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Flávia Almada Horta Marques CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: PROPOSTA DE UM MODELO PARA A ÁREA DE ENSINO E PESQUISA Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de mestre em Administração. Orientador: Marcos Gonçalves Ávila Rio de Janeiro 2007

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Flávia Almada Horta Marques

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: PROPOSTA DE UM MODELO

PARA A ÁREA DE ENSINO E PESQUISA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de mestre em Administração.

Orientador: Marcos Gonçalves Ávila

Rio de Janeiro

2007

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Marques, Flávia Almada Horta.

Custeio Baseado em Atividades: Proposta de um Modelo para a Área de Ensino e Pesquisa / Flávia Almada Horta Marques. – 2007

143 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2007.

Orientador: Marcos Gonçalves Ávila

1. Custos. 2. Sistema de Custos ABC. 3. Pequenas e médias empresas. 4. Setor de ensino e pesquisa – Teses. I. Ávila, Marcos Gonçalves (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

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Flávia Almada Horta Marques

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: PROPOSTA DE UM MODELO

PARA A ÁREA DE ENSINO E PESQUISA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de mestre em Administração.

Aprovada em

_________________________________________________

Marcos Gonçalves Ávila, Ph.D. – Orientador

(COPPEAD / UFRJ)

_________________________________________________

André Luiz Carvalhal da Silva, D.Sc.

(COPPEAD / UFRJ)

_________________________________________________

Ronaldo Soares de Andrade, Ph.D.

(EP-COPPE / UFRJ)

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À minha família por todo o carinho, amor e apoio que possibilitaram que eu esteja aqui hoje.

Ao Paulo, pela atenção, carinho e força ao longo dos últimos anos.

À Delma pela ajuda de todo o sempre.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Marcos Ávila pela orientação e pelos ensinamentos

importantíssimos durante a realização deste projeto.

À equipe da Instituição de Ensino e Pesquisa, pelas horas valiosas dedicadas a

me ajudar no desenvolvimento deste trabalho e pelas informações

fundamentais para o sucesso do mesmo.

Aos professores do COPPEAD, cujos ensinamentos guardarei para toda a vida

e aos colegas, com quem as discussões forma sempre riquíssimas.

Aos funcionários do COPPEAD, que fazem parte do dia-a-dia dos mestrandos

e são essenciais ao longo de nosso trajeto.

Aos professores da banca, pela gentileza de aceitarem compor a banca

examinadora desta dissertação.

A todos os outros, não explicitamente mencionados aqui, pela contribuição na

realização desta dissertação.

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RESUMO

MARQUES, Flávia Almada Horta. Custeio baseado em atividades: Proposta de um Modelo para a Área de Ensino e Pesquisa. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.

Esta dissertação está inserida no contexto brasileiro de grande número de pequenas e médias empresas que se confrontam com alto grau de competitividade no mercado e precisam de boas ferramentas para um efetivo controle gerencial. Para tal, propõe um modelo para implantação do sistema de custeio baseado em atividades (ABC) em instituições de ensino e pesquisa. A revisão bibliográfica mostra que, apesar de existirem dificuldades à implementação do ABC em pequenas e médias empresas, os projetos são finalizados com sucesso e trazem informações úteis à gerência.

O modelo proposto apresenta 8 etapas e busca revelar se há alinhamento entre os objetivos da instituição de ensino e pesquisa e a alocação dos recursos, em especial a alocação de tempo dos professores. As etapas são exemplificadas através de um estudo de caso em uma unidade pertencente a universidade pública, montado a partir de informações de instituições que oferecem cursos de graduação, mestrado, doutorado, educação executiva e pesquisa na área de administração.

Os professores foram analisados como centros de atividades – atividades docentes – e agrupados em perfis de dedicação horária que expõem se suas tarefas estão de acordo com a estratégia da instituição. Os resultados evidenciam que o modelo proposto é economicamente viável, simples e abrangente, podendo ser aplicado a outras instituições de ensino e pesquisa sem a necessidade de grandes revisões.

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ABSTRACT

MARQUES, Flávia Almada Horta. Custeio baseado em atividades: Proposta de um Modelo para a Área de Ensino e Pesquisa. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.

In Brazil, there is a big number of small and medium-sized businesses, which struggle in a globalized, competitive market and are in need of tools for an effective management control. In this context, this thesis proposes a model to introduce an activity-based costing system in high education & research institutions. The bibliography studied showed that the implementation of ABC systems in small and medium-sized companies is successful, although there are some difficulties to be overcome.

The model is organized in 8 steps and intends to reveal if the resources’ allocations are aligned with the institution’s strategy, most of all, if professors’ dedication is in accordance with the unit’s objectives. The steps are put into practice through an example; a case study in a public university, built with the information of institutions that are focused in offering undergrad and graduate programs, full-time and part-time MBAs, doctoral programs and research in the management field.

Professors were analyzed as activity centers and, further along, grouped according with their allocation time, what exposed weather, or not, their activities were in conformity with the institution’s strategy. Results demonstrated that the model is feasible, simple and general; and that it can be implemented in other high education and research institutions.

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LISTA DE SIGLAS

ABC Activity-Based Costing AP Autorização de Pagamento, é o documento de autorização de

pagamento coletivo de professores em cursos da Instituição de ensino e pesquisa

CD Conselho Deliberativo COPPEAD Instituto COPPEAD de Administração EFEI Escola Federal de Engenharia de Itajubá Ensino LS Ensino Lato Sensu Ensino SS Ensino Stricto Sensu FHC Fernando Henrique Cardoso (ex-Presidente) FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério GRH Gerência de Recursos Humanos IES Instituição de Ensino Superior IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LRF Lei de Responsabilidade Fiscal NF Nota Fiscal OP Ordem de Pagamento; é o documento de autorização de

pagamento individual, de pessoa física ou jurídica PIB Produto Interno Bruto PJ Pessoa Jurídica PME Pequenas e Médias Empresas PNE Plano Nacional de Educação RPA Recibo de Pagamento de Autônomos RVD Recibo de Valores Diversos SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SIMPLES Sistema Integrado de Pagamento de Imposto e Contribuições

da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte TI Tecnologia da Informação UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11

1.1. MOTIVAÇÃO E RELEVÂNCIA DO ESTUDO.................................................. 13

1.2. METODOLOGIA ..................................................................................... 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 18

2.1. O CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES .................................................... 18

2.2. CRÍTICAS AO SISTEMA DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES.................. 20

2.3. O USO DO ABC NO BRASIL.................................................................... 21

2.4. AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS ....................................................... 24

2.5. O ABC NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS .......................................... 30

2.5.1. Viabilidade dos estudos e simplificações necessárias................ 32

2.5.2. Qualidade da base de dados ...................................................... 33

2.5.3. Escolha e medição dos drivers ................................................... 34

2.5.4. Mapeamento das atividades ....................................................... 35

2.5.5. Os resultados obtidos pelo ABC nas pequenas empresas ......... 37

2.6. O ABC EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA .................................... 40

2.7. CONCLUSÕES DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................. 44

3. PROPOSTA DE UM MODELO ABC PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA DE PEQUENO / MÉDIO PORTE.................................................. 47

3.1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 47

3.2. ETAPA 1 – DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DO PROJETO E DOS OBJETOS FINAIS

DE CUSTEIO .................................................................................................... 48

3.3. ETAPA 2 – IDENTIFICAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS AOS PRODUTOS ............ 50

3.4. ETAPA 3 – DEFINIÇÃO DE ATIVIDADES..................................................... 51

3.4.1. Classificação de atividades......................................................... 51

3.4.2. Mapeamento de atividades......................................................... 53

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3.4.3. Escolha dos centros de atividades.............................................. 55

3.5. ETAPA 4 – ORGANIZAÇÃO DA BASE DE CUSTOS ....................................... 58

3.6. ETAPA 5 – CUSTEIO DAS ATIVIDADES...................................................... 63

3.6.1. Identificação dos custos associados às atividades ..................... 63

3.6.2. Alocação dos custos às atividades ............................................. 65

3.7. ETAPA 6 – REDISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS ENTRE AS ATIVIDADES .............. 66

3.8. ETAPA 7 - ALOCAÇÃO FINAL................................................................... 68

3.8.1. Alocação das atividades de suporte aos produtos e das atividades

diretas aos objetos finais de custos .......................................................... 68

3.8.2. Alocação do custo das Atividades Docentes .............................. 70

3.8.3. Alocação dos custos da atividade Administração Institucional ... 71

3.8.4. Identificação do custo global de cada produto............................ 72

3.9. ETAPA 8 – ANÁLISE .............................................................................. 74

3.9.1. Análise das informações geradas pelo modelo........................... 74

4. CONCLUSÕES......................................................................................... 78

5. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 82

6. ANEXOS................................................................................................... 87

ANEXO 1. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES.................................................... 87

ANEXO 2. MAPAS DE PROCESSO ................................................................. 131

ANEXO 3. TEMPO DE DEDICAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS..................................... 136

ANEXO 4. ANÁLISE DOS DRIVERS DE ATIVIDADES........................................... 142

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1. INTRODUÇÃO

Uma das metodologias bastante utilizada para a identificação dos custos de

produtos, serviços ou clientes é o Custeio Baseado em Atividades (ABC –

Activity-Based Costing). Introduzida no mundo corporativo em meados da

década de 80, com o objetivo de reduzir as distorções causadas pelos sistemas

tradicionais de custos na alocação dos custos indiretos aos produtos

individuais, o ABC tem ganhado crescente aceitação, tanto no contexto

internacional quanto no contexto nacional (Kaplan e Atkinson, 1998).

No entanto, por estar, com freqüência, associado a um processo de

implantação e manutenção caro e complexo, por requerer significativo trabalho

de consultoria externa e uso de software especializado, a metodologia tem sido

adotada principalmente por grandes empresas, capazes de investir altas soma

na melhoria dos sistemas organizacionais.

Parte da literatura associada a ABC sugere, entretanto, que a iniciativa de

maior relevância por parte das organizações é de implantar a lógica ABC e não

soluções sistêmicas específicas. O argumento é de que a implementação

dessa lógica pode ser realizada de forma simples e barata (Hicks, 1992). Uma

linha de pesquisa desenvolvida no Instituto COPPEAD / UFRJ tem procurado

avaliar essa proposta e tem levantado evidências a respeito de sucesso e

limitações de projetos de implantação do ABC em pequenas e médias

empresas (PMEs). Tais evidências indicam que empresas de menor porte

podem utilizar, com sucesso, o conceito associado ao ABC sem elevados

gastos de desenvolvimento e implementação. As dissertações sobre o tema

procuram indicar as dificuldades encontradas nestas empreitadas, as

limitações associadas à utilização do conceito de forma mais simplificada,

dificuldades usuais de implementação e percepção do cliente da informação

quanto ao benefício do sistema, por parte de pequenas e médias empresas

(Santos, 1997; Guimarães, 2000; Pulstinic, 2000; Costa, 2001; Merlindo de

Freitas, 2003; Moraes, 2003 e Lira, 2004).

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Uma área em particular onde há a idéia de centrar atenções no conceito ABC é

a área de administração pública. Na esfera governamental, o controle dos

custos tem se tornado uma questão central, principalmente a partir da Lei de

Responsabilidade Fiscal. Segundo o web-site da Secretaria do Tesouro

Nacional:

A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF (Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000) estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam os desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, destacando-se o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como premissas básicas. (http://www.stn.fazenda.gov.br/hp/lei_responsabilidade_fiscal.asp, acessado em 06/06/2006)

Ribeiro (1997) lembra que alguns episódios da história nacional, como o

impeachment do ex-presidente Fernando Collor em 1992 e as constantes

denúncias de corrupção, mostram que a população brasileira demanda mais

transparência e participação nos negócios públicos. Além disso, a autora

acrescenta que descobriu, através de entrevistas com gestores e

representantes do Sistema de Controle Interno, que têm ocorrido avanços na

tentativa de “substituição do modelo de administração burocrática, cuja ênfase

é o controle a priori dos procedimentos, pelo paradigma de administração

gerencial, baseada no controle a posteriori ou de resultados” (Ribeiro, 1997, p.

17).

Estruturou-se esse trabalho com o objetivo de mostrar, através de um estudo

de caso, a aplicação da metodologia ABC no contexto da prestação de serviços

de educação e pesquisa. Embora o ABC venha, de fato, sendo crescentemente

aplicado em organizações em geral, a sua utilização em universidades públicas

assim como em organizações governamentais em geral é ainda extremamente

limitada (Moraes, 2003).

O modelo de custeio proposto neste trabalho pode também, acreditamos, servir

de base e referência para universidades e outras organizações de prestação de

serviços, sejam de fins lucrativos ou não. O contexto do trabalho é o de discutir

e propor soluções aplicáveis a pequenas e médias empresas. Em

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conseqüência, a presente proposta se refere fundamentalmente a uma

aplicação de ABC a uma instituição de pequeno ou médio porte ou a uma

unidade acadêmica de uma universidade. Essas organizações apresentam

limitações financeiras e operacionais (pessoal, tecnologia e banco de dados

são exemplos), mas demandam informações de custo para apoiar o

crescimento e sustentabilidade do negócio em uma perspectiva de longo prazo,

dentro de um ambiente crescentemente competitivo. Em termos mais globais,

cabe o registro quanto à importância das empresas de pequeno e médio porte

no Brasil (segundo dados do IBGE, em 2003, 93% das empresas brasileiras

tinham até 4 empregados).

Este trabalho está divido em capítulos, sendo o primeiro deles a Introdução,

que aborda a motivação, os objetivos, a delimitação e a relevância do estudo.

No capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica, que fala sobre questões

básicas do Sistema de Custeio Baseado em Atividades e do uso deste sistema

no Brasil, abordando, com especial atenção, o ABC em pequenas e médias

empresas. Esta abordagem se apresenta sob a forma de revisão e análise de

estudos de caso encontrados na literatura.

O capítulo seguinte apresenta a proposta de metodologia para implementação

do ABC em instituições de ensino e pesquisa de pequeno/ médio porte, que é o

objeto central deste trabalho, exemplificando-o com um caso montado a partir

de informações de diversas instituições. O capítulo final discute o modelo

apresentado e apresenta as conclusões do trabalho.

1.1. Motivação e relevância do Estudo

A oportunidade de discussão de uma metodologia de custeio no setor de

educação é particularmente inovadora e importante, tendo em vista a

importância e os altos custos associados ao setor no Brasil. Silva (2000)

sugere que são crescentes as restrições orçamentárias sofridas pelas

instituições de educação superior, públicas e privadas. Atualmente, os sistemas

de financiamento e de orçamento usados nas universidades e faculdades não

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são adequados, já que não consideram a possibilidade de se encontrar, dentro

e fora destas instituições, comportamentos oportunistas.

Na literatura pesquisada, nacional e internacional, identificou-se significativa

limitação na aplicação da metodologia de custeio baseado em atividades para

instituições de ensino. As tentativas parecem ser ainda escassas e, na

Inglaterra em 1998, uma pesquisa quantitativa, sobre o estado dos sistemas de

custos e sobre o uso do ABC em instituições de ensino superior, mostrou que

somente 9% dos respondentes haviam introduzido o ABC em suas instituições

(Cropper e Cook, 2000).

Em contraste com essa realidade, existe no contexto de universidades

públicas, significativa escassez de recursos financeiros e crescente pressão

por parte da sociedade para que a Lei de Responsabilidade Fiscal tenha cada

vez mais impacto nas organizações públicas, o que demanda controle efetivo

dos custos.

Segundo uma pesquisa realizada em 2002, que analisou as principais medidas

relacionadas à educação tomadas ao longo do governo de Fernando Henrique

Cardoso (FHC), foram aprovadas diversas leis que impactam no financiamento

da educação no Brasil (Pinto, 2002). Alguns exemplos são: a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) e o Plano

Nacional de Educação (PNE). Durante aquele governo, tomou-se como diretriz

que os fundos existentes para a educação eram suficientes para as

necessidades do país e que seria apenas necessário otimizar a sua utilização,

por exemplo focando mais intensamente no ensino de base do que no ensino

superior e cobrindo eventuais lacunas através de parcerias e apoios da

sociedade. No entanto, Pinto (2002) relata que, para alcançar as metas do

PNE, são necessários investimentos muito maiores do que aqueles realizados

nesta época. Enquanto durante o governo FHC os gastos foram de cerca de

4% do PIB, “as metas do PNE sinalizam para a necessidade de recursos da

ordem de 10% do PIB” (Pinto, 2002).

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A mão-de-obra especializada e altamente qualificada, fundamental para a

oferta de serviços de qualidade, constitui alto custo para todas as empresas de

educação superior. Vale ressaltar que os salários pagos aos professores de

universidades públicas são baixos, e eles competem com outros centros de

estudo pelas verbas existentes e doações de empresas, buscando reduzir o

gap de salários, isto é, procuram fontes de renda alternativas (Silva, 2000). Em

conseqüência, um desafio importante que pode se colocar a unidades

acadêmicas é o de geração de receitas de forma a financiar e manter a

qualidade dos serviços prestados.

No geral, para outras pequenas empresas – sejam elas do setor educacional

ou não – a informação de que as dificuldades encontradas durante projetos de

implementação do ABC podem ser superadas, através de adaptações na

metodologia, incentiva o uso da mesma. Desta maneira, é possível melhorar a

identificação dos custos de prestação de serviço / venda de produto sem que

isto signifique incorrer em grandes (e inviáveis) investimentos. Tendo em vista

que a grande maioria das empresas brasileiras é micro, pequena ou média

(vide Gráfico 1), a existência de uma metodologia de custeio que seja ao

mesmo tempo economicamente viável e eficaz ganha muita importância.

Gráfico 1: Número de empresas segundo faixa de pessoal ocupado total

Fonte: IBGE <www.ibge.gov.br>, acesso em 10/06/2006

Número de funcionários x Percentual do número de empresas e outras organizações

0 a 483%

20 a 291%

5 a 99%

10 a 194%

30 a 491% 50 a 99

1%100 ou mais

1%

Fonte: www.ibge.gov.br

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Um sistema de custos para controle e auxílio na tomada de decisão é uma

ferramenta que pode trazer benefícios para as empresas de pequeno e médio

porte, cujas necessidades atuais de informação se devem, entre outras, ao

ambiente altamente competitivo e globalizado. Apesar de os sistemas de

custos não serem fator suficiente para o sucesso deste grupo de companhias,

a falta de controle pode deixá-las em dificuldade ou levá-las à destruição. Por

exemplo, uma estratégia de precificação baseada em margem sobre os custos

pode ser desastrosa caso os custos apurados não tenham acurácia.

1.2. Metodologia

O referencial teórico necessário para o embasamento das etapas de

implantação do Sistema de Custeio Baseado em Atividades está baseado na

pesquisa em livros conhecidos sobre o ABC, em revistas e publicações

especializadas (tanto volumes físicos, quanto publicações disponibilizadas via

Internet) e nas dissertações realizadas na linha de estudo deste trabalho.

Foram também consultados outros web-sites de alguma forma relacionados ao

tema.

Para a elaboração do modelo, foram feitas consultas às fontes de dados de

instituições de ensino e pesquisa focadas na área de Administração, e

realizadas reuniões e entrevistas com diretores e funcionários destas

instituições. Inicialmente, os objetivos de custeio foram definidos conversando-

se com os dirigentes das instituições envolvidas. Depois, as bases de dados

permitiram identificar os custos diretos típicos aos objetos finais de custeio e

forneceram material valioso para etapas posteriores de elaboração do modelo.

As entrevistas que se seguiram não foram estruturadas, mas sim abertas, de

forma a permitir aos funcionários maior grau de liberdade e, com isso, melhorar

o entendimento das atividades desenvolvidas nas empresas estudadas. No

entanto, algumas perguntas gerais foram utilizadas para levar os entrevistados

a identificar todas as informações relevantes para a criação de um modelo

capaz de representar a realidade de instituições de ensino e pesquisa em

geral.

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As entrevistas de levantamento de atividades se realizaram em 2 etapas: em

um primeiro momento, as principais atividades dos departamentos escolhidos

foram identificadas em uma planilha contendo os nomes, as entradas e as

saídas das atividades. Com a lista de atividades pronta, prosseguiu-se para a

segunda etapa: o mapeamento detalhado das atividades, com ou sem

fluxograma de processo, que posteriormente, sofreram uma análise crítica para

se formar um grupo de atividades abrangente e significativo para institutos de

ensino e pesquisa. Além disso, durante o próprio processo de mapeamento,

algumas observações foram levantadas pelos funcionários, causando uma

revisão na lista de atividades. Nesta etapa, uma idéia prévia quanto aos

direcionadores de custos ideais foi elaborada.

Em seguida, passou-se à análise das bases de custos das empresas, visando

entender os custos envolvidos na prestação de serviços de ensino e pesquisa.

Com as informações em mãos, o modelo foi elaborado e um caso foi

estruturado para exemplificar a implementação do modelo proposto em uma

unidade de ensino e pesquisa fictícia. As etapas finais do modelo foram

aplicadas a este caso, sobre o qual se ressalta que custos são fictício mas

atividades e drivers de custos buscam representar uma instituição de ensino e

pesquisa típica.

Na alocação dos custos às atividades e aos objetos finais de custos, foi

determinada uma hierarquia para a distribuição de acordo com a metodologia

descrita por Hicks (1992) e, também, baseada no consumo das atividades

entre departamentos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo serão brevemente apresentados alguns conceitos básicos sobre

o Custeio Baseado em Atividades e, em seguida, será mostrado um pequeno

panorama das pequenas e médias empresas no Brasil e do uso do ABC no

país. Finalmente, serão revistos alguns estudos de caso na linha de pesquisa

desta dissertação, isto é, sobre a implementação do ABC em pequenas e

médias empresas (PMEs) e em instituições de ensino e pesquisa.

Com relação às características do ABC, este trabalho não apresentará muitos

detalhes sobre o sistema devido ao grande número de artigos disponíveis na

literatura sobre o assunto, mas procurará evidenciar as questões

experimentadas durante a sua implementação em pequenas e médias

empresas, ressaltando os pontos positivos e negativos de tais empreitadas.

2.1. O Custeio Baseado em Atividades

A partir de meados da década de 80, a estrutura de custos nas principais

empresas em todo o mundo estava tão distinta daquela que incentivou a

criação dos sistemas tradicionais de custos que os resultados obtidos por estes

se tornaram muito imprecisos. De uma forma geral, estes sistemas se

restringem a responder a uma pergunta: “Como a organização pode alocar

custos para geração de relatórios financeiros e controle de custos

departamentais?” (Kaplan e Cooper, 1998). Entretanto essa pergunta não era a

única que demandava resposta para as empresas manterem suas posições no

mercado. Tornaram-se necessárias mais informações sobre a demanda de

recursos e o uso desses recursos em cada parte da empresa.

A nova estrutura de custos existente nas firmas, com maiores proporções de

custos indiretos sobre diretos, motivou o desenvolvimento de um sistema que

levasse em consideração as diversidades e peculiaridades das empresas.

Assim, nesta época, surgiu o Custeio Baseado em Atividades.

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Quando a estrutura de custos de overhead é muito complexa e diversificada, e uma abordagem de simples alocação de custos indiretos é usada, então, o custo de alguns produtos será sub-avaliado e o de outros produtos será super-avaliado. Isto é, uma abordagem simples de alocação de custos indiretos aplicada a uma estrutura de custos complexa vai suavizar, na média, as implicações de custos devidas à diversidade no nível de produto individual (...). Quando ocorre este fenômeno, diz-se que o sistema de custos está criando subsídios cruzados. (...) [As] decisões de preço e uma variedade de outras decisões se baseiam nas informações de custo de produtos individuais. Caso haja incoerências significantes nesses dados específicos dos produtos, algumas decisões incorretas podem ser tomadas. (Kaplan e Atkinson, 1998)

O Activity-Based Costing calcula os custos de produtos baseado em

informações coletadas sobre os recursos e as atividades das empresas. No

ABC, atividade é uma unidade de trabalho, ou uma tarefa com um objetivo

específico, e centro de atividade é um grupo de máquinas ou empregados que

realizam as atividades (Kaplan e Atkinson, 1998). A visão é que as atividades

consomem recursos e o consumo destes recursos gera custos. Cada produto /

serviço demanda mais ou menos de uma dada atividade e, portanto “o custo de

cada atividade é atribuído aos produtos e serviços conforme a demanda que

cada produto ou serviço exerce sobre a atividade” (Ávila, 1992).

Kaplan e Cooper (1998) indicam que sistemas ABC buscam responder as

seguintes perguntas: quais atividades são realizadas pelos recursos

operacionais? Quanto custa realizar as atividades e os processos de negócios?

Por que as atividades e os processos são necessários? Quanto de cada

atividade é necessário para oferecer os produtos e serviços e para atender aos

clientes?

Como, na busca pela identificação dos custos das empresas, a metodologia

ABC precisa passar pela identificação das atividades, muitas informações

podem ser obtidas sobre os processos realizados na empresa, razão pela qual

é possível encontrar as respostas às perguntas anteriores.

Nos projetos básicos do ABC, após terem sido identificados os custos diretos e

os indiretos, são avaliados os gastos de recursos nas atividades através de

entrevistas, registros de tempo e observação direta do percentual de tempo

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ocupado por cada funcionário na realização das diversas atividades, o que

fornece o custo da atividade. Em seguida, a equipe responsável pelo projeto

deve calcular as taxas de direcionadores de custos das atividades, que são

utilizadas na alocação dos custos das atividades para os produtos ou clientes

individuais (Kaplan e Anderson, 2004).

Conforme mencionado anteriormente, os grandes casos de sucesso

apresentados na literatura se referem às grandes empresas, que possuem

capital, recursos humanos e tecnológicos para implantar um sistema de grande

porte. Existe um trade-off entre os benefícios – em termos de maior acurácia –

e os custos trazidos por um sistema de custos. Como a implantação e a

manutenção de um sistema ABC podem, em princípio, se tornar muito

complexas, e as pequenas e médias empresas naturalmente apresentam

menos recursos financeiros, humanos e tecnológicos, elas se tornam menos

candidatas a adoção da metodologia.

Azevedo et al. (2004) observam que o grau de comprometimento da alta

direção da empresa é um dos fatores mais importantes para implantação do

Sistema de Custeio Baseado em Atividades, pois ela é capaz de disponibilizar

os recursos humanos, financeiros e computacionais necessários ao projeto.

Além disso, para os membros da alta hierarquia, este sistema é muito

importante porque “não serve apenas como narrador dos custos incorridos no

período, mas também como ferramenta gerencial de análise de processos e

direcionador de decisões de ordem estratégica” (Azevedo et al., 2004).

As vantagens de ABC como metodologia não é unânime. Existem grupos de

pesquisadores que criticam este sistema, indicando pontos de fraqueza, e

alguns deles serão abordados no parágrafo seguinte.

2.2. Críticas ao Sistema de Custeio Baseado em Atividades

Quando se decide pelo uso de um novo sistema de custeio, é comum o foco no

debate sobre os problemas do sistema antigo, com pouca atenção aos

potenciais problemas do novo sistema (Horngren apud Elias, 2003). Com o

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ABC não é muito diferente, e dentre as principais dúvidas apresentadas na

literatura está a relação custo-benefício do uso do ABC, que é visto como mais

acurado mas, também, mais caro. Para Catelli e Guereiro (1995) o ABC, devido

a uma “fraqueza conceitual” não é a resposta ideal ao problema identificado

nos sistemas tradicionais, de não atendimento às necessidades de informação

dos gestores.

Essa fraqueza seria caracterizada pela elevada subjetividade no rateio, que,

segundo os autores, existe mesmo no ABC. Elias (2003) sugere que essa

subjetividade deve ser registrada e pode se constituir de fato em significativa

limitação na viabilidade de aplicação do método:

Concluindo, advertimos que o êxito deste método, como qualquer outro, depende da maior ou menor presença de subjetividade por parte dos empregados e executivos, incluindo a daqueles que o aplicam (...) (Elias, 2003).

Outro ponto fraco do ABC, de acordo com Catelli e Guerreiro (1993, 1995), é a

crença generalizada de que a informação gerada por esse sistema é relevante

para o processo de tomada de decisão, o que, segundo eles, não é verdade

absoluta, pois “uma informação é relevante ou não dependendo do modelo de

decisão do usuário da informação”. A visão desses autores é que o ABC

fornece um modelo de decisão incompleto, tendo em vista que não analisa o

lado das receitas, dos benefícios gerados pelas atividades. Como

conseqüência desta “miopia” ter-se-ia a baixa responsabilização de quem

efetivamente toma as decisões relativas aos custos fixos, lembrando que se os

produtos são responsabilizados por todos os custos, ignora-se a natureza dos

custos fixos, independentes dos volumes de atividades e de produção.

2.3. O uso do ABC no Brasil

Existem pesquisas que relatam a utilização do ABC no Brasil, dentre as quais

as duas primeira a serem discutidas aqui, focam, ambas, as 500 maiores

empresas do país. A terceira pesquisa apresentada nesta sessão trata dos

sistemas de custo em geral, em pequenas empresas de vestuário da cidade de

Juiz de Fora, em Minas Gerais.

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Khoury e Ancelevicz (1999) pesquisaram, através de questionário, as maiores

empresas brasileiras não financeiras, segundo o ranking da revista Exame –

Melhores e Maiores de 1996. Os pesquisadores descobriram que, apesar de

muitas dessas empresas terem ouvido falar do sistema ABC, cerca de um terço

delas não se interessou efetivamente pelo sistema, tendo sido discurso nas

empresas comerciais que o sistema era adequado somente para as empresas

industriais. Mais de um quarto das empresas respondentes afirmou estar

experimentando o ABC enquanto pouco menos de um décimo delas rejeitou o

sistema por considerá-lo caro e complexo. Por outro lado, 18% das empresas

estavam implantando ou já utilizando o ABC, não sendo nenhuma delas do

setor industrial.

Na comparação com a realidade norte-americana, canadense e inglesa, o

Brasil se diferenciou por ter iniciado o uso mais recentemente. Além disso,

comparando com a situação no Canadá, as empresas no Brasil se

caracterizaram por envolver mais a controladoria do que a alta administração.

Cinco anos mais tarde, Azevedo et al. (2004) pesquisaram as maiores

empresas, de acordo com a Revista Exame Melhores e Maiores 2002, tendo

como base o questionário aplicado por Khoury. Nesta nova versão, descobriu-

se que houve queda na proporção de empresas que utilizam o ABC (de 18%

para 14,3%), especialmente devido às mudanças no setor automotivo, e, ao

mesmo tempo, redução na proporção de respondentes que informaram não se

interessar em avaliar o sistema (de 40% para 25,7%). Houve crescimento em

quase todos os setores – eletroeletrônicos; siderurgia / metalurgia e serviços –

exceto nas empresas automotivas e de autopeças.

Os autores também comentam:

Entre os principais motivos citados para a não utilização do ABC está o elevado investimento em pessoal especializado, desenvolvimento de processos para coleta de dados e o sistema informatizado. Por estas razões a relação custo/benefício torna-se desfavorável, sendo este o principal motivo pelo qual as empresas abandonaram o ABC, entretanto, elas ainda continuam utilizando algumas ferramentas como mapeamento e otimização de processos. A maioria das empresas utiliza o Custeio ABC integrado a outros sistemas contábeis ou a outros sistemas da empresa, como o Just in

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Time (JIT) e o Total Quality Management (TQM). (Azevedo et al., 2004)

É interessante notar que, mesmo as pesquisas tendo focado nas maiores

empresas do Brasil, existe, por parte de diversas empresas, a percepção de

que o Activity-based Costing System é extremamente caro e complexo, e que

sua implantação não recompensa os custos incorridos, quer dizer, que a

relação custo / benefício é desinteressante.

No mais, as empresas de serviço, setor ao qual pertence a organização objeto

de atenção neste estudo, têm, aparentemente, mostrado resistência para iniciar

o uso deste novo método de custeio, a partir da percepção de que o ABC é

adequado ao ambiente industrial e não aos serviços.

Um outro estudo, cujo universo era um conjunto das 101 pequenas e médias

empresas de vestuário da cidade e Juiz de Fora, MG, segundo o número de

empregados, pesquisou, por questionário, o uso dos sistemas e das

ferramentas de apuração e análise de custos. Com taxa de resposta de 50%,

Horta (2004) afirma que não tem sido comum o uso desses sistemas e

ferramentas como fontes geradoras de informações nas empresas

pesquisadas, muito menos do ABC, e relata:

... apesar de toda a atenção que hoje é dada ao ABC, atribuindo-lhe vantagens que tornam-no o substituo natural aos chamados sistemas tradicionais de custeio, estes mostram-se mais compatíveis com a realidade das pequenas empresas quanto às suas características e contexto nos quais estão inseridas. O custeio por absorção, o custeio variável, o custo padrão, a análise do ponto de equilíbrio, das relações custo – volume – lucro e o conceito de margem de contribuição ainda conservam validade quanto à sua implantação e operação nas pequenas empresas que possuem uma estrutura de custos onde os materiais diretos e a mão-de-obra direta são os custos mais relevantes, os processos de manufatura ainda são bastante padronizados e produzem uma pequena variedade de produtos e as máquinas e equipamentos dependem de operação humana na maior parte do tempo de seu funcionamento, como ocorre com as empresas que participaram da pesquisa empírica.

Mais a frente, entretanto, serão relatados casos de implementação do sistema

de custeio baseado em atividades em empresas de pequeno e médio porte dos

mais diversos setores da economia e que obtiveram sucesso em seus

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objetivos. Estes resultados contradizem a prerrogativa de inviabilidade do uso

do ABC em empresas menores e também mostra que, apesar das críticas (vide

sessão 2.2) e dificuldades, o sistema apresenta benefícios aos seus usuários.

2.4. As pequenas e médias empresas

Conforme indicado no capítulo 1 deste trabalho, a grande maioria das

empresas brasileiras se enquadra nas categorias pequena ou média. São

usados diferentes critérios na conceituação do porte das empresas.

No Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte de 1999,

atualizado pelo Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004, microempresa

é aquela com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14; já a

empresa de pequeno porte tem receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e

igual ou inferior a R$ 2.133.222,00.

De acordo com a Legislação Tributária, para fins do recolhimento do SIMPLES

– Regime Simplificado de Tributação, conforme disposto na Medida Provisória

275/05, é considerada microempresa uma firma com receita bruta anual igual

ou inferior a R$ 240.000,00 e empresa de pequeno porte aquela com receita

bruta anual superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.

Para a classificação nos estudos realizados pelo SEBRAE, o critério utilizado é

de número de pessoas ocupadas na empresa, conforme a Tabela 1. Esta será

a classificação usada ao longo deste trabalho.

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Tabela 1: Classificação das empresas por porte, segundo critério SEBRAE

Fonte: SEBRAE <www.sebrae.com.br>, acesso em 10/06/2006

Indústria Comércio e serviço

Micro Até 19 Até 9

Pequena 20 a 99 10 a 49

Média 100 a 499 50 a 99

Grande 500 e mais 100 e mais

Número de pessoas ocupadas

Classificação das empresas por porte

Algumas das características das PMEs são descritas por Gunasekaran et. al

(1999):

Os recursos são escassos; As tarefas do chão de fábrica diretamente relacionadas com a produção

têm envolvido, normalmente, alto grau de atuação humana na tomada

de decisão e na execução; As relações pessoais são extremamente importantes; Elas possuem maior potencial para a geração de inovações,

comparativamente às grandes empresas; Têm habilidade para se adaptar rapidamente aos mercados que mudam

constantemente; Os processos são menos burocráticos; As redes de comunicação internas são informais e eficientes; Um grande número de pequenas empresas tem alguma forma de

ligação externa de suma importância para o desenvolvimento de seus

negócios; Elas tendem a estar concentradas em indústrias tradicionais, onde as

barreiras de entrada são pequenas, as exigências de volume de

produção são menores e o uso de mão-de-obra intensiva é

razoavelmente alto.

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A estrutura de empresas brasileiras, de acordo com seu porte mostra que

quase 100 % delas são micro, pequenas ou médias (vide Tabela 2). Somente

as micro e pequenas, juntas, representavam 99% das empresas existentes no

país em 2002, contratavam 57,2% dos funcionários formais (pessoal ocupado)

e contribuíam com 26% da massa total de salários e rendimentos, de acordo

com os dados do IBGE.

Considerando também as médias empresas, esses valores sobem,

respectivamente para 99,7% das empresas formais, 67% do pessoal ocupado

e 38,7% da massa de salários e rendimentos.

Tabela 2: Número de empresas formais no Brasil

Fonte: SEBRAE <www.sebrae.com.br>, acesso em 10/06/2006

Vale observar a grande distorção em termos de salários e rendimentos, já que

99,7% das empresas geram menos da metade dos rendimentos totais,

incluindo salários. Ainda assim, os dados deixam evidente a importância das

empresas menores para a economia nacional, principalmente para a camada

de mais baixa renda: nas pequenas e nas microempresas o salário médio

mensal estava em torno de 2,3 salários mínimos em 2003, contra 4,9 salários

mínimos nas grandes empresas (IBGE, 2003), evidenciando que boa parte da

população assalariada de mais baixa renda é contratada por PMEs.

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Por outro lado, apesar do grande número de PMEs existentes no país, existe

uma “mortalidade infantil” muito alta, especialmente entre as companhias

menores. De acordo com a Pesquisa de Mortalidade de Empresas, realizada

no primeiro trimestre de 2004 pelo Sebrae (2005), o levantamento das taxas de

mortalidade revelou que:

49,9% das empresas encerraram as atividades com até 2 anos de

existência; 56,4% com até 3 anos; 59,9% com até 4 anos.

Dentre as empresas extintas, 75% ocupavam de 2 a 9 pessoas, ou seja, faziam

parte do grupo de empresas classificadas como pequenas, sendo, a grande

maioria (mais de 95%), dos setores de comércio e serviços. Abaixo é

apresentada uma tabela com as principais razões para o encerramento das

operações, segundo a opinião dos proprietários.

Tabela 3: Ranking das 10 principais razões para encerramento das atividades da

empresa extinta, segundo opiniões espontâneas dos proprietários.

Fonte: SEBRAE <www.sebrae.com.br>, acesso em 10/06/2006

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As razões apresentadas pelos proprietários mostram como é importante

realizar um eficiente controle gerencial e de custos. Mais de 50% dos casos de

encerramento se referem a problemas de capital que poderiam ser reduzidos

com um acompanhamento e análise constante de custos.

Especificamente sobre o tamanho das instituições de ensino, dados do MEC

estão disponíveis no Sistema de Estatísticas Educacionais (Edudatabrasil) – no

web-site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (INEP) – e nas Estatísticas da Pós-Graduação – no web-site da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Estes dados mostram que o número médio de alunos por curso de graduação é

de 218 alunos/curso, enquanto que para os programas de pós-graduação o

número cai para, aproximadamente, 58 alunos/programa. As estatísticas dos

cursos de graduação e dos programas de pós-graduação são apresentadas na

Tabela 4 e na Tabela 5, abaixo.

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Tabela 4: Estatísticas do Ensino Superior no Brasil – Ano Base 2005

Categoria Administrativa da IES Geral Administração

Pública Federal 2.449 90

Pública Estadual 3.171 84

Pública Municipal 571 56

Particular 8.172 1.530

Comun/Confes/Filant 6.044 724

Número de Cursos

Total 20.407 2.484

Pública Federal 579.587 26.066

Pública Estadual 477.349 22.370

Pública Municipal 135.253 18.387

Particular 1.753.184 417.781

Comun/Confes/Filant 1.507.783 220.218

Alunos matriculados em 30/06/05

Total 4.453.156 704.822

Pública Federal 56.565 #N/D

Pública Estadual 39.780 #N/D

Pública Municipal 7.774 #N/D

Particular 113.170 #N/D

Comun/Confes/Filant 88.671 #N/D

Esta

tístic

as -

MEC

C

onso

lidad

o B

rasi

l 20

05

Número de Docentes

Total 305.960 #N/D

Pública Federal 237 290

Pública Estadual 151 266

Pública Municipal 237 328

Particular 215 273

Comun/Confes/Filant 249 304

Número médio de alunos por curso

Total 218 284 Número médio de docentes por curso

Total 15 #N/D

Méd

ias

Número médio de alunos por docente

Total 15 #N/D

Fonte: MEC/Inep/Deaes.

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Tabela 5: Estatísticas da Pós-Graduação no Brasil – Ano Base 2006

Tipo Geral AdministraçãoMestrado 925 39 Doutorado 39 - Mestrado/Doutorado 1.146 17 Profissionalizante 157 21

Número de Programas (1)

Total 2.267 77 Mestrado 79.111 2.544 Doutorado 46.572 583 Profissionalizante 6.798 1.523

Alunos matriculados no Final do ano (2)

Total 132.481 4.650 Permanente 35.226 941 Visitante 631 26 Colaborador 9.465 205

Esta

tístic

as –

CA

PES

Número de Docentes (3)

Total 44.081 1.133 Mestrado/Doutorado 60 56 Profissionalizante 43 73 Número médio de alunos por

programa Total 58 60

Número médio de docentes por programa Total 19 15 M

édia

s

Número médio de alunos por docente Total 3 4

Fonte: CAPES/MEC

(1) Número de programas de pós-graduação, por nível, agrupado por Área

(2) Número de docentes, sem dupla contagem, agrupado por Área

(3) Número de alunos de pós-graduação e tempo médio de titulação em meses, por nível, agrupado por

Área

2.5. O ABC nas pequenas e médias empresas

Em geral, as pequenas e médias empresas possuem sistemas contábeis

informais ou pouco desenvolvidos e esta área ainda sofre com a falta de

suporte por parte dos gestores. Desta forma, é necessário, em muitos casos,

desenvolver o sistema contábil dessas empresas, e não substituí-lo

(Gunasekaran et. al, 1999). Leone (2004) apresenta um exemplo onde esta

situação é clara: o setor de seguros, que tem se desenvolvido no Brasil, mas

não apresenta um sistema de custeio que permita a compreensão da formação

de seus custos.

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As peculiaridades das empresas pequenas fazem com que a implantação de

um sistema ABC em uma firma de menor porte deva ser feita de forma distinta

daquela usualmente escolhida nas grandes empresas. Para Hicks (1992) as

definições ideais neste tipo de projeto são um pouco diferentes daquelas

normalmente usadas em projetos ABC. Segundo ele, nesses casos, as

atividades são “um grupo de processos relacionados ou de procedimentos que,

juntos, atendem a uma necessidade de trabalho da organização”; um driver

(gerador de custos) é “um fator usado para medir como um custo é incorrido e /

ou qual é a melhor forma de cobrar os custos às atividades ou aos produtos”. A

principal diferença encontrada nestas definições ao compará-las com as

tradicionais se refere à materialidade na escolha das atividades e dos

geradores de custos. Muitas vezes simplificações se farão necessárias para

viabilizar o ABC em uma pequena empresa, pois se trabalha, constantemente,

com o trade-off entre acurácia e complexidade do sistema. A proposta é de que

algumas atividades podem ser agrupadas em centros de custo visando reduzir

a quantidade de dados a serem acompanhados em detalhe, sem perda de

acurácia.

A linha de pesquisa desenvolvida no Instituto COPPEAD / UFRJ sugere que é

viável, economicamente, para pequenas e médias empresas (PMEs), implantar

um sistema de custeio baseado em atividades. Diversos estudos de caso

mostraram os benefícios e as dificuldades encontrados durante os projetos em

empresas de diferentes setores. Santos (1997) escreveu a primeira de uma

série de dissertações nesta linha de pesquisa no COPPEAD.

O autor utilizou um modelo semelhante ao apresentado por Hicks (1992).

Segundo tal modelo, um projeto de implementação do ABC em pequenas

empresas deve passar por oito etapas:

1. Identificação e listagem dos principais itens de custo;

2. Elaboração de orçamento para os itens de custo;

3. Identificação das atividades relevantes;

4. Definição dos centros de custo;

5. Escolhas dos drivers de custos para alocação dos itens de custos aos

centros de custo;

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6. Escolha dos drivers de custos para alocar os custos das atividades aos

produtos;

7. Estabelecimento do fluxo padrão de custos;

8. Estabelecimento do custo dos objetos de custo.

2.5.1. Viabilidade dos estudos e simplificações necessárias

Santos (1997), através de um estudo de caso em empresa do setor industrial

localizada no Rio de Janeiro, sugeriu que, com simplificações e adaptações

nos conceitos básicos e com a utilização de um ferramental adequado, é

possível implantar o Activity-based Costing em PMEs com sucesso. Esta

percepção é apoiada por Costa (2001), autor de outro estudo de caso, para

quem o sistema, a fim de se tornar viável no caso em questão, precisou passar

por simplificações.

Duran e Radaelli (2000) discutem simplificações na implantação de um sistema

de custeio baseado em atividades em uma empresa do setor metal-mecânico.

As simplificações se referem a detalhamento das atividades e a escolha de

drivers de atividades. . Os custos de algumas atividades acabaram sendo

distribuídos de forma arbitrária, mesmo com a busca da adoção do conceito de

drivers. Esta opção, apesar de aumentar o grau de arbitrariedade, ainda

permite que a empresa tenha um sistema de custos mais acurado do que os

sistemas tradicionais, onde o grau de arbitrariedade era maior.

Somam-se às simplificações a escolha do software Excel para a realização dos

cálculos, a fim de reduzir o nível de complexidade e, principalmente, os custos

financeiros associados ao Activity-Based Costing (Duran e Radaelli, 2000).

Esta escolha mostra que um mais baixo nível de complexidade da operação

permite o uso de recursos computacionais menos sofisticados.

Outro autor concluiu, a partir de seus estudos, que é possível e relevante a

implantação da metodologia ABC em pequenas empresas, mesmo quando as

diferenças encontradas entre os métodos de custeio tradicionais e o custeio

baseado em atividades não são grandes (Flausino dos Santos, 2002). Sua

conclusão se baseia na observação de que, com o ABC, se cria uma visão de

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33

processo, em substituição de uma visão funcional, que proporciona “maior

satisfação dos clientes internos e maior qualidade dos produtos”.

Este resultado contradiz a conclusão de Horta (2004) quanto à viabilidade e

utilidade do ABC no setor de indústria de vestuários. Como dito anteriormente,

Horta (2004) relata que poucas, dentre as PMEs de vestuário de Juiz de Fora,

acompanham seus custos e um número menor ainda faz uso das informações

de custos coletadas. Por outro lado, o caso estudado por Flausino dos Santos

(2002) mostra os benefícios que podem ser atingidos com o ABC.

Freitas (2003), por sua vez, precisou passar por simplificações na definição das

atividades e dos drivers, que só foram possíveis a partir do entendimento geral

do funcionamento da unidade de trabalho estudada, momento a partir do qual

pôde reduzir o número de atividades e escolher direcionadores de custos

simples.

2.5.2. Qualidade da base de dados

O percurso para maior qualidade de informação de custos passa, também, por

complicações. A primeira dificuldade encontrada por Santos (1997) foi

identificar os itens de custos, pois a empresa estudada por este autor não

possuía um plano de contas. O mesmo problema ocorreu na farmácia de

homeopatia pesquisada por Lira (2004). A limitada sofisticação na organização

da contabilidade é um fato bastante comum em empresas de pequeno e médio

porte, onde as exigências legais são menores, do ponto de vista de relatórios

contábeis e financeiros de natureza gerencial, e a informalidade se mostra

presente e tende a prevalecer. A baixa qualidade da base de dados também é

ressaltada por Devincenzi (2004), que afirma que a falta de dados reais,

necessários para a determinação dos direcionadores de recursos de primeiro e

segundo estágio, é o principal fator limitante da implantação do ABC em

pequenas empresas.

Costa (2001) fez seu estudo de caso em uma clínica médica de médio porte da

Zona Sul do Rio de Janeiro e destacou também, dentre as dificuldades

encontradas no projeto ABC, a qualidade da informação de custos: “As

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informações de custos encontradas na clínica podiam ter graus extremamente

distintos de organização, disponibilidade e confiabilidade”. Alguns autores

ainda levantam a possibilidade de o não comprometimento dos usuários reduzir

a qualidade da informação coletada, problema este que poderia, talvez, ser

reduzido com uma campanha de conscientização (Mauad e Pamplona, 2001).

Ainda com relação ao nível de informação existente em pequenas empresas,

um estudo de caso em restaurante do tipo self-service, com pesquisa também

em 17 outras empresas do gênero localizadas em Florianópolis, mostrou que,

em geral, os gerentes não realizam nenhum tipo de controle interno, até

mesmo pela falta de ferramentas adequadas a este fim. Por exemplo, a

inexistência e a despreocupação com relação aos registros diários (contábeis e

de produção), a falta de informações administrativas, econômicas e financeiras

“contribuem para a ausência de relatórios estruturados que possam oferecer

feedback” aos gestores (Medeiros, 2005).

2.5.3. Escolha e medição dos drivers

Pulstinic (2000) e Guimarães (2000) estudaram os casos de dois

departamentos de uma grande indústria siderúrgica situada no Canadá, a MRM

Steel. Comparando cada um dos departamentos estudados com uma pequena

ou média empresa, observa-se que as limitações descritas para estas últimas

são também encontradas nas primeiras. As bases de dados podem ser mais

completas, mas, em diversos casos, não é possível utilizar o melhor driver

(gerador de custo) para atividades ou objetos de custo. Ainda é necessário

avaliar quanto se ganha ao melhorar a informação de custo e quanto se paga

para ter esta informação mais exata. Segundo Guimarães (2000):

Apesar de que a teoria referente ao sistema de custeio ABC defende que esta metodologia praticamente elimina as arbitrariedades necessárias na alocação dos custos indiretos, o caso mostra que algumas considerações foram realmente necessárias para que se pudesse realizar o trabalho. Isto se deve ao fato de que nem toda a informação necessária ao desenvolvimento do novo sistema estava disponível em formato adequado e nem sempre existia.

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Freitas (2003) precisou escolher cost drivers em função dos melhores dados

disponíveis na empresa, mesmo não sendo esses índices os ideais (que

demandariam uma base de registros mais complexa e cara). Ainda que estas

escolhas tenham gerado certo grau de arbitrariedade, o autor acredita que não

houve perda que comprometesse a acurácia esperada dos resultados.

Corrêa (2002), por sua vez, estudou uma pequena empresa do setor de

informática e descobriu que os funcionários, por dividirem seus tempos entre

muitas tarefas diferentes, têm dificuldade em identificar o tempo gasto em cada

atividade da empresa, caracterizando a complexidade na escolha dos drivers e

na sua medição. Vale ressaltar que quase 60% dos custos indiretos da

empresa se devem à conta Salários e Encargos, tornando-a extremamente

importante. Esta mesma dificuldade foi relatada por Leone (2004) e também

por Mauad e Pamplona (2001): a maioria dos geradores de custo foi medida

através de horas apontadas e houve dificuldade no apontamento das mesmas.

Em uma das empresas, os funcionários não possuíam o hábito de apontar o

consumo de seu tempo, informação de vital importância para um sistema ABC

onde os direcionadores de segundo estágio identificados foram, na grande

maioria, os tempos de dedicação (Mauad e Pamplona, 2001).

Por outro lado, Lira (2004) afirma terem sido suficientes as informações obtidas

com os funcionários da farmácia de homeopatia onde desenvolveu seu estudo.

Este autor avalia que a etapa de mapeamento e custeamento das atividades

foram satisfatórias e trouxeram o retorno necessário, fato importante, dado que

os custos de mão-de-obra eram bastante representativos naquela empresa.

Acrescenta, no entanto, que para algumas atividades a alocação dos custos foi

inviável, devido à não disponibilidade dos dados necessários e à falta de

recursos computacionais.

2.5.4. Mapeamento das atividades

Outra etapa que pode demandar significativo esforço de modelagem é a

identificação das atividades relevantes e o extenso trabalho de mapeamento do

fluxo produtivo da empresa (Santos, 1997). Mapear as atividades e identificar

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os itens necessários à criação do modelo ABC foi descrito por Freitas (2003)

como “um processo cansativo e que demandou muito tempo”, tendo envolvido

bastante re-trabalho, devido à complexidade dos processos e ao fato de a

farmácia hospitalar, onde ocorria o estudo, estar passando por uma

reestruturação de processos.

Em uma empresa de pesquisa, Mauad e Pamplona (2001) reconheceram que

“o levantamento e identificação das atividades, dos direcionadores de segundo

estágio, dos objetos de custos e do mapeamento de todos os processos” foram

os passos mais trabalhosos de toda a implantação e que consumiram mais

tempo. Além disso, esses mesmos autores também relatam a dificuldade dos

gerentes em diferenciar as atividades de simples tarefas e de alguns objetos de

custo.

No estudo de Costa (2001), as peculiaridades das atividades e dos processos

da empresa estudada, exigiram um sistema flexível no qual as informações dos

funcionários de base foram bastante relevantes, apesar de nem sempre estes

estarem comprometidos com o projeto. Em casos como este, a divulgação dos

resultados do projeto ABC dentro da empresa assume um papel ainda mais

importante, conforme descrito a seguir.

Apesar de todo esse comprometimento inicial, durante uma parte [inicial] do desenvolvimento do processo houve apenas a participação das pessoas ligadas mais diretamente a ele. Nessa fase, as etapas conquistadas não foram divulgadas de maneira eficaz, nem tão pouco um processo de doutrinação do ABC foi realizado. Isso acarretou a abnegação por parte de vários gerentes e conseqüentemente por parte da organização, o que passou a constituir um sério problema para a equipe de implantação (...). (Mauad e Pamplona, 2001)

Apesar de, em geral, o fluxograma de processo ser mais complicado em

grandes corporações, os desafios enfrentados nesta etapa, em firmas

menores, são, também, grandes, pois a equipe utilizada para mapeamento é,

costumeiramente, muito pequena e, nem sempre, os funcionários estarão

dispostos a colaborar; eles devem ser incentivados a fazê-lo.

[A implantação do ABC] depende da aceitação, compreensão e comprometimento por parte de seus empregados, já que a implantação do método envolve a definição de novos critérios

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para o consumo dos recursos disponibilizados, sendo que seu sucesso está estreitamente relacionado com a maneira a qual será conduzido, pelos seus recursos humanos, o desenvolvimento do modelo. (Devincenzi, 2004)

2.5.5. Os resultados obtidos pelo ABC nas pequenas empresas

Com relação aos resultados finais apresentados às empresas, as descrições

são, em geral, positivas. Entretanto, vale ressaltar que, para cada gestor, a

importância e os objetivos do sistema podem variar. Por exemplo, a empresa

estudada por Mauad e Pamplona (2002) esperava obter:

...um melhor desempenho organizacional, melhores níveis de integração e de gerenciamento de processos de negócios, maior flexibilidade e agilidade para obtenção de informações gerenciais e melhores níveis de qualidade e de segurança dos dados corporativos.

Para outras empresas, as informações críticas podem ser o custeio das

atividades em si ou de um produto fundamental para os resultados da empresa.

Para Pulstinic (2000), o sistema introduzido na MRM Steel fornece custos de

produtos mais acurados, permite à empresa conhecer os geradores de custos

e os custos das atividades e, logo após sua implementação, trouxe benefícios

associados à tomada de decisão em situações especiais.

Leone (2004) afirma que “o ‘case’ resultado [de seu] trabalho mostrou uma

série de atividades que representam custos ocultos aos olhos dos tomadores

de decisão” de uma empresa que oferece serviços de seguro. Além disso, os

objetos de custo definidos neste caso foram muito diferentes daqueles que

podiam ser usados no sistema tradicional, o que atendeu melhor às

necessidades da gerência.

Santos (1997) pôde obter alguns resultados interessantes, que foram

mostrados à empresa, como o cálculo do custo de alguns produtos

padronizados e comparação dos resultados com aqueles obtidos através do

antigo sistema de custeio. O autor relata que “a realização deste trabalho

permitiu conhecer melhor a estrutura de custos da organização, os custos de

suas atividades, o perfil de seus gastos e o custo específico de cada um de

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seus produtos” e, ainda, ocasionou a tomada de algumas decisões periféricas

importantes para o eficiente controle gerencial naquela empresa.

Os mesmos benefícios foram obtidos por Lira (2004) que conseguiu calcular os

custos das atividades desenvolvidas na matriz e em parte de uma filial de uma

farmácia de homeopatia, no Rio de Janeiro, assim como os custos de seus dois

principais produtos. Também, segundo o trabalho de Freitas (2003), os custos

de prestação de serviço de uma farmácia hospitalar, para clientes internos e

externos, foram calculados, evidenciando-se as distorções; os processos

passaram a ser claramente entendidos e o impacto de decisões de curto e

médio prazo pôde ser mais facilmente avaliados.

Sobre o estudo de Corrêa (2002), o pesquisador ressalta que a aplicação

prática do ABC na empresa de informática permitiu “o cálculo do custo do

serviço prestado, contribuindo deste modo para o entendimento dos custos da

empresa objeto do estudo” e que “o resultado pode ser usado para identificar,

também, as atividades que não agregam valor”. Ainda indica que os diretores

da empresa se mostraram muito satisfeitos com as informações geradas,

desde os custos dos serviços prestados até o maior conhecimento das

atividades e dos processos que permitem melhorar a tomada de decisão e

reduzir custos e despesas.

Flausino dos Santos (2002) focou seu estudo no setor de confecções, e aplicou

a metodologia ABC em uma pequena empresa deste ramo na região de

Cianorte, no estado do Paraná, buscando identificar as diferenças apuradas

entre o método tradicional de custeio e os valores obtidos a partir do ABC.

Além disso, ele também desejava apurar o custo do processo produtivo, de

suas atividades e tarefas. A pergunta central a ser respondida durante a

pesquisa deste autor era: “É possível e relevante a implantação do custeio ABC

nas pequenas empresas de confecções?”

Segundo Flausino dos Santos (2002), o fato de os custos diretos na confecção

estudada representarem quase 80% dos custos totais leva os seus gestores a

não se preocuparem constantemente com os custos totais de seus produtos.

Assim, neste caso, o ABC não foi relevante do ponto de vista de custeio dos

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produtos, pois os métodos tradicionais desempenham bem essa função. Por

outro lado, ao explorar a visão de processo e permitir melhor conhecimento

sobre as atividades desenvolvidas na empresa, o autor comenta que o sistema

ABC fornece uma série de informações importantes para a tomada de decisão,

como a redução de desperdícios e a melhoria de desempenho.

Ainda no setor têxtil, duas outras dissertações foram apresentadas em Santa

Catarina. Pinotti (2003) criou um sistema de custos informatizado para

pequenas e médias empresas de confecções, cujo foco era a geração de

informações gerenciais para a tomada de decisão e para o controle

operacional. O sistema de Pinotti usa os conceitos do ABC para calcular os

custos dos objetos de custo e pressupõe um ambiente informatizado na

contabilidade e no planejamento e controle da produção, pois aproveita

informações que já devem estar disponíveis nestes setores. O autor justifica

que “usando o embasamento acadêmico aplicado à solução de um problema

específico e integrando o sistema proposto dentro de um ambiente

informatizado, parece justificado imaginar que seja possível produzir um

resultado útil para as empresas de roupas”.

Finalmente, Massuda (2003) analisa diversos sistemas de custos e ferramentas

de gestão, depois, aplica a metodologia de gestão de custos proposta por ele

em uma confecção no estado de Minas Gerais. Em pequenas confecções, por

causa das características deste mercado na atualidade, é constante a

necessidade de controlar os custos e diminuir e/ou eliminar as atividades que

não agregam valor. Segundo o autor, “a metodologia de custos provou-se

viável e aplicável”. Esta metodologia faz uso de noções dos sistemas ABC,

especialmente no que tange ao tratamento dos custos indiretos, mas não o

aplica por completo, por considerar que a realidade das confecções não

comporta tal nível de complexidade:

Nos custos indiretos tem-se o Gerenciamento de Processos, ou seja, ferramentas de gestão que interagem com o Método ABC, a fase que antecede os cálculos das atividades. Devido às características das Pequenas Empresas Industriais de Confecções, tais cálculos do Método ABC através de alocações não são viáveis, necessitam de um alto dispêndio de

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capital, mão-de-obra especializada e um suporte de informática à altura (Massuda, 2003).

Por outro lado, Duran e Radaelli (2000) consideram viável implantar o ABC em

pequenas e médias empresas do setor metal mecânico, mesmo tendo

simplificado algumas etapas e, como grande vantagem, relataram a melhora

expressiva na acuracidade dos custos calculados por produto, informação

importante para a tomada de decisão e de grande interesse para os gestores

da empresa. Na empresa estudada por Devincenzi (2004), também houve

melhorias importantes na acurácia dos custos calculados devido ao

rastreamento realizado nos custos indiretos, o que afetou a avaliação de

lucratividade dos produtos, tendo impacto direto nas decisões gerenciais.

2.6. O ABC em instituições de ensino e pesquisa

As empresas do setor educacional e de pesquisa passam por desafios

constantes de oferecer serviços de alta qualidade, que apresentam custos

também enormes e que, além disso, têm significativo impacto social.

Em geral, as entidades de ensino superior trabalham com os custos por

estudante (volume total de recursos empregados dividido pelo número de

estudantes) e com o “‘custo do aluno’, que procura apurar quanto custou a

formação de um estudante”, e outros indicadores semelhantes, que podem

diferir nas instituições que oferecem cursos de extensão e também realizam

pesquisas (Santos et al., 2001). É também um desafio a produção de

conhecimento inovador, com técnicas avançadas e com utilidade para a

sociedade, através da realização de pesquisas de qualidade, tanto na iniciação

científica, quanto na pós-graduação e no pós-doutorado (Melo, 1998 apud

Della Vechia, 2001).

Acton e Cotton (1997) acreditam que o ABC aplicado aos centros de apoio de

universidade leva ao custeio mais acurado dos serviços prestados pelos

mesmos. A informação de custo das atividades de apoio levadas ao custo de

oferecer uma hora-aula podem ser usadas pelos administradores em decisões

estratégicas e decisões de alocação de recursos. Duron (2001) também discute

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os benefícios trazidos pelo ABC nas definições de preço, além das decisões

estratégicas e decisões de alocação.

Por outro lado, estudos na Inglaterra realizados na década de 90 mostraram

que naquela época a implantação do ABC em universidades britânicas era

pouco significativa. As pressões do governo e de órgãos de fomento poderiam,

no entanto, mudar esta realidade (Croper e Cook, 2000). Ainda, para as

universidades e faculdades que resolveram oferecer educação à distância, as

mudanças ocasionadas nos sistemas de custeio gerenciais sugerem que a

escolha do sistema de custeio baseado em atividades pode ser uma resposta

apropriada aos desafios encontrados nesta nova conjuntura (Duron, 2001).

Este ponto de vista é reforçado pelo modelo proposto por Della Vechia (2001)

para o custeio baseado em atividades para instituições de ensino, a partir do

qual foi desenvolvida uma aplicação simulada do mesmo. Segundo a autora, o

ABC mostrou-se um método eficaz de custeio à medida que ofereceu

informações mais acuradas sobre os custos e as atividades da instituição

estudada. Entretanto, a autora lembra da necessidade de se fazerem pequenos

ajustes e adaptações ao modelo visando aumentar ainda mais o nível de

precisão dos resultados.

Com relação às melhorias observadas com o ABC, Duron (2001) relatou,

através de pesquisa quantitativa em 245 instituições de educação superior nos

Estados Unidos, que os mesmos fatores associados aos benefícios percebidos

do ABC em manufaturas também são encontrados nas faculdades e

universidades, sendo esses: potencial de distorção dos custos, uso da

informação de custos no processo decisório e baixa satisfação com o sistema

de custo atual da empresa. No que se refere à oferta de cursos à distância, a

pesquisa descobriu que somente para as grandes instituições privadas e que

oferecem cursos de quatro anos a correlação foi positiva entre aquele fator e a

crença do benefício trazido pelo ABC.

Deve-se acrescentar que somente 15% da amostra do trabalho de Duron

(2001) informou ter implantado ou possuir plano para implantar o Activity-Based

Cost System em suas instituições. O autor supôs que algumas barreiras para a

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implementação, tais como custo e iniciativas tecnológicas que competem com

este projeto, podem ser razões para esta baixa taxa de adoção. Os dados

também mostram que os principais usuários são as empresas maiores.

Um estudo de caso semelhante a este trabalho foi desenvolvido em uma

universidade nos Estados Unidos, com o objetivo de desenvolver um sistema

ABC para instituições de educação superior visando medir os custos dos

programas existentes e em fase de planejamento (Alejandro, 2000). Durante a

implantação do modelo, alguns obstáculos foram observados, dos quais dois

foram vistos como mais importantes:

Sistema contábil existente na universidade falhava na captura dos dados

relevantes à implementação do ABC. Seu objetivo era apenas de

acompanhar os custos para estar de acordo com as normas cabíveis e Dificuldade de acesso aos dados de uma instituição privada, que tende a

restringir a divulgação de informações internas.

Apesar disso, Alejandro (2000), afirma que é viável implantar o ABC em

universidade e faculdades e que o sistema pode ser mais ou menos complexo

em função dos objetivos da instituição, do tipo de instituição e do modelo ABC

a ser implementado.

No Brasil, Santos et.al. (2001) desenvolveram um modelo de custeio para a

Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI), onde a primeira dificuldade

encontrada foi a obtenção dos dados necessários, pois os mesmos se

encontravam dispersos nos departamentos da Escola. Por isso, os custos

foram classificados em gastos gerais e gastos com outros departamentos, que

foram levados aos produtos através de rateio, tendo sido escolhido como base

de rateio “o percentual que os vencimentos anuais de cada departamento

representava no total destinado à folha de pagamento dos docentes da ativa da

instituição”, apesar de inicialmente haver a idéia de implantação do custeio

baseado em atividades.

Kinsella (2002) estudou o caso de universidades comunitárias californianas,

focando no desenvolvimento de um modelo que representasse a relação entre

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oferta de aulas e as atividades de suporte (que apóiam a instrução dos alunos).

Para ele, a informação sobre os custos totais de serviços de apoio necessários

à oferta de um curso é importante para a tomada de decisão na empresa, no

que diz respeito à alocação dos recursos existentes. Outros autores

argumentam que as despesas diretas de educação e os custos dos centros de

apoio alocados às unidades acadêmicas não devem ser de responsabilidade

do gestor de cada unidade, visto que esse somente pode ser responsabilizado

pelos custos que pode controlar (Acton e Cotton, 1997).

Ao avaliar duas universidades comunitárias distintas, Kinsella (2002) descobriu

diferenças nos custos apurados para as atividades de apoio, o que gerou

discussões sobre a criação de padrões para as atividades de apoio. Pode-se

dizer que houve um incentivo à disseminação de boas práticas visando a

redução de custos. Entretanto, o autor percebeu falta de interesse dos gestores

no uso da informação gerada pelo sistema.

Percebe-se, através destes estudos, que, apesar de o ABC não ser

amplamente utilizado em instituições de ensino e pesquisa, as tentativas

existentes esbarram nos mesmos tipos de obstáculos e têm potencial para

gerar benefícios semelhantes àqueles de outros setores da economia.

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2.7. Conclusões da Revisão Bibliográfica

Dentre os principais benefícios identificados com a implantação do sistema de

custeio baseado em atividades nos casos apresentados na sessão anterior, se

destacam:

Maior acurácia na geração de informações de custos; Conhecimento mais detalhado das atividades, podendo gerar melhorias;

de processo, isto é, melhor gerenciamento dos processos; Novas informações gerenciais relevantes disponíveis; Melhor uso de dados que, antes, eram ignorados; Decisões gerenciais de maior qualidade em função de maior qualidade

na informação de custos.

Com relação às dificuldades, os pontos que mais se destacam são:

Indicação de falta de recursos humanos, financeiros e tecnológicos; Organização da contabilidade e outros sistemas de apoio informacional

(identificação dos itens de custos e existência de banco de dados que

permitam a geração dos dados necessários (sobre drivers por exemplo); Seleção de drivers de atividades; Apoio da alta direção e dos funcionários em geral; Mudanças constantes nos processos produtivos e / ou administrativos,

dificultando a manutenção do sistema.

Para efeito da proposta a ser desenvolvida nas seções seguintes, enfatizam-se

os pontos abaixo:

A falta de recursos em empresas de pequeno porte para se implantar o

ABC é uma percepção, e não uma realidade (Hicks, 1999).

Igualmente, restrições na contabilidade, tais como base de informações,

podem ser minimizadas. É possível que sejam desenvolvidas planilhas

do tipo Excel, para prover informações úteis e relevantes sobre custos,

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estruturadas de maneira a requerer informações limitadas da

contabilidade da empresa – planilhas off-line.

Hicks (1992) sugere que o conjunto de etapas de um estudo ABC não se

constitui em uma seqüência fixa de passos. À medida que determinada

etapa é trabalhada, insights podem levar à necessidade de rever etapas

anteriores.

Essa iteratividade nas etapas é, em um projeto ABC para uma empresa

de menor porte, particularmente relevante. Esta observação decorre da

proposta de que, em empresas de pequeno ou médio porte, as

atividades devam apresentar um nível maior de agregação – o que é um

centro de atividades em uma empresa de maior porte se torna uma

atividade em uma empresa menor tamanho (Hicks, 1991) – e de que,

conforme discutido, os critérios para se combinar atividades sejam

materialidade e perfil de custo da atividade (Hicks, 1992).

Materialidade se refere à relevância do custo da atividade enquanto

perfil de custo se refere à definição do driver da atividade e à taxa de

alocação do custo da atividade. Desta forma, duas atividades que

possuam o mesmo driver e taxas pouco diferenciadas de alocação

podem ser combinadas em um único centro de atividade. Na avaliação

desses critérios, duas tarefas devem ocorrer: (a) realização de um

julgamento, mesmo que fortemente subjetivo, sobre a relevância do

custo da atividade e (b) obtenção / pesquisa de informação (julgamento)

sobre os principais candidatos a drivers das diversas atividades, a fim de

se avaliar perfil de custo da atividade.

O ponto abordado acima, de relação e iteração entre as etapas, talvez explique

a diferença de proposta metodológica de Hicks (1992) para Hicks (1999). Hicks

(1992) propõe uma seqüência de dez etapas na organização do projeto de

custos: Identificar atividades, organizar centro de atividades, identificar

elementos de custo, determinar relacionamento entre custos e atividades,

identificar drivers de primeiro e segundo estágio, estabelecer o fluxo de

alocação dos custos, selecionar as ferramentas apropriadas para efetivar o

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fluxo de alocação de custos, planejar o modelo de acumulação de custos,

reunir os dados necessários para implementação do modelo e, finalmente,

implementar o modelo de acumulação de custos. Hicks (1999) propõe,

entretanto, a seguinte seqüência: definição de atividades, alocação dos custos

às atividades, redistribuição dos custos entre atividades e alocação final dos

custos das atividades aos produtos. Embora não haja apresentação de

qualquer justificativa para essa proposição de redução no número de etapas

para o projeto, a questão da iteratividade entre elas parece se constituir na

motivação para a mudança. À medida que as etapas não possam ser

adequadamente organizadas de forma seqüencial, não parece se justificar o

detalhamento nos passos do projeto ao nível proposto em Hicks (1992).

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3. PROPOSTA DE UM MODELO ABC PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO E

PESQUISA DE PEQUENO / MÉDIO PORTE

3.1. Introdução

O presente capítulo apresentará a proposta de um modelo ABC para

instituições de ensino e pesquisa. O foco de atenção está em uma unidade

acadêmica de médio porte. Para fins de ilustração da aplicação do modelo

apresentado, um caso específico será descrito. O caso em questão não reflete

nenhuma organização em particular, embora os dados tenham sido levantados

por entrevistas e consultas à estrutura organizacional de escolas voltadas para

programas na área de administração, com uma atuação tanto na área de

graduação quanto de pós-graduação. As principais fontes de dados foram

unidades acadêmicas associadas a universidades públicas. Sugere-se,

entretanto, que o modelo a ser apresentado pode ser aplicado a qualquer

escola, ou mesmo a outras organizações de prestação de serviço, inclusive de

maior porte (Hicks, 1999).

Para o desenvolvimento do modelo, foram feitas entrevistas com dirigentes e

administradores universitários de mais de uma escola (todas na área de

administração). Com base em tais entrevistas, foi possível compreender a

operação de uma escola típica e propor a modelagem para o sistema de

custeio. O modelo que será descrito apresenta a característica de um estudo

de caso e testa também a viabilidade e o valor do ABC em um contexto

educacional.

Conforme a revisão de literatura indicou, a contabilidade gerencial de unidades

de menor porte (e assume-se que em instituições acadêmicas não seja

diferente) costuma ter abrangência limitada a um grau tal, que um conjunto

significativo das informações necessárias ao projeto geralmente não faz parte

dos registros contábeis. Portanto, uma questão importante na proposta de

aplicação do conceito ABC é a de indicar como essa dificuldade será tratada.

Conforme a proposta a seguir mostrará, existem formas de simplificação no

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processo e a possibilidade de uso de fontes externas à contabilidade, incluindo

o julgamento gerencial. A proposta é de que é possível manter a lógica do

Custeio Baseado em Atividades, mesmo em um ambiente onde a contabilidade

seja precariamente organizada.

Com base na literatura pesquisada, em particular Hicks (1992 e 1999), propõe-

se que o estudo ABC possa ser desenvolvido a partir das seguintes etapas

(com forte grau de iteratividade entre elas):

Etapa 1 – Definição dos objetivos do projeto e dos objetos finais de

custeio

Etapa 2 – Identificação dos custos diretos aos produtos (custos que não

serão objeto da análise abc)

Etapa 3 – Definição de atividades e centros de atividades

Etapa 4 – Organização da base de custos

Etapa 5 – Custeio das atividades (definição dos drivers de primeiro

estágio e alocação dos custos às atividades)

Etapa 6 – Redistribuição dos custos entre as atividades (incluindo

definição dos drivers que serão adotados)

Etapa 7 - Alocação final (alocação dos custos indiretos aos produtos,

incluindo definição de drivers, e identificação do custo global de cada

produto)

Etapa 8 – Análise

3.2. Etapa 1 – Definição dos objetivos do projeto e dos objetos

finais de custeio

A primeira etapa do modelo proposto busca identificar claramente as metas do

trabalho e definir, em última análise, o custo de quê se deseja determinar

(objetos finais de custeio).

Os objetivos e a missão da instituição acadêmica ditam como a alocação de

tempo dos professores deveria ocorrer. O padrão de gastos em relação às

demais despesas deveria, igualmente, ser consistente com a missão

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institucional. Logo, um objetivo inicial, natural, de implementação de um

sistema de custeio é o de permitir a avaliação da correspondência entre

objetivos institucionais e a realidade da alocação de recursos (principalmente

recursos docentes). Para esse objetivo, é necessário determinar com maior

acurácia: (a) os custos de ensino, em suas diversas modalidades, (b) os custos

de pesquisa e (c) os custos de determinadas atividades de administração da

escola. Neste estudo esse primeiro objetivo será considerado o objetivo central

do trabalho.

Um segundo objetivo tem relação com o controle de custos. Recursos

econômicos são escassos e controles sobre a utilização de tais recursos

precisam ser postos em prática. O sistema de custos cria uma base de

informações que permite o julgamento sobre a eficiência dos recursos

disponíveis à unidade acadêmica.

O caso que será objeto de atenção na discussão que se segue oferece cinco

tipos de programas: Graduação, Mestrado, Doutorado, Especialização e

Extensão. Estamos assumindo que a escola faça parte de uma universidade

pública e, portanto, os programas de graduação, mestrado e doutorado são

gratuitos; os demais programas são pagos e geram receitas para permitir a

sustentação financeira da escola no longo prazo. Em função da combinação de

cursos pagos e cursos não pagos, a escola recebe recursos de múltiplas

fontes: fundos públicos, receitas de cursos, doações de empresas e recursos

de agências de fomento à pesquisa (nacionais e internacionais; públicas e

privadas).

Como é típico em universidades públicas, os professores do corpo permanente

desempenham duas atividades básicas: ensino e pesquisa. Uma outra

atividade relevante dos professores, e considerada parte das atribuições

regulares, está associada à participação na administração da unidade:

coordenação de cursos, participação em comitês e conselhos diversos no

âmbito da universidade, participação como membros do corpo editorial de

revistas, consultoria em agências governamentais (CAPES e CNPQ, por

exemplo), representação de associações de classe etc. Os salários pagos aos

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professores se referem ao pagamento pelas atividades de ensino nos cursos

gratuitos, pesquisa e atividades administrativas relacionadas à área acadêmica.

No contexto acima definido, e tendo em vista o objetivo do projeto, os objetos

finais de custeio considerados relevantes foram classificados em quatro

categorias: Ensino de Graduação, Mestrado e Doutorado (Ensino Stricto

Sensu, daqui para frente Ensino – SS), Ensino em programas pagos (Ensino

Lato Sensu, daqui para frente, Ensino - LS), Pesquisa e Administração.

Neste ponto deve-se observar que o termo “produto” no contexto desta

dissertação é utilizado para definir aqueles que foram escolhidos como os

objetos finais de custeio, listados acima. Não é objetivo deste trabalho definir

exatamente quais são os produtos de ensino e pesquisa, nem a melhor forma

de medi-los. Aqui, optou-se por um nível de agregação dos objetos de custeio/

produtos que permita uma visão do consumo dos recursos de uma instituição

de ensino e pesquisa típica, mas que pode, em outras aplicações, ser mais, ou

menos, detalhado. Por exemplo, é possível detalhar o produto “Pesquisa” em

publicação de livros, de papers, participações em congresso etc.

3.3. Etapa 2 – Identificação dos custos diretos aos produtos

Os custos diretos de cada produto são aqueles que não serão incluídos na

análise ABC. Os custos diretos incluem os valores pagos a organizações ou

profissionais externos à unidade que podem ser diretamente relacionados

(rastreados) a cada objeto final de custo. No caso de uma unidade acadêmica,

custos diretos típicos dos programas não pagos e da atividade de pesquisa

são: professores colaboradores, professores visitantes, salários e pagamento

por prestação de serviço de estagiários, viagens, inscrições em congressos, e

serviços diversos associados a reprografia, traduções e assinatura de bases de

dados.

No caso dos programas de especialização e extensão, custos diretos típicos

são: pagamento a professores (internos e externos), normalmente por hora-

aula, e pagamento a prestadores de serviços de apoio (serviço de buffet,

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hotéis, reprografia, livros e outros materiais didáticos, coordenadores e

secretarias de cursos etc.). Em qualquer caso, para programas pagos ou não

pagos, as informações sobre custos diretos podem vir tanto dos registros

contábeis (e de outros sistemas de apoio) quanto de estudos especiais offline.

Para efeito do estudo de caso que comporá este trabalho, serão assumidos os

custos diretos relacionados a seguir:

Tabela 6: Custos diretos aos objetos finais de custos (por ano)

Ensino SS Ensino LS Pesquisa Administração*

R$ 200.000,00 R$ 500.000,00 R$ 50.000 -

* Assume-se que todos os custos associados à participação dos docentes na

administração acadêmica sejam indiretos

3.4. Etapa 3 – Definição de atividades

3.4.1. Classificação de atividades

A literatura de custos propõe classificações diversas para as atividades

mapeadas em um estudo ABC. Cooper e Kaplan (1998), por exemplo, sugerem

uma hierarquia de atividades conforme as atividades se destinem ao suporte

de produtos, suporte de clientes, suporte ao canal de vendas, sejam

relacionadas a pedidos (nível de lote de produção) e relacionadas a cada

unidade produzida.

No caso de estudos voltados para organizações de menor porte, Hicks (1999)

sugere uma categorização de atividades seguindo critérios de simplicidade e

funcionalidade. Seis diferentes categorias de atividades são sugeridas:

Atividades de suporte a operações e serviços – Atividades que não atuam

diretamente nos objetos de custo da organização; as atividades enquadradas

nesta categoria existem para dar apoio a outras atividades. Em conseqüência,

o custo de cada atividade incluída nesta categoria deverá ser repassado para

outras atividades.

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Atividades de suporte a materiais – Atividades que asseguram que os

materiais diretos estejam disponíveis quando necessários. O número de

atividades incluídas nesta categoria deverá refletir os diferentes níveis de

esforço necessários para dar apoio às diferentes categorias de custos diretos

de materiais. O custo das atividades inseridas nesta categoria deve ser alocado

aos materiais a que dão suporte.

Atividades de suporte aos clientes e/ou ao mercado – Atividades

associadas à colocação, no mercado, dos produtos e serviços e ao suporte

oferecido aos clientes. Novamente, o número de atividades incluídas nesta

categoria deverá refletir os diferentes níveis de esforço necessários para dar

apoio aos diferentes perfis de clientes ou mercados servidos pela unidade. Por

exemplo, em escolas que ofereçam educação executiva tanto através de

cursos abertos quanto de cursos fechados a empresas, pode existir

significativa diferença de esforço de vendas para cada segmento. Logo, talvez

se justifique a criação de atividades separadas pra cada segmento. O custo de

cada atividade deverá ser alocado ao cliente / mercado, sem passar por

qualquer etapa intermediária de alocação.

Atividades de suporte aos produtos ou linha de produtos – Assim como

diferentes mercados ou clientes podem exigir diferentes níveis de suporte, nem

todos os produtos requerem a mesma atenção. O custo de cada atividade

deverá ser alocado ao produto, sem passar por qualquer etapa intermediária de

alocação.

Atividades diretas (ou de agregação de valor ao produto) – São as

atividades que agregam valor ao produto. No caso de ensino e pesquisa os

produtos são a educação em si e as publicações. As atividades diretas se

referem à preparação de aulas, às aulas em si, ao atendimento a alunos, à

pesquisa bibliográfica etc. O custo das atividades diretas será repassado

diretamente aos produtos.

Atividades de suporte institucional (G&A) – Hicks (1999) e Cooper e Kaplan

(1998) sugerem que após a identificação de todas as demais categorias,

permanecerão custos e atividades que existem para o gerenciamento geral da

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organização. Esses custos incluem gastos associados a planejamento

estratégico, contabilidade, relatórios institucionais, pesquisa de novos produtos

e mercados etc. A sugestão, portanto, é de que um centro de atividades seja

criado para acumular esses custos (em uma organização de maior porte,

poderiam ser estabelecidos diversos centros de atividade de suporte

institucional). Na bibliografia existem discussões quanto à opção de alocar, ou

não, estes custos, mas empresas costumam ter interesse em obter as

informações completas de custos e, por isso, alocam os custos de atividades

institucionais (Kaplan e Atkinson, 1998).

3.4.2. Mapeamento de atividades

Um sistema de custos ABC pode ter dois objetivos básicos: custeio de produtos

e/ou custeio de processos. O grau de detalhamento do mapa de atividades

depende de qual objetivo é o principal: custeio de processos exige um

detalhamento maior (Cooper e Kaplan, 1998). O objetivo deste trabalho está

associado a custeio de produtos e, portanto, permanece a perspectiva de se

definir atividades de forma mais agregada e se buscar a obtenção de um

conjunto de centro de atividades.

Sugere-se que o mapeamento das atividades inicie com a revisão do

organograma, a partir do qual as entrevistas podem ser estruturadas para o

mapeamento de atividades. Um organograma típico do objeto de estudo deste

trabalho é reproduzido no Quadro 1a seguir.

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Quadro 1: Organograma Típico de Instituto de Ensino e Pesquisa

Diretoria e Assessorias Institucionais

Departamento Administrativo

Coordenação de Graduação, Mestrado e Doutorado

Compras

Almoxarifado

Apoio Administrativo

Departamento de RH

Coordenação

Administração

Departamento Financeiro

Tesouraria

Coordenação de Especialização

Coordenação de Extensão

Coordenação de Pesquisa

Contabilidade

Patrimônio

Manutenção e Conservação

Predial

Apoio / Relatórios Gerenciais

Suporte de TI

Apoio Secretarialaos cursos

Coordenação

Administração

Apoio Secretarialaos cursos

Biblioteca

Coordenação

Administração

Apoio Secretarialaos cursos

Diretoria e Assessorias Institucionais

Departamento Administrativo

Coordenação de Graduação, Mestrado e Doutorado

Compras

Almoxarifado

Apoio Administrativo

Departamento de RH

Coordenação

Administração

Departamento Financeiro

Tesouraria

Coordenação de Especialização

Coordenação de Extensão

Coordenação de Pesquisa

Contabilidade

Patrimônio

Manutenção e Conservação

Predial

Apoio / Relatórios Gerenciais

Suporte de TI

Apoio Secretarialaos cursos

Coordenação

Administração

Apoio Secretarialaos cursos

Biblioteca

Coordenação

Administração

Apoio Secretarialaos cursos

No processo de identificação das atividades, através de revisão do

organograma, entrevistas e visitas às instalações, é recomendável identificar-

se atividades “a mais”, ou seja, ser mais detalhista; posteriormente, é sempre

possível combinar atividades à medida que fique caracterizada que essa

combinação se mostre uma solução mais adequada (Hicks, 1992).

No caso objeto deste trabalho, as entrevistas junto aos administradores

educacionais resultaram em um elenco de atividades, conforme especificado

em anexo (Anexo 1). A observação do Anexo 1 explicita o tipo de trabalho

envolvido na especificação de atividades. Esta á a etapa de um projeto de

custos que provavelmente tomará a maior parte do tempo alocado à

implementação de um sistema de custeio ABC. O mapa de atividades criado

para este trabalho será objeto de análise visando à definição de um conjunto

de centros de atividades. O Anexo 1 registra, da forma mais acurada possível,

os diversos levantamentos efetuados de maneira a se criar uma base de

informações úteis no caso de os objetivos da instituição se voltarem,

posteriormente, para a análise de processos e não somente custeio de

produtos.

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Além das atividades especificadas no Anexo 1, este estudo identificou

atividades adicionais, a serem especificadas na seção a seguir.

3.4.3. Escolha dos centros de atividades

A fim de organizar a estrutura de centros de atividades, os critérios de

materialidade e perfil do custo das atividades devem ser aplicados. Logo, com

esta finalidade (fixação dos centros de atividades), além do mapeamento de

atividades, buscou-se definir, conforme especificado no Anexo 1, os drivers

potenciais das diversas atividades identificadas. A avaliação das atividades,

tendo em vista esses dois critérios, levou à solução proposta a seguir e que

define o resultado da Etapa 1 do projeto – estabelecimento da estrutura de

atividades / centros de atividades.

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Tabela 7: Relação dos Centros de Atividades e dos drivers identificados

CENTRO DE ATIVIDADES

ATIVIDADE DRIVER CONSIDERADO COMO O MAIS ADEQUADO

Coordenação das atividades de especialização

Seleção e cadastro de aluno de Especialização

Gerenciamento de processo de homologação de turma

Programação de aulas de Especialização

Formação de turma de Especialização

Organização de formaturas

Administração e

Secretaria de

Especialização

Gerenciamento de processo de finalização de curso

Número de alunos

Especialização

Coordenação das atividades de extensão

Seleção e cadastro de aluno de extensão

Formação de turma de extensão

Acompanhamento de turma de extensão

Finalização de turma de extensão

Administração e

Secretaria de Extensão

Atendimento aos alunos e candidatos de extensão

Número de alunos

Extensão

Coordenação das atividades de graduação, mestrado e

doutorado

Seleção de alunos de graduação, mestrado e doutorado

Organização do material didático e programação de aulas de

graduação, mestrado e doutorado

Atendimento aos alunos de Grad./ Mestr./ Dout.

Atualização do Sistema de gestão acadêmica

Administração e

Secretaria de Graduação,

Mestrado e Doutorado

Gerenciamento de processos de dissertação e tese

Número de alunos

Graduação, Mestrado e

Doutorado

Administração da

pesquisa Administração da Pesquisa Julgamento gerencial

Processamento técnico de acervo

Desenvolvimento de coleção

Atendimento ao público da biblioteca Biblioteca

Processamento de empréstimos de publicações

Número de solicitações à

biblioteca

Controle de pagamentos

Administração das contas bancárias

Controle de recebimentos

Controle de Doações

Lançamentos de contas a pagar e outros

Contabilidade e

Tesouraria

Processamento de AP's e OP's

Número de lançamentos

contábeis

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Prestação de contas para a Fundação 1

Processamento da folha de pagamento de Pessoa Física e

de Pessoa Jurídica

Conciliação, análise e impressão de relatórios contábeis

Atendimento aos usuários do sistema contábil

Organização de ferramentas contábeis gerenciais

Atendimento aos funcionários

Controle de freqüência e de folha de ponto

Pagamento de pessoal

Seleção e recrutamento do pessoal

Controle de benefícios

Seleção, recrutamento e acompanhamento dos estagiários

Gerência de Recursos

Humanos

Acompanhamento de funcionários

head-count

Gerência Administrativa Gerencia Administrativa Tempo de dedicação

Suporte de TI Suporte de TI (help-desk e suporte a rede) Número de ordens de

serviço (#OS)

Limpeza predial Administração da sede

Conservação e manutenção predial Área ocupada

Apoio administrativo Apoio administrativo Tempo de dedicação

Compras, estocagem e

distribuição Compras, estocagem e distribuição Tempo de dedicação

Direção da unidade

Relações externas a unidade

Manutenção e suporte ao site

Assessorias institucionais diversas (imprensa, por exemplo)

Administração Institucional

Organização de bancos de dados e relatórios institucionais

diversos

Somatório de custos já

apropriados

Atividades docentes Ensino, Pesquisa e Administração por parte do docente i Tempo de dedicação

Graduação -

Mestrado - Ensino SS

Doutorado -

Pesquisa Pesquisa -

Especialização - Ensino LS

Extensão -

Administração Administração -

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Conforme indicado anteriormente (sessão 3.4.1), os centros de atividade

também foram classificados quanto às categorias definidas por Hicks (1999).

Tabela 8: Organização dos centros de atividades por categorias de atividades

Centros de atividades Categoria de atividade (conforme classificação de Hicks (1999))

Gerencia de Recursos Humanos Atividade de suporte a operações e

serviços (O&S)

Gerencia Administrativa Atividade de suporte a O&S

Suporte de TI Atividade de suporte a O&S

Administração da sede Atividade de suporte a O&S

Apoio administrativo Atividade de suporte a O&S

Compras, Almoxarifado e Distribuição Atividade de suporte a O&S

Contabilidade e Tesouraria Atividade de suporte a O&S

Biblioteca Atividade de suporte a O&S

Administração e Secretaria de Especialização Atividade de suporte aos produtos

Administração e Secretaria de Extensão Atividade de suporte aos produtos

Administração e Secretaria de Grad. / Mestr. / Dout. Atividade de suporte aos produtos

Administração de Pesquisa Atividade de suporte aos produtos

Administração Institucional Atividade de suporte institucional

Atividades docentes Atividade de suporte aos produtos

Ensino SS Atividade direta aos produtos

Ensino LS Atividade direta aos produtos

Pesquisa Atividade direta aos produtos

Administração Atividade direta aos produtos

3.5. Etapa 4 – Organização da base de custos

A organização dos registros financeiros reflete usualmente duas dimensões:

itens de custo (registro por natureza do gasto) e unidades organizacionais que

incorrem no custo (Ostrenga, 1992). Os custos tendem a ser acumulados

nessas duas dimensões de registro. O custeio ABC assume uma visão de

processo e requer, portanto, uma reorganização de custos para refletir essa

abordagem - os custos devem fluir por atividades.

A organização da base de custos para o custeio ABC requer, em primeiro

lugar, que se revisem os mapas de contas e se avalie o conteúdo de cada

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conta (incluindo esquema de codificação de contas). Nessa apreciação inicial

deve ser definido o mapa organizacional com base nos centros de custo (se

existirem) e feito um contraste entre o mapa de centros de custos e o

organograma da organização. O resultado é uma clara compreensão da

estrutura e das possibilidades de uso das informações do livro razão (Ostrenga,

1992).

Após esse exame global inicial, podem-se buscar oportunidades de

condensação nos dados disponíveis e chegar-se à arquitetura da base de

dados que iniciará o processo de custeio. A condensação se refere à

verificação de possibilidades de agrupamento de contas diversas fazendo uso

de um critério pré-determinado. O objetivo é montar um conjunto de itens

homogêneos, cada item representando uma conta ou um conjunto de contas

referentes a funções semelhantes, ou, no caso de pessoas, grupos que tenham

um perfil de trabalho similar. Alguns custos não estarão devidamente

registrados na contabilidade, conforme já comentado, dada a provável

precariedade de informações em contabilidade de pequenas e médias

empresas. Logo, é provável que seja necessário examinar-se informações de

sistemas de apoio (sistemas não contábeis – por exemplo, sistema de

patrimônio).

Um sistema contábil convencional bem estruturado costuma incluir informações

quanto à natureza do custo (salários, material de consumo, utilidades etc.) e a

unidade organizacional onde o mesmo ocorre. O passo seguinte, tendo em

vista o objetivo de implantação do ABC, consiste em ajustar e adequar a

estrutura dos registros contábeis de maneira a orientar o sistema para

processos. Por exemplo, em uma escola de administração com atividades de

pesquisa, ensino e atividades administrativa, gastos com viagens serão

provavelmente consideráveis. Se tais gastos forem registrados somente por

natureza (passagem, hotéis, táxis etc.) não haverá condições de rastreamento

das atividades que demandaram essas despesas – por exemplo, quanto se

gastou em viagens na atividade Participação em Congressos (sub-atividade

associada à atividade mais ampla de pesquisa)? Ou, ainda, quanto se gastou

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em viagens para a discussão de projetos de ensino do tipo cursos fechados

(sub-atividade ligada à atividade mais ampla de educação executiva)?

O mesmo princípio se aplica aos demais tipos de lançamentos, tais como o

registro contábil do gasto com uma tradução; é necessário especificar o

objetivo associado a cada despesa - artigo para publicação internacional,

material para inclusão em determinado curso? Etc.

A consulta à contabilidade e todo o processo de reorganização da base de

custos deve resultar na definição de um elenco de custos que permita a

apropriação de cada custo (ou cada pool de custos) diretamente à estrutura de

centros de atividades. A lista a seguir caracteriza uma relação de itens de custo

(custos indiretos) representativa de uma instituição acadêmica, conforme

entrevistas realizadas.

Salários: Reúne as contas associadas a pagamentos aos funcionários -

Salário, Férias, 13º Salário, horas extras. Deve haver informação a respeito de

cada profissional da organização (a ser obtida na contabilidade ou na área de

recursos humanos): professores, pesquisadores, estagiários e funcionários

técnico-administrativos.

Encargos e Benefícios: Reúne todos os encargos sociais e benefícios não

pagos através dos salários (INSS, FGTS, PIS, Encargos CLT, Abono

Pecuniário, Seguro Saúde, Vale Transporte, Condução e Transporte, Afiliações

e Contribuições Sindicais, etc.). Os encargos e benefícios estão diretamente

relacionados aos salários e número de profissionais assalariados da

organização. Por exemplo, gastos com seguro saúde têm como driver o

número de funcionários.

Essa relação intrínseca entre encargos e salários e número de funcionários cria

uma oportunidade importante de simplificação no processo de custeio:

informações sobre gastos reais com encargos e benefícios tornam-se

desnecessárias. Dada a natureza precária da organização de registros

contábeis em organizações de menor porte, essa simplificação de processo

torna-se uma oportunidade de facilitação que deve ser explorada.

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Depreciação: Une a depreciação referente a Terrenos e Edifícios, Máquinas e

Equipamentos, Móveis e Utensílios. Para o presente estudo a suposição é de

que as instalações são alugadas. Portanto, custos de depreciação estão

associados a equipamentos.

Materiais de Consumo: Reúne materiais de diversas naturezas. Com base

nas entrevistas realizadas, as seguintes categorias de materiais de consumo

foram identificadas: materiais de conservação e manutenção predial, materiais

de informática, materiais de escritório, materiais de higiene e limpeza.

Materiais didáticos não são incluídos na relação por se constituírem em custos

diretos aos produtos. A contabilidade, se organizada adequadamente, deve

registrar a saída dos materiais de consumo e rastrear o consumo até o usuário.

Provavelmente, entretanto, esse rastreamento não será possível face às

limitações dos registros contábeis (Ostrenga, 1992).

Serviços de terceiros: Agrupa todas as contas relacionadas à prestação de

serviços, seja por firmas ou por profissionais autônomos. Estas contas podem

se referir a diversas categorias de serviços, conforme será descrito a seguir.

Utilidades (Água, Luz, Telefone e Gás), Manutenção predial (manutenção de telefonia, refrigeração, segurança

predial, marcenaria, etc.), Manutenção de hardware, Manutenção e licenças de software, Assinatura de bases de dados, Afiliações a instituições diversas, Alugueis (instalações, equipamentos), Serviços profissionais diversos (advogados, consultorias, revisores de

textos, tradutores, assessorias diversas, pesquisadores, etc.).

Viagens: Reúne custos associados a contas contábeis diversas (passagens

aéreas, hotéis, táxis, refeições são alguns exemplos).

Para este estudo, os seguintes parâmetros serão adotados para a base de

custos:

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Tabela 9: Parâmetros para a base de custos

Item de Custo Parâmetro Valor Salário médio de professor R$ 80.000,00 por ano

Salário médio de pesquisador R$ 48.000,00 por ano

Salário médio de funcionário técnico-administrativo

R$ 25.000,00 por ano

Número de professores 30

Número de pesquisadores 10

Salários

Número de funcionários técnico-administrativos

50 Distribuídos igualmente entre as atividades

Com driver salário 50% São, aproximadamente, 50% do valor do salário

Encargos Com driver número de funcionários

5.000,00 por funcionário ao ano

Depreciação média dos equipamentos

R$ 2.000,00 por ano Depreciação

Número de equipamentos 120 de acordo com estudo especial

Conservação e Manutenção Predial

R$ 200.000,00 por ano

Informática R$ 235.000,00 por ano

Escritório R$ 190.000,00 por ano

Materiais de consumo

Higiene e Limpeza R$ 200.000,00 por ano

Utilidades – Telefonia R$ 90.000,00 por ano

Utilidades - Água e gás R$ 100.000,00 por ano

Manutenção Predial R$ 150.000,00 por ano

Manutenção de Hardware R$ 150.000,00 por ano

Manutenção e Licenças de Software

R$ 80.000,00 por ano

Afiliações R$ 50.000,00 por ano

Aluguel de instalações R$ 150.000,00 por ano

Serviços profissionais diversos R$ 350.000,00 por ano

Serviços de Terceiros

Viagens R$ 200.000,00 por ano

Os cálculos realizados em função desses parâmetros resultam no sumário de

custos indiretos mostrado na seqüência.

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Tabela 10: Custos indiretos anuais (R$)

Item de Custo Sub-item Valor

Professor 2.400.000,00

Pesquisador 480.000,00 Salários

Funcionários técnico-administrativos 1.250.000,00

Com driver salário 2.065.000,00 Encargos

Com driver número de funcionários 450.000,00

Depreciação 240.000,00

Materiais de consumo 825.000,00

Serviços de Terceiros 1.320.000,00

Total 9.030.000,00

3.6. Etapa 5 – Custeio das atividades

3.6.1. Identificação dos custos associados às atividades

O custeio das atividades se traduz na transferência de custos da base de

custos para a estrutura de centros de atividades. O passo inicial nesta etapa do

projeto deve ser o de estabelecer a relação entre a base de custos e as

atividades (sem que se lide com os números em si). Para o presente estudo,

essa relação é especificada a seguir.

Salários – São levados às diversas atividades por tempo de dedicação

ou, em alguns casos, são diretos às atividades. Encargos – Devem ser desagregados em duas categorias: Encargos

que têm como driver a folha salarial (será assumido um valor de 50% do

salário, como mostrado na tabela de parâmetros, acima) e encargos que

tem como driver o número de funcionários. Serão levados às atividades

com base nos respectivos drivers. Depreciação – Refere-se à depreciação de equipamentos. O custo deve

ser atribuído à atividade onde o equipamento está alocado (é custo

direto). Se não houver um sistema de patrimônio bem organizado, deve

ser realizado estudo especial para esta alocação.

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Materiais de consumo – Uma parte dos materiais representa custo

direto às atividades (caso de manutenção predial, informática e higiene e

limpeza). Outra parte, como os materiais de escritório, será alocada

tendo como driver o número de funcionários, caso não haja controle de

requisições por centro de atividades – premissa assumida para este

trabalho. Serviço de terceiros – são detalhados abaixo:

- Utilidades: Telefonia - Custo direto às atividades. - Utilidades: Água e gás - Custo direto à administração da sede. - Manutenção predial – São serviços de marcenaria, instalações

elétricas etc. Custo direto à administração da sede. - Manutenção de hardware – Custo direto à atividade de suporte

da rede de computadores. - Manutenção e licenças de software - Direto a atividades,

requerendo que se busquem as informações originais, isto é, os

contratos. - Bases de dados - Custo direto à atividade de pesquisa (em parte

pode existir custo conjunto, pesquisa e ensino). - Afiliações – Custo da atividade de administração institucional. - Aluguel das instalações - Custo direto à atividade administração

da sede. - Serviços profissionais diversos - Custo direto às diversas

atividades, conforme termos de cada contrato. - Viagens - na medida em que os registros contábeis já reúnam

contas diversas e especifiquem o motivo de cada viagem, esse

custo será direto às atividades e aos produtos. Caso contrário,

deverá haver um julgamento gerencial quanto à parcela de custo

a ser alocada a cada produto e a cada atividade.

A escolha dos drivers de primeiro estágio sofreu uma análise de custo-

benefício no que se refere à dificuldade/ custo de obtenção de drivers ideais

versus o grau de impacto que negativo na utilização de um driver menos

acurado, mas que reflita razoavelmente o consumo dos recursos.

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3.6.2. Alocação dos custos às atividades

No caso associado a este trabalho, com base nos parâmetros e relações da

base de custos com as atividades, chegou-se ao mapa de custos por

atividades apresentado a seguir.

Tabela 11: Custeio das Atividades (em R$ por ano)

ATIVIDADES Total

Gerencia de recursos humanos R$ 166.278

Gerencia administrativa R$ 166.278

Administração da sede R$ 1.013.889

Compras, estocagem e distribuição R$ 213.889

Apoio administrativo R$ 213.889

Suporte de TI R$ 608.889

Contabilidade e tesouraria R$ 213.889

Biblioteca R$ 217.889

Adm. e secretaria de ensino SS R$ 213.889

Adm. e secretaria de Ensino LS /Especialização R$ 213.889

Adm. e secretaria de Ensino LS / Extensão R$ 213.889

Adm. de pesquisa R$ 213.889

Atividades docentes R$ 3.926.778

Administração institucional R$ 303.889

Ensino SS R$ 93.444

Ensino LS R$ 103.444

Pesquisa R$ 908.556

Administração R$ 23.444

TOTAL R$ 9.030.000

O custo de cada atividade é a soma dos custos referentes a salários, encargos,

material de consumo, depreciação e serviço de terceiros. Os custos indiretos

alocados às atividades diretas incluem depreciação de equipamentos, material

de consumo e viagens. Os valores foram obtidos aplicando-se as relações

expressas na sessão anterior entre os recursos e as atividades – drivers de

primeiro estágio escolhidos.

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3.7. Etapa 6 – Redistribuição dos custos entre as atividades

Esta etapa do processo de custeio se refere à distribuição dos custos

acumulados nas atividades de suporte a operações e serviços e às atividades

que podem ser associadas aos produtos, mercados e clientes. A distribuição de

custos deve ser baseada na análise específica de cada atividade de suporte,

análise esta que é possível através de entrevistas com a equipe que

desempenha a atividade e de consulta a dados estatísticos disponíveis.

Conforme já indicado, o Anexo 1 descreve o estudo relativo aos diversos

processos e inclui proposta quanto aos respectivos drivers de atividades.

Antes da redistribuição dos custos entre atividades, torna-se necessário definir

(a) a hierarquia de alocação das atividades, (b) o fluxo de alocação e (c) os

drivers das atividades.

A figura que se segue ilustra a maneira de se estruturar essas informações,

conforme proposto por Hicks (1992) e aplica o procedimento ao caso sob

análise. Cabe observar que a relação de drivers das atividades não

necessariamente coincide com a proposta inicial (vide Anexo 1). As alterações

em relação à proposta inicial são fruto de análises quanto à viabilidade de

obtenção das informações necessárias à adoção dos drivers inicialmente

sugeridos, assim como ocorreu com os drivers de primeiro estágio. Essas

mudanças nos drivers utilizados, versus os ideais, não tendem a acarretar

prejuízos significativos à qualidade do projeto, conforme sugerido por Hicks

(1999). As simplificações durante a aplicação do modelo proposto a este caso

fictício também são fruto de este ser um passo inicial na aplicação do ABC em

instituições de ensino e pesquisa brasileiras.

Ao final desta etapa todos os custos terão sido alocados às atividades de

suporte aos produtos e às atividades diretas (ver Figura 1)

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Figura 1: Hierarquia das atividades, fluxo de alocação e drivers para as atividades de

suporte a O&S

Os resultados da redistribuição das atividades de suporte a O&S em função

dos drivers apurados e dos custos iniciais destas atividades podem ser vistos

na tabela a seguir.

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Tabela 12: Resultados da redistribuição dos custos das atividades de suporte a O&S

(em R$ por ano)

ATIVIDADES Custos Redistribuídos Adm. e secretaria de ensino SS R$ 327.455,92 Adm. e secretaria de Ensino LS /Especialização R$ 384.160,29 Adm. e secretaria de Ensino LS / Extensão R$ 384.160,29 Adm. de pesquisa R$ 384.160,29 Atividades docentes R$ 4.545.406,38 Administração institucional R$ 794.630,44 Ensino SS R$ 598.999,77 Ensino LS R$ 386.986,00 Pesquisa R$ 1.200.596,18 Administração R$ 23.444,44

TOTAL R$ 9.030.000,00

3.8. Etapa 7 - Alocação final

3.8.1. Alocação das atividades de suporte aos produtos e das atividades diretas aos objetos finais de custos

A próxima figura repete o procedimento de definição dos drivers de atividades e

fluxo de alocação, agora aplicado às atividades de suporte aos produtos, às

atividades diretas aos produtos e à atividade de administração institucional. A

escolha dos drivers das atividades de docentes e das atividades institucionais

serão detalhados nas próximas sessões.

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Figura 2: Hierarquia das atividades, fluxo de alocação e drivers para as atividades de

suporte aos produtos e atividades diretas aos produtos

A tabela abaixo apresenta os custos que resultam da distribuição dos custos

das atividades de administração e de secretaria dos diversos serviços (Ensino

SS, Ensino LS e Pesquisa) – Atividades de suporte aos produtos.

Tabela 13: Resultado da distribuição dos custos das atividades de administração e

secretaria dos diversos serviços (em R$ por ano)

ATIVIDADES Custos Redistribuídos Atividades docentes R$ 4.545.406,38 Administração institucional R$ 794.630,44 Ensino SS R$ 926.455,69 Ensino LS R$ 1.155.306,57 Pesquisa R$ 1.584.756,47 Administração R$ 23.444,44

TOTAL R$ 9.030.000,00

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3.8.2. Alocação do custo das Atividades Docentes

A alocação do custo das atividades docentes é a etapa crítica do processo de

custeio, dada a relevância desses custos. A alocação deve ocorrer caso a

caso, isto é, professor a professor, e para cada professor, entrevistas devem

ser feitas de maneira a se determinar a proporção de tempo que ele gasta em

cada um dos objetos finais de custo. A suposição para este estudo é de que os

professores são de dedicação exclusiva à instituição acadêmica e se dedicam

aos 4 produtos relacionados como objetos finais de custo (o pagamento por

hora-aula foi relacionado como custo direto ao produto Ensino LS). Isto é,

durante suas horas de trabalho na unidade de ensino e pesquisa, o docente

leciona o tempo exigido para Stricto Sensu, dedica parte do tempo ao ensino

Lato Sensu, realiza pesquisa e faz atividades de caráter administrativo. Desta

forma, incentivos à docência podem ocorrer em determinados casos, mas o

salário do professor reflete sua dedicação aos 4 objetos finais de custeio.

Além disso, estamos assumindo que, em função da dedicação horária dos

docentes, três diferentes perfis de dedicação vieram à tona no processo de

entrevistas. Os perfis são fictícios e têm como objetivo dar base à discussão do

modelo de custeio proposto; são eles:

Dedicação preponderante à atividade de ensino LS; Dedicação preponderante à atividade de pesquisa; Dedicação preponderante à atividade administrativa.

No caso de Ensino SS, assume-se que, independentemente do perfil, todos os

docentes têm que cumprir carga horária fixada em lei não havendo, portanto,

diferença de dedicação entre os perfis. A única exceção é em relação ao perfil

de dedicação predominante administrativo. Existe, usualmente, na legislação

universitária, liberação parcial da atividade docente (ensino SS) para os

docentes que exercem algumas das atividades administrativas enquadradas

nesse perfil.

A tabela a seguir ilustra a aplicação desses perfis para o presente estudo.

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Tabela 14: Perfil de Dedicação Horária dos Docentes

Perfil (a) Perfil (b) Perfil (c)Tipo de Perfil Dedicação preponderante à

atividade de ensino LSDedicação preponderante à

atividade de pesquisa Dedicação preponderante à

atividade administrativa

Número de Professores 18 8 4 Dedicação ao Ensino SS 30% 30% 20%Dedicação ao Ensino LS 40% 10% 20%Dedicação à Pesquisa 20% 50% 20%Dedicação à Administração 10% 10% 40%

Aplicando esses percentuais de dedicação aos custos da Atividade Docentes,

obtém-se uma indicação da redistribuição dos custos desta atividade.

Tabela 15: Custos da Atividade Docentes redistribuídos aos objetos finais de custo

(em R$ por ano)

Custos ATIVIDADES Perfil (a) Perfil (b) Perfil (c) TotalEnsino SS R$ 818.173,15 R$ 363.632,51 R$ 121.210,84 R$ 1.303.016,49

Ensino LS R$ 1.090.897,53 R$ 121.210,84 R$ 121.210,84 R$ 1.333.319,20

Pesquisa R$ 545.448,77 R$ 606.054,18 R$ 121.210,84 R$ 1.272.713,79

Administração R$ 272.724,38 R$ 121.210,84 R$ 242.421,67 R$ 636.356,89

TOTAL R$ 2.727.243,83 R$ 1.212.108,37 R$ 606.054,18 R$ 4.545.406,38

É importante lembrar que outros drivers poderiam ser utilizados para a

distribuição dos recursos de docentes, tais como o número de disciplinas. No

entanto, para o nível de agregação escolhidos para os objetos finais de custeio,

o tempo de dedicação reflete bem a forma como as atividades docentes são

consumidas pelos produtos.

3.8.3. Alocação dos custos da atividade Administração Institucional

Finalmente, a última atividade pode ser alocada em função dos custos já

distribuídos de forma a se obter o resultado final da alocação dos custos aos

objetos finais de custos. Conforme mencionado anteriormente, na bibliografia

não existe consenso sobre a distribuição dos custos da Atividade Institucional.

Kaplan e Atkinson (1998) indicam que empresas têm interesse em alocar todos

os custos, incluindo os institucionais, a fim de fornecer à gerência intermediária

uma noção desses custos para atingir diferentes objetivos. Hicks (1998)

também incentiva a distribuição desses custos e sugere que se o trabalho de

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criação do modelo de custeio foi bem feito, a distribuição dos custos da

Atividade Institucional pode ser feito com base no percentual dos custos

acumulados por atividade. Optou-se, aqui, por distribuir os custos das

atividades de Administração Institucional segundo os custos das atividades

calculado até o momento, isto é, incluindo-se todas as atividades distribuídas

até esta etapa do modelo. Por trás desta escolha está a premissa de que os

custos distribuídos anteriormente representam bem o uso da Atividade de

Administração Institucional.

A próxima tabela representa o resultado, de acordo com os dados utilizados

neste trabalho.

Tabela 16: Custos Indiretos Finais (em R$ por ano)

ATIVIDADES Custos Redistribuídos Peso (percentual)

Custos Indiretos Finais

Administração institucional R$ 794.630,44 - R$ -

Ensino SS R$ 2.229.472,19 27% R$ 2.444.593,86

Ensino LS R$ 2.488.625,78 30% R$ 2.728.753,17

Pesquisa R$ 2.857.470,26 35% R$ 3.133.187,43

Administração R$ 659.801,34 8% R$ 723.465,54

TOTAL R$ 9.030.000,00 100% R$ 9.030.000,00

3.8.4. Identificação do custo global de cada produto

Adicionando-se aos custos indiretos finais os custos diretos obtidos conforme

indicado na “Etapa 2 – Identificação dos custos diretos aos produtos”, é

possível encontrar os custos totais dos objetos finais de custos de acordo com

o modelo proposto neste trabalho.

A Tabela 17 ilustra este resultado.

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Tabela 17: Custos Totais Finais dos Objetos de Custos (em R$ por ano)

Objetos Finais de Custos Custos

Ensino SS R$ 2.644.593,86

Ensino LS R$ 3.228.753,17

Pesquisa R$ 3.183.187,43

Administração R$ 723.465,54

TOTAL R$ 9.780.000,00

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3.9. Etapa 8 – Análise

A última etapa do modelo apresenta um único passo – a análise das

informações geradas, descrita a seguir.

3.9.1. Análise das informações geradas pelo modelo

Um objetivo central do projeto de custeio, conforme indicado na seção 3.2, é o

de avaliar o grau de alinhamento entre os objetivos da instituição e a maneira

como os recursos, principalmente recursos docentes, são alocados. Como se

propõe que os professores / grupos de professores se tornem centros de

acúmulo de custos, a avaliação da coerência entre os objetivos e a missão da

instituição e a forma como os professores alocam seus tempos se torna

possível. Para exemplificar esse ponto, serão apresentados, abaixo, três

cenários onde é somente alterado o número de professores que compõem os

perfis (a), (b) e (c).

Tabela 18: Comparação de Cenários com diferentes Perfis de Professores

Perfil (a) Dedicação preponderante à atividade de ensino LS

Perfil (b) Dedicação preponderante à atividade de pesquisa Descrição dos Perfis

Perfil (c) Dedicação preponderante à atividade administrativa

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Objetos Finais de Custos

18 no Perfil (a) 8 no Perfil (b) 4 no Perfil (c)

8 no Perfil (a) 18 no Perfil (b) 4 no Perfil (c)

14 no Perfil (a) 14 no Perfil (b) 2 no Perfil (c)

Ensino SS R$ 2.644.593,86 R$ 2.644.593,86 R$ 2.677.820,48 Ensino LS R$ 3.228.753,17 R$ 2.730.353,92 R$ 2.996.166,85 Pesquisa R$ 3.183.187,43 R$ 3.681.586,68 R$ 3.482.226,98 Administração R$ 723.465,54 R$ 723.465,54 R$ 623.785,69

TOTAL R$ 9.780.000,00 R$ 9.780.000,00 R$ 9.780.000,00

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75

Os cálculos acima podem revelar a estratégia que, em teoria, seria aquela

seguida pela instituição, isto é, no cenário 1, a escola priorizaria o Ensino LS,

enquanto nos cenários 2 e 3, seria priorizada a pesquisa.

A observação dos diferentes cenários evidencia a sensibilidade dos custos dos

diversos produtos a variações na dedicação dos docentes para cada tipo de

atividade – nos momentos em que não estão dedicados às atividades

indispensáveis (Ensino SS e Administração), os docentes estão mais

dedicados à pesquisa ou ao Ensino LS? Quantos docentes estão

predominantemente voltados para a Atividade de Administração? Essas

diferenças afetam a redistribuição dos custos indiretos aos produtos e os

resultados obtidos permitem avaliar se a estratégia da empresa, sua missão e

seus objetivos estão de acordo com a distribuição dos custos: os custos são

maiores nas atividades foco da instituição?

Observa-se no caso fictício apresentado, que docentes e pesquisadores

agregam custos significativos às suas respectivas atividades e que, ao somar

os custos redistribuídos de professores e pesquisadores ao produto “Pesquisa”,

este produto se torna mais caro.

Segunda análise importante é a observação dos custos por aluno e dos

impactos da ociosidade nos custos da instituição. No meio educacional,

constantemente o indicador “custos por aluno” é utilizado para análise dos

resultados da instituição, com dados trabalhados a partir de todos os custos da

unidade. Supondo o número de alunos descrito na Tabela 19, podemos

observar os custos por aluno como abaixo.

Tabela 19: Cálculo dos Custos por aluno

Objetos Finais de Custos

Custos Diretos + Indiretos (com Ociosidade)

Número de alunos

Custo por aluno - com Ociosidade

Custos Diretos + Indiretos (Full-capacity)

Capacidade Custo por aluno - Full-capacity

Ensino SS R$ 2.644.593,86 300,00 R$ 8.815,31 R$ 2.644.593,86 300,00 R$ 8.815,31

Ensino LS R$ 3.228.753,17 200,00 R$ 16.143,77 R$ 3.728.753,17 400,00 R$ 9.321,88

Pesquisa R$ 3.183.187,43 - - R$ 3.183.187,43 - -

Administração R$ 723.465,54 - - R$ 723.465,54 - -

TOTAL R$ 9.780.000,00 500,00 R$ 10.280.000,00 700,00

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76

É possível observar que a ociosidade tem forte impacto nos resultados da

instituição. Lembramos, no entanto, que para o Ensino SS a tendência é que

todas as posições estejam ocupadas, visto que estes são cursos gratuitos –

isso será verdade, em especial, quanto mais bem cotado for o serviço

oferecido.

Além disso, sugere-se que decisões importantes em unidades acadêmicas são

freqüentemente tomadas sem a devida consideração de implicações de custos.

Quando análises de custo são realizadas, provavelmente elas envolvem a

consideração de custos incrementais de curto prazo (o custo de uma viagem,

de contratação de um professor visitante, etc.). A implementação de um

sistema de custos ABC traz a atenção para implicações nos custos de longo

prazo que surgem em função das decisões tomadas. Por exemplo, novos

cursos e novos programas de pesquisa requerem esforços adicionais em

atividades diversas na unidade, incluindo, com freqüência, expansão de

instalações – conforme assinala Kaplan (1998), no longo prazo os custos fixos

são os custos que têm mostrado maior grau de variação e torna-se

fundamental entender a causa dessa variação. O ABC traz novas informações

que auxiliam na tomada de decisões estratégicas.

Os fundos que sustentam a instituição vêm de fontes diversas (recursos

públicos - federais, estaduais - e recursos privados - receitas do ensino LS). A

contabilidade da instituição normalmente não reúne esses recursos na mesma

base. Logo, perguntas diversas que, acredita-se, são relevantes na

administração estratégica da unidade não têm resposta simples (por exemplo,

se a unidade acadêmica fosse uma entidade independente, como seria seu

desempenho em termos de auto-sustentação? Ou, qual o desempenho (e nível

de eficiência) do segmento de ensino LS? O resultado é compatível como

desempenho de unidades privadas que atuam no segmento?

No entanto, por se caracterizar como uma proposta de modelo e não como a

aplicação de um modelo a um caso específico, este trabalho não realizou

análises sobre a lucratividade do caso exemplificado. Também, não buscou as

receitas de mercado para comparar os resultados do custeio às possibilidades

de retorno financeiro de uma instituição de ensino e pesquisa.

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Finalmente, um outro ponto interessante da estratégia adotada é o fato de ser

um modelo genérico, que tanto pode ser utilizado em outras instituições sem a

necessidade de grandes alterações e adaptações, como pode ser mantido

mais facilmente. Alterações na estrutura da empresa podem ser contempladas

com pequenos ajustes do modelo proposto, além de não serem necessários

conhecimentos específicos para a realização de tal tarefa.

3.9.1.1. LIMITAÇÕES E DIFICULDADES NA APLICAÇÃO DE ABC A UNIDADES

ACADÊMICAS

Abaixo, são apresentadas três observações referentes às limitações e

dificuldades que podem ser observadas na implementação do ABC a

instituições de ensino e pesquisa.

Custos conjuntos: Alguns custos são conjuntos, ou seja, é impossível

alocá-los a um produto específico. Por exemplo, ao orientar uma tese de

mestrado o docente esta dedicando tempo a ensino e a pesquisa (a tese

se torna publicação posterior). Logo em tais casos a alocação de custo

do docente (e de outros recursos) entre ensino e pesquisa se torna

arbitrária. Definição dos custos que serão considerados no estudo: Esses

custos são passiveis de avaliação. Por exemplo, bolsas de mestrado são

recursos públicos aplicados à educação. Devem, tais recursos, ser

considerados parte dos custos a serem distribuídos aos produtos? Perfil e salários reais dos docentes: No estudo, definiu-se o perfil dos

docentes e adotaram-se valores salariais hipotéticos. Na realidade os

salários do corpo docente variam e é possível encontrar um docente

lecionando em determinado curso que receba salário mais alto sem que

haja necessidade de que este docente específico esteja alocado ao

curso. Como lidar com tal situação no processo de custeio?

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4. CONCLUSÕES

Através deste estudo, procuramos propor um modelo para a implementação de

um sistema ABC em instituições de ensino e pesquisa de pequeno/ médio

porte, modelo este abrangente e simples de ser aplicado na prática. Além

disso, objetivamos mostrar que este modelo é viável, não demandando

recursos (humanos, financeiros e tecnológicos) indisponíveis a este tipo de

empresa.

Através da apresentação de um estudo de caso construído a partir de

informações de diversas instituições de ensino e pesquisa (voltadas para a

área de administração) foi mostrado que o modelo é aderente às expectativas

de simplicidade e abrangência. Isso se deve tanto ao fato de terem sido

utilizadas planilhas Excel alimentadas off-line, quanto à escolha de centros de

atividades genéricos que representam bem uma gama de instituições de ensino

e pesquisa. Por ser abrangente, o modelo criado pode ser utilizado por

unidades de ensino e pesquisa requerendo adaptações mínimas.

A literatura mostrou que existem poucas ferramentas de controle gerencial no

setor de educação e pesquisa. A introdução deste modelo se torna, neste

cenário, ainda mais importante, por disponibilizar à gerência novas informações

e melhorar as condições de julgamento e tomada de decisão.

Ao longo da revisão bibliográfica, foram levantados outros pontos de atenção

no que se refere à introdução do activity-based costing em pequenas e médias

empresas. A metodologia proposta se mostrou apta a superar essas

dificuldades, por exemplo, por recorrer a dados de diversas fontes dentro da

empresa para alimentar o modelo de forma manual (simples, barato e

eficiente). Algumas das dificuldades são relatadas a seguir, assim como a

abordagem proposta para ultrapassá-las.

Para a realização de um projeto como este, não é possível escapar de um

extenso trabalho de mapeamento das atividades. Ocasionalmente, encontrar-

se-á resistência por parte dos funcionários, que têm a percepção de pouco

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79

tempo disponível. Entretanto, com a conscientização da equipe e apoio da

gerência torna-se mais fácil obter o apoio incondicional dos pontos focais a

serem entrevistados. Dependendo dos objetivos do sistema de custeio, as

entrevistas podem ser alongadas ou encurtadas, visando à obtenção de

maiores ou menores detalhes, respectivamente. No entanto, entrevistas muito

curtas não serão suficientes quando os objetivos da implementação incluírem a

melhoria de processos.

Os recursos financeiros necessários para a realização do projeto não

obrigatoriamente são altos, dado que apenas 1 funcionário / consultor

envolvido no projeto é capaz de implantar o ABC em empresas menores, e que

os recursos tecnológicos largamente difundidos.

Outro ponto que deve ser levado em consideração são as bases de dados

(incluindo base de custos) que, normalmente, são pouco detalhadas e não

dispõem de todos os dados necessários à implementação do modelo, como,

por exemplo, os dados relativos aos drivers ideais ou aos itens de custos.

Portanto, os drivers utilizados em projetos deste porte, em geral, diferem dos

drivers ideais, constituindo-se em simplificações necessárias, como ocorreu,

também, no caso apresentado. Isto é para determinados drivers de primeiro e

segundo estágios, conhecendo o trade-off entre a acuracidade do driver e os

custos do projeto, houve a substituição por drivers menos acurados que

estavam, entretanto, disponíveis com maior facilidade. Especial atenção deve

ser dada ao tempo de dedicação, já que não costuma existir acompanhamento

preciso e nem, tampouco, especialização dos funcionários em uma

determinada atividade – tal como os docentes no instituto de ensino e

pesquisa. O mesmo tipo de observação vale para os itens de custos, que, nem

sempre, estarão disponíveis na forma necessária para o tratamento no ABC e

precisarão ser re-trabalhados.

Com relação a estas simplificações, esta é uma proposta inicial que pode ser

refinada em novas aplicações do modelo. No entanto, o mais importante de um

modelo como este é a sua lógica. A utilização de drivers substitutos costuma

ter baixo impacto no resultado final, ou, pelo menos, muito menos impacto do

que se não tivesse sido usada a modelagem global. Se o projeto tentasse

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buscar todas as informações necessárias para eliminar as simplificações, a

relação custo-benefício do sistema provavelmente passaria a ser negativa e

por isso o modelo proposto se baseia na premissa da simplicidade.

Os resultados da aplicação do modelo no caso hipotético (apresentado na

sessão anterior) permitiram, também, algumas análises importantes. Como

instrumento para a implantação do modelo, foi proposto por esse trabalho que

os docentes sejam centros de “Atividades Docentes”, de forma que, ao

utilizarem recursos, esses sejam alocados aos objetos finais de custos

considerando o perfil de cada docente. Essa prática permite comparar a

estratégia da instituição, seus objetivos e sua missão ao consumo das

atividades pelos produtos oferecidos, revelando se a estratégia formalizada da

unidade está alinhada ao consumo dos recursos e das atividades, em especial

das atividades docentes.

Com relação às atividades docentes, assumiu-se a existência de três perfis de

docência: (a) prioriza o ensino LS, (b) prioriza a pesquisa e (c) prioriza as

atividades administrativas. Os dois primeiros têm uma carga horária mínima a

dedicar ao ensino SS e o último é parcialmente liberado desta atividade para as

tarefas gerenciais. A identificação desses modelos permitiu ter informações

mais detalhadas para a verificação do alinhamento da estratégia.

O modelo também permite a apreciação dos efeitos da ociosidade sobre os

custos de oferta do serviço / produto. As novas informações geradas pelo

mesmo servem de base no julgamento dos pontos positivos e negativos de

uma nova estratégia. Ao entender o consumo dos recursos pelos produtos e as

implicações da ociosidade nos custos por aluno, a alta hierarquia está mais

apta a alterar a estratégia – de precificação dos cursos pagos, de localização,

de expansão etc. Por exemplo, a expansão da área da unidade, aumentaria a

capacidade ociosa, gerando efeitos de longo prazo, que podem ser mais bem

julgados com as informações de custos geradas pelo modelo.

Em resumo, através deste trabalho, 8 etapas foram propostas para a

implementação do activity-based costing em pequenas e médias instituições de

ensino e pesquisa: (1) definição dos objetivos do projeto e objetos finais de

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custo; (2) identificação dos custos diretos; (3) definição dos centros de

atividades; (4) organização da base de custos; (5) definição dos drivers de 1º

estágio e alocação dos custos às atividades; (6) redistribuição dos custos entre

atividades; (7) alocação final dos custos indiretos aos produtos; e (8) análise.

Os resultados mostraram que o modelo se adeqüa bem a realidades diferentes

dentro do meio estudado, que gera novas e importantes informações para os

tomadores de decisão e que permite verificar o alinhamento entre objetivos da

instituição e consumo de recursos e atividades, especialmente, o perfil de

dedicação dos docentes.

Como continuidade, podem ser acrescentadas novas informações ao modelo,

por exemplo, incorporando custos gerenciais que não constam da

contabilidade. Uma possibilidade é a incorporação dos custos de oportunidade

e outra é uma análise mais aprofundada dos itens considerados custos versus

os que são vistos como investimentos.

Uma segunda linha para prosseguimento deste estudo é a incorporação de

conceitos que privilegiem o controle de custos, dado que este não foi o foco do

modelo aqui apresentado.

Um terceiro caminho seria a análise detalhada da rentabilidade de uma

unidade de ensino e pesquisa, comparando os custos encontrados com o

modelo proposto à receita de cada um dos objetos finais de custeio, e

observando o acontecimento, ou não, de subsídios cruzados.

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6. ANEXOS

Anexo 1. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

Este anexo apresenta o detalhamento das atividades mapeadas em um

instituto de ensino e pesquisa e os drivers de segundo estágio para o caso de

ser relevante a análise de custos por atividades específicas. Está desenhada

abaixo uma representação esquemática do fluxo de processo.

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Figura 3: Visão sistêmica dos processos de uma instituição de ensino superior

Controle de Pagamentos

Organização de ferramentas gerenciais

Atendimento aos usuários do Sistema Contábil

Processamento da folha de pagamento de Pessoa

Física e de Pessoa Jurídica

Prestação de contas para a Fundação 1

Processamento de AP's e OP's

Lançamentos de Contas a Pagar e outros

Controle de Doações

Controle de Recebimentos

Seleção, recrutamento e acompanhamento de

estagiários

Pagamento de pessoal

Controle de freqüência (pessoal da

Universidade) e de folha de ponto

Controle de benefícios do pessoal contratado

Seleção e recrutamento do pessoal contratado

Atendimento aosfuncionários

Conservação e manutenção predial Limpeza predial

Prestação de serviços gerais

Compra, estocagem e distribuição de material

Suporte à rede de computadores

Administração das contas bancárias

Organização de eleições para a Universidade

Acompanhamento de pessoal de Universidade

Realização de concurso público

Organização de Formaturas

Formação de turma

Programação de aulasGerenciamento de

processo de homologação de turma

Seleção e cadastro de aluno de Especialização

Secretaria de turma: Acompanhamento de

turma e atendimento aos alunos de especialização

Organização do material didático e programação de aulas de mestrado e

Seleção de alunos de mestrado e doutorado

Gerenciamento de processos de dissertação

e tese

Atendimento aos alunos de mestrado e doutorado

Atualização do sistema de gerenciamento

acadêmico

Atendimento aos alunos e candidatos de extensão

Finalização de turma de extensão

Acompanhamento de turma de extensão

Seleção e cadastro de aluno de Extensão

Formação de turma de extensão

Processamento de empréstimos

Atendimento ao público

Desenvolvimento de coleção

Processamento técnico de acervo

Conciliação, análise e impressão de relatórios

contábeis

Compra, estocagem e distribuição de material

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A1.1. SECRETARIA DE ESPECIALIZAÇÃO

A Secretaria de Especialização é responsável por uma série de processos

destinados a apoiar os cursos e os alunos de Lato Sensu, principalmente no

que diz respeito às questões de BackOffice.

É através deste setor que o aluno de cursos abertos chega à instituição de

ensino, pois o mesmo é responsável pela organização do processo seletivo,

logo após terem sido recebidos os formulários de candidatura. Para os cursos

in-company, a seleção ocorre com o apoio da empresa cliente. Outra atividade

executada na secretaria de especialização é o gerenciamento de processo

para a aprovação dos cursos junto ao órgão responsável na universidade

(homologação de curso) e o posterior envio das informações pessoais e dos

resultados de todos os alunos formados em cada turma de especialização,

assim como as avaliações do curso, constituindo o chamado “Relatório Final”,

que integra o processo de finalização de curso. Faz parte das

responsabilidades da Secretaria de Especialização gerenciar os históricos

escolares dos alunos.

As secretárias de turma fazem o acompanhamento contínuo das turmas,

montam os kits dos alunos, organizam o material para as disciplinas, e juntam

as informações relevantes para os outros trabalhos de back-office, tais como

listas de presença, avaliações dos cursos e notas em disciplinas.

Além disso, esta secretaria realiza a programação das aulas, buscando junto

aos professores os horários em que estão disponíveis para lecionar e

reservando as salas necessárias para cada matéria. Finalmente, é a mesma

quem organiza as cerimônias de formatura, duas vezes ao ano, e providencia

os certificados de conclusão do curso para os formandos.

Na Tabela 20, abaixo, são apresentadas as atividades detalhadas identificadas

para a esta secretaria.

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Tabela 20: Atividades da Secretaria de Especialização

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

1.1 Seleção e cadastro de aluno de Especialização

Secretaria Administrativa de Especialização #alunos Especialização Recebimento de formulário de

inscrição, via internet ou fax

Contrato formalizado com o alunoou Carta de recusa enviada

1.2Gerenciamento de processo de homologação de turma

Secretaria Administrativa de Especialização #cursos Especialização Início de ano letivo, novo curso

de EspecializaçãoProcesso aprovado pela Universidade

1.3 Programação de aulas de Especialização

Secretaria Administrativa de Especialização #turmas Especialização Início de nova turma/disciplinas

de Especialização

Aulas programadas: espaço reservado e horários confirmados

1.4 Formação de turma de Especialização

Secretaria Administrativa de Especialização #alunos Especialização Aluno aprovado e contrato

formalizado- Crachás impressos;- Placas de identificação prontas

1.5 Organização de formaturas

Secretaria Administrativa de Especialização #alunos Especialização Finalização do curso Solenidade organizada e

certificados prontos

1.6 Gerenciamento de processo "Relatório Final"

Secretaria Administrativa de Especialização #alunos Especialização Finalização do curso Processo aprovado pela

Universidade

1.7Prestação de serviços pós-venda para a Especialização

Secretaria Administrativa de Especialização

#solicitações à Secretaria de Especialização

Solicitação de serviços por ex-aluno como, por exemplo, documentos

Solicitações atendidas

A1.1.1. Seleção e cadastro de aluno de especialização

Para ingressar em um curso de especialização no Instituto, os candidatos

devem preencher um formulário disponível na página web. De posse de todos

os formulários entregues até a data limite de inscrição, os funcionários da

Secretaria de Especialização entram em contato com os professores

responsáveis pela seleção de candidatos a fim de verificar os horários

disponíveis para marcação de entrevista. Em seguida, os candidatos são

contatados por telefone e as entrevistas são marcadas.

A etapa seguinte consiste na escolha dos candidatos aprovados:

primeiramente, é realizada a entrevista com o coordenador de turma e, depois,

a avaliação é finalizada por dois outros professores. Assim que o resultado final

é disponibilizado para a secretaria, uma carta de aceite é enviada aos

candidatos aprovados e uma carta de recusa é enviada aos não aprovados.

Os alunos selecionados precisam, então, formalizar o contrato com o Instituto e

entregar um conjunto de documentos que serão importantes para outras

atividades da secretaria e do Instituto como um todo. Com o contrato

formalizado, o aluno pode iniciar o curso de especialização seguindo o

calendário acadêmico.

As tarefas envolvidas nesta atividade são tão maiores quanto mais candidatos

participarem do processo seletivo, o que leva à escolha do número de

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candidatos como o driver de segundo estágio ideal. Entretanto, por

simplicidade e sem causar muito impacto, o driver efetivamente utilizado para

esta atividade será o número de alunos tendo em vista que existe uma relação

direta entre o número de alunos e o número de candidatos em cada ano.

A1.1.2. Gerenciamento de Processo de Homologação de Turma

De acordo com a Resolução que regula o credenciamento dos cursos Lato

Sensu na universidade, é necessário abrir um processo de “Proposta Inicial de

Curso de especialização” contendo informações sobre o curso a ser ministrado

(coordenador, carga horária, disciplinas, nome do curso, periodicidade e

outras) toda vez que um novo curso tiver início.

A criação e o acompanhamento destes processos junto aos órgãos

responsáveis na Universidade é uma atividade de responsabilidade da

Secretaria de Especialização, que deve reunir as informações relevantes para

a abertura do processo e acompanhar seu andamento até que a turma seja

homologada. Além das informações básicas sobre a turma que terá início, as

exigências da Universidade se relacionam à capacitação dos professores

alocados às matérias (currículos atualizados) e ao orçamento previsto para o

curso. Após montar todo o processo de acordo com um modelo pré-definido,

esse é encaminhado para aprovação junto ao devido órgão na Universidade.

Como um processo é requerido para cada novo curso, todos os anos /

semestres, o número de novos cursos se mostra com o driver ideal para

segundo estágio. Entretanto, devido às características da instituição de ensino,

é bastante comum a mudança de professores, coordenadores e de seminários

ministrados de um ano para o outro, gerando, com isso, a necessidade de

abertura de novo processo para todos os cursos, o que torna possível utilizar

como driver o número de cursos (novos ou não).

Esta é uma atividade trabalhosa e que não gera valor para o Instituto. No

entanto, por ser uma obrigação regulamentar não é possível eliminá-la. A

redução dos recursos consumidos por esta atividade dependeria da

manutenção de cursos exatamente iguais a cada ano.

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O driver desta atividade poderia ser o número de aulas. Por outro lado, o

Instituto oferece cursos em diversas turmas que possuem, em geral, o mesmo

número de aulas já que são todos Lato Sensu com carga horária de 360 horas.

Portanto, pode ser feita uma simplificação neste processo, de forma a tornar o

projeto menos complexo, sem perdas significativas de acuracidade no

resultado final, usando como driver de segundo estágio o número de turmas.

A1.1.3. Formação de Turma

Assim que uma turma é definida – os alunos foram selecionados, têm seus

contratos formalizados e as aulas devem ter início – é necessário preparar

alguns documentos, os crachás e as placas de identificação dos alunos.

As informações dos alunos, fornecidas através das fichas de inscrição, são

organizadas em um caderno de referência, o chamado “Procura-se”, com a

finalidade de repassar as suas informações de contato e currículo, tanto para

os professores e para os outros participantes do curso. Para tal, além dos

dados de alunos, também são feitas fotos pessoais a serem incluídas no

caderno.

A melhor forma de medir o consumo desta atividade pelos objetos de custo é

através do número de alunos.

A1.1.4. Programação de Aulas

Outro conjunto de tarefas realizadas pelo pessoal da Secretaria de

Especialização é a programação das aulas: montagem dos horários e reserva

de sala de aula.

Os horários são previamente montados, baseados nas grades dos anos

antecedentes e depois fazendo as alterações necessárias para atender às

possibilidades dos professores, consultados antes do início do ano letivo. Mas

a disponibilidade destes últimos pode se alterar ao longo do período de aulas,

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sendo necessário reorganizar a grade horária cada vez que uma alteração

ocorre.

Além disso, cada matéria possui uma demanda por salas que costuma ser

diferente: sala de aula tipo auditório e um número específico de salas menores

para a realização de trabalhos em grupo. Por esta razão, além de organizar os

horários em função das outras atividades dos professores, é necessário fazer a

programação das salas a serem utilizada, ambas as tarefas sob

responsabilidade deste setor. Atualmente, a Secretaria de Especialização é

centralizadora da demanda por salas de aula para todos os cursos (Stricto

Sensu, Lato Sensu, de extensão) e, por isso, é informada sobre as reservas de

salas de aula por outras secretarias do Instituto.

A1.1.5. Acompanhamento de turma de especialização

Após a programação das aulas, alguns materiais precisam ser organizados e

as apostilas de disciplinas devem ser montadas com apresentações e artigos a

serem usados em sala. Com o início das aulas, também se iniciam as tarefas

de recolhimento e arquivamento de listas de presença, avaliações de

disciplinas e notas. A secretaria de especialização coleta as informações junto

aos alunos, alimenta os bancos de dados específicos e obtém com os

professores os resultados dos alunos para cada disciplina.

O driver ideal para esta atividade é o número de alunos

A1.1.6. Organização de Formaturas

Ao final do curso, uma solenidade de formatura é organizada para todas as

turmas formadas naquele período. Tipicamente, esta solenidade ocorre duas

vezes ao ano (em julho e em dezembro) e agrupa todas as turmas Lato Sensu,

com a ressalva de que em dezembro também participam os formandos das

turmas Stricto Sensu.

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A Secretaria de Especialização é responsável por organizar a solenidade,

reservando o local, definindo o coquetel e a decoração, providenciando os

convites e um certificado simbólico. O certificado oficial somente é entregue

após a aprovação do processo de finalização de curso (“Relatório Final”), de

acordo com a seção A1.1.7.

Apesar de o esforço necessário para a organização de uma festa destas

independer do número de alunos, os custos de organização da festa relativos a

espaço, coquetel e bebidas sofisticadas é totalmente dependente do número

de pessoas presentes na festa, isto é, do número de formandos e de seus

convidados.

A1.1.7. Gerenciamento de Processo de Finalização de Curso

Outra exigência da resolução previamente citada é o envio do “Relatório Final”

para análise junto ao órgão responsável, a partir da qual é feita a emissão dos

certificados pela Divisão de Diplomas.

Existem muitas exigências burocráticas associadas a este processo, feitas por

parte da Universidade. No entanto, os certificados de aprovação em Curso de

especialização só podem ser emitidos após a aprovação deste processo.

Como, junto ao mesmo, devem estar anexados os históricos escolares dos

alunos formados, durante todo o curso, a Secretaria recebe dos professores as

notas concedidas aos alunos em cada disciplina e monta os seus históricos. No

mais, são necessárias as descrições dos cursos e o relato dos resultados

obtidos, anexando, também, as avaliações de matérias e seminários entregues

pelos alunos.

O volume de trabalho desta atividade é totalmente vinculado ao número de

alunos.

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A1.1.8. Prestação de Serviço pós-venda

Alunos antigos da Instituição podem entrar em contato com a secretaria

solicitando informações e documentos. Dentre as solicitações está a emissão

de histórico escolar por parte de um aluno antigo. A montagem desse histórico

quando a formatura do aluno é anterior ao sistema informatizado (onde hoje

são armazenados os históricos) demanda grande esforço de recolhimento de

informação junto a outros órgãos da Universidade.

Entretanto, por ser uma atividade esporádica e de fluxo bastante simples,

optou-se por não desenhar o fluxograma de processo, que não deve trazer

melhorias significativas que justifiquem o mapeamento. Por estas mesmas

razões, também não foi definido um driver para a “Prestação de serviços pós-

venda”.

A1.2. SECRETARIA DE EXTENSÃO

A Secretaria de Extensão pode ser considerada o análogo da Secretaria de

Especialização para os cursos de extensão incorporando atividades relativas

ao acompanhamento de turmas e não precisando manter contato com os

órgãos da Universidade que regulam os cursos Lato Sensu. Os cursos de

extensão são, em geral, mais curtos, com carga horária de, aproximadamente,

160 hora.

A Secretaria de Extensão recebe os formulários de inscrição por e-mail e deve

dar continuidade ao processo seletivo, organizando as entrevistas entre

candidatos e coordenadores de turma e informando os resultados. Após o

processo seletivo, com as turmas definidas, é necessário montar o kit de

materiais dos alunos, consistindo de livros, pastas, canetas e do “Procura-se”,

caderno contendo as informações dos estudantes, assim como é necessário

montar as placas e os crachás de identificação de alunos.

Com o início das aulas, a Secretaria de Extensão passa a ser a responsável

pelo acompanhamento da turma, reunindo os textos a as apresentações de

cada disciplina em uma apostila e apoiando o controle de presenças e as

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avaliações. Desta forma a Secretaria pode, ao final das disciplinas, atualizar os

dados históricos dos alunos. Finalmente, quando se encerra o curso, este setor

prepara os certificados e os históricos completos dos alunos, além de organizar

um café da manhã para a entrega dos mesmos e um churrasco de finalização.

Na Secretaria de Extensão foram identificadas as atividades abaixo.

Tabela 21: Atividades da Secretaria de Extensão

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

2.1 Seleção e cadastro de aluno de extensão Secretaria de Extensão #candidatos à Extensão Recebimento de formulário de

inscrição via e-mailContrato dos alunos enviados para Contas a Receber

2.2 Formação de turma de extensão Secretaria de Extensão #alunos Extensão Alunos selecionados Crachás, bolsas, placas e livros

prontos

2.3 Acompanhamento de turma de extensão Secretaria de Extensão #alunos Extensão Início de disciplina

-Apostilas montadas e entregues aos aluno- Notas, lista de presença e avaliação de disciplinas registrados

2.4 Finalização de turma de extensão Secretaria de Extensão #alunos Extensão Término do curso Certificados de alunos

aprovados entregues

2.5 Atendimento aos alunos e candidatos de extensão Secretaria de Extensão #alunos Extensão

Solicitação de informação, pessoalmente, por telefone ou por email

Solicitações atendidas

A1.2.1. Seleção e cadastro de aluno de extensão

Os alunos interessados em cursar um curso de menor duração no Instituto de

Ensino realizam a inscrição no processo seletivo preenchendo um formulário

(ficha de inscrição) disponível no web-site da instituição, que é recebido pela

Secretaria de Extensão como um e-mail. Os dados enviados pelo aluno são

transferidos para uma planilha que faz parte da base de dados da Secretaria de

Extensão: para cada ano letivo, existe uma planilha por curso com os dados

dos candidatos.

Em seguida, a Secretaria de Extensão marca as entrevistas em função das

disponibilidades de horário dos coordenadores dos cursos, e marca as salas

necessárias para este processo. Antes da realização das entrevistas, o setor

deve preencher o formulário de entrevista com os dados da ficha de inscrição e

anexar a esses documentos o termo de compromisso, formando o conjunto de

documentos que é passado ao coordenador de turma para a realização da

entrevista.

Ao contrário do que acontece no caso dos cursos de Lato Sensu, para os

cursos de extensão somente um avaliador é necessário e seu parecer, escrito

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no formulário de entrevista, determina a aprovação, ou não, de um candidato.

Os candidatos recebem o resultado por e-mail e aqueles aprovados podem ser

chamados para a turma que terá início no mesmo ano letivo ou podem ser

alocados em uma fila de espera, caso não existam vagas suficientes para

todos os candidatos aprovados. Nesta última situação, o candidato é chamado

a ingressar na turma casa haja desistências ou no ano seguinte, quando tiver

início uma nova turma. A definição de quais candidatos aprovados serão

imediatamente chamados é feita pelo critério de data de inscrição, isto é, têm

prioridade os candidatos que se inscreveram mais cedo no processo seletivo.

A atividade é finalizada com a formalização do contrato dos candidatos

selecionados, assinado e entregue na Instituição de Ensino em 3 vias, e com o

pagamento de uma parcela do valor do curso.

O driver de segundo estágio a ser utilizado nesta atividade é o número de

candidatos, tendo em vista que o esforço de seleção é tão maior quanto mais

candidatos estejam inscritos no processo.

A1.2.2. Formação de turma

Antes de serem iniciadas as aulas, um conjunto de materiais precisa ser

organizado para serem entregues aos alunos no início do curso: livros, bolsas,

canetas, crachás e placas de identificação e o “Procura-se”. A fim de obter as

melhores condições, os materiais são orçados em diversos fornecedores e o

menor orçamento indica o fornecedor a ser escolhido.

Assim, a Secretaria de Extensão compra os livros, as bolsas e as canetas.

Além disso, este setor imprime e monta os crachás e as placas de

identificação, cujas informações (nome e curso) são obtidas no banco de dados

dos alunos aprovados. Outra tarefa pertencente a esta atividade é a montagem

do “Procura-se” que junta as principais informações dos alunos de determinada

turma e serve de fonte de informação e contato na própria turma. Ele inclui,

também, uma fotografia digital de cada aluno.

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Ao final, todos os materiais identificados acima são organizados e entregues

aos alunos, que devem assinar uma pauta de recebimento.

No mais, pode-se identificar o gerador de custos da atividade “Formação de

turma” como o número de alunos.

A1.2.3. Acompanhamento de turma

O acompanhamento das turmas de extensão se caracteriza por uma série de

tarefas que se repetem para cada disciplina dos cursos oferecidos, desde a

montagem das apostilas de uma disciplina até a atualização da presença e das

notas de alunos, avaliação das disciplinas e organização dos documentos

necessários para o pagamento de professores e do coffee-break.

Na preparação para o início de uma disciplina, a Secretaria de Extensão é

encarregada de montar a apostila referente e providenciar as cópias para os

alunos: com o professor, a Secretaria obtém as apresentações e os textos a

serem utilizados na disciplina, sob forma de arquivo eletrônico ou com as

corretas descrições de textos para que possa ser realizada uma busca na

biblioteca do Instituto. Em seguida, todas as apresentações e os textos são

impressos para a montagem de uma apostila, que servirá como original para as

cópias dos alunos. As cópias são feitas através de um serviço de reprografia,

interno ou externo ao Instituto, escolhido em função dos custos por cópia. Após

o recebimento dessas cópias e de sua conferência (por amostragem) as

apostilas são entregues aos alunos, que devem atestar o recebimento

assinando uma lista de recebimento de apostilas.

Como etapa seguinte, a partir do início das aulas, diariamente, a Secretaria de

Extensão imprime a lista de presença dos alunos, repassa ao professor, e a

recolhe após cada sessão de uma disciplina. Os dados são periodicamente

atualizados no histórico da turma, para fins de controle de presença, tendo em

vista que os alunos devem ter um percentual mínimo de presença nas aulas

para que sejam aprovados e recebam seus certificados.

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Além do controle de presença este setor também acompanha a avaliação dos

alunos, que pode ser sob a forma de prova escrita ou de trabalho. O papel da

Secretaria é recolher os trabalhos escritos e repassá-los aos respectivos

professores, entregar uma lista de presença ao professor que aplica uma prova

para anotação das notas e, por fim, cobrar dos professores as notas de provas

e trabalhos de forma a poder atualizar os históricos dos alunos.

Dentre as políticas do Instituto que apóiam a qualidade de ensino está a

constante avaliação das disciplinas e dos professores, tarefa também apoiada

pela Secretaria de Extensão para esses cursos. A Secretaria imprime e entrega

aos alunos um formulário de avaliação de disciplinas e os recolhe após terem

sido preenchidos. Em seguida, transfere os dados das avaliações para uma

planilha de avaliação, calcula as médias das avaliações e insere estes dados

na base Access. Para completar a avaliação, os dados digitados são conferidos

compilados e enviados ao coordenador da turma. Este último analisa as

avaliações indica o feedback que deve ser enviado ao professor. O feedback é

enviado com uma carta de agradecimento, por correio ou portador, para o

professor ao fim de sua disciplina, pela Secretaria de Extensão.

Além disso, o setor também providencia o pagamento dos professores, do

serviço de coffee-break oferecido nos intervalos de aulas e das cópias xérox

realizadas (pagos mensalmente). A solicitação de pagamento de xérox e do

coffee-break são feitas através da emissão de uma Ordem de Pagamento, que

é enviada pela Secretaria para a Tesouraria acompanhada das respectivas

Notas Fiscais. Já com relação aos professores, o pagamento é feito através de

Autorizações de Pagamento (AP), enviadas para a Tesouraria com as notas

fiscais dos PJ e, no caso de novos professores, acompanhadas do acordo de

cooperação (para pagamento de pessoa jurídica) ou do formulário de cadastro

(pagamento de pessoa física).

O esforço sobe as tarefas desta atividade está relacionado ao número de

alunos, driver escolhido para segundo estágio.

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A1.2.4. Finalização de turma

As últimas etapas do trabalho da Secretaria de Extensão com uma turma se

referem à organização do churrasco de finalização, impressão dos históricos e

certificados de participação no curso e a entrega de ambos.

O churrasco ocorre no último dia de aula nas dependências da Instituição; um

serviço de churrasqueiro é contratado pela secretaria para a preparação. Os

históricos, já com as informações inseridas na base de dados, são impressos e

as listas de presença são observadas para identificar os alunos aprovados, isto

é, aqueles que possuem notas e presenças superiores ao percentual requerido.

Para a impressão dos históricos, uma nova conferência dos nomes é solicitada

aos alunos (na sessão A1.1.3 é apresentada a atividade “Formação de turma”,

na qual ocorre a primeira conferência). Caso seja identificado algum erro, a

Secretaria de Extensão faz a correção na base e imprime os certificados dos

alunos aprovados.

A entrega dos certificados e históricos ocorre durante um café da manhã

especial ou um coffee, caso seja necessário marcá-la para a parte da tarde. O

setor reserva o restaurante e contrata o serviço do bufê após marcar com o

coordenador e com os alunos a data apropriada.

O driver indicado para esta atividade é o número de alunos.

A1.2.5. Atendimento aos alunos e candidatos

O fluxograma desta atividade não foi desenhado devido à grande diversidade

de atuações possíveis. De uma forma geral, os pedidos chegam por e-mail ou

telefone e são imediatamente respondidos pela pessoa que recebe a

solicitação sempre que esta estiver apta a fazê-lo. Caso contrário, a solicitação

é repassada para o responsável do setor que fica responsabilizado pela

resolução do problema.

Um driver que pode ser usado para esta atividade, sem muitas perdas é o

número de alunos.

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A1.3. SECRETARIA DE GRADUAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO

6.1.1.1. SECRETARIA DE GRADUAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO

Assim como as duas secretarias mencionadas nas sessões anteriores, a

Secretaria de Graduação, Mestrado e Doutorado é responsável pelo contato

com os alunos destes cursos, desde o processo seletivo até a entrega de seus

diplomas, apoiando-os ao longo do curso através do atendimento, da

organização de grades horárias e de salas de aulas e da manutenção de suas

informações e seus resultados.

Após o recebimento da ficha de inscrição, os candidatos mais bem colocados

em um exame escrito nacional (ou o equivalente internacional) são chamados

para a etapa de avaliação de currículos, carta de motivação e entrevistas. Os

entrevistadores oferecem seus pareceres e a secretaria de graduação, de

mestrado e de doutorado informa aos candidatos as respostas finais. Para a

seleção de aluno de graduação, o processo é realizado pela Universidade, que

organiza o vestibular e informa a secretaria sobre os candidatos aprovados no

concurso.

Para os alunos aprovados é necessário preparar a placa de identificação, o

“Procura-se” e os materiais para a primeira aula. Além disso, é montada a

grade horária e as salas de aula são reservadas. A organização da grade e dos

materiais se repete antes do início de cada bloco de disciplinas.

Durante todo o período em que o aluno está na Instituição, a secretaria

responde às suas dúvidas e providencia documentos solicitados, como o

histórico escolar e as declarações de inscrito. Também, faz a atualização das

informações dos alunos no Sistema de Gerenciamento Acadêmico (dados

pessoais, inscrição em disciplinas, notas, situações especiais, monografias,

dissertações e teses etc). Estes dois processos – Atendimento ao aluno e

Atualização do Sistema de Gerenciamento Acadêmico – são os que

demandam maior quantidade de recursos à Secretaria de Graduação,

Mestrado e Doutorado.

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Finalmente, segundo as regras da Universidade, é necessária a elaboração de

um processo solicitando a aprovação da banca de avaliação de tese e, depois,

informando o resultado do aluno e solicitando o diploma da pós-graduação. A

Secretaria entrega o diploma ao aluno que, a partir deste momento, está

desligado da Instituição.

Assim como no caso das outras secretarias, o número de alunos é o driver de

segundo estágio, com a lembrança de que, neste caso, o número de alunos

soma apenas os de graduação, mestrado e doutorado.

A lista das atividades da Secretaria de Graduação, Mestrado e Doutorado está

descrita na Tabela 22.

Tabela 22: Atividades da Secretaria de Mestrado e Doutorado

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

3.1 Seleção de alunos de mestrado e doutorado

Secretaria Administrativa de Mestr. e Doutor.

#candidatos Mestr. e Doutr.

Recebimento de ficha de inscrição (via e-mail)

Candidatos informados sobre o resultado final do processo seletivo

3.2

Organização do material didático e programação de aulas de mestrado e doutorado

Secretaria Administrativa de Mestr. e Doutor.

#disciplinas Mestr. e Doutr.

Identificação do início de disciplina

Grade horária montada, salas reservadas e materiais prontos.

3.3 Atendimento aos alunos de mestrado e doutorado

Secretaria Administrativa de Mestr. e Doutor. #alunos Mestr. e Doutr. Solicitação de informações e

documentosAluno informado e com os documentos solicitados

3.4 Atualização do sistema de gestão acadêmica

Secretaria Administrativa de Mestr. e Doutor. #alunos Mestr. e Doutr. Entrada de novo aluno de

mestrado ou doutorado

Dados pessoais, dados de discilinas, notas e informações de teses alimentados no sistema

3.5Gerenciamento de processos de dissertação e tese

Secretaria Administrativa de Mestr. e Doutor. #alunos Mestr. e Doutr.

Solicitação de composição de banca para defesa de tese ou dissetação

Diploma entregue ao aluno graduado

A1.3.1. Seleção de alunos de mestrado e doutorado

A seleção dos alunos para os cursos Stricto Sensu tem início com o

preenchimento da ficha de inscrição no web-site da Instituição, que é recebido

pela Secretaria de Mestrado e Doutorado via e-mail. Com isso, a secretaria

entra em contato com a associação nacional que realiza provas de proficiência

em diversas cidades do Brasil e solicita a listagem com as notas dos

candidatos. Este exame escrito é um dos critérios utilizados pelo Instituto de

Ensino e Pesquisa para a seleção dos candidatos, isto é, aqueles com as

melhores notas no exame são chamados para a 2ª etapa do processo (em

número proporcional ao número de alunos). A Secretaria solicita a entrega de

documentos e de uma carta de motivação e marca as entrevistas com os

professores examinadores e candidatos.

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Estes últimos, após as entrevistas, informam seu parecer à Secretaria dos

cursos Stricto Sensu, que repassam os resultados finais aos candidatos. É

criada uma lista de espera para cada área de concentração e, em caso de

desistência, o candidato seguinte é chamado para preencher a vaga.

Finalmente, é organizado o dia de integração, em que são feitas apresentações

sobre o Instituto de Ensino e Pesquisa, o método de ensino, as áreas de

concentração e os recursos disponíveis para os alunos.

O gerador de custos de segundo estágio para esta atividade foi considerado o

número de candidatos. Entretanto, como durante a maior parte do processo

existe proporcionalidade entre o número de candidatos e o número de alunos,

esse segundo se mostrou como um bom proxy do consumo da atividade

“Seleção de alunos de mestrado e doutorado”.

É válido observar que o processo seletivo para alunos de graduação não é

realizado por esta secretaria, mas sim pela Universidade, em conjunto com

outros cursos de graduação, através da organização do concurso vestibular.

A1.3.2. Organização do material didático e programação de aulas

Assim que se inicia nova turma, a secretaria prepara as placas de identificação,

os crachás e o “Procura-se” distribuídos para todos. O “Procura-se” contém

informações sobre o curso e sobre a turma, incluindo uma foto de cada aluno,

da mesma forma que nos cursos Lato Sensu e de Extensão.

Antes do início de cada bloco de disciplinas, as questões logísticas precisam

ser resolvidas, isto é, a grade horária deve ser montada e as salas de aula

preparadas e reservadas. Para a preparação da grade horária, o horário do ano

letivo anterior e a programação dos cursos são utilizados e o horário final é

resolvido após a autorização dos professores, sendo, em seguida,

disponibilizado aos alunos. Pode haver alterações ao longo do bloco, casos

nos quais a secretaria deve alterar as reservas de sala – quando ocorre uma

mudança, os professores, em conjunto com os alunos, resolvem o melhor

horário para a reposição.

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Além disso, este setor providencia junto à xérox a cópia do material requerido

para cada disciplina, informando o número de alunos e, em alguns casos,

entregando o material montado pelo professor na reprografia. Também,

mantém o programa atualizado de todas as disciplinas.

Examinando esta atividade, foi possível identificar como driver ideal de

segundo estágio o número de disciplinas.

A1.3.3. Atendimento aos alunos

O atendimento aos alunos consiste em fornecer as informações requeridas,

providenciar os documentos requeridos (declarações, históricos, carteira de

estudante, pauta, programa das disciplinas etc), funcionar como ponte entre os

alunos e os professores e controlar a entrega das bolsas de estudo no caso de

mestrado e doutorado. As informações podem ser passadas por telefone, e-

mails ou pessoalmente.

Um sistema de gerenciamento acadêmico é acessado pela Secretaria de

Graduação, Mestrado e Doutorado para a impressão de históricos escolares e

de declarações, por exemplo, da declaração de aluno regularmente inscrito. Já

sobre as bolsas de estudo, devem ser acompanhadas as regras da

Universidade para a sua distribuição além de que as informações relevantes

precisam ser atualizadas junto às instituições que oferecem as bolsas.

Apesar de ser simples, do ponto de vista descritivo, esse é um dos processos

que mais consome recursos da secretaria, visto que as solicitações são

constantes e demandam recursos humanos para sua resolução. O consumo

desta atividade é tão maior quanto maior for o número de alunos nos cursos,

sendo este o driver escolhido.

A1.3.4. Atualização do Sistema de Gerenciamento Acadêmico

Os dados de todos os alunos da universidade são acompanhados através

deste sistema informatizado, onde são armazenados suas informações

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pessoais, suas matérias e os conceitos obtidos assim como outras informações

relevantes para o acompanhamento do histórico escolar.

Inicialmente, os dados pessoais dos candidatos selecionados e matriculados

são inseridos no sistema, a partir das informações recebidas ao longo do

processo seletivo ou após a aprovação no vestibular. Mais tarde, para cada

matéria, as informações de inscrição em disciplinas são lançadas, e, após o

término de cada uma delas, quando as notas são entregues pelos professores,

estas últimas também são alimentadas no sistema. Faz parte do papel da

Secretaria de Graduação, Mestrado e Doutorado obter com os professores os

conceitos de cada aluno inscrito, para todas as disciplinas de determinado

período. Finalmente, as informações sobre as monografias de graduação, as

dissertações de mestrado e as teses de doutorado também são colocadas no

sistema.

O sistema demanda um grande esforço por parte dos funcionários da

Secretaria, pois os dados são muitos, os alunos são numerosos e os prazos de

inserção das informações complicam a tarefa. É possível observar que a

demanda de trabalho sobre esta atividade está diretamente relacionada ao

número de alunos de mestrado e de doutorado.

A1.3.5. Gerenciamento de processos de dissertação e tese

A dissertação de mestrado, o exame de qualificação de doutorado e a tese de

doutorado requerem a abertura de processos junto à universidade para que

sejam validados. As bancas de avaliadores precisam ser aprovadas por uma

comissão na universidade, o que gera essa necessidade de gerenciamento de

processos.

Uma série de documentos é providenciada e anexada aos processos. Para a

defesa, pode ser necessário solicitar passagem aérea para o professor externo,

caso venha de outra cidade; a Secretaria também prepara o livro de Atas.

Depois que as bancas são aprovadas, as teses e dissertações defendidas e

aprovadas, e as eventuais alterações concluídas, os resultados são

repassados para a universidade e é solicitado o diploma do aluno. A Secretaria

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de Mestrado e Doutorado acompanha todo o processo e quando os diplomas

estão prontos, é responsável por entregá-los aos alunos, momento no qual

estes últimos são completamente desligados do Instituto de Ensino e Pesquisa.

Devido ao fato de cada aluno demandar a abertura de um novo processo,

pode-se dizer que o gerador de custos dessa atividade é o número de alunos

de mestrado e doutorado.

Os diplomas de graduação são solicitados e seus processos acompanhados

pelo próprio formando.

A1.4. BIBLIOTECA

Para uma instituição de ensino e pesquisa, a biblioteca é extremamente

importante; propicia acesso a informações gerais e específicas, a uma base de

conhecimento, oferece suporte à educação e referências aos estudos e

pesquisas. No caso deste estudo de caso, a biblioteca se caracteriza por ter

um acervo focado nos temas ensinados e pesquisados na Instituição, possui

um espaço físico restrito e têm privilegiado a manutenção de publicações de

maior relevância para os usuários (professores, alunos, pesquisadores). Isso

gera a necessidade de uma atividade constante de desenvolvimento de

coleções.

As novas publicações chegam à biblioteca através de doações ou de aquisição

sendo esta baseada em critérios de relevância e no orçamento disponível.

Primeiramente é necessário realizar o processamento técnico do acervo,

classificando, indexando e catalogando cada unidade documental. Os dados

que descrevem a unidade documental assim como os códigos que a

identificam são inseridos no sistema informatizado e no arquivo de fichas, de

forma a facilitar o seu acesso aos usuários, e a publicação é guardada na

posição adequada. Com relação às publicações escritas internamente também

são necessárias outras tarefas como, por exemplo, a inserção do texto

completo de teses na Internet.

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Ao mesmo tempo, ocorre a escolha dos títulos que devem permanecer na

biblioteca da Instituição e dos que são repassados para outros centros

seguindo uma política de seleção, avaliação e desbastamento (quando se

percebe que a publicação não é mais de interesse para os usuários e deve ser

retirado do acervo). Este é o chamado Desenvolvimento de Coleção.

Dentro dos serviços aos usuários, existem duas atividades: (1) atender aos

usuários e (2) processar os empréstimos. A primeira faz parte da disseminação

da informação, já que auxilia os usuários realizando para eles a pesquisa de

determinado título e, também, permite a troca entre bibliotecas. A segunda é o

atendimento dos usuários que, com os títulos desejados em mãos e com seus

cadastros efetuados, solicitam o empréstimo de uma publicação. A biblioteca

deve inserir no sistema as informações sobre o empréstimo (título, usuário,

prazo) e, findo o prazo de devolução, deve cobrar o retorno da unidade

documental, exceto no caso de o usuário ter solicitado uma renovação.

Para a biblioteca, o driver definido foi o número de solicitações à biblioteca,

disponível na base de dados deste setor.

Abaixo, seguem as atividades da biblioteca, assim como os drivers

identificados.

Tabela 23: Atividades da Biblioteca

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

4.1 Processamento técnico de acervo Biblioteca #publicações na

bibliotecaRecebimento de nova publicação

Dados da puplicação inseridos no sistema informatizado da biblioteca

4.2 Desenvolvimento de coleção Biblioteca #publicações na

biblioteca

Orçamento para compra de nova publicação e recebimento de doação

Coleções relevantes mantidas e pulbicações não relevantes debastadas

4.3 Atendimento ao público da biblioteca Biblioteca #solicitações à biblioteca Solicitação de pesquisa

bibliográfica

Informações disseminadas, atendendo à solicitação dos usuários

4.4Processamento de empréstimos de publicações

Biblioteca #empréstimos de livros Empréstimo solicitado Publicação emprestada devolvida ao acervo

A1.4.1. Processamento técnico de acervo

Quando a biblioteca recebe uma nova publicação (adquirida ou doada), esta

passa por um processo de análise temática e descritiva, ou seja, é registrada,

classificada, indexada e catalogada, visando facilitar seu acesso, localização e

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utilização. As informações são inseridas na base de dados das bibliotecas de

toda a universidade. Durante esta atividade, todo o material usado para

circulação e controle de uso é preparado e o espaço físico necessário para

guardar o documento (incluindo fitas de vídeo, CD-roms e disquetes) também é

escolhido e preparado. Todas as informações são colocadas, ainda, em fichas

Kardex e as novas aquisições são mostradas no mural de novas aquisições da

biblioteca.

Para as produções de artigos de periódicos do corpo docente do Instituto é

preparada a ficha analítica, além da catalogação e organização para a inserção

na base de dados bibliográficos da Universidade. Quanto às publicações do

Instituto, faz parte da atividade “Processamento técnico de acervo” elaborar a

ficha catalográfica. Com relação às teses e dissertações, soma-se àquele

trabalho de processamento de coleção o auxílio aos alunos na normalização de

seu texto e a inserção, para divulgação, da versão eletrônica na Internet da

Instituição (como arquivo não editável).

O “Processamento técnico de acervo”, no que se refere aos periódicos e

jornais, engloba o controle de aquisições e recebimento (ou a solicitação de

doações), disseminação da informação através da base de dados,

encadernação dos títulos em papel. No mais, é feito o controle das senhas de

acesso às bases de dados virtuais de artigos e periódicos, eventual

treinamento de usuário e divulgação das bases disponíveis a página web da

biblioteca.

Periodicamente, o catálogo de tombo, o catálogo topográfico e outras listas são

atualizados em função do crescimento do acervo; são realizadas estatísticas de

recebimento de teses, monografias e relatórios, indicando o número de

instituições e publicações enviadas ao longo do ano e outras estatísticas do

setor.

A1.4.2. Desenvolvimento de coleção

Ao longo do desenvolvimento de coleção, o bibliotecário planeja as coleções da

biblioteca pensando, entre outras coisas, nos objetivos sociais, características

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da comunidade, daqueles que utilizam a biblioteca. Assim, deve haver uma

política de seleção precedendo a seleção em si, a aquisição, avaliação e

desbastamento. A aquisição de publicações ocorre através de compra, doação

e permuta e os documentos, especialmente as doações, devem ser avaliados a

fim de decidir se farão, ou não, parte do acervo. Duplicatas, por exemplo, são

normalmente doadas para outras bibliotecas. Com relação ao material

comprado, o bibliotecário realiza o acompanhamento do pagamento e

recebimento. Após ter recebido uma nova publicação, esta é etiquetada e se

informam as novas aquisições no boletim bibliográfico. As informações sobre

os documentos adquiridos são atualizadas em uma base de dados específica

para esta atividade.

É importante realizar uma avaliação constante dos títulos da biblioteca com a

finalidade de reduzir o tamanho físico do acervo, que tem limitações de espaço

e, por isso, somente os títulos mais relevantes devem continuar na coleção. A

avaliação se baseia em estatísticas de uso e as publicações selecionadas para

desbastamento são agrupadas em uma lista de doações que é enviada a

bibliotecas interessadas. Também devido ao espaço físico, existe uma

tendência a aumentar o acesso a documentos através de bases de dados

virtuais, o que inclui no processo de desenvolvimento de coleção a avaliação

de coleções em diversas bases de dado para julgar o interesse de aquisição.

A1.4.3. Atendimento aos usuários

Atendimento aos usuários apresenta um aspecto de divulgação da biblioteca, é

a prestação de serviço, passando informações gerais sobre a biblioteca e seu

sistema de funcionamento, sobre os recursos disponíveis e promovendo

treinamento de usuários.

Para encontrar os títulos desejados o usuário pode fazer a pesquisa através do

sistema de utilização do acervo, de catálogos, de bases e do acesso às

bibliotecas virtuais ou, alternativamente, solicitar a pesquisa à bibliotecária (que

realiza e orienta as pesquisas). Costumeiramente, professores usam este

serviço, solicitando à biblioteca que realize um busca bibliográfica. Em outros

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momentos, a solicitação envolve o envio de teses, dissertações e artigos

produzidos no Instituto de Ensino e Pesquisa ou a venda de publicações.

A divulgação também envolve a manutenção do mural da biblioteca, trocando

as publicações ali mostradas, e a colocação de reportagens envolvendo o

instituto nos murais internos, entre outras tarefas, tais como a separação dos

livros-texto indicados pelos professores para as disciplinas do período e o

empréstimo entre bibliotecas.

A1.4.4. Processamento de empréstimos

A biblioteca da Instituição de Ensino e Pesquisa possui um balcão de

atendimento e permite o empréstimo de publicações com prazos variados, em

função do tipo de usuário. Cada usuário possui uma carteirinha da biblioteca,

confeccionada a partir do cadastramento quando os dados do próprio são

inseridos na base de dados das bibliotecas da universidade.

Quando o usuário solicita um empréstimo, os dados da publicação e do usuário

são inseridos no sistema e se informa a este o prazo máximo de devolução. O

sistema gera uma nota de empréstimo que deve ser assinada pelo usuário e é,

em seguida, arquivada nas informações de empréstimo. Se o prazo de entrega

termina, a biblioteca deve cobrar a devolução. O usuário pode solicitar uma

renovação pessoalmente, por telefone ou por e-mail e os dados dessa

renovação de empréstimo também devem ser inseridos no sistema.

Quando a publicação é devolvida, os atendentes devem atualizar o sistema de

empréstimos e guardar a publicação, de acordo com a organização da

biblioteca. Ao final do mês, as estatísticas de uso (empréstimos, usuários) são

providenciadas pelo setor.

O driver ideal para esta atividade é o número de empréstimos.

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A1.5. TESOURARIA

O resultado final de identificação das atividades da Tesouraria aparece na

Tabela 24.

Tabela 24: Lista das atividades da Tesouraria

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

5.1 Controle de pagamentos Tesouraria #pagamentos C/P

Recebimento de ordem / autorização de pagamentos ou de comprovante de pagamento de pequenos valores

- APs e OPs pagas e recibos emitidos;- Capital liberado;- Caixa composto.

5.2 Administração das contas bancárias Tesouraria #pagamentos C/P - Realização de pagamentos

- Identificação de problemas

- Problemas resolvidos;- Talões recebidos;- Contas reconciliadas;- Novas contas abertas;- Antigas contas encerradas.

5.3 Controle de recebimentos Tesouraria #faturas C/R Recebimento dos contratos assinados

- Fechamento das faturas- Sistemas atualizados

5.4 Controle de Doações Tesouraria #faturas doação

- Início de contrato de doação - Início de patrocínios- Inscrições em congressos, seminários ou workshops

- Fechamento das faturas- Sistemas atualizados

A1.5.1. Controle de pagamentos

Como mencionado anteriormente, o pedido de liberação de fundos para

pagamentos diversos é efetuado através de Ordens de Pagamento (OP) e de

Autorizações de Pagamento (AP). Ambos são recebidos pela Tesouraria da

Contabilidade, junto aos respectivos documentos – notas fiscais, recibos, folha

de pagamento – a fim de se permitir o adequado acompanhamento dos

pagamentos efetuados. Além destes dois principais meios de pagamentos,

para os pequenos valores existe o comprovante de pagamento de pequenos

valores, exigidos para a solicitação de pagamento. O pagamento de pequenos

valores é feito com dinheiro do caixa.

Em alguns casos – para o primeiro pagamento de um determinado fornecedor

– a Instituição precisa cadastrar fornecedores, pessoas físicas, ou criar acordos

de cooperação, pessoas jurídicas, antes de efetuar os pagamentos devidos. O

pagamento das pessoas físicas pode ocorrer através de cheque ao favorecido,

pagamento de boleto bancário ou pagamento online via sistema informatizado

oferecido pelo banco.

O principal fator determinante da demanda de trabalho sobre esta atividade é o

número de pagamentos.

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A1.5.2. Administração das contas bancárias

Para administrar as contas correntes, a empresa precisa controlar o uso dos

talonários e solicitar novos, de acordo com o consumo. Também precisa

acompanhar a abertura de novas contas quando novos processos são criados

e, finalmente, encerrar as contas dos processos não mais movimentados.

Além disso, após a realização dos pagamentos, periodicamente, a Tesouraria

deve conferir a posição de suas contas bancárias, conciliando-as com o valor

esperado para aquele dia. Quando, a partir da conciliação bancária, é

identificada uma inconsistência, a Tesouraria entra em contato com o banco ou

com o favorecido visando resolver o problema encontrado. O fluxo de caixa da

empresa é atualizado somente após a identificação do pagamento efetivado

nos extratos bancários.

O controle de talonários e o acompanhamento da abertura e do fechamento de

contas geram demanda relacionada ao número de contas existentes.

Entretanto, a conciliação bancária, que demanda esforço muito maior do setor,

se torna mais trabalhosa quando o número de pagamentos aumenta. Por esta

razão, podem ser indicados dois drivers para esta atividade: número de contas

e número de pagamentos, este segundo referente exclusivamente à sub-

atividade “Realizar a conciliação bancária”.

A1.5.3. Controle de recebimentos

O setor de contas a receber é responsável pelo contato com um fornecedor de

serviços de controle de recebimentos, contato este formalmente realizado

através de contratos e documentos específicos. Devido às peculiaridades da

empresa, a partir do momento em que um aluno se inscreve em um curso, é

gerado um contrato de prestação de serviço.

O controle das faturas pagas e a atualização dos sistemas informatizados de

contabilidade fazem parte deste processo.

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Vale ressaltar que as tarefas que compõem esta atividade são tão mais

intensas quanto maior for o número de faturas geradas, pois boa parte do

trabalho se refere ao acompanhamento do pagamento das faturas e à

conciliação bancária.

A1.5.4. Controle de Doações

Além das receitas provenientes de alunos e das verbas governamentais, a

instituição de ensino também recebe doações de empresas, valores referentes

a seminários, workshops ou congressos realizados por ela e recursos de

patrocínios. Algumas empresas oferecem doações de bolsas de estudo para

alunos dos cursos de mestrado e doutorado; o capital necessário para o

pagamento dessas bolsas chega à escola sob a forma e doação e é repassado

aos alunos beneficiados pelo Instituto.

Na tesouraria, o setor Contas a Receber é responsável pelo controle dos

valores obtidos através de doações, eventos e patrocínios, atualizando os

sistemas contábeis e arquivando os documentos necessários, a fim de permitir

o fechamento do faturamento ao final de cada mês.

A1.6. CONTABILIDADE

O setor de contabilidade mantém as informações contábeis referentes às

atividades do instituto de educação e pesquisa. Além da contabilização,

classificação, e análise de fatos administrativos, integrados ou não, o setor é

responsável pelo sistema informatizado contábil. O mesmo gera as folhas de

pagamento de pessoas físicas e pessoas jurídicas no sistema específico e

monta relatórios para a gerência e para os órgãos externos (por exemplo, o

governo ou, também, um prestador de serviços financeiros). A montagem dos

relatórios requer um trabalho prévio de conciliação e análise de informações e

um trabalho posterior de impressão.

Os colaboradores do setor de contabilidade informaram que existe grande

preocupação quanto à qualidade da informação dos lançamentos, que são a

base para todos os seus trabalhos posteriores, como a montagem do fluxo de

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caixa, dos demonstrativos de resultado e a geração de relatórios. Neste ponto,

é interessante ressaltar que este relato é bastante importante do ponto de vista

do projeto de implementação do ABC, pois indica a existência de dados

confiáveis na contabilidade da empresa.

A tesouraria, pos sua vez, é responsável pelas transações monetárias

(pagamentos e recebimentos) e pelo registro das mesmas no sistema

informatizado e em qualquer outro sistema informatizado. Além disso, este

setor é responsável pela guarda de numerário e de valores e pela

confiabilidade dos lançamentos que seguem para a contabilidade. É a

tesouraria quem administra todas as contas bancárias da empresa.

Os pagamentos a serem realizados pela empresa são solicitados de duas

maneiras: através das ordens de pagamento e das autorizações de

pagamento. As autorizações de pagamento (AP) se referem somente ao

pagamento de professores pelas horas-aula lecionadas. As ordens de

pagamento (OP) servem para todos os outros tipos de pagamento.

Dentro deste setor, existe, ainda, o setor de Contas a Receber, responsável

pelo controle de recebimentos e de doações, isto é, acompanhamentos dos

contratos de alunos, contato com os fornecedores do serviço de controle de

recebimentos (aqui chamados de Fundação 1 e de Fundação 2), além do

acompanhamento e lançamento de doações vindas de empresas ou de

particulares.

O direcionador de custos escolhido para este centro de atividades foi o número

de lançamentos contábeis (de pagamentos e recebimentos).

As atividades da Contabilidade são apresentadas na Tabela 25, abaixo, e

detalhadas em seguida.

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Tabela 25: Atividades da Contabilidade

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

6.1 Lançamentos de contas a pagar e outros Contabilidade #lançamentos contábeis

Recebimento de ordem de pagamente com nota fiscal ou recibo

Lançamentos de contas a pagar e outras contas (takes, xerox...) realizados

6.2 Processamento de AP's e OP's Contabilidade #lançamentos contábeis Recebimento de pagamentos e

receitas não integrados

Lançamentos realizados (relativos à folha de pagamento de autônomos e de terceirizados)

6.3 Prestação de contas para a Fundação 1 Contabilidade # pagamentos C/P Pagamentos realizados Relatório enviado para a

Fundação 1

6.4

Processamento da folha de pagamento de Pessoa Física e de Pessoa Jurídica

Contabilidade head-count

Recebimento de ordem ou autorização de pagamento referente ao pagamento de autônomo ou de pessoa jurídica

- Folha de Pgto impressa- Recibo impresso- DARF, DIRF e INSS enviados para a tesouraria- E-mail enviado aos PJs

6.5Conciliação, análise e impressão de relatórios contábeis

Contabilidade #lançamentos contábeis Movimento pronto e banco de dados alimentado

Relatórios enviados para diretores e gestores

6.6 Atendimento aos usuários do sistema contábil Contabilidade #solicitações à

contabilidade

- Solicitação dos usuários- Ocorrência de problemas nos sistemas

Solicitações atendidas e problemas resolvidos

6.7Organização de ferramentas contábeis gerenciais

Contabilidade #horas de serviço da contabilidade

Solicitação de informação contábil

Fluxo de caixa, orçamentos e relatórios gerenciais prontos

A1.6.1. Atualização do Sistema de Contas a Pagar

Devido à preocupação quanto à qualidade das informações de lançamento, a

Contabilidade prefere que a atualização do sistema contábil seja feito pelo

próprio setor e não por seus clientes internos. Desta forma, as OP’s e as AP’s

são encaminhadas à contabilidade junto às notas fiscais ou aos recibos

referentes a estes pagamentos.

Após a verificação de que todos os documentos estão corretos, a Contabilidade

solicita o atendimento a uma eventual pendência para, então, inserir os dados

no sistema (realizar a atualização em si).

Como o sistema deve ser acessado para atualizar os dados de todas as notas

fiscais que chegam ao setor, um bom indicador do consumo desta atividade

seria o número de notas fiscais, ou, por suas semelhanças, o número de

lançamentos.

A1.6.2. Classificação, análise e contabilização de fatos administrativos

Alguns pagamentos e receitas do Instituto não estão integrados ao Sistema de

Informação Contábil e seu lançamento deve ser feito manualmente. Dentre os

lançamentos não integrados, os principais são: a folha de pagamento de

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autônomos, a folha de pagamento de pessoal terceirizado e o uso / consumo

da foto-copiadora.

Antes da contabilização destes pagamentos e receitas, os mesmos são

analisados e classificados segundo dois critérios:

Entidade – centro de custo; Natureza – plano de contas.

Na rotina de lançamentos manuais do sistema, os outros dados podem ser

inseridos para cada item do documento e, assim, faz-se a entrada do

lançamento no sistema. Sabendo que estes pagamentos e receitas podem

possuir uma ou mais linhas a serem contabilizadas, um driver que reflete o

consumo desta atividade poderia ser o número de linhas, isto é, o número de

pagamentos e receitas totais. Uma outra possibilidade, menos acurada e mais

simples, é utilizar o número de lançamentos, que foi escolhido como driver de

segundo estágio.

A1.6.3. Prestação de contas para a Fundação de apoio

A fim de acompanhar o andamento dos processos que a empresa tem com a

Fundação, os quais permitem acesso a parte dos fundos disponíveis para o

Instituto, a Fundação solicita um relatório de prestação de contas onde se

indicam as despesas realizadas pela instituição de ensino.

Esta atividade consiste em inserir todos os dados de pagamentos feitos pela

empresa em uma planilha e, depois, compará-los com os extratos bancários,

fazendo a conciliação bancária. Esta conciliação precisa ser assinada pelo

responsável na Contabilidade, assim como pelo Diretor. Em seguida, acontece

a prestação de contas em si, através do envio do processo para a Fundação e

posterior ajuste de todas as observações feitas pela Fundação. A prestação de

contas precisa ser arquivada durante cinco anos.

Sendo as principais tarefas desta atividade a inserção dos dados na planilha e

a realização da conciliação bancária, tem-se que o driver ideal para o processo

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Prestação de Contas para a Fundação é o número de pagamentos vinculados

a processos da Fundação .

A1.6.4. Organização de folha de pagamento de Pessoa Física e de Pessoa

Jurídica

Esta atividade consiste, basicamente, em inserir os dados de pagamentos em

planilhas e sistemas específicos de forma a permitir o pagamento das pessoas

físicas (os autônomos) e das pessoas jurídicas (PJ) que prestam serviço para a

Instituição.

O tratamento de um caso e outro é bastante diferenciado. Entretanto o

processo foi mapeado como único dado que ambos os casos se referem ao

mesmo tipo de situação. Para os dois casos, o driver deve ser head-count, de

autônomo e de PJ, respectivamente.

A1.6.5. Conciliação, análise e impressão de relatórios contábeis

Uma das principais funções do setor de contabilidade na empresa, segundo o

ponto de vista dos próprios entrevistados, é a montagem de relatórios

contábeis que servem como fonte de informação para a tomada de decisão por

parte dos gestores, assim como são, em alguns casos, também requisitos

legais.

Alguns relatórios são organizados periodicamente a fim de atender às

demandas da direção, outros são preparados em função de uma solicitação

específica de algum gestor que deseje conhecer o funcionamento de seu

centro de responsabilidade. Ainda existem aqueles relatórios que apresentam o

rigor legal necessário ao atendimento das normas às quais está sujeito o

instituto de ensino aqui estudado.

Esta atividade é intensamente influenciada pela quantidade e pelo tamanho

dos relatórios emitidos que, por sua vez, são proporcionais ao número de

lançamentos. Desta forma, dois direcionadores de custos podem ser

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levantados para esta atividade: números de lançamentos e número de

relatórios emitidos. Por conta das características do setor e da maior facilidade

em obter o número de lançamentos optou-se por usá-lo como driver,

simplificando o sistema ABC sem perda de acuracidade.

A1.6.6. Administração do Sistema de Informação Contábil

O Sistema de Informação Contábil possui diversos usuários, com diferentes

níveis de acesso e cada um deles responsável pela atualização de diferentes

dados, fundamentais à correta armazenagem da informação contábil. Os

usuários podem se deparar com problemas no sistema, razão pela qual é

necessário haver um responsável pela manutenção do sistema, pessoa foco

para a qual são direcionados os problemas, neste caso, o setor de

contabilidade.

Quando um usuário identifica um problema ao usar o Sistema de Informação

Contábil, ele deve notificar a Contabilidade, que analisará a situação relatada.

Em função da complexidade do problema, a Contabilidade procurará uma

solução junto ao usuário ou, também, com o apoio do fornecedor do Sistema

(em casos mais complicados). Assim que a questão é resolvida, a

Contabilidade deve informar ao usuário do sistema.

Em função da simplicidade do fluxo de processo para a resolução de um

problema genérico e da diversidade das soluções existentes, optou-se, junto

aos colaboradores do setor, não desenhar o processo.

O driver ideal para este processo seria o número de horas dedicadas à

resolução de problemas no sistema contábil para cada cliente interno, que

pode ser obtido através de entrevistas com os funcionários da contabilidade.

A1.7. GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS

A Gerência de Recursos Humanos (GRH) é responsável pela seleção,

contratação, acompanhamento, e pelo pagamento de pessoal. Existe uma

diferença significativa nos trabalhos necessários para acompanhar os

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funcionários da Universidade se comparados com os funcionários terceirizados.

Os processos de seleção e contratação também variam muito em função do

tipo de cargo a ser ocupado, mas, em todos os casos, passam pelo GRH.

A melhor forma de levar os custos da gerência de recursos humanos para

aqueles que usam seus serviços é o número de funcionários dos setores

(head-count).

Abaixo, segue a lista das atividades do GRH.

Tabela 26: Atividades de Gerência de Recursos Humanos

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

7.1 Atendimento aos funcionários GRH head-count Solicitação de atendimento por

parte do pessoalAtendimento realizado com sucesso

7.2 Controle de freqüência e de folha de ponto GRH head-count Final de mês

- Controle de freqüência dos funcionários da Universidade inserido no sistema da Universidade;- Folha de ponto, dos funcionários da Universidade e dos contratados, arquivada

7.3 Pagamento de pessoal GRH head-count Início de mês Folha de pagamento entregue à tesouraria e à contabilidade

7.4 Seleção e recrutamento do pessoal contratado GRH head-count Fundação 1 Identificação de necessidade de

pessoal Funcionário contratado

7.5Controle de benefícios do pessoal contratado e de plano de saúde

GRH head-count Fundação 1 Início de mêsSeguro saúde reembolsado, VT e VR entregues e benefícios distribuídos

7.6Seleção, recrutamento e acompanhamento dos estagiários

GRH head-count Estagiários

- Identificação de necessidade de estagiário- Solicitação de acompanhamento de pessoal

- Estagiário contratado- Eventuais problemas resolvidos

7.7Acompanhamento de funcionários da universidade

GRH head-count Universidade

- Recebimento de solicitações de produção científica ou de alteração de status- Recebimento de formulário de avaliação de funcionário

Solicitações atendidas

7.8 Realização de concurso público GRH #candidatos ao concurso Edital oficialmente publicado Processo de contratação

entregue na Universidade

7.9 Organização de eleições para a universidade GRH #eleições na

universidade

- Comunicado da Universidade de realização de eleição;- Final de mandato de um diretor

- Urnas lacradas enviadas para a Universidade- Resultado da eleição para diretor divulgado

A1.7.1. Seleção e recrutamento do pessoal

Quando é identificada a necessidade de contratação de um novo profissional,

ou a substituição de alguém, o próprio chefe do setor se encarrega de realizar

o processo seletivo.

Então, ele envia o candidato aprovado para a gerência de recursos humanos

que inicia o processo de contratação. Para tal, o novo funcionário preenche os

formulários requeridos e entrega uma lista de documentos:

Identidade;

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CPF; Título de eleitor; Certidão de nascimento ou casamento; Carteira de trabalho; Número do PIS / PASEP; Certificado de estudo; Certidão de nascimento dos filhos menores; Duas fotos; Número de conta no Banco do Brasil

Para a contratação, é necessário chamar o funcionário para a realização de

exames médicos e a assinatura do contrato. Depois disso o novo funcionário

leva seu contrato e sua carteira para o GRH e, neste momento, ele está,

oficialmente, contratado.

Considerando que o turnover é relativamente constante nos diferentes setores,

pode-se aproximar a demanda por novos profissionais pelo número de

funcionários terceirizados.

A1.7.2. Seleção, recrutamento e acompanhamento de estagiários

Alguns setores do Instituto trabalham com estagiários contratados através de

um centro de apoio aos moradores de uma região carente localizada próxima

às instalações da instituição de ensino. O contrato destes estagiários é válido,

no máximo, até que completem 18 anos de idade ou se formem no ensino

médio.

Os estagiários são selecionados pela gerência de recursos humanos que pega

suas informações pessoais e os avalia quanto ao nível de leitura e escrita. O

candidato aprovado deve, a partir daí, providenciar o contrato com o centro de

apoio. Na seqüência, ele inicia o trabalho e recebe treinamento in-loco. O GRH

e o chefe do estagiário acompanham seu trabalho, resolvendo eventuais

problemas e, caso necessário, substituindo o estagiário. Ao final do contrato é

analisada a possibilidade de contratação daquele estagiário. Caso seja

efetivado, a contratação, excetuando-se a etapa de seleção, que não ocorre.

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A1.7.3. Controle de freqüência (pessoal próprio) e de folha de ponto (pessoal

próprio e terceirizado)

O GRH faz o acompanhamento constante da presença dos funcionários da

Instituição (próprios e terceirizados) visando fazer a redução em folha dos dias

de falta não justificada.

Para os funcionários próprios, após a comparação entre o controle de

freqüência e o controle de entrada e saída de funcionários, realizada pelos

vigilantes, as informações de freqüência são atualizadas na intranet da

universidade. Já a alteração da folha de ponto dos funcionários terceirizados é

informada à empresa terceirizada, através de um e-mail enviado pelo GRH.

Uma cópia da folha de ponto é enviada para a Contabilidade e outra para a

Tesouraria: o envio é feito em papel e em meio magnético, por e-mail, com o

arquivo Excel em anexo.

Para a atividade “Controle de freqüência e de folha de ponto” foi escolhido

como driver de segundo estágio o número de funcionários.

A1.7.4. Pagamento de pessoal

A Gerência de Recursos Humanos é encarregada de atualizar as informações

referentes ao pagamento de funcionários terceirizados e das gratificações

internas, como gratificação por cargos de coordenação, gerência e direção.

Este setor recebe de outros departamentos da empresa as solicitações de

alteração de valores devidos, mudanças nas gratificações, inclusão ou

exclusão de funcionário e alterações nas bolsas de estagiários.

De posse destes dados, o GRH atualiza e confere a folha de pagamento para

que a mesma possa ser aprovada pelo diretor do Instituto. Após sua aprovação

cópias da versão final são encaminhadas para a Contabilidade e para a

Tesouraria. A Contabilidade dá continuidade a esta atividade através de seu

processo A1.6.4 Organização de folha de pagamento de Pessoa Física e de

Pessoa Jurídica.

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122

Ao mesmo tempo, os estagiários não ligados aos centros de pesquisa, aqueles

contratados pelo programa de apoio à comunidade carente, e os vigilantes

recebem vale-cantina. Os estagiários também têm seus custos de transporte

pagos em dinheiro, junto às suas bolsas, e estas informações entram na folha

de pagamento. É preciso atualizar esses valores de vale transporte e vale-

cantina mensalmente, em função do número de dias de trabalho de cada mês,

e enviar a planilha de controle para a Contabilidade e para a Tesouraria no final

do mês, para que seja providenciado o pagamento referente ao mês seguinte.

Os vales-cantina são impressos pelo GRH e distribuídos entre os funcionários.

Mais tarde, fora desta atividade, a cantina emite uma ordem de pagamento

para estes vales e tanto a Contabilidade quanto a Tesouraria precisam da

informação de distribuição destes vales para seus controles internos.

O principal gerador de custos desta atividade é o número de funcionários que

estão na folha de pagamento. Deve-se ressaltar que, neste caso, uma

simplificação é necessária, visto que nem todos os funcionários próprios

recebem gratificação (e, portanto, não entram na folha de pagamento) e não

existe nenhum controle automático quanto ao número de funcionários

terceirizados e número de funcionários com gratificação.

A1.7.5. Controle de benefícios do pessoal

Os funcionários recebem, além de vale transporte e vale refeição, vale

alimentação e plano de saúde. O GRH controla a distribuição destes

benefícios.

Todos os funcionários contratados possuem o cartão mensal para ônibus

municipais e/ou intermunicipais. Parte deles recebe o vale refeição em papel

(cartela de vales) e outros recebem os créditos em um cartão magnético. O

vale alimentação é sempre distribuído como crédito em um cartão magnético.

O controle da distribuição destes benefícios ocorre através da manutenção de

uma listagem de entrega de vale transporte e de uma listagem para o vale

refeição em papel. Além disso, nesta mesma ocasião, os funcionários pegam

seus contracheques e assinam a listagem de controle dos mesmos.

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123

Com relação ao plano de saúde, os funcionários podem solicitar alterações de

tipo de plano, inclusão ou exclusão de beneficiário, re-emissão de carteira ou

emissão de nova carteira. Em qualquer destes casos, o GRH deve entrar em

contato com o plano de saúde e solicitar a mudança, fazendo, posteriormente,

o acompanhamento da solicitação através da conferência de valores devidos.

Quando a solicitação de alteração é atendida, a gerência de recursos humanos

atualiza o valor a ser pago pelo funcionário para o plano de saúde.

Para esta atividade foi escolhido o driver número de funcionários terceirizados.

A1.7.6. Acompanhamento de funcionários próprios

Ao longo dos anos de trabalho na universidade, os professores e funcionários

próprios são avaliados, progridem em suas carreiras, têm direito a benefícios e

a períodos de afastamento, especialmente no que diz respeito a viagens de

pesquisa dos professores e suas participações em congressos.

Os professores – também, funcionários próprios – passam por um processo de

progressão de nível a cada dois anos e, para tal, preparam um relatório de

atividades sobre o seu trabalho no período anterior. O GRH é responsável pela

solicitação de publicação da banca de progressão e envio do relatório para a

comissão responsável na universidade. Este relatório é avaliado e pontuado

pela comissão, que emite uma ata de progressão, ata essa que é anexada pelo

GRH a uma solicitação de progressão para formar o processo necessário à

autorização da progressão de nível. Depois de montar este processo, o

departamento de recursos humanos o encaminha para a aprovação junto à

universidade.

Também, quando o funcionário vai se afastar da universidade por um

determinado período, muito comumente isto se refere ao trabalho, como em

congressos ou em projetos de pesquisa com outras universidades, e ele deve

solicitar autorização para afastamento, inicialmente em comissão interna e,

posteriormente, através de um processo montado pelo GRH e aprovado pela

universidade. Este processo, habitualmente, é constituído pela carta convite

que justifica o afastamento e por um formulário específico do MEC. Quando do

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124

retorno do professor afastado, o mesmo se apresenta ao GRH para declarar

sua chegada, de forma a permitir o fechamento do processo no setor

responsável da universidade. Quando o GRH recebe de volta o processo

finalizado, o arquiva na pasta do docente.

A1.7.7. Atendimento aos funcionários

Uma parte importante do trabalho do GRH é estar disponível para atender às

solicitações dos funcionários, até mesmo agindo como espécies de psicólogas,

segundo a percepção das funcionárias entrevistadas no setor.

Nesta atividade, o GRH auxilia o funcionário na resolução de toda sorte de

problema, às vezes problemas pessoais, muitas outras vezes, questões

relacionadas ao seu vínculo empregatício e que somente podem ser resolvidos

pela universidade. No caso de funcionários próprios e terceirizados,

respectivamente. O GRH precisa, então, identificar a melhor maneira de

resolver o problema.

O driver de segundo estágio que melhor expressa o consumo desta atividade é

o número de funcionários.

A1.7.8. Organização de eleições para a universidade

A organização de eleições para a universidade pode acontecer em duas

situações: quando é o momento de mudar a direção do Instituto (eleição

interna) e quando se recebe um comunicado da universidade de realização de

uma eleição para cargos na própria universidade (mas fora do Instituto).

No primeiro caso, o diretor recebe as inscrições de candidatura e elege a

comissão eleitoral, enquanto o GRH providencia a criação e cópia das cédulas

em volume suficiente para as três categorias de eleitor (professor, funcionário e

aluno). A comissão eleitoral acompanha a votação até o fim, conta os votos,

redige a ata de eleição e divulga o resultado final. O GRH termina a atividade

enviando à universidade solicitação para substituição do diretor.

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125

No segundo caso, a universidade providencia a cédula de acordo com a

informação passada pelo GRH sobre o número de eleitores em cada categoria.

A gerência de recursos humanos forma a comissão eleitoral e divulga a data

das eleições. No dia da votação é novamente o papel da comissão eleitoral

acompanhá-la. Entretanto, ao contrário da eleição para diretor, neste caso, a

comissão lacra a urna após a finalização da eleição pois a contagem dos votos

é feita na universidade. O GRH é responsável por enviar a urna lacrada para o

setor correto na universidade.

Para as eleições internas, o maior volume de trabalho está associado à cópia e

preparação das cédulas e à contagem dos votos, levando à escolha do driver

número de eleitores. Para as eleições da universidade, o número de eleições

reflete melhor o consumo da atividade.

A1.8. GERÊNCIA ADMINISTRATIVA DA SEDE

Para garantir as boas condições das instalações, dos equipamentos e dos itens

de patrimônio – e, com isso, o bem estar dos professores, funcionários técnico-

administrativos, alunos e pesquisadores – o Instituto de Ensino e Pesquisa

possui uma gerência voltada para a administração da sede.

Esta gerência oferece serviços de manutenção preventiva e corretiva para a

estrutura interna e externa da instituição: pintura, marcenaria, elétrica,

hidráulica, poda e capina e manutenção de ar-condicionado, garantindo o bom

estado de conservação da sede. Paralelamente à manutenção a Gerência

Administrativa da Sede coordena a limpeza, lavagem e aspiração do prédio e

de áreas externas, realizada em parte por empresa terceirizada e em parte por

funcionários contratados e concursados.

Outra atividade deste setor é o Suporte à rede de computadores, que zela pelo

bom funcionamento da rede em si e dos equipamentos ligados a ela. Fazem

parte desta atividade: monitorar a qualidade da rede de computadores (Intranet

e Internet), garantir sua segurança, realizar a manutenção de computadores e

atender às solicitações dos usuários (mal funcionamento e instalação de

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126

programas, por exemplo). É realizado por uma sub-equipe da Gerência

Administrativa da Sede: Tecnologia da Informação (TI).

Além disso, todo o controle de estoque, a compra de materiais e a distribuição

destes para os almoxarifados setoriais e para o uso nas gerências são

realizados pela administração da sede. O controle de estoque busca a boa

rotatividade de estoque, mantendo baixo volume no estoque central e

controlando os almoxarifados setoriais. Também entra neste processo a

compra de passagens, dentre as quais, aquelas para as viagens de

professores, visando ensino ou pesquisa.

Por fim, uma série de serviços gerais é oferecida aos clientes internos: a

disponibilidade de mensageiros, a central de atendimento telefônico (que, além

de distribuir as ligações, é treinada para passar as informações básicas sobre

os cursos oferecidos) e a manutenção da central telefônica, a vigilância do

prédio e do estacionamento e o acompanhamento dos processos enviados da

Instituição para a Universidade (controle de status, pendências, prazos etc.).

A gerência administrativa da sede realiza cinco atividades, indicadas abaixo.

Tabela 27: Atividades da Gerência Administrativa da Sede

# ATIVIDADE Departamento DRIVER ENTRADAS SAÍDAS

8.1 Suporte à rede de computadores

Gerência Administrativa da Sede #OS para TI

-Identificação de anormalidades na rede;- Solicitação de manutenção na rede de computadores

Rede de computadores em funcionamento, com qualidade

8.2 Conservação e manutenção predial

Gerência Administrativa da Sede #OS para Mnt

-Solicitação de manutenção- Identificação do momento de manutenção preventiva

Prédio e áreas externas em boas condições

8.3 Limpeza predial Gerência Administrativa da Sede área -Necessidade de limpeza Áreas internas e externas ao

prédio limpas

8.4 Compra, estocagem e distribuição de material

Gerência Administrativa da Sede #pedidos de compra - Identificação de necessidade

de reposição de estoqueSetores abastecidos do material necessário

8.5 Prestação de serviços gerais

Gerência Administrativa da Sede

nível de atividade medido pelo no. de alunos

Solicitação de serviço de mensageria, telefonista, conserto de rede telefônica, ou de protocolo

Serviço realizado / cliente atendido

A1.8.1. Suporte à rede de computadores

O suporte à rede de computadores se dá sob duas óticas: manutenção das

máquinas e equipamentos e supervisão do funcionamento da rede. O primeiro

caso cobre:

Supervisão dos atendentes de TI;

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127

Montagem e configuração de computadores, e instalação de softwares

aprovados, incluindo participação na decisão de compra; Atendimento aos usuários de computador; Revisão de equipamentos multimídia em auditórios; Revisão e montagem de cabos da rede; Solicitação de assistência técnica em informática quando necessário; Apoio ao controle de inventário de equipamentos de informática.

O segundo caso engloba o gerenciamento dos usuários da rede – controlando

cadastro, suspensão e desligamento; a manutenção física e lógica da

acessibilidade à rede; a decisão de instalação de softwares e a garantia de

segurança da rede.

As solicitações são feitas através da abertura de Ordens de Serviço (OS) em

um sistema informatizado. Portanto, o acompanhamento do consumo deste

serviço por cada um dos setores da empresa pode ser feito pelo número de

Ordens de Serviço, considerando que as OS são de complexidade semelhante.

A1.8.2. Conservação e manutenção predial

A manutenção do bom estado de conservação das instalações do Instituto

depende tanto de um serviço de manutenção corretiva, chamada de

manutenção predial, quanto um serviço de manutenção preventiva, a

conservação predial (evitando os defeitos).

A conservação predial zela pelo bom funcionamento dos equipamentos

instalados, como os aparelhos de ar-condicionado e a telefonia do prédio,

atenta para as condições da pintura, do chão e do telhado da instituição, cuida

das plantas ornamentais no interior do prédio e da poda e capina nos

arredores. Ao mesmo tempo, busca inovação nos materiais utilizados.

A manutenção predial é acionada em caso de defeito, com solicitações através

de Ordens de Serviço, para o atendimento de danos à instalação, conserto nas

instalações elétricas e hidráulicas, no mobiliário, para serviços de alvenaria e

para reformas no prédio, neste último caso, atuando como um mestre de obras.

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128

O número de OS pode ser utilizado como driver desta atividade.

A1.8.3. Limpeza predial

O serviço de limpeza predial consiste na varrição dos arredores do prédio e na

limpeza interna. Nove funcionários de limpeza se dividem na tarefa de limpeza

do prédio, devendo manter vidros, estofados e carpetes, piso e banheiros

sempre limpos. Atualmente, esses funcionários apresentam 3 formas de

contratação: funcionários concursados da universidade, funcionários

contratados diretamente pelo instituto e funcionários contratados pela

universidade alocados ao instituto. O serviço de varrição é realizado por uma

empresa terceirizada.

A limpeza é tão maior quanto maior for a área utilizada pelo instituto para a

oferta de seus serviços.

A1.8.4. Compra, estocagem e distribuição de materiais

Os materiais de consumo da instituição ficam no estoque central ou em um dos

estoques setoriais, que servem de apoio a determinados setores para que

estes não precisem solicitar materiais diariamente. Entretanto, como o volume

do material em estoque estava se tornando grande demais, foi criada uma nova

política de compras visando o giro de estoque em um mês. O comprador faz os

pedidos junto aos fornecedores em função do nível de estoque, existe controle

permanente do inventário de materiais em estoque, e as comprar podem ser

para reposição ou para consumo direto. O controle envolve, também, atenção

ao consumo dos almoxarifados setoriais. Depois de recebidos os materiais,

eles são adequadamente armazenados e entregues aos setores a partir de

solicitações.

Além dos materiais de reposição o setor de material também controla

constantemente o material permanente e executa a compra de passagens

aéreas para professores e pesquisadores que viajam a trabalho.

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129

A1.8.5. Prestação de serviços gerais

Administrar a sede do Instituto requer a oferta de outros serviços além dos

citados nos parágrafos anteriores. A segurança do edifício e do estacionamento

é feita por uma empresa terceirizada cujo contrato é supervisionado por esta

gerência que, além disso, determina algumas regras e tarefas para a

segurança.

Outro serviço prestado é o de mensageria interna, levando documentos de um

setor a outro e dentro do campus universitário, e mensageria externa, que

requer a saída do campus. Diariamente os mensageiros internos recolhem os

pacotes nos setores da instituição de ensino e, caso sejam de entrega externa,

repassam para a mensageria externa.

A central de atendimento é outro tipo de serviço geral supervisionado pela

gerência de administração da sede. As telefonistas / atendentes são treinadas

para passar as primeiras informações aos candidatos a qualquer dos cursos

(reduzindo a carga sobre as secretarias) e, somente se necessário, transferir a

ligação para outros setores, professores ou pesquisadores. As chamadas

externas para celulares e os interurbanos são feitos através da telefonista. Ao

mesmo tempo, a manutenção da central telefônica também faz parte dos

serviços gerais de administração da sede: empresas terceirizadas realizam

manutenção preventiva e corretiva a fim de garantir a qualidade da central

telefônica.

Por fim, este setor oferece um serviço de controle de protocolo, isto é, faz a

entrega, acompanha o andamento e busca o encerramento mais veloz possível

de todos os processos instaurados pelo Instituto junto à universidade. Este

serviço, entre outros, mantém contato com os setores da universidade

responsáveis por dar andamento aos processos. Exemplos de processos são:

Gerenciamento de Processo de Finalização de Curso (anexo A1.1.7) e

Gerenciamento de processos de dissertação e tese (anexoA1.3.5).

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130

Como não é feito um controle do número de solicitações de serviços gerais,

esta atividade será medida por um driver de intensidade, que mede o nível de

atividade através do número de alunos.

Page 132: Flávia Almada Horta Marques - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp054449.pdf · sp, acessado em 06/06/2006) Ribeiro (1997) lembra que alguns episódios da história nacional,

131

Anexo 2. MAPAS DE PROCESSO

Para realizar uma análise detalhada do relacionamento entre os custos das

sub-atividades mapeadas, também podem ser usado mapas de processo,

seguindo a idéia do process-costing (Horngren et. al., 1996), que evidenciam o

fluxo envolvendo recursos, atividades e objetos finais de custo para uma

instituição de ensino e pesquisa.

Figura 4: Mapa de Processo Genérico de Instituição de Ensino e Pesquisa

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132

A2.1. MAPA DE PROCESSO DA SECRETARIA DE GRADUAÇÃO

A2.2. MAPA DE PROCESSO DA SECRETARIA DE ESPECIALIZAÇÃO

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133

A2.3. MAPA DE PROCESSO DA SECRETARIA DE EXTENSÃO

A2.4. MAPA DE PROCESSO DA SECRETARIA DE MESTRADO E DOUTORADO

Page 135: Flávia Almada Horta Marques - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp054449.pdf · sp, acessado em 06/06/2006) Ribeiro (1997) lembra que alguns episódios da história nacional,

134

A2.5. MAPA DE PROCESSO DA BIBLIOTECA

A2.6. MAPA DE PROCESSO DA TESOURARIA

Page 136: Flávia Almada Horta Marques - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp054449.pdf · sp, acessado em 06/06/2006) Ribeiro (1997) lembra que alguns episódios da história nacional,

135

A2.7. MAPA DE PROCESSO DA CONTABILIDADE, DO GRH E DA

ADMINISTRAÇÃO DA SEDE

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136

Anexo 3. TEMPO DE DEDICAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

A análise detalhada das atividades também pode levantar diferenças no

consumo dos recursos humanos por cada uma dessas. Entrevistas com os

funcionários podem ser usadas para medir o tempo gasto com cada atividade.

Alguns exemplos são mostrados a seguir, somente como base para

exemplificação.

Com esta abordagem, é possível levantar os custos com recursos humanos

das sub-atividades e avaliar quanto se gera de valor na execução de

determinado processo.

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137

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10.0

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Secretaria Administrativa de MBA Secretaria de Extensão

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138

Anexo 3 Tempo de Dedicação de Funcionários

Salá

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Ativ

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rio

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Salá

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25.0

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15%

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Bib

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10%

90%

TOTA

L %

3,20

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1,30

1,65

0,80

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000,

00TO

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00,0

051

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,00

32.5

00,0

041

.250

,00

20.0

00,0

0

Secretaria Administrativa de Mestrado e Doutorado Biblioteca

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139

Anexo 3 Tempo de Dedicação de Funcionários

Salá

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rio

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TOTA

L %

1,50

1,30

1,80

0,10

0,30

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000,

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nário

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ncio

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nário

Con

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lidad

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70%

20%

10%

TOTA

L %

0,70

0,25

0,70

0,30

0,55

0,35

0,95

0,20

100.

000,

00TO

TAL

17.5

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06.

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0,00

13.7

50,0

08.

750,

0023

.750

,00

5.00

0,00

ContabilidadeTesouraria

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140

Anexo 3 Tempo de Dedicação de Funcionários

Salá

rio

A

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ioná

rio

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50%

TOTA

L %

0,20

0,05

0,15

0,05

0,25

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0,15

0,85

0,15

0,00

50.0

00,0

0TO

TAL

5.00

0,00

1.25

0,00

3.75

0,00

1.25

0,00

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0,00

3.75

0,00

3.75

0,00

21.2

50,0

03.

750,

000,

00

Gerência de Recursos Humanos

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141

Anexo 3 Tempo de Dedicação de Funcionários

Salário

Atividade

Funcionário

Suporte à rede de computadores

Conservação e manutenção

predialLimpeza predial

Compra, estocagem e

distribuição de material

Mensageria Externa

Prestação de serviços gerais Outros

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 1 10% 10% 10% 5% 10% 55%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 2 20% 10% 70%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 3 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 4 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 5 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 6 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 7 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 8 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 9 90% 10%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 10 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 11 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 12 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 13 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 14 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 15 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 16 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 17 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 18 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 19 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 20 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 21 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 22 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 23 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 24 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 25 95% 5%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 26 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 27 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 28 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 29 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 30 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 31 100%

25.000,00 Funcionário Admin. Sede 32 100%

TOTAL % 5,10 5,00 11,20 2,20 2,00 5,20 1,30

800.000,00 TOTAL 127.500,00 125.000,00 280.000,00 55.000,00 50.000,00 130.000,00 32.500,00G

erência Adm

inistrativa da Sede

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142

Anexo 4. ANÁLISE DOS DRIVERS DE ATIVIDADES

Nos próximos parágrafos são analisadas algumas questões envolvendo a

disponibilidade dos drivers de segundo estágio para a alocação dos custos das

atividades aos objetos finais de custos. Esta análise se diferencia da alocação

efetivamente utilizada por trabalhar com macro-atividades dentro dos centros

de atividade, ou seja, detalha um pouco mais a alocação dos custos e

diferencia geradores de custos ideais e reais (disponíveis) dentro dos centros

de atividades.

Desta forma, das atividades das Secretarias de Especialização, da Extensão e

de Graduação, Mestrado e Doutorado somente as atividades de Seleção e

Cadastro de novos alunos teriam o driver real (número de alunos) diferente do

ideal (número de candidatos), pois existe relação direta entre o número de

alunos e o número de candidatos e essa alteração permite integrar cada

atividade nas respectivas macro-atividades de Acompanhamento das turmas. A

atividade “Montagem de histórico escolar antigo”, inicialmente identificada na

Secretaria de Especialização, não foi mapeada nem custeada por representar

uma fração muito pequena dos esforços desta Secretaria. O número de alunos,

número de disciplinas, de turmas e de cursos (drivers das atividades

mapeadas) são facilmente indicados pelas secretarias de cursos (Stricto

Sensu, Lato Sensu e Extensão).

Para a Biblioteca, os drivers ideais, em algumas instituições, poderão ser

coletados através das estatísticas geradas pelo setor, entretanto, no exemplo

apresentado neste trabalho, foi utilizado o driver tempo de dedicação. Sobre a

Tesouraria, a Administração das Contas Bancárias deve sofrer uma pequena

simplificação, na medida em que parte desta atividade depende do número de

contas bancárias e um driver mais próximo do real é o número de pagamentos,

que descreve bem o esforço necessário para outra etapa do processo, a

conciliação bancária. Alguns sistemas contábeis mais sofisticados possuirão as

informações necessárias para a implementação do sistema de custeio baseado

em atividades com bastante próximos dos ideais para as atividades de

Tesouraria e Contabilidade, outros não. Para o setor de contas a receber, não

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143

serão necessárias alterações, se o número de faturas por centro de custo

existir no Sistema Contábil. A aquisição do número de lançamentos contábeis

por centro de custos é o driver indicado para a maioria das atividades da

Contabilidade. Dos outros direcionadores de custos da Contabilidade, as horas

de serviços prestados podem ser estimadas, em valores percentuais, para os

departamentos usuários do sistema contábil, pelo chefe da contabilidade e o

número de relatórios contábeis não foi considerado na alocação dos custos de

geração de relatórios contábeis, cujo driver indicado para uso é o número de

lançamentos contábeis. No estudo de caso, no entanto, por simplificação, todas

as atividades de Tesouraria e de Contabilidade foram agrupadas em um centro

de atividades e o driver efetivamente utilizado foi o tempo de dedicação

estimado para uma situação hipotética.

Na Gerência de Recursos Humanos, os drivers de segundo estágio, todos

relacionados ao número de funcionários, são colhidos em entrevistas. A

realização de concursos públicos e a organização de eleições para a

universidade poderiam não ser cobradas dos cursos, por serem atividades

inerentes à condição de um Instituto: pertencente a uma Universidade pública.

As informações referentes às Ordens de Serviço (# OS) na Gerência

Administrativa da Sede algumas vezes existirão em um software (de

acompanhamento de serviços de manutenção e suporte à rede, por exemplo);

os pedidos de compra podem estar disponíveis no Sistema Contábil/ Estoques

e, neste caso, seriam facilmente importados para o sistema de custeio. Outros

drivers que não estejam disponíveis nos sistemas da empresa podem ser

simplificados e / ou coletados através de entrevistas com os pontos focais dos

processos.

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