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FMP FMP FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS ISSN 2359-702x | Ano XXIII ABRIL 2020 | nº 221 ISSN 2359-702x | Ano XXIII ABRIL 2020 | nº 221 REVISTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO | ABIFA REVISTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO | ABIFA MATÉRIA ESPECIAL MATÉRIA ESPECIAL O que pode vir a mudar para as fundições O que pode vir a mudar para as fundições com a ascensão dos veículos elétricos? com a ascensão dos veículos elétricos? ISSN 2359-702x ISSN 2359-702x http://www.abifa.org.br/revista-abifa/ http://www.abifa.org.br/revista-abifa/ ENTREVISTA ENTREVISTA Afonso Gonzaga, Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA, fala sobre os presidente da ABIFA, fala sobre os impactos da pandemia na fundição impactos da pandemia na fundição

FMP - ABIFA€¦ · O regime ex-tarifário consiste na redução temporária da alíquota do . imposto de importação de bens de capital, informática e telecomuni-cação quando

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FMPFMPFUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMASFUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS

ISSN 2359-702x | Ano XXIII ABRIL 2020 | nº 221ISSN 2359-702x | Ano XXIII ABRIL 2020 | nº 221

REVISTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO | ABIFAREVISTA OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIÇÃO | ABIFA

MATÉRIA ESPECIAL MATÉRIA ESPECIAL O que pode vir a mudar para as fundições O que pode vir a mudar para as fundições com a ascensão dos veículos elétricos?com a ascensão dos veículos elétricos?

ISSN

235

9-70

2xIS

SN 2

359-

702x

http://www.abifa.org.br/revista-abifa/http://www.abifa.org.br/revista-abifa/

ENTREVISTAENTREVISTAAfonso Gonzaga, Afonso Gonzaga,

presidente da ABIFA, fala sobre os presidente da ABIFA, fala sobre os impactos da pandemia na fundiçãoimpactos da pandemia na fundição

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FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS

SUMÁRIOSUMÁRIO

CARTA DO PRESIDENTE 4CARTA DO PRESIDENTE 4

NOTÍCIAS 6NOTÍCIAS 6

ESPECIAL COVID-19 16ESPECIAL COVID-19 16

CADERNO TÉCNICO 42CADERNO TÉCNICO 42

ENTREVISTAENTREVISTA ............................................................ 12

Nesta conversa, Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA, avalia os impactos da pandemia do novo Coronavírus na indústria brasileira de fundição.

MATÉRIA ESPECIALMATÉRIA ESPECIAL ........................................................................................... 34

EVENTOS 50EVENTOS 50

ANUNCIANTES 50ANUNCIANTES 50

CapaCapa

Foto: Foto: ShutterstockShutterstock

Originalmente publicado na revista Modern Casting, este trabalho traz uma visão de algumas possíveis influências da plataforma de veículos elétricos na indústria fundição de metais nos próximos anos.

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CARTA DO PRESIDENTECARTA DO PRESIDENTE

REVISTA FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS REVISTA FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS

ISSN 2179007-8

Presidente ABIFAPresidente ABIFAAfonso Gonzaga

Diretor-executivo ABIFADiretor-executivo ABIFARoberto João de Deus

Editora/Coordenação GeralEditora/Coordenação GeralMaria Carolina Garcia (MTB 28.926)[email protected]

Coordenação TécnicaCoordenação TécnicaAugusto Koch Jr.Antonio Diogo PintoWeber Büll Gutierres ([email protected])

RepresentantesRepresentantes

São Paulo & Minas Gerais:São Paulo & Minas Gerais: Oswaldo ChristoTel. (+55 31) 3412-7031 Cel. (+55 31) [email protected]

Santa Catarina & Paraná: Santa Catarina & Paraná: Rangel EisenhutTel. (+55 47) 3461-3340 Cel. (+55 47) [email protected]

Rio Grande do Sul:Rio Grande do Sul: Grasiele BendelTel. (+55 54) 3416-7327 Cel. (+55 54) [email protected]

Marketing:Marketing: Yasmim Miranda Ding

Editoração eletrônica:Editoração eletrônica: Softmig

Projeto gráfico e diagramaçãoProjeto gráfico e diagramaçãoAna Paula Ribeiro | Perfil Editorial

FUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMASFUNDIÇÃO & MATÉRIAS-PRIMAS é uma publicação mensal da ABIFA – Associação Brasileira de Fundição.

Av. Paulista, 1.274, 20º andar 01310-925 – São Paulo – SP – BrasilTel. (11) 3549-3344

www.abifa.org.brwww.abifa.org.br

Apenas um mês em casa, de “quarentena”, foi suficiente para mudar as relações so-ciais e de trabalho, a higiene individual

e das casas, os hábitos de consumo e o modo como se consome, o que certamente influenciará o mundo pós-pandemia. A indústria automotiva parou, afinal, não há para quem vender e os pátios das montadoras estão lota-

dos. Responsável pelo consumo de 56% dos fundidos no Brasil, o racio-cínio imediato pode levar erroneamente ao pânico.Afinal, a vida continua e, apesar dessa parada momentânea, o Brasil não sofreu desabastecimento de comida em nenhum Estado, deixando clara, mais uma vez, a força do nosso agronegócio, setor para o qual a fundição também é essencial.Segundo a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, a safra de grãos está superando a pandemia, devendo chegar a 251,8 milhões de toneladas em 2020. O Brasil provavelmente ultrapassará os Estados Unidos na produção de soja, com a estimativa de 122 milhões de toneladas, en-quanto no milho será superada a barreira de 100 milhões de toneladas. E além de abastecer o mercado interno, o mundo está comprando cada vez mais gêneros alimentícios do Brasil. Apesar da pandemia, ou em ra-zão dela própria, houve um aumento da demanda externa e interesse em novos acordos comerciais.Somente em março, oito países fecharam entendimentos para acesso aos produtos brasileiros, de modo que o agronegócio respondeu por 48,3% das exportações do país naquele mês. Na média do primeiro trimestre, a fatia do agronegócio corresponde a 43,2% das vendas totais.Aqui, é importante salientar o comprometimento dos profissionais do trans-porte que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas nas estradas, cumpri-ram seu papel no abastecimento, portando-se como verdadeiros heróis.E atentem: as fundições não fornecem somente para os fabricantes de máquinas agrícolas. A maioria das peças de reposição do maquinário de embarque dos portos é fundida! No transporte, as fundições abastecem também a indústria de autopeças, assim como a indústria de reposição do petróleo.Portanto, a fundição está na base mais essencial da economia! Não esta-mos, com isso, afirmando que o mundo pós-pandemia será fácil. Ele será, sim, diferente. E a indústria de fundição está pronta para reerguê-lo.

Afonso GonzagaAfonso GonzagaPresidente da ABIFA/SIFESPPresidente da ABIFA/SIFESP

O mundo pós-pandemiaO mundo pós-pandemia

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NOTÍCIASNOTÍCIAS

SI Group anuncia término do acordo para SI Group anuncia término do acordo para vender os negócios de resinas industriaisvender os negócios de resinas industriais

A empresa, líder no desen-volvimento e fabricação de aditivos de desem-

penho, soluções de processos, produtos farmacêuticos e inter-mediários químicos, anunciou o en-cerramento do acordo para vender a maioria de seus negócios globais de resinas industriais e especialidades do Brasil para a ASK Chemicals. A assinatura do contrato havia sido divulgada em julho de 2019.

Segundo comunicado, “em função da profunda incerteza econômica global relacionada à pandemia de COVID-19, a SI Group, em acor-do com a ASK, decidiu cancelar essa venda”.

Assim, a SI Group continuará fabricando resinas industriais globalmente, em quatro plantas: Rio Claro (Brasil), Ranjangaon (Índia), Joanesburgo e Durban (África do Sul).

Além dos produtos de resinas indus-triais produzidos nestas quatro plan-tas e das especialidades fabricadas no Brasil, a empresa também produz borracha e adesivos, aditivos para o mercado petrolífero e produtos de fundição (no Brasil e África do Sul). Nessas duas regiões, a SI Group continuará sua cooperação tecnoló-gica com a Huettenes-Albertus, para apoiar os desenvolvimentos com os clientes de fundição. g

O Camex - Comitê Execu-tivo da Câmara de Co-mércio Exterior zerou o

imposto de importação de mais de 250 máquinas, equipamentos, apa-relhos e componentes industriais destinados a diversos segmentos do mercado. A decisão consta de

duas resoluções publicadas no Diário Oficial da União (DOU) de 3 de abril.O regime ex-tarifário consiste na redução temporária da alíquota do imposto de importação de bens de capital, informática e telecomuni-cação quando não há produção na-

cional equivalente, visando à deso-neração dos investimentos.

Atualmente, a média de incidência percentual de imposto de importa-ção dos produtos é de 14% para bens de capital, como máquinas e equipa-mentos industriais, e 16% para itens de informática e telecomunicação. g

Camex zera imposto de importação Camex zera imposto de importação de máquinas e equipamentos industriaisde máquinas e equipamentos industriais

Após atingir o maior cres-cimento da série históri-ca em 2018, o ICI - In-

dicador de Custos Industrias, subiu apenas 1,3% em 2019, em comparação com a média de

2018. Esse foi o terceiro menor crescimento da série anual, atrás apenas da retração observada em

Pesquisa revela custos industriais controlados em 2019Pesquisa revela custos industriais controlados em 2019

Trata-se do terceiro menor crescimento anual médio desde o início da série histórica anual, em 2006

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7FMP, ABRIL 2020

2009 e da expansão de 1% em 2017, segundo a CNI.De acordo com a entidade, res-ponsável pela pesquisa, a mudança moderada ocorreu devido ao baixo

aumento dos custos com pessoal e à queda nos custos tributário e com capital de giro. “O indicador mostra que os cus-tos industriais cresceram menos

que os preços dos manufatura-dos no Brasil em 2019, o que permitiu um aumento da lucra-tividade da indústria de uma ma-neira geral”. g

INOVAÇÃOINOVAÇÃO

A s empresas considera-das inovadoras no Bra-sil investiram R$ 67,3

bilhões em atividades inovativas em 2017, o que corresponde a 1,95% da receita líquida total das vendas no mesmo ano. Essa é a conclusão da Pesquisa de Ino-vação (Pintec), divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

De acordo com o levantamento, en-tre 2015 e 2017, 33,6% das 116.962 empresas brasileiras com dez ou mais trabalhadores fizeram algum tipo de inovação em produtos ou processos – 2,4% menos que na pes-quisa anterior (que avaliou o período entre 2012 e 2014). Na indústria, a queda foi ainda maior, de 36,4% em 2014, para 33,9% em 2017.

CNI defende que Brasil tenha CNI defende que Brasil tenha uma política estruturada para uma política estruturada para

avançar em ciência, tecnologia e inovaçãoavançar em ciência, tecnologia e inovação

Para a CNI - Confederação Na-cional da Indústria, as dificulda-des provocadas pela pandemia da COVID-19 têm mostrando o quanto a área de ciência, tec-nologia e inovação (CT&I) é im-portante e necessária para o en-frentamento de crises do ponto de vista econômico e social. Na avaliação da entidade, os dados da Pintec revelam que os investi-mentos em inovação estão abaixo do potencial brasileiro.

O Brasil, apesar de ser a 9ª maior economia do mundo, aparece na 66ª posição no Índice Global de Inovação, ranking que mede a ativi-dade inovativa dos países.

Nas palavras de Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, um dos passos importantes para que o

Brasil se torne um país mais ino-vador é a aprovação da Política Nacional de Inovação (PIN). Re-centemente, a entidade e a MEI - Mobilização Empresarial pela Ino-vação – grupo coordenado pela CNI que reúne lideranças de mais de 300 das principais empresas com atuação no país – enviaram ao Ministério da Ciência, Tecno-logia, Inovações e Comunicações (MCTIC) contribuições para a construção dessa política.

Agenda de inovação proposta

■ Aprimorar os instrumentos de apoio à inovação, com foco no em-preendedorismo e no desenvolvi-mento de negócios inovadores;

■ Priorizar tecnologias disruptivas

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NOTÍCIASNOTÍCIAS

e transversais e sua combinação (IA + IoT + 5G);

■ Criar e instalar um órgão ligado à Presidência da República, voltado à tomada de decisão em CT&I;

■ Aprimorar a Lei do Bem, de forma a permitir a contratação de outras empresas para a reali-zação de P&D externo, e permi-tir que os dispêndios com P&D possam ser abatidos em mais de um ano fiscal;

■ Assegurar recursos para CT&I sustentados ao longo dos anos;

■ Identificar novas fontes e possí-veis oportunidades de redireciona-mento de recursos para inovação;

■ Melhorar a qualidade da educa-ção e formar profissionais espe-cializados, com base em currícu-los e atividades;

■ Desburocratizar e fortalecer os ambientes empreendedores.

Eixos prioritários da Política Nacional de Inovação (PNI)

Para a CNI, a PNI deve produ-zir conhecimento e transformá-lo

em riqueza; melhorar a qualida-de de vida dos cidadãos; gerar desenvolvimento socioeconômi-co; e ser o principal instrumento orientador do planejamento das iniciativas de pesquisa, desenvol-vimento e inovação.

Nesse sentido, a entidade sugere que a Política Nacional de Ino-vação tenha os seguintes eixos prioritários:

■ Criação de um ambiente insti-tucional e regulatório favorável à inovação. Desse ponto de vista, defende-se o aprimoramento de leis, do sistema de propriedade intelectual e de normas técnicas, por exemplo.

■ Oferta de instrumentos de sub-venção econômica e de crédito compatíveis com o risco tecnológi-co: O Brasil dispõe de mecanismos de apoio à inovação, mas é preci-so focar naqueles que apresentam elevado potencial de induzir a ino-vação de maior conteúdo e risco tecnológico, as quais são menos passíveis de captar recursos no mercado privado de capitais.

■ Apoio ao desenvolvimento científico: Para criar um ambiente

favorável à produção de conheci-mento e tecnologias de ponta, é fundamental que o Estado apoie a ciência brasileira, fortalecen-do as instituições de formação e pesquisa, para que contribuam com o trabalho de inovação das empresas e com a solução de problemas da sociedade.

■ Estruturação de programas nacionais transversais: É impor-tante definir desafios e articular programas orientados a tais te-mas específicos, como a difusão de tecnologias para elevar a pro-dutividade do conjunto da eco-nomia; a transformação digital das empresas; e a capacitação de recursos humanos para atuar na era digital.

Para tornar a política mais obje-tiva e transparente, sugere-se que o documento base contemple ainda pontos como: governan-ça dos atores do ecossistema de inovação; desafios estratégicos para o país; metas factíveis e fun-damentadas a serem alcançadas em um horizonte de dez anos; e formas de monitoramento e ava-liação das ações. g

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9FMP, ABRIL 2020

MERCADOMERCADO

Indústria de fundição sofre Indústria de fundição sofre efeitos da quarentenaefeitos da quarentena

Um balanço preliminar di-vulgado pela ABIFA in-dica que o setor registrou

retração de 11,8% na produção neste primeiro trimestre, sobre o mesmo período do ano passado, com a produção de 500.186 t.

Em março, a produção das fundi-ções brasileiras ficou em 145.230 t (-22,6% em relação fevereiro). No comparativo com março de 2019, a queda foi ainda maior: de -28,3%.

Segundo Roberto João de Deus, diretor-executivo da entidade, entre as empresas, a variação foi muito grande. “Tivemos queda na produ-

ção de até 70% em alguns casos e aumento de até 50% em outros”.

Pesquisa realizada pela ABIFA re-vela que as empresas de maior por-te, cuja produção é superior a 1.000 t/mês, sofreram mais os impactos da paralisação devido à quarentena. Neste caso, a queda da produção foi de 22,9% (comparativo mar2020/fev2020), enquanto nas empresas com produção inferior a 1.000 t/mês a retração foi de 18,7%.

Outro quesito levantado pela en-tidade diz respeito à produção do setor entre os principais polos de fundição do país. Os resultados

indicam que o Estado de Santa Catarina foi o mais afetado, com a retração de -34,2% da produção de fundidos entre março e feverei-ro de 2020, seguido de São Pau-lo (-27,4%), Rio Grande do Sul (-23,3%), Paraná (-19,5%) e Minas Gerais (-11,4%).

Sobre a mão de obra, verificou-se que em março foram utilizados re-cursos legais diversos entre as em-presas do setor, a exemplo de férias coletivas e redução da jornada de trabalho e salários, o que propor-cionou à maioria das fundições evi-tar demissões. g

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10 FMP, ABRIL 2020

NOTÍCIASNOTÍCIAS

Apesar das exportações em alta, setor de bens de Apesar das exportações em alta, setor de bens de capital acumula queda de quase 2% no 1ºB2020capital acumula queda de quase 2% no 1ºB2020

Dados divulgados pela ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria

de Máquinas e Equipamentos dão conta que o setor de bens de capital sofreu retração de 1,7% (R$ 17,9 bilhões) no primeiro bi-mestre do ano.Em fevereiro, o faturamento do segmento ultrapassou os R$ 10 bilhões, o que corresponde a uma alta de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2019. Segundo a entidade, a melhora está relacionada à expan-são das vendas no mercado externo

(+8,8% em relação a fev. 2019), que aumentaram tanto em valores monetários quanto quantitativos.O mercado doméstico, por outro lado, apresentou retração de 6,1% e, como consequência, o setor passou a acumular queda de quase 2% em 2020. Com relação aos efeitos da pan-demia da COVID-19 no desem-penho do setor, a ABIMAQ afir-ma que o problema poderá afetar os pedidos dos meses de março e abril, já que houve a interrupção

de diversas atividades e novos pedidos poderão ser adiados para o segundo semestre. Caso a pandemia esteja controlada na segunda metade de 2020, a ex-pectativa é de ocorra um maior volume de negócios a partir de agosto. De acordo com a enti-dade, historicamente, as taxas de investimento pós-crises são mais aceleradas mediante pacotes de estímulo à economia. Portanto, há expectativa de mudança de ce-nário no médio prazo. g

Quarentena derruba números da Quarentena derruba números da indústria automotiva em marçoindústria automotiva em março

Após duas semanas de forte atividade no mer-cado interno em março,

com crescimento acumulado das vendas de 9% no ano, a paralisa-ção gradativa do comércio e das montadoras na segunda quinzena resultou em uma queda de quase 90% nas atividades do setor.Com isso, nos três primeiros meses do ano, a retração do mercado automoti-vo foi de 8% segundo a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabrican-tes de Veículos Automotores. De acordo com Luiz Carlos Mo-raes, presidente da entidade, o momento é de priorizar a saúde da população. “Todas as nossas asso-ciadas estão dando sua contribui-ção no combate ao Coronavírus, seja reparando respiradores, seja

produzindo e doando máscaras, ou mesmo cedendo suas frotas para as mais diversas finalidades. Mas também é hora de uma cons-cientização de todas as esferas do governo, bancos e sociedade, para criar mecanismos que permitam à cadeia automotiva atravessar esse período de retração com a preser-vação das empresas e dos empre-gos”, alerta Moraes.Observando março de 2020 como um todo, a queda em relação ao mes-mo mês de 2019 foi de 21% para a produção, licenciamentos e exporta-ções. Na comparação com fevereiro deste ano, a retração foi de 18% nos emplacamentos e nas exportações, e de 7% na produção.Máquinas agrícolas e rodoviáriasAo contrário dos automóveis,

ônibus e caminhões, as máquinas agrícolas e rodoviárias tiveram um mês de março positivo, já que a maioria das fábricas funcionou até o começo de abril e as vendas esta-vam aquecidas, em função da épo-ca de colheitas. Na comparação com fevereiro, as vendas avançaram 46%, as expor-tações 19% e a produção 15%. As fabricantes de máquinas agrícolas garantem ter estoque para atender os produtores rurais, apesar da pa-ralisação de suas operações.Outra atividade que permanece a pleno vapor é a de assistência téc-nica e distribuição de peças para as máquinas e caminhões, com vistas que a produção rural e o transporte não sejam prejudicados. g

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11FMP, ABRIL 2020

A pesquisa Impacto da pan-demia da COVID-19, rea-lizada pela Associação

Brasileira da Indústria de Máqui-nas e Equipamentos entre os dias 30 de março e 3 de abril, revelou que a pandemia afetou a ativida-de produtiva em diversas frentes, adiando ou cancelando investimen-tos, interrompendo parte da cadeia de suprimentos e restringindo o transporte de mercadorias e a mo-bilidade da mão de obra.De acordo com José Velloso, pre-sidente executivo da ABIMAQ, a ideia central do levantamento foi fornecer às indústrias e agentes públicos informações relevantes para o desenvolvimento de ações que possam reduzir os danos causados pelo novo Coronavírus.O aspecto mais preocupante da pes-quisa é com relação à manutenção dos empregos, alerta Velloso, que ex-plica: 21,4% das empresas pesquisa-das demitiram cerca de 16,4% da sua mão de obra, gerando uma redução de 11 mil postos de trabalho. Trata--se de uma queda de 3% no nível de emprego da indústria de máquinas e equipamentos, ainda em março. Segundo o executivo, praticamente todas as empresas consultadas in-formaram que pretendem promo-ver demissões nos próximos meses. “Ninguém pode dizer exatamente o número de demissões, mas estima-mos que pode chegar a 15% do nível de emprego da nossa indústria, o que significaria 50 mil empregos diretos e mais 150 mil indiretos, chegando a 200 mil pessoas”. Atualmente, o setor

emprega 350 mil diretos e quase um milhão de indiretos.Velloso ainda explica ainda que a ABIMAQ vem mantendo nego-ciações com cerca de 80 sindica-tos de trabalhadores em todo o país, para ajudar na redução de jornada e salários ou na suspen-são temporária de contratos; me-didas previstas na MP 936. A queda do faturamento das empresas participantes da pesquisa pode passar de 50% nos próximos dois meses. Mercado externoMais de 70% do universo pesquisa-do é constituído por empresas ex-portadoras. Deste montante, 54,2% registraram queda das exportações da ordem de 56,2%, com expec-tativa para os próximos 60 dias de encolher ainda mais (57%). Verifi-cou-se ainda uma queda de 53% nas importações de insumos.A sondagem realizada com as fabricantes de máquinas identifi-cou, segundo Velloso, forte preo-cupação também com o aumento dos preços de matérias-primas e materiais intermediários utiliza-dos na produção. Além disso, outros fatores preo-cupantes apontados foram a de-sorganização ou interrupção da cadeia de suprimentos, que, para além da queda de vendas, tem o potencial de inibir a atividade produtiva e o atendimento da carteira de pedidos.Perguntado quais seriam as me-didas que, se anunciadas emer-

gencialmente, contribuiriam para a manutenção das atividades pro-dutivas de máquinas e equipa-mentos, 95,1% das pesquisadas responderam que a postergação do pagamento dos impostos teria um papel importante nesse senti-do, enquanto 82,2% informaram que o refinanciamento das dívi-das deveria ser autorizado. Capital de giroAdicionalmente, a pesquisa identi-ficou que 79% das empresas fabri-cantes de máquinas e equipamentos pretendem fazer uso de capital de giro adquirido no mercado bancário, para cumprir suas obrigações com folha de salários, pagamento de fornecedores, impostos, parcelas de financiamentos assumidos e outras despesas fixas.As condições de financiamento en-contradas pelas empresas que já adqui-riram o crédito dizem que, em média, a taxa de juros oferecida pelos ban-cos ao tomador de empréstimo é de 14,3%; o que é considerado extrema-mente elevado diante do atual quadro de contração da atividade produtiva e da renda das famílias (e acima daquela observada antes da pandemia).“Para contornar o aumento dos riscos que o setor financeiro se recusa a as-sumir, o governo precisa atuar ofere-cendo garantias, implementando me-didas como a suspensão da exigência de CND, direcionando o depósito compulsório liberado exclusivamente aos bancos compromissados em con-ceder o crédito, enfim, medidas que conduzam o crédito a quem realmente necessita”, afirma Velloso. g

Pesquisa realizada pela ABIMAQ indica Pesquisa realizada pela ABIMAQ indica o fechamento de 11 mil postos de trabalhoo fechamento de 11 mil postos de trabalho

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12 FMP, ABRIL 2020

ENTREVISTAENTREVISTA

O tema COVID-19 e seus impactos em nossas vidas é abordado invariavel-

mente em todas as conversas desde meados de março, quando o isola-mento social foi anunciado no país.

ABIFA avalia impactos da pandemia do ABIFA avalia impactos da pandemia do novo Coronavírus na indústria de fundiçãonovo Coronavírus na indústria de fundição

Nesta conversa com Afonso Gon-zaga, presidente da ABIFA, não foi diferente.Acompanhe a seguir essa entrevis-ta, que termina com um “pedido” de prudência de todas as partes

envolvidas na cadeia de fundição, para que a vida pós-pandemia seja marcada pelo colaborativismo, vi-sando a um bem comum: a saúde “física”, financeira e econômica do nosso país.

O isolamento social horizontal como medida para conter a pandemia do novo Coronavírus tem trazido preju-ízos incalculáveis para a indústria. Qual a posição da ABIFA em relação a essa questão?

Gonzaga: O isolamento social é uma das medidas preventivas mais eficazes observadas para mitigar o avanço da COVID-19, basta ver o exemplo internacional. No nosso entender, o que faltou foi um melhor planejamen-to, principalmente levando em consideração as dimensões continentais do país. O Brasil tem a 5ª maior exten-são territorial do mundo, com características bem diferentes de região para região. Enquanto na Itália temos uma população de 200 habitantes para 1 km², no Brasil são 20 pessoas para o mesmo espaço, o que faz muita diferença para a proliferação do vírus.

Quais as medidas principais adotadas pelas empresas do setor para preservar, ao máximo, os empregos nesse período?

Gonzaga: As fundições estão utilizando todos os recursos possíveis visando à preservação dos empregos, a exemplo de férias coletivas, bancos de horas e todas as medidas previstas pela MP 936, agora aprovadas pelo STF. O importante é não perder o norte da recuperação. O mundo não vai acabar. Esta é mais uma difícil ex-periência, que com certeza vamos superar.

Em janeiro, a ABIFA estimava que o setor teria condições de crescer até 6% em 2020, alcançando a produção de 2,43 milhões de toneladas. Esta previsão já foi refeita?

Gonzaga: No início do exercício 2020, esperávamos rever esta projeção até para cima, devido às ações imple-mentadas pelo governo federal, principalmente no que diz respeito à infraestrutura. No entanto, agora devemos considerar a parada de até três meses da indústria automotiva, responsável por consumir 56% de nossa pro-dução, além de outros segmentos da indústria que já anunciaram paralisações e redução de produção. A recu-peração vai acontecer, mas precisamos ver como o mercado internacional vai reagir. No setor de fundição, as exportações representam de 15% a 20% da demanda e não temos dependência da importação. Por outro lado, nosso cliente criou uma dependência de componentes importados, que neste momento pode ser um entrave para uma rápida retomada. Quanto à previsão desse ano, estamos fazendo uma nova consulta às fundições, para uma projeção mais realista do futuro próximo.

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14 FMP, ABRIL 2020

ENTREVISTAENTREVISTA

Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA

Quais ações por parte do governo são capazes de ajudar a indústria brasileira nesse momento?

Gonzaga: Seria muito importante que o crédito fosse menos complicado. Infelizmente, as linhas liberadas pelo BNDES servirão apenas para as grandes empre-sas, que talvez não tenham necessidade de capital de giro. Para os empresários das micro, pequenas e mé-dias empresas, esta ação ainda não chegou. Os ban-cos repassadores deveriam entender a realidade atual e não aproveitar o momento em que as empresas es-tão mais fragilizadas. Não adianta a oferta de taxas atrativas pelo BNDES, que na prática são acessíveis apenas para as empresas de maior porte.

Para a CNI, a agenda de inovação é urgente e precisa ser vista como prioridade para a superação da crise ocasionada pelo novo Coronavírus, visto que a capa-cidade das empresas inovarem é determinante para aumentar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. A ABIFA compartilha essa opinião?

Gonzaga: Esta é uma pauta comum para todas as indústrias. O empresário que não estiver focado na busca constante de inovação e novas tecnologias está fadado ao insucesso. Só que isso custa dinheiro e dinheiro para indústria ainda é muito caro! Temos um dever de casa constante em nossa pauta de reivindicação perante o governo federal, que diz respeito ao crédito para o crescimento e desenvolvimento do setor. A indústria é a principal plataforma de criação de postos de trabalho e riquezas; temos que ser ouvidos.

Como a ABIFA está trabalhando nessa fase de quarentena?

Gonzaga: Todo o nosso time está atuando via teletrabalho. As atividades da ABIFA, à exceção de cursos e reuniões presenciais, continuam normalmente. Temos inclusive recebido contatos de empresas do mercado europeu, onde o impacto da pandemia é muito maior, procurando oportunidades para uma ação conjunta no mercado nacional, ou mesmo a colocação de seus produtos em nosso país. Também recebemos contatos visan-do à exportação para o Canadá, uma vez que a Índia ficou sem condições de manter esse país como cliente. São oportunidades que surgem com a crise e precisamos ficar atentos.

Qual a mensagem nesse momento da ABIFA para os seus associados e a indústria de fundição de uma forma geral?

Gonzaga: Uma mensagem que gostaríamos de deixar diz respeito à seriedade deste momento de pandemia. Não subestimem! Este processo nos trará enormes dificuldades, mas também um grande aprendizado. Que nossos industriais tenham a firmeza na condução de seus negócios, que nossos fornecedores entendam que não é hora de majoração de preços e que o governo federal se conscientize de uma vez por todas que somos o principal parceiro para a grande retomada do desenvolvimento do Brasil. g

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16 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

Desde o início da quaren-tena para conter a disse-minação da pandemia de

COVID-19, a ABIFA tem moni-torado as ações realizadas por suas associadas para mitigar a propaga-ção da doença.

Quando possível, o teletrabalho tem sido uma das medidas mais adotadas, além das férias coletivas.

Há também casos de empre-sas que optaram por seguir as suas atividades, porém adotando uma série de ações tanto de higiene quanto para evitar aglomerações.

Este é o caso da Intercast, responsável pela elaboração das recomendações apre-sentadas a seguir.

Recomendações para todos os trabalhadores e terceiri-zados sobre sintomas■ Na presença de sintomas de febre, tosse e congestionamento nasal, in-forme imediatamente o seu líder. Se estiver em casa, faça-o por telefone; não compareça à fábrica. O gestor repassará a informação à Medicina da empresa, que avaliará o trabalha-dor e/ou fará uma visita à sua resi-dência, para apurar a situação. O tra-balhador deve ficar 24 horas em casa sem uso de medicamento, quando uma nova avaliação será realizada.

■ Em caso de algum familiar com os sintomas de febre, tosse e con-gestionamento nasal, comunique imediatamente o líder e a Medicina da empresa. A enfermeira respon-sável irá realizar uma visita à resi-dência do trabalhador, para avaliar a situação e adotar as medidas ne-cessárias.

■ Em caso de sintomas de febre, tosse e dificuldade para respirar com agravamento da situação após 72 horas, procure imediatamente uma unidade de saúde (posto de saúde ou hospital).

■ Se houver algum caso confirma-do de trabalhador com o Coronaví-rus, a empresa fará um rastreamen-to de contatos com outras pessoas e comunicar imediatamente os ór-gãos de saúde pública.

■ Se o trabalhador viajou para algu-ma região de contaminação comu-nitária, ele deve informar imediata-

mente o líder e Medicina e ficar em quarentena por sete dias.

Recomendações e ações pre-ventivas adotadas na planta

■ Em todos os setores há um reci-piente com álcool em gel. Todos os trabalhadores e terceirizados de-vem fazer uso constantemente.

■ Assim que chegar à planta, lave primeiro as mãos antes de qualquer outra atividade.

■ Em locais onde existam equipamentos de uso co-letivo, também há um re-cipiente de álcool em gel e um comunicado orientando a utilização do mesmo antes do início da tarefa

■ O Equipamento de Proteção Individual (EPI), como o próprio nome diz, é de uso individual. Por isso, não compartilhe capacete, ócu-los, máscara, luvas e abafadores.

■ O contato físico entre os tra-balhadores da empresa deve ser restringido. Abraços e apertos de mãos devem ser evitados neste mo-mento.

■ Os trabalhadores também preci-sam manter uma distância entre os colegas do setor durante a execu-ção das tarefas.

COVID-19 altera rotina e hábitos na COVID-19 altera rotina e hábitos na sociedade e na indústriasociedade e na indústria

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17FMP, ABRIL 2020

■ As reuniões de trabalho devem ser minimizadas e, quando realiza-das, devem ocorrer em local aberto e/ou arejado.

■ Todos os porteiros devem traba-lhar usando máscara.

■ Aferição da temperatura corpo-ral na entrada dos turnos de traba-lho. Os trabalhadores que apresen-tarem temperatura acima de 37,5 graus serão orientados a procurar uma unidade de saúde e não esta-rão aptos a trabalhar.

Recomendações para os tra-balhadores do restaurante

■ Todos os trabalhadores do res-taurante devem trabalhar com más-caras e luvas.

■ As bancadas das refeições devem ser higienizadas com álcool em gel frequentemente.

■ Os talheres e frutas devem ser disponibilizados em saco plástico.

■ O layout do restaurante deve manter espaço entre as cadeiras.

Recomendações para os tra-balhadores durante os horá-rios das refeições

■ Para evitar aglomeração no restaurante, os trabalhadores de-vem ser liberados em escala para almoço/janta, com intervalos de 30 min.

■ Todos os trabalhadores devem lavar as mãos e usar o álcool em gel antes de servir a refeição.

Viagens e visitas

■ Todas as visitas devem ser evi-tadas.

■ O controle de acesso a visitan-tes deve ser restrito. A portaria não permite a entrada de nenhu-ma pessoa.

■ Para visitas estritamente neces-sárias, o visitante passará pela afe-rição de temperatura corporal e preencherá uma entrevista.

Recomendações para os tra-balhadores que façam uso de voos comerciais

■ Os trabalhadores e prestadores de serviços nestas situações de-vem ser estimulados a trabalhar em home-office.

Recomendações para os tra-balhadores com mais de 60 anos

■ Os trabalhadores da área admi-nistrativa e prestadores de serviços nesta faixa etária são estimulados a trabalhar em home-office ou entra-rão em férias.

Recomendações para os tra-balhadores com idade entre 50 e 59 anos

■ Os trabalhadores da área admi-nistrativa e prestadores de serviços nesta faixa etária são estimulados a trabalhar em home-office ou entra-rão em férias.

Recomendações para moto-ristas de transportadoras

■ Só é autorizada a entrada do motorista na fábrica no momen-to do carregamento/descarrega-mento.

■ O motorista não deve circular pela empresa, apenas no local res-trito do carregamento/descarre-gamento.

■ O trabalhador responsável pelo acompanhamento do descarrega-mento/carregamento deve utilizar máscara.

■ O motorista passará por uma aferição de temperatura corpo-ral na portaria. Se a temperatu-ra estiver acima de 37,5 graus, o motorista não poderá entrar na fábrica.

Recomendações para as em-presas que realizam o trans-porte dos trabalhadores

■ Os motoristas devem manter a ventilação natural dentro dos veículos.

■ Os veículos devem ser desinfe-tados antes do início do trajeto de cada turno e no retorno dos traba-lhadores para casa.

■ Em cada veículo deve haver um recipiente de álcool em gel.

■ O motorista deve observar a hi-gienização do seu posto de traba-lho, incluindo o volante e maçane-tas do veículo.

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18 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

Recomendações para o distan-ciamento mínimo entre pessoas nos relógios de marcação de ponto, portaria e restaurante

■ Os pisos desses locais foram de-marcados seguindo a orientação de distanciamento mínimo de 1 m.

Recomendações para refor-çar a limpeza de áreas co-muns (banheiros, bancos e corrimãos)

■ As áreas serão frequentemente desinfetadas com uma solução de água e hipoclorito de sódio.

Na sequência, compilamos as principais ações do governo federal e associações de classe visando a mi-nimizar o impacto desta crise na saúde financeira das empresas brasileiras.

No caso da ABIFA, prezando a saúde dos nossos colaboradores e respectivas famílias, todo o nosso time está traba-lhando em home office. Os nossos e-mails estão ativos e o celular (11) 97212-3087 está disponível para atendimento. Se pre-cisar falar conosco, outro canal é o e-mail: [email protected]. g

MEDIDAS PROVISÓRIAS INSTITUÍDAS EM MEIO À PANDEMIAMEDIDAS PROVISÓRIAS INSTITUÍDAS EM MEIO À PANDEMIA

Neste texto, o dr. Marcos Tavares Leite, sócio do escritório Tavares Lei-

te Sociedade de Advogados, res-ponsável pela assessoria jurídica da ABIFA, esclarece os principais pontos da Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020, a qual institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, dispondo sobre medidas trabalhistas complementares para o enfrentamento do estado de ca-lamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância inter-nacional decorrente da COVID-19,

de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.

Nessa linha, a MP 936 complemen-ta a MP 927, que já disciplinava ne-gociações para a manutenção do emprego, mas que teve revogado o seu artigo 18, referente à suspen-são dos contratos de trabalho, com suspensão do pagamento de salá-rios (ver matéria na pág. 22).

A seguir, serão abordadas as dife-rentes tratativas sobre os contratos de trabalho, que poderão ser nego-ciadas individual ou coletivamente.

Redução proporcional da jornada de trabalho e salário

A redução proporcional da jornada

de trabalho e de salário dos emprega-dos poderá ter validade de até 90 dias, observados os seguintes requisitos:

I - preservação do valor do salá-rio-hora de trabalho;

II - pactuação por acordo indivi-dual escrito entre empregador e empregado, que será encaminhado ao empregado com antecedência de, no mínimo, dois dias corridos (a esse respeito, na pág. 24 há es-clarecimentos sobre a ADI 6363 e julgamento subsequente);

III - redução da jornada de traba-lho e de salário, exclusivamente, nos seguintes percentuais: 25%; 50% ou 70%.

Medida Provisória Nº 936, de 1º de abril de 2020 - Medida Provisória Nº 936, de 1º de abril de 2020 - Programa Emergencial de Manutenção do Emprego Programa Emergencial de Manutenção do Emprego

e da Renda e Medidas Trabalhistase da Renda e Medidas Trabalhistas

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19FMP, ABRIL 2020

A jornada de trabalho e o salário pago anteriormente serão restabe-lecidos no prazo de dois dias corri-dos, contados:

I - da cessação do estado de calami-dade pública;

II - da data estabelecida no acordo individual como termo de encerra-mento do período e redução pac-tuado; ou

III - da data de comunicação do empregador que informe ao em-pregado sobre a sua decisão de an-tecipar o fim do período de redu-ção pactuado.

Essa negociação também poderá se dar por acordo ou convenção coletiva.

Os acordos celebrados individu-almente, nos termos da MP 936, só podem ser estabelecidos nos percentuais de 25%, 50% ou 70%. Percentuais intermediários não são admitidos.

Se o acordo for coletivo, admite-se percentuais diferentes.

Suspensão temporária do contrato de trabalho

Durante o estado de calamida-de pública, o empregador poderá acordar a suspensão temporária do contrato de trabalho de seus em-pregados pelo prazo máximo de 60 dias, que poderá ser fracionado em até dois períodos de 30 dias.

Essa suspensão temporária poderá ser pactuada por acordo individual escrito entre empregador e emprega-do, o qual deverá ser encaminhado ao empregado com antecedência de, no mínimo, dois dias corridos.

Não se trata da suspensão de que aborda o artigo 476-A, da CLT, a qual também é válida, mas a qual não se aplica as disposições da MP 936.

■ Na suspenção temporária do contrato:

I – O empregado fará jus a todos os benefícios concedidos pelo em-pregador aos seus empregados. To-davia, é nosso entendimento que o Vale Transporte não é devido, con-siderando que não há locomoção do empregado para a empresa.

II – O empregado ficará autoriza-do a recolher para o Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de segurado facultativo.

O contrato de trabalho será resta-belecido no prazo de dois dias cor-ridos, contado:

I - da cessação do estado de calami-dade pública;

II - da data estabelecida no acordo individual como termo de encer-ramento do período e suspensão pactuado; ou

III - da data de comunicação do empregador que informe ao em-pregado sobre a sua decisão de antecipar o fim do período de sus-pensão pactuado.

No período de suspensão tem-porária do contrato de trabalho, o empregado não poderá manter qualquer atividade de trabalho, ain-da que parcialmente, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho à distância.

Nesse caso, ficará descaracterizada a suspensão temporária do contra-to de trabalho e o empregador es-tará sujeito ao pagamento imediato da remuneração e dos encargos so-ciais referentes a todo o período e às demais penalidades previstas na legislação em vigor e em conven-ção ou em acordo coletivo.

As empresas que tenham auferido no ano-calendário de 2019 receita bruta superior a R$ 4.800.000,00, e que pactuem a suspensão do con-trato de trabalho nos termos da MP 936, deverão pagar ajuda com-pensatória mensal no valor de 30% do valor do salário do empregado durante o período da suspensão temporária de trabalho pactuado.

■ Sobre a ajuda compensatória mensal:

- deverá ter o valor definido no acordo individual pactuado ou em negociação coletiva;

- terá natureza indenizatória e não integrará o salário devido pelo em-pregador;

- não integrará a base de cálculo do imposto sobre a renda retido na fonte ou da declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda da pessoa física do empregado;

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20 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

- não integrará a base de cálculo da contribuição previdenciária e dos demais tributos incidentes sobre a folha de salários;

- não integrará a base de cálculo do valor devido ao Fundo de Garan-tia do Tempo de Serviço - FGTS, instituído pela Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e pela Lei Com-plementar nº 150, de 1º de junho de 2015; e

- poderá ser excluída do lucro líqui-do para fins de determinação do imposto sobre a renda da pessoa jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido das pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real.

Garantia de emprego

É concedida garantia provisória no emprego ao empregado que receber o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, em decorrência da redução da jornada de trabalho e de salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho de que trata a Medida Provisória, durante o perí-odo acordado, e após o restabele-cimento da jornada de trabalho e de salário ou do encerramento da suspensão temporária do contrato de trabalho, por período equivalen-te ao acordado para a redução ou a suspensão.

Todas essas medidas estão ainda sujeitas ao seguinte:

■ Os acordo individuais, para efeito da Medida Provisória 936, só pode-

rão ser celebrados com empregados com salário igual ou inferior a R$ 3.135,00, ou que sejam portadores de diploma de nível superior e que percebam salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máxi-mo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

■ Para os empregados não enqua-drados nas condições acima, essas medidas somente poderão ser esta-belecidas por convenção ou acordo coletivo, ressalvada a redução de jornada de trabalho e de salário de 25%, que poderá ser pactuada por acordo individual.

Aprendizagem e jornada parcial

O disposto na Medida Provisória se aplica aos contratos de trabalho de aprendizagem e jornada parcial.

Trabalho Intermitente

O empregado com contrato de trabalho intermitente formalizado até a data de publicação da Medi-da Provisória fará jus ao Benefício Emergencial mensal no valor de R$ 600,00, pelo período de três meses.

Obrigações acessórias - in-formação de pagamento do empregador

I - O empregador informará ao Ministério da Economia a redução da jornada de trabalho e de salário

ou a suspensão temporária do con-trato de trabalho, no prazo de dez dias, contado da data da celebração do acordo;

II - A primeira parcela será paga no prazo de 30 dias contado da data da celebração do acordo, desde que a celebração do acordo seja informa-da no prazo acima;

III - O Benefício Emergencial será pago exclusivamente enquanto du-rar a redução proporcional da jor-nada de trabalho e de salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho.

Penalidades

Caso o empregador não preste as informações dentro do prazo:

I - Ficará responsável pelo paga-mento da remuneração no valor anterior à redução da jornada de trabalho e de salário ou da suspen-são temporária do contrato de tra-balho do empregado, inclusive dos respectivos encargos sociais, até que informação seja prestada;

II - A data de início do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda será fixada na data em que a informação for efetivamente prestada e o benefício será devido pelo restante do perío-do pactuado;

III - A primeira parcela, observado o disposto no inciso II, será paga no prazo de 30 dias, contado da data em que a informação tenha sido efetivamente prestada. g

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22 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

A CNI - Confederação Nacional da Indústria desenvolveu uma ferra-

menta para auxiliar o cálculo dos salários e do benefício emergen-cial do empregado em caso de acordo ou de suspensão do con-trato do trabalho previstos na Medida Provisória 936.

A Calculadora MP 936 é uma ferramenta on-line e gratuita, que permite que se faça simu-lações de acordos de redução de jornada e salário em todas as faixas previstas na norma. Com os dados preenchidos, a calculadora informa o valor a ser pago pelo empregador, o

valor da ajuda compensatória – se houver –, o valor benefício emergencial e o total que o tra-balhador receberá.

Segundo Robson Braga de An-drade, presidente da entidade, “as alternativas trazidas pela MP 936 são de extrema importância para que empresas de todos os portes atravessem o período de acentua-da queda nas receitas, mantendo-se ativas e preservando o maior nú-mero de empregos possível. Essa calculadora é uma forma de auxi-liar aqueles que precisam recorrer à redução de jornada e de salário e estavam à procura de uma ferra-menta simples, intuitiva e gratuita.”

Outra possibilidade trazida pela MP 936 para empresas que se encontram em graves dificulda-des econômicas é a suspensão do contrato de trabalho de seus em-pregados. Com duração máxima de 60 dias, esse instrumento tem exigências distintas para empre-sas que tiveram faturamento aci-ma ou abaixo de R$ 4,8 milhões em 2019.

Para ambas as situações, a Calcu-ladora MP 936 oferece os valores a serem pagos pela empresa, pelo governo – a título de benefício emergencial – e o salário que o trabalhador receberá. g

CNI lança calculadora para CNI lança calculadora para auxiliar em acordos auxiliar em acordos

de redução de jornada e saláriode redução de jornada e salário

Esclarecimentos sobre a revogação Esclarecimentos sobre a revogação do artigo 18, da MP 927/2020 – do artigo 18, da MP 927/2020 –

Suspensão dos contratos de trabalhoSuspensão dos contratos de trabalho

A Medida Provisória nº 928/2020 revogou o ar-tigo 18 da Medida Provi-

sória nº 927, que tratou da suspen-são do contrato de trabalho para participação do empregado em

curso ou programa de qualificação profissional não presencial ofereci-do pelo empregado.

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23FMP, ABRIL 2020

Basicamente, a disposição revoga-da autorizava a negociação direta entre empregado e empregador, quanto aos termos da suspensão, podendo prever ajuda compensa-tória mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual.

Todavia, cabe destacar que conti-nua em vigor o artigo Art. 476-A, incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001, que dispõe:

■ Art. 476-A. O contrato de tra-balho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualifi-cação profissional oferecido pelo empregador, com duração equi-valente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do emprega-do, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação.

§ 1º. Após a autorização concedida por intermédio de convenção ou acordo coletivo, o empregador de-verá notificar o respectivo sindicato,

com antecedência mínima de 15 dias da suspensão contratual.

§ 2º. O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em confor-midade com o disposto no caput deste artigo mais de uma vez no período de 16 meses.

§ 3º. O empregador poderá con-ceder ao empregado ajuda com-pensatória mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do caput deste artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo.

§ 4º. Durante o período de sus-pensão contratual para partici-pação em curso ou programa de qualificação profissional, o em-pregado fará jus aos benefícios voluntariamente concedidos pelo empregador.

§ 5º. Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do pe-ríodo de suspensão contratual ou nos três meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho, o em-pregador pagará ao empregado, além das parcelas indenizatórias

previstas na legislação em vigor, multa a ser estabelecida em con-venção ou acordo coletivo, sen-do de, no mínimo, 100% sobre o valor da última remuneração mensal anterior à suspensão do contrato.

§ 6º. Se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou programa de qualificação profis-sional, ou o empregado permane-cer trabalhando para o empregador, ficará descaracterizada a suspensão, sujeitando o empregador ao paga-mento imediato dos salários e dos encargos sociais referentes ao pe-ríodo, às penalidades cabíveis pre-vistas na legislação em vigor, bem como às sanções previstas em con-venção ou acordo coletivo.

§ 7º. O prazo limite fixado no caput poderá ser prorrogado me-diante convenção ou acordo co-letivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, desde que o empregador arque com o ônus correspondente ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo período. g

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24 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

STF mantém possibilidade de STF mantém possibilidade de redução de salários por acordo redução de salários por acordo

individual em decorrência da pandemiaindividual em decorrência da pandemia

O Plenário do Supremo Tri-bunal Federal (STF) man-teve a eficácia da regra

da Medida Provisória 936/2020, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do salário ou a sus-pensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos indi-viduais em razão da pandemia do novo Coronavírus, independente-mente da anuência dos sindicatos da categoria.

Por maioria de votos, o Plenário não referendou a medida cautelar deferida pelo ministro Ricardo Lewandowski na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6363, ajui-zada pelo partido Rede Sustenta-bilidade.

ADI 6363

Em 6 de abril, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, havia de-ferido o pedido cautelar do par-tido Rede Sustentabilidade, que ajuizou a Ação Direta de Incons-titucionalidade nº 6363/DF. Por este instrumento, era requerida a declaração de inconstituciona-lidade da MP 936, por violação, entre outros, ao artigo 7º, inciso VI, da Constituição Federal, que

admite redução salarial apenas por negociação coletiva.

Ao deferir a medida cautelar pro-posta na ADI 6363, Lewandowski afirma ter dado “interpretação, conforme a Constituição, ao § 4º do art. 11 da MP 936/2020, de maneira a assentar que os acor-dos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária de contrato de trabalho [...] devem ser comunicados pelos empre-gadores ao respectivo sindica-to laboral, no prazo de até dez dias corridos, contado da data de sua celebração, para que este, querendo, deflagre a negociação coletiva. A não manifestação do sindicato, na forma e nos prazos estabelecidos na legislação traba-lhista, representa anuência com o acordo individual.

Julgamento

No julgamento encerrado em 17 de abril, prevaleceu a divergência aberta pelo ministro Alexandre de Moraes, o qual entende que, em razão do momento excepcio-nal, a previsão de acordo indivi-

dual é razoável, pois garante uma renda mínima ao trabalhador e pre-serva o vínculo de emprego ao fim da crise. Segundo ele, a exigência de atuação do sindicato, abrindo negociação coletiva ou não se ma-nifestando no prazo legal, geraria insegurança jurídica e aumentaria o risco de desemprego.

Para o ministro, a regra não fere princípios constitucionais, pois não há conflito entre emprega-dos e empregadores, mas uma convergência sobre a necessidade de manutenção da atividade em-presarial e do emprego. Ele con-sidera que, diante da excepciona-lidade e da limitação temporal, a regra está em consonância com a proteção constitucional à digni-dade do trabalho e à manutenção do emprego.

Proteção ao trabalhador

O ministro Alexandre de Moraes destacou ainda a proteção ao tra-balhador que firmar acordo. De acordo com a MP, além da garan-tia do retorno ao salário normal após 90 dias, ele terá estabilidade por mais 90 dias. g

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25FMP, ABRIL 2020

INDÚSTRIAINDÚSTRIA

CNI apresenta 30 novas propostas CNI apresenta 30 novas propostas para setor privado superar a crisepara setor privado superar a crise

Em 22 de abril, a CNI - Confederação Nacional da Indústria enviou do-

cumento ao governo federal, pro-pondo que seja criada uma linha de financiamento emergencial para as médias e pequenas empresas, com teto de taxa de juros, carência du-rante o período de calamidade pú-blica e maior prazo de pagamento.

A proposta, baseada no Main Street Lending Program, do Federal Reserve, prevê que as instituições financeiras públicas ou privadas fiquem com 5% do valor total dos empréstimos concedidos e o Banco Central, por meio da criação de uma sociedade de propósito específico, compre os 95% restantes, assumindo o risco.

A CNI ainda sugeriu que sejam ampliados os índices de cobertu-ra da carteira do agente financeiro (stop loss) do BNDES FGI (Fundo Garantidor para Investimentos) e do Fundo Garantidor de Opera-ções, do Banco do Brasil.

Para a entidade, o acesso ao crédito e ao financiamento são o principal gargalo para as empresas neste mo-mento de crise.

Essas propostas integram um con-junto de 30 medidas elaboradas pela CNI, em parceria com as fede-rações estaduais e o Fórum Nacio-nal da Indústria (FNI), que congre-ga as associações setoriais.

Em 18 de março, a entidade já ha-via enviado ao governo um conjun-to de propostas com vistas ao en-frentamento e à superação da crise econômica decorrente da pande-mia da COVID-19.

A exemplo do que ocorreu naquela ocasião, as novas sugestões foram enviadas para o ministro da Econo-mia, Paulo Guedes, e para os presi-dentes da República, Jair Bolsonaro; do Senado Federal, Davi Alcolum-bre; da Câmara dos Deputados, Ro-drigo Maia; do STF, Dias Tofolli; e do TCU, José Múcio Monteiro.

Entre as 30 novas medidas propos-tas, 23 são voltadas para a sobrevi-vência das empresas e a manuten-ção dos empregos nessa fase aguda da crise. Outras sete integram o conjunto de propostas encaminha-das em março, mas que foram im-plementadas apenas parcialmente ou não estão em vigor.

Para Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, “o governo e o Banco Central tentaram aumentar a oferta de crédito público. No entan-to, há um empoçamento da liquidez nos agentes financeiros e os recursos não estão chegando às empresas.

O tema “acesso ao crédito” responde por 11 das 30 medidas propostas pela CNI no novo documento. Há, ainda, proposições relacionadas à tributação, infraestrutura, regulação e comércio exterior, num conjunto de ações cujo principal objetivo é contribuir para que as empresas permaneçam ativas enquanto atravessam o período mais agudo da crise.

O objetivo é facilitar e baratear o crédito, ampliar o capital de giro e garantir fluxo de caixa para o pagamento de empregados e fornecedores

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ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

Crédito

Entre as medidas para destravar o crédito e reduzir os juros para as empresas, destaca-se o pedi-do para que o Banco Central fi-nancie diretamente as empresas com, por exemplo, a aquisição de títulos privados no mercado primário. A proposta elimina a intermediação dos agentes fi-nanceiros e assegura que os re-cursos cheguem às empresas e sejam acessados com taxa de ju-ros menores.

A CNI também propôs que sejam ampliados os financiamentos do BNDES diretamente às empresas, por meio da aquisição de debêntu-res, e defendeu a redução da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom, em maio.

Também fazem parte do docu-mento o pedido de extensão da suspensão temporária de paga-mentos de empréstimos contra-tados ao BNDES às operações com equalização de taxa de juros pelo Tesouro Nacional e a sus-pensão temporária da exigência de certidão negativa de débitos para se acessar os financiamentos públicos.

Tributação

A indústria apresentou nove medidas na área de tributação.

Entre elas, está a necessidade de se padronizar, em 90 dias, o prazo de adiamento de todos os tributos e ampliar o rol de tributos federais com pagamento adiado, com a inclusão do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Essa medida reduzirá a exigência de capital de giro das empresas em um momento de retração das receitas, liberando recursos para manter o pagamento de salários e de fornecedores, que são fundamentais para a manutenção das operações.

A CNI também sugere o parcela-mento em, pelo menos, seis par-celas mensais e sem incidência de multas e juros do pagamento dos valores dos tributos que tiveram o recolhimento adiado, além de permitir que os prejuízos fiscais registrados durante a calamidade pública sejam utilizados para re-tificar declarações de renda dos anos-calendário 2018 e 2019, po-dendo ser compensados com a totalidade dos lucros auferidos nos últimos dois exercícios, ge-rando restituição do IRPJ e da CSLL pagos.

Comércio exterior

O documento traz ainda seis

propostas para facilitar a impor-tação, a exportação e o trânsito aduaneiro no Brasil. As medidas são para prorrogar as licenças de importação por 90 dias; alinhar as atividades dos órgãos de fronteira, de modo que sejam conduzidas de maneira conjunta, coordenada, in-tensificada e baseada em gestão de risco, sobretudo nas inspeções de cargas; não adotar novas anuên-cias, certificações nem restrições ao transporte das mercadorias por um período de 90 dias; e conceder liberdades temporárias de tráfego aéreo para operações de carga com países em que restrições possam ser aplicadas.

Além disso, a indústria solicita que seja prorrogado, por 12 meses, o prazo de cumprimento de ex-portação, no âmbito dos regimes aduaneiros especiais Drawback, Recof e Recof-Sped, referentes a atos concessórios outorgados e solicitações que vencerão até dezembro de 2020. Essa medida adequa o prazo à realidade vivida pelas empresas, que tiveram suas atividades afetadas pelas medidas de isolamento social.

Balanço das medidas pro-postas em 18 de março

Do total de 39 medidas apresenta-das pela CNI em março, o governo federal adotou 30 (o equivalente

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27FMP, ABRIL 2020

a 77%), sendo que nove delas, até agora, foram implementadas ape-nas parcialmente.

Medidas trabalhistas

Entre as medidas sugeridas na área trabalhista, 12 foram adotadas de forma integral. Entre elas, a pos-sibilidade de redução proporcional de jornada de trabalho e salário e a suspensão temporária do contrato de trabalho, constantes na Medi-da Provisória 936; e o custeio pela Previdência Social do salário dos empregados afastados devido ao Coronavírus, em especial para as micro e pequenas empresas (Lei nº 13.982).

A exclusão expressa no texto da lei da COVID-19 como doença relacionada ao trabalho também foi contemplada, dessa vez na MP 927.

O governo ainda previu a convali-dação das medidas adotadas pelas empresas em função do enfrenta-mento da pandemia, se as medidas adotadas pelas empresas antes da MP 927 estiverem em conformida-de com a MP. Além disso, também foi prevista a fiscalização orientativa

durante 180 dias após a publicação da MP.

Segundo o documento, as medi-das “foram importantes ao dar segurança para que as empresas tenham flexibilidade para se ade-quarem à restrição de circulação de pessoas e outras medidas que têm impacto sobre as rotinas produtivas. As medidas têm aju-dado as empresas a lidar com as consequências do isolamento, permitindo a manutenção do em-prego e a mitigação da perda de renda do trabalhador”.

Tributação

Nesta área, oito das dez propostas estão em vigor.

Entre as ações de tributação pro-postas pela CNI, quatro delas fo-ram implementadas integralmente, a exemplo do adiamento da entrega da declaração do Imposto de Ren-da da Pessoa Física (IRPF) e a sus-pensão, pelo prazo de 90 dias, de inscrições em dívida ativa, protes-tos e execução fiscal.

Quatro sugestões foram utilizadas parcialmente. A CNI propôs a dis-pensa de pagamento, por 90 dias,

sem multa, de parcelas de progra-mas de refinanciamento de dívidas dos contribuintes com a União. Em duas portarias do Ministério da Economia e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, o governo adiou o recolhimento dos tributos federais do Simples e do FGTS por 90 dias.

Financiamento

Neste quesito, ainda faltam ações.

Como sugerido no documento en-caminhado em março pela CNI, o Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES prorrogaram o prazo de pagamento de obrigações financeiras, enquanto o BNDES ampliou a li-nha de financiamento para peque-nas empresas.

Ademais, o Banco Central re-duziu a taxa Selic e o depósito compulsório a prazo, de 25% para 17%, além de terem sido tomadas diversas medidas para o aumentar a liquidez no mercado financeiro.

No entanto, tais medidas não es-tão sendo eficazes, pois os recursos não estão chegando às empresas. g

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28 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

No total, a pauta mínima da Agenda Legislativa da Indústria elenca 135 propostas em tramitação no Congresso Nacional. Acesse o documento completo em: http://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/assuntos-le-gislativos/produtos/agenda-legislativa/. g

Indústria lança Agenda Legislativa com Indústria lança Agenda Legislativa com as prioridades para o Brasil voltar a cresceras prioridades para o Brasil voltar a crescer

A CNI - Confederação Nacional da Indústria lançou a 25ª edição da

Agenda Legislativa da Indústria. Construída com base no diálogo com a base industrial, ela apre-senta os projetos prioritários para o Brasil voltar a crescer.

O destaque desta edição é o novo marco do saneamento básico, como medida urgente para preve-nir epidemias. Além disso, para o país voltar a crescer no pós-crise, a Reforma Tributária é apontada como prioridade absoluta.

Saneamento básico

Segundo a entidade, 100 milhões de brasileiros vivem em residên-cias que não têm coleta de esgoto e mais de 34 milhões não têm abas-tecimento de água; situação que favorece a propagação de doenças como a COVID-19.

O Projeto de Lei 4.162/2019, já aprovado pela Câmara dos Depu-tados e em discussão no Senado Federal, estabelece que os municí-pios terão de realizar licitações para

os serviços de saneamento básico, com a possibilidade de empresas privadas e públicas concorrerem em iguais condições.

Um total de 1.277 cidades brasilei-ras mantêm contrato para a coleta de esgoto, mas não contam com o serviço. Outros 206 municípios mantêm serviços, embora suas de-legações estejam vencidas, e 36 se valem de contratos precários.

Segundo levantamento da CNI, 1.519 cidades brasileiras – o que representa 57% das 2.677 que têm delegações para serviços de esgota-mento sanitário – se encontram em situação irregular. Ou seja, sem de-finição formal de como esse serviço deveria ser prestado, sem qualquer exigência de qualidade ou expansão.

Robson Braga de Andrade, presi-dente da CNI, comentou que “a Agenda Legislativa da Indústria é, na verdade, a agenda do desenvol-vimento sustentado do Brasil. Tem se consolidado ao longo do tempo como o principal instrumento de diálogo do setor produtivo com o Congresso Nacional, sempre com foco no crescimento do país”.

Reforma TributáriaDe acordo com o documento, a indústria brasileira entende que a Reforma Tributária é imprescindí-vel para dar mais competitividade às empresas nacionais e, conse-quentemente, incentivar o cresci-mento econômico sustentado. “O sistema tributário ideal é aquele que preserva o equilíbrio, garante a competitividade das empresas e favorece o desenvolvimento das competências e vocações do país. Os princípios básicos desse sistema são a simplicidade, a neutralidade, a transparência e a isonomia”.

O setor produtivo espera que seja aprovada uma reforma ampla, en-globando tributos dos três níveis de governo, com ganhos reais para a competitividade nacional. “É preciso unificar os tributos sobre consumo, com a substituição de PIS/Cofins, IPI, ICMS, ISS e IOF. Além disso, o novo imposto deve ter base am-pla de incidência, tanto sobre bens como sobre serviços, incluindo a ex-ploração de bens e direitos, tangíveis e intangíveis. O IBS deve ter alíquota única, com legislação e regulamento unificados nacionalmente”.

Novo marco do saneamento e Reforma Tributária são destaques

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29FMP, ABRIL 2020

O governo federal publi-cou a portaria conjunta PGFN RFB nº 541, de

20 de março de 2020, que trata dos parcelamentos referentes à lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, no que tange ao valor de cada parcela (obtido mediante a divisão do valor da dívida consolidada pelo núme-ro de parcelas solicitadas) para os

pedidos de parcelamento efetuados até 31 de dezembro de 2020.

Os valores mínimos foram altera-dos para:

■ R$ 100,00, quando o devedor for pessoa física, ou quando se tratar de débito relativo a obra de cons-trução civil sob responsabilidade de pessoa física;

PAGAMENTO DE DÍVIDASPAGAMENTO DE DÍVIDAS

Parcelamento federalParcelamento federal

CRÉDITOSCRÉDITOS

Governo federal anuncia novas opções Governo federal anuncia novas opções de crédito, visando a reduzir impactos de crédito, visando a reduzir impactos da COVID-19 na economia e indústriada COVID-19 na economia e indústria

■ R$ 500,00, quando o devedor for pessoa jurídica;

■ R$ 10,00, na hipótese do par-celamento previsto no art. 10-A da lei nº 10.522/02 (recuperação judicial).

A Portaria entrou em vigor em 1º de abril de 2020. g

A té o presente momento, o montante consolidado das medidas anunciadas

pelo governo federal com obje-tivo de minimizar os efeitos da COVID-19 somam R$ 302,8 bilhões (aproximadamente 4,2% do PIB).Com relação ao crédito, com o ob-jetivo de atender ao aumento da necessidade de capital de giro das empresas e prover alívio financeiro

para famílias e administrações pú-blicas, as seguintes medidas foram determinadas:

1) BNDES

Um total de R$ 55 bilhões foi dis-ponibilizado em medidas de com-bate à crise, dos quais:

■ R$ 20 bilhões serão repassados

do PIS-PASEP para o FGTS, para saque pelos trabalhadores.

■ R$ 5 bilhões em novos financia-mentos para capital de giro para MPMEs.

■ R$ 30 bilhões em refinancia-mento de dívidas, sendo R$ 19 bilhões para as operações diretas e R$ 11 bilhões para indiretas.

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30 FMP, ABRIL 2020

Com relação à renegociação de operações indiretas, foi criada a li-nha Renegociação Emergencial, a qual prevê:

■ Suspensão das prestações com vencimento entre abril de 2020 (in-clusive) e setembro de 2020 (inclu-sive). Nesse período de seis meses, poderão ser renegociadas as presta-ções (principal e/ou juros), incluin-do, quando for o caso, parcelas de juros durante o período de carência.

■ Está disponível para a maior par-te das operações feitas com recur-sos do BNDES por meio de um agente financeiro, inclusive presta-ções do Cartão BNDES.

■ A suspensão de pagamento da dívida deve ser negociada e acor-dada com a instituição financeira onde a operação foi contratada.

■ Para a suspensão e renegociação de financiamento, não será exigida apresentação da Certidão Negativa de Débitos das empresas.

Linha BNDES FINAME Materiais Industrializados

■ Tem por objetivo dar maior agi-lidade na contratação do financia-

mento e maior flexibilidade no uso dos recursos.

■ Financia a aquisição de insumos para produção, renovação de esto-ques e sua ampliação (aproximada-mente 2.500 itens industrializados, inclusive bens não credenciados no CFI - padrão FINAME).

■ Oferece limite de crédito por dois anos.

■ Prazo de pagamento de até 84 meses, definido junto ao agente fi-nanceiro

■ Permite reembolsar materiais ad-quiridos nos últimos seis meses an-tes da assinatura do contrato.

Os critérios de faturamento e limite de financiamento da linha BNDES Cré-dito para pequenas empresas foram alterados (ver tabela: Linha BNDES - Crédito para pequenas empresas).

2) Caixa Econômica Federal

Redução de taxas de juros e exten-são de prazos do crédito:

■ Redução de juros de até 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,57% ao mês (7,1% a.a.).

■ Carência de até 60 dias nas ope-rações de capital de giro já con-tratadas.

■ Disponibilização de linhas de crédito especiais, com até seis meses de carência (para empresas que atuam nos setores de comércio e prestação de serviços).

■ Oferta de linha de crédito para aquisição de máquinas e equipa-mentos, com prazo de pagamento de 60 meses.

Liberação de R$ 75 bilhões em cré-dito, sendo:

■ R$ 40 bilhões para capital de giro, principalmente para empresas do setor imobiliário e as pequenas e médias.

■ R$ 5 bilhões para o crédito agrícola.

■ R$ 30 bilhões para compra de carteiras de crédito consignado e de financiamentos de veículos deti-das por bancos médios, caso essas instituições financeiras tenham di-ficuldades.

3) Banco do Brasil

Liberação de R$ 100 bilhões em crédito em linhas já existentes:

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

Linha BNDES – Crédito para pequenas empresas

Como estava Como fica até 30/09.2020

Critério Faturamento anual até R$ 90 milhões Faturamento anual até R$ 300 milhões

Limite de financiamento Até R$ 10 milhões Até R$ 70 milhões

Carência Até dois anos Até dois anos

Prazo Até cinco anos Até cinco anos

Taxa de juros Média de 13,64% (entre janeiro e novembro de 2019)

Não anunciaram nenhum tipo de subsídio. Logo, a taxa BNDES e os spreads dos agentes

financeiros se manterão

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31FMP, ABRIL 2020

■ R$ 48 bilhões para empresas

■ R$ 25 bilhões para o agronegócio

■ R$ 24 bilhões para pessoas físicas

■ R$ 3 bilhões para administrações públicas municipais e estaduais.

4) Liberação de R$ 5 bilhões do Proger Urbano Capital de Giro, para financiamento pela Caixa e Banco do Brasil:

■ Dirigido a empresas com fatura-mento de até R$ 10 milhões/ano.

■ Teto financiável de R$ 500 mil.

■ Prazo de financiamento em até 48 meses, incluídos até 12 meses de carência.

■ Garantias: Dependerá da institui-ção financeira operadora, observa-das as normas do Banco Central do Brasil.

■ Custo: Taxa de Longo Prazo (TLP), acrescida de taxa efeti-va de juros de até 12,00% ao ano, que, em março de 2020, poderia chegar até 17,8% a.a. A TLP é cal-culada por meio da soma do IPCA realizado e uma taxa pré-fixada. Em março de 2020, o IPCA acumu-lado até fevereiro foi de 4,01% e a taxa pré-fixada de 1,83%. Com isso, a TLP resultou em cerca de 5,8% a.a.

■ Condições especiais: Mínimo de 60% da quantidade de operações

formalizadas junto às empresas, destinado a micro e pequenas em-presas.

■ Observação: Não será concedido financiamento às pessoas jurídicas inadimplentes perante qualquer ór-gão da Administração Pública Fe-deral Direta e Indireta ou cadastra-das no Cadin.

5) Dívidas bancárias

Facilitação da prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de clientes pessoas físicas e de micro e pequenas empresas. Aplicável a contratos vigentes que estejam com parcelas em dia e limitados aos valores já utilizados (repactu-ação de dívida).

6) Alterações regulatórias do Conselho Monetário Nacio-nal (CMN) e Banco Central no sistema financeiro, visando ao aumento da liquidez e expansão do crédito

Em conjunto, as medidas mencio-nadas a seguir possuem potencial de elevação do crédito da ordem de R$ 1,2 trilhão.

■ Redução temporária da alíquota do compulsório sobre recursos a prazo de 25% para 17%, para libe-rar mais R$ 68 bilhões ao crédito a partir do dia 30 de março.

■ Dispensa dos bancos de aumen-tarem o provisionamento no caso de repactuação de operações de crédito, que sejam realizadas nos próximos seis meses, liberando li-quidez para o crédito.

■ Ampliação da folga de capital do Sistema Financeiro Nacional (SFN) em R$ 56 bilhões e aumentando a capacidade de concessão em torno de R$ 640 bilhões.

■ Autorização do CMN (Conse-lho Monetário Nacional) para o Banco Central conceder emprés-timos a instituições financeiras, a serem garantidos com debêntures (títulos de dívidas de empresas) adquiridas entre 23 de março e 30 de abril de 2020.

■ Novo CDB com garantia aos investidores, que será chamado de Novo Depósito a Prazo com Ga-rantias Especiais – NDPGE, ne-cessário para expansão da capaci-dade de concessão de crédito em cerca de R$ 200 bilhões e, para a segurança do sistema, principal-mente para bancos pequenos e mé-dios, uma vez que os bancos po-derão aumentar sua captação com garantia do Fundo Garantidor de Crédito em 1 x do Patrimônio Lí-quido, limitado a R$ 2 bilhões.

■ O Banco Central do Brasil fica autorizado a conceder operações de empréstimo por meio de Linha

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32 FMP, ABRIL 2020

ESPECIAL COVID-19ESPECIAL COVID-19

Temporária Especial de Liquidez (LTEL). A medida começa a valer em 6 de abril de 2020 para contra-

tação por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimen-to e caixas econômicas. O Banco

Central projeta que haverá impacto positivo de R$ 91 bilhões na liqui-dez para os bancos.

Para informações adicionais, a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo criou o site https://coronavirus.fiesp.com.br/, atualizado diariamente. g

Sebrae viabilizará financiamentos para Sebrae viabilizará financiamentos para micro e pequenas empresasmicro e pequenas empresas

Segundo a Medida Provisória 932, publicada pelo governo federal, entre os meses de

abril a junho, o Sebrae destinará 50% da sua arrecadação (no mí-nimo) para ampliar o crédito aos pequenos negócios. Os recursos fortalecerão o Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe), além permitir o aumen-to das operações de microcrédito com taxas mais baixas, maior prazo e melhor período de carência.

A operação de socorro deve come-çar com R$ 1 bilhão em garantias, o que permitirá a concessão de apro-ximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios.

O Fampe viabiliza a garantia neces-sária às micro e pequenas empresas, atendendo às exigências das institui-ções financeiras para conceder ope-rações de crédito. O fundo de aval disponibilizado pelo Sebrae pode alavancar empréstimos no valor de oito a 12 vezes do patrimônio. O Fampe conta com aproximadamen-te R$ 470 milhões em recursos dis-poníveis e, a partir da MP, contará com mais R$ 500 milhões para bene-fício direito aos pequenos negócios.

Nas palavras de Carlos Melles, presidente do Sebrae, “um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas

instituições financeiras. Nesse sen-tido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo o microempreendedor individual, obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessa-rem a crise provocada pela pande-mia do Coronavírus, mantendo os negócios e os empregos”.

Assim, além de entrar com ver-ba para alavancar o volume de operações de microcrédito, a instituição também orientará e capacitará os donos de pequenos negócios para a tomada de crédi-to, mitigando o risco para as ins-tituições financeiras. g

O Plenário do Senado aprovou por unanimida-de uma linha de crédito

Senado aprova linha de crédito para Senado aprova linha de crédito para micro e pequenas empresas, com condições micro e pequenas empresas, com condições

especiais de juros, pagamento e carênciaespeciais de juros, pagamento e carência

mais barata para as microempresas e empresas de pequeno porte. Os recursos chegam a R$ 13,6 bilhões.

Pelos termos do Projeto de Lei 1.282/2020, as operações de cré-dito com risco para o Tesouro

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33FMP, ABRIL 2020

PROTOCOLO DE RETOMADAPROTOCOLO DE RETOMADA

Fiesp lança protocolo de retomada Fiesp lança protocolo de retomada das atividades após quarentenadas atividades após quarentena

Em 18 de abril, a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

lançou o Plano de Retomada da Ati-vidade Econômica Após Quarentena, como contribuição para o Bra-sil planejar a reabertura gradual após o isolamento, tendo como primeiro objetivo a preservação da saúde da população.

Na videoconferência de lançamen-to do protocolo, Paulo Skaf, presi-dente da Fiesp e do CIESP, afirmou que “esse trabalho foi realizado em respeito à saúde dos cidadãos e busca de alternativas de retomada das atividades. São as autoridades

competentes que decidem sobre o momento da reabertura. O que es-tamos falando é que quando voltar-mos, temos que voltar com cuidado”.

A produção do protocolo foi coor-denada pela Fiesp e contou com a contribuição de alguns dos cerca de 40 membros do Conselho Superior Diálogos pelo Brasil.

Com mais de 70 páginas, o do-cumento faz um resumo das me-lhores práticas adotadas interna-cionalmente para a retomada das atividades e detalha protocolos de prevenção da COVID-19 e cuida-dos com a saúde em domicílios,

transportes público e privado, co-mércios de rua, shopping centers, fábricas, escritórios, escolas e cre-ches, entre outros.

Para Skaf, o protocolo é um guia que tem como objetivo ajudar governos e todos os segmentos da sociedade a se estruturarem para o reinício das atividades de forma segura.

O documento será entregue a Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, que preside o comitê de crise criado pelo governo fe-deral contra o Coronavírus, bem como para os governos estaduais e municipais de todo o Brasil.

A íntegra do protocolo pode ser acessada em: https://sitefiespstorage.blob.core.windows.net/fiep-corona/plano-de-retomada-da-atividade-economica-apos-a-quarentena-v2.pdf. g

Nacional serão realizadas por ban-cos oficiais federais, de acordo com as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

O Pronampe - Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Em-presas de Pequeno Porte tem por objetivo fortalecer o segmento por meio da liberação de R$ 10,9 bi-lhões em operações de crédito do

Tesouro Nacional e R$ 2,7 bilhões do Banco do Brasil, Caixa Econô-mica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e Cooperativas de Crédito. Os recursos serão desti-nados às microempresas com fatu-ramento anual de até R$ 4.800.000, com juros de 3,75%. O limite do crédito é de 50% da receita bruta de 2019, com carência de seis meses e

prazo de pagamento de 36 meses.

Ao empresário interessado, será exigida apenas garantia pessoal. As empresas que tomarem os recursos ficarão impedidas de demitir traba-lhadores por 60 dias.

A medida será votada pela Câma-ra dos Deputados e, então, seguirá para sanção presidencial. g

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34 FMP, ABRIL 2020

O que pode vir a mudar para as fundições O que pode vir a mudar para as fundições com a ascensão dos veículos elétricos?com a ascensão dos veículos elétricos?

Este artigo oferece uma visão de algumas possíveis influências da plataforma de veículos elétricos na fundição de metais nos próximos anos, incluindo as forças que

impulsionam o mundo em direção aos veículos elétricos e para longe dos motores de combustão interna.

Rich Jefferson

MATÉRIA ESPECIALMATÉRIA ESPECIAL

O s fabricantes de auto-móveis decidiram que é hora de oferecer aos

consumidores mais veículos elé-tricos (VEs) e, como resultado, uma mudança fundamental pode estar chegando aos fornecedores da indústria automotiva, incluin-do as fundições.

Os veículos elétricos estão na con-fluência de forças inexoráveis:

■ o recente crescimento exponen-cial da tecnologia e suas aplicações na fabricação;

■ o esgotamento de opções inova-doras para os carros com motores de combustão interna (ICE).

Após 100 anos de domínio do motor de combustão interna e da “irmandade dos muscle cars”, as montadoras sinalizaram clara-mente que desejam mudar o seu foco de fabricação para a nova

plataforma de veículos elétricos. Juntamente com a tecnologia ex-ponencial, duas outras tendên-cias estão incansavelmente im-pulsionando as montadoras em direção aos veículos elétricos: o aumento das regulamentações e dados demográficos, ou seja, a força de trabalho está sendo re-feita por causa das aposentado-rias dos boomers.

Por décadas, a indústria de fundi-ção vendeu milhões de componen-tes fundidos para o setor automo-tivo. O peso do veículo médio de motor de combustão interna é de cerca de 1,82 tonelada, dos quais 272 kg são de fundidos.

O que acontece quando o cliente escolhe apostar tudo em uma pla-taforma automotiva totalmente nova, que requer apenas uma fra-ção desses 272 kg?

Plataformas e tecnologia VE

As novas tecnologias frequente-mente prejudicam as empresas em atuação, as quais tendem a resistir à mudança. Elas são bem sucedidas agora e não gostam de lidar com incertezas.

Essas empresas podem adotar a produtividade oferecida pela nova tecnologia, mas geralmente lutam para manter sua posição por meio da mesma tomada de decisão que as colocou em uma boa posição, o que pode ser um caminho para a ruína.

Alguns exemplos clássicos são os fabricantes de carruagens, quando as carruagens sem cavalos passa-ram a ser adotadas; ou a Kodak, que deu as costas à revolução da fotografia digital.

O caso da Nokia X Apple é um exemplo mais recente. Em 2007,

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Fig. 1 - Os veículos elétricos híbridos são movidos por um motor de combustão interna e um motor elétrico, sendo produzidos pela Toyota e Honda. Fonte: U.S. Department of Energy’s Alternative Fuels Data Center.

a Nokia estava no topo do uni-verso dos celulares. Nesse ano, os smartphones foram introduzidos. “A Nokia tentou responder ao iPhone da única maneira que sabia, ou seja, usando o sistema operacional Symbian, projetado para telefones de baixo QI, tentando transformá-lo novamente em um sistema operacio-nal para smartphone. Essa tenta-tiva falhou completamente”, se-gundo Vitaliy Katsenelson, do ContrarianEdge.com.

Ironicamente, o conhecimento da plataforma existente não é uma vantagem. De acordo com Katsenelson, “quando você está no meio da transição de um do-mínio para outro, seu conheci-mento do domínio passado pode obscurecer sua visão. Você verá através das lentes que está acos-tumado a usar”.

Esse problema de não se esforçar para entender as possibilidades do radicalmente novo sempre fez parte da natureza humana. Alguns fabricantes de automóveis estão, sem dúvida, seguindo o caminho da Nokia. Outros, porém, encon-trarão uma maneira de obter mais sucesso com a nova plataforma de veículos elétricos.

A Tesla, por exemplo, começou mais como o iPhone da Apple, do zero, e não como a Nokia, que ten-tou fazer com que sua plataforma

existente funcionasse de uma ma-neira que nunca poderia. Consis-tente com a história da Apple e da Nokia, observadores da indústria automobilística dizem que é um erro ver um veículo elétrico como um veículo motor de combustão interna, mas com uma propulsão diferente.

A propulsão do motor de com-bustão interna possui cerca de 2 mil peças, muitas das quais são fundidas. O Serviço de Pesquisa do Congresso confirma que os propulsores dos veículos elétri-cos terão somente 20 partes. Es-sas peças podem ser metálicas, mas poucas delas, se é que algu-ma, será fundida. A estimativa padrão, de 273 kg de peças fun-didas em um automóvel médio, será drasticamente reduzida com os propulsores elétricos.

Infelizmente, isso pode ser ape-nas o começo das más notícias para a indústria de fundição. Um especialista de Detroit, defensor dos padrões Corporate Average Fuel Economy (CAFE), com mais de três décadas de experiência no setor, explicou que o impulso em direção ao peso leve resultou significativamente da física auto-motiva, que “é toda relacionada à aerodinâmica e massa”. Agora os designers estão prontos para ir muito além.

Cada parte do veículo será am-plamente revisada para reformu-lação. Todos os materiais usados nos automóveis podem ser novos e aprimorados na plataforma VE. Isso compreende todas as peças do automóvel, incluindo as fundidas, atualmente usadas em sistemas de freio, suspensões, rodas etc.

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MATÉRIA ESPECIALMATÉRIA ESPECIAL

A nova plataforma VE possui arquitetura de “skate”, a qual é usada pelos veículos da Tesla. De fato, um especialista em au-tomóveis explica que os veículos elétricos podem ser construídos de acordo com as especificações do cliente. As palavras para des-crever isso são “customizado” e “sob medida”.

Os veículos elétricos podem ser construídos com um centro de gravidade mais baixo e a cabine pode ser movida para a frente, com mais passageiros e espaço de carga, para que o carro te-nha um porta-malas tipo “frunk” (front-loading trunk), cujo carrega-mento é feito pela parte dianteira do carro. Os veículos elétricos podem até ter sistemas de moto-res elétricos nas rodas.

Assim, os fabricantes da cadeia de suprimentos de automóveis terão que repensar os seus modelos de negócios. Muitas fundições têm um modelo de negócios que con-sideravam “hermeticamente fe-chado”. Independentemente de a indústria automobilística estar claramente em expansão, essas fundições não foram seriamente afetadas. Mas será muito mais di-fícil permanecer inalterado à me-dida que o mercado de veículos elétricos crescer.

Quando menos peças fundidas são

necessárias em um setor tão domi-nante quanto o automotivo, a com-petição por contratos aumenta. Atualmente, por exemplo, uma fundição de larga escala tem mais pedidos do que pode ou deseja atender, e envia contratos às menores.

Mas o que acontecerá com esse intercâmbio quando um grande número de peças fundidas não for mais exigido pelo merca-do? Certamente as fundições de maior porte absorverão perma-nentemente os contratos “me-nores”? Haverá menos trabalho para todos, à medida que o mer-cado buscar o equilíbrio?

Incentivos à fabricação de veículos elétricos

A atração por novas possibilida-des tecnológicas é um forte mo-tivador.

Outros preocupam-se com as mu-danças climáticas e os requisitos le-gais dos regulamentos do CAFE e o maior mercado automobilístico: a China.

A indústria de fundição, por sua vez, continua sendo afetada por tudo isso. Após 100 anos refinan-do e aprimorando a tecnologia de motor de combustão interna e sentindo que há pouco espaço para o aprimoramento tecnológico,

por que o mercado automotivo não gostaria de criar um novo produto? Eles devem acreditar que uma plataforma totalmente nova trará benefícios financeiros semelhantes ao advento do Ford modelo T.

Os veículos elétricos são mais si-lenciosos, suaves e exigem menos manutenção do que os motores de combustão interna. Se você se co-locar nas salas de reuniões das prin-cipais montadoras, uma troca com-pleta de plataforma não soa como um plano para a saúde financeira de longo prazo?

O mundo viu o fascínio de novas tecnologias em veículos pessoais quando, em 21 de novembro de 2019, Elon Musk apresentou o Cybertruck, da Tesla. Em 27 de novembro, a Tesla alegou ter 250 mil pré-encomendas para algo que mais se parecia com um trans-porte de Hollywood para Sigourney Weaver, em fuga de alienígenas se-dentos de sangue.

Os fabricantes de automóveis também conhecem as histórias de vitória da Apple, da fotogra-fia digital e das carruagens sem cavalos. Eles também estudaram as falhas da Nokia, Kodak e fa-bricantes de buggy.

As fundições há muito tempo já são afetadas pelos regulamen-tos do CAFE e preocupações

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relacionadas às mudanças climá-ticas. Esses regulamentos cresce-ram em julho de 2011, quando Obama, então presidente dos EUA, fez um acordo com gran-des fabricantes de automóveis para aumentar os requisitos do CAFE para 54,5 milhas por ga-lão. Isso abrangerá automóveis e caminhões leves a partir de 2025.

O aperto oneroso dos regula-mentos de economia de combus-tível sofreu resistência pelo go-verno Trump e o problema não foi resolvido. As probabilidades podem ser a favor da política es-tabelecida em 2011. Fontes de Detroit acreditam que a ação de Trump resultará em ações judi-ciais para manter os padrões do Obama, mas, como a maioria das

questões legais, trata-se apenas de uma hipótese.

Não é difícil dizer que o maior mer-cado de automóveis do mundo está pressionando pelos veículos elétri-cos. Para a cadeia de suprimentos

automotivos, o mercado na China pode ser o fator mais significativo em direção aos veículos elétricos.

Segundo a empresa de dados Statista, em 2018 a China produziu quase 28% dos veículos de passageiros

Fig. 2 - Os veículos elétricos são 100% elétricos, sendo produzidos pela Tesla, BMW, Chevy, Nissan, Ford, Hyundai, Kia, Mitsubishi, Toyota, Volkswagen e outros. Fonte: U.S. Department of Energy’s Alternative Fuels Data Center.

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do mundo, enquanto os EUA fica-ram em segundo lugar, com 13%. Depois dos EUA, vieram o Japão, Alemanha, Índia, Coreia do Sul e outros pequenos produtores.

A China quer que todos os seus carros sejam elétricos.

Em outubro de 2019, o Wall Street Journal publicou a seguinte man-chete: “Quem ansiou pelo carro elétrico? A China, e aqui está o motivo.“ O subtítulo expressava uma das contradições observadas por muitos observadores: “Veícu-los elétricos que derivam sua ener-gia da energia suja (carvão) não são necessariamente melhores para o meio ambiente, mas são melhores para Pequim.” De acordo com a NPR, “A China está construindo ou planejando mais de 300 usinas de carvão em locais amplamente difundidos, como a Turquia, Vietnã, Indonésia, Bangladesh, Egito e Filipinas”. O que melhora a pega-da de carbono da China, mas não a do planeta.

O cerne da China e dos veículos elétricos é mais sobre hegemonia econômica do que a qualidade do ar, de acordo com o Wall Street Journal: “Mais do que isso, po-rém, Pequim quer dominar a in-dústria automobilística de ama-nhã. A abertura da China para o Ocidente chegou tarde demais para ser um grande exportador de

veículos com motores de com-bustão interna, mas tomou me-didas agressivas para dominar a produção de baterias, incluindo a garantia de fontes dos principais metais. Por meio de subsídios profusos, já possui de longe o maior mercado doméstico de ve-ículos elétricos do mundo”.

O incentivo para ser líder global em um setor tão crítico como a fa-bricação de automóveis pode ser mais forte do que o ar limpo. As montadoras norte-americanas que-rem fazer parte do enorme merca-do chinês.

Problemas não resolvidos para adotar os veículos elétricos

Empregos

A perda de empregos não é apenas uma desvantagem para a economia em geral, mas obviamente uma desvantagem para quem perde o emprego. No final de novembro de 2019, as manchetes diziam que a Audi estava prestes a cortar 9.500 empregos na indústria automobi-lística alemã, mas adicionaria 2 mil empregos à produção de veículos elétricos.

Em entrevista publicada no início de 2019, Adam Jonas, do Morgan Stanley, disse que existem cerca de 11 milhões de empregados na ca-deia de suprimentos automotivo em

todo o mundo, dos quais 3 milhões podem perder o emprego como re-sultado da eletrificação.

Essas perdas de empregos terão um efeito cascata, que incluirá as fundições. Mas vamos olhar para o lado da criação de empregos do avanço tecnológico. Lembra da Nokia? Segundo Statista, quando o iPhone foi lançado em 2007, a Nokia tinha 112 mil funcionários. Em 2018, empregava 103 mil. Por outro lado, a Apple cresceu de 21 mil profissionais para 132 mil. Ape-sar da perda de empregos para os telefones da Nokia, esse é um ganho agregado global de 77 mil vagas em relação ao progresso tecnológico.

Perdas específicas de empregos resultantes de empregos reduzi-dos na produção não são boas notícias, mas parecem inevitáveis. A esperança é que as interrup-ções resultem em novas oportu-nidades, conforme ilustrado nos números acima.

A nova tecnologia das plataformas de veículos pessoais criará empre-gos em outras áreas e oportunida-des para os fundidores com visão de futuro. A chave é que os fabri-cantes encontrem essas oportuni-dades e as explorem.

As fundições serão afetadas, mas outras indústrias serão muito mais.

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Novas oportunidades serão procuradas por aqueles nos merca-dos de carros usados com motores de combustão interna, na mecânica de reparos e nas oficinas.

Autonomia dos veículos elétricos

A conveniência da infraestrutura existente para fornecer gasolina a dezenas de milhares de postos de combustíveis claramente é supe-rior às estações de carregamento de veículos elétricos.

O site EVgo.com apresenta um mapa com a localização das esta-ções de carregamento de veícu-los elétricos. Um texto presente nessa plataforma afirma: “Car-regue seu carro em minutos, não em horas”.

O tempo necessário para carre-gar um veículo elétrico pode ser analisado melhor com números. A Tesla diz que em breve carre-gará as baterias em 10 a 15 min, para um alcance de até 563 km. O Tesla Modelo S tem alcance máximo de aproximadamente 542 km.

A lição é que a tecnologia VE está melhorando aos trancos e barrancos. É possível supor que a pesquisa e a tecnologia conti-nuem melhorando, e que a mu-dança para os veículos elétricos seja repentina e espetacular.

Os fabricantes que incorporarem a forte tendência do avanço tecnoló-gico em seus planos terão as me-lhores chances de sucesso.

Emissões e custo de combustível

Em relação às emissões do es-capamento, os veículos elétricos vencem de longe. Mesmo quan-do a eletricidade usada para car-regar os veículos elétricos é pro-duzida pelo carvão, os VEs são melhores para a qualidade do ar do que os motores de combustão interna.

No momento, os veículos elétricos também têm um custo mais baixo de combustível. Essa avaliação for-nece uma perspectiva dos custos da eletricidade agora.

Mas há um enigma econômico aqui: Alguém realmente acha que o custo da eletricidade permane-cerá estático quando milhares ou até milhões de motoristas passa-rem a carregar os seus veículos? Maior demanda significa aumen-to de preço.

A rede dos EUA é notoriamente insegura. A sua invasão prejudica-ria o refino de petróleo e a distri-buição de gasolina, mas interrom-peria o carregamento dos veículos elétricos.

Para as fundições, o que os custos mais altos de eletricidade

significam para um recurso de energia já restrito e caro? As energias renováveis tiveram grandes avanços nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que possamos eliminar a eletricidade produzida por combustíveis fósseis.

Custos e baterias

Em agosto de 2019, a qz.com informou que o custo médio dos veículos mais populares nos EUA - 70% do mercado - subiu para US$ 36 mil, enquanto o preço do veículo elétrico, como a maioria das coisas tecnológi-cas, manteve uma tendência de queda.

Ainda assim, como o autowise.com diz, “não há como contestar esse fato. O veículo elétrico é caro.” O motivo é o armazenamento de combustível. “As baterias precisam de lítio, que é um metal raro que só pode ser extraído em alguns países. São baterias caras para produzir e pesadas também. A bateria é ape-nas um dos muitos recursos caros de um carro elétrico”, de acordo com a autowise.com.

Como outras tecnologias recen-tes, os problemas de bateria serão analisados, pesquisados e resolvi-dos nos próximos anos. A rapidez com que as atualizações necessárias

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MATÉRIA ESPECIALMATÉRIA ESPECIAL

O autor é vice-presidente de vendas e marketing da revista Modern Casting. Este artigo foi originalmente publicado na revista Modern Casting, edição fevereiro de 2020, sendo fruto de uma extensa pesquisa e três anos de conversas com os membros corporativos do AFS e entrevistas com fontes externas.

podem ser implementadas não é previsível, mas mesmo uma pes-quisa superficial mostra que aque-les que amam a ideia dos veículos elétricos pensam que as melhorias serão no próximo ano, enquanto os menos entusiastas acreditam que será mais, talvez muito mais.

Como em todos os problemas resultantes de mudanças tecno-lógicas, existem oportunidades. As baterias de chumbo-ácido, do motor de combustão interna pa-drão, apresentam desafios de re-ciclagem. Já as baterias de íons de lítio usadas nos veículos elétricos podem ser recicladas, gerando outras baterias a uma taxa de até 95%. Isso é bom, uma vez que o descarte das baterias é ambiental-mente indesejável.

Mais tecnologias e novos negócios serão desenvolvidos em torno do uso mais amplo de baterias de lítio. Há também uma possibilidade fascinante de baterias de estado sólido em alguns anos.

No momento, os motores de com-bustão interna manterão seu apelo pelo custo consciente.

Conclusão

Os veículos elétricos já são uma realidade.

A marcha da tecnologia e as am-bições globais de fabricação de automóveis estão impulsionando a adoção da nova plataforma VE. Existem problemas enfrentados pela ampla adoção de veículos elétricos, o que inclui os tempos e locais de carregamento, alcance, custo do veículo, problemas de ba-teria (por enquanto) e mudanças na força de trabalho.

No entanto, as vantagens da baixa manutenção, eliminação das emis-sões do escapamento e redução do ruído podem se sobrepor à maioria das desvantagens.

Com que rapidez ocorrerá a altera-ção nos veículos elétricos? Muitas variáveis levam à seguinte resposta: “Depende”.

Um retorno à busca rigorosa do CAFE pela EPA poderia motivar os fabricantes de automóveis, assim como mudanças repentinas nas capacidades tecnológicas. O problema de uma diminuição

no número de funcionários não é apenas um problema para as fundições, mas em toda a fabricação.

A fabricação de veículos elétri-cos exigirá uma força de traba-lho menor do que a que temos agora nas linhas de montagem. De acordo com a Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA), existem atualmente cerca de 370 mil veículos elétri-cos, incluindo carros, caminhões leves e caminhões de carga. Eles representam 0,1% do estoque to-tal de veículos (253,7 milhões de carros). Até 2033, haverá cerca de 13,5 milhões de carros, caminhões leves e caminhões de carga elétri-cos na estrada. Eles representarão 5% dos carros/caminhões leves e 0,5% dos caminhões de carga, ex-cluindo os híbridos.

Pode parecer que as fundições têm muito pouco com que se preocupar no futuro próximo.

No entanto, fica aqui uma refle-xão de Benjamin Franklin: “uma grama de prevenção vale por um quilo de cura”. g

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CADERNO TÉCNICOCADERNO TÉCNICO

Vantagens e desvantagens da utilização de briquetes Vantagens e desvantagens da utilização de briquetes de ferro em fornos rotativos, na fabricação de de ferro em fornos rotativos, na fabricação de

ferros fundidos cinzentosferros fundidos cinzentos

Este trabalho comprova a viabilidade técnica e econômica da reciclagem interna de cavacos provenientes da usinagem de ferro fundido cinzento, em

substituição ao ferro-gusa. O emprego de briquetes metálicos em forno rotativo foi investigado em função de suas particularidades de chama direta sobre o metal e de choque mecânico entre as matérias-primas. Os procedimentos

experimentais e resultados são apresentados a seguir.

Maxwilian Mendes Cordeiro, Rosineide Junkes Lussoli e Carlos Alberto Klimeck Gouvea

Introdução

A briquetagem é um dos métodos mais promis-sores para o reapro-

veitamento dos cavacos, pois os transforma de sucata, com baixo valor agregado, em uma matéria-prima de alta qualidade, trazendo vantagens econômicas e ambientais às indústrias.

A briquetagem consiste na aglome-ração de partículas finas por meio de pressão, com o auxílio ou não de aglutinante, permitindo a obtenção de um produto compactado com forma, tamanho e parâmetros me-cânicos adequados. A redução de volume do cavaco, em alguns casos, além dos benefícios tecnológicos, permite que materiais finos possam

ser transportados e armazenados de forma mais econômica[3].

A briquetagem pode ser realizada com diferentes tipos de metais e o emprego dos briquetes pode se dar em diferentes tipos de fornos. O uso de briquetes como matéria-prima em fornos rotativos demanda especifici-dades para esse tipo de equipamento, pois possui características próprias, das quais se destacam duas[1,2]:

■ Rotação automática da carcaça do forno, o que faz com que haja homogeneização da carga e permi-te que os briquetes sofram impac-tos indesejáveis com outras maté-rias-primas.

■ Utilização de gás natural e oxigê-nio como fonte de calor. Uso de um maçarico com chama direta, a qual

em contato com a carga metálica implica em oxidação, podendo com-prometer a qualidade dos briquetes devido à grande área superficial.

Qualquer tipo de cavaco metálico pode ser compactado em brique-te. E sempre haverá presença de resíduo de óleo de corte, o qual não gera aumento perceptível da emissão de fumaça durante o pro-cesso de fusão quando briquetado, diferentemente de sucatas pinta-das, zincadas ou não compactadas. Como fato positivo, destaca-se que os briquetes gerados internamente na empresa já possuem a composi-ção de liga a ser produzida[4].

Devido à sua alta densidade, os bri-quetes metálicos interagem perfei-tamente com o campo magnético

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Fig. 1 – Briquetes de ferro: A) vista lateral e determinação da altura; B) vista superior com determinação do diâmetro.

(A) (B)

induzido nos fornos elétricos. No caso do uso de fornos rotativos, a utilização de cavacos briquetados é possível, uma vez que os cavacos soltos sofrem oxidação antes de fundirem[5].

Objetivos

■ Produzir briquetes a partir de cavacos de ferro fundido cinzento e nodular, além de avaliar seu de-sempenho na substituição ao fer-ro-gusa, para a fabricação de ferro cinzento.

■ Determinar a densidade dos briquetes, avaliar a substituição de gusa por briquetes em diferentes proporções e, em decorrência des-sas composições das cargas, deter-

minar os tempos de fusão e de va-zamento do metal.

■ Identificar a temperatura para a limpeza do banho, em função do teor de briquetes, e as perdas de massa (total carregado de matéria-prima só-lida, menos o total vazado de metal líquido).

■ Correlacionar a correção da liga em função do teor de briquetes, com análises de C, Si, Mn, P e S.

■ Comparar o custo do acerto da liga com o valor de gusa econo-mizado.

■ Por meio de ensaios de tração e dureza, certificar-se das proprieda-des mecânicas da liga.

Metodologia

Primeiramente, foram produzidos cavacos de ferro fundido provenientes

Tab. 1 – Especificações dos elementos de liga para classe GG-15.

Carbono (C) 2,80-3,40

Silício (Si) 1,80-2,80

Manganês (Mn) 0,30-1,00

Fósforo (P) Máx. 0,20

Enxofre (S) Máx. 0,10

Fonte: Adaptado de DIN 1691 (1985).

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da usinagem das peças de ferro no-dular e cinzento, fabricadas na em-presa em que o estudo foi realizado. Essa produção ocorreu por meio do recolhimento dos cavacos de usina-gem dos postos de trabalho, em ca-çambas apropriadas e armazenadas em local coberto e pavimentado.

Os briquetes com dimensões de 41 mm de altura e 54 mm de di-âmetro foram produzidos via compressão hidráulica, em um equipamento da marca Tecnobriq, mode-lo PBH-L-80T-50 (figuras 1A e B).

A densidade foi obtida pela divisão do volume médio dos briquetes pela massa.

Para avaliar a melhor condi-ção de substituição de gusa por briquete, foram feitos testes com os seguintes te-ores de briquete em relação ao total de gusa: 0, 5%, 10%, 15% e 20%. Para cada teor de briquete, foram realiza-das três fusões para a pro-dução de peças em ferro cinzento. As médias dos resultados de cada ensaio foram, então, calculadas.

As fusões foram realizadas em um único forno rotativo da marca Sima Usinagem, com capacidade máxima para 1.600 kg de metal líquido e

rotação de 9 revoluções/min. Para os experimentos, cada fusão foi fei-ta para uma carga total do forno de 1.300 kg; valor atrelado ao desgaste do refratário.

O tempo necessário para fundir o metal, com ou sem a adição dos briquetes, foi determinado com o auxílio de um cronômetro. A temperatura de limpeza do ba-

nho de metal fundido foi medida com o uso de um pirômetro de imersão.

A avaliação da perda de massa em cada carga do forno foi feita por meio da pesagem da quantidade de escória removida em relação à carga inicial e correlacionado com o percentual de briquetes utilizado.

Fig. 2 – Tempo para a remoção da escória.

Fig. 3 – Temperatura de fusão.

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Os teores de Mn, P e S atenderam às especificações da liga GG-15, da Norma DIN 1691 (tabela 1).

A composição da liga foi deter-minada em um espectrômetro de emissão óptica da marca GNR, modelo Solaris CCD Plus. Os te-ores de C e Si foram determinados em um equipamento de análise tér-mica da marca Italterm, modelo Carbomax II.

Os ensaios de dureza Brinell foram desenvolvidos com o uso de durô-metro da marca Rene Graf, modelo

MCA, com esfera de tungstênio de diâmetro igual a 10 mm e força exercida de 3000 kgf/mm2, aten-dendo à norma DIN 1691, que es-pecifica dureza entre 150 e 187 HB.

Para os ensaios de tração, foi uti-lizada uma máquina universal de ensaios mecânicos da marca Emic, modelo DL100T, conforme ABNT NBR ISO 6892-1: 15(E), buscando atendimento à DIN 1691, que es-tabelece um máximo de 150 MPa.

Na última etapa, foram verificados os ganhos financeiros com a adição

dos briquetes, comparando as mé-dias das três fusões com e sem a adição dos briquetes. Os seguintes quesitos foram considerados:

■ custo por quilo dos briquetes

■ total em massa e em reais de briquetes adicionados para cada amostragem

■ total em massa e em reais de ferro-gusa adicionado para cada amostragem

■ total em massa e em reais da quantidade de retorno metálico

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(canais) adicionados para cada amostragem

■ total em massa e em reais de correções realizadas de silício e carbono

■ total em massa e em reais das perdas metálicas entre o metal carregado versus vazado

■ valor em reais da venda dos cavacos

No entanto, não foi estima-do o custo de produção dos briquetes, tendo em vista o investi-mento com a aquisição do equipa-mento, energia, manutenção, espa-ço, depreciação e mão de obra para briquetagem.

Resultados e discussão

Inicialmente, foi identificado um fato bastante positivo: a boa com-pactação dos cavacos, cuja densida-de chegou a 5.200 kg/m3. Mesmo com densidade menor que a do ferro, os briquetes não se desinte-graram durante a fusão.

A temperatura requerida para a completa fusão do metal foi de 1400°C, não tendo sido identifica-da interferência pelo uso dos bri-quetes para o tempo de remoção da escória (figuras 2 e 3).

Quanto ao tempo necessário para a remoção da escória apresentado

na figura 2, houve uma variação de cerca de 5 min, o que não é rele-vante durante o processo de fundi-ção, considerando que o vazamen-to dura cerca de 80 min.

A variação da temperatura de remo-ção da escória em relação ao per-centual de briquete, apresentado na figura 3, é muito pequena em compa-ração com a temperatura do banho.

Considerando o uso de um termo-par para a determinação da tempe-ratura, é importante ressaltar que ocorrem variações maiores que os 6°C encontrados, em função da posição do instrumento no banho, da presença de sujeiras e, até mes-mo, erro do próprio instrumento.

Na sequência, foram realizadas análises da composição das ligas. Com base nessas informações, fo-ram feitas as correções por meio da adição de carbono e silício.

Os resultados analíticos foram usados como base para a corre-ção da liga. A figura 4 apresenta as quantidades adicionadas de carbo-no e silício.

Após a identificação dos valores da composição química por espec-trometria de emissão óptica e aná-lise térmica para carbono e silício, foram feitas as correções destes elementos para que a composição da liga atendesse aos requisitos da norma DIN 1691. Estes elemen-tos são os únicos que apresenta-ram resultados dissonantes à refe-rida norma.

Foram necessárias correções cres-centes para os elementos carbono e silício, em função do percentual de briquetes. Esse fenômeno está relacionado com a redução da quantidade de ferro-gusa na carga base, que contém estes elementos

Fig. 4 – Correções de carbono e silício no metal líquido.

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em sua composição, com concen-trações mais elevadas.

É possível afirmar que houve a queima de carbono, tanto no pro-cesso de fusão da liga quanto no processo de usinagem.

Em função das quantidades de fer-rossilício e carburante adicionadas, esse valor foi utilizado posterior-

mente no cálculo do custo para a correção da liga.

Foram registradas as massas re-ferentes ao total carregado de metal sólido colocado no forno, versus o total de metal líquido va-zado, o que permitiu encontrar a redução de massa em função da diferença da quantidade de me-

tal final pela inicial, multiplicado por 100 (figura 5).

A partir dessas constatações, foram determinadas as reduções percen-tuais da operação, verificando-se que o uso de briquetes não impli-cou em perda de material, visto que variações desta ordem, entre 2 a 5%, são rotineiras.

Os ensaios de tração apresentaram resultados que atendem à norma DIN 1691 (figura 6). De igual modo, os resul-tados dos ensaios de dureza comprovaram que as ligas atendem ao especificado na referida norma (figura 7).

Segundo a norma DIN 1691, no ensaio de tração, a solicitação de carga mínima é de 150 MPa para o fer-ro fundido cinzento classe GG-15. Esse valor mínimo foi atendido em todos os ex-perimentos realizados.

Os ensaios de dureza apre-sentaram variação máxima de seis pontos percentuais entre eles. Dois dos cinco resultados encontrados fo-ram superiores ao estipu-lado na norma DIN 1691, de 187 HB. Por se tratar de valores que não reque-rem ações, entende-se que os valores de dureza obti-dos são satisfatórios para

Fig. 5 – Redução de massa do metal fundido.

Fig. 6 – Resultado do ensaio de tração.

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a qualidade da liga. Não é possível afirmar que as alte-rações dos valores obtidos de dureza tenham correla-ção com o uso de briquetes, uma vez que não foi identi-ficada tendência de aumen-to ou diminuição desses va-lores em função do seu teor.

Cabe comentar que fatores como o tempo de desmol-dagem também influenciam na dureza, uma vez que foi constatada uma pequena variação deste parâmetro.

Foram realizadas análises da viabilidade econômica com a substituição do ferro-gusa por briquetes, nas quais foram constatados ganhos reais de até 12% na redução de custo da matéria-prima, no caso da adição de 20% de briquete na substituição proporcional do ferro-gusa (figura 8).

Os dados numéricos não foram contemplados, haja visto as inúmeras particulari-dades entres as empresas, o que leva a variações de custos, entre outros.

No entanto, abaixo são apresenta-das as três etapas que possibilitam a simulação da viabilidade econômica.

Primeira etapa

■ Quantidade de cada matéria-prima

e insumo adicionado à carga base padrão

■ Custo das matérias-primas e in-sumos que compõem a carga base padrão

■ Custos com as correções da liga

■ Perdas provenientes dos proces-sos de fabricação do metal líquido

Fig. 7 – Resultado do ensaio de dureza.

■ Cronoanálises das etapas

■ Custo por kg de metal líquido, sem a adição de briquetes

■ Levantamento de custo por kg de briquete

Os demais dados não foram conside-rados, pois na empresa onde o estudo foi realizado eles não se alteram.

Fig. 8 – Ganhos com a utilização de briquetes.

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Segunda etapa

■ Substituição parcial do ferro-gu-sa por briquete

■ Avaliação dos tópicos apresenta-dos na primeira etapa, agora com a inclusão de briquetes

Terceira etapa

■ Confrontar os custos para fabri-cação de metal líquido sem a adição de briquetes, versus o metal produ-zido com a adição do briquete e re-dução proporcional do ferro-gusa.

Uma vez que sem o uso de brique-tes não há ganho, o gráfico da figu-ra 8 inicia com um teor de 5%. Fo-ram constatados ganhos crescentes na medida em que foram adicio-nados os briquetes, uma vez que o custo com carburante (C), ferros-silício (Si) e custo para a produção dos briquetes não são elevados.

Considerando que cada fusão foi feita para uma carga total do forno de 1.300 kg, é possível calcular o custo para outras cargas.

Com base no custo por quilo produzido e o valor economiza-do para cada 1.300 kg, é possível que diferentes empresas estimem quanto poderá ser economizado

com o uso de briquetes, para casos específicos.

Conclusão

Os resultados demonstraram que os briquetes com ferro fundido cin-zento e nodular apresentaram boa compactação, atingindo uma densi-dade de 5.200 kg/m3, além de pos-suírem boa resistência mecânica.

A temperatura necessária para a fusão dos briquetes, ferro-gusa e canais foi a mesma, de 1.400°C, de-monstrando que o uso dos briquetes não demanda maior temperatura.

Quanto ao tempo de fusão até a es-corificação, nenhuma diferença foi encontrada, independentemente do teor de briquete, indicando que a substituição de gusa por briquete não requer maior consumo de energia.

As análises da determinação da composição da liga demonstraram que o uso de briquetes necessita de uma maior correção dos teores de carbono e silício, na medida em que aumenta o teor de briquetes. Esse fato pode ser atribuído à perda de carbono e silício tanto no proces-so de usinagem, que gera o cavaco, quanto na fusão de partículas me-nores de metal, que queimam du-rante a fusão.

Maxwilian Mendes Cordeiro é mestrando do Centro Universitário UniSociesc, enquanto Rosineide Junkes Lussoli é professora da mesma instituição.

Os resultados revelaram que mesmo sendo necessárias corre-ções crescentes de carbono e silí-cio em função do teor de brique-tes, ainda há ganhos financeiros. Considerando que nos ensaios foram produzidos 1.300 kg de liga, o uso do briquetes implicou em uma economia de cerca de 12% quando empregados 20% deste na liga.

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