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dIPQ, folitécnico 1 daiGuarda PoIy[echnic of Guarda RELATÓRIO DE ESTÁGIO Licenciatura em Farmácia Relatório Profissional 1 Sylvie Gomes da Silva junho 12015

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dIPQ, folitécnico1 daiGuardaPoIy[echnicof Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Farmácia

Relatório Profissional 1

Sylvie Gomes da Silva

junho 12015

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Relatório de Estágio Profissional II

_____________________________________________________________________________

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

Instituto Politécnico da Guarda

CURSO FARMÁCIA – 1º CICLO

4º ANO / 2º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Junho / 2015

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Relatório de Estágio Profissional

_____________________________________________________________________________

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

Instituto Politécnico da Guarda

CURSO FARMÁCIA – 1º CICLO

4º ANO / 2º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

SYLVIE GOMES DA SILVA

SUPERVISOR NO LOCAL DE ESTÁGIO: DRA. PATRICIA FLORIDO

DRA.ROSA CERVEIRA

DOCENTE ORIENTADOR: FÁTIMA ROQUE

Junho / 2015

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a toda a equipa da empresa de industria farmacêutica

onde estagiei, bem como à minha supervisora Patrícia Flórido pelo apoio prestado

e principalmente por todos os conhecimentos que me transmitiram.

Por outro lado, gostaria de agradecer à docente Fátima Roque, por me ter

proporcionado a oportunidade de realizar este estágio, bem como à minha

orientadora Dra.Rosa Cerveira.

Gostaria ainda de agradecer a toda a equipa da Farmácia Nova de Águeda,

bem como a toda equipa do Centro Social e Cultural da Nossa Senhora do Ó de

Aguim pelo apoio prestado e principalmente por todos os conhecimentos que me

transmitiram.

Por fim, gostava ainda de agradecer a todos os que me auxiliaram a chegar

a esta etapa, ao fim deste ciclo de estudos, nomeadamente a amigos, professores

e família.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3

CAPITULO I – ESTÁGIO EM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA .................................................. 4

1. NORMAS E DIRETRIZES .......................................................................................................... 4

1.1 ESPAÇO FÍSICO .......................................................................................................................... 6

1.2 VESTUÁRIO ................................................................................................................................ 6

1.3 FORMAÇÃO ................................................................................................................................ 7

2. LABORATÓRIO DE CONTROLO DE QUALIDADE ............................................................ 7

3. CIRCUITO DAS AMOSTRAS .................................................................................................... 8

4. CONTROLO DE QUALIDADE DE ÁGUAS PARA INJETAVEIS ....................................... 8

5. MATERIAL DE EMBALAGEM .............................................................................................. 13

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 16

CAPITULO II – ESTÁGIO EM FARMACIA COMUNITÁRIA – ÁREA DEAPOIO A

LARES DE IDOSOS ........................................................................................................................ 17

1. INSTITUIÇÕES DE ESTÁGIO ................................................................................................ 18

1.1 FARMÁCIA NOVA ............................................................................................................. 18

1.2 CENTRO SOCIAL E CULTURAL NOSSA SRA. DO Ó DE AGUIM – LAR .................. 18

2. POPULAÇÃO IDOSA EM PORTUGAL ................................................................................. 19

3. A POPULAÇÃO IDOSA E O MEDICAMENTO .................................................................... 19

4. CIRCUITO DO MEDICAMENTO NO LAR DE IDOSOS .................................................... 20

4.1 PRESCRIÇÃO ............................................................................................................................ 20

4.2 GESTÃO DOS MEDICAMENTOS ........................................................................................... 20

4.2.1 Aquisição ............................................................................................................................. 20

4.2.2 Armazenamento ................................................................................................................. 21

4.2.3 Dispensa .............................................................................................................................. 21

4.3 DISTRIBUIÇÃO ......................................................................................................................... 21

4.4 PREPARAÇÃO .................................................................................................................... 21

4.3 ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................... 22

5. OS PROFISSIONAIS DE FARMÁCIA E OS LARES ........................................................... 22

CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 27

CAPITULO III – VALIDAÇÃO DE PICTOGRAMAS NA POPULAÇÃO IDOSA ................... 28

1. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS ................................................................................ 29

PARTE I – INTERPRETAÇÃO DOS PICTOGRAMAS ................................................................ 29

PARTE II - MORISKY MEDICATION ADHERENCE SCALE ................................................... 38

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2

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 39

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 40

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INTRODUÇÃO

O presente relatório surge na sequência de um estágio realizado no âmbito da unidade

curricular “Estágio Profissional II” no 2º Semestre da licenciatura em Farmácia. Este estágio

foi realizado em indústria farmacêutica e numa farmácia comunitária, com um plano de

atividades mais direcionado para um lar de acolhimento de idosos.

Este tem como objetivos favorecer em contexto real, a integração das aprendizagens que

vão sendo adquiridas ao longo do curso e preparar-me para o contexto das exigências da

sociedade, aplicando os seus conhecimentos científicos e princípios éticos [1].

Os objetivos específicos, na indústria, passam por conhecer o ambiente da indústria

farmacêutica, bem como as possíveis funções realizadas pelos profissionais de farmácia nesta

área. Já na farmácia comunitária passam por conhecer o circuito do medicamento, em farmácia

comunitária e nas instituições de acolhimento de idosos, perceber quais as possíveis atividades

desenvolvidas nestas instituições pelos profissionais de farmácia e assim avaliar a importância

da existência de um técnico de farmácia neste tipo de instituições.

Este estágio contou ainda com uma terceira vertente, cujo tema era a validação de

pictogramas na população idosa. Nesta, houve uma colaboração por parte dos utentes da

instituição de acolhimento de idosos, no sentido de perceber qual o entendimento dos mesmos

em relação a pictogramas, através de um questionário.

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CAPITULO I – ESTÁGIO EM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

O medicamento toma um papel importantíssimo no que diz respeito aos cuidados de

saúde, pelo que gera uma série de atividades em torno deste, que movimenta muitos milhões de

euros, e assim sendo ganha uma enorme relevância, a nível económico.

A produção de medicamentos em Portugal, no ano de 2014, rondou, os 1486,2 milhões

de euros [2].

Em 2012, existiam em Portugal, 122 empresas farmacêuticas [2], sendo que estas

empregavam cerca de 8000 funcionários. Desta forma, o mercado de emprego nesta área releva-

se uma saída profissional para profissionais de farmácia, muito aliciante.

A empresa onde estagiei é uma empresa que se localiza no interior centro de Portugal,

mais especificamente em Campo de Besteiros, sendo que estagiei no laboratório de controlo de

qualidade.

Esta existe desde o início da década de 50 e tem vindo a crescer desde ai. Sendo que

atualmente pertence a uma multinacional alemã extremamente conhecida a nível mundial.

A política desta instituição passa pela qualidade, defesa do ambiente e promoção da

segurança como vetores essenciais da mesma. [3]

1. NORMAS E DIRETRIZES

Com a evolução da humanidade, da medicina e dos próprios medicamentos, também a

necessidade do controlo dos mesmos tem vindo a aumentar. Assim, na década de 60 surge um

controlo da execução do processo de fabrico, no entanto, este era realizado apenas no produto

final, tendo como objetivo somente a redução de custos, revelando-se uma enorme tolerância

no que diz respeito à existência de “defeitos” [5].

Com o despertar das mentalidades face à importância da verificação dos medicamentos,

na década de 90 começou-se a valorizar a intervenção durante o processo de fabrico (IPC – In

Process Control), sendo o seu principal objetivo assegurar o controlo de todo o processo, por

parte de todos os seus intervenientes, com a finalidade de prevenir erros de execução,

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assegurando desta forma, um produto sem defeitos e com a sua máxima qualidade e segurança

[4].

Desta forma, existe uma enorme necessidade de regulamentar estes processos de

verificação e controlo na indústria farmacêutica. É neste sentido que surgem as normas e

diretrizes cujo objetivo é regulamentar, informar e uniformizar todos os procedimentos e

técnicas que intervenham no processo de produção de medicamentos, e que estão

constantemente em atualização. Estas são linhas orientadoras para que se possam adaptar

procedimentos de forma que se obtenham produtos seguros, eficazes e da máxima qualidade.

Estas normas dizem respeito por exemplo aos cuidados com a técnica a utilizar para evitar

contaminações [5].

Em Portugal é a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P., -

INFARMED que regulamenta o fabrico de medicamentos, sendo obrigatório cumprir Good

Manufacture Product Guidelines. As regras que regem os medicamentos na União Europeia

estão resumidas neste documento, através de orientações que garantam as Boas Práticas de

Fabrico (BPF) de medicamentos para uso humano e veterinário. As Boas Práticas de Fabrico

são diretrizes que servem de garantia de qualidade do medicamento, já que garantem que estes

são fabricados em conformidade e controlados em relação aos padrões de qualidade solicitados

pelo uso intencional do medicamento.

Também as International Organization for Standardization (ISO), são normas que tem

como objetivo principal aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos,

nomeadamente no fabrico de medicamentos - ISO 15189 : 2012 Laboratórios médicos -

Requisitos para qualidade e competência [5].

Assim, os documentos aplicáveis na indústria farmacêutica a nível nacional, são:

Farmacopeia Portuguesa;

Boas Práticas de Fabrico;

ISO - International Organization for Standardization;

Farmacopeia Americana (USP);

Farmacopeia Europeia;

Outra Farmacopeia de outro Estado Membro da UE, caso seja necessário; [5]

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1.1 ESPAÇO FÍSICO

Os espaços satisfazem regras específicas, nomeadamente a obrigatoriedade das

superfícies expostas serem lisas, impermeáveis e intactas, não existindo recantos inacessíveis à

limpeza e os rebordos salientes. As prateleiras, armários e equipamento auxiliar são reduzidos

ao mínimo de modo a diminuir a contaminação ou acumulação de partículas ou de

microrganismos e permitir a aplicação repetida de agentes de limpeza e de desinfetantes, se for

caso disso [5].

Além disto, a limpeza é realizada por pessoal com formação para esta tarefa, tendo um

horário específico, procedimentos e técnicas especificas de modo a minimizar o risco de

acidentes ou contaminações [5].

A contaminação do espaço superior é evitada através da vedação de tetos falsos

superiores. Também a posição/instalação dos tubos e condutas e outros sistemas de

abastecimento são instalados de forma a não criar recantos, aberturas e superfícies permeáveis

difíceis de limpar, de modo a evitar mais uma vez a contaminação.

As entradas dos vestiários são concebidas com entradas pressurizadas e utilizados como

barreira física das diversas fases de mudança de vestuário, minimizando, deste modo, a

contaminação microbiana e por partículas do vestuário protetor. As portas pressurizadas de

entrada não abrem simultaneamente [5].

Por último, mas não menos importante, o ar que circula nestes espaços é filtrado[5].

1.2 VESTUÁRIO

O vestuário e equipamento utilizado pelos funcionários é um ponto que também segue

normas especificas e que se encontram regulamentadas, sendo que estas regras são

fundamentais pois esta é a primeira linha de controlo de libertação de contaminantes, partículas

do exterior.

Os funcionários têm locais próprios para se vestir e despir, sendo que tem vestuário próprio

que deve ser resistente limpo, resistente ao atrito e dispersar o mínimo de partículas, sendo que

é disponibilizado pela empresa.

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No equipamento do pessoal consta, uma bata/ “macacão”, touca e sapatos sendo que

estas têm o mínimo de pregas possível, e os botões são substituídos por pequenas molas para

fechar a farda o a fim de evitar o alojamento de partículas e assim a contaminação, por esta via.

A empresa é responsável pela limpeza deste vestuário e é fornecido todos os dias novas

fardas para o trabalho nesta empresa, sendo que o vestuário exterior não deve entrar para lá do

vestiário.

Durante as operações devem ainda ser utilizadas luvas e máscaras, sendo que estas são

descartáveis.

Outras regras importantes, quanto ao vestuário passam pela utilização de cabelo

devidamente atado e barba desfeita, não utilização de acessórios ou maquilhagem, bem como

verniz nas unhas.

1.3 FORMAÇÃO

Nesta empresa o pessoal conta com uma formação continua, no que diz respeito aos seus

métodos de trabalho, mas também no que diz respeito a as regras de higiene e segurança no

trabalho e mais especificamente na indústria farmacêutica.

2. LABORATÓRIO DE CONTROLO DE QUALIDADE

Neste tipo de indústria é de extrema relevância que se realizem processos para o controlo

da qualidade dos produtos, quer das matérias-primas, quer do produto durante a produção, quer

dos produtos finais, já que este controlo permite aumentar a eficácia, segurança e qualidade do

produto.

É neste sentido que surge o laboratório de controlo de qualidade, que neste caso

específico, conta com uma equipa com aproximadamente 18 colaboradores.

Este laboratório está dividido em diferentes áreas, consoante o produto a analisar, sendo

que existe a secção das formas farmacêuticas solidas, a secção de análise de águas, a secção de

análise de matérias-primas, de produtos injetáveis e ainda do material de embalagem.

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3. CIRCUITO DAS AMOSTRAS

Até chegar à fase de controlo de qualidade os produtos percorrem um determinado

percurso, sendo que este depende da sua origem, ou seja, se é um produto acabado, uma matéria-

prima ou material de embalagem.

Quando chega ao armazém é dada entrada dos produtos no sistema e atribuídos lotes

aos mesmos, posteriormente é feita a amostragem dos mesmos para que o laboratório de

controlo de qualidade possa realizar os ensaios específicos para cada material. Esta amostragem

é realizada por funcionários do laboratório que se encontram no armazém de receção dos

produtos.

De seguida, as amostras seguem para o laboratório e são realizados os ensaios a cada

material e caso tenha algum ensaio que não esteja em conformidade com as especificações é

rejeitado pelo controlo de qualidade. Caso esteja tudo em conformidade os materiais seguem

para um local de armazenamento até que seja necessário para a produção.

O laboratório do controlo de qualidade é também responsável pela verificação de

ensaios caso hajam reclamações por parte dos clientes.

4. CONTROLO DE QUALIDADE DE ÁGUAS PARA INJETAVEIS

Durante o estágio tive a oportunidade de ver e realizar os ensaios de controlo de

qualidade realizados a preparações injetáveis.

Preparações injetáveis são soluções, emulsões ou suspensões estéreis. São preparadas

por dissolução, emulsificação ou dispersão das substâncias ativas, e eventualmente de

excipientes, em água para preparações injetáveis, num líquido não aquoso estéril apropriado ou

numa mistura destes dois líquidos [6].

Durante o meu estágio e o pouco tempo que permaneci na secção dos injetáveis foi-me

permitido realizar testes de controlo de qualidade de água esterilizada para preparação

injetáveis. Deste modo, realizei os seguintes ensaios:

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Descrição

Este ensaio consiste em verificar o aspeto da solução visualmente, sendo que água

esterilizada para preparação de injetáveis deve ser um líquido límpido e incolor, segundo as

próprias especificações da farmacopeia portuguesa. Este permite logo à partida verificar se a

preparação contem algum tipo de partículas visíveis, bem como identificar algum problema

com a coloração da mesma, identificando de uma maneira muito geral se existe algum problema

com a solução.

Acidez ou alcalinidade

O ensaio de acidez ou alcanilidade consiste em adicionar 0,05 ml de solução de

vermelho de fenol R a 20ml de amostra de água esterilizada. Caso a solução core de amarelo,

vira para vermelho pela adição de 0,1 ml de hidróxido de sódio 0,01 M. Caso a solução core de

vermelho, vira para amarelo com a adição de 0,15 ml de ácido clorídrico 0,01 M.

Este ensaio permite verificar se a solução tem os parâmetros pretendidos quanto à acidez

e alcalinidade, de forma a perceber se este tipo de produto é compatível com a administração

parentérica.

Condutividade

A condutividade elétrica de uma solução é uma medida da quantidade de carga

transportada pelos iões. Quando a fonte de iões provém de impurezas a condutividade

transforma-se numa medição de pureza. Quando menor a condutividade, mais pura é a solução

[7]. Desta forma, é essencial que se verifique a pureza da água para soluções injetáveis para

avaliar a existência de iões na água no sentido de verificar se pode ser administrado

parentericamente.

A condutividade é medida através do condutivimetro, este deve ser sujeito a um

processo de calibração e a amostra deve ser mantida a uma temperatura de 25 ±1°C. Este ensaio

tem como especificações uma máximo de condutividade de 25 μS·cm-1, para recipientes de

volume igual ou inferior a 10 ml; ou um máximo de 5μS·cm-1, para recipientes de volume

superior a 10 ml.

*Nota: A letra “R” associada a soluções e reagentes diz respeito às concentrações estabelecidas pela

farmacopeia, para cada um dos reagentes.

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Substâncias Redutoras

Para a realização deste ensaio é necessário aquecer à ebulição 100 ml de amostra de

água esterilizada para preparação de injetáveis, com 10 ml de ácido sulfúrico diluído R, depois

juntar 0,2 ml de permanganato de potássio 0,02 M e manter à ebulição durante 5 min. Para que

ensaio seja considerado “conforme” a solução deve ficar levemente corada de róseo.

Cloretos

Este ensaio exige a preparação de uma solução padrão que é preparada também segundo

as normas da farmacopeia, e que serve de comparação para o teste.

Assim, a 10ml de amostra é necessário adicionar 1ml de ácido nítrico diluído R

(preparado segundo a farmacopeia) e 0,2ml de solução de nitrato de prata R2. Depois de

misturada a solução não deve apresentar qualquer tipo de alteração durante pelo menos

15minutos, comparada com a solução padrão sujeita às mesmas condições. Este ensaio tem

como especificação um máximo de 0,5 ppm por 100ml de amostra.

Nitratos

Este ensaio consiste em mergulhar um tubo de ensaio mergulhado em água com gelo e

introduzir 5ml de amostra, adicionando 0,4ml de solução de cloreto de potássio R a 100g/L,

0,1ml solução de difenilamina R e, gota a gota, 5ml de ácido sulfúrico isento de azoto R,

realizando o mesmo processo utilizando, em vez da amostra, 4,5ml de agua isenta de nitrato R

+ 0,5ml de solução padrão a 2ppm de nitrato R. De seguida, colocar esta solução num banho

de agua aquecida a 50°C durante 15minutos. Após este espaço de tempo a solução, caso

apresente coloração azul, esta não devera ser mais intensa que a da solução padrão. Este ensaio

tem como especificação um máximo de 0,2 ppm.

A toxicidade dos nitratos é principalmente atribuível à sua redução a nitrito e o maior

efeito biológico dos nitritos em humanos. Os nitritos podem formar nitrosaminas que são

cancerígenas.

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Sulfatos

O sulfato tem uma função importante nos mecanismos de controlo hormonal e na

eliminação de desperdícios tóxicos do corpo. Assim pode provocar problemas diversos a níveis

hormonais e a nível do sistema excretor. No entanto, por outro lado, o excesso de sulfatos no

organismo poderá induzir à desidratação do organismo, pelo que é necessário deduzir a

quantidade destes minerais existentes nos injetáveis.

Para o realizar é necessário adicionar 0,1ml de ácido clorídrico diluído R e 0,1ml de

solução de cloreto de bário R1 a 10ml de amostra. Ao fim de pelo menos uma hora, esta não

deve apresentar qualquer tipo de alterações.

Amónia

A realização deste ensaio consiste em adicionar a 20ml de amostra 1ml de solução

alcalina de tetraiodomercurato de potássio R. Após 5 minutos a solução não deve ser mais

corada que a solução padrão (4ml de solução a 1ppm de amónia+ 16ml de água isenta de amónia

R) expostas às mesmas condições.

A amónia é uma molécula que participa em várias situações metabólicas do organismo,

pelo que oscilações nas concentrações da mesma poderão vir a trazer distúrbios no

funcionamento do sistema nervos central [9].

Assim sendo, é da maior relevância que se verifique se as concentrações deste ião são

as especificadas pela farmacopeia.

Cálcio e Magnésio

A 100ml de amostra dever-se-á juntar 2ml de solução tampão de cloreto de amónia de

pH 10,0 R e 50mg de mistura composta de mordente negro 11 R e 0,5 ml de edetato de sódio

0,01M. A solução deverá apresentar uma coloração forte azul.

Considera-se hipercalcemia quando existe uma concentração de cálcio no sangue

superior a 10,5 mg por decilitro de sangue, esta pode induzir a inicialmente a sintomas iniciais

da hipercalcemia como, prisão de ventre, perda de apetite, náuseas, vómitos e dor abdominal e

em casos mais graves a confusão, alteração das emoções, delírio, alucinações, fraqueza e

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coma[10]. Assim a concentração deste mineral na água para preparação de injetáveis é

fundamental para evitar disfunções ao nível das concentrações de cálcio.

Por sua vez a hipermagnesemia pode conduzir a debilidade, hipotensão arterial e

dificuldade respiratória, revelando se da mesma forma essencial a verificação dos injetáveis

quanto a este parâmetro [10].

Resíduo de evaporação

Para um volume igual ou inferior a 10ml não deverá exceder as 4mg ou 3mg para

volumes superiores a 10ml, após levar a evaporar à secura 100ml de amostra em banho de água

e secar o resíduo numa estufa a 100-105°C.

Contaminação por partículas: partículas não visíveis

Para a realização deste teste recorre-se a um equipamento específico, que através da

interceção de um raio luminoso permite a determinação automática do tamanho das partículas

e o número destas por tamanhos.

Para tal, o aparelho é calibrado com substâncias de referência que consistem em

dispersões de partículas esféricas, de tamanho conhecido e compreendido entre 10 e 25 μm, em

água isenta de partículas [5].

Esterilidade e Endotoxinas

Estes dois ensaios são da responsabilidade da unidade de microbiologia, pelo que não

me foi permitido realiza-los.

Volume extraível

Este ensaio consiste na medição do volume que se encontra dentro dos recipientes de

modo a garantir que, aquando a utilização do medicamento, neste caso a água para preparações

de injetáveis, é dispensada pela embalagem o volume necessário para tratamento do utente,

neste caso específico, para a constituir os medicamentos injetáveis.

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5. MATERIAL DE EMBALAGEM

Durante a maioria do meu estágio, estive no departamento do controlo de qualidade do

material de embalagem.

No departamento do controlo de qualidade de material de embalagem são analisados

todos os materiais de embalagem primários (que estão em contacto com o medicamento) e

secundários utilizados na empresa. Sendo que, em muitos casos os ensaios são semelhantes, no

entanto, existem ensaios específicos para alguns materiais como demonstra a seguinte tabela.

Material Ensaios

Caixas de Cartão

Impressas Descrição

Colagem

Dimensões

Cortes e Vincos

Cores

Distribuição das cores

Sentido da fibra

Texto

Zona de Impressão/ Impressão/ Local da Zona de Impressão

Cortes e Vincos

Pharmacode e Código de Barras

Braille

Rótulos Descrição

Colagem

Dimensões

Diâmetro externo do rolo

Diâmetro do mandril

Cores

Distribuição das cores

Distância entre rótulos

Texto

Impressão

Sentido de enrolamento

Pharmacode

Luminescência

Alumínio Impresso Descrição

Dimensões

Cores e distribuição

Espessura

Diâmetro do mandril

Diâmetro externo do rolo

Texto

Impressão

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Sentido de enrolamento

Literaturas Descrição

Dimensões

Dobragem

Texto

Impressão

Cores e Distribuição

Código de barras e Pharmacode

Bisnagas de

Alumínio Descrição

Dimensões

Esterilidade

Cores e distribuição

Texto

Impressão

Pharmacode e Código de Barras

Frascos de plástico

impressos Descrição

Dimensões

Cores

Distribuição das cores

Texto

Impressão

Pharmacode

Capacidade

Rolhas Descrição

Dimensões

Analise Química

Contagem de partículas

Uniformidade de massa

Esterilidade

Endotoxinas

Frascos Descrição

Capacidade

Peso médio

Dimensões – altura e diâmetro

Resistência hidrolítica

Ampolas Descrição

Dimensões

Cor dos anéis

Teste de quebra

Resistência hidrolítica

Adesividade da tinta

Força de quebra

Alumínio não

impresso Descrição

Dimensões

Diâmetro do mandril

Diâmetro externo do rolo

Prova de integridade

Capselas de frascos Descrição

Dimensões

PE Descrição

Identificação

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PVC/PVDC

Descrição

Identificação

Diâmetro externo do rolo

Diâmetro do mandril

Estes ensaios são da extrema importância para a empresa, uma vez que permitem

assegurar a qualidade do produto final, e desta forma também a sua segurança. Por outro lado,

tendo em conta que o material de embalagem é também o ponto mais visível do produto leva

os consumidores a inferir, ainda que inconscientemente muitas vezes, sobre a qualidade do

produto e da própria empresa. Apenas a título de exemplo, se um medicamento chega ao utente

com a caixa rasgada ou com uma impressão que não é a melhor, esses aspetos dão ao cliente

uma má impressão do produto e da própria empresa.

Assim como, caso o material de embalagem não esteja de acordo com as especificações

pode levar a erros de medicação. Um dos melhores exemplos que consigo encontrar neste

sentido, prende-se com um erro que ocorreu na empresa onde estagiei com o controlo de

ampolas para injetáveis. Cada cor dos anéis das ampolas refere-se a um produto diferente, no

caso especifico a cor azul-amarelo correspondia a um produto enquanto que a cor amarelo-azul

correspondia a outro, tal não foi verificado pelas responsáveis do material de embalagem

aquando o controlo das ampolas. Assim sendo, poderia haver uma confusão entre os produtos

aquando a administração ao doente, pelo que a fim de evitar este tipo de erros a empresa teve

de rejeitar todas as ampolas já cheias, resultando dai um enorme prejuízo para a empresa.

Por outro lado, caso o acondicionamento dos materiais não seja bem realizado estes

poderão perder as suas características, de modo que se torna essencial verificá-los.

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CONCLUSÃO

A indústria farmacêutica tem vindo a sofrer uma grande evolução, bem como as

exigências a ela afetas, pelo que o controlo de qualidade nesta indústria se revela da extrema

importância para a mesma.

O controlo de qualidade de todos os produtos, matérias-primas e processos, tem como

finalidade garantir a eficácia, segurança e qualidade dos produtos finais que chegam ao utente,

sendo que este tipo de indústria tem que ter uma especial atenção a estas questões, já que o

medicamento é um elemento fundamental no que toca à qualidade de vida de quem o toma,

podendo ser letal para os mesmo, se não for devidamente controlado.

Por outro lado, este controlo permite às empresas melhorar ou manter a sua imagem

perante os consumidores, e desta forma afirmar-se no mercado.

Este estágio permitiu-me entender todos os processos que estão por trás das boas

práticas de fabrico de medicamentos bem como, reconhecer a extrema importância destes

processos. Permitiu-me ainda averiguar quais as funções dos profissionais de farmácia, como

farmacêuticos e técnicos de farmácia, podem desenvolver neste tipo de indústria.

Ainda que este estágio tenha ficado um pouco aquém das minhas espectativas, no

sentido que esperava estar mais em contacto com medicamentos, o que não se verificou já que

estive muito mais tempo na parte de controlo de qualidade de embalagens, gostei muito de

conhecer o mundo da indústria farmacêutica e todos os processos desta. Sendo que o meu

principal objetivo, que era conhecer o circuito do medicamento dentro da indústria foi atingido.

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CAPITULO II – ESTÁGIO EM FARMACIA COMUNITÁRIA – ÁREA DEAPOIO A

LARES DE IDOSOS

Hoje em dia o aumento continuado da esperança média de vida, a redução da

mortalidade infantil, o aumento da emigração, a queda acentuada da fecundidade provocaram

um crescente envelhecimento da população.

Segundo previsões do Instituto Nacional de Estatística, estima-se que em 2060 a

população com 65 ou mais anos residente em Portugal aumentará, atingindo 3.344 milhões [11].

Por outro lado, o envelhecimento da população é um fenómeno demográfico mas

também social, no entanto, a sociedade nem sempre tem conseguido encontrar as respostas mais

adequadas às questões que se impõem.

Com a idade, as questões de saúde, vão ganhando maior importância contudo a geriatria

é ainda uma área pouco explorada e nem sempre os profissionais de saúde estão sensibilizados

para as particularidades desta população sendo que este desconhecimento pode ser responsável

pela diminuição da qualidade de vida dos idosos.

Neste contexto, surgiram os lares de idosos como unidades de prestação serviços, sendo

que a institucionalização dos idosos é de certa forma, uma característica que os diferencia dos

restantes idosos que vivem em comunidade.

Estas instituições são responsáveis pela prestação de cuidados de saúde aos seus utentes.

Os medicamentos, como produto importante para a melhoria da saúde das pessoas, necessita de

cuidados e de um circuito especial, que deverá ser semelhante ao circuito que ocorre nos

hospitais [12].

É esse circuito que se pretende entender com este estágio e explicar no presente capítulo,

bem como a importância do profissional de farmácia, no mesmo.

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1. INSTITUIÇÕES DE ESTÁGIO

Como já foi referido, este estágio foi realizado na Farmácia Nova em Águeda com um

plano de atividades mais direcionado para o Centro Social e Cultural Nossa Sra., do Ó de Aguim

e para o circuito do medicamento realizado entre estas duas instituições.

1.1 FARMÁCIA NOVA

Em 1948 é inaugurada a Farmácia Nova, tendo sido inicialmente sediada em Sangalhos,

concelho de Anadia, sendo transferida em Agosto do mesmo ano, para o local atual, Águeda.

Os seus atuais proprietários trabalham na farmácia desde 1989, sendo proprietários da

mesma desde 1991, o que lhes confere um elevado conhecimento que disponibilizam

diariamente no atendimento ao utente.

Além dos proprietários a Farmácia Nova conta com uma equipa de profissionais

altamente qualificados, dotados de competências técnicas e humanas fundamentais para

satisfazer as necessidades dos seus utentes.

A Farmácia dispõe ainda de equipamentos e tecnologia de forma a garantir a melhor

qualidade e confiança nos serviços prestados [13].

1.2 CENTRO SOCIAL E CULTURAL NOSSA SRA. DO Ó DE AGUIM – LAR

O Centro Social e Cultural Nossa Sra. do Ó de Aguim foi inaugurado em junho de 1995,

sendo uma instituição sem fins lucrativos com sede no lugar de Aguim, concelho de Anadia.

Esta é uma instituição que oferece valências para as crianças e idosos e apoia cerca de 290

utentes (população idosa e infantil).

Com uma área de 4.000m2 dispõe de diversas salas de convívio, quartos com casa de

banho privativa, refeitório, equipamentos de ginástica, gabinete médico, capela e outros espaços

como lavandaria, zona administrativa, entre outros. Dispõe também de espaços exteriores

amplos com jardins e parque infantil [14].

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2. POPULAÇÃO IDOSA EM PORTUGAL

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, a população idosa irá crescer

de 2 033 para 3.344 milhões, entre 2012 e 2060 [11].

Apesar dos problemas de saúde não serem exclusivos da população idosa, é nesta fase

que se verifica maior prevalência de doenças, já que a idade é um fator predisponente para estas

situações [15].

A morbimortalidade nos idosos tem na sua maioria origens em doenças transmissíveis

e de evolução prolongada [16].

Estima-se que cerca de 80% dos idosos têm, pelo menos, uma condição crónica, sendo

que metade destes tem duas ou mais. Com maior prevalência encontram-se a hipertensão (52%),

a artrite (50%), as doenças cardíacas (32%), o cancro (21%), a diabetes (17%), os acidentes

vasculares cerebrais (9%) e a asma (9%). Também muito comum nos idosos são a redução da

função sensorial (dificuldades auditivas e visuais) e ainda a debilidade cognitiva (que atinge

cerca de 13%), que contribuem para a perda de independência e de qualidade de vida [17].

Assim sendo, estas múltiplas patologias levam ao aumento da utilização dos serviços de

saúde e consequentemente a um maior consumo de medicamentos. Em Portugal, segundo um

estudo realizado em 2006 [18], o consumo médio de medicamentos por idoso era de 7,2.

3. A POPULAÇÃO IDOSA E O MEDICAMENTO

O declínio funcional dos sistemas biológicos é um processo decorrente do

envelhecimento, sendo que este acarreta inúmeras alterações fisiológicas, aos mais variados

níveis, que podem comprometer a capacidade de responder a situações de stress fisiológico e a

capacidade de manutenção da homeostasia, e consequentemente aumentar a possibilidade de

ocorrência de morbilidades.

Os sistemas mais afetados e que mais contribuem para a fragilidade do idoso são o

sistema nervoso, sistema cardiovascular e sistema musculosquelético.

Os fenómenos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, são também eles alterados com o

envelhecimento, consequência destas alterações fisiológicas, assim sendo, a resposta aos

fármacos é inevitavelmente diferente da que ocorre em adultos mais jovens. Estas alterações,

juntamente com a escassez de ensaios clínicos que incluam idosos, e a elevada heterogeneidade

que existe entre os mesmos contribui para a complexidade da farmacoterapia no idoso [17, 19].

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4. CIRCUITO DO MEDICAMENTO NO LAR DE IDOSOS

O circuito do medicamento nas instituições de internamento de idosos é muito

semelhante ao circuito que se processa nos hospitais. Sendo que, inicialmente, é necessária a

prescrição de um médico, para posterior aquisição dos medicamentos e respetiva distribuição e

administração dos mesmos aos utentes.

4.1 PRESCRIÇÃO

Esta é uma fase do processo que se realiza no lar. Nesta instituição, existe um médico

que se desloca uma vez por semana à instituição e prescreve a medicação que cada utente

necessita, mediante o seu diagnóstico, sendo por norma este processo realizado à segunda-feira.

Caso hajam consultas de especialidades, os idosos são encaminhados a estas consultas

com o auxílio de técnicas responsáveis por esta tarefa, nomeadamente a gerontóloga.

Se houver prescrições médicas nestas consultas estas, são arquivadas juntamente com as do

médico do lar e enviadas para a farmácia.

As receitas seguem para a farmácia pela mão dos próprios proprietários da farmácia,

normalmente à terça-feira.

4.2 GESTÃO DOS MEDICAMENTOS

Esta fase do processo envolve várias etapas nomeadamente, a aquisição, o

armazenamento e dispensa, e está a cargo da farmácia.

4.2.1 Aquisição

A farmácia está responsável pela aquisição dos medicamentos para o lar, sendo que esta

se processa exatamente da mesma forma que os restantes medicamentos da farmácia, através

de armazenistas ou aos próprios laboratórios. Caso não exista stock de determinado

medicamento na farmácia esta terá de o providenciar o mais rapidamente possível, mais uma

vez através de armazenistas ou de laboratórios.

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4.2.2 Armazenamento

Os medicamentos que têm normalmente stock na farmácia, encontram-se armazenados

juntamente com os restantes medicamentos, caso exista algum pedido de medicamentos

específicos para o lar, esta é imediatamente posta de lado devidamente identificada, para que

não seja dispensada a outros utentes da farmácia.

4.2.3 Dispensa

Quando os pedidos/receitas chegam a farmácia é preparado o pedido dos medicamentos

pelos profissionais da farmácia, sendo que a medicação devidamente identificada com o nome

dos respetivos utentes e fica a crédito para que a situação possa posteriormente ser regularizada.

Ainda na terça-feira este pedido devidamente aviado é entregue no lar.

Caso existam medicamentos “urgentes” e que o médico não tenha passado receita, é

normalmente feito um pedido à farmácia via telefone ou internet, e a farmácia avia o pedido a

fim de colmatar esta necessidade. Neste caso, a farmácia avia o pedido e coloca em venda

suspensa (á espera de receita).

4.3 DISTRIBUIÇÃO

Já na instituição, os medicamentos são devidamente separados em módulos de gavetas

identificadas com o nome de cada utente para que seja facilmente identificado a quem pertence

cada medicamento, para não haver trocas ou erros de medicação.

Nestes módulos, em cada gaveta, existem ainda fichas/tabelas que contêm a posologia

de cada medicamento, para posteriormente serem preparadas as doses para cada momento do

dia (pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e deitar).

4.4 PREPARAÇÃO

Um dia por semana é organizado o carrinho da medicação, por dose unitária, para cada

utente. As pessoas responsáveis por esta tarefa são uma enfermeira e uma gerontóloga. Este

processo realiza-se, por norma, à quinta-feira.

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Desta forma, a medicação é preparada para toda a semana estando separada por utente

e por tomas (pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e deitar), garantindo assim que os utentes

tomam a medicação corretamente e a horas certas.

4.3 ADMINISTRAÇÃO

Todos os dias, antes das refeições, a medicação é colocada em pequenos recipientes

devidamente identificados para que se possa administrar aos utentes. É nesta fase que se

pulverizam os medicamentos para os utentes que não conseguem por motivos de saúde engolir

as formas farmacêuticas orais solidas, como comprimidos e capsulas. Posteriormente, a

administração fica a cargo da gerontóloga, sendo que se esta não estiver disponível são as

auxiliares as responsáveis por administrar os medicamentos aos utentes.

5. OS PROFISSIONAIS DE FARMÁCIA E OS LARES

Os profissionais de farmácia estão incumbidos de prestar “cuidados farmacêuticos” aos

seus utentes, estes cuidados passam pela prática profissional com objetivo de melhorar o

processo de uso de medicamentos, minimizando os resultados negativos que dai advenham.

Desta forma é necessário existir uma dispensa de medicamentos de modo personalizado e

posteriormente um seguimento farmacoterapêutico adequado. Deste seguimento, surgem

inevitavelmente, outras vertentes a trabalhar com os utentes nomeadamente a educação para a

saúde e farmacovigilância, no sentido de promover e contribuir para o uso racional do

medicamento [20].

Como já foi referido anteriormente, o número de idosos institucionalizados é já bastante

avultado em Portugal, e o número de doentes polimedicados nestes locais são também bastante

elevados. Pelo que, se torna relevante a existência de profissionais habilitados para cuidarem

da medicação destes utentes, de um modo devidamente informados. Atualmente, os

profissionais responsáveis pela medicação dos utentes, nestes locais, são normalmente

enfermeiros, gerontólogos ou auxiliares de ação direta, que normalmente se distribuem por

variadas tarefas. Por esta razão o tempo que despendem para cuidar de uma tarefa tão delicada

como esta, nem sempre é necessário.

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É neste sentido que poderá surgir a oportunidade/necessidade de intervenção por parte

dos profissionais de farmácia, sendo que estes poderão ser responsáveis pela medicação em

diversos aspetos, nomeadamente:

1- Gestão dos medicamentos:

A gestão dos medicamentos, é um procedimento que engloba vários processos,

nomeadamente a aquisição, armazenamento e distribuição.

O profissional de farmácia, poderá ser uma mais-valia por exemplo na preparação da

medicação em sistema de dose unitária, uma vez que existem inúmeras vantagens aos mais

variados níveis, nomeadamente, para a instituição, uma vez que se reduz a perda de

medicamentos e proporciona um controlo rigoroso dos medicamentos administrados,

projetando uma imagem de profissionalismo e excelência da entidade. A administração de

medicamentos, segurança, gestão e diminuição de custos poderão ser mais uma vantagem

inerente ao trabalho desenvolvido por estes profissionais. Desta maneira poderá ainda diminui-

se o risco de interações medicamentosas. Ao nível do corpo de enfermagem, também poderá

ser uma mais-valia, já que o tempo com os utentes poderá ser aumentado. Por último, mas não

menos importante para os utentes, uma vez que se gera maior segurança no que diz respeito à

sua medicação e consequentemente à sua recuperação.

2- Avaliação da terapêutica e dos resultados:

Nesta fase, poderão ser detetados erros de medicação que poderiam facilmente passar

ao lado de outros profissionais que não estarão tão sensibilizados para esta problemática,

nomeadamente problemas relativos a: indicações terapêuticas, contraindicações, reações

adversas, interações medicamentosas e problemas de sub e sobredosagem de medicação. Desta

forma o profissional de farmácia, poderá permitir uma farmacovigilancia adequada a este tipo

de faixa etária, bem como proporcionar o uso racional do medicamento.

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A título de exemplo, a seguinte tabela é representativa da medicação administrada a um

utente da instituição onde estagiei, bem como uma pequena avaliação da mesma por mim

realizada.

Neste caso poderíamos inferir alguns dos possíveis problemas de saúde deste utente.

Nomeadamente o Hipotiroidismo (Levotiroxina Sódica), a Doença de Parkinson

(Carbidopa+Levodopa), a existência de colesterol elevado (Fenofibrato), bem como problemas

de circulação (Pentoxifilina e Clopidogrel). Por outro lado, existem vários medicamentos que

atuam no sistema nervoso central, como a mirtazapina e o levetiracetam que nos poderiam levar

a concluir que o utente sofre de um qualquer estado patológico ao nível do foro psicológico.

Ainda que sem conhecer o historial clinico do utente poderíamos ainda evidenciar a

possibilidade de ocorrência de algumas interações medicamentosas, nomeadamente interação

entre o omeprazol e o clopidogrel. Esta interação ocorre já que quando administrados

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simultaneamente existe uma diminuição da conversão do clopidogrel no seu metabolito ativo

por inibição competitiva de uma enzima do complexo do citocromo P450 [22].

Ainda não foi comprovada que as alterações dos marcadores plaquetários observadas

possam ter significado clínico. Ainda assim, esta interação não pode ser menosprezada. Até que

ensaios possam estar disponibilizados, recomenda-se moderação na associação destes

fármacos. Nos doentes com risco gastrointestinal mais baixo, os antagonistas dos recetores H2

(com exceção da cimetidina, por ser metabolizada pelo mesmo citocromo que o clopidogrel)

podem ser uma alternativa [23].

Ainda tendo em conta o clopidogrel, é necessário ter em atenção uma possível interação

quando tomada com a pentoxifilina, já que esta pode levar a hemorragias [24].

Com a presença de um profissional de farmácia no lar, poderia ainda ser incluído um

procedimento que se poderia tornar também bastante relevante, nomeadamente em idosos que

estejam afetos à valência de centro de dia. Este passaria por uma “consulta” com o profissional

de farmácia a fim de o utente, nesta situação, mostrar ao profissional quais os medicamentos

que toma (trazendo por exemplo todas as caixas de medicamentos e receitas) de modo que este

possa preparar a sua medicação numa caixa semanal de forma a prevenir problemas com a toma,

de adesão à terapêutica, duplicação não intencional da medicação (por exemplo através da toma

de medicamentos genéricos e de medicamentos de referencia), reações adversas, medicamentos

fora de prazo de validade e ainda esclarecer o utente sobre alguma questão que este possa ter.

Desta forma, o profissional de farmácia poderia oferecer aos lares e instituições de

idosos importantes melhorias no sistema de gestão de medicamentos adequando as

necessidades a cada tipo de instituição e aos próprios utentes, assumindo desta forma funções

clinicas diferenciadas dos restantes profissionais de saúde integrando uma equipa

multidisciplinar numa colaboração sinérgica com o objetivo de melhorar a qualidade de vida

dos utentes institucionalizados, como já acontece nos Estados Unidos por exemplo.

3- Monitorização clínica

“Avaliar a terapêutica instituída, gerando recomendações fundamentadas na

situação/evolução fisiopatológica do doente” é uma das funções do profissional de farmácia em

âmbito hospitalar [25]. Desta forma o acompanhamento e adaptação da medicação à condição

clinica dos doentes é realizada de forma mais personalizada e eficaz. Posto isto, nas instituições

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de internamento de idosos também este acompanhamento trará benefícios aos utentes e à

própria instituição, permitindo uma melhor qualidade de vida aos utentes e consequentemente

uma melhoria da imagem que é transmitida pela instituição.

4- Avaliação da qualidade da prescrição

A prescrição inapropriada de medicamento a idosos institucionalizados é uma prática

que tem sido demonstrada através de inúmeros estudos. Há mais de 30 anos nos EUA, apurou-

se que o consumo de psicofármacos era demasiado elevado nos lares o que levou à

obrigatoriedade de ter um farmacêutico clínico responsável pela revisão mensal do regime

terapêutico dos idosos institucionalizados. Na Europa, este tipo de intervenções não são comuns

nos lares, onde esta revisão clínica da medicação cabe sobretudo ao médico do lar, existe apenas

a referência que apenas uma minoria dos idosos institucionalizados tem a sua medicação revista

pelo médico de forma regular [26 e 27].

A revisão clínica da medicação feita pelo farmacêutico revelou resultados muito

significativos quanto à redução do número de quedas, uma importante causa de morbilidade

muitas vezes induzida pelo consumo de determinados fármacos [28].

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CONCLUSÃO

As necessidades ao nível de medicação nas instituições de internamento de idosos são

inúmeras.

De uma forma geral, o trabalho do profissional de farmácia nesta área passa por

organizar medicação para o utentes, traçar perfis farmacoterapeuticos a fim de tentar prevenir

tomas erradas, interações medicamentosas, entre outras.

Atendendo à atual conjuntura económica é de entender que seja difícil contratar profissionais

de farmácia para exercerem funções num lar, no entanto, seria, na minha opinião uma mais-

valia ainda que apenas a tempo parcial já que permitiria que os outros profissionais estivessem

mais dedicados ao seu trabalho e que se evitassem erros de medicação, contribuindo assim para

um uso racional do medicamento e consequentemente para uma melhoria da saúde pública e da

qualidade de vida dos próprios utentes.

Neste estágio foi-me permitido atuar em todas as etapas do circuito do medicamento

explicado neste relatório, desde a receção da medicação na farmácia, passando pela preparação

da medicação na farmácia para posterior envio ao lar, pelo armazenamento no lar, pela

preparação dos carrinhos da dose unitária e ainda pela preparação das tomas para posterior

administração. Pelo que, o objetivo de reconhecer o circuito do medicamento entre estas duas

instituições (farmácia e o lar) verificou-se que foi atingido.

Este foi um estágio que me permitiu conhecer de perto a realidade vivida nas instituições

de internamento de idosos, ao mesmo tempo que me permitiu relacionar a minha área de estudo

com esta população tao especifica que é a população idosa o que me deixou bastante satisfeita

e se revelou uma mais valia quer a nível profissional, quer a nível pessoal.

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CAPITULO III – VALIDAÇÃO DE PICTOGRAMAS NA POPULAÇÃO IDOSA

Pictogramas são um símbolo gráfico utilizado para transmitir informações independente

de idiomas. São utilizados para transmitir mensagens específicas e o seu significado deve ser

identificável independentemente da capacidade intelectual ou conhecimento técnico por parte

do observador [29].

A comunicação entre o utente e o profissional de saúde é um elemento fundamental para

a melhoria da saúde dos doentes. Assim sendo é necessário encontrar estratégias para que a

linguagem seja entendida por todos os utentes, independentemente da escolaridade destes

intervenientes. A utilização de imagens para o estabelecimento desta comunicação pode ser

uma mais-valia, uma vez que juntamente com a linguagem verbal, ajudam os utentes a entender

melhor as informações relativas à sua saúde e mais especificamente em relação à terapêutica e

aos medicamentos.

Sendo a população idosa, uma população com maiores dificuldades de linguagem e

compreensão, na medida em que as suas capacidades, nomeadamente, de audição e diálogo

estão muitas vezes comprometidas, os pictogramas ganham uma relevância ainda maior, uma

vez que permitem o reconhecimento das imagens como mensagens específicas.

Prevê-se que até 2060 a população de idosos continue a aumentar atingindo, em

Portugal, os 3.344 milhões nesse ano [30]. A probabilidade de polimedicação em idosos é maior

do que nas restantes faixas etárias, devido às suas limitações de saúde pelo que os medicamentos

assumem um papel de extrema importância na vida dos idosos e assim sendo, é essencial que

os idosos tenham o prefeito entendimento sobre os mesmos. É neste sentido que surge este

questionário, para se perceber como os idosos interpretam as imagens e consequentemente

promover o uso racional do mesmo.

O presente relatório refere-se a um estudo sobre Validação de Pictogramas na População

Idoso, realizado através de inquérito. Neste, é perguntado aos idosos o que as imagens

significam para eles e depois explicado o que era suposto significarem. Por último, os inquiridos

terão de transmitir, numa escala de 1 a 7 até que ponto a imagem se adequa ao seu significado.

O objetivo é, desta forma, determinar quais as imagens que são melhor compreendidas quando

se informam os utentes sobre o medicamento, a sua posologia, precauções e efeitos secundários

associados.

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1. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS

PARTE I – INTERPRETAÇÃO DOS PICTOGRAMAS

Para este estudo foram realizados, por mim, 10 questionários, sendo que foram

realizados a idosos do concelho de Anadia e Mealhada e as suas idades variavam entre 80 e 90

anos. A maioria destes idosos não possuía carta de condução e a sua escolaridade era de 4 anos.

Todos eles estavam institucionalizados, sendo que alguns estavam em centro de dia e

outros internados no lar. Por conseguinte, a medicação na maioria dos casos não era totalmente

preparada por eles, sendo que eram auxiliados ou pelo lar/centro de dia ou por alguns familiares.

Por norma, tomavam sempre mais do que dois medicamentos por dia, rondando sempre os 5 a

8 comprimidos.

De uma maneira geral, os utentes não sabiam exatamente para que serve cada

medicamento, nem as suas patologias exatas, reconhecendo apenas a necessidade de tomar os

medicamentos para o seu bem-estar diariamente. Dos utentes que reconhecem as indicações

terapêuticas dos medicamentos, a sua maioria indicou sofrer de hipertensão arterial. Ainda de

salientar que nos casos em que os idosos revelaram saber as indicações terapêuticas,

reconheceram ainda que diferenciam os medicamentos normalmente pelas cores ou pela própria

caixa.

De uma forma geral, a maioria dos idosos entendeu a finalidade deste

pictograma, revelando ainda que numa escala de entendimento de 1 a 7 este

estaria muito bem classificado, na maioria no 7, já que era bastante

percetível, talvez até um dos mais percetíveis do questionário.

Neste pictograma, bem como o nº18, 20 e 32, a maior dificuldade foi

a distinção entre as formas farmacêuticas, neste caso comprimidos e

cápsulas e a distinção da quantidade a tomar. Foi fácil identificar que seria

Figura 1 - Pictograma nº1 - Indicação: Dor de cabeça;

Figura 2 - Pictograma

nº2 - Dose: 3

comprimidos;

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a toma de medicamentos, no entanto houve essa dificuldade, foi ultrapassada tendo em conta

que depois da explicação da interpretação do pictograma. Na sua grande maioria todos

entenderam a explicação e a relacionaram com a imagem em causa, e na escala de entendimento

foi atribuído o número 7.

Figura 3 - Pictograma nº18 –

Dose: 4cápsulas;

Este foi um dos pictogramas em que os idosos revelaram mais

dificuldades, já que a sua maioria não o entendeu. Muitos reconheceram a

cadeira e a figura de alguém, mas não associaram as tonturas e nem o facto

de demonstrar alguém a levantar-se. Pelo que foi muito difícil para os idosos

identificarem o respetivo significado.

Figura 6 - Pictograma nº 3 - Efeito Secundário: Tonturas ao levantar;

O facto de a figura demonstrar a pessoa que está de costas com uma

mão no pescoço e outra na zona da coluna permitiu aos idosos de uma

maneira relativamente simples chegar à conclusão que seria um pictograma

que continha uma indicação terapêutica, neste caso dor nas costas. Assim, a

escala demonstrou que era relativamente fácil interligar o real significado

do pictograma com aquilo que era interpretado por si próprio.

Este pictograma levantou algumas questões, já que se por um lado

os idosos compreendiam que o desenho era de um galo e um sol, e

conseguiam chegar ao nascer do sol, por outro lado, poucos conseguiam

ligar esse significado com a posologia do medicamento ser realizada de

manhã. Ainda assim, depois de explicado o significado do pictograma eles

revelavam que de facto era lógico para eles. Figura 8 - Pictograma nº5 – Posologia: de manhã;

Figura 4 - Pictograma nº20 -

Dose: 1 cápsula;

Figura 5 - Pictograma nº 32 -

Dose: 2 comprimidos;

Figura 7 - Pictograma nº4 –

Indicação: Dor nas

costas;

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O relógio é um elemento que, de maneira geral, todos os idosos

identificaram, bem como os três comprimidos à sua volta, ainda que nem

todos identificassem a ligação entre estes dois símbolos. Ainda assim, a

quantidade de pessoas que a identificou foi significativa, e na escala de

entendimento, depois de explicado o simbolismo deste pictograma, foi

possível identificar uma grande correlação entre o real significado e o

significado que os inquiridos lhes dão.

Uma das queixas relativamente ao pictograma nº7 e ao nº17, foi o facto de este ser muito

pequeno e por esse motivo, não ser muito percetível. Ainda assim, de forma geral idosos

conseguiram identificar o facto de esta forma farmacêutica, ser utilizada para uso oftálmico, no

entanto não identificaram a quantidade de gotas a utilizar, nem o respetivo olho a aplicar, pelo

que houve muitos idosos que confundiram o pictograma nº7 com o nº17.

Figura 10 - Pictograma nº7 –

Dose e via de administração:

1gota no olho esquerdo;

A figura da mulher grávida é, de maneira geral, facilmente

identificada, por parte dos idosos, mas o facto de ter um sinal de

sentido de proibição em cima não foi reconhecido por parte dos

utentes, pelo que os valores dados na escala de entendimento

rondaram os 4, numa escala de 1 a 7. Na minha opinião, e tendo

em conta a minha perceção diante a comunicação com os idosos

durante a realização dos questionários, talvez uma forma de

ultrapassar esta dificuldade, seria colocar o “sinal de proibido”

Figura 9 - Pictograma

nº6 - Posologia: Tomar

1 comprimido 3 vezes

por dia;

Figura 11 - Pictograma nº17 -

Dose e via de administração:

1gota no olho direito;

Figura 12 - Pictograma nº8 -

Precauções: Não utilizar na

gravidez;

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que se encontra por cima da grávida, a vermelho, já que chamaria

mais a atenção e seria mais

explícito para os idosos. Existiram ainda outros pictogramas que

revelaram algumas questões semelhantes, foram o nº 10 e o nº16,

sendo que mais uma vez foi difícil identificar o “sinal de

proibido” em cima das figuras. No caso do pictograma 10 foi

identificada de forma clara a imagem do bebé, já no caso do

pictograma nº16 outra dificuldade, para alem da já referida, foi

identificar a imagem da pessoa que vai pela mão, como uma

criança, pelo que nestes três pictogramas, na escala de

entendimento, os idosos referiram mais dificuldades em

compreender o significado real da imagem, o que se refletiu em

valores assinalados na escala, mais baixos.

As campainhas são um símbolo bastante representativo do

significado deste pictograma, pelo que os idosos as identificaram facilmente

como fonte de barulho, já que estavam próximas do ouvido, ainda que não

tivessem associado exatamente à palavra “zumbidos”, no entanto depois de

explicado o significado do pictograma, o ligação entre o real significado do

mesmo e a perceção que os idosos tem dele, refletiu-se, na escala de

entendimento, em valores bastante elevados (6 e 7).

Apesar de não ter havido grande dificuldade no entendimento geral deste

pictograma, em algumas pessoas foi um bocadinho mais difícil entender qual

a origem do prurido.

Figura 13 - Pictograma

nº10 - Precauções: Não

deixar ao alcance das

crianças;

Figura 15 - Pictograma

nº16 - Precauções: Não

deixar ao alcance das

crianças;

Figura 16 - Pictograma

nº9 - Efeitos secundários:

Zumbidos;

Figura 17- Pictograma nº11 - Indicação: Comichão/Prurido;

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A via de administração foi relativamente simples de identificar para

a maioria dos inquiridos, no entanto, alguns não associaram à toma de

medicamentos mas sim à refeição. Contudo, depois de explicado o

pictograma, os idosos revelaram que, de facto, a imagem corresponde à

explicação que lhes foi dada, sendo que na escala de translucidez, tal se

revelou numa pontuação maioritariamente entre os 6 e os 7 pontos.

(figura18)

Este pictograma (figura 19) levantou algumas dúvidas, já que, de

maneira geral, os idosos entendiam que a imagem demonstrava alguém

sentado, mas nem todos entendiam que estaria na casa de banho/sanita e

muitos não identificavam as gotas de suor ao esforço/dificuldade em defecar.

Estas dificuldades transpareceram-se na escala de translucidez, num valor

que rondou os 4 pontos.

A indicação do estado febril foi relativamente fácil de identificar

pela maioria dos inquiridos, o que se revelou numa pontuação alta (6 e 7)

na escala de entendimento (figura 20).

Esta imagem (figura 21) revelou-se bastante difícil de entender para

os idosos, de forma geral houve poucos a referirem a explicação correta deste

pictograma, e mesmo depois da explicação a maioria dos inquiridos referiu

que não conseguia identificar o que lhes explicava e revelaram que a imagem

era muito difícil de ver (por ser muito pequena), bem como de entender. Na

escala de translucidez essas dificuldades revelaram-se em pontuações que

rondavam os 2 e os 3 pontos.

Figura 18- Pictograma

nº12 - Dose e via de

administração:

Administração oral;

Figura 19 - Pictograma

nº13 - Indicação:

Obstipação;

Figura 20 - Pictograma nº14 - Indicação: Febre;

Figura 21 - Pictograma

nº15 - Dose e via de

administração:

1supositório de

aplicação retal;

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Este pictograma (figura 22) foi dos mais difíceis de entender por parte

dos idosos, uma vez que a imagem do olho não era de todo identificada, e a

maioria dos inquiridos não compreendia a existência das três letras “A”, que

correspondem à visão turva. Pelo que a pontuação na escala de entendimento

se revelou bastante baixa, entre os 2 e os 3 pontos.

Para a maioria dos idosos inquiridos, este pictograma foi facilmente

entendido, de tal forma que o entendimento se revelou na escala em

pontuações a rondar os 6 e 7 pontos.

O frasco que está representado na imagem, na mão de uma pessoa, foi

relativamente fácil de identificar para os inquiridos, mas nenhum dos

mesmos conseguiu relacioná-lo com o facto de a toma da medicação ser

realizada até o frasco acabar. Pelo que, mesmo depois da explicação os

idosos revelaram que a explicação não era muito fácil de identificar na

imagem, tal revelou, na escala, pontuações a rondar os 3 pontos.

Inicialmente, esta imagem revelou, para os idosos, algumas

dificuldades, já que, a maioria identifica duas pessoas diferentes, sendo uma

“magra” e outra “forte” no entendimento deles. No entanto, depois da

explicação os inquiridos reconheceram de facto a ligação entre a explicação

e o pictograma em causa, sendo que esta relação se revelou em pontuações

entre os 6 e os 7 pontos.

Figura 22 - Pictograma

nº22 - Efeito secundário:

Visão turva;

Figura 23 - Pictograma nº21 - Via de administração: Aplicação na área afetada;

Figura 25 - Pictograma

nº 23 - Efeito

secundário: Ganho de

peso;

Figura 24 -

Pictograma nº 22 –

Precaução: Tomar

até acabar;

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As imagens acima representadas (figura 26 e 27) revelaram-se um pouco complexas

para os idosos, já que as repostas foram muito variadas. Para algumas das pessoas, foi difícil

identificar os pulmões, sendo muitas vezes confundidos com o estomago. E para outras pessoas,

ainda que tivessem identificado os pulmões, foi difícil entender a diferença entre as imagens,

nomeadamente a utilização de camaras expansoras. Ainda que tivesse explicado o significado

das imagens, de maneira geral os inquiridos não o entenderam, o que proporcionou uma

pontuação de 2 a 3 pontos na escala de translucidez.

De forma geral, a perda de peso, foi identificada pelos idosos, e não

levantou grandes dificuldades. Ainda que alguns inquiridos não o tivessem

identificado imediatamente, após a explicação do mesmo, revelaram que, de

facto, a imagem revelava uma forte relação com o significado da imagem, o

que se transpareceu numa pontuação próxima dos 6/7 pontos, na escala de

entendimento.

O sol foi um elemento fácil de identificar para os idosos, no entanto

a seta não foi levada em conta pela maioria dos inquiridos, pelo que grande

parte deles, identificou a imagem com o nascer e não com o por do sol.

Ainda assim, depois de explicado o significado do pictograma este foi

relativamente bem entendido, tal foi demonstrado na escala de

translucidez com pontuações a rondar os 6 pontos.

Figura 28 - Pictograma nº25 -

Efeito secundário:

Perda de peso;

Figura 29 - Pictograma nº

26 - Posologia: Tomar à

noite;

Figura 26 - Pictograma nº24 - Modo de administração:

utilizar o inalador com camara expansiva;

Figura 27 - Pictograma nº33 - Modo de

administração: Inalação Oral;

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A tristeza foi o sentimento maioritariamente descrito em relação a esta

imagem. A onomatopeia “ZZZ” não foi entendida por grande parte dos

inquiridos. Ainda assim, depois de explicado o significado os idosos

revelaram que a imagem, de facto se relacionava com o explicado,

verificando-se uma pontuação entre os 6 e os 7 pontos.

De forma geral, este pictograma não levantou grandes dificuldades,

quanto ao seu entendimento, ou seja, a maioria dos inquiridos relacionou a

imagem com a ocorrência de “Tosse”. Tal verificou-se, na escala de

entendimento, com pontuações entre os 6 e os 7 pontos.

A identificação da mulher grávida, do telefone e dos medicamentos

revelou-se relativamente simples para os inquiridos, no entanto a

identificação do profissional de saúde não se verificou para a maioria deles.

Bem como a relação entre os quatro símbolos. Assim, a sua maioria achou

o pictograma difícil de entender, tal foi verificado na pontuação

atribuída, na escala de translucidez, que, mesmo apos explicações,

obteve uma pontuação maioritariamente a rondar os 3/4 pontos.

O sol e o braço da pessoa, são elementos facilmente identificados

pelos idosos, sendo que o facto de o braço estar “lesionado” não foi tão

bem entendido. Ainda assim, depois de fornecida a explicação do

pictograma, os inquiridos revelaram que esta se relacionava fortemente

com a imagem, pontuando-o de maneira geral, entre os 6 e os 7 pontos.

Figura 30 - Pictograma

nº27 - Efeito

secundário: Fadiga;

Figura 31 - Pictograma nº28 - Indicação: Tosse;

Figura 32 - Pictograma nº29

- Precaução: Consultar

médico antes de tomar;

Figura 33 - Pictograma nº

30 - Efeito secundário:

Fotossensibilidade;

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Esta imagem, não revelou muitas dificuldades para os inquiridos, sendo

que a maioria identificou a “indisposição do estomago” com o pictograma.

Assim, após ser melhor explicado, a pontuação atribuída, foi de forma geral,

de 7 pontos.

“Dor de cabeça” foi a indicação mais referida quanto à explicação deste

pictograma, sendo que, nenhum dos inquiridos identificou esta imagem com

tonturas. Depois de explicada a imagem, os idosos revelaram que de facto

o significado explicado teria efetivamente relação com o pictograma. Tal

foi demonstrado com uma pontuação entre os 5 e os 6 pontos, na escala de

translucidez.

Este pictograma apresentou algumas dificuldades. Nenhum dos idosos

inquiridos realizou uma adivinhação correta do mesmo. Na sua maioria,

identificaram a pessoa deitada e as estrelas, no entanto a lua não foi um

elemento que identificassem tão bem, sendo que os confundiu. Outro

pormenor que não foi identificado foi o facto de a pessoa estar com os olhos

abertos, pelo que a maioria das respostas traduziu-se em “pessoa que está a

dormir”. Após a explicação, os idosos continuaram com algumas duvidas,

sendo que as sugestões qualitativas se prendiam sobretudo com o facto da

imagem não ser muito explicita quanto aos olhos abertos. Assim, a

pontuação na escala rondou os 3 pontos.

Figura 34 - Pictograma nº31 - Efeito secundário: Azia;

Figura 35 - Pictograma

º34 - Indicação:

Tonturas;

Figura 36 - Pictograma nº 35 -

Indicação: Insónia;

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PARTE II - MORISKY MEDICATION ADHERENCE SCALE

Na segunda parte dos questionários, foi aplicada a Escala de Morisky, uma escala

validada para avaliar o grau de adesão à terapêutica [31].

Nesta fase do questionário poucos foram capazes de identificar as patologias para que

tomavam medicação. Apenas 3 referiram as doenças, ou pelo menos algumas delas. Os

restantes, revelavam que tomavam a medicação mas muitas vezes são sabiam exatamente

porque razão a tomavam.

Sendo que a patologia crónica mas referenciada foi a hipertensão (referida pelos três

inquiridos), outras das razoes para a toma de medicação prendiam-se com problemas na

próstata, hipercolesterolémia e ácido úrico elevado.

Estes inquiridos revelavam que não se esqueciam de tomar a medicação e

nunca/raramente se esqueciam de a tomar, nem deixavam de a tomar por outros motivos. Para

deixar ou diminuir a medicação pediam aconselhamento ao médico. No entanto, confessavam

que já se sentiram aborrecidos por ter de seguir os planos de tratamento.

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CONCLUSÃO

A aplicação destes questionários permitiu-me verificar várias questões. Por um lado,

permitiu-me verificar que existem mais dificuldades do que eu poderia esperar, no que toca às

capacidades dos idosos quanto ao medicamento e mesmo no que toca ao diálogo idoso-

profissional de saúde. Por outro lado, que os pictogramas assumem, de facto, uma relevância

enorme na vida das pessoas idosas, uma vez que facilita o seu entendimento sobre o que se

passa à sua volta. E, sendo a saúde e a área do medicamento uma questão tão importante, os

pictogramas deste questionário, revelam-se uma mais-valia enorme para estas pessoas, uma vez

que lhes facilita o acesso às informações sobre as indicações, dose, via de administração,

posologia, efeitos secundários e precauções. Permitindo, desta forma melhorar a comunicação

entre o utente e o profissional de saúde e consequentemente a saúde dos doentes.

De uma forma geral, a maioria dos pictogramas presentes no questionários foram bem

entendidos pelos idosos, sendo que ainda que não os conseguissem entender à primeira vista

depois de explicados eram facilmente compreendidos e aceites.

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