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Folha do IAB I AB JORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843 Considerado historicamente o “berço da advocacia brasileira”, o IAB tem, desde o dia 9 de maio, um novo presidente: o advogado criminal Técio Lins e Silva, que tomou posse na presença de mais de 700 convidados, entre eles o próximo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski. Em seu discurso, Técio reafirmou a vocação acadêmica do IAB e manifestou intenção de influir na ordem jurídica do País. PÁGINAS 4, 5 e 6 Casa de Montezuma ganha novo perfil de atuação institucional N º 123 - MAIO/JUNHO - 2014 n ENTREVISTA Técio fala da profissão, da reforma das leis e de projetos para o IAB PÁGINA 8 n A morte de George Tavares, um dos mais notáveis defensores da liberdade e dos direitos humanos PÁGINA 7 n Nota de repúdio do IAB a atitude arbitrária do presidente do Supremo repercute na mídia PÁGINA 3

Folha do IAB 123

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Edição 123 - maio/junho2014

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Folha do IABIABJORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843

Considerado historicamente o “berço da advocacia brasileira”, o IAB tem, desde o dia 9 de maio, um novo presidente: o advogado criminal Técio Lins e Silva, que tomou posse na presença de mais de 700 convidados, entre eles o próximo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski. Em seu discurso, Técio reafirmou a vocação acadêmica do IAB e manifestou intenção de influir na ordem jurídica do País.PÁGINAS 4, 5 e 6

Casa de Montezumaganha novo perfil deatuação institucional

Nº 123 - MAIO/JUNHO - 2014

n ENTREVISTA Técio fala da profissão, da reforma das leis e de projetos para o IAB

PÁGINA 8

n A morte de George Tavares, um dos mais notáveis defensores da liberdade e dos direitos humanos

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n Nota de repúdio do IAB a atitude arbitrária do presidente do Supremo repercute na mídia

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Desoneração tributária

Crimes de pirataria

Novos membros

Mensagem do presidente

Quando anunciamos que o IAB ia cres-cer, não fazíamos discurso de cam-panha. Prometemos triplicar a capa-

cidade de gestão e cumprimos a promessa. Na noite da memorável posse de 9 de maio, criamos a Diretoria Executiva, para dar mais atenção a assuntos vitais da Casa. A festa foi inesquecível! Aquela solenidade, para nossa honra e orgulho, foi prestigiada como raras vezes aconteceu no IAB. Serviu de estímulo a todos e deu legitimidade para as mudanças que estamos introduzindo. Os sócios se orgu-lharam do IAB e isto estava no rosto de todos.

Inauguramos uma nova fase, sim, com mais de 30 diretores entusiasmados com os projetos de mudança e crescimento. A refor-mulação das Comissões, base fundamental de nossa atuação jurídica e institucional, está merecendo atenção especial. A Diretoria es-pera que as novas Comissões se superem e contribuam para a reorganização da ordem jurídica brasileira. O sistema de comunicação está sendo modernizado e o resultado já é visí-vel: obtivemos presença respeitável na mídia e temos sido fonte de notícias a nível nacional.

Iniciamos a reforma da sede, sofrida com a modernização da Biblioteca. Vamos ter uma sede digna de seus sócios. A ideia é concentrar as atividades no edifício-sede e usar o Centro Cultural da Lapa como re-serva técnica. O IAB vai realizar sessões na Conferência Nacional dos Advogados, de 20 a 23 de outubro, onde terá ativa partici-pação. Passada a Copa, vamos tratar da re-forma dos códigos. Trabalho não falta. Nem energia para fazer o melhor de sempre!

Técio Lins e Silva

O IAB aprovou, na sessão plenária do dia 11 de junho, parecer favorável do Dr. Nilton Aizenman, relator da Comissão Permanente de Direito Financeiro e Tributário, ao projeto de lei complementar 237/2012 que tramita na Câmara e altera a legislação referente ao Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. O projeto confere tratamento diferenciado a essas empresas. Ao serem, por exemplo, desobrigadas do recolhimento do ICMS, por estarem enquadradas no sistema Simples Nacional, deixarão se sofrer bitributação.

Em sessão plenária realizada no dia 4 de junho, o IAB endossou o parecer da Dra. Victoria-Amália de Barros Carvalho Gozdawa de Sulocki, membro da Comissão de Direito Penal, contrário ao projeto de lei 357/2011. De autoria do deputado federal Julio Lopes (PP/RJ), o projeto propõe alterações na lei que trata dos crimes contra a propriedade industrial, conhecidos popularmente como “pirataria”, com o objetivo de aumentar as penas previstas. Para a Dra. Victoria-Amália de Sulocki, “as razões do projeto se fundam na esteira de um direito penal do pânico”.

Tomaram posse como membros efetivos do IAB, nos meses de maio e junho, os Drs. Adriano Pilatt, Maíra Fernandes, Pedro Paulo Guerra de Medeiros, Luciana Christina Guimarães Lóssio, Letícia Jost Lins e Silva, Daniela Silva Fontoura de Barcelos, Ilídio Ventura Vigário de Moura, Jorge Vacite Filho, Olympio José Matos Leite de Carvalho e Silva, Ivan Tauil Rodrigues, Pedro Marcelo Dittrich e Guilherme Gomes Krueger. O Desembargador Antonio Ivan Athié foi empossado como membro honorário.

Inauguramos uma nova fase, sim, com mais de 30 diretores entusiasmados

com os projetos de mudança e

crescimento

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Expediente

Folha do IABPublicação bimestral do Instituto dos Advogados Brasileiros

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Folha do IABIABJORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843

Considerado historicamente o “berço da advocacia brasileira”, o IAB tem, desde o dia 9 de maio, um novo presidente: o advogado criminal Técio Lins e Silva, que tomou posse na presença de mais de 700 convidados, entre eles o próximo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski. Em seu discurso, Técio reafirmou a vocação acadêmica do IAB e manifestou intenção de influir na ordem jurídica do País.PÁGINAS 4, 5 e 6

Casa de Montezumaganha novo perfil deatuação institucional

Nº 123 - MAIO/JUNHO - 2014

n ENTREVISTA Técio fala da profissão, da reforma das leis e de projetos para o IAB

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n A morte de George Tavares, um dos mais notáveis defensores da liberdade e dos direitos humanos

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n Nota de repúdio do IAB a atitude arbitrária do presidente do Supremo repercute na mídia

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Fotografia: Arquivo IABImpressão: Gráfica Walprint Tiragem: 1.800 exemplares

Jornalista responsável: Fernanda Pedrosa (MT 13511)Redação: Ricardo GouveiaProjeto gráfico e diagramação: Daniel Tiriba

Diretoria EstatutáriaPresidente: Técio Lins e Silva1º Vice-Presidente: Cândido de Oliveira Bisneto2º Vice-Presidente: Rita Cortez3º Vice-Presidente: Duval Viannasecretário-Geral (licenciado): Ubyratan Guimarães Cavalcantisecretário-Geral em exercício: Jacksohn Grossmandiretor-secretário: Carlos Eduardo Machadodiretor-secretário: Leilah Borgesdiretor-secretário: Carlos Roberto Schlesingerdiretor Financeiro: Thales Rodrigues de Mirandadiretor cultural: João Carlos Castellardiretor de BiBlioteca: Fernando Drummond

diretor adjunto: Sydney Sanchesdiretor adjunto: Ester Kosovskidiretor adjunto: Eurico Telesorador oFicial: José Roberto Batochio

Diretoria executivadiretor de relações institucionais: Aristóteles Atheniensediretor de relações internacionais: Paulo Lins e Silvadiretor de relações com o interior: Armando de Souzadiretor acadêmico: Pedro Marcos Nunes Barbosadiretor de direitos Humanos: João Luiz Duboc Pinauddiretor de leGislação e Pesquisa: Aurélio Wander Bastosdiretor de Patrimônio Histórico e cultural: Luiz Felipe Condediretor de tV, comunicação e imPrensa: Sara Costa

diretor de inFormática e modernização: Antônio Laért Vieira Juniordiretor de mediação, conciliação e arBitraGem: Ana Tereza Basíliodiretor de acomPanHamento leGislatiVo: Renato de Moraesdiretor de sede: Ludmila Schargeldiretoria de eVentos: Adriana Brasil GuimarãesProcurador-Geral: Paulo Penalva SantosouVidor Geral: Arnon Velmovitsky

Av. Marechal Câmara n° 210, 5º andar - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP 20.020-080Telefax: (21) [email protected]

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Atuação

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Repúdio do IAB ao presidente do STFganha repercussão na mídia nacional

D ia 11 de junho, quarta-feira, 18h. Com o semblante fechado, o presidente do Ins-tituto dos Advogados Brasileiros (IAB),

Técio Lins e Silva, que passara os minutos ante-riores lendo concentradamente alguma coisa no telefone celular, tocou a sineta, declarou aberta a sessão ordinária e anunciou que acabara de tomar conhecimento de um “episódio lamentável”.

O presidente informou que, naquela tarde, o presidente do Supremo Tribunal Federal, mi-nistro Joaquim Barbosa, expulsara o advogado Luiz Fernando Pacheco do plenário do STF, com o emprego de seguranças.

“Nem dos anos de chumbo, os advogados que militaram nos tribunais militares foram submetidos a um espetáculo degradante e hu-milhante como esse. Trata-se de uma página lamentável da Justiça brasileira e uma mancha insuportável na história do Supremo Tribunal Federal”, declarou Técio Lins e Silva, com a voz cheia de indignação.

Em seguida, o presidente leu no celular a nota de repúdio ao presidente do STF que o Conselho Federal da OAB acabara de emitir e defendeu que o IAB deveria aderir ao ma-nifesto e dar conhecimento imediato da ini-ciativa à opinião pública. A proposta foi apro-vada por aclamação e parte da Diretoria se ausentou da reunião para, com a Assessoria de Imprensa do IAB, providenciar a redação e a divulgação do documento.

Às 19h42, a nota de repúdio do IAB já es-tava disponível no site do jornal O Estado de S. Paulo e continuaria repercutindo em várias mídias: Consultor Jurídico (20h14), Correio do Brasil (20h26), O Globo (20h38) e O Dia (20h56), entre outros.

No dia seguinte, o manifesto do IAB foi re-gistrado nas versões impressas de O Globo, Esta-dão e O Dia, e se propagou por dezenas de sites, dentre os quais os da Folha de S. Paulo, IstoÉ, Por-tal JusBrasil e The Brazilian Post.

NOTA DE REPÚDIO

Nunca o IAB esteve tão prestigiado na imprensa, opinando sobre questão que mobilizou a opinião pública. A posição do IAB foi citada nas principais matérias e nos comentários de colunistas especializados

Técio Lins e Silva

“O Instituto dos Advogados Brasileiros, por aclamação, na sessão plenária realizada nesta data, adere integralmente à manifestação

do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e, igualmente, repudia o comportamento atrabiliário do Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Joaquim Barbosa, pela forma desrespeitosa com que cassou a palavra de um advogado no pleno exercício de sua atividade profissional, retirando-o a força do Plenário da Suprema Corte.

Este lamentável episódio, sem precedentes nem mesmo nos períodos mais obscuros da história de nosso país, macula a magistratura nacional e merece a devida reparação à advocacia e a toda sociedade brasileira.

Rio de Janeiro, 11 de junho de 2014.Técio Lins e Silva

Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros

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Posse

Carlos Henrique de Carvalho Fróes e Ricardo Cesar Pereira Lira, ex-presidentes do IAB, introduziram Técio Lins e Silva no plenário

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Em seu discurso, novo presidente do IAB relembra momentos difíceis da advocaciaQ uis o destino que a cerimônia de posse

de Técio Lins e Silva como presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

ocorresse em data personalíssima e local de grande força simbólica. Ele assumiu a Presidência do IAB, berço da advocacia brasileira, no dia 9 de maio, exa-tos 46 anos após a morte do pai, Raul Lins e Silva Fi-lho, em solenidade realizada no auditório da OAB--RJ, que leva o nome de seu tio, o jurista Evandro Lins e Silva.

Em seu discurso, o criminalista lembrou a fundação, há mais de 80 anos, pelos irmãos Lins e Silva, do escritório hoje dirigido por ele, “com admiráveis companheiros”. Relatou, emocionado, a dor sentida com a morte do pai, em 1968, num momento em que “sofria por advogar na sombra produzida pela ditadura”. E falou da sua inscrição no IAB, em 1975, e do ingresso no Conselho Esta-dual da OAB, naquele mesmo ano.

“Sou integrante de uma geração de advogados que conheceu o que há de mais sombrio, repressivo e ditatorial em termos de ordem jurídica”, afirmou Técio, em referência à ditadura instaurada pelo golpe militar de 64. “Desses 50 anos do golpe que derrubou a democracia brasileira, passamos mais de 20 sem habeas corpus, sem respeito à liberdade e ao Estado de Direito, sem acesso aos presos, sobre-vivendo graças à bravura que significava advogar naqueles tempos”, acrescentou.

Técio Lins e Silva criticou algumas decisões judiciais recentes que também estão impondo limitações ao habeas corpus, tal qual a norma introduzida pelo Ato Institucional nº 6, “o pri-meiro a inaugurar a época sinistra da ditadura”. Para o criminalista, “aplicá-la nos tempos de hoje é uma ofensa à democracia e aos que deram a vida para a sua restauração”.

Modernização da ordem jurídicaO presidente do IAB anunciou que sua gestão

será marcada pelo estímulo à “vocação acadêmica” da Casa de Montezuma, fundada em 1843, “mas não deixará de participar da vida institucional da Nação e de estar atenta às violações das prerrogativas da profissão”. E afirmou: “Temos um corpo social de fazer inveja aos melhores centros do pensamento jurídico e habilitado a produzir estudos, sugestões, pareceres e substitutivos que resultem no aprimora-mento do direito”.

Técio disse que o Instituto terá uma participação efetiva nas reformulações, pautadas no Congresso Nacional, dos Códigos Penal e de Processo Penal, da Lei de Execução Penal, das Leis de Arbitragem e Mediação e do Código Comercial, de 1850, elabora-

do, em parte, pelo IAB, à época do Império. “Atua-remos, também, na codificação das leis trabalhistas e em outros textos fundamentais para a moderniza-ção da nossa ordem jurídica”, complementou.

A reforma do Código Penal, segundo ele, terá prioridade. “Revelo, desde logo, que empenha-rei todos os esforços para apresentarmos um substitutivo ao projeto de Código Penal, que não faz justiça às tradições humanitárias da Na-ção”, anunciou. Segundo Técio, o IAB já tomara iniciativa semelhante em relação ao de Processo Penal. “Temos a capacidade de influir em todos os setores do conhecimento jurídico, a exemplo do Código de Processo Penal, em que a nossa operosa Comissão de Direito Penal produziu um texto substitutivo digno da cultura da Casa, que foi apresentado na Câmara pelo deputado Miro Teixeira (Pros-RJ)”, afirmou o presidente.

Técio falou, ainda, da transferência de todo o acervo da OAB-RJ para a biblioteca do IAB: “Va-mos receber essa doação, fazendo com que a nos-sa biblioteca, cultivada durante muitos anos pela dedicação e o amor do advogado Daniel Aarão Reis, se aperfeiçoe como um centro primoroso de cultura e informação”.

Desses 50 anos do golpe que

derrubou a democracia

brasileira, passamos mais

de 20 sem habeas corpus, sem respeito à

liberdade eao Estado de Direito,

sem acesso aos presos,

sobrevivendograças à

bravura que significava

advogar

“Técio Lins e Silva

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Transparência no STF

Da esq. para a dir., ministra Fátima Nancy Andrighi, ministro Ricardo Lewandowski e esposa, Yara

Técio Lins e Silva recebeu o cargo de Fernando Fragoso, para mandato de dois anos

Os presidentes da OAB, Marcus Vinicius Furtado, e da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, reforçaram

parceria com o IAB

O presidente do IAB também se manifestou sobre a Presidência do STF, que em breve deverá ser ocupada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que se sentou à sua esquerda: “Sabe-mos que sua presidência será trans-parente, democrática e posta a serviço da Justiça. Temos razões de sobra para acreditar nisso, temos certeza de que os advogados do Brasil serão ouvidos e, mais do que isso, recebidos”.

Ao encerrar seu discurso, Técio agradeceu “a presença de tantos ami-gos queridos, produto de relações construídas ao longo da vida inteira, acreditando na democracia, nos di-reitos da pessoa humana, no direito de defesa, na garantia de o cidadão dispor de um defensor público para ampará-lo em todos os sentidos, no exercício livre da advocacia, no culto à liberdade e na luta para que o Brasil tenha e promova justiça”.

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“Tornei-me um admirador ainda mais convicto do Dr. Técio, ao vê-lo de perto atuando no Supremo como um tribuno extraordinário, defensor da liberdade, da democracia e dos direitos fundamentais

“Ricardo Lewandowski

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Posse

Solenidade contou com presençasde representantes dos três poderesAlém do presidente eleito, a mesa da pos-

se foi composta pelo ex-presidente do IAB, Fernando Fragoso; o vice-presi-

dente do STF, ministro Ricardo Lewandowski; o desembargador Agostinho Teixeira de Almeida Filho, representando a Presidência do TJ-RJ; o subprocurador-geral de Justiça do RJ, Eduardo Gussen, representante da PGJ-RJ; o secretário nacional de Reforma do Judiciário, Flavio Croc-ce Caetano, representando o Ministério da Jus-tiça, e os presidentes da OAB, Marcus Vinicius Furtado, e da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz.

Também estiveram presentes na solenida-de os ministros do STJ Sebastião Reis, Ricardo Cueva, Néfi Cordeiro, Nancy Andrighi e João Otávio Noronha; do TSE, Luciana Lóssio; e do STM, José Barroso Filho; os desembargado-res do TRF da 2ª Região Antonio Ivan Athié, Andre Fontes e Salete Maccalóz; do TRT da 1ª Região, José da Fonseca Martins; e do TJ-RJ, Claudio Dell’Orto, Galdino Siqueira e Ma-rio Mannheimer; a ouvidora-geral do TJ-RJ, juíza Andréa Pachá; os deputados federais Miro Teixeira (PROS-RJ), Alessandro Molon (PT-RJ), Otávio Leite (PSDB-RJ) e José Men-tor (PT-SP); o presidente da Caarj, Marcello Oliveira; Luiz Carlos Moro, representando a AASP; o presidente e o secretário-geral ad-junto da OAB/SP, Marcos da Costa e Antonio Ruiz Filho, respectivamente; os presidentes da

Abrat, Antonio Fabrício de Mattos; da Acat, Ana Beatriz Bastos Seraphim; da Amaerj, juiz Rossidélio Lopes da Fonte; da Afat, Marcelo Cruz; do IMB, desembargador Roberto Gui-marães; e do Instituto Justiça e Cidadania, Tia-go Salles; a vice-presidente da APJERJ, Nina Verônica Santos Canto; os jornalistas Orpheu Salles Junior, editor da revista Justiça e Cida-dania e representante da ABI, e Marcelo Pinto, do site Conjur, e o monsenhor Sérgio Costa Couto, representando o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta.

E, ainda, os ex-presidentes do IAB Ricardo Cesar Pereira Lira, Carlos Henrique de Carva-lho Fróes, Marcello Augusto Diniz Cerqueira, João Luiz Duboc Pinaud, Maria Adélia Cam-pello Rodrigues Pereira e Celso da Silva; os ex-presidentes da OAB Bernardo Cabral e José Roberto Batochio; o presidente, o vice-presi-dente e o diretor de Relações Institucionais do Cesa, Carlos Roberto Fornes Marteucci, Carlos José Santos da Silva e Gustavo Brigagão, res-pectivamente; os presidentes dos Institutos de Advogados de vários estados, Carlos Mario da Silva Velloso Filho (DF), Antonio Luiz Calmon Teixeira (BA), José Horácio Halfeld Rezende Ribeiro (SP), Sulamita Cabral (RS), Evandro Bandeira (MS), Eduardo Virmond (PR), José Anchieta da Silva (MG), e o secretário-geral Carlos Harten (PE).

Ao passar o comando desta Casa ao querido

amigo e companheiro

de tantas lutas pela

justiça, pelos direitos

humanos e pela

democracia, tenho

certeza da continuidade

das nossas importantes

missões

“Fernando Fragoso

Da esq. para a dir.: professor Manoel Carlos de Almeida Neto; senador Bernardo Cabral; Yara Lewandowski; ministros Ricardo Lewandowski, do STF, Sebastião Reis e João Otávio Noronha, do STJ; Técio Lins e Silva; desembargadores Paulo Baldez e Agostinho Teixeira de Almeida Filho, do TJ-RJ; ministro Néfi Cordeiro, do STJ, e o secretário Nacional de Justiça, Flávio Caetano

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Em mais de 50 anos de advocacia,a opção pela defesa da liberdadeA advocacia criminal amanheceu mais po-

bre no dia 13 de junho, com a morte de George Tavares, aos 80 anos, no Rio de Ja-

neiro. Reconhecido pela defesa da liberdade e dos direitos humanos, principalmente nos tribunais militares do País, ele se destacou ao defender pre-sos políticos na época da ditadura militar. O livro Os advogados e a ditadura de 1964 – A defesa dos presos políticos no Brasil (Vozes – 2010) o relaciona como um dos 15 mais notáveis advogados brasileiros.

Ele mesmo chegou a ser preso pelos mi-litares, na noite de 1º de novembro de 1970, sem que respondesse a processo ou tivesse recebido qualquer acusação formal, simples-mente por defender presos políticos. Com ele também foram presos pelo mesmo “crime” os advogados Heleno Fragoso e Augusto Sus-sekind de Moraes Rego.

Durante mais de 50 anos de militância na advocacia, manteve parcerias, primeiro, com o também criminalista Antônio Evaristo de Mo-raes Filho, e posteriormente com a filha Kátia Rubinstein Tavares. Obteve várias vitórias em casos complexos, como cassações de prisões ile-gais e arbitrárias e condenações injustas.

Carioca, George Francisco Tavares nasceu no dia 29 de dezembro de 1933. Advogado militante no Foro do Rio de Janeiro, estreou na profissão ainda no terceiro ano da faculdade de Direito, no dia 20 de junho de 1956, no 2º Tribunal do Júri. Seu desempenho lhe rendeu elogios do juiz que presidiu o júri, Bandeira Stampa, e foi registrado pelos principais jornais no dia seguinte.

Defesa voluntáriaAtuou em casos de grande repercussão,

como a chacina do Lins de Vasconcelos, o de-saparecimento de Dana de Teffé e o assassinato de Aída Cury (em que conseguiu a condenação dos réus). Junto com Evaristo de Moraes Filho, defendeu, entre outros, os ex-presidentes Jusce-lino Kubitscheck e Fernando Henrique Cardo-so; o ex-deputado Fernando Gabeira; os jorna-listas Hélio Fernandes e Carlos Heitor Cony, e o historiador Nelson Werneck Sodré. Nas déca-das de 60 e 70, a dupla integrou um grupo de advogados que trabalhava voluntariamente na defesa dos perseguidos pela ditadura.

Foi professor de Direito Penal das faculdades de Direito da Uerj e da Gama Filho, presidente do Conselho Penitenciário do Rio de Janeiro e membro do Conselho Nacional de Política Cri-minal e Penitenciária. Ocupou o cargo de pro-

curador-geral da Justiça Militar por oito meses, em 1985, período em que formulou um parecer pelo desarquivamento do inquérito que inves-tigou a explosão da bomba no Riocentro. No entanto, o caso acabou sendo deixado de lado pelos ministros do Superior Tribunal Militar.

Sobre a nomeação de Tavares para o cargo, o advogado Sobral Pinto, também conhecido por atuar na defesa de perseguidos políticos, escre-veu: “Na angustiosa, para não dizer alucinante, preocupação pela saúde do eminente brasileiro e insigne político Tancredo Neves, a sua ascen-são à Procuradoria-Geral da Justiça Militar sur-giu, para mim, como uma espécie de bálsamo consolador, por ser manifesta prova de que algo já mudou na área da Justiça Militar”.

Membro do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil de 2 de abril de 1973 a 3 de março de 1989, George Tavares era também sócio do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) desde 1967. Recebeu, por carta, as home-nagens do governo austríaco, pelo seu trabalho profissional como representante da Áustria na extradição do criminoso nazista Franz Stangl.

George Tavares tinha mulher, três filhas e três netos. Sofreu um aneurisma cerebral e esta-va internado no Hospital Evangélico, na Tijuca, onde morreu às 7h20 do dia 13 de junho.

Como procurador-geral da Justiça Militar, em 1985, formulou parecer pelo desarquivamento do inquérito que investigou a explosão da bomba no Riocentro, mas o caso acabou sendo deixado de lado pelos ministros do STM

Sócio do IAB desde 1967, George Tavares comparecia a

todas as eleições

George Tavares

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Entrevista|Técio Lins e Silva

IAB vai conciliar sua vocação acadêmica com atuação políticaE m entrevista à FOLHA

DO IAB, o presidente Técio Lins e Silva falou

sobre a vocação acadêmica do Instituto e a necessidade de atuar politicamente, para que os pareceres influam na mo-dernização da ordem jurídica do País. Ele fez um balanço dos seus 50 anos de exercício profissional, iniciado no ano do golpe militar, e comentou as dificuldades hoje enfrenta-das pela advocacia.

A vocação acadêmica do IAB é conciliável com atu-ação política?

O IAB, em seus mais de 170 anos de história, jamais deixou de dar contribuições inestimá-veis para o aperfeiçoamento da ordem jurídica do País. Se, em 1850, foi responsá-vel pela redação de parte do Código Comercial do Império, em vigor até hoje, em 2014 o instituto elaborou um substitutivo ao projeto de reforma do Código de Processo Penal e atuou politica-mente para que fosse apresentado um projeto de lei na Câmara Federal tipificando como crime a violação das prerrogativas do advogado. A voca-ção do IAB é genuinamente acadêmica, mas não basta fazer pareceres de altíssima qualidade. É preciso agir para que eles se tornem conhecidos, aceitos e influam na ordem jurídica. Estamos saindo daquele silêncio que nos marcava, para uma atividade mais ostensiva.

Por que a participação do IAB na formulação do novo Código Penal será prioritária?

O texto aprovado pelo Senado eliminou to-das as tentativas contidas no anteprojeto para reduzir o encarceramento. Autores de peque-nos furtos, que representam mais de 40% da população carcerária, deveriam cumprir penas alternativas ou ressarcir as vítimas para obter a extinção da punibilidade, conforme propuse-mos, mas isso foi extraído do texto. O que o Senado, equivocadamente, aprovou atende ao clamor midiático movido pelo princípio ana-crônico de que o controle social deve ser feito por meio do endurecimento penal. Esse discur-

so é da Idade Média. As pe-nas privativas de liberdade, no futuro, serão substituí-das por penas alternativas.

Qual será o papel da Di-retoria Executiva não estatu-tária criada pelo senhor na estrutura do IAB?

Como nenhum de nós dispõe de tempo integral para se dedicar ao Insti-tuto, por conta das nossas intensas atividades na ad-vocacia, tomei essa decisão com o objetivo de termos um número maior de pes-soas capacitadas na dire-ção do IAB. Elas ajudarão a ampliar nossa produção acadêmica, planejar cursos e buscar convênios com en-

tidades nacionais e internacionais.

Quais são os maiores percalços hoje enfrenta-dos pela advocacia?

Durante a ditadura militar, os advogados eram recebidos, como fui, por diversas vezes, pelos ministros do Superior Tribunal Militar, enquanto hoje, com a democracia consolidada, enfrenta-se uma enorme dificuldade de acesso aos ministros dos tribunais superiores. O pre-sidente do Supremo, violando a Constituição e agredindo o seu papel de magistrado, não recebe advogado. Hoje, os advogados sofrem mais do que naquele tempo.

Que balanço o senhor faz desses seus 50 anos de profissão?

Quando houve o golpe militar, em 1964, eu cursava a faculdade de Direito e já percorria o fórum, vindo a estrear no Tribunal do Júri em 1965 e no Tribunal Militar em 1968, defendendo presos políticos. Após 50 anos de intenso exer-cício profissional, os meus sonhos continuam os mesmos. Embora às vezes se instaure um certo desânimo, sempre encontro forças para juntar esperanças, levantar bandeiras, procu-rar saídas, realizar ideais, olhar para frente, sem nunca deixar de olhar para trás e jamais perder a bravura.

Após 50 anos de intenso

exercício profissional,

os meus sonhos

continuam os mesmos.

Embora às vezes se instaure

um certo desânimo,

sempre encontro

forças para juntar

esperanças, levantar

bandeiras, procurar

saídas

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