que aconteceu, sabe que o portão estava fechado e

começou uma lotação, o pessoal empurrando, não tinha nada a ver com a briga que ficou lá para

trás; ficaram um por cima do outro, querendo sair e perdeu a consciência duas vezes, lembra de

pouca coisa, lembra do pessoal levantando, uma das meninas que faleceu segurou na mão dela e

ficou um tempo segurando e a hora que o rapaz a puxou pela cabeça e a ergueu na estrutura

metálica, conseguiu sair, um senhor falou para sair de lá e o pessoal rezou, foi um tempo longo

que a ficou lá, o pessoal falava “está me matando, está me matando”; tinha muita gente por cima

dela e a hora que tentaram ajudar eles tiravam a pessoa que estava embaixo e tinha que tirar o de

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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cima primeiro. Informou que durante esse tempo a porta de acesso estava fechada, o namorado

conseguiu passar e gritava para o pessoal que estava no rodeio e ai começou a chacoalhar o portão

e o segurança não deixava, falava que tinha gente morrendo e o segurança falava que não tinha

nada; um rapaz falou que precisava levar ela no ambulatório e o segurança falou “essa menina tá

bêbada” e ela não estava, tinha acabado de entrar na arena; outro segurança tirou e falou que não

sabia onde era o ambulatório e jogou ela no chão, o outro pegou e foi andando com ela no colo e

levou até onde ele achou que era, estava totalmente perdido, pedindo informação para o pessoal da

festa; em momento algum os seguranças se importaram em ajudar as pessoas; seu namorado

chegou a observar que foram os seguranças que fecharam o portão e falou que pediu para abrir e

eles não quiseram abrir, outro segurança falou que era verdade o que ele estava falando e abriu.

Informou que a entrada da arena estava razoável, dava para ficar “na boa”, foram até na frente do

palco e na hora de sair já estava “muvuca”, tinha muita gente, demorou uns 15 ou 20 minutos para

sair da arena, tinha muita gente, na hora que conseguiram sair desse pessoal, teve a briga e lá na

frente teve uma “muvuca” na entrada e o pessoal estava querendo sair, não sabe se por causa da

briga, e um pessoal querendo entrar, foi a hora do efeito dominó. Informou que logo que entraram

na arena tinha uma pessoa vindo e outra saindo, parecia uma corrente humana, ninguém conseguia

sair, o pessoal atrás empurrava o pessoal que estava entrando pra sair e o pessoal empurrava o

pessoal que estava querendo sair para entrar e ai ficou uma barreira e foi caindo um, caindo outro,

começou a gritaria e o pessoal gritava “tem um morto aqui”, “sai de cima”, só que não dava, tinha

um peso enorme em cima das pessoas; ficou no corredor por 20 minutos e não tinha seguranças,

socorristas ou ambulâncias nas imediações do túnel e só apareceram depois de muito tempo, no

momento que estava acontecendo não tinha ninguém. Foi para estrutura e o segurança estava bem

distante, o próprio pessoal da festa começou a abrir o portão e não tinha ninguém; foi o pessoal

que estava bebendo lá fora, eles soltaram a latinha e começou a chacoalhar o portão até que abriu e

as próprias pessoas iam retirando os de baixo primeiro, não tirou os de cima, tinha muita gente.

Informou que o “empurra empurra” não teve a ver com a briga que acontecia perto, porque a briga

estava à esquerda ali, bem no "finalzinho" da arena, no início do corredor, o pessoal estava

desviando e entrando no corredor, nisso foi o pessoal de frente que ia entrar e outro que queria

sair, e não tinha como, era muita gente no corredor e que quando começou o show ainda dava pra

andar um pouco, lá na frente do palco, já pra trás não tinha condições, lá na frente tinha espaço

suficiente, só que começou a sair e era muita gente entrando, de uma vez só, foi formando uma

barreira precisou ficar desviando de muita gente (grifos nossos).

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Testemunhas de acusação

A testemunha de acusação Francisco José de Oliveira Safé, perito criminal que

realizou a perícia nas dependências do evento, relatou que a engenheira Maria Carolina da Silva

Winkler não executou o projeto com base na planta base aprovado pelo Corpo de Bombeiro, tendo

em vista que existia um projeto aprovado; que a segunda arquibancada não estava de acordo,

existia diferença na colocação de saída, não estavam identificadas como no projeto aprovado,

tanto que se pegar o projeto dela, no projeto dela que é anexo seis dos laudos, o projeto tem

diferença de dimensão, as saídas; que a quantidade de saídas do projeto da engenheira não

acompanhou o projeto aprovado; com relação às saídas 5 e 6 que existiam na arquibancada, ela

colocou a duas no mesmo local, só que quando ocorreu a montagem a última que ficava perto do

palco foi colocada na arena em caracol e que mudou isso do projeto dela, se for comparar o projeto

dela e do engenheiro Flávio; que esta não foi a planta aprovada pelo engenheiro Flávio e que na

planta do engenheiro houve mudança, não existia saída, ela não fez entrada e saída de deficiente e,

depois, na frente, a do engenheiro, as partes dos bretes que estavam na frente do palco foram

colocadas embaixo da saída da arquibancada; que a saída, a rampa de deficiente não existia e a

última saída foi deslocada para o trecho em caracol, no projeto, com a rampa para deficientes, na

arquibancada seriam quatro; que nas saídas da arena constou de diferente da planta aprovada, da

planta apresentada pela engenheira Maria Carolina duas saídas, ela montava as duas e passou mais

da área “vip” e que quando diz última saída, ele quer dizer que se aproximou do “caracol”, bem

como acredita que ela tirou a rampa para a arquibancada e passou para cá; as saídas da arena, ela

centralizou, mas a do meio e a daqui juntaram mais no acesso um, constou como apresentou no

croqui, se não me engano fl. 16, o croqui consta de fl. 12 do laudo pericial. Indagado sobre quantas

saídas de emergência constavam no projeto executado, da arena, informou que falando do primeiro

projeto, olhando tem duas saídas de emergência, mas embaixo do camarote, do primeiro projeto,

era para existir duas saídas; disse que embaixo do acesso onde aconteceu o acidente, entre a

arquibancada e a ala “vip”, ou seja, teria que ter sobre a área “vip” duas saídas, uma olhando de

frente para o palco do lado direito e uma na parte média que não existia. Mencionou que pelo

projeto conta uma, duas, três, quatro e cinco que fica de costas para o palco do lado direito,

quando chegamos lá existiam duas arquibancadas deslocadas de posicionamento a entrada um e

dois, muito próximas e a entrada do camarote não existia, com relação às entradas 7 e 8, informou

ainda que no croqui colocou que não poderia ser utilizada como saída de emergência. Aduziu que

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no projeto existiam as saídas 1, 2, 3 e a 7, constavam quatro saídas com cinco metros de largura

cada uma mas que não considerava a saída 7 de emergência, pois se a norma considera que a saída

de emergência não poderia ser a mesma dos que trabalhavam no palco, dos funcionários e artistas.

A saída 7 era saída dos competidores, funcionários e a saída 8 foi caracterizada no dia que estava

sendo a perícia, foi ai que foram colocar a placa de saída; inclusive, quando houve a mudança do

brete para a arquibancada, os touros passavam embaixo da arquibancada era descarregados nessa

saída. Quanto à metragem, nenhuma saída tinha cinco metros. Todas variavam entre quatro metros

e trinta, quatro metros e sessenta centímetros. Mencionou que reduziu para quatro metros no laudo

pericial, pois pela norma, a gente tem que passar números inteiros. Disse que tem que passar com

múltiplos de 4 metros e trinta não dá para passar dez pessoas e um quarto de outra. Esclareceu que

a diferença daria muito pouco, mas não se pode passar meia pessoa pela porta. Declarou que a

saída 8 não foi considerada como saída nem no dia do evento, só que no dia anterior não tinha nem

sinalização, a saída tem que estar sinalizada e tudo mais. Asseverou que é engenheiro elétrico e

que acha que é responsabilidade do engenheiro que desenvolve o plano de abandono e combate a

incêndio fiscalizar a implantação do projeto de acordo com as normas existente. Narrou que o que

causa espanto é isso, foi provavelmente aproveitada a planta de outro evento, inclusive ele não

apaga medidas existentes na planta que não batem com o projeto, ele não teve responsabilidade de

ir ver o que estava sendo feito. Informou que se a engenheira Maria Carolina pegou o projeto

aprovado ela não teria que ver se estava sendo executado da forma correta, mas o outro engenheiro

teria que verificar se o projeto foi executado de maneira correta. Disse que quem fez a primeira

vistoria foi o Giaconi, bem como que a perícia foi feita na madrugada do dia dos acontecimentos

até o dia posterior. Mencionou que a colocação das portas e das placas de saída é de

responsabilidade do responsável pela montagem o mesmo responsável pela montagem da

arquibancada; que as saídas são de dois tipos; que o túnel é composto de placas metálicas

justapostas, as placas em alguns locais estavam sobrepostas e que na hora do problema de

superlotação as placas acabaram entortando e presando pessoas e que o responsável pelas placas

de emergência teoricamente é o responsável pelo projeto de prevenção e combate a incêndio

responsabilidade pelo menos de ir fiscalizar. Afirmou que saídas de emergência são utilizadas

como saída de emergência e o que havia lá eram acessos à arena e saídas de emergências

simultâneas, no local só tinha “plaquinha” indicando saída de emergência, mais nada. Informou

que as perícias do controle ao público foram realizadas em três datas; a primeira no dia que o

Giaconi foi, após foi sua vez quando estava sendo desmontada a estrutura e a terceira quando foi

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feita a reprodução simulada e que quando chegou ao local as catracas que estavam lá eram as

destinadas ao público, acesso geral, as do camarote já não estavam mais lá e depois e após olhou e

falaram que haviam 34 catracas e, no dia da perícia, estavam somente as do público; não se lembra

da quantidade, pois, a princípio, estava preocupado com o problema da parte estrutural, o que

estava montado, como estava montado e a distribuição do público. Informou que só foi

apresentado o número de catracas e que foi apresentado um relatório constando 20 catracas e,

nesse relatório tem algumas coisas que chamam a atenção, ele divide o público ingressante em

camarotes, estudantes e ala "Vip" e pelo relatório só demonstra a entrada de estudantes. Em

relação à contagem de público, a planilha do Ingresso Rápido fala em números de ingressos

vendidos até as 20h00 e a outra é o número de pessoas que efetivamente ingressaram no recinto e

que se tinha lá cinco mil de público e vinte mil nas catracas, mas o público do camarote, o único

lugar onde eu poderia estimar isso foi com o público referente aos ingressos vendidos e que fez

cinco estimativas de lotação; na planilha constavam quais eram os ingressos da ala “vip” e quais

eram os ingressos do camarote, mas não dava para entender, pois ele tem uma catraca controlada e

lá tinha uma folha simples somente. Mencionou que os competidores, fornecedores, comerciantes

entravam pelo estacionamento, pela saída que daria acesso à saída 7 e o acesso era feito sem

acesso as catracas, era feito pelo portão, um portão fechado com corrente lá que eles abriam,

separava o brete e ai já saída, e é por onde entravam e saíam os caminhões e cavalos. Asseverou

não saber por onde os funcionários entravam no recinto; que quando foi na delegacia já tinha

conhecimento da entrada de pessoas com ingresso de outro evento cancelado naquela época no dia

dos acontecimentos. Disse quem tinha conhecimento anterior desse fato, pois conversou com um

funcionário que trabalhou nesse sistema de venda e ele comentou que um show caiu e que as

pessoas com ingressos desse show que deixou de acontecer poderiam utilizar esse mesmo ingresso

para entrar nos outros dias do rodeio, mas que não há vídeos e nem depoimentos nesse sentido,

pois foi declarado informalmente. Explanou que o conceito técnico de superlotação é baseado nas

questões levantadas pelo corpo de bombeiros, que é responsável, por exemplo, eles autorizam

entrar quatro pessoas por metro quadrado já tem superlotação, a gente tem a medida do dobro em

torno de 50, 60 centímetros, ai já começa a ficar superlotado, só que tem que olhar para o tipo de

evento, têm casos, como por exemplo, partidas de futebol em que o estádio tem 45, 50 mil pessoas

sem problemas de lotação, as saídas bem distribuídas e dimensionadas; lá foi a falta de saídas e a

falta de controle do público que estava entrando e saindo da arena; que o problema maior no dia

do evento foi a concentração das saídas num mesmo local, na época que fez a reprodução

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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simulada, conversou com outra pessoas que foram na festa e tem gente que não sabia que a saída

do brete existia, a saída número 3 do croqui de f. 12 do laudo oficial; nessa saída a sinalização

estava afastada, o arco que estava o portão estava fixado na arquibancada, tinha marcas de

propaganda ocupando quase 80% do letreiro luminoso e a saída estava embaixo dele, bem

pequena. Explanou que ficou sabendo da briga por um casal que estava na arena Carlos Eduardo e

Barbara, eles mencionaram que a gente deles e a à esquerda, estando de costas para a arena, surgiu

um briga, que eles tentaram passar pela direita da briga, só que nesse momento veio um “massa

humana” que começou a empurrar eles; disse que fica difícil dizer se essa briga foi resultado de

uma superlotação, pois as filmagens só aparece a briga e nesse momento não tem problema de

lotação; que nas filmagens não foi possível verificar o início e o termino da briga e precisa fazer

alguns cálculos para saber se seria relevante a diferença de metragem da largura das saídas, para o

escoamento de pessoas no local, bem como que teria que passar à trabalhar com 5 metros.

Declarou que no recinto da festa, a área total do evento foi constatada a existência de 30 mil

pessoas; nos três acessos, não existia controle de acesso e que quem fez o projeto tem que limitar,

da entrada, não existia o controle geral, de modo que se todas as pessoas resolvessem entrar na

arena não existiria um controle disso; se lá dentro tinham trinta mil pessoas, se todas resolvessem

entrar na arena, as três entradas seriam insuficientes para o escoamento. Esclareceu que a

diferença constatada na largura dos acessos se deu por conta das dobradiças dos portões, pois era

considerado sem o menor espaço e que, em sua concepção, o que aconteceu realmente foi que já

deu problema nas normas, só que com relação ao processo, a porta, abrindo e fechando, teve gente

que ficou prensada entre a porta, falta de iluminação dentro do túnel, quando derrubou a

iluminação aumentou a sensação de pânico nas pessoas e elas ficaram desorientadas, o chão estava

cheio de irregularidades; no dia seguinte eles tentaram lavar o chão para tirar o cheiro de cerveja, o

chão estava escorregadio, é uma série de irregularidades que foram travando e que agravou mais

com a superlotação e ainda mais com a concentração das saídas no mesmo vértice. Contou que não

sabe se algo relevante foi modificado no projeto, pois não teve tempo de analisar, mas informou

que durante o ano de 2010 saiu uma nova norma bem mais restritiva e que nem viu extintores de

incêndio no dia da perícia, nem se foram colocados.

A testemunha de acusação Carlos Guilherme Cardoso de Almeida, tentente da

Polícia Militar que estava prestando serviço no dia dos fatos e que fez a inspeção de todos os

policiais que estavam em serviço no dia, bem como um roteiro de vistoria, relatou que constatou

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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com o senhor Osvaldo Lustre Júnior, que era o encarregado da equipe médica, que teriam 29

integrantes na equipe de brigadistas, o senhor Silvério B. de Paula com 30 integrantes e na equipe

de segurança privada, também com o senhor Silvério que 132 seguranças atuariam; que quem

acompanhou a checagem do evento até a abertura dos portões foi a Maria do Amparo da Cruz e

após isso, eles liberavam os portões e acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos. Informou

que um pouco antes do acontecimento estava acompanhando um flagrante de tráfico de drogas na

Delegacia de Jaguariúna e ficou ciente pelo aspirante que estava lá; quando retornou, constatou

que não conseguia chegar no evento porque o pessoal tentava sair e ele tentava entrar e quando

chegou lá, colocou o Prefeito da Cidade na viatura, pois as crianças já haviam sido socorridas, mas

não conseguia sair de lá e demorou para chegar ao hospital, onde constatou que havia quatro

pessoas mortas, de modo que voltou para o evento e começou a evacuação. Informou que

apreendeu as máquinas com o Tenente Maurano, apreendeu as catracas, os borderôs e levou tudo

para a Delegacia e apresentou a ocorrência. Informou que no dia dos fatos o policiamento foi

externo e não acompanharam por dentro, tinham uma equipe na porta que fazia algumas

diligencias, colocaram o fichamento na entrada do evento para ficar de prontidão; que não foi atrás

de ninguém para saber o que estava acontecendo, apenas foi atrás do pessoal do borderô; que a

movimentação para a chegada no local era bem maior do que o normalmente observado e que os

borderôs mencionados eram os que representavam os dados das catracas. Acompanhou as edições

de 2010 e 2011 do evento e que ocorreram mudanças relevantes após o evento de 2009, passaram

a respeitar as regras, a cumprir as exigências e como participou das vistorias, percebeu mudanças,

pois hoje possuem controle das catracas, antes isso não existia; que quando o pessoal chega, os

menores passam pelo pessoal da Infância e Juventude, tem um pessoal na entrada para fazer isso,

acompanham para anotar o nome dos menores e a entrega dos borderôs é feita a qualquer

momento que pedir, sendo que o controle agora é setorizado, se a pessoa fica num local é somente

nesse local, não pode passar para outro. Na época fazia a vistoria interna, liberava o local e fazia

rondas e não se recorda se foi apreendido um CPU ou só os borderôs; o borderô que requisitou foi

emitido por volta das seis e meia da manhã quando o público foi evacuado e que fez curso para

fazer perícia pelo Corpo de Bombeiros. Esclareceu que a pessoa que pretende obter o AVCB

precisa cumprir todas as exigências e que presenciou máquinas na arena faltando meia hora para o

início do evento e que não tinha como liberar o evento lá, tinha caminhões, entulho, fiação. Não

soube estimar quantos carros haviam no estacionamento, mas que não estava na capacidade

normal, estava muito cheio, mais do que o previsto e que quando ocorreu o incidente de

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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madrugada havia veículos entrando e saindo, motivo pelo qual não conseguia chegar no evento e

que teve dificuldade para a saída das ambulâncias, que estavam com motociclistas, quatro viaturas

com sirene ligada e não conseguia sair do local. Todas as áreas disponibilizadas pela Red foram

utilizadas, não tinha nada que estivesse vazio, mas não soube precisar quantos carros. Informou

que quem confeccionou o BO de fls. 32 e seguintes dos autos foi os Soldados PM Canato e

Marcos e que não se recorda se estava junto na elaboração do documento, mas sabe que foi feito

no horário local 04h50 e o horário final 09h00; o horário que ele chegou lá e o horário que ele

terminou, sabe que a ocorrência demorou bastante, mas não se recorda o tempo exato. Com

relação ao borderô, principalmente quanto ao “ingresso rápido”, lembra que foram apreendidos

mas não recorda se foram impressos na hora e que não se recorda se na elaboração do BO já estava

em posse dos borderôs das empresas Catrespe e Ingresso Rápido. Quando saiu com o Prefeito do

local já estava de madrugada e era o momento mais tenebroso, auge dos acontecimentos. Informou

que foi feita vistoria no local e que são feitas várias vistorias, cada vez que era solicitado ele fazia

vistoria no local e que algumas vezes quem fez foi o Capitão Mourano, mas que não se recorda

sobre quem fez a vistoria no dia dos fatos. Perguntado se em caso de liberação significa que tudo

está a contento informou que quem fez a vistoria pode, diante do constatado no local, se não

aprovado nova vistoria poderá ser realizada, oportunidade em que o Corpo de Bombeiros deverá

estar presente e que para liberação do portão tem a vistoria que é feita antes do evento e o relatório

de serviço diário. Informou que constata antes da abertura dos portões se houve o cumprimento

das exigências, se há médico, brigadistas, seguranças no dia do evento e que se não tivesse a

quantidade informada de seguranças não liberaria o evento no dia, mas a quantidade que estava na

ata, não estava faltando e que, na hora da vistoria, foi dito que havia 130 seguranças e entendeu

que dava para abrir os portões com essa quantidade e que se apegava com base apenas na

informação dada pela organização e que a contagem visual só começou a ser feita depois de 2009;

tudo a contento para realizar a festa naquele dia, para o público esperado de 30 mil pessoas e que a

autorização era feita com base no que era passado pela organização. Informou que fazia a vistoria

olhando por cima, não ficava contando um a um, fazia a pergunta e não percorria tudo; na época

tinha um posto médico somente, agora tem três e que atualmente coloca todo mundo em forma

para saber se há realmente o número de seguranças informados. Não foi feita conferencia no dia,

apenas verificação; que a autorização pela Polícia Militar não se deu somente por aspectos

documentais, que foi colhida na hora as informações também, antes fazia a vistoria preliminar, o

relatório é de serviço, não de vistoria, é de serviço, era para saber apenas quantas pessoas estariam

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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trabalhando. Ressaltou, ainda, que não existia rota de fuga para viaturas e ambulâncias saírem da

festa sem enfrentar o fluxo de veículos, mas depois desse evento foi proposto que fizesse isso.

Informou que não houve briga no dia dos fatos, que foram abertos os portões e um pessoal foi de

encontro de um lado e criou-se uma onda ao contrário e o pessoal foi sendo esmagado e que

realmente foi a entrada das pessoas na arena que causou o tumulto, mas que é normal acontecer

briga dentro da arena, que chegou a separar diversas brigas lá, mas que não presenciou os fatos

porque não estava no recinto, estava na delegacia. Esclareceu, mais uma vez, que a Policia Militar

se limitou ao policiamento da área externa do rodeio pelos motivos elencados no Ofício nº 26

BPMI 145/03/09. Disse que não se recorda se foi permitida a entrada de pessoas com ingressos

de um show cancelado anteriormente no dia dos fatos.

A testemunha de acusação Gabriel Victor Schwarz relatou que foi até o Rodeio

de Jaguariúna juntamente com outros cinco amigos para assistirem ao show do João Bosco e

Vinícius; saíram de suas cidades em torno das 21 horas e chegaram em Jaguariúna em torno das

22:30 horas; enfrentaram congestionamento na marginal para ingressarem no Rodeio e levaram

cerca de quarenta minutos para estacionar os veículos; logo entraram na arena para assistir ao

show que já havia começado e não pararam nem para ir ao banheiro ou comer; a entrada da arena

estava congestionada e a entrada e a arena eram únicas e diversas pessoas entravam e saiam do

local e estava difícil caminhar, porém continuaram no sentido da arena até que em certo momento

foram obrigados a parar. Contou que o número de pessoas que tentava sair era muito grande e o

número de pessoas que tentava entrar também, ficaram prensadas e em certo momento, uma

pessoa caiu em cima de Giovana e ela foi entrando para dentro da massa, tentou puxa-la, mas não

conseguiu e então puxou Manuela e Camila pelos cabelos; diversas pessoas caíram e algumas

desmaiaram e foram pisoteadas; não havia sinalização de emergência, nem seguranças e que tanto

ele como seus amigos tiveram que passar por cima das pessoas, e que ele conseguiu subir em uma

arquibancada, puxando e socorrendo algumas pessoas; que um homem acabou sendo puxado

quase nu, sem as calças, ele já estava sem sentidos e posteriormente, na delegacia e através de

fotos, reconheceu Ariel Foroni Avelar como sendo o homem que puxou na arena. Os próprios

frequentadores do local socorriam as pessoas e o ambulatório estava lotado, mas que insistiu para

verificar se sua amiga Giovana estava no local. Ficou sabendo que duas pessoas foram

encaminhadas ao hospital, sendo que duas haviam falecido e no hospital, reconheceu Giovana

como uma delas; dias antes havia estado no show do Jorge e Mateus e o local estava lotado, porém

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não houve tumulto. Contou que dois soldados do corpo de bombeiros se apresentam uns 30

minutos após o episódio, que não tinha seguranças no local, as duas entradas foram fechadas,

prejudicando a saída, que foi preciso rasgar umas lonas para retiraras pessoas que estavam

desmaiada. Questionado, respondeu que o recinto era grande e foram direto para a arena, não

tendo como dizer como estava o movimento nos outros locais, como na Praça de Alimentação; oó

acesso entre a catraca e a arena foi tranquilo, ficou sabendo que havia duas entradas de acesso à

arena e não ficou sabendo se na outra entrada havia excesso de pessoas, não sabendo também

precisar quanto percorreu na entrada de acesso, bem como não sabia dizer se alguém fechou os

portões ou não, nem sabe dizer o que provocou o tumulto.

A testemunha de acusação Rafael Francatto Assunção relatou que os fatos

ocorreram um pouco após o show ter inicio; que tinha muita gente tentando entrar na arena e

muita gente tentando sair, mas o motivo exato não sabe informar; que algumas pessoas disseram

que o motivo foi um briga, outras por conta de arrastão, momento que com essa aglomeração de

pessoas aconteceu o acidente; que em nenhum momento teve algum segurança ou ambulância

para socorrer no momento; que foi muita gente caindo, muita gente desmaiando e pisando em

outras pessoas para tentar se salva e que as únicas pessoas que ajudaram a socorrer foram pessoas

que estavam na arquibancada e ajudaram as pessoas a subirem nas ferragens para sair; que foram

de van para o evento e que chegando ao local tiveram que descer no estacionamento, pois tinha

muita gente, muito trânsito e que tinha muita gente na bilheteria do evento para comprar o

ingresso na hora. Disse que quando entrou no recinto, após começar o show tinha muita gente e

quase não dava para andar, por conta da lotação no local; que as filas de bebidas e comidas

estavam grandes, mas que não viu bombeiros e nem seguranças no local do evento. Asseverou que

foi pisoteado e só conseguiu sair da arena com ajuda de algumas pessoas que estavam ajudando

uma mulher que havia desmaiado e que o próprio público abriu um buraco para tentar sair; que as

pessoas tentaram se pendurar nos fios e deu curto-circuito e que conseguiu sair se arrastando no

chão, mordendo as pessoas; as pessoas estavam desesperadas e que quando saiu da arena tinham

várias pessoas feridas; não viu nenhuma placa de indicação de saída de emergência, bem como

que perdeu seu tênis no tumulto. Sofreu uma lesão em seu olho, por conta de que pisaram em seu

rosto, mas não foi uma lesão grave e que tinha ambulância que estava tentando sair, mas estava

com dificuldade.

A testemunha de acusação Mariana Andrade Zen relatou que no dia dos fatos

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foram ao show e estava em um grupo entrando na arena e conforme estavam entrando, a multidão

começou a empurrá-los de volta; Maria Carolina foi a primeira a cair e eles continuaram sendo

empurrados pra fora e Vivian caiu também de frente e de bruços; tentou ajuda-la mas não

conseguiu e na hora que saiu da arena tinha uma multidão caída e quem saía saia por cima daquele

pessoa, e foi formando como se fosse um paredão de pessoas caídas; quando saiu encontrou um

segurança da festa e pegou em seu braço e disse à ele que estava acontecendo um acidente e se ele

podia ajudar a amiga dela, e ele lhe perguntou se a arquibancada caiu, quando disse que não, que

pessoas estavam caídas e ele lhe disse que não recebeu nenhuma ocorrência então não poderia

estar ajudando; continuou indo, quando então encontrou Maria Carolina, que foi a primeira a cair e

continuou procurando por Vivian nos ambulatórios, mas ninguém a deixava entrar nos

ambulatórios, até o momento em que conseguiu falar com o pai de Vivian, foi quando ele lhe

contou que ela já havia falecido. Contou que não se lesionou em decorrência dos fatos e que não

conhecia os acusados e, dentre as vítimas, conhecia apenas Vivian. Ao ser questionada, esclareceu

que quando isso ocorreu já havia se iniciado o show e que tudo ocorreu no momento em que

tentava entrar na arena, quando foi empurrada para fora, naquele túnel que é de acesso de entrada e

saída da arena. Disse, ainda, que com exceção do segurança com quem conversou, na hora em que

as pessoas começaram a cair não havia ninguém do evento ajudando, tanto que ninguém sabia e

que só depois que ficaram sabendo, que foi quando ela começou a ir em ambulatórios procurando,

enquanto falava com o pai dela (de Vivian), e que só posteriormente descobriu que ela tinha

falecido. Ao ser questionada se viu algumas pessoas tentando pular as estruturas metálicas,

afirmou que lhe contaram que isso teria acontecido, mas que não presenciou. Acerca do fato de o

portão da arena ter sido fechado, contou que não estava mais lá também. Disse, no mais, que foi

até a festa de carro e que demorou por volta de 30 minutos e que havia fila de carros para entrar

mas que não era muito grande; quanto à bilheteria estava normal sem problemas e área de

alimentação não se encontrava tão lotada no dia. Por fim, contou que não conseguiu entrar na

arena, pois no momento em que estava entrando na arena começou a ser empurrada para fora; não

viu brigas no local, mas que na hora do “empurra-empurra” teve gritaria e ficou sabendo

posteriormente através de comentários que houve uma briga. Logo depois dos fatos não viu

bombeiros, mas que muito tempo depois viu um bombeiro, chegando a falar com ele.

A testemunha de acusação Tiago Tonini Rosa informou que participou do evento

Jaguariúna Rodeo Festival e que em um primeiro momento não lembra de tudo pelo tempo que já

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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passou, que não lembra o horário que chegou no local, mas que já estava lá antes de acontecer e

tinha trânsito para entrar no rodeio, mas que estava normal e estava no setor “vip”; não sabe dizer

quanto tempo ficou lá mas que quando começou o show, por volta da terceira música, a arena

estava com 70% de lotação aparentemente e que então saiu da ala “vip” com um amigo e entrou

no corredor; não conseguiu entrar dentro da arena, tentaram entrar e então comentou com o amigo

para voltar e quando virou para ir a praça de alimentação não conseguiu sair, começou o fluxo,

tanto para dentro quanto para fora, então entrou no corredor de acesso da arena e ficou parado no

corredor, não dava para entrar na arena, conseguiu virar e começou o tumulto; parou bem no meio

do corredor e começou a afunilar, ficou em pé sem estar com os pés no chão, começou a

pressionar, o amigo foi andando, não por ele próprio, foi levado pela multidão para a lateral e

conseguiu escalar a estrutura e subir; ficou no meio da largura do corredor e começou a ser levado

pelas pessoas, não conseguia empurrar ninguém, foi levado, a princípio olhou para frente e não

tinha ninguém, mas as pessoas estavam caindo umas em cima das outras; quando chegou nessa

hora de cair as pernas estavam entrelaçadas, caiu sem conseguir se movimentar, as pessoas caiam

por cima e paravam por cima. Deu o nome aos fatos de “tapete humano”. Não se recorda se o

portão de acesso ao corredor estava aberto ou fechado, mas que acreditava que estava querendo

fechar, mas não se recorda do que disse no depoimento; ficou um bom tempo deitado, com

pessoas embaixo dele e não conseguia se mexer, as pessoas passavam e ele tentava segurar nos

bolsos das calças mas não conseguia se levantar; levou um soco e desmaiou quando estava deitado

e uma pessoa jogou refrigerante no seu rosto para acordar; o recurso que possuía era gritar, pois

estava com a perna quebrada e pedia ajuda, foi quando uma pessoa de chapéu com mais duas

fizeram uma barreira, ajudaram ele a se levantar e perguntaram como ele queria sair de lá, segurou

nos ferros que tinha, escalou e desceu do lado da escada, onde ligou para amigos irem buscar. Na

entrada do corredor tinha uma discussão, mas não verificou se tinha briga; ficou sabendo de briga

envolvendo quatro pessoas dentro da arena, em direção ao acesso, viu um tumulto na frente do

corredor, mas não sabe dizer se era briga, e nem se o empurra empurra era em decorrência de uma

briga; não chegou a entrar na arena, apenas chegou na área coberta do corredor e quando chegou

nessa área coberta voltou; esclareceu que para acessar a arena tinha uma catraca e para a área vip

também e que frequenta o rodeio desde os 15 anos e que desde a criação da área “vip” não descia

mais na arena, ficava mais nesse local, dependendo do pessoal descia as vezes; informou que nas

outras edições que participou o evento era cheio do mesmo jeito que estava no dia dos fatos e que

não se lembra se houve entrada de pessoas com ingressos de outro show anteriormente cancelado

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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em virtude de chuva e que normalmente acontecem brigas dentro da arena; antes de tentar entrar

na arena não tinha ido a outros setores, apenas saiu da área “VIP” e desceu para arena, só

contornou a arquibancada e entrou no corredor; no momento da descida o fluxo de pessoas numa

escala de zero a dez estava de sete para oito, que não estava completamente cheio, só estava lotado

próximo ao acesso da arena. Informou, também, que no começo a festa era mais organizada, mas

que já não é mais assim, a questão do fluxo, nos show de sexta e sábado a capacidade,

principalmente na praça de alimentação, não consegue nem caminhar, tudo com muita dificuldade.

No dia dos fatos utilizou o estacionamento e o movimento de veículos era de 07 numa escala de

10. Não se recorda de ter visto ambulância no recinto; quando saiu do incidente foi direto para a

enfermaria, mas não foi atendido porque havia outras pessoas em pior situação que a dele então

resolveu sair do estabelecimento, porém, não conseguiu porque o fluxo de carro era tão grande que

ficou 03 horas no congestionamento. No momento que estava em pânico ouviu o João Bosco e o

Vinicius falar que estava tendo briga e que teria muita gente para sair mas só isso, não teve

orientação ou alarme, que não ouviu nada disso. Ligou para um amigo que estava na área “vip” e

ele não sabia o que tinha acontecido e o evento não parou por conta do acidente, o show parou só

entre uma música para outra, eles deram o recado e continuaram o show. Informou que o evento

não teve interrupção porque as pessoas pensavam que os outros estavam bêbados, em coma

alcoólico, ninguém imaginava o que tinha acontecido, que tinha acontecido um acidente, as

pessoas perguntavam porque ele estava sujo e o restante do evento estava normal.

A testemunha de acusação Carlos Eduardo Dall Oca Fossa, que é namorado da

Bárbara, narrou que no dia dos fatos entraram na festa, comeram um lanche e esperaram o show;

ao começar, se dirigiram para a arena e ficaram em frente ao palco, ouviram três músicas e

resolveram sair, só que não conseguiam ir reto para a saída, tinham que sair pelo lado, pela lateral

e tinha muita gente; no havia saída pela lateral do palco, só próximo a arquibancada, então foram

direto para o fundo, estavam saindo e sua namorada Bárbara passou mal, tinha muita gente e então

ele a carregou um pouco porque teve uma briga que estava atrás da saída, eram quatro pessoas, a

briga estava na entrada do acesso, na arena, do lado esquerdo; indagado, informou que a briga não

influenciou na entrada deles na arena, sendo que ele só desviou e foi para a saída; que não

conseguiam ir para frente, pois quem estava atrás os empurrava, momento esse em que ele ficou

para trás e sua namorada Bárbara bem para frente; foram empurrados e tinham pessoas bem mais

altas que ele que estavam caindo, quem chegou primeiro ficou mais embaixo e foi amontoado pela

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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multidão. Não sabe de onde conseguiu se levantar, Bárbara, sua namorada, foi para seu lado, tinha

um rapaz em cima das ferragens e conseguiu levanta-la; logo em seguida conseguiu sair e foi até o

portão que estava fechado, sua prima estava mais para frente e já tinha saído de lá, mas contou que

não sabia e pediu para o segurança abrir o portão que tinha gente morrendo ali e o segurança lhe

disse que para ele descer; então foi para a frente e falou com um pessoal de fora, que estava em

volta bebendo ali, que começaram a sacudir o portão para abrir; estava um pouco atrás, quase no

começo e o portão quando entrou no corredor estava fechado e viu que dois seguranças estavam

fechando o portão e segurando, sendo que os seguranças não deram justificativa para fecharem o

portão e não viu pessoas no sentido contrário tentando entrar na arena, apenas sair. Disse que

próximo ao palco estava lotado, mas dava para ficar em pé e não avistou bombeiros, seguranças ou

alguém que pudesse ajudar as pessoas pisoteadas; levantou Bárbara e disse que ela deveria

encontrar sua mãe, nesse momento ele conseguiu subir e não viu para onde ela teria ido, momento

em que foi procurar sua prima e não sabe como Bárbara foi socorrida, mas sabe que foi com ele na

ambulância; não sabe quanto tempo ficaram no corredor, mas que foi tenso e que queria sair logo

de lá; Bárbara saiu pelos ferros e ele foi até o portão para falar para abri-lo e que somente nesse

momento em que pediu, que ele foi aberto. Foi a primeira vez que entrou na arena no Rodeio, pois

foi no mesmo evento, também em 2009, mas ficou no camarote, passando por catraca para chegar

no camarote. Ao ser questionado se teve conhecimento de amigos ou alguém teria lhe dito se foi

admitida a entrada de pessoas com ingressos de uma data cancelada anteriormente, informou que

não e relatou que se lembra que quatro pessoas estavam envolvidas na briga. Indagado, informou

que entrou na arena pelo mesmo acesso que saiu; que o fluxo de pessoas para entrar estava normal,

só que conforme foram adentrando as pessoas ficou complicado e que quando saíram pela lateral

do corredor, iniciando a travessia, o portão estava fechado. Relatou que assim que entrou no

corredor já viu pessoas caídas, no momento em que entrou, reparou que estava fechado, o pessoal

estava apertando uns nos outros e ele foi se distanciando das duas pessoas com quem estava, não

se recordando a que distância parou do portão fechado e acha que o empurra-empurra se deu por

conta do número de pessoas.

A testemunha de acusação Gonzalez Gegollotto, que estava no Rodeio na noite

dos acontecimentos, narrou que estava em um show sertanejo com uns amigos da Universidade e

que quando começou o show estava num local alto; entrou com três pessoas e mais a menina que

faleceu e viram que começou a apertar muito rápido, como uma entrada apertada, não sabe dizer

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se barraram a entrada da frente, sendo que não ia para frente e nem para trás. As pessoas tentavam

entrar, mas não sabe se foi um tipo de arrastão, mas que poderia ser porque roubaram o celular e

verificou isso na hora; não sabe dizer se alguma amiga teve o celular furtado, só a amiga que

faleceu e as outras pessoas que estavam com ela que ficou, o resto conseguiu sair. Não soube dizer

se não foi aberta a porta da frente na hora do empurra empurra, mas imagina que estava fechada

porque não conseguia ir para frente e os de trás pressionavam para entrar; caiu no chão de costas e

várias pessoas caíram por cima, muita gente gritava mas não sabe dizer quanto tempo durou

porque desmaiou e quando acordou tinha uma roda de gente em volta e levaram para um pronto

atendimento, depois foi para casa de amigos em Holambra e depois disso que ficou sabendo do

óbito da amiga de faculdade “Jane”. Informou ainda que ela faleceu por conta do tumulto, que

ouvia ela pedir socorro e via um amigo chamando por ela mas depois não ouviu mais. Disse que

no rodeio tinha seguranças mas no local em si não e que em razão do ocorrido teve traumatismo

craniano; que o tumulto aconteceu em uma das entradas para a arena, mas que não chegou a entrar

e imagina que tivessem várias saídas de emergência, pois eram vários corredores de entradas de

acesso e esse que deu problema era para dentro do show; o acesso era tanto para entrar quanto para

sair; que foi socorrido de maca mas demorou mais de 15 minutos e que tinha fila no

estacionamento como qualquer rodeio e chegou por volta das 22h00; não havia fila na catraca para

entrar porque o show já havia começado e só tinha fila na entrada do show; que não viu briga no

recinto onde estava por isso achou que fosse arrastão, porque roubaram seu celular e só depois do

incidente, depois de um tempo que estava deitado que chegou SAMU ou bombeiro. Não teve

sequela, apenas abalo emocional.

Testemunhas de defesa (Valdomiro)

A testemunha de defesa Ricardo José Bellem, que é advogado do evento desde

até 2010 e também fazia parte da organização do evento, explicou que o evento conta com vários

responsáveis em cada segmento, sendo ele a pessoa responsável pela parte jurídica do evento,

encarregado de providenciar toda a documentação necessária para a realização do evento em si,

preparação de todos os ofícios, alguns contratos, participava de reuniões junto com a Polícia

Militar, além de outras atividades, como por exemplo, no dia, recepcionava alguma eventual

autoridade que comparecia no evento, participava algumas vezes na vistoria, acompanhava a

vistoria feita pelos bombeiros, etc, mas em 2009 não acompanhou a vistoria. Esclareceu que era

contratado pelo Valdomiro, na verdade, pela Red Eventos cujo sócio é o Valdomiro; que a Dra

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Maria Carolina era a pessoa que fazia o plano, apresentava o trabalho e uma ART para edificação

das estruturas móveis, como arquibancada e camarote e o palco em algumas vezes; que existiam

funcionários da empresa que iam até o local e executavam e que quanto a Maria Carolina não

pode precisar se por vários anos ela fez isso nos eventos do Jaguariúna Rodeio Festival, mas que a

empresa que montava era uma empresa que estava há vários anos atuando com eles, que era a

Neto Pavan, mas que não pode precisar se Maria Carolina era a mesma engenheira, mas que a

empresa era a mesma, Neto Pavan, durante anos e anos. Acerca de Flávio, contou que ele era

engenheiro, como é até hoje, que prestava serviços, e que Flávio o auxiliava muito nas atividades

que eram necessárias inclusive para efeitos de segurança do evento, informando que para que o

evento ocorrer ele tem um plano de abandono, rota de fuga, cálculo de abertura, isso tudo sendo

encaminhado com protocolo ao corpo de bombeiros, no 7º Grupamento em Campinas, e que eles

depois disso eles passam a fazer uma série de exigências e então o trabalho é complementado com

o que eles vão pedindo, então indo de extintores de incêndio até cálculos de rota de fuga e cálculos

de abertura de passagem e saída de emergência, e o Flávio acompanhava isso juntamente com o

Corpo de bombeiros. Contou que Flávio lhe deu grande apoio na confecção e acompanhamento de

alguns documentos, sendo uma pessoa extremamente diligente com o trabalho que ele fazia; não

sabe dizer se também acompanhou a execução do projeto de combate a incêndio, mas sabe dizer

que Flávio era diligente com seus serviços, sempre sendo o primeiro a chegar no evento e o último

a sair de manhã cedo.; que Flávio já tinha contribuído em outras edições do rodeio, com muita

maestria, inclusive ressaltando que existe hoje uma técnica de segurança em evento que foi

estudada e tratada com o próprio Flávio, os próprios bombeiros, os próprios policiais juntos, com

relação à essa segurança. Acerca da venda de ingressos, contou que no evento, em alguns anos,

chegaram a receber o AVCB para até mais de 30 mil pessoas, mas que não saíam vendendo os 30

mil ingressos, mas sim, por lotes, com apenas um percentual de 5% que é colocado um pouco

antes, que vai indo até observar quando realmente vai conseguir o AVCB, para aí a empresa de

ingressos, bloquear, por exemplo;que conseguiriam receber o de 30 mil como foi o caso daquele

ano, só é possível vender 30 mil ingressos, não é possível sequer efetuar a venda de 30 mil,

contando inclusive as cortesias. Ressaltou que apesar de o AVCB ser concedido apenas no dia,

nem todos os ingressos são totalmente vendidos antecipadamente, lembrando que são três fins de

semana de evento; que não são todos vendidos antecipados, tendo alguns sendo vendidos ainda

durante a realização do evento, até a chegada do AVCB pra saber quantas pessoas de fato vão

poder entrar no evento. Acerca do controle de acesso do público, contou que era feito através de

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catracas, pela empresa chamada "Catrespe", e quem fazia a emissão com código de barras era a

Ingresso Rápido, salientando que após a emissão feita pela Ingresso Rápido, com código de barras,

então esse código de barras era validado e passado pela catraca e na catraca ficava registrado o

público que ingressou dentro do evento, ai considerando público e inclusive cortesia, porque os

funcionários tinham outro tipo de acesso, através de credenciais;que os competidores e os

funcionários utilizavam-se de credenciais, que passavam também através de catracas, mas não as

mesmas catracas destinadas ao público, porque caso o competidor por exemplo, depois quisesse

se dirigir ao camarote, ele tinha uma credencial pra isso;que naquele dia não existiam mais de 400

credenciados, contando funcionários e competidores, incluindo ele mesmo, ressaltando que nem

todos os credenciados entram em todos os lugares do evento, como exemplo aquele que é

credenciado para trabalhar na praça de alimentação, não tem acesso à área VIP, Lounge,

Camarote; que os 400 credenciados estavam inclusos no público máximo da capacidade estipulado

no AVCB de 30 mil, no caso, e que eles não saem no Borderô e nem na catraca de público, mas

eles são contabilizados para efeito das pessoas que vão estar todas no evento, dizendo então que

esse número não vai além do que o AVCB permite.; que o Senhor Valdomiro sabia que o AVCB

era em 30 mil pessoas, então como os credenciamentos era feitos antecipado, ia deduzindo do

valor de 30 mil pessoas permitidas no evento, então a Ingresso Rápido emitia os convites de

acordo com a necessidade e a ordem, e as pessoa validavam os ingressos e passavam pela catraca e

a catraca registrava, inclusive por isso que pode-se ter mais pessoas, mas menos na catraca, porque

as vezes as pessoas não iam, algumas cortesias não iam; que o limite de convites emitidos era

calculado também de acordo com a quantidade de pessoas no evento, pois não era possível admitir

um número de pessoas maior do que o estipulado no AVCB de 30 mil; que se lembra que um dia

antes dos fatos teve um evento, e que devido a uma grande chuva não foi realizado, essas pessoas

receberam seu dinheiro de volta, ou aqueles que queria ir no evento, iam na bilheteria onde estava

acontecendo o evento na sexta-feira (dia dos fatos), então ao se dirigir no guichê, e recebia o valor

do ingresso e fazia o que queria com o dinheiro, podendo até mesmo comprar outros ingressos;

que não teria como alguém com ingresso do show anterior entrar em outro, pois eles são emitidos

com código de barras, e se o código de barras não for o correto, vai ser barrado. Contou que seis

meses antes da data do evento começa-se a pensar no projeto, no modelo pretendido, e que a

organização já tem uma ideia do que pretende e ela então coloca isso a apreciação das pessoas

competente para tanto, contando que é por isso que ele anexa todas as ARTs em todos os eventos

que ele realiza, que com a obtenção do AVCB, ART e licença que montras a possibilidade da

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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realização do evento; que é feito um projeto comercial, projeto elaborado de concepção para se

tornar o Rodeio, idealizando-se, levando a apreciação de quem é competente que é quem

determina se aquilo é possível ou não, mediante sua capacidade técnica. Quanto ao portão, onde

foi questionado especificamente quem determinada que aquele portão deveria ficar ali e se serviria

de entrada ou saída, ou ambos, contou não se encontrava no momento, pois levou sua mãe e sua

filha pequena para São Paulo, e quando saiu passou em frente ao portão e tudo se encontrava

normal, porém quando estava chegando em São Paulo, recebeu a ligação contando o ocorrido;

quando retornou, a Polícia Militar já havia recolhido o fluxo de pessoas da catraca da "Catresp", já

tinha recolhido da Ingresso Rápido, e alguns documentos que foram para delegacia, para onde se

dirigiu em seguida, retornando depois e participando de uma reunião, onde chegou a Polícia Civil;

que foi questionado acerca de como funcionavam os portões, foi então que contou à polícia que os

portões existem porque onde as pessoas ficam para assistir o show depois é o mesmo lugar onde

acontece o Rodeio, então são necessários portões para garantir a integridade física das pessoas

pois os bois poderiam passar, então fica um portão de duas folhas, portão eu abre e fecha, e ficha

fechado durante o Rodeio, e quando acaba o Rodeio os seguranças abrem o portão e as pessoas

entram, sempre ficando seguranças, e que antigamente ficava a segurança e a polícia militar

também; que nos eventos anteriores aquele portão sempre existiu e aquele corredor sempre serviu

como entrada e saída, inclusive não existia nenhuma proibição da mesma entrada ser usada como

saída, passando, apenas em 2011, existir a norma de não poder usar o mesmo acesso para entrada

em saída, depois do ocorrido em Santa Maria; ressaltou que tanto não existia proibição, que era

vistoriado pelo Corpo de Bombeiros que concedia o AVCB. Contou que na época os Ingressos

eram vendidos setorizados em Ala VIP, Camarote e também setores como arena, pista, e tudo

estritamente dimensionado e contabilizado dentro desse número de pessoas que era permitido para

venda, ressaltando inclusive que antigamente não constava no AVCB o número específico de

pessoas por setor, como por exemplo, o número de pessoas que poderiam ficar na praça de

alimentação, o número de pessoas na arena e que tudo isso só passou a existir depois do

lamentável incidente, mas que os ingressos eram vendidos setorizados, pista e todos os acessos,

Camarote e Ala VIP, contou que não lembrava-se claramente se trabalharam com arquibancadas,

mas acha que teria uma pequena arquibancada do lado da face direita de quem entra na arena; que

quem comprava os ingressos para Arquibancada, Camarote e Ala VIP tinha acesso à arena, depois

que acabasse o Rodeio, porém poucas pessoas acessavam, porque era muito mais confortável ficar

na área VIP e Camarote do que na arena; que não havia controle de acesso para a arena, somente

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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para a entrada do evento em si, com as catracas. Questionado, informou que no ano dos fatos o

limite concedido pelo AVCB era de 30 mil pessoas; que o AVCB continha apenas essa

especificações e que no verso, que era destinado às observações, continha somente o nome dos

engenheiros responsáveis e suas ARTs, diferente do que aconteceu nos anos de 2010 e 2011, onde

tinha especificado o número de público permitido em cada setor, mas que no ano de 2009 em

específico, não tinha. Contou que na festa existem alguns pontos, como o do Show, que leva as

pessoas a se dirigirem para a arena, mas que naquele ano em específico, não se recorda de ter

acontecido qualquer tipo de problema tanto que estavam na terceira semana de evento e tudo

transcorrendo com o mesmo projeto, perfeitamente e elogiado com o padrão de organização e nada

foi relatado com relação à isso, não existindo nenhum tipo de problema até aquele dia; que apenas

ouviu falar pois não estava lá que no momento da entrada das pessoas que acessavam a arena,

ocorreu uma briga, essa briga gerou um tumulto e as pessoas correram e infelizmente 4 jovens

foram pisoteados e vieram a falecer; que é disso que sabe pois lhe foi relatado por mais de uma

vez e por mais de uma pessoa, no dia dos fato, estava lá até mais ou menos meia noite, meia noite

e meia e enquanto observava o local, viu tudo transcorrer normalmente, não vendo nada

excepcional, tendo um público bom, mas não lotado, as pessoas andavam normalmente e que, se

fosse possível uma foto do alto, era possível ver que não encontrava-se lotado e que, não podia

precisar, mas que na época o permitido era 4 pessoas por metro quadrado. Contou que o projeto

era feito com base num cálculo, de que, por exemplo, uma pessoa sentada ocupa mais ou menos

50 ou 60 centímetros, então, concebível, 4 pessoas por metro quadrado, contando que assim

respeitava-se o limite do AVCB, pois era dessa maneira que o Bombeiro pensava e posteriormente

isso mudou, devido a tudo que aconteceu no Brasil todo. No dia do acidente, esteve lá na abertura

da festa e questionado sobre quem foi o responsável por abrir o evento e liberar as catracas,

respondeu que o evento não abre sem que o Comandante da Polícia Militar designado para aquele

di, determinasse e para que fosse determinada a abertura, ele deve acompanhar cada setor do

evento e vê se esta tudo de acordo, indo por exemplo no ambulatório e verificando se há

medicamentos ao conversar com o médico e indo até os seguranças e contando os seguranças para

verificar se está de acordo com o número de seguranças que lhe foi informado que teria naquele

dia, verificando os brigadistas, checando todos os acesso e só então autoriza a abertura dos

portões, não ficando a critério da Polícia Militar que determina ou não a abertura; naquele dia em

específico tudo correu normalmente e não foi feito nenhuma observação ou exigência, correndo

tudo como sempre tinha ocorrido. Não viu mas tomou conhecimento de que o fato determinante

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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para que ocorresse aquele acidente, pessoas lhe informaram que havia ocorrido uma briga, que

gerou correria e houve um encontro naquele setor, que é o setor de acesso, não na arena, mas no

acesso entre a praça de alimentação e a arena, momento em que teria ocorrido o clarão e que nesse

momento houve o pisoteamento, onde esses 4 jovens vieram a falecer e que foi um caso

totalmente isolado, tanto que só ficaram sabendo do acidente em momento bem posterior, pois foi

um fato isolado, por isso o show continuou, pois pessoas que estavam na festa, foram embora após

o final e não ficaram sabendo, pois não foram impactadas por esse fato, pois foi isolado e contido

com muita rapidez, pois os seguranças conseguiram controlar, os socorristas e brigadistas atuaram

encaminharam pra equipe médica que tinha especialistas inclusive em trauma, chefe da liga do

trauma do estado de São Paulo, que era o responsável, com médicos, auxiliares, enfermeiros e uma

UTI que era até possível fazer intervenção e ambulância. Contou que envolvidos de alguma forma

na segurança do evento naquele ano, para propiciar o bem estar do público, 300 pessoas, ai

considerados controladores de acesso, seguranças e equipe médica; no local dos fatos existia um

ponto específico de seguranças, que já havia sido tratado em reunião com a Polícia Militar, e era

um ponto ondo colocava-se um número superior de seguranças, e inclusive em frente aquele local

tinha uma estação de uma guarita superior ali, sempre sendo um lugar sempre atendido, bem como

todo o evento. Ouviu um relato de que a Polícia Militar prestou socorro a uma das vítimas, então

ela (Polícia) reclamou que não existia projeto de segurança, mas salientou que ela saiu pela

entrada, que tinha um projeto de segurança que foi entregue protocolizado onde encontravam-se as

saídas de emergência, sendo que ele utilizou uma saída de emergência que era para ser utilizada

apenas após o final do evento, ao final do show, e que ela quis sair justamente na entrada daquele

avenida principal que direciona-se ao Lounge, quando na verdade, eles tinham orientação no

projeto que era para descer a esquerda, tanto que as outras ambulâncias assim fizeram, achando

por fim que o que ocorreu foi um engano, talvez por desconhecimento de algum, porque todo o

projeto de segurança foi encaminhado para os órgãos competentes. Acerca dos documentos

apreendidos, contou que existia o Comandante da Polícia Militar, como todos os dias do evento, e

ele entrou no administrativo e recolheu uma série de documentos e encaminharam para a delegacia

juntamente com as pessoas da organização que lá estavam, inclusive uma pessoa responsável pela

Ingresso Rápido, isso foi o que lhe foi informado, pois quando ele chegou de São Paulo eles todos

já estavam na Delegacia, mas isso ocorreu instantes depois do acidente e Comando da Polícia

Militar reagiu com rapidez, e instantes depois de todo o ocorrido eles já estavam no setor

administrativo recolhendo os documentos e levando as pessoas da organização para a Delegacia.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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Sabe que naquele mesmo dia uma pessoa veio até o hospital de Jaguariúna e acompanhou o

desenvolvimento da situação, pois não se sabia quantos feridos ou falecidos, após isso, contataram

um colega para que ele fizesse essa ponte imediata com a família da pessoa, tanto que a

organização se responsabilizou e cuidou do translado dessas pessoas, lembrando que a família de

uma das moças que faleceu é de Goiás, Goiânia, e que foi feita toda a assistência necessária, e que

posteriormente algumas ingressaram com as ações de indenização, nem todas, porque faleceram 4

pessoas, e 3 ingressaram com as ações, uma delas não, a de Goiás, e mesmo assim a família foi

procurada e foi celebrado um acordo com os mesmos valores e condições com os quais foi

celebrado com as outras vítimas, todos os acordos foram homologados, com exceção daquele feito

extrajudicialmente. Questionado sobre o dia seguinte do incidente, informou que eles tinham um

número de patrocinadores e ingressos vendidos e naquele dia, de manhã, ele foi até a prefeitura de

Jaguariúna, de manhã, e naquela época o Prefeito era o Senhor Gustavo Reis, e chegando lá todos

os vereadores e o prefeito querendo explicações do que ocorreu no evento e ele prestou tais

informações, e naquele momento ele contou que gostaria, se fosse possível e se tivessem

condições e segurança, fazer o evento, porque naquele ponto, muitas pessoas já haviam se dirigido

à Jaguariúna, era o show do Roberto Carlos; então sugeriu que isso fosse submetido à apreciação

de pessoas que pudessem atestar esses fatos e aí foi criada a comissão, composta pelo presidente

da OAB, por um engenheiro da prefeitura e não recorda-se se foi requisitada a presença do corpo

de bombeiros, pois não estava nessa vistoria, e nessa ocasião foi averiguado que o evento possuía

condições, e o bombeiro que foi depois no local não encontrou nada que desabonasse a realização

do evento, e levando em conta as pessoas que já haviam comprado ingressos e se deslocado até

Jaguariúna, ele buscou os meios legais; como deveria dirigir-se até a comarca de Amparo e

manifestou-se através de petição solicitando a realização do evento no dia que seria no sábado, o

que foi indeferido por determinação do Dr. Fabricio, e com a informação dessa determinação é que

então pode manifestar-se com todos, inclusive com os patrocinadores, pois era necessário dar uma

prestação acerca da situação e com essa decisão negando, ele pôde contar a todos que o evento não

se realizaria naquele dia, inclusive a Polícia Militar já se encontrava no local com os portões

fechados por determinação judicial. Naquela manhã, durante a reunião e depois a vistoria, ele não

estava, estando apenas na vistoria anterior, realizada com a polícia civil, com os investigadores

aqui de Jaguariúna, onde foi pedido que ele mostrasse o local e eles viram os portões, que abriam

dos dois lados e que eles não tinham cadeados e trancas, mas que ele, pessoalmente não participou

da outra vistoria, mas sabe dizer que foram ratificados os termos do AVCB, não havendo nenhum

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impedimento de ordem técnica para continuidade do evento, que só não ocorreu porque o Dr.

Fabricio entendeu que não deveria ocorrer. Acerca das catracas, contou que lembra-se de terem

sido contratadas através da empresa, cerca de 34 catracas que seria distribuídas pelo evento todo,

10 dessas catracas seriam direcionadas para divisões internas, por exemplo, para regular a entrada

da praça de alimentação para o Lounge, ressaltando que também trabalham com 4 catracas de

reserva, e o restante é distribuído nas entradas.

A testemunha de defesa Oscar Eduardo Moretti, que trabalha com o corréu

Valdomiro e participa da organização da festa mencionada na denúncia há vinte anos, narrou que

em todas os outros eventos e ele coube a responsabilidade pela organização do estacionamento de

veículos; que na data dos fatos, trabalhava normalmente e não identificou, a despeito da

experiência em eventos daquela natureza, quaisquer omissões ou irregularidades que pudessem

contribuir para o lamentável episódio. Sempre houve rigoroso controle de público e todas as

normas técnicas relativas à prevenção de acidentes eram observadas. Acredita que as mortes e

lesões corporais não decorreram de falhas imputadas à organização do evento, mas à aglomeração

de pessoas provocada por uma briga. Conhece o corréu Valdomiro há mais de vinte anos e trata-se

de pessoa honesta, correta e responsável na condução do trabalho que lhe cabe. Conhece também

os demais acusados em razão do contato profissional e não tem quaisquer críticas em relação a

eles. Questionado, contou que acredita que na noite indicada na denúncia havia aproximadamente

seis mil veículos (carros) no estacionamento; os ônibus e as vans permaneciam em estacionamento

separado e que acredita que havia aproximadamente vinte ônibus naquela noite. Em razão da

experiência adquirida ao longo dos vários eventos dos quais participou, estimou que cada veículo

automotor (carro) transportasse em média três pessoas e que o estacionamento não chegou a ser

fechado em razão do excesso de veículos (o fechamento sempre ocorre quando o número de

veículos supera a capacidade). Para melhor organização do estacionamento, tem por hábito buscar

informações aceca do público esperado em cada noite e que naquele dia ouviu do responsável

(Dagmar) que o público esperado era de aproximadamente vinte e duas mil pessoas, tendo

recebido essa informação quando ainda havia vendas. Relatou que embora não haja regra bastante

precisa, a maior parte do público deixa o evento em três ocasiões: após o rodeio, após o show e

quando do encerramento das atividades e acredita que na noite indicada na denúncia o evento

tenha recebido vinte e cinco ou vinte e seis mil pessoas. Aduziu que a venda dos ingressos não

cabe ao corréu Valdomiro, senão uma empresa terceirizada, Ingresso Rápido, ou algo semelhante;

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que o controle de fiscalização das catracas (acesso do público ao evento) também não cabe ao

corréu, senão a uma empresa terceirizada cujo nome não se recordou e que não obstante o

incidente mencionado na denúncia, não houve qualquer tipo de problema com a saída de veículos

que estavam no estacionamento. Informou que o evento não conta apenas com ambulatório, mas

também com quatro ambulâncias; que antes mesmo do início do evento há todo um planejamento

sobre o trajeto que tais ambulâncias hão de percorrer em situações de emergência e que o corpo de

bombeiros não apenas vistoriou mas também aprovou o recinto naquela ocasião. Salientou que a

organização do evento não cabe exclusivamente ao corréu Valdomiro, mas também a várias

empresas terceirizadas. Indagado, informou que o evento mencionado na denúncia se deu na

última semana da festa e não se recorda com precisão o dia exato; que a expectativa de público

varia de acordo com o dia da festa e as atrações previstas (entre dez mil e vinte e seus mil pessoas)

e, por fim, ue não houve nenhum outro incidente significativo durante todo o evento e atribuiu as

mortes e os ferimentos ao acaso, como fatalidade.

A testemunha de defesa Silvio César Vieira de Andrade, fazia parte da

organização do evento na parte administrativa, sendo preposto de uma empresa de segurança e era

o responsável pela segurança do local na data dos fatos. Informou que tinha um alvará expedido

pela Prefeitura de 30 mil pessoas e que não chegou a vender todos esses ingressos. Indagado de

que o limite máximo permitido era para 25 mil pessoas, disse que não tinha conhecimento disso,

tanto que foi expedido para 30 mil pessoas o alvará. Aduziu que foram respeitadas as

determinações do Corpo de Bombeiro e Polícia Militar, tanto que o alvará só é expedido no dia do

evento. A respeito da projeção das saídas de emergência que foram de aproximadamente 7 metros

a menos do que deveria ser, disse que é impossível ter acontecido sem que o corpo de Bombeiro

medisse e liberasse o alvará. Afirmou que a lotação máxima para 30 mil pessoas era para o evento

em si, mas não era limitado nada por local; que para o evento eram vendidos ingressos comum e

VIP e que as pessoas que compravam ingresso VIP tinha acesso à arena; que o formulário descrito

que reduziu a capacidade da arena para dezenove mil e duzentas pessoas. Asseverou que

participou do evento de 2009 e 2010 com Valdomiro; participou de duas reuniões com a policia

militar, mas que foram feitas aproximadamente umas 5 reuniões e que não é possível a abertura

dos portões sem a liberação da policia militar e que a policia militar não libera o evento, sem que

todos os seguranças estejam presentes no local. Informou que na noite dos fatos tinha 25 mil

pessoas presentes; que estava presente no dia dos fatos, bem como que estava bem próximo do

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local e que viu um tumulto no momento e um briga rápida. Mencionou que a saída de emergência

esta aberta e que houve a necessidade de fechar os portões, pois tinham 4 pessoas feridas no chão.

Disse que foi prestada assistência aos familiares das vítimas no dia e após o acontecido e que 97%

eram empresas terceirizadas que prestavam serviços para o evento. Salientou que no dia do evento

havia catracas na entrada, bem como que os ingressos de cortesias estavam computadorizados

junto com o limite de 30 mil pessoas; que não há possibilidade de serem vendidos mais de 30 mil

ingressos e que sua função era em primeiro lugar fazer a triagem do pessoal, abordagem, revista,

controle, indicação dos locais, controle do pessoal, evitar brigas e tumultos. Informou que havia

132 homens disponíveis para o evento e tinham outras empresas para cuidar do serviço

patrimonial, que era a Los Angeles e outra empresa para cuidar do Camarote e fundo do palco,

mas não ajudavam com a parte dele. Com relação a segurança, explicou que é feita uma reunião

com o comando da PM e eles passam o número de pessoas que esperam no evento e o número de

seguranças contratados e é feita a reunião com o comandante do policiamento; que foi passado

para a PM a quantidade de pessoas e o efetivo de seguranças e que a principio houve concordância

da PM, que eles fizeram a checagem dos seguranças e que foi apresentado o plano de fuga para a

PM. Antes do dia do acontecimento não teve nenhum tipo de problema, nenhum roubo, briga ou

problema; que a única coisa que acontece muito é furto e a PM só ficou do lado de fora, porque foi

acordado assim; que antes de abrirem os portões para o início do evento houve contagem dos

seguranças pela PM, também de bombeiros. 132 seguranças e 30 brigadistas foi contado pela PM,

por amostragem e individualmente e primeiro se conta o efetivo depois é feito um mapa

pontuando onde fica cada segurança, sendo que a polícia militar checou isso. Informou que estava

lá na abertura dos portões e não teve nenhum fato que impedia o início do evento; que passou no

local um minuto antes e, quando se ausentou, estava uns 50 metros, a bombeira que estava no local

o chamou e chegou lá em 30 segundos e presenciou tudo o que aconteceu. Informou que assim que

a bombeira chamou, retornou e chegou em 30 segundos porque não estava longe, sendo que o

tumulto já estava criado, imediatamente chamou mais seguranças e no local já tinha 4 seguranças e

chamou mais uns 12. Supõe que teve uma briga dentro da arena e o pessoal da arena estourou

deduzindo que alguém insinuou algo de arma, então estourou para o lado de fora e ainda tinha

muita gente tentando entrar; então tinha gente tentando entrar e gente tentando sair. Então,

posicionou seguranças na entrada da arena para impedir que mais pessoas entrassem e foram

tirando o pessoal que estava dentro do corredor, que infelizmente foram até pisoteados. Informou

que o portão em nenhum momento foi fechado, o que aconteceu foi que para tirarem as pessoas

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 40

tinham que estar com o portão aberto. Era um portão que abria e fechava para os dois lados, o que

aconteceu era que muitas pessoas embriagadas que não estavam preocupadas com a situação

empurravam tentando fechar o portão, mas os seguranças não permitiram que isso acontecesse;

que havia bombeiro e brigadista no momento do problema e quem o chamou foi um brigadista.

Disse que mantinha quatro seguranças em cada entrada; que as pessoas foram socorridas

imediatamente, infelizmente houve um estouro do momento que ele chegou até controlar a

situação que não chegou a 10 minutos. Reafirmou que chegou no local em no máximo 30

segundos, porque estava próximo, e o socorro a todas as pessoas não chegou a passar de 10

minutos, tanto que 90% do público que estava na festa nem ficou sabendo do que estava

acontecendo, a festa continuou normalmente. Após a ordem judicial trazida pela PM para parar a

festa é que começou a evacuar o local. Disse que tem posto médico onde ficam as ambulâncias e

tem uma ambulância que presta primeiros socorros atrás do palco, onde ficam os peões e no posto

médico tinha ambulância; que no local a mesma entrada usa-se para saída de emergência e tem

duas entradas de frente ao lado do palco que não precisaram ser utilizadas, porque o problema foi

pontual na entrada. Não sabe dizer se tem entrada e saída diferente, sabe que tem uma entrada de

autoridades que pode ser utilizada por ambulância, que sai em uma marginal que cai na rodovia e

que havia 05 saídas da arena; as duas que são frontais estavam indicadas como saída de

emergência e as outras apenas como saída. A orientação era sempre deixar o portão aberto, mas o

portão abria e fechava então tinha que ficar atento para que vândalos não fechassem ele

indevidamente, por isso deixava sempre 04 seguranças no local; esse portão antes do show fica

fechado porque acontece o rodeio na arena e quando as provas terminam as pessoas entram para

ver o show. Informou que estava bem cheio o Rodeio na data dos fatos e que para acabar o tumulto

demorou 10 minutos, sendo que a retirada das pessoas foi imediata, não passou de 10 minutos.

Informou que do posto médico a ambulância tem saída exclusiva pelo caminho das autoridades; o

posto médico tem uma saída exclusiva para viatura e tem saída para uma rodovia, enquanto que o

público entra por outro lugar, mas não tem certeza porque isso faz parte da área externa e ele não

tem conhecimento.

A testemunha de defesa Dagmar Pereira dos Santos relatou que no dia dos fatos

estava no depósito A&B (Alimentos e Bebidas) coordenando o depósito e no momento do acidente

estava em um local chamado de “casulo” que é o local em que sai a distribuição das bebidas; ficou

sabendo que houve um briga na arena e as pessoas saíram pelo lado em que entraram; ficou

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 41

sabendo que a lotação máxima do rodeio era para 30 mil pessoas e não sabe a quantidade de saídas

de emergência e nem o tamanho delas; não sabe informar da conduta dos seguranças no momento

do acidente, pois não estava no local no momento e informou que Valdomiro estava presente no

evento no data dos fatos. Disse que havia uma empresa contratada chamada de "Ingresso Rápido",

para gerenciar a venda dos ingressos; que os seguranças e médicos tinham o acesso através de

pulseiras e passavam em uma catraca separada; que o acidente aconteceu quando o show já havia

iniciado; que as pessoas feridas foram levadas para o hospital e o evento continuou normalmente

após o acidente; que o controle de acesso era feito por um computador de ingresso para validar o

ingresso e que brigas pequenas são comuns em rodeios.

A testemunha de defesa Marcelo Jones Lopes Pereira, que prestava serviços no

dia dos fatos na parte de competição do evento, relatou que ficou a noite toda presente, mesmo

após o show começar, mas que não chegou presenciar o tumulto que causou as mortes, ficou

sabendo posteriormente, pois estava do outro lado da arena. Asseverou que o senhor Valdomiro

era presidente da Red Eventos e administrava todo o evento; que no momento do acidente estava

entre o palco e o camarote, bem como que próximo ao local onde estava tinha 4 (quatro) saídas de

emergência, mas não houve necessidade de evacuação de pessoas e que conseguia visualizar a

arena e que a frente estava lotada, pois as pessoas querem ver os cantores e as laterais estavam

vazias.

A testemunha de defesa Ricardo Molina de Figueiredo informou que faz perícias

há 22 anos e que o que aconteceu no dia dos fatos foi um evento local, muito restrito a uma

determinada área, um conflito de movimento no qual houve um refluxo de pessoas que estavam

entrando na arena que entraram em contato com as pessoas que queriam sair da arena. Informou

que, tecnicamente, pisoteamento existe quando há um pico de compressão, muitas pessoas e um

súbito evento de descompressão. Se não há espaço vazio a pessoa não cai, é o que ocorre quando

há uma alta compressão. Quando ocorre um pico, abre-se um espaço e as pessoas caem, foi o que

ocorreu. Informou que a briga ocorreu na boca do túnel e que o perito oficial admitiu a existência

da briga e que várias pessoas também viram isso. Informou que nesse caso aconteceu a fatalidade

que levou as pessoas a voltar, querendo sair, enquanto outras pessoas queriam entrar sem saber o

que estava acontecendo. Informou que não existe placa de saída, luz verde ou de outra cor para

evitar isso; que segurança no momento de pânico não adianta nada, as pessoas entram em pânico e

geralmente fazem o que não devem fazer e que pode afirmar que houve aglomeração nas saídas

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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um e dois, mas não superlotação, sendo que antes do fato as pessoas estavam rindo, tirando

fotografias, passando com bebidas nas mãos. Informou que não pode dizer que a proximidade das

saídas foi o evento causador, foi a briga que causou o pânico. Informou também que a norma não

fala que não pode ter entrada e saída na mesma via, pode ter saída e entrada na mesma via, não há

impedimento normativo quanto a isso. Disse que foi uma fatalidade o que aconteceu e não haveria

nada que pudesse ser feito para impedir o acontecimento. Informou também que os números não

são absolutos, que muita gente entrou, mas também muita gente saiu e essas saídas não foram

contabilizadas, de modo que fica praticamente impossível indicar quantas pessoas estavam no

local na hora do acontecimento. Quando perguntado se a briga foi o evento deflagrador do

ocorrido respondeu que correria da briga, que há um pico de compressão e descompressão, se o

portão estivesse fechado haveria aumento da compressão e as pessoas seriam pressionadas contra

o portão.

Testemunha de defesa (Flávio)

A testemunha de defesa Félix Walter Germer Júnior contou que não estava no

Rodeio no dia, mas ficou sabendo do que teria acontecido através de jornais. Contou que é

engenheiro civil e tem uma empresa que presta serviços na área de engenharia, e que o tipo de

serviços que presta é semelhante ao que o réu Flávio prestava. Ao ser indagado, contou que o

objetivo da implantação de um projeto de prevenção e combate à incêndios é a segurança pessoal,

ambiental e depois patrimonial; que é solicitado ao cliente a planta arquitetônica e se possível com

o "layout" do interior, para poder fazer um bom projeto em termos de cobertura dos elementos.

Acerca do dimensionamento do projeto, contou que visa atender o Decreto vigente e as instruções

técnicas, cada uma com seus tópicos, tendo que atender no âmbito de todas as instruções daquele

projeto. Afirmou que posteriormente aos fatos teve acesso ao projeto que foi apresentado naquela

ocasião, recebendo uma cópia do Flávio, que lhe procurou e apresentou o projeto para que fosse

feita uma avaliação e que, pela sua análise técnica, as saídas de emergência dimensionadas pelo

projeto eram totalmente satisfatórias para o escoamento do público e que o projeto tinha sido

inclusive aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Falou que as saídas de emergência estavam

dimensionadas de acordo com a capacidade populacional do ambiente e estavam totalmente de

acordo com o necessário. Ao ser indagado, contou que após a emissão do auto de vistoria pelo

Corpo de Bombeiros, uma vez que implantado o projeto previamente aprovado, a operação do

sistema não é de responsabilidade do autor do projeto; que a responsabilidade do autor do projeto

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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é de apresentar o projeto para análise e aprovação doo projeto, sendo que depois ele entrega para o

proprietário que vai dar a continuidade para a implantação do mesmo e a solicitação de vistoria e

que o autor do projeto não tem a obrigação de acompanhar a realização do evento.

A testemunha de defesa Adriana Godoy de Chami Alves informou que estava na

arena na hora que ocorreu o acidente, com as suas duas filhas, o marido e três amigas das filhas;

estavam como convidados, como todos os anos, desde o primeiro ano do rodeio em Jaguariúna,

que vai todos os anos em família, então estavam em dois adultos e cinco adolescentes; comprou o

ingresso para arquibancada porque gostavam de ver o rodeio e depois ficaram para o show porque

as meninas queriam, sendo que a filha mais nova estava com dez anos e a mais velha com

dezesseis. Depois que terminou o rodeio foram para a praça de alimentação nas barracas pegar

comida e sentaram para comer e ficaram lá um tempo, depois começou o show, escutaram e então

saíram dessa área e foram em direção a entrada da arena, quando estavam próximos da arena, não

sabendo precisar a distância em metros, mas uma distancia como da sala de audiência até a entrada

do fórum, estavam entrando, a filha mais velha na frente de mãos dadas com ela e as filhas

menores atrás com as amigas e o marido ao final, porque sempre andam de mãos dadas para evitar

se perder, foram andando então começaram a ouvir “briga, briga, briga”, e então o pessoal

começou retroceder, ir para atrás, nesse momento estava em um lugar de transição, um corredor

que do lado de cá tem outras partes de alimentação com estruturas maiores, é um caminho largo.

Quando escutou dizer briga pediu para a filha parar e saíram em direção ao espetinho, então

saíram a direita e nisso percebeu que outras pessoas começaram a vir na mesma direção; entraram

no espetinho que tem um piso mais alto que o resto e pararam na cerquinha do espetinho para

esperar e poder entrar na arena, nisso passaram algumas pessoas e então passou um rapaz sem

camisa com a camisa na mão, parou atrás dela, apareceram mais alguns rapazes e pediram gelo no

espetinho, foi quando um deles começou colocar gelo no rosto e o outro a dizer “cara porque você

foi fazer isso, olha a confusão, para que isso?”, diante disso teve a impressão de que esse rapaz

teria começado a briga, mas que não viu nenhuma briga, porque imagina que a briga tenha

ocorrido já na arena, e eles não chegaram a entrar na arena; não percebeu nenhum tumulto na

entrada da arena, mas que não chegaram a passar a porta de entrada da arena, que estavam

conversando e andando normalmente; quando ouviu a palavra briga parou a filha e começou a

recuar, juntamente com outras pessoas, e foi ai que resolveu ir para a lateral esperar; depois que

viu esse menino começou a vir outras pessoas na mesma direção. Informou também que o rodeio

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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possuía um sistema de som separado que fica tocando outras músicas que não a do show e nesse

som separado pediram a presença dos bombeiros na entrada da arena e que foi tudo muito rápido,

após o anúncio os bombeiros começaram a passar pela lateral de onde estavam, com prancha na

mão, indo em direção a esquerda. Ficou ali com as filhas, via algumas pessoas chorando, mas que

estava tranquilo, não estava cheio e não sentiram pânico onde estavam, que era uma área próxima

a praça de alimentação; que não chegou a entrar na arena em nenhum momento, porque conforme

foi acontecendo os fatos, em frente tem um telão para acompanhar o show, e o show continuou

rolando e o pessoal que estava esperando a filha ligou perguntando se iam entrar ai ela disse que

estavam esperando dar uma esvaziada na entrada para poder entrar, que a filha perguntou se onde

eles estavam era tranquilo e eles disseram que sim, que estava tranquilo, foi então que a filha disse

que perguntaria para a mãe. Como estava um pouco tarde e já tinha passado várias músicas ela

disse para a filha ir embora porque já iria dar o horário das mães das amigas buscarem, então

ficaram mais um pouquinho e saíram dali e foram ao carro. Informou que quando passaram os

bombeiros quando voltaram, voltaram por onde eles estavam, tinha uma moça morena na maca

que parecia estar desmaiada, dai passou e foi para outro lado, então ela disse para ir embora

porque já estava tarde, foram ao estacionamento, pegaram o carro, foram embora. Uma das

meninas que estavam com eles era de Santo André e queria conhecer Pedreira, só ai que

descobriram através da mãe da menina que viu pela TV que tinha acontecido uma tragédia no

Rodeio, algo mais grave, porque lá dentro não tiveram essa proporção, só no dia seguinte através

da ligação.

A testemunha de defesa Tarcísio Cleto Chiavegato afirmou que o ocorrido foi em

2009 e ele teria deixado a Prefeitura, onde era Prefeito Municipal, em 2008, então não teria

acompanhado a expedição do alvará para realização desse evento. Quanto aos outros anos, contou

que o rodeio foi fundado em 1989 e era prefeito dessa época, e participou da fundação do rodeio,

mas que em 2009 não estava mais na prefeitura, acompanhou de 2001 a 2008, mas estava dentro

do evento em 2009. Primeiramente, contou que na época em que era prefeito ainda, as

formalidades e exigências para a expedição do alvará pela Prefeitura eram o AVCB do Corpo de

Bombeiros e também era feita uma vistoria pela Secretaria de Planejamento da própria Prefeitura.

No dia dos fatos, estava dentro do Camarote do evento e não viu nada, somente no outro dia de

manhã que ficou sabendo da tragédia, mas não viu nada, nenhuma briga, nenhuma confusão.

Contou que o réu Flávio é filho da Dona Ilka, que foi Secretária de Saúde na época em que foi

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prefeito e também Secretária de Educação em outro de seus mandatos e o pai de Flávio era

funcionário estadual, é que Flávio foi Secretário de Planejamento em um de seus mandatos, e

sempre trabalharam juntos, talvez desde 1989, sempre trabalhando na área de planejamento. Nesse

período Flávio sempre foi uma pessoa competente, já tendo tido experiência grande na área,

saindo do país e quando prestou o concurso, passou e passou a trabalhar na prefeitura, uma pessoa

de responsabilidades. Ao ser indagado, contou que durante o tempo em que Flávio trabalhou com

ele, durante seus mandatos, ele já teria sido responsável por outros trabalhos nessa secretaria, por

outros eventos, como o Carnaval, onde ele “sempre estaria na frente”, planejava e sempre com

bastante cuidado, sendo responsável. Contou que conhece Valdomiro desde quando ele veio para a

cidade em 1983, mais ou menos, onde eles fizeram amizade, ele era de Barretos e tinha vontade de

montar um Rodeio aqui em Jaguariúna e ele formou o Clube do Cavalo de Jaguariúna e iniciaram

o primeiro Rodeio em 1989, criando amizade grande com Valdomiro e sua família, e pela amizade

de muitos anos participaram da criação da lei para regularizar a lei do Rodeio no Brasil, em

Brasília, onde lutaram muito para legalizar o Rodeio no Brasil. Durante todos esses anos durante o

rodeio nunca ficou sabendo de nada parecido como esses fatos que ocorreram em 2009, apenas

sabe dos acidentes que aconteciam as vezes na arena, quando a pessoa caía dos bois, inclusive não

percebeu nada nesse de 2009. Contou que o Valdomiro era zeloso e que a as diversas edições do

rodeio trouxeram aumento no turismo para Jaguariúna e reconhecimento até no exterior, gerando

muitos empregos, e Valdomiro sempre pregou a ideia de Rodeio com qualidade, com segurança.

Contou que no Rodeio de 2009 também ocorreu em outras datas, não apenas no dia dos fatos e que

a quantidade de pessoas estava próxima a dos dias anteriores; que havia um número “x” de

pessoas que era permitido entrar.

A testemunha de defesa Dimas Lúcio Pires informou que na época estava

viajando, de modo que ficou sabendo dos fatos apenas depois. Conhece Flávio há muito tempo,

tem excelente caráter, muito responsável e que tem conhecimento de todos os grandes projetos que

ele fez em Jaguariúna, com caráter excepcional e com a melhor índole possível, sendo uma pessoa

fantástica. Acerca de Valdomiro, contou que o conhece há 30 anos, bem como conhece a festa do

Rodeiro há muito tempo também; que frequentava as festas e que era uma das mais bens

organizadas, com muita segurança e que nunca teve nenhum problema, sendo uma festa conhecida

nacionalmente e internacionalmente.

Testemunhas do juízo

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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A testemunha do juízo Edimalto Paim relatou que estava na com uma barraca de

bebida na entrada do túnel onde aconteceu o acidente; que ouviu uma gritaria, saiu para ver e

estava acontecendo uma briga, momento em que as pessoas queriam entrar e sair do mesmo

portão, próximo ao local; tentou conter o pessoal para ninguém entrar mais, porém tinha muita

gente e o pessoal tentava sair, algumas pessoas caíram e outras pessoas foram passando por cima.

Explanou que faz a montagem dos "stands" do evento há oito anos e conhece os organizadores do

evento; que o corredor ficou cheio de gente tentando sair, bem como que viu muita gente

machucada, sem roupas e sapato e que no momento do acidente a festa continuou. Declarou que

tinham três acessos para arena e havia placas de saída de emergência; que tinha segurança e

bombeiros no evento, bem como que um posto médico com várias salas e que os portões de acesso

para o corredor estavam abertos. Disse que em sua opinião o acidente não pode se repetir

novamente, pois hoje são vendidos ingressos restritos para cada local e antigamente, na época do

acidente, quem adquiria o ingresso tinha acesso liberado em todas as áreas do rodeio, sem

restrições.

O informante do juízo Antonio Carlos Gragnani Giaconi declarou que assinou o

laudo complementar que o colega apresentou na audiência. Quando levantado pelo juiz que o

perito anterior disse que das cinco saídas existentes duas não foram consideradas como saídas de

emergência e perguntado por qual motivo aconteceu isso respondeu que elas estavam cobertas,

fechadas com lona, era passagem de serventia, funcionários e pessoas que entrariam na arena, não

eram usadas pelos frequentadores do ambiente, não tinham características consideradas para as

saídas de emergência, elas estavam vedadas e não estavam sinalizadas como saídas de emergência.

Quando questionado se as saídas que referia eram as de número sete e oito no croqui de fls. 12,

respondeu que sim, são essas, mas não, foi o primeiro perito, foi para lá algumas horas depois do

ocorrido e o Francisco foi depois pra lá fazer os exames de engenharia e reconstituição. Disse que

o laudo do Corpo de Bombeiros constou a aprovação do evento, sabe que há carimbo do Corpo de

Bombeiros fazendo a aprovação com ressalvas, mas não teve acesso às ressalvas e não sabe

também se há prazo para a regularização do projeto. Com relação ao quesito suplementar nº 14

apresentado disse que para fazer o cálculo que esta no laudo, de 33.917 pessoas, foram utilizadas

duas planilhas diferentes e somadas, que as planilhas continham o montante de catracas, mostrava

quantas pessoas entraram no recinto; o borderô continha a informação da área “vip”, camarotes e

uma terceira categoria de pessoas que não entra pelas catracas, então, para estimar o número, já

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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que não havia uma forma física, buscaram essa maneira.

A informante do juízo Lucimara de Godoy Vilas Boas relatou que na época dos

fatos era responsável pela análise dos projetos e que no caso específico, naquele período, se

encontrava como chefe da análise, então era dada entrada no projeto, ela analisou de acordo com o

Decreto e, assim como os outro projetos, foi passado para que fosse ratificado pelo Capitão Ivair,

chefe da SAT. Relatou que aprovou o projeto com algumas exigências que constam no verso do

formulário, contou não lembrar de todas as exigências, mas lembra-se que tinha um vão que era

superior ao exigido, onde visualizou o risco de alguma criança ou pessoa de menor estatura cair,

então exigiu que esse vão fosse diminuído de acordo com o Decreto e mais algumas RTs, contou

que não se lembra de todas as observações, mas se lembra dessa especificamente. Em relação às

saídas de emergência, contou que, pelo que se recorda, estavam de acordo com as normas e que

salvo engano, tinham quatro saídas, salientando que não pode afirmar com certeza porque está há

dois anos fora e não teve mais contato com o projeto, então como faz dois anos que analisou o

projeto, prefere não afirmar com certeza. Ao ser indagada sobre a apresentação de uma planta

substitutiva, relatou que ficou sabendo que foi apresentada, mas todas as SATs eram analisadas na

época, não sabendo informar se até hoje era assim, pelo oficial que fazia a vistoria, que

normalmente eram exigências de vistoria, então o oficial que fazia a vistoria que analisava estes

formulários, salientando então que este formulário não teria passado por ela. Confirmou que ela

analisava, fazia a comunicação, o responsável tinha que atender às comunicações e depois fazia a

aprovação final, mas que o projeto não voltou para ela, pois ela podia aprovar, reprovar, ou

aprovar com exigências, então ela teria aprovado com exigências e essas exigências eram

verificadas na vistoria, ou na retirada no caso de documentação, assim, o oficial que fez a vistoria

que teria que verificar. Quanto ao número de pessoas que poderia ter acesso de acordo com as

entradas e saídas, era de sua competência verificar o dimensionamento das saídas de emergência e

foram verificadas e de acordo com o que analisou, estavam corretas, a largura, pelo que se lembra,

estava correta. Contou não se recordar se fez alguma exigência de que a organização poderia

controlar os espectadores de acordo com a saída e a entrada. Relatou não se recordar se em outros

projetos era feita essa exigência de que a organização controlasse o máximo de telespectadores,

mas que geralmente saía no AVCB a quantidade máxima de espectadores, o próprio organizador

do evento, neste e em outros, dizia que deveria ter, então eles calculavam, verificando o

dimensionamento de acordo com o Decreto, onde conferiam e o engenheiro apresentava para

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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verificar se era possível para aquele recinto e saía no AVCB a quantidade de pessoas que

poderiam adentrar, mas o controle já não cabia ao Corpo de Bombeiros. Questionada se o Plano de

Gestão de Risco estava dentro das normas do que o Corpo de Bombeiros exigia, contou que não

foi apresentado plano de risco e não se recordava, preferindo não responder essa pergunta.

Indagada se no caso específico havia alguma medida de segurança extra a ser exigida por conta do

tamanho do evento, relatou que de acordo com a legislação e pelo que se recorda, não havia.

Contou que não é engenheira formada; que trabalhou na análise de projetos por 6 meses e que

quando aconteceu o fato ainda estava na unidade. Questionada se chegou a verificar se tinha

alguma irregularidade no local ou alguma irregularidade na planta, contou que pelo que se lembra,

o projeto foi até São Paulo para ser verificado pela Seção, pela DAT, foi verificado por outros

oficiais e eles falaram que estava analisado de maneira correta. Contou que a legislação da época

foi melhorada de acordo com os acontecimentos, todas as instruções técnicas, mas pelo seu

entendimento, a legislação era rigorosa o suficiente. Questionada se o piso de brita seria

recomendado nesse tipo de evento, disse que, pelo que se recorda, o que não era permitido era piso

que escorregasse e esse tipo de piso não era escorregadio, então estava de acordo. Indagada se o

piso de brita não escorregava mesmo molhado, disse que preferia não responder a esta pergunta,

que estava de acordo com o entendimento dela como analista, como oficial analisadora do projeto.

Também indagada, relatou que não se recordava se algumas destas saídas de emergência se

confundiam com as passagens das atrações e esclareceu que o que era definido primeiro, entre

quantidade de pessoas ou número de saídas de emergência, era a quantidade de pessoas e que

dependendo da quantidade de pessoas, passa-se a exigir um número X de saídas de emergência.

Contou que se não tiver esse número X de saídas de emergência, as medidas a serem tomadas

eram exigir que o organizador aumentasse o número de saídas de emergência ou diminuísse a

quantidade de pessoas, é o organizador quem lhes diz “neste evento terão tantas pessoas e tantas

saídas de emergência”, então eles verificam se as saídas de emergência são suficientes e se o

recinto comporta aquela quantidade de pessoas, sendo então o organizador que passa aquelas

informações à eles e eles verificam se esta de acordo com a legislação e no caso em questão,

estava de acordo com a legislação. Questionada se o organizador assume um compromisso de não

exceder estes limites aprovados, contou que pelo que se recorda, na IT-1, uma das instruções do

Corpo de Bombeiros, diz que o organizador do evento tem o dever de não exceder a quantidade de

pessoas de acordo com o aprovado.

A testemunha do juízo Ivair Nunes Pereira informou que quando o projeto foi

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apresentado para análise da sessão técnica do grupamento de bombeiros era o chefe da sessão

técnica, porém depois assumiu a função de subcomandante da unidade, interinamente. Não se

recorda o dia em que o projeto foi apresentado, mas acredita que tenha sido 10, 15 dias antes do

evento e que quando o projeto deu entrada na sessão era chefe da sessão, posteriormente, um dia

ou dois após a análise deste projeto, assumiu o sub comando da unidade, então o tenente André

Bicudo assumiu interinamente as funções de chefia da sessão técnica. Quando da vistoria no local

confundia-se na pessoa dele a função de vistoriador e chefe da sessão, então foi apresentada uma

planta substitutiva que foi analisada pela Tenente Luciamara, que era a oficial analisadora, e por

ele como chefe interino da sessão técnica, posteriormente, após avaliar que estava correta esta

modificação, porque houve segundo o que foi visto, houve uma redução no tamanho da arena, o

que levou a possibilidade de se trabalhar com apenas cinco saídas de emergência. Explicou que no

projeto inicial havia cinco saídas e na primeira vistoria constatou quatro saídas e que a planta

substitutiva adaptou para quatro saídas porque houve a diminuição no tamanho da arena, o que foi

feito na execução do projeto, então foi apresentado projeto substitutivo contemplando esta

diminuição, o que ratificaria apenas a necessidade de quatro saídas de emergência. Disse que esse

projeto substitutivo foi avaliado posteriormente pela tenente Lucimara e pelo então tenente André

Luiz Bicudo; que a planta substitutiva que autorizava a redução de uma saída de emergência era

perfeitamente legal e dentro das normas; que quando feita a vistoria e há previsão das normas

dentro do corpo de bombeiros cabe ao subcomandante assinar o auto de vistoria; após realizada a

vistoria o tenente André Luiz chegou com o auto de vistoria e disse que estava pronto e vistoriado,

que foi tudo cumprido, então foi assinado o auto como subcomandante da unidade. Informou que

não foi no local, quem foi no local foi o tenente André Luiz Bicudo e que essa prática é comum,

pois o ordenamento do corpo de bombeiros prescreve o que incumbe a cada um dentro do sistema

de atividades técnicas, e para estes casos, para eventos e locais de reunião de público acima de dez

mil pessoas, é o subcomandante que assina a vistoria, é uma forma de notificar o comando da

unidade dos eventos que estão ocorrendo na região dele. Informou que o projeto foi aprovado de

acordo com as normas do corpo de bombeiros; que o perito desconsiderou uma das saídas, por isso

constaram no laudo três saídas ao invés de quatro, porque ele entendeu que pelo fato de uma das

saídas ficarem numa paralela lateral ao palco, e a legislação, a instrução técnica 12, dizer que a

saída de emergência das pessoas não pode se confundir com a saída dos artistas, então ele

desconsiderou, por conta disso é que ele coloca que haviam apenas três saídas, mas no local

efetivamente as saídas estavam executadas; que houve confusão por parte do perito ao observar as

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plantas da arena, pois elas mostram a quarta saída, que foi desconsiderada, que há um acesso

lateral que dá vazão a esta saída, de maneira que não se confundisse com a saída dos artistas; que a

denúncia faz menção aos itens 3 e 4 deste relatório de fl. 1641 e que a colocação que faz das 04

saídas se refere ao projeto; que esta situação de vistoria no local foi visualizada pelo André Luiz

Bicudo, porém, após a ocorrência do evento, foi destacado um outro oficial para vistoriar o local,

esse oficial ratificou aquilo que já tinha sido feito em vistoria, porque ele relata inclusive que a

quinta saída que havia sido retirada do primeiro projeto original, embora não sinalizada, ainda

persistia no local; que existiam as 04 saídas que estavam na polícia civil na época dos fatos, sendo

que o inquérito apontava inclusive fotos mostrando uma saída que estava sendo sinalizada, estava

sendo colocada uma faixa de saída durante a perícia que estava sendo realizada no local; esta faixa

referia-se à quinta saída que não tinha sido desmontada no local embora não prevista no projeto

substitutivo, então pelo que foi relatado e pelo que foi constatado posteriormente pelo vistoriador,

após a ocorrência do evento, havia as 04 saídas e a quinta saída que não estava sinalizada, e não

era considerada para efeito de saída. Informou que a diferença da ocupação entre 12.547 pessoas

para 19.200 se dá exatamente no fato do perito não considerar a saída que se achava ao lado do

palco, se diminuísse a saída que estava colocada ao lado do palco, que era a quarta saída, então

leva um número menor de pessoas que poderiam ser colocadas dentro do recinto. Perguntado

sobre o piso do local, que era constituído por terra compactada e coberto por brita, se a

fiscalização sobre o piso era do corpo de bombeiros respondeu que sim, que as saídas de

emergência quem faz a fiscalização é o corpo de bombeiros, porém, para eventos desta natureza,

não há outra forma de se estabelecer a saída/ esclareceu que a brita é na realidade uma forma que

se encontra inclusive de melhorar as condições para a saída das pessoas, porque o evento é um

evento de rodeio, é um piso em terra, e a arquibancada está construída sobre a terra, são

arquibancadas desmontáveis, não é um evento permanente como é o caso de Barretos ou estádios

de futebol, porque a norma serve também para todos estes tipos de eventos; então nestes eventos

temporários, que são feitos sobre a terra, a brita é uma alternativa para melhorar as condições de

saída das pessoas. Informou que o evento acontece na cidade há 20 anos e que os bombeiros

aprovam o projetos todos os anos e não precisou de medidas extras de segurança porque era um

evento que estava dentro das normas do corpo de bombeiros. Ressaltou, mais uma vez, que de

acordou com o projeto apresentado, havia quatro saídas no local, o que foi verificado pelo André

e, em vistoria posterior ao acontecido, o tenente que fez a vistoria posterior ratificou a posição do

tenente André Luiz Bicudo e acrescentou que havia uma quinta saída que embora existente no

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local não estava sinalizada.

Exposta, de forma minuciosa, a prova oral colhida e acostada aos autos do

presente processo-crime, passo a analisar e fundamentar a responsabilidade de cada um dos réus.

Segundo a denúncia o réu Flávio Paoliello, contratado pela empresa organizadora

do evento para elaborar e apresentar ao Corpo de Bombeiros o projeto de prevenção e combate a

incêndios: (a) apresentou um plano de abandono com o cálculo das saídas de emergência, de

acordo com a instrução técnica n. 12/04, calculando lotação máxima na arena de 24.960 para um

projeto com quatro saídas de emergência na arena, com 5 metros de largura cada uma, perfazendo

um total de 20 metros, o que, segundo a IT 12/04 permite o escoamento de apenas 19.200; (b)

instruiu o pedido de concessão de AVCB com uma planta baixa na arena, onde elabora cálculo de

saída de emergência para a arena, considerando lotação máxima da arena de 28.034, para o que

seria necessário que a arena tivesse, em saídas de emergência, uma largura de 29,20 metros; (c)

deixou de considerar a lotação máxima da arena a lotação do evento, tendo em vista que as

pessoas que estavam na área externa e nos outros setores tinham livre acesso à arena no momento

do show; (d) não buscou o FAT – formulário de atendimento técnico, do Corpo de Bombeiros, que

reduziu a lotação máxima da arena para 19.200.

Em resumo, segundo o Ministério Público o réu foi imperito ao estipular lotação

máxima do evento incompatível com a capacidade da arena; subdimensionou a largura total das

saídas de emergência da arena, desobedecendo a prescrição da instrução normativa 12/04, bem

como negligente ao não observar a FAT do corpo de bombeiros e, por conseguinte, o corredor de

acesso/saída da arena, onde ocorreram as mortes e lesões, não suportou o fluxo de pessoas, em

razão da superlotação autorizada pelo erro de cálculo do projeto do engenheiro.

A ré Maria Carolina, responsável pela montagem de toda a estrutura fixa principal

do evento, considerando-se arquibancadas, camarotes, ala vip, palco, corredores de acesso/saída,

bretes, etc, seria responsável pelas mortes e lesões corporais pois, segundo a denúncia, construiu a

estrutura fixa em desconformidade com o projeto, porquanto implantou na arena três saídas de

emergência ao invés de cinco; o corredor onde ocorreram os fatos, que funcionava como saída de

emergência, admitia fluxo nos dois sentidos, quando deveria haver um corredor de entrada e outro

de saída; tal corredor era vedado por portas de duas folhas que basculavam para se fechar contra o

fluxo de saída da arena, quando deveriam abrir apenas no sentido de saída e a soma das larguras

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dos corredores de saída de emergência era menor do que o projetado, sendo que tais falhas

prejudicaram sensivelmente o fluxo de escoamento das pessoas no corredor onde se deram os

fatos, contribuindo para o evento morte.

Por fim, o acusado Valdomiro, empresário que organizou o evento e responsável

pelo espaço onde ocorreu o vento, assumindo, por isso, a posição de garante, segundo o Ministério

Público permitiu e fez ingressar milhares de pessoas a mais do que a lotação previamente fixada e

autorizada no Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, gerando uma superlotação que impediu o

fluxo normal das vítimas no corredor onde ocorreram os fatos, o que implicou em empurra-

empurra, quedas e pisoteamentos.

Os réus respondem por quatro homicídios culposos e no delito culposo a

condenação exige prova inequívoca do descumprimento do dever de cuidado objetivo, bem como

da relação de causalidade entre esse comportamento e o evento danoso e a previsibilidade objetiva

do resultado.

Por conseguinte, em resumo, é necessário verificar se houve o descumprimento do

dever de cuidado objetivo e se o comportamento de cada um dos réus, atribuído especificamente

na denúncia, efetivamente causou a morte dos quatro jovens que estiveram no Rodeio de

Jaguariúna do dia 23 de maio de 2009.

Das declarações das vítimas e dos depoimentos prestados pelas inúmeras

testemunhas, tanto na fase inquisitorial quanto na fase judicial, é possível concluir que o evento

transcorria normalmente quando, após o início do show musical agendado para aquele noite,

iniciou-se uma grande aglomeração de pessoas no corredor de acesso e saída da arena, corredor

este localizado no sentido oposto ao palco. Esta aglomeração, causada pelo elevado número de

pessoas tentando sair da arena e outras tentando entrar no mesmo corredor, fez com que as pessoas

não mais conseguissem se movimentar, vindo a cair umas sobre as outras, o que implicou a morte

de quatro jovens e diversas lesões corporais em outros espectadores.

Ou seja, é fato que o evento danoso ocorreu após a concentração elevada de

pessoas em apenas um dos corredores da arena, que funcionava como saída e entrada e não após

uma evacuação de público.

Também restou demonstrado – pela ampla prova oral produzida – que um fato, em

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 53

especial, contribuiu sobejamente para o evento danoso: o fechamento, pelos segurança dos evento,

do portão existente no mencionado corredor, o qual funcionava por meio de duas folhas que

basculavam para fechar ( e segundo testemunhas existia para impedir a saída dos animais durante

as apresentações de rodeio) e que somente foi aberto após alguns minutos com a intervenção do

próprio público.

Contudo, o preposto da empresa responsável pela segurança do evento, quando

ouvido em juízo, negou tal fechamento; os seguranças efetivamente responsáveis por tal ato não

foram identificados e não recai sobre os réus denunciados qualquer imputação relativa a tal fato,

mesmo porque trata-se de conduta praticada por terceiros, razão pela qual embora relevante para o

deslinde do feito, tal fato não tem relevância na presente ação penal.

Salienta-se, ademais, que a defesa, notadamente do acusado Valdomiro, reitera

que uma briga ocorrida na arena desencadeou a aglomeração em um dos portões que funcionava

de acesso e saída. No entanto, embora de fato as testemunhas ouvidas tenham mencionado a

ocorrência de uma briga em local próximo, a testemunha Carlos Eduardo Dall Oca Fossa informou

que a briga não influenciou na entrada deles na arena, sendo que ele só desviou da briga e foi para

a saída, onde sim ocorreu o tumulto, agravado pelo fechamento dos portões. Todavia, tal questão

será melhor ponderada quando da análise da responsabilidade do réu Valdomiro.

Destarte, a dinâmica dos fatos é indubitável: o show musical transcorria

normalmente no palco montado na arena, quando algumas pessoas que estavam dentro da arena

resolveram sair pelo acesso/saída localizado embaixo da arquibancada, enquanto outras pessoas

tentavam entrar pelo mesmo local, criando uma aglomeração de pessoas dentro do corredor e as

pessoas caíram umas em cima das outras, permanecendo nessa situação por pelo menos mais de

dez minutos até a abertura do portão e início do socorro.

No tocante à responsabilidade criminal dos acusados, verifico que em relação aos

acusados Flávio e Maria Carolina a imputação diz respeito à desobediência de normas técnicas de

engenharia que teriam gerado falhas na estrutura do evento, as quais, segundo apontado pelos

peritos e ratificado pelo Ministério Público, contribuíram para a ocorrência das mortes.

No que concerne à ré Maria Carolina, como já lembrado, afirma-se que foi ela a

responsável pela montagem da estrutura fixa e que a executou em desconformidade com o projeto,

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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porquanto implementadas três saídas de emergência da arena ao invés de cinco; um corredor, onde

ocorreram os fatos, que admitia fluxo nos dois sentidos e possuía largura inferior a do projeto

original e uma porta no corredor que fechava contra o fluxo da saída da arena, falhas essas que

teriam contribuído para o evento danoso.

Em sua defesa, a ré afirma, de início, que não foi a responsável pela montagem de

toda a estrutura fixa do local, tampouco pela instalação do palco, da arena, bretes, portões, chapas

de fechamento, placas de sinalização, iluminação, etc., mas somente pela montagem da

arquibancada, área vip e camarotes; que a montagem é feita de acordo com projeto apresentado

pelo contratante e que eventuais falhas técnicas atinentes às saídas de emergência também não são

de sua responsabilidade, porquanto não foi a engenheira responsável pelo plano de abandono e

cálculos de saídas.

E embora não se discuta que a ré Maria Carolina foi efetivamente a engenheira

responsável pelo projeto da estrutura fixa principal do evento, assinando o respectivo ART

(Anotação de Responsabilidade Técnica), não se demonstrou que foi a responsável pela efetiva

implantação da parte da estrutura que continha as falhas apontadas pelo expert e pelo Ministério

Público.

Com efeito, o órgão ministerial afirma que a ré "implantou na arena três saídas de

emergência ao invés de cinco; o corredor aonde ocorreram os fatos lesivos, que funcionava como

saída de emergência, admitia fluxo nos dois sentidos, quando deveria ter um corredor de entrada e

outro de saída; tal corredor era vedado por portão de duas folhas que basculavam para se fechar

contra o fluxo de saída da arena e a soma das larguras dos corredores de saída de emergência era

menor do que o projetado".

Contudo, restou demonstrado que a implantação das saídas de emergência foi feita

de acordo com o projeto e plano de fuga desenvolvido pelo engenheiro Flávio Paoliello, não sendo

de responsabilidade da ré a fiscalização e conferência do número de saídas de emergência e

respectivas larguras, as quais passaram pelo crivo do Corpo de Bombeiros quando da expedição do

respectivo AVCB.

Ademais, da prova oral colhida percebe-se facilmente que a engenheira

denunciada apenas foi a responsável pelo projeto e implementação dos camarotes, arquibancadas e

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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ala VIP, sem qualquer sinalização, placa ou portão, o que ficava a cargo da empresa organizadora

do evento, a qual teria por obrigação estabelecer e fiscalizar o fluxo dos acessos/saídas de

emergência e eventual obstrução desse acesso por meio de um portão com folhas que basculavam.

Aliás, no tocante ao portão existente no local – apontado no laudo pericial oficial e

na denúncia como falha que contribuiu para o evento danoso – verifica-se na Instrução Técnica do

Corpo de Bombeiros, n. 12/04 (cópia juntada aos autos no apenso do laudo pericial), que o artigo

5.1.5.8 permite a existência de porta basculante em saída de emergência desde que permaneça

aberta, do que se depreende que a falha consistiu não na colocação da porta mas no seu

fechamento, o que foi feito pelos seguranças do evento, tal como já ressaltado.

Da mesma forma, embora os fluxos em sentidos opostos no mesmo corredor de

acesso/saída tenham contribuído para o resultado lesivo – tal como se depreende dos relatos das

vítimas e testemunhas de acusação que estiveram no momento dos fatos e constou no laudo

pericial do Instituto de Criminalística - a legislação em vigor quando da ocorrência dos fatos

(Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros n. 12/04) não proibia que o mesmo corredor

funcionasse de entrada e saída de emergência. Assim, diferente do asseverado pelos peritos que

subscreveram o laudo da perícia realizada no local dos fatos, não se pode considerar tal fato como

uma falha técnica apta a ensejar a responsabilidade criminal culposa, na modalidade imperícia.

Nesse sentido, saliento depoimentos prestados nos autos n. 60.486/11, que

tramitaram na Justiça Militar e apuraram a responsabilidade penal, pelo fato em exame, dos

bombeiros responsáveis pela emissão do AVCB e foram juntados nessa ação penal:

Tenente Miranda: "Esse fato (da evacuação) foi um fato motivador de nós

fazermos uma revisão dessa instrução técnica n. 12 (...) levando em consideração a parte de saídas

e entrada de pessoas, pois, até então, os direcionamentos da IT em relação à saída de pessoas não

havia previsão de fluxo nos dois sentidos na entrada e saída" (fl. 2433);

Major Adilson Antonio da Silva, na época lotado no setor de normatização "Após

o evento a IT n. 12 foi revisada e determinado que as entradas e saídas tenham fluxo único" (fl.

2435);

Capitão Alexandre Riquena da Costa "Quatro saídas poderiam ser usadas como

entrada. Na época dos fatos a norma não trazia a exigência de que as portas deveriam ter sentido

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único, após o evento foi acrescentada essa determinação" (fl. 2436).

Portanto, seja porque a engenheira Maria Carolina não foi a responsável pelas

alegadas falhas técnicas apontadas pelo Ministério Público como concausas do evento danoso, seja

porque os fatos considerados relevantes para o evento danoso não constituíram falhas técnicas,

uma vez que a legislação em vigor não proibia que o mesmo corredor funcionasse como acesso e

saída de emergência com fluxo nos dois sentidos ou mesmo que tal corredor possuísse um portão

de duas folhas que basculavam, a absolvição da ré é de rigor.

Em relação ao réu Flávio, as falhas técnicas apontadas na denúncia se referem ao

projeto de prevenção e combate à incêndios por ele apresentado ao Corpo de Bombeiros, no qual o

engenheiro teria calculado lotação máxima para a arena de 28.034, quando a metragem total das

saídas de emergência projetadas por ele (20 metros) seria suficiente para o escoamento seguro de

apenas 19.200 pessoas, segundo a Instrução Normativa 12/04 e conforme constou no formulário

de atendimento técnico do Corpo de Bombeiros.

Em suma, segundo a exordial acusatória tal réu foi imperito ao estipular lotação

máxima do evento incompatível com a capacidade da arena e ao subdimencionar a largura total

das saídas de emergência da arena, desobedecendo a prescrição da Instrução Normativa n. 12/2004

e negligente ao não observar a FAT do Corpo de Bombeiros e, por conseguinte, o corredor de

acesso/saída da arena, onde ocorreram as mortes e lesões, não suportou o fluxo de pessoas em

razão da superlotação autorizada por erro de cálculo do projeto do engenheiro.

Na defesa, o acusado Flávio afirma que o projeto de prevenção e combate a

incêndios foi elaborado com base em projeto arquitetônico apresentado pelo cliente, que limitou a

lotação do recinto a 30.000 pessoas; que durante a montagem do projeto e após ter sido

protocolado o projeto de sua responsabilidade no Corpo de Bombeiros, houve alteração no “lay

out” original, com a implementação de mais uma saída de emergência junto à arquibancada e

também mais uma na arena, à direita do palco, o que implicou o desenvolvimento de um novo

projeto, todavia, por falha na impressão, a nova saída não foi imprensa na prancha apresentada

com o FAT (Formulário de Atendimento Técnico), mas estava faticamente instalada, conforme

reconhecido no laudo oficial e somente em razão da falha na planta apresentada no FAT, - a qual

não correspondia à realidade – o Corpo de Bombeiros limitou a capacidade de público para 19.200

pessoas. Em resumo, sustenta tal réu que embora no projeto de combate incêndio constassem

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quatro saídas foram implementadas cinco saídas, suficientes para o escoamento seguro de 24 mil

pessoas e que o fato não ocorreu por necessidade de evacuação do recinto, mas devido a fato

isolado.

Veja-se, então, que a principal imputação que recai sobre o réu Flávio é atinente à

falha no cálculo e implementação das saídas de emergência necessárias para o escoamento do

público almejado pela organização.

Há no laudo oficial informação de que há cinco "aberturas" na arena (croqui de fl.

18 do laudo Instituto de Criminalística), contudo, segundo os experts, apenas três poderiam ser

consideradas saídas de emergência, porquanto as demais não atendiam aos requisitos técnicas da

instrução normativa 12/2004.

Por outro lado, os bombeiros, que realizaram a vistoria, aprovaram o projeto de

prevenção e combate à incêndios e emitiram o AVCB do evento, salientam que quando da vistoria

havia quatro saídas de emergência, nos termos da planta substitutiva apresentada pelo réu Flávio,

razão pela qual o projeto foi aprovado com capacidade máxima para a arena de 19.200 pessoas, o

que constou na FAT retirada pelo engenheiro após o evento danoso. Afirmaram, ainda, que não só

constataram na vistoria a implementação das quatro saídas de emergência previstas no projeto

apresentado, como também que havia uma quinta saída, sem sinalização, a qual seria suficiente

para escoamento do público previsto pela organização.

Nesse sentido, destaco o depoimento do tenente Ivair Nunes Pereira, ouvido como

testemunha do juízo e responsável pela sessão técnica do grupamento de bombeiros: " o projeto foi

aprovado de acordo com as normas do corpo de bombeiros; que o perito desconsiderou uma das

saídas, por isso constaram no laudo três saídas ao invés de quatro, porque ele entendeu que pelo

fato de uma das saídas ficarem numa paralela lateral ao palco, e a legislação, a instrução técnica

12, dizer que a saída de emergência das pessoas não pode se confundir com a saída dos artistas,

então ele desconsiderou, por conta disso é que ele coloca que haviam apenas três saídas, mas no

local efetivamente as saídas estavam executadas; que houve confusão por parte do perito ao

observar as plantas da arena, pois elas mostram a quarta saída, que foi desconsiderada, que há um

acesso lateral que dá vazão a esta saída, de maneira que não se confundisse com a saída dos

artistas; que a denúncia faz menção aos itens 3 e 4 deste relatório de fl. 1641 e que a colocação que

faz das 04 saídas se refere ao projeto; que esta situação de vistoria no local foi visualizada pelo

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André Luiz Bicudo, porém, após a ocorrência do evento, foi destacado um outro oficial para

vistoriar o local, esse oficial ratificou aquilo que já tinha sido feito em vistoria, porque ele relata

inclusive que a quinta saída que havia sido retirada do primeiro projeto original, embora não

sinalizada, ainda persistia no local; que existiam as 04 saídas que estavam na polícia civil na época

dos fatos, sendo que o inquérito apontava inclusive fotos mostrando uma saída que estava sendo

sinalizada, estava sendo colocada uma faixa de saída durante a perícia que estava sendo realizada

no local; esta faixa referia-se à quinta saída que não tinha sido desmontada no local embora não

prevista no projeto substitutivo, então pelo que foi relatado e pelo que foi constatado

posteriormente pelo vistoriador, após a ocorrência do evento, havia as 04 saídas e a quinta saída

que não estava sinalizada, e não era considerada para efeito de saída. excerto da sentença

proferida na Justiça Militar, que analisou a responsabilidade dos bombeiros pelo mesmo fato em

análise nesta ação penal (página 2092 dos autos).

Oportuno destacar que a Justiça Militar absolveu os bombeiros responsáveis pela

fiscalização do evento, em relação a acusação de homicídio culposo e lesão corporal culposa, por

entender o magistrado sentenciante que não houve violação das normas técnicas quando da

emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, do que se concluiu que o AVCB obtido

estava regular.

Nesse sentido, destaco trecho da sentença proferida pela Terceira Auditoria da

Justiça Militar, cuja cópia está acostada às fls. 2079/2107:

"Restou, enfim, devidamente demonstrada a atipicidade na conduta dos acusados.

Os depoimentos das testemunhas, as provas materiais e as periciais afastam a coima de imperícia

na aplicação e na exigência do cumprimento das normas técnicas. A prova carreada para os autos

evidencia que não se pode imputar-lhes a redução do tamanho da largura das saídas de

emergência. Os técnicos afirmaram que o primeiro e o segundo denunciados não desrespeitaram a

Instrução Técnica. (fl. 2106)"

Concluiu-se, destarte, diante da prova documental apresentada nos autos e da

prova oral colhidas nesta ação penal e naquela que tramitou na Justiça Militar, que as quatro saídas

de emergência constantes no projeto apresentado ao Corpo de Bombeiros estavam efetivamente

implementadas e que faticamente havia mais uma abertura na arena, não considerada saída de

emergência pela falta de sinalização existente quando da vistoria realizada um dia após o evento.

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Todavia, em que pese a existência da falha técnica atinente ao número e largura de

saídas de emergência existentes no local (já que as saídas de emergência regulares seriam

insuficientes para o escoamento do público estimado pelo engenheiro Flávio), para estabelecer a

responsabilidade criminal do réu Flávio pelas quatro mortes é preciso constatar se as falhas

constatadas no tocante às saídas de emergência contribuíram para o resultado lesivo, tal como

mencionado pelos peritos do Instituto de Criminalística e ratificado pelo Ministério Público na

denúncia e nas alegações finais.

Para tanto, é indispensável verificar se na inexistência de tais falhas os resultados

ocorreriam da mesma forma. Penso que sim.

Com efeito, entende-se por saída de emergência uma estrutura que possibilita a

saída das pessoas em caso de emergências que exigem evacuação rápida do local, fornecendo uma

rota de fuga para os ocupantes e permitindo o acesso de brigadas de emergência e corpo de

bombeiros.

In casu, todavia, não houve uma situação de emergência que tornasse necessária a

efetiva evacuação do público por meio das saídas de emergência localizadas na arena do rodeio de

Jaguariúna.

Conforme já mencionado, não se discute que as mortes ocorreram após uma

aglomeração de pessoas ocorrida em um dos corredores de acesso/saída da arena, quando então

algumas pessoas tentavam entrar na arena e outras sair e houve o fechamento do portão existente

no acesso, por um dos seguranças, agravando a situação.

O fato imputado aos acusados ocorreu em apenas um dos corredores e durante o

transcorrer do show, momento em que normalmente não há uma grande concentração de pessoas

saindo ou deixando a arena (diferente do que ocorre momentos antes do início do show e ao seu

término). Tanto não houve uma situação emergencial apta a justificar uma evacuação e a

utilização das saídas de emergência existentes no local que muitas testemunhas ouvidas só

souberam do fato ocorrido após o término do evento, pela própria imprensa, e o show musical

continuou até o final sem qualquer outra intercorrência.

Discutiu-se muito no decorrer do feito a efetiva implantação e validade das duas

saídas de emergência localizadas próximas ao palco e denominadas de saídas 07 e 08 no croqui n.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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01 da folha 12 do laudo oficial.

Contudo, ainda que ambas as aberturas preenchessem os requisitos legais (da IT

12/2004) para serem consideradas "saídas de emergência, os resultados lesivos não teriam sido

evitados. Isso porque, reitero, o público existente no local assistindo ao show musical lá

permaneceu próximo ao palco e, na verdade, as pessoas que se dirigiram ao acesso 01 (croqui n.

01 folha 12 do laudo), onde ocorreu o evento danoso, pretendiam deixar a arena com destino aos

outros setores, enquanto que outra parte do público do evento tentava ingressar na arena para

assistir ao show que ocorria, não havendo uma situação emergencial (incêndio, atentado, etc.) que

tornou necessária a utilização das saídas de emergência que não teriam sido implementadas (ou

estavam irregularmente implementadas segundo o laudo oficial) pelo engenheiro acusado.

No mais, alega o Ministério Público que o réu Flávio foi negligente ao considerar,

para fins de concessão do AVCB, a lotação máxima do evento 30 mil pessoas, quando deveria ter

considerado a lotação máxima da arena 24.960 pessoas, uma vez que não havia controle de acesso

à arena e as pessoas que comprovam ingressos para os outros setores (área vip, camarote e

arquibancada) tinham livre acesso para a arena.

No entanto, ainda que seja inconteste que o público dos demais setores poderia ter

acesso à arena e que não havia controle de acesso à arena (diferente do que ocorre hoje nas edições

do Jaguariúna Rodeo Festival) e que seja de conhecimento geral que nem todas as pessoas que

compram os ingressos para os demais setores descem para assistir o show musical na pista, o

número estipulado pelo réu Flávio como lotação máxima tem importância para a fixação do

número e largura total das saídas de emergência necessárias para o escoamento rápido e seguro do

público.

Conforme explicitado pelos policiais militares do Corpo de Bombeiros que

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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prestaram depoimentos2 neste feito e nos autos que tramitaram na Justiça Militar, o organizador

apresenta o número de espectadores do evento e com base em tal informação são calculadas as

saídas de emergência. Então, o cálculo da lotação máxima do recinto tem importância para o

cálculo do número e largura das saídas de emergência a ser executadas e utilizadas em caso de

evacuação do público, situação esta não ocorrida.

Por conseguinte, não se pode afirmar que eventual erro na estipulação da lotação

máxima da arena contribuiu para o resultado danoso ocorrido em um dos corredores de acesso.

Para concluir, analisando com cuidado o conjunto probatório apresentado,

especialmente as declarações das vítimas, os depoimentos das testemunhas e o laudo pericial do

Instituto de Criminalística (cujas conclusões são similares), não tenho dúvida de que alguns fatos

contribuíram de forma relevante para o evento danoso: a existência de apenas dois corredores que

davam acesso do público à arena; o fato do corredor onde ocorreu o evento danoso funcionar ao

mesmo tempo como acesso e saída da arena; o fechamento doloso do portão existente no corredor

01 pelos seguranças do evento; a falta de organização quando do acesso do público à arena e da

arena para as demais partes do evento; a falta de atendimento rápido às vítimas e a aglomeração de

muitas pessoas no mesmo corredor.

Todavia, a Instrução Normativa do Corpo de Bombeiros n. 12/04, na época dos

fatos, nada estabelecia quanto ao número mínimo de corredores necessários para o acesso ao local,

tampouco impedia que o mesmo corredor funcionasse como entrada e saída de emergência, razão

pela qual nenhum dos engenheiros pode ser responsabilizado criminalmente por tal fato. Os

seguranças responsáveis pelo fechamento do portão, não obstante a gravidade do fato, não foram

identificados. As falhas atinentes à segurança e atendimento médico durante a realização do

evento não foram imputadas pelo Ministério Público ao réu responsável pela organização do

evento e, por fim, a questão relativa à aglomeração de pessoas será analisada a seguir, quando da

apuração da responsabilidade criminal do réu Valdomiro, organizador do evento.

2 Lucimara de Godoy Vilas Boa " esclareceu que o que era definido primeiro, entre quantidade de pessoas ou número de saídas de emergência, era a quantidade de pessoas e que dependendo da quantidade de pessoas, passa-se a exigir um número X de saídas de emergência. Contou que se não tiver esse número X de saídas de emergência, as medidas a serem tomadas eram exigir que o organizador aumentasse o número de saídas de emergência ou diminuísse a quantidade de pessoas, é o organizador quem lhes diz “neste evento terão tantas pessoas e tantas saídas de emergência”, então eles verificam se as saídas de emergência são suficientes e se o recinto comporta aquela quantidade de pessoas, sendo então o organizador que passa aquelas informações à eles e eles verificam se esta de acordo com a legislação e no caso em questão, estava

de acordo com a legislação."

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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Diante disso, porque o projeto de combate à incêndio apresentado pelo engenheiro

Flávio foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros e os bombeiros responsáveis pela emissão de tal

documento foram absolvidos na Justiça Militar, não tendo sido verificada qualquer irregularidade

na aprovação do AVCB e porquanto as falhas técnicas atinentes às saídas de emergência e cálculo

da lotação do recinto não contribuíram para o evento morte, conforme amplamente fundamentado

nesta sentença, é também o caso de absolvição do acusado Flávio Paoliello Machado.

Por fim, passo a analisar a responsabilidade criminal do acusado Valdomiro

Poliselli Júnior.

Segundo a acusação, o mencionado acusado, na qualidade de empresário que

organizou e promoveu o evento, assumiu a posição de garante da segurança dos espectadores e, no

dia dos fatos, de forma negligente e imprudente, permitiu o ingresso no recinto do Rodeio de

milhares de pessoas a mais que a lotação máxima previamente fixada e autorizada pelo Auto de

Vistoria do Corpo de Bombeiros, gerando uma superlotação que impediu o fluxo normal das

vítimas no corredor onde ocorreram os fatos, o que implicou em empurra-empurra, quedas e

pisoteamentos.

Na defesa preliminar, em seu interrogatório e, ao final, nas alegações finais, o

acusado afirma que não houve superlotação, ou seja, não houve o ingresso no local de um número

maior de pessoas que o permitido pelo AVCB (30 mil pessoas), conforme comprovam os

documentos da CATRESP e da empresa "ingresso rápido", e nega que os resultados lesivos

tenham sido causados pela superlotação, afirmando que, do contrário, as mortes e lesões ocorridas

no corredor foram causadas por um tumulto decorrente de um briga isolada ocorrida na arena.

Assim, para a condenação do réu Valdomiro é imprescindível verificar, com base

nas provas documentais e orais produzidas, se na condição de organizador do evento ele permitiu

o ingresso no recinto de um número maior de pessoas que o autorizado pelo Auto de Vistoria do

Corpo de Bombeiros (AVCB), isto é, 30 mil pessoas; se tal fato contribui, de forma relevante, para

a aglomeração de pessoas no corredor e, por consequência, para a ocorrência das mortes e, enfim,

se tal resultado era previsível. Vejamos.

No que concerne à superlotação, segundo o órgão ministerial esta consistiu em

permitir a entrada no evento de um número de espectadores superior a lotação máxima

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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estabelecida no Auto de Vistoria de Corpo de Bombeiros, qual seja, 30 mil pessoas.

Para a análise de tal fato é imprescindível verificar os documentos apresentados

aos autos referentes ao número de ingressos vendidos e ao número de pessoas que foram

contabilizadas pelas catracas utilizadas no evento, assim como a idoneidade de tais documentos

para comprovar efetivamente o público existente no evento, bem como analisar as conclusões dos

peritos oficiais confrontando-as com o parecer do assistente técnico nomeado pelo acusado

Valdomiro.

Ao ser ouvido na Delegacia de Polícia e posteriormente em juízo, o Tenente da

Polícia Militar Carlo Guilherme Cardoso relatou que após tomar ciência do ocorrido, enquanto

acompanhava um flagrante de tráfico de entorpecentes na Delegacia de Polícia, se dirigiu para a

Red Eventos, foi até a sala onde são confeccionados os ingressos da festa e solicitou que o

funcionário responsável emitisse um borderô, ou seja, um relatório, com o objetivo de descobrir a

quantidade de pessoas que entraram no recinto, documento este que demorou para ser emitido,

mas lhe foi entregue.

Assim, tem-se que o relatório de ingressos vendidos pelo sistema "ingresso

rápido" foi obtido pelo Tenente Guilherme após algumas horas do evento danoso, tendo sido

fornecido por funcionário da organização (documentos de fls. 37 e seguintes do apenso). Nesse

documento (fl. 46 do apenso) constou a lotação máxima por setor (21000 pessoas para

pista/arquibancada/parque; 6.000 pessoas para a ala VIP e 3.000 pessoas para o camarote,

totalizando a lotação máxima de 30 mil pessoas), bem como o número de ingressos vendidos para

cada setor e os ingressos cortesia fornecidos para cada setor, chegando-se ao total de 27.224

ingressos vendidos, segundo o aludido documento.

No entanto, observa-se que na planilha fornecida pela "ingresso rápido" não

constaram os ingressos vendidos para os camarotes, somente aqueles fornecidos como "cortesia"

(fls. 2209).

Já o relatório da CATRESP (documento de fl. 36 do apenso) foi apresentado pela

própria organização do evento. Nesse relatório constou como total de público que ingressou no

recinto 25.679 pessoas, divididas e denominadas de "estudantes" e "ingresso" (ou seja, ingresso

inteiro), público este que foi contabilizado por meio de 19 catracas.

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Por outro lado, é incontroverso (documento juntado à fl. 2217 pela própria defesa)

que o evento contava com 34 catracas. Dessas, fora informado pela organização do evento e

ratificado pelo réu Valdomiro, que 24 catracas eram destinadas ao acesso de público com ingresso,

venda ou cortesia, sendo que dessas catracas 04 eram reserva técnica, 20 foram instaladas e 10

catracas eram usadas para o pessoal credenciado, ou seja, aqueles para quem não são fornecidos

ingressos mas uma simples credencial que dá acesso ao recinto (fornecedores, funcionários,

patrocinadores, atletas, etc).

Com o parecer do assistente técnico nomeado pelo réu Valdomiro, também foi

informada a disposição de cada uma das catracas instaladas, bem como que as catracas 09 e 20

instaladas na portaria da bilhetaria estavam quebradas (fl. 2219) e apresentada a relação analítica

das pessoas credenciadas (fls. 2220/2291), as quais corresponderiam, segundo a organização, a

418 pessoas, razão pela qual concluiu o assistente técnico que "no dia 22 de maio de 2009,

adentraram no recinto do evento Jaguariúna Rodeo Festival o total de 26.097 (vinte e seis mil e

noventa e sete pessoas)" sendo que 18.578 ingressaram pelas catracas instaladas na

portaria/bilheteria que dava acesso ao parque/arquibancada/arena; 7.101 ingressaram pelas

catracas localizadas na ala VIP/camarotes e outras 418 pessoas ingressaram pelas catracas

instaladas para os denominados credenciados (fl. 2197).

Não se pode olvidar, contudo, que a conclusão do assistente técnico contratado

pela defesa se baseia em informações que não constam no documento oficial enviado à perícia do

Instituto de Criminalística e que foram fornecidas pela organização do evento após o início do

trâmite do processo.

Conforme já explicitado, não consta no relatório simplificado da CATRESP a

divisão setorizada das catracas, tampouco os dados referentes às 14 catracas não constantes desse

relatório. Nesse documento – submetido à análise do IC - somente constam enumeradas vinte

catracas, sendo que duas delas, as de número 09 e 20, não contém dados, não se sabendo, portanto,

quantas pessoas efetivamente ingressaram pelas quatorze outras catracas existentes e se dessas

catracas quatro delas efetivamente não foram utilizadas, porquanto para reserva técnica.

Além disso, não é crível que em um evento organizado para 30 mil pessoas metade

das catracas sejam colocadas à disposição de apenas 1,5% do total do público (isto é, à apenas 418

pessoas que possuíam credenciais e não ingressos).

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Anoto, ainda, que as catracas não foram objetos de perícia técnica, de modo que,

não sendo o relatório da CATRESP documento idôneo para comprovar efetivamente quantas

pessoas efetivamente ingressaram no evento, pelas falhas já apontadas, a conclusão dos peritos

subscritores do laudo do Instituto de Criminalística, no tocante ao público do evento, ganha

relevância.

Nesse diapasão, verifico que os peritos, primeiramente, fizeram uma estimativa de

público presente no evento com base mormente nos documentos obtidos durante o inquérito

policial, e imagens do dia do evento fornecidas pela própria organização e por diversos veículos de

comunicação, e, após extensa análise constante do laudo (fls. 91/111 do laudo oficial) emitiram a

seguinte conclusão:

"Da análise comparativa entre as reproduções simuladas e as "imagens" das mídias

das TV's pode-se concluir que: a taxa de ocupação da arena, nos instantes que antecederam o

sinistro, era superior a 04 pessoas por m2, ou seja, o número de espectadores era superior a 24.960

pessoas, ou resumidamente 140% superior a lotação máxima calculada pelos relatores em função

da somatória total das saídas existentes, ou ainda, 30% superior a lotação máxima autorizada pelo

Corpo de Bombeiros, caracterizando em qualquer das duas situações a ocorrência de superlotação.

(...) Em razão do exposto, os relatores acreditam que o total do público no interior das instalações

do "Jaguariúna Rodeo Festival", no dia dos fatos, era superior a 30.000 (trinta mil) pessoas,

conforme apresentado a seguir:

RECINTO/SETOR N. PESSOAS CALCULADOS PELO PERITOS

N. DE PESSOAS CONSIDERADO

ARENA Maior 24.960 (a) 24.960

ARQUIBANCADAS 7.339 (b) 6.605

ALA VIP 5.521 (c) 4.968

CAMAROTES 2.717 (d) 2.445

PRAÇA ALIMENTAÇÃO 5% da somatória da arena, ala VIP, camarotes e arquibancadas (e)

1.948

ACESSO/SAÍDA 01 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632

ACESSO SAÍDA 02 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632

ACESSO SAÍDA 03 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632

TOTAL GERAL DO PÚBLICO 42.822

Onde: (a) e (e) pela análise das imagens; (b) lotação máxima em função das

saídas; (c) e (d) pelo borderô resumo, (f) área de acesso x 4 pessoas por metro quadro; (g) no caso

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das arquibancadas, ala Vip e Camarotes, considerou-se que 10% das pessoas no horário do show

encontravam-se na praça de alimentação ou no interior da arena. Do exposto, verifica-se que o

total geral no recinto do "Jaguariúna Rodeo Festival, na data do sinistro, era de 42.822

(quarenta e duas mil, oitocentas e vinte e duas pessoas) ou cerca de 42% maior que o

autorizado pelo Corpo de Bombeiros (30.000), caracterizando a ocorrência de superlotação"

(fls. 112 do laudo, grifos nossos).

É certo também que os peritos fizeram outras quatro estimativas de público pelas

quais também chegaram a número superior a 30 mil pessoas.

Na segunda estimativa, asseveraram os peritos que "como na planilha 'ingresso

rápido' não existe qualquer informação acerca do número de catracas e considerando que, na

análise de tal planilha, se verificou que o total de ingressos vendidos para estudantes e inteiras é

menor que o registrado na "planilha público", acreditam que estes valores poderiam representar as

14 catracas faltantes e, em assim sendo, o total de espectadores seria igual a somatória do total de

público dessa planilha com a do item anterior", chegando ao total de 52.903 pessoas. Contudo, tal

estimativa não deve ser aceita - tal como impugnado no parecer do assistente técnico -, uma vez

que os peritos somaram o total de público representado na planilha de venda de ingressos com o

total de público representado na planilha das catracas, que contém as pessoas que ingressaram no

evento, o que é contraditório, já que as pessoas contabilizadas na planilha da CATRESP

ingressaram no recinto com o ingresso e, portanto, também estavam contabilizadas na planilha da

ingresso rápido.

Em outra seara, os peritos elaboraram uma terceira hipótese de estimativa de

público do evento, calculando o total do público em função do número de catracas, borderô

resumo e planilha de público, nos seguintes termos: "considerando-se, ainda, que na análise da

planilha de público temos um total de 25.679 pessoas que ingressaram através de 20 catracas e que

não existem quaisquer registros referentes ao ingresso dos espectadores para a Ala Vip e

Camarotes, que tem entrada diferenciada, que no presente caso poderiam ser as 14 catracas

faltantes e como na planilha do "Ingresso Rápido – Borderô Resumo" o total de ingressos da Ala

Vip e Camarotes correspondem a 8.238 pessoas, o total seria igual a 25.679 + 8.238 pessoas, com

total geral de público de 33.917 pessoas, configurando superlotação" (fl. 114).

Tal estimativa pode ser considerada, já que de fato o relatório da CATRESP não

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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possui qualquer informação acerca do público que entrou no evento com os ingressos do Camarote

e Ala VIP e é cediço que tal público não utiliza a mesma catraca dos espectadores com os

ingressos mencionados.

E embora no parecer do assistente técnico conste que as catracas n. 06 e 18 foram

utilizadas pelos Camarotes e Ala VIP (2189) tal informação não constou no relatório oficial

apresentado quando do início do inquérito policial e não veio acompanhada de qualquer outra

prova. Demais disso, o fato de somente terem sido informados os dados relativos a 18 catracas,

das 34 disponibilizadas à organização, torna legítima a utilização dos dados contidos na planilha

de venda de ingressos para a estimativa de público. Assim, mais essa estimativa corrobora a tese

de superlotação autorizada pelo réu.

Por outro lado, a quarta hipótese elaborada pelos peritos também não pode ser

aceita por este juízo como elemento comprobatório da superlotação, uma vez que os relatores do

laudo utilizaram como premissa para tal cálculo o fato de que as pessoas que compraram ingressos

para um show cancelado anteriormente poderiam usar o mesmo ingresso para show ocorrido no

dia 23 de maio de 2009, quando ocorreu o evento danoso. Porém, tal fato, embora cogitado quando

do início do processo e tenha sido objeto de questionamento às testemunhas de acusação, vítimas e

testemunhas de defesa, não foi comprovado no decorrer do feito.

Assim, considerando que os documentos apresentados pela organização do evento,

quais sejam, o borderô da empresa "ingresso rápido" e o relatório da CATRESP foram

insuficientes para comprovar a contento o público que efetivamente ingressou no Rodeio de

realizado em 23 de maio de 2009 e, por outro lado, tendo em vista a validade de duas das quatro

estimativas elaboradas pelos peritos, as quais demonstram efetivamente que ingressou no local um

público superior a 30 mil pessoas, deve ser reconhecida a superlotação.

E nos termos defendidos pelo Ministério Público, de fato restou devidamente

comprovado nos autos que a superlotação concorreu de forma relevante para as mortes do quatro

jovens e que tal fato era previsível ao réu Valdomiro, responsável pela organização do evento.

O Capitão da Polícia Militar Sidney Maurano Júnior, ouvido pelo Ministério

Público em 29 de abril de 2009 (fl. 204), ou seja, quase um mês antes dos fatos, já havia alertado

para o risco de superlotação, dizendo ser pratica corriqueira da organização do evento, o que

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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infelizmente veio a ser confirmar, conforme se observa no seguinte excerto do seu depoimento:

"Em decorrência das informações obtidas durante as reuniões com os

organizadores, chamou a atenção o fato de não ter sido apresentado a quantidade de ingressos

colocados à venda pelo organizador do evento. Apenas foi informado que trabalhariam com a

expectativa de público de 30.000 pessoas. Considerando que sabemos que, habitualmente, esse é

apenas o número de pessoas que o corpo de bombeiros limita como capacidade do recinto para o

Rodeio e tendo em vista a experiência dos anos anteriores, em que tive de intervir, por mais de

uma vez, para fechar a bilheteria e o acesso de arquibancadas, pela evidente superlotação no

recinto, há indicios de que, novamente, serão oferecidos ingressos além da capacidade permitida.

Isso comprometerá muito a segurança do público (...) (fl. 200).

No mesmo teor foi o ofício do Tenente Coronel Vanderlei Manoel de Oliveira,

datado de 28 de abril de 2009 e reproduzido às fls. 205/207.

Da ata da reunião acerca do Jaguariúna Rodeo Festival 2009, datada de 23 de abril

de 2009, constou o seguinte: "(...) A Sra. Telma, Secretária de Relações Institucionais do

município, (...) É de seu conhecimento que haverá shows cuja expectativa de público chegue em

torno de 50.000 (cinquenta mil) pessoas, ou seja, o dobro da população do município (...)" (fl.

211). Os senhores Carlos (diretor do evento) e Valdeir (responsável pelo estacionamento) estavam

presentes e nenhuma ressalva fizeram a essa afirmação.

Na reunião preparatória anterior, de 22 de abril de 2009, constou que: "Como item

necessário à elaboração do projeto de segurança, antes da sua apresentação foi perguntado à

organização o número de ingressos colocados à venda, sendo informado pelo Sr. Belém, advogado

do evento, que tal informação não possui, assim sendo trabalha com o público estimado de 30.000

(trinta mil) pessoas por dia, conforme possibilita a certidão de providências fornecida pela Polícia

Militar." (fl. 213).

Ou seja, já causava estranheza que as vésperas de um evento de tal magnitude a

organização ainda não tivesse decidido quantos ingressos seriam postos a venda, ainda mais que o

Rodeio era promovido pela empresa do acusado há vários anos e há vários anos o excessivo

público era constado pela Polícia Militar.

No mais, as vítimas e testemunhas ouvidas corroboram a alegação de que o evento

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

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estava superlotado – assim como já se observava nos eventos realizados nos anos anteriores,

situação está modificada, para melhor, depois de 2009.

De forma resumida, a vítima Stela Ribeiro Paula relatou que a arena estava muito

lotada, que entrava conforme as pessoas iam empurrando, então decidiu aguardar no canto

enquanto as pessoas iam passando que permaneceu de 10 ou 15 minutos na grade aguardando

viram uma fila de pessoas que estavam conseguindo sair e resolveram sair junto com aquelas

pessoas já que a multidão não parecia melhorar, visto que já tinha se perdido dos dez amigos.

Também as vítimas Gabriel Victor S. E Paula de Souza Skauriu relataram que a

entrada da arena estava muito congestionada, estando difícil de caminhar e a testemunha Rafael

Francatto também disse que o recinto estava tão cheio que quase não dava para andar. .

Mais incisivo foi o depoimento do policial militar Tenente Carlos Guilherme

Cardoso, o qual afirmou que a movimentação na chegada do recinto era bem maior que o normal e

que estacionamento estava muito cheio, mais que o usual.

Embora algumas testemunhas tenham afirmado que outros setores do evento

estavam com movimento normal se comparado às outras edições do evento, dos relatos colhidos e

das imagens apresentadas no laudo pericial é possível observar que havia sim uma grande

concentração e aglomeração de pessoas na arena. Assim, foi suficientemente demonstrada a

superlotação do recinto.

E não procede a alegação da defesa – baseada no parecer do assistente técnico

Ricardo Molina – de que o evento danoso decorreu de uma ação incontrolável provocada por um

multidão em pânico em decorrência de uma briga pontual.

Ora, conquanto algumas vítimas e testemunhas tenham afirmado que houve uma

briga dentro da arena próxima ao local do fato, não se infere dos relatos que a aglomeração de

pessoas no corredor 01 (croqui do laudo) de entrada e saída decorreu da aludida briga, ou seja, que

as pessoas resolveram sair da arena para "fugir" de tal briga, entrando no corredor ao mesmo

tempo em que outras pessoas tentavam entrar na arena.

Nesse sentido, destaco as declarações da vítima Barbara Cardoso, no sentido de

que "chegando na saída teve uma briga, mas não tinha nada a ver, a briga aconteceu na entrada do

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corredor, mais a esquerda e o pessoal contornava à direita", o que corrobora as declarações da

testemunha Carlos, namorado dela, de que as pessoas já queriam sair do local e que desviaram da

briga para acessarem o corredor de saída.

Portanto, não se pode afirmar por nenhum elemento de prova colhido que o evento

ocorrido decorreu de um pânico na multidão provocado por uma briga ocorrida na arena.

Outrossim, está evidenciado nos autos que a superlotação no evento provocou uma

aglomeração no corredor 01 (segundo croqui do laudo) de acesso/saída da arena e que tal fato

contribuiu de forma relevante para as mortes e lesões corporais ocorridas.

Corroborando tal conclusão, tem-se, além dos relatos das vítimas e testemunhas já

transcritos, a reprodução simulada dos fatos realizada pelos peritos do Instituto de Criminalísticas,

juntada às fls. 46/54, após a qual os experts concluíram: (a) que as portas de acesso/saída n. 01

estavam aberta para o interior da arena; (2) não havia dispositivo de controle do número de

espectadores nem do direcionamento do fluxo; (3) que o referido acesso encontrava-se lotado de

pessoas; (4) que a queda, sobreposição de corpos e pisoteio das vítimas teve início

aproximadamente 6 metros do porão de entrada do acesso.

Impende frisar, por oportuno, que, ao final do laudo, concluíram os peritos que a

superlotação tanto do recinto geral quanto da arena, na ala Vip e Camarotes constituíram fatores

de risco (fl. 116 do laudo) e quanto à responsabilidade dos organizadores do evento assim

destacaram: "A organização, por permitir o ingresso, de mais 30.000 espectadores, configurando

superlotação, conforme o já consignado anteriormente assumiu a responsabilidade de colocar a

segurança dos espectadores em risco" (fl. 117).

E nem se fale que os eventos danosos ocorridos (mortes e lesões corporais) não

eram previsíveis ao réu Valdomiro, uma vez que indubitavelmente ele tinha ciência da lotação

máxima estabelecida pelo Corpo de Bombeiros e é cediço que tal providência formal tem por

escopo garantir a segurança dos espectadores.

Aliás, em eventos de grande magnitude é de praxe a exigência pela polícia militar

da apresentação, pela organização do evento, de inúmeros documentos tendentes a demonstrar que

o evento é seguro, ou seja, não oferece riscos à integridade física do público. E o réu Valdomiro,

na condição de organizador do Rodeio de Jaguariúna há mais de 20 anos sempre teve ciência

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dessas exigências e obviamente, ao permitir o ingresso no evento em testilha de um número maior

de pessoas que o autorizado pelo AVCB, assumiu o risco de produzir o resultado danoso, pelo

qual, portanto, deve ser responsabilizado criminalmente.

Diante de todo o exposto, com base em toda a argumentação exposta acima, é o

caso de absolvição dos acusados Maria Carolina da Silva Wilkler e Flávio Paoliello Machado de

Souza e de condenação do réu Valdomiro Poliselli Júnior pelos quatro homicídios culposos

descritos na denúncia.

Passo, então, a dosar às penas.

Sopesados os critérios estabelecidos nos artigos 59 e 60 do Código Penal, verifico

que embora o acusado seja primário e tenha bons antecedentes, as circunstâncias do delito em

exame fogem de casos análogos do mesmo tipo penal, o que justifica o aumento da pena mínima

em 1/2.

Isso porque as mortes ocorreram em evento de grande magnitude, tendo o delito

causado grande comoção social. Além disso, as vítimas faleceram muito jovens, de modo que

houve grande sofrimento e angústia por parte dos familiares, especialmente dos genitores. Assim,

fixo a pena-base em 1 ano e 6 meses de detenção.

Não há agravantes ou atenuantes a serem valoradas.

Em razão do concurso formal de crimes, uma vez que, com uma ação o réu

produziu quatro mortes, aumento a pena em 1/2 (em razão do número de mortes), nos termos do

artigo 70 do Código Penal, fixando-a em 2 anos e 3 meses de detenção.

A pena é definitiva, pois nenhuma circunstância mais a altera.

O regime inicial da pena privativa da liberdade seria o aberto, por força do art. 33,

parágrafo 2º, aliena “c”, do Código Penal.

Todavia, considerando que o acusado preenche os requisitos do artigo 44, incisos

I, II e III, cumulado com o parágrafo 2º, e artigo 45, parágrafo primeiro, do Código Penal,

substituo a pena corporal por uma pena de prestação de serviços à comunidade a ser fixada pelo

Juízo das Execuções Penais e outra pena de prestação pecuniária.

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Fixo a prestação pecuniária no valor máximo previsto, isto é, 360 salários

mínimos, pois notória a vultosa capacidade financeira do réu, o qual é um grande empresário da

região. Tal prestação pecuniária ser revertida para entidade pública ou privada com destinação

social, a ser especificada quando da Execução Penal, uma vez que é de conhecimento deste juízo

que as famílias das quatro vítimas que faleceram foram ressarcidas civilmente pelo próprio réu,

enquanto organizador do evento, de modo que eventual prestação pecuniária fixada em favor das

famílias das vítimas se perderia, ante a compensação admitida pelo artigo 45, parágrafo primeiro,

do Código Penal.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação penal para:

(1) EXTINGUIR a punibilidade dos réus FLÁVIO PAOLIELLO MACHADO DE

SOUZA, MARIA CAROLINA DA SILVA WINKLER e VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR

ante a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em abstrato, nos termos do artigo 109, inciso

VI, e artigo 107, IV, do Código Penal em relação a imputação da prática, por oito vezes, do delito

previsto no artigo 129, parágrafos 6º e 7º do Código Penal;

(2) ABSOLVER os réus MARIA CAROLINA DA SILVA WINKLER e FLÁVIO

PAIOLIELLO MACHADO DE SOUZA, com fundamento no artigo 386, inciso V, do Código de

Processo Penal;

(3) CONDENAR o réu VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR, qualificado nos

autos, à pena de 2 (dois) anos e 3 (três) meses de detenção, no regime inicial aberto, em caso de

conversão, substituída por uma pena de prestação de serviços à comunidade e outra de prestação

pecuniária no valor de 360 salários mínimos, a ser revertida para entidade público ou privada de

fins sociais a ser indicada, pela prática do delito previsto no artigo 121, parágrafo terceiro, na

forma do artigo 70 (por quatro vezes) do Código Penal.

Poderá o réu condenado apelar em liberdade, porquanto primário, com bons

antecedentes, estão ausentes os requisitos que autorizariam sua custódia cautelar e a prisão é

incompatível com a pena aplicada.

Após o trânsito em julgado: (a) lance-se o nome do réu no rol dos culpados; (b)

notifiquem-se a família das vítimas do teor desta decisão; (c) informe a condenação ao IRGD e

TRE.

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Deixo de fixar a indenização devida às vítimas, visto que a questão já foi discutida

em ação própria.

Custas na forma da lei.

P.R.I.

Jaguariuna, 06 de abril 2018.

Ana Paula Colabono Árias

Juíza de Direito

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,

CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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