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8 A actividade de Alfredo Pinto como cronista nos jornais da Póvoa de Varzim iniciou-se em 1924. As primeiras 15 crónicas, intituladas “Belvedere”, foram publicadas em O Progresso: 1924 - 24 e 31 de Agosto; 7, 21 e 28 de Setembro; 1925 - 9 de Agosto; 6, 13 e 20 de Setembro; 1927 - 20 e 27 de Agosto; 3, 10, 17 e 24 de Setembro. Seguiram-se as crónicas publicadas no jornal O Comércio da Póvoa de Varzim: 1927 - uma crónica intitulada “Lisboa à pena” em 17 de Novembro; 18 intituladas “Carta de Lisboa”: 1928 - 5 e 14 de Abril; 1929 – 31 de Janeiro, 7 de Fevereiro, 2 de Maio, 18 e 25 de Julho, 3 e 17 de Outubro e 7 de Novembro; 1930 - 1 de Maio, 26 de Junho, 10 e 17 de Julho, 14 e 28 de Agosto e 4 de Setembro; 1936 - 25 Setembro; 3 intituladas “Crónica Poveira”: 1934 - 18 e 25 de Agosto e 1 de Setembro; Entre 25 de Setembro de 1936 e 29 de Agosto de 1953 não foi publicada qualquer crónica nestes dois jornais poveiros sob o pseudónimo “Poveiro Adventício”. Seguiram-se 3 crónicas intituladas “Crónica da Praia”: 1953 - 29 de Agosto, 8 e 12 de Setembro: 1954 – uma crónica intitulada “Parabéns”, em 9 de Janeiro, no 50º. Aniversário de O Comércio da Póvoa de Varzim. Para além destas, teve presença considerável nas colunas dos jornais regionais e nacionais: O Século, Mundo, Primeiro de Janeiro, Capital, Diário de Lisboa, Diário Liberal, Democracia do Sul, A Montanha, entre outros. Alfredo Pinto na Imprensa Local Catálogo elaborado pela Biblioteca Municipal Rocha Peixoto para as Comemorações do 1º Centenário da República em Murça. Os conteúdos estão disponíveis em http://ww.cm-pvarzim.pt/biblioteca. Ficha Técnica | Coordenação editorial: Manuel Costa | Pesquisa documental: Lurdes Adriano e Ana Costa | Grafismo: Hélder Jesus | Abril 2010 POVEIRO ADVENTÍCIO - Velvedere. O Progresso. Póvoa de Varzim: F.F. Cadilhe, Ano 5, nº 6 (20 Ago 1927), p. 1. POVEIRO ADVENTÍCIO - Lisboa à Pena. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 24, nº 46 (17 Nov 1927), p. 1. 1 ALFREDO PINTO [1881-1956] Destaque bio-bibliográfico Publicista e jornalista nascido em Murça. Serviu a I República como chefe de gabinete de vários ministérios, tendo exercido o cargo, pioneiro, de Provedor da Assistência Pública. Em 1913 foi eleito vereador da Câmara Municipal de Lisboa e, em 1925, nomeado director do Instituto Nacional do Trabalho. No âmbito destas funções desenvolveu uma meritória acção de defesa dos interesses e do prestígio das instituições de previdência e mutualismo existentes em Portugal, como aconteceu com a Associação Mutualista da Póvoa de Varzim e, mais tarde, com a Beneficente e a Fúnebre Familiar. Em 1933, a convite do jornal “O Século”, elaborou a História do Mutualismo em Portugal, conferência realizada na Associação Comercial da Póvoa de Varzim e logo reproduzida na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Escreveu para a “Revista de Portugal Económico, Monumental e Artístico” um notável ensaio monográfico sobre a história da sua terra natal. Da sua intensa actividade cívica e associativa destaca-se a organização, no Porto, do I Congresso dos Empregados do Comércio, em 1901 e a intervenção negociadora que o distinguiu na “grave crise de trabalho dos marítimos do porto de Lisboa”, ocorrida 1916 no auge, directamente consequencial, da I Grande Guerra (1914-1918). O seu relacionamento com a nossa terra, já marcado, com toda a certeza, na tradicional predilecção transmontana pela “Póvoa do Mar”, emerge, ademais, em alguns dos momentos importantes da sua biografia como político e jornalista. Sob o seu pseudónimo de “Poveiro Adventício” escreveu “formosíssimas” crónicas para “O Primeiro de Janeiro” e “O Comércio da Póvoa de Varzim”, evocando a vida balnear da Praia Poveira. “Podia apelidar-se muito bem de Poveiro de coração lê-se no artigo necrológico de “O Comércio...” - Se o não era pelo nascimento, mostrou-o sempre na afeição e na amizade que dedicava à Póvoa que nós, poveiros, nos habituamos a considerá-lo como um dos nossos.” Santos Graça, amigo e correlegionário, traça-lhe o perfil filantrópico e acresce um dado novo ao seu poveirismo: A Alfredo Pinto se ficou a dever a concessão de cinquenta por cento de desconto nas passagens dos poveiros para África, arrancada por sua patriótica insistência, junto das duas principais companhias de navegação da época: a “Colonial” e a “Nacional”. Corolário desta paixão pela Póvoa, foi a sua decisão testamental de doar à nossa Biblioteca Municipal um valioso espólio bibliográfico, constituído por livros e revistas, de inegável valia para a história do período republicano, a maioria dos quais, se encontram amplamente anotados pelo seu punho e onde ainda é possível detectar uma intenção crítica, muito pessoal, sobre os homens e os acontecimentos do seu tempo. Comissão Municipal de Toponímia - Toponímia: Pareceres do Grupo de Trabalho. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal, 1997. Acessível na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.

folheto alfredo pinto - Póvoa de Varzimww.cm-pvarzim.pt/biblioteca/download/folheto_alfredo_pinto_web.pdf · tendo exercido o cargo, pioneiro, de Provedor da Assistência Pública

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A actividade de Alfredo Pinto como cronista nos jornais da Póvoa de Varzim iniciou-se em 1924.

As primeiras 15 crónicas, intituladas “Belvedere”, foram publicadas em O Progresso: 1924 - 24 e 31 de Agosto; 7, 21 e 28 de Setembro; 1925 - 9 de Agosto; 6, 13 e 20 de Setembro; 1927 - 20 e 27 de Agosto; 3, 10, 17 e 24 de Setembro.

Seguiram-se as crónicas publicadas no jornal O Comércio da Póvoa de Varzim: 1927 - uma crónica intitulada “Lisboa à pena” em 17 de Novembro;

18 intituladas “Carta de Lisboa”: 1928 - 5 e 14 de Abril; 1929 – 31 de Janeiro, 7 de Fevereiro, 2 de Maio, 18 e 25 de Julho, 3 e 17 de Outubro e 7 de Novembro; 1930 - 1 de Maio, 26 de Junho, 10 e 17 de Julho, 14 e 28 de Agosto e 4 de Setembro; 1936 - 25 Setembro;

3 intituladas “Crónica Poveira”: 1934 - 18 e 25 de Agosto e 1 de Setembro;

Entre 25 de Setembro de 1936 e 29 de Agosto de 1953 não foi publicada qualquer crónica nestes dois jornais poveiros sob o pseudónimo “Poveiro Adventício”.

Seguiram-se 3 crónicas intituladas “Crónica da Praia”: 1953 - 29 de Agosto, 8 e 12 de Setembro: 1954 – uma crónica intitulada “Parabéns”, em 9 de Janeiro, no 50º. Aniversário de O Comércio da Póvoa de Varzim.

Para além destas, teve presença considerável nas colunas dos jornais regionais e nacionais: O Século, Mundo, Primeiro de Janeiro, Capital, Diário de Lisboa, Diário Liberal, Democracia do Sul, A Montanha, entre outros.

Alfredo Pinto na Imprensa Local

Catálogo elaborado pela Biblioteca Municipal Rocha Peixoto para as Comemorações do 1º Centenário da República em Murça. Os conteúdos estão disponíveis em http://ww.cm-pvarzim.pt/biblioteca. Ficha Técnica | Coordenação editorial: Manuel Costa | Pesquisa documental: Lurdes Adriano e Ana Costa | Grafismo: Hélder Jesus | Abril 2010

POVEIRO ADVENTÍCIO - Velvedere. O Progresso. Póvoa de Varzim: F.F. Cadilhe, Ano 5, nº 6 (20 Ago 1927), p. 1.

POVEIRO ADVENTÍCIO - Lisboa à Pena. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 24, nº 46 (17 Nov 1927), p. 1.

1

ALFREDO PINTO [1881-1956]

Destaque bio-bibliográfico

Publicista e jornalista nascido em Murça. Serviu a I República como chefe de gabinete de vários ministérios, tendo exercido o cargo, pioneiro, de Provedor da Assistência Pública. Em 1913 foi eleito vereador da Câmara Municipal de Lisboa e, em 1925, nomeado director do Instituto Nacional do Trabalho. No âmbito destas funções desenvolveu uma meritória acção de defesa dos interesses e do prestígio das instituições de previdência e mutualismo existentes em Portugal, como aconteceu com a Associação Mutualista da Póvoa de Varzim e, mais tarde, com a Beneficente e a Fúnebre Familiar.

Em 1933, a convite do jornal “O Século”, elaborou a História do Mutualismo em Portugal, conferência realizada na Associação Comercial da Póvoa de Varzim e logo reproduzida na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Escreveu para a “Revista de Portugal Económico, Monumental e Artístico” um notável ensaio monográfico sobre a história da sua terra natal.

Da sua intensa actividade cívica e associativa destaca-se a organização, no Porto, do I Congresso dos Empregados do Comércio, em 1901 e a intervenção negociadora que o distinguiu na “grave crise de trabalho dos marítimos do porto de Lisboa”, ocorrida 1916 no auge, directamente consequencial, da I Grande Guerra (1914-1918).

O seu relacionamento com a nossa terra, já marcado, com toda a certeza, na tradicional predilecção transmontana pela “Póvoa do Mar”, emerge, ademais, em alguns dos momentos importantes da sua biografia como político e jornalista. Sob o seu pseudónimo de “Poveiro Adventício” escreveu “formosíssimas” crónicas para “O Primeiro de Janeiro” e “O Comércio da Póvoa de Varzim”, evocando a vida balnear da Praia Poveira.

“Podia apelidar-se muito bem de Poveiro de coração – lê-se no artigo necrológico de “O Comércio...” - Se o não era pelo nascimento, mostrou-o sempre na afeição e na amizade que dedicava à Póvoa que nós, poveiros, nos habituamos a considerá-lo como um dos nossos.”

Santos Graça, amigo e correlegionário, traça-lhe o perfil filantrópico e acresce um dado novo ao seu poveirismo:

A Alfredo Pinto se ficou a dever a concessão de cinquenta por cento de desconto nas passagens dos poveiros para África, arrancada por sua patriótica insistência, junto das duas principais companhias de navegação da época: a “Colonial” e a “Nacional”.

Corolário desta paixão pela Póvoa, foi a sua decisão testamental de doar à nossa Biblioteca Municipal um valioso espólio bibliográfico, constituído por livros e revistas, de inegável valia para a história do período republicano, a maioria dos quais, se encontram amplamente anotados pelo seu punho e onde ainda é possível detectar uma intenção crítica, muito pessoal, sobre os homens e os acontecimentos do seu tempo.

Comissão Municipal de Toponímia - Toponímia: Pareceres do Grupo de Trabalho. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal, 1997. Acessível na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.

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Biblioteca Particular de Alfredo Pinto

Alfredo Pinto doou à Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim a sua biblioteca particular. Essa doação concretizou-se em Agosto de 1960, por intermédio da sua esposa, D. Ester Camila de Carvalho Pinto. Não existindo o inventário da oferta, que há largos anos estava integrada no nosso depósito, procurámos localizar as obras possíveis de identificar. Os critérios aplicados para a identificação das obras foram as informações disponíveis na imprensa local aquando da entrega dos livros pela viúva, onde era referido, por exemplo, o facto de algumas das obras conterem anotações escritas pelo punho de Alfredo Pinto e alguns dos nomes dos autores. Se nalguns casos a selecção foi inequívoca, mercê do facto das obras estarem autografadas ou terem dedicatórias dos respectivos autores, a ele dirigidas, noutros tornou-se mais difícil por apenas terem anotações laterais e alguns sublinhados. Até ao momento, foi possível identificar 179 volumes (livros e revistas), com destaque para as obras de temática republicana. Embora todo o acervo estivesse previamente catalogado informaticamente, os registos foram revistos e actualizados em termos de notas de conteúdo e cotas. Foi efectuada a digitalização das capas e das dedicatórias, informações que estão disponíveis no sítio da Biblioteca Municipal.

Após a limpeza e acondicionamento das obras, foi criada a Biblioteca “Alfredo Pinto” na secção dos espólios e bibliotecas particulares.

Biblioteca Municipal. Ala-Arriba. Póvoa de Varzim: Acácio Gomes Barroso, Ano XXVI, nº 435 (27 Agosto 1960), p. 1.

Depósito da Biblioteca Municipal. Foto de Daniel Curval.

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Mutualismo

Quando há muitos anos me devotei à defeza da Póvoa de Varzim, onde entrei pela mão honrada de um amigo que é um irmão, fi-lo depois de verificar uma vez mais a verdade dos que afirmam que o mar exerce um salutar influxo nos povos que se formam e vivem junto dele. Desde então, um pouco também pelo carinho como aqui fui recebido, a minha acção em prol desta terra, dos seus legítimos interesses, das suas aspirações nobres, nunca deixou de ser continua, persistente e por vezes, eficaz. A Casa dos Pescadores, o Hospital da Misericórdia, a Mutualidade Povoense e outras instituições de previdência e assistência da vila e do concelho, conhecem e atestam a eficiência, embora modesta da minha acção desinteressada. Muitos poveiros, alguns do maior relevo entre os valores sociais da Póvoa, também podem testemunhar como tenho zelado e defendido os direitos de todos, quando eles se apresentam, como sempre tem sucedido até hoje, numa honrosa e justa base legal. Os próprios pescadores, os heróicos e esforçados fundadores deste admirável e poderoso […] do nosso litoral, igualmente podem comprovar como me não poupo na lucia em prol das suas aspirações, quer se trate de defender a necessidade do meu Porto d’Abrigo, a maior e mais transcendente de todas, quer da sua colocação na Africa Oriental, que está sendo de há tempo a esta parte o refúgio ou o derivativo da sua grande miséria. Finalmente toda a Póvoa sabe que a procuro servir o melhor que sei e posso, com isenção absoluta e sem preconceitos sectaristas de qualquer espécie. Alfredo Pinto. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 27, nº 37 (25 Set 1930), p. 2.

A Igreja da Misericórdia e o Hospital da Misericórdia da Póvoa de Varzim. Postais do tempo que passa: Postal nº68: Ed. Loja do Sol - Anos 50. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, (3 Abril 2003), p. 5.

Semana do Mutualismo. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 30, nº 4 (28 Jan 1933), p. 2.

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Emigração poveira

POVEIRO ADVENTÍCIO - Carta de Lisboa. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 26, nº 30 (25 Jul 1929), p. 2.

POVEIRO ADVENTÍCIO - Crónica Poveira. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, (25 Ago 1934), p. 4.

A companha de pescadores poveiros chegada à Beira (Moçambique) em 12 de Dezembro de 1931. In: GONÇALVES, Flávio - Os pescadores poveiros em Angola e Moçambique.

Póvoa de Varzim: Boletim Cultural. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal, Vol. VI, nº2 (1967), p. 307.

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Biblioteca Republicana de Alfredo Pinto

A Biblioteca Particular de Alfredo Pinto engloba

várias áreas do saber desde: Política, Literatura,

História das localidades e História de Portugal, com

destaque para a temática republicana.

Apresenta-se uma selecção de livros da Biblioteca

Particular de Alfredo Pinto.

Dedicatória inserta in: LOPES, Artur Ribeiro – Histoire de la République Portugaise. Paris: Les Oeuvres Françaises, [s.d.]. 234 p.

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Memórias da Póvoa de Varzim

Sempre que entro na Póvoa, tenho a grata sensação de visitar um solar amigo onde todos os que nele vivem acorrem, em alegre alvoroço, a oferecer-me agasalho tranquilo e romançoso. Dou-me até, pela efusão do acolhimento, à doce ilusão de julgar-me filho pródigo na hora feliz do regresso à casa dos meus maiores. E tudo me encanta! A firmeza das boas e generosas amizades que tive a ventura de, há longos anos já, criar nesta adorável terra e a pulcra garridice de que ela, incessantemente, se reveste para atrair e prender, cada vez mais, gentes de outras regiões. Este encantamento é apenas quebrado na hora recolhida em que penso nos muitos amigos desaparecidos. E são tantos já aqueles que a hedionda Parca roubou à nossa convivência! [...] No rápido passeio matinal que ontem dei pela praia, pude rever algumas caras amigas que em tempo me deram assunto para desenfastiadas e inofensivas crónicas poveiras. Algumas aparecem-me mais sisudas, embora nada tenham perdido da sua beleza, outras denunciam nos seus vincos a maldade do tempo que não perdoa a quanto se faça sem a sua colaboração e apraz em demonstrar que decorre incessantemente. Lobriguei por exemplo S. G., rodeado de netos, muito garrulos, a desmentir os 39 anos em que ele há uma vintena anda a fixar a idade que tem. Cumprimentei também aquele excelente V. d’A., de Braga, ao lado de uma interessante senhora, sua mulher, que empurrava alegremente um carrinho de bebé… Vi ainda a senhora A E C, do Porto, que em solteira

atraía as atenções gerais pela sua distinção e galanteria e hoje faz a felicidade do lar do meu amigo M. C., revendo-se em dois lindos bambinos, que os acompanham saltitantes. – Se me detenho mais longamente na Avenida dos Banhos haviam de surgir mais caras conhecidas a demonstrar-me que também eu – ai de mim! – já não posso, como o meu querido amigo S. G., ser acreditado nos 40 anos em que, para uso externo, persisto fixar a minha idade. Refugiei-me no Chinês, onde me acantonei, para não ser visto e ver alguma coisa. Mal transpus aquele recinto de oriental decoração veio até mim o velho propugnador dos interesses do Douro, o grande advogado Ant. de Carv. O mesmo espírito juvenil dos áureos tempos em que o fogoso tribuno descia da ancantilada região transmontana até ao Porto e Lisboa, para defender a Democracia e a República. Quando se nos deparam homens da envergadura deste rapaz de 70 anos, sente-se um invencível desdém por certos meninos que proclamando ser esta a hora dos novos, menosprezam os homens de saber da experiência feita, confundindo, lamentavelmente, novos com garotos. – Quando começava a «embalar», para maior tirada, vem o implacável Agonia Frasco dizer-me com ar agridoce: Termine! termine… Seja feita a sua vontade. POVEIRO ADVENTÍCIO - Crónica Poveira. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, Ano 31, nº31 (18 Agosto 1934), p. 4.

Postais do tempo que passa: Postal nº117: Ed. Loja do Sol - 1953/54. O Comércio da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: OCPV, (6 Maio 2004), p. 5.

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Homenagem