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Hábitos alimentares de estudantes universitários
Food habits of Portuguese University Students
Margarida João R. de Liz Martins
Orientação: Prof. Doutora Ada Rocha
Co-orientação: Dra. Ana Faria
Trabalho de Investigação
Porto, 2009
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
iii
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Hábitos alimentares de estudantes universitários i
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todos os que me acompanham diariamente nesta longa
caminhada e me ajudaram ao longo de toda a minha vida universitária e do meu
estágio curricular, nomeadamente:
À Professora Doutora Ada Rocha sem a qual o meu estágio não teria sido tão
bem conseguido. Obrigada por toda a dedicação, apoio, disponibilidade,
excelente orientação e profissionalismo revelados e pela presença e palavras
amigas nos momentos mais importantes.
Aos meus pais, sem os quais a concretização deste sonho seria impossível.
Obrigada por todo o apoio, amor, carinho e dedicação.
A todos os que me acompanharam nos locais onde estagiei, nomeadamente à
Dra. Ana Faria, ao Dr. Sérgio, à Dra. Anabela, ao Dr. João Veiga e à D. Sara.
Obrigada por todos os conhecimentos e experiências transmitidas.
Ao Luís por todo o apoio e carinho nos momentos mais difíceis.
Às minhas queridas amigas Sofia, Desirée e Catarina por estarem sempre
presentes quando mais precisei.
A todos os meus amigos e amigas que me acompanharam e me apoiaram
durante a realização do meu estágio e toda a minha vida académica.
ii Hábitos alimentares de estudantes universitários
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Índice
Lista de Abreviaturas .............................................................................................. iii
Resumo .................................................................................................................. iv
Abstract .................................................................................................................. vi
Introdução................................................................................................................ 1
Objectivos ................................................................................................................ 6
Material e Métodos .................................................................................................. 7
Resultados ............................................................................................................. 11
Discussão .............................................................................................................. 23
Conclusão.............................................................................................................. 35
Referências Bibliográficas ..................................................................................... 36
Índice de Anexos ................................................................................................... 41
Hábitos alimentares de estudantes universitários iii
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Lista de Abreviaturas
OMS – Organização Mundial de Saúde
DCV – Doenças Cardiovasculares
EUA – Estados Unidos da América
BAP – Balança Alimentar Portuguesa
FCDEF - UC – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da
Universidade de Coimbra
QFA – Questionário de Frequência Alimentar
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
IMC – Índice de Massa Corporal
DGS – Direcção Geral de Saúde
iv Hábitos alimentares de estudantes universitários
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
RESUMO
Nas últimas décadas ocorreram alterações nos hábitos alimentares conduzindo a
um padrão alimentar desequilibrado, que associado a um estilo de vida sedentário
pode ter um impacto significativo no estado nutricional e saúde das populações. O
início da idade adulta é crucial para o desenvolvimento de hábitos alimentares
que serão decisivos na qualidade de vida. Em Portugal, o número de estudantes
universitários tem vindo a aumentar, o que os torna um importante alvo para
implementar programas de educação alimentar. Objectivo: Caracterizar os
hábitos alimentares de estudantes universitários portugueses e comparar o seu
consumo alimentar com as recomendações da Nova Roda dos Alimentos.
Métodos: Este estudo descritivo transversal teve como amostra 57 estudantes
universitários do sexo masculino e 42 do sexo feminino. Foi administrado de
forma indirecta um questionário constituído por questões sobre hábitos
alimentares e comportamentos relativos ao estilo de vida dos estudantes
universitários e foi administrado de forma directa o questionário semi-quantitativo
de frequência alimentar. Os resultados encontrados para a frequência do
consumo alimentar foram comparados com as recomendações da Nova Roda dos
Alimentos Portuguesa. A análise estatística foi realizada utilizando o Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), versão 14.0. Resultados: A média de
idades dos estudantes universitários é de 21,5 ± 3,2 anos. A maioria dos
estudantes vive com os pais ou amigos. O padrão alimentar caracteriza-se por um
consumo predominante de carne, gorduras como o azeite, cereais, bolachas, fast
food e açúcar. A ingestão alimentar dos estudantes universitários não atinge as
recomendações para os produtos lácteos, pescado, fruta, hortícolas e
Hábitos alimentares de estudantes universitários v
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
leguminosas. As conservas de peixe, o pão branco, a maionese, os rissóis,
croquetes e bolinhos de bacalhau são ingeridos mais frequentemente pelos
estudantes que vivem com os amigos do que por aqueles que vivem com os pais.
As estudantes universitárias realizam um maior número de refeições do que os
inquiridos do sexo masculino e os rapazes omitem a refeição do pequeno-almoço
mais frequentemente do que as raparigas. Os principais erros alimentares
característicos dos estudantes universitários não foram tão prevalentes neste
trabalho como noutros já realizados na população universitária. Conclusão: Os
estudantes universitários inquiridos neste estudo demonstraram um baixo
consumo de alimentos de elevado valor nutricional. Os resultados encontrados
demonstram no entanto a necessidade de incluir estratégias de promoção de uma
alimentação saudável nesta população.
PALAVRAS-CHAVE: estudantes universitários, hábitos alimentares, consumo
alimentar
vi Hábitos alimentares de estudantes universitários
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
ABSTRACT
In the last decades deep changes occurred on eating habits, leading to an
unbalanced dietary pattern, which associated with sedentary lifestyle has a
significant impact on nutritional status and populations health. The beginning of
adulthood is crucial to the development of healthy eating habits that will be
decisive in the quality of life. In Portugal, the number of university students has
been increasing, so they are an important target to implement nutritional and
educational programs. Objective: Characterize the food habits of Portuguese
university students and compare their food consumption with the national food
guide. Methods: This descriptive, transversal study had a sample of 42 female
students and 57 male. An indirect questionnaire containing questions about eating
habits and lifestyle behaviours and a direct food frequency questionnaire were
applied to university students. The statistical analysis of data was made using
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), version 14.0. The results for
the frequency of food consumption were compared with the recommendations of
national food guide.
Results: University students’ average ages was 21,5 ± 3,2 years. The majority of
students lived with parents or friends. The food pattern was characterized by
consumption of meat, fats (as olive oil), cereals, cookies, fast food and sugar.
Dietary intakes of students do not meet recommendations for milk and dairy
products, fish and seafood, fruit, vegetables and pulses. Canned fish, white bread,
mayonnaise and fried are eaten more frequently by students who live with friends.
Female students made a higher number of meals than males and male students
Hábitos alimentares de estudantes universitários vii
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
skipped breakfast more frequently. The main food mistakes characteristic of
students were not as prevalent here as referred by other investigators.
Conclusion: University students inquired in this research showed a low
consumption of high nutritional value foods. Nevertheless, these results
emphasize the need to include healthy diet promotion strategies.
KEY WORDS: university students, eating habits, food consumption.
viii Hábitos alimentares de estudantes universitários
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Hábitos alimentares de estudantes universitários 1
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Introdução
Nas últimas décadas, o estilo de vida das populações tem sido alvo de rápidas
mudanças, resultantes da urbanização, industrialização, globalização e
desenvolvimento económico.(1) Nos países europeus, o desenvolvimento
económico e o aumento do poder de compra determinou um aumento na
disponibilidade alimentar e na acessibilidade aos serviços, o que conduziu a
alterações no consumo alimentar. Simultaneamente, as influências sócio-culturais
contribuem para escolhas alimentares peculiares, o que explica as diferenças
encontradas no consumo de alimentos entre os diferentes países europeus.(2)
Independentemente de outros factores de risco, o padrão alimentar
desequilibrado associado a um estilo de vida sedentário, que diminui a energia
dispendida, tem um impacto significativo no estado nutricional e na saúde das
populações, conduzindo a um aumento do risco de desenvolvimento de doenças
crónicas não transmissíveis, que se tornam causas significativas de morte.(1, 3)
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% dos casos de Doenças
Cardiovasculares (DCV), 90% dos casos de Diabetes Mellitus tipo 2 e 33% dos
casos de todos os tipos de Cancro poderiam ser evitados pela adopção de estilos
de vida saudáveis, nomeadamente através de mudanças benéficas nos hábitos
alimentares, da prática regular de exercício físico e da cessação dos hábitos
tabágicos. (3, 4)
Uma ingestão alimentar adequada associada a um consumo regular de alimentos
com baixa densidade energética e ricos em micronutrientes, como a que se obtém
através de uma alimentação rica em hortofrutícolas, parece ser efectiva na
redução do risco de algumas doenças crónicas.(5, 6) Existe evidência científica
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FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
consistente para o efeito protector do consumo de frutas e hortícolas nalguns
tipos de cancro e DCV.(6)
Actualmente, é frequente substituir refeições tradicionais de almoço ou jantar
realizadas à mesa (constituídas por carne, peixe ou ovos, arroz, massa ou batata,
produtos hortícolas e fruta) por refeições tipo cafetaria (constituídas geralmente
por pizzas, hambúrgueres, sanduíches, croissants, rissóis, folhados, batatas fritas
ou bolos), realizadas em pé ou enquanto se caminha.(7) A solução mais fácil para
quem necessita de comer fora de casa é recorrer à alimentação colectiva, em
refeitórios ou restaurantes de ementa variada.(8) Assim, assiste-se não só a
alterações do tipo de alimentos ingeridos como dos locais escolhidos para a
realização de refeições, multiplicando-se as confeitarias, snack-bars, self-
services, pizzarias, casas de hambúrgueres, sendo cada vez mais frequente a
procura de restaurantes de fast-food ou espaços comerciais.(9)
Como resultado destes novos estilos de vida, de horários laborais e escolares
desencontrados, de gestão do tempo para afazeres domésticos, da mudança da
natureza dos bens alimentares mais acessíveis, o conceito de refeição tradicional
realizada em família tem vindo a alterar-se, tanto no que respeita à sua
composição e confecção, como ao seu próprio significado.(8) Nos Estados Unidos
da América (EUA), aproximadamente 46% das despesas familiares em refeições,
são dispendidas em alimentos e bebidas fora de casa, com 34% das despesas a
serem realizadas em fast food.(10) Em países do sul da Europa (Portugal, Espanha
e Itália), a frequência de ingestão de refeições extra-domicilárias compostas por
fast-food é mais baixa do que nos EUA e nos países nórdicos, sendo usualmente
não superior a uma vez por semana.(11)
Hábitos alimentares de estudantes universitários 3
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Durante as últimas décadas tem-se verificado em Portugal a perda progressiva da
maioria das características do padrão alimentar tradicional e a adopção de um
padrão alimentar ocidental. Observa-se um consumo excessivo de energia,
aumento do consumo de gorduras ricas em ácidos gordos saturados e colesterol,
diminuição da ingestão de alimentos ricos em hidratos de carbono complexos e
aumento do consumo de açúcares simples, utilização decrescente e irregular de
hortofrutícolas, consumo crescente de carne, produtos lácteos, gorduras e óleos,
produtos pré-confeccionados, bolos e biscoitos, bebidas alcoólicas e diminuição
do consumo de pão.(1, 7, 11, 12) Contudo, algumas características ainda persistem,
como o consumo de azeite e uma ingestão superior de frutas e hortícolas,
relativamente aos países do norte europeu.(11)
As escolhas alimentares são influenciadas por múltiplos factores, entre os quais a
idade, género, factores genéticos, estilo de vida, família, ambiente envolvente,
tradições culturais e religiosas, disponibilidade, publicidade, grupos de pares,
preferências, custos e propriedades sensoriais dos alimentos.(13, 14) Alguns
estudos revelam que os principais determinantes das escolhas alimentares
realizadas pelos jovens universitários são a falta de tempo disponível, a
conveniência, o custo, o sabor, o estado de saúde, o ambiente social e físico, bem
como as preocupações com o controlo de peso corporal.(15, 16)
A alimentação típica de um jovem adulto caracteriza-se por um consumo
excessivo de energia e predominância de alimentos ricos em gordura total,
gordura saturada, colesterol e sódio e pobre em grãos completos, alimentos ricos
em cálcio, frutas e produtos hortícolas.(9, 17-20) Um défice na ingestão de alguns
nutrientes essenciais, como o cálcio, ferro, magnésio, zinco, folato e vitaminas A,
B6, E e C, foi descrito em jovens adultos nos EUA.(18) A ingestão alimentar dos
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FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
estudantes universitários normalmente não satisfaz as recomendações para a
maioria dos grupos de alimentos e para os principais micronutrientes (9, 17, 21), o
que constitui motivo de preocupação para profissionais de saúde uma vez que os
comportamentos, crenças e conhecimentos sobre a alimentação desenvolvidos e
exibidos durante este período de vida podem repercutir-se na idade adulta e
influenciar o estado de saúde futuro.(9)
Larson et al., 2007, demonstrou que realizar refeições em família está associado
a uma ingestão nutricional mais equilibrada e padrões alimentares mais saudáveis
nos adolescentes.(17, 20) Na transição da adolescência para a idade adulta, a
ingestão nutricional continua a ser importante para suportar a fase final do
crescimento, manter a saúde física, prevenir as doenças crónicas, promover uma
trajectória de peso saudável e contribuir para o sucesso escolar.(17)
De acordo com Davy et al., 2006, os hábitos alimentares tendem a piorar durante
a permanência no ensino universitário(15), sendo frequente a omissão de
refeições, nomeadamente o pequeno almoço(17, 18), a falta de variedade dos
alimentos ingeridos, a ingestão de certo tipo de alimentos fora das refeições,
especialmente alimentos de elevada densidade energética, ricos em gordura e
açúcar, em substituição da refeição tradicional equilibrada.(18, 22, 23) A estas
mudanças, junta-se a realização crescente de refeições extra-domiciliárias e o
aumento da ingestão de refeições tipo fast-food.(9, 18)
Nos últimos anos verificou-se um grande aumento no número de jovens inscritos
nas universidades portuguesas, com a fracção da população com idade igual a 20
anos inscrita no ensino superior a crescer 15% entre 2005 e 2009, tendo atingido
os 35% da população, valores próximos da média europeia.(24) Neste contexto, as
universidades tornam-se centros importantes para a promoção de estilos de vida
Hábitos alimentares de estudantes universitários 5
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
saudáveis dos jovens adultos.(23, 25, 26) Os padrões alimentares estabelecidos
durante a vida universitária parecem ser mantidos para a vida e certamente terão
influência na saúde futura dos estudantes e na das suas famílias.(22) A entrada
para o ensino superior é um marco importante na vida de qualquer jovem. Com
ela, vem muitas vezes o afastamento das famílias, bem como mudanças
repentinas no estilo de vida, nomeadamente ao nível de horários, ambiente
envolvente, maior independência, exigência no ensino universitário, geralmente
associadas a alterações significativas nos hábitos alimentares.(17, 18, 21) Muitas
vezes, estas alterações condicionam o ganho de peso corporal.(21, 27) O excesso
de peso durante a fase mais tardia da adolescência encontra-se mais fortemente
associado ao aumento do risco de excesso de peso na vida adulta.(25) Os
estudantes universitários são assim, alvos importantes para aplicação de
estratégias de redução da prevalência de excesso de peso e obesidade na
população adulta, por exemplo através de programas para a promoção de
práticas para um estilo de vida saudável, englobando a manutenção de um peso
adequado.(25) É importante a vigilância destes novos comportamentos adquiridos,
uma vez que uma elevada proporção de alimentos preparados fora de casa, bem
como, porções de tamanho excessivo, são considerados factores responsáveis
pelo aumento de peso e consequente obesidade.(28)
Apesar da falta de consenso entre autores na definição de padrão alimentar, ao
longo deste trabalho entende-se por padrão de ingestão alimentar a “distribuição
(por frequência e/ou quantidade) dos alimentos na alimentação habitual”.(29)
É difícil conhecer a real tendência de consumo e os padrões alimentares da
população portuguesa. As balanças alimentares portuguesas (BAP) disponíveis,
fornecem apenas estimativas de consumo a partir das disponibilidades dos
6
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
alimentos(30) e os inquéritos nacionais de saúde fornecem informação sobre o
consumo individual de alguns alimentos no dia anterior à data de entrevista,
dados claramente insuficientes. Para além destes, em 2006 foi realizado um
estudo que caracterizou o consumo alimentar de indivíduos num centro urbano
português.(3) Alguns estudos europeus, com a participação de Portugal,
caracterizaram recentemente o consumo alimentar de idosos(31) e crianças.(32)
Deste modo, dada a escassez de estudos relativos ao consumo alimentar e
hábitos alimentares de estudantes universitários portugueses, considera-se de
extrema importância a realização deste trabalho neste grupo alvo em particular.
Objectivos
O presente trabalho de investigação propõem cumprir os seguintes objectivos:
� Descrever o consumo alimentar de uma amostra de estudantes
universitários a frequentar a Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra;
� Caracterizar a inadequação da ingestão de alimentos tendo como
referência a Nova Roda dos Alimentos Portuguesa;
� Caracterizar os hábitos alimentares da população em estudo.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 7
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Material e Métodos
Selecção da amostra
Os alunos da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da
Universidade de Coimbra (FCDEF-UC), foram seleccionados por conveniência
para a realização deste estudo. Inicialmente foi enviado um pedido de autorização
para a realização do trabalho ao Presidente do Conselho Executivo da FCDEF-
UC, que contemplava informação sobre o objectivo do estudo e os procedimentos
nele envolvidos. Depois de concedida a autorização, elaboraram-se cartazes
informativos para divulgação do estudo e seus objectivos (Anexo 1), tendo sido
afixados em diversos locais da faculdade de modo a sensibilizar os alunos para a
participação. Foi também pedido a vários professores para divulgar e incentivar à
participação do maior número possível de estudantes universitários.
A FCDEF-UC totaliza um universo de 507 alunos a frequentar os três anos da
pré-graduação e o mestrado, dos quais 102 por iniciativa própria, se
disponibilizaram a participar no estudo, constituindo assim, uma amostra auto-
seleccionada. A cada participante foi explicado o contexto, procedimentos e
objectivos do trabalho e distribuída uma declaração de consentimento informado
para integrar o estudo (Anexo 2). No entanto, foram excluídos três alunos por não
terem completado o preenchimento de um dos inquéritos, pelo que o número de
participantes final foi de 99.
Recolha de informação
O presente trabalho constitui um estudo descritivo transversal. A recolha de dados
decorreu durante os meses de Abril e Maio de 2009 através da aplicação de dois
questionários. O primeiro foi administrado de forma indirecta, sempre pela mesma
entrevistadora e teve como finalidade caracterizar os hábitos alimentares, prática
8
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
de actividade física e dados antropométricos dos estudantes universitários. Para
avaliar a ingestão alimentar recorreu-se à aplicação de um Questionário semi-
quantitativo de frequência alimentar (QFA)(33), tendo a sua administração sido
realizada de forma directa. De forma a evitar enviesamento das respostas, os
participantes não tiveram conhecimento prévio do conteúdo dos questionários.
Foram excluídos do estudo, os estudantes universitários que apresentavam
alguma patologia diagnosticada com influência nos hábitos alimentares, como
Diabetes Mellitus, Hipertensão arterial, Dislipidémias, Anorexia Nervosa, Bulimia
Nervosa, entre outras. Foram também excluídos do estudo, os estudantes
universitários que faziam dietas especiais e aqueles que por qualquer motivo não
completaram o preenchimento dos questionários.
Avaliação antropométrica
Neste estudo, foram utilizados métodos indirectos: a bioimpedância eléctrica para
medição da percentagem de gordura e métodos antropométricos, medição da
altura e peso. A avaliação antropométrica foi conduzida, usando os
procedimentos internacionalmente recomendados pela OMS.(34) A altura foi
medida utilizando uma Escala de parede SECA® 206.
A bioimpedância eléctrica foi medida utilizando a TANITA®, analyzer model TBF –
310, de acordo com a metodologia preconizada. (35)
Avaliação dos hábitos alimentares
Para a avaliação dos hábitos alimentares aplicaram-se dois inquéritos. O primeiro
era respeitante à caracterização do estudante universitário (sexo, idade, ano que
frequenta, com quem vive, se usufrui de alguma bolsa de estudo). Neste inquérito
Hábitos alimentares de estudantes universitários 9
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
estavam ainda englobadas questões sobre os hábitos alimentares de cada
indivíduo e aspectos relativos à prática de actividade física. (Anexo 3)
Foi previamente aplicado um inquérito piloto em estudantes universitários
pertencentes ao mesmo universo, os quais não foram incluídos no estudo, uma
vez que foram efectuadas alterações ao inquérito inicial.
O QFA foi o método seleccionado para a recolha de dados sobre o consumo
alimentar, uma vez que num ambiente alimentar instável, que caracteriza a vida
universitária, será o que terá melhor capacidade para avaliar e reflectir o padrão
de ingestão nutricional. Este método foi validado por Moreira et al., 2003, numa
amostra de estudantes universitários.(36) O QFA refere-se ao período de 12 meses
antecedentes à sua realização e inclui uma lista de 86 itens de alimentos ou grupo
de alimentos, associados segundo afinidades de composição nutricional. A chave
utilizada considera nove possibilidades de frequência de ingestão, desde “nunca
ou menos de uma vez por mês” a “seis ou mais vezes por dia”, assinaladas de
acordo com as porções médias previamente definidas para cada alimento. O
questionário inclui ainda uma secção aberta para o registo de outros alimentos
não referenciados na lista, cujo consumo tenha a frequência de pelo menos uma
vez por semana.(33)
A informação relativa ao consumo de óleos e gorduras apenas se refere às
porções adicionadas em saladas, no prato, no pão ou em outros alimentos, e não
aos utilizados na confecção dos alimentos. As informações obtidas são relativas
às hortaliças e legumes consumidos no prato (cozidos ou crus), sem incluir os que
entram na confecção da sopa.
Para estabelecer a adequação nutricional do tipo de alimentos e quantidades
ingeridas foi utilizada “A Nova Roda dos Alimentos Portuguesa”, guia alimentar
10
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
nacional existente. Os resultados obtidos foram comparados com as
recomendações das porções diárias para cada grupo de alimentos, sendo
utilizado o limite superior, uma vez que os inquiridos são predominantemente
jovens do sexo masculino e praticam exercício físico regularmente.(37)
Análise estatística
A análise estatística foi realizada com o auxílio do programa informático Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), versão 14.0 e do programa Excel 2003.
Primeiramente, foi testada a normalidade das variáveis contínuas através do teste
não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov, verificando-se que as variáveis seguem
uma distribuição normal, com excepção das variáveis idade, número de refeições
realizadas por dia, número de refeições realizadas fora de casa por semana
(exceptuando no refeitório) e número de peças de fruta ingeridas por dia. A
análise estatística descritiva consistiu no cálculo da média e desvio padrão para
variáveis cardinais e de frequência, no caso de variáveis ordinais ou nominais.
Para comparar a frequência de ingestão de alimentos e as quantidades ingeridas
entre dois grupos, utilizou-se o teste U de Mann-Whitney (teste não paramétrico
para amostras independentes). Foi ainda utilizado o teste do Qui-Quadrado para
avaliar a independência entre variáveis nominais. Para comparar médias de
amostras independentes, utilizou-se o teste t de Student ou uma ANOVA. Foram
calculados os coeficientes de correlação de Pearson e Spearman de modo a
verificar o grau de associação entre duas variáveis. Foi considerado como nível
de significância crítico para rejeição da hipótese nula, um valor inferior a 0,05.
Ética
Foi cumprida e garantida a confidencialidade e protecção dos dados recolhidos.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 11
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Os dados foram obtidos após consentimento informado escrito, tendo os
inquéritos sido realizados em anonimato para assegurar a confidencialidade da
informação recolhida. A informação foi informatizada numa base de dados à qual
só a investigadora responsável teve acesso e tratada através de um número
interno consecutivamente atribuído a cada um dos participantes.
Resultados
Descrição da amostra
A amostra é constituída por 99 estudantes universitários da FCDEF-UC, sendo 42
(42,4%) do sexo feminino e 57 (57,6%) do sexo masculino. Os estudantes
apresentam idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, sendo a média de
idades de 21,5 ± 3,2 anos (Gráfico 1, Anexo 4). Relativamente à distribuição dos
participantes por nível universitário, verifica-se que o maior número de estudantes
frequenta o 1º ano (32,3%) e 3º ano (32,3%) do ensino superior. (Gráfico 2, Anexo
4). Dos participantes no estudo, a maioria vive com amigos (47,5%) ou com os
pais (33,3%). (Gráfico 3, Anexo 4)
Verificou-se ainda, que a maioria dos estudantes não usufrui de bolsa (64,6%),
existindo no entanto, 33 bolsas do tipo social e 2 bolsas de mérito na população
estudada. Dos jovens adultos inquiridos, 14 são fumadores (14,1%) e 35 (35,4%)
ingerem bebidas alcoólicas regularmente (Tabela 1, Anexo 4).
Hábitos alimentares
O número de refeições realizadas por dia pelos inquiridos varia entre 1 e 8, sendo
a média de refeições realizadas de 4,6 ± 1,1. A maioria dos estudantes
universitários faz 4 refeições diárias (37,4%). Verifica-se que 66,6% dos inquiridos
do sexo feminino e 38,7% do sexo masculino realizam cinco ou mais refeições por
12
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
dia. Foram encontradas diferenças significativas entre sexos (p=0,007), tendo-se
verificado que as raparigas fazem em média, um maior número de refeições do
que os rapazes. (Gráfico 4)
Não foram encontradas diferenças significativas no número de refeições
realizadas por dia, entre os vários grupos definidos segundo a variável “com quem
vives” (p=0,828). Verificou-se uma correlação negativa entre o número de
refeições realizadas por dia e o Índice de Massa Corporal (IMC) (R= -0,128;
p=0,206).
Gráfico 4. Número de refeições diárias, em função do género
A maioria dos estudantes universitários toma o pequeno-almoço diariamente
(86,9%), sendo que esta refeição é realizada maioritariamente em casa (87,9%).
Observou-se existência de uma dependência significativa entre o género e a toma
do pequeno-almoço (p=0,039) tendo-se observado que a percentagem de
rapazes que toma diariamente o pequeno-almoço (80,7%) é inferior à de
raparigas (95,2%). (Tabela 2)
Tabela 2. Proporção de estudantes universitários que toma diariamente o pequeno-almoço, em função do género.
Tomas o pequeno-almoço diariamente? Sim (%) Não (%)
Estudantes Sexo feminino (n = 42) 95,2 4,8 Sexo masculino (n = 57) 80,7 19,3
Hábitos alimentares de estudantes universitários 13
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Verifica-se que a maioria dos estudantes de ambos os sexos almoça
habitualmente na cantina (49,5%) e janta habitualmente em casa (91,9%).
(Gráfico 5, Anexo 4) Os inquiridos realizam em média 2 refeições semanais fora
de casa, sem ser no refeitório. Relativamente a estas, a maioria dos estudantes
universitários raramente ingere fast-food (45,5%).
Relativamente aos métodos de confecção mais usuais, os cozidos (70,7%) e os
grelhados (92,9%) são os mais utilizados pelos universitários inquiridos. Os fritos,
os grelhados e os assados são mais consumidos por rapazes, enquanto os
estufados, cozidos e guisados são mais consumidos por raparigas. (Gráfico 6)
Gráfico 6. Métodos de confecção usuais nos estudantes universitários.
A maioria dos estudantes (91,9%) elegeu a refeição tradicional (constituída por
sopa, prato e sobremesa) como um dos tipos de alimentação predominante no
seu quotidiano. Foi ainda referido por 46,5% dos estudantes a opção por
refeições ligeiras, constituídas por saladas, sopas, etc. (Tabela 3) Verifica-se que
48,5% dos estudantes universitários confecciona as suas refeições em casa e que
as refeições de 45,5% dos inquiridos são confeccionadas por um familiar.
14
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Tipo de alimentação predominante Sexo feminino (%)
Sexo masculino (%)
Refeição tradicional (sopa, prato, sobremesa) 92,9 91,2
“Fast food” (hambúrgueres, pizzas, cachorros, etc.) 7,1 21,1
Alimentos pré-confeccionados 19,0 24,6
Pratos combinados, baguetes 28,6 29,8
Refeições ligeiras (saladas, sopas) 61,9 35,1
Tabela 3. Tipos de alimentação predominante, segundo o género.
A maioria dos inquiridos (75,8%) considera realizar uma alimentação saudável.
Observou-se a existência de diferenças significativas na frequência de ingestão
de alguns alimentos, entre os jovens universitários de ambos os sexos que
consideram realizar uma alimentação saudável e os restantes. Os que
consideram realizar uma alimentação saudável revelam uma ingestão mais
frequente de peru e coelho (p=0,002), peixe gordo (p=0,033), pão de centeio,
mistura e integral (p=0,045), couve branca e lombarda (p=0,005), brócolos
(p=0,040), feijão verde (p=0,004), pimento (p=0,033), leguminosas (p=0,016),
maçã e pêra (0,034), kiwi (p=0,006), morangos (p=0,021) e amêndoas, avelãs,
nozes, amendoins, pistachio, etc. (p=0,011). Verificou-se ainda que estes
consomem menos fast-food (p=0,003).
Consumo de hortofrutícolas
Relativamente à ingestão de fruta, verifica-se que o seu consumo varia entre 0 a 7
peças de fruta por dia, sendo a média igual a 2,0 ± 1,2. A maioria dos inquiridos
ingere uma peça de fruta (35,4%) e 5,1% dos estudantes não ingerem fruta
diariamente. (Gráfico 7) A fruta é ingerida preferencialmente crua, no fim de
almoço (69,7%), na merenda da tarde (50,5%) e no fim de jantar (57,6%). A
maioria dos inquiridos (82%) varia o tipo de fruta que consome.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 15
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Gráfico 7. Número de peças de fruta ingeridas diariamente, de acordo com o género.
Relativamente à ingestão de hortícolas, observa-se que a maioria dos estudantes
ingere sopa (60,6%) e hortícolas/saladas no prato (71,7%) diariamente. Os
hortícolas são ingeridos maioritariamente crus (91,9%) e na sopa (81,8%).
Actividade física
Dos inquiridos 31 (31,3%) praticam exercício físico 2 - 3 vezes por semana e 29
(29,3%) praticam exercício físico 4 - 6 vezes por semana. A maioria das raparigas
(35,7%) pratica exercício físico 2 - 3 vezes por semana, enquanto a maioria dos
rapazes (35,1%) pratica 4 - 6 vezes por semana. (Gráfico 8, Anexo 4)
Relativamente ao número de horas realizadas por sessão, 70,7% dos inquiridos
praticam 1 - 2 horas de exercício físico por sessão.
No que respeita ao tempo dispendido diariamente a ver televisão, usar o
computador e em jogos electrónicos durante a semana, 42,4% dos estudantes
despendem 1-2 horas por dia enquanto 28,3% dos inquiridos gastam 2 - 4 horas.
Durante o fim-de-semana, 34,3% despendem 1-2 horas e 36,4% jovens gastam 2
- 4 horas com esta actividade. Dos intervenientes no estudo, a maioria (82,8%)
considera não ter uma vida sedentária.
16
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Caracterização antropométrica
Observou-se que a maioria dos estudantes universitários são normoponderais
(85,9%), apresentando um valor de IMC entre 18,5kg/m2 e 24,9kg/m2 e que
13,1% apresentam excesso de peso ou obesidade (IMC superior a 25kg/m2),
sendo este grupo maioritariamente constituído por indivíduos do sexo masculino
(7,1% das raparigas e 15,8% dos rapazes apresentam excesso de peso e 1,8%
dos inquiridos do sexo masculino apresenta obesidade). Verificou-se um IMC
superior nos inquiridos do sexo masculino (p=0,003). No entanto, a percentagem
de gordura é muito superior no sexo feminino (p<0,0001).
Sexo feminino Sexo masculino
Média Desvio padrão Média Desvio
padrão Peso corporal
(kg) 59,2 5,9 72,3 8,0
Altura (cm) 164,3 5,9 176,6 4,9 IMC (kg/m2) 21,9 1,8 23,2 2,3
% Massa gorda 22,6 4,1 9,9 4,4 Tabela 6. Avaliação antropométrica dos estudantes universitários, de acordo com o género.
Ingestão alimentar
A ingestão de alimentos é descrita em frequência e quantidades diárias, por
género. Foram consideradas as nove classes de frequência presentes
originalmente no QFA e que variam numa escala desde “Nunca ou menos de uma
vez por mês” a “Seis ou mais vezes por dia”. No anexo 5, nas tabelas 5 a 12
encontram-se descritas, por género, as frequências de consumo de cada um dos
alimentos ou grupos de alimentos que constituem a lista do QFA. Nenhum outro
alimento, além dos que constam no QFA, foi indicado pelos inquiridos como
sendo ingerido com uma frequência igual ou superior a uma vez por semana,
razão pela qual não foram analisados.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 17
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Análise de Frequências de consumo alimentar segundo o género
Produtos Lácteos
No grupo dos produtos lácteos (Tabela 5, Anexo 5), o leite meio-gordo é o
alimento consumido com maior frequência em ambos os sexos, sendo consumido
duas a três vezes por dia por 23,8% dos estudantes do sexo feminino e 17,5%
dos estudantes do sexo masculino. Foram encontradas diferenças significativas
entre sexos para a ingestão de iogurte (p=0,046), verificando-se que este alimento
é consumido com maior frequência, uma vez por dia, por 45,2% das raparigas e
duas a quatro vezes por semana por 36,8% dos rapazes.
A frequência de “duas a quatro vezes por semana” relativa ao consumo de queijo
é a mais vezes referida pelos inquiridos de ambos os sexos.
Ovos, carnes e pescado
Os ovos são consumidos pela maioria das raparigas uma vez por semana
(50,0%), enquanto a maioria dos rapazes os ingere duas a quatro vezes por
semana (42,1%). (Tabela 6, Anexo 5)
O frango é consumido com maior frequência que a carne de peru e coelho, pelos
estudantes de ambos os sexos. A frequência de consumo de duas a quatro vezes
por semana relativa à carne de vaca, porco e cabrito é a referida mais vezes
pelos inquiridos de ambos os sexos. (45,2% das raparigas e 61,4% dos rapazes).
Relativamente à ingestão de fiambre, chouriço, presunto e outros enchidos,
verifica-se que a maioria dos inquiridos a realiza duas a quatro vezes por semana.
Relativamente à ingestão de peixe, observa-se que os jovens universitários
consomem mais frequentemente peixe magro do que peixe gordo, verificando-se
no entanto que este não constitui uma opção diária. Os peixes gordos são
consumidos pela maioria dos inquiridos uma vez por semana (33,3% do sexo
18
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
feminino e 32,1% do sexo masculino). Enquanto 31,0% das raparigas ingere
peixe magro duas a quatro vezes por semana, 32,1% dos rapazes apenas o
ingere uma a três vezes por mês. A maioria dos universitários ingere bacalhau
uma a três vezes por mês. O peixe de conserva é consumido pela maioria das
estudantes do sexo feminino uma a três vezes por mês (33,3%), enquanto a
maioria dos inquiridos do sexo masculino o consomem pelo menos uma vez por
semana (32,1%). (Tabela 6, Anexo 5)
Óleos e gorduras
O consumo de azeite é realizado pela maioria dos universitários duas a quatro
vezes por semana. Verifica-se que existem diferenças significativas entre sexos
(p=0,025) para o consumo de azeite, sendo este ingerido diariamente por maior
percentagem de raparigas. A maioria dos inquiridos nunca consome óleos
vegetais e margarina ou fá-lo menos de uma vez por mês. Relativamente à
utilização de manteiga, observa-se que grande parte dos universitários a ingere
duas a quatro vezes por semana, sendo consumida com uma frequência diária
superior à da margarina, por ambos os sexos. (Tabela 7, Anexo 5)
Pão, cereais e similares
A frequência de consumo de pão branco e tostas encontra-se distribuída entre as
diferentes classes de frequência para ambos os géneros. Em relação ao pão (ou
tostas) integral, centeio ou mistura, verifica-se que a maioria dos inquiridos do
sexo feminino (28,6%) e do sexo masculino (30,4%) nunca o consomem ou
ingerem-no menos de uma vez por mês. (Tabela 8, Anexo 5)
Observa-se uma frequência de “uma vez por dia” no consumo de flocos de
cereais em 42,9% das universitárias, enquanto 35,7% dos rapazes os ingerem
com a frequência de quatro a seis vezes por semana (p> 0,05).
Hábitos alimentares de estudantes universitários 19
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
O consumo de arroz é mais frequente nos rapazes, verificando-se que 38,6% o
ingerem cinco a seis vezes por semana, enquanto 47,5% das raparigas o
consomem duas a quatro vezes por semana. Uma grande proporção dos jovens
universitários consome massa duas a quatro vezes por semana.
As batatas fritas caseiras são referidas por 42,9% das raparigas com um consumo
de uma a três vezes por mês, enquanto que para os rapazes as maiores
frequências de ingestão descritas são de uma vez por semana (28,6%) e duas a
quatro vezes por semana (25,0%). Foram encontradas diferenças significativas no
consumo de batatas fritas de pacote entre géneros (p=0,017), sendo os rapazes
os maiores consumidores deste alimento. O consumo de batatas cozidas,
assadas, estufadas e puré é realizado uma vez por semana por 40,5% das
raparigas e duas a quatro vezes por semana por 31,6% dos rapazes. (Tabela 8,
Anexo 5)
Doces e Pastéis
Relativamente às bolachas tipo maria, água e sal ou integrais, verifica-se um
consumo distribuído pelas diferentes categorias de frequência sem predominância
de uma só classe. A maioria dos jovens universitários consomem outras bolachas
ou biscoitos duas a quatro vezes por semana (35,7% das raparigas e 42,9% dos
rapazes). Os croissants, pastéis e outros bolos têm uma frequência de consumo
maioritariamente distribuída entre as classes de “uma a três vezes por mês” e
“duas a quatro vezes por semana” para ambos os géneros, assim como o
consumo de chocolate (tablete ou em pó). O consumo de açúcar (de adição) é
realizado geralmente uma vez por dia por 28,6% das estudantes do sexo feminino
e pelo menos uma vez por semana por 23,2% dos estudantes do sexo masculino.
(Tabela 9, Anexo 5)
20
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Hortaliças e Legumes
Os produtos hortícolas consumidos com maior frequência pela maioria dos
estudantes universitários são alface, agrião, cebola, cenoura e tomate fresco.
Os produtos hortícolas como a couve penca, tronchuda, a galega, os brócolos, a
couve-flor e couve-bruxelas, o nabo, o pimento e o pepino são os referidos com
uma menor frequência de consumo pelos estudantes universitários, sendo a
proporção de estudantes que nunca os consome ou os consome menos de uma
vez por mês superior a 40%. (Tabela 10, Anexo 5)
Foram encontradas diferenças significativas entre sexos para o consumo de sopa
de legumes (p=0,032). Esta é consumida com maior frequência pelos inquiridos
do sexo feminino, verificando-se que 23,8% das raparigas a ingerem diariamente
ou cinco a seis vezes por semana, enquanto a maioria dos inquiridos do sexo
masculino (47,4%) a ingere geralmente duas a quatro vezes por semana. (Tabela
12, Anexo 5)
Leguminosas
Observou-se uma distribuição idêntica da frequência do consumo de feijão e grão-
de-bico em ambos os sexos. As ervilhas em grão e as favas são menos
consumidas do que o feijão e o grão. Verifica-se que apenas 7,1 % dos rapazes
ingerem feijão ou grão diariamente. (Tabela 10, Anexo 5)
Frutos
O consumo de frutos é mais frequente nos inquiridos do sexo feminino do que nos
do sexo masculino, com excepção da banana. A maçã e pêra são consumidas
duas a quatro vezes por semana pela maioria dos jovens universitários (26,2%
das raparigas e 50,9% dos rapazes), bem como a laranja e tangerinas (31% das
raparigas e 47,9% dos rapazes) e a banana (26,2% das raparigas e 45,6% dos
Hábitos alimentares de estudantes universitários 21
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
rapazes). Foram encontradas diferenças significativas para o consumo de banana
entre géneros (p=0,017). (Tabela 11, Anexo 5)
Bebidas e miscelâneas
A maioria das jovens do sexo feminino menciona nunca consumir ou consumir
menos de uma vez por mês bebidas alcoólicas. A cerveja é consumida pelo
menos uma vez por semana pela maioria dos rapazes. Foram encontradas
diferenças significativas entre sexos para o consumo de vinho (p=0,02) e de
cerveja (p<0,001). As colas são consumidas menos de uma vez por mês ou
nunca pela maioria dos estudantes universitários. (Tabela 12, Anexo 5)
Os croquetes, rissóis e bolinhos de bacalhau são consumidos uma a três vezes
por mês por 42,9% dos inquiridos do sexo feminino, enquanto a maioria dos
rapazes (33,3%) nunca os consome ou fá-lo menos de uma vez por mês. Contudo
o consumo semanal destes alimentos é superior nos rapazes (29,8%).
Observaram-se diferenças significativas entre géneros no consumo de maionese
(p=0,037). A maioria dos jovens universitários realiza um consumo de uma a três
vezes por mês de pizzas e hambúrgueres. (Tabela 12, Anexo 5)
Análise de Frequências de consumo alimentar segundo a variável “Com
quem vives”
Foram encontradas diferenças significativas para a frequência de ingestão de
determinados alimentos em dois subgrupos, os estudantes universitários que
vivem com a família e os que vivem com amigos. O peixe gordo é consumido com
maior frequência pelos estudantes que vivem com a família (p=0,047), bem como
o bacalhau (p=0,042). Por outro lado, o peixe de conserva (p=0,012), o pão
branco ou tostas (p=0,040), o chá preto e verde (p=0,014), os croquetes, rissóis,
22
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
bolinhos de bacalhau (p=0,041) e a maionese (p=0,011) são ingeridos com maior
frequência pelos estudantes universitários que vivem com amigos.
Porções consumidas dos vários grupos de alimentos
O grupo dos produtos lácteos é consumido pela maioria dos estudantes
universitários na porção média padrão. Resultado idêntico é encontrado para os
alimentos pertencentes ao grupo dos ovos, carnes e peixes, com excepção da
quantidade consumida de língua, mão de vaca, tripas, chispe, coração, rim, que é
inferior à porção média pré-estabelecida. (Tabela 13, Anexo 6)
A maioria dos inquiridos ingere a porção média padrão de Óleos e Gorduras.
Os alimentos pertencentes ao grupo do pão, cereais e similares são também
consumidos nas quantidades médias padrão. No caso dos flocos cereais, existem
diferenças entre as quantidades ingeridas por rapazes e raparigas. Enquanto no
sexo feminino prevalece a ingestão de quantidades iguais à porção média, no
sexo masculino predomina o consumo de quantidades superiores a esta.
As bolachas tipo maria, água e sal ou integrais, bem como as restantes bolachas
ou biscoitos, são ingeridos em quantidade superior à porção média pré-
estabelecida, enquanto os restantes alimentos pertencentes ao grupo definido
como doces e pastéis são consumidos maioritariamente na quantidade média.
Os hortícolas, as leguminosas, a sopa e a fruta são geralmente consumidas em
quantidades iguais às quantidades médias estabelecidas. (Tabela 13, Anexo 6)
Relativamente às bebidas alcoólicas, o vinho é consumido maioritariamente na
quantidade média pré-estabelecida pelas estudantes do sexo feminino e numa
quantidade superior à mesma pelos estudantes do sexo masculino, enquanto a
quantidade de cerveja consumida é superior à porção média em ambos os sexos.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 23
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Os refrigerantes e outros sumos são consumidos maioritariamente na quantidade
média padrão, bem como, o café, outras bebidas com café e o chá preto e verde.
Os croquetes, rissóis, ketchup, maionese, pizza e hambúrguer são igualmente
consumidos em quantidades iguais às porções médias padrão.
Verifica-se a existência de diferenças significativas entre sexos para as
quantidades ingeridas de carne de vaca, porco, cabrito (p=0,015), peixe de
conserva: atum, sardinhas, etc. (p=0,039), massas (p=0,003), batatas fritas
caseiras (p=0,037), leguminosas: feijão, grão-de-bico (p=0,014), croquetes,
rissóis, bolinhos de bacalhau (p=0,043), pizza (p=0,007) e hambúrguer (p=0,029).
(Tabela 13, Anexo 6)
Discussão
Os universitários inquiridos neste estudo demonstraram um baixo consumo de
alimentos de elevado valor nutricional. No entanto, os principais erros alimentares
característicos dos estudantes universitários não foram tão prevalentes neste
trabalho como noutros realizados em populações universitárias, o que se deverá
possivelmente a um maior conhecimento sobre estilo de vida e alimentação
saudáveis deste grupo de estudantes. Os resultados observados parecem
demonstrar a existência de uma adesão relativamente baixa a um padrão
alimentar saudável, o que poderá dever-se à transição entre a adolescência e a
idade adulta, bem como, à entrada na universidade, o que muitas vezes conduz a
alterações dos hábitos alimentares, devido à ausência da família, falta de aptidões
culinárias, pouco tempo disponível para cozinhar, procura de conveniência,
influência de amigos, ambiente envolvente, entre outros.
24
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Estudos anteriormente realizados demonstraram que um maior número de
refeições realizadas em família durante o período de adolescência, está
associado a uma alimentação de melhor qualidade em jovens adultos.(17, 20, 38) De
facto, no presente estudo observou-se que os inquiridos que não residem com a
família, têm um consumo mais frequente de alguns alimentos mais fáceis de
preparar, na sua maioria de baixo valor nutricional, como peixe de conserva,
croquetes, rissóis, bolinhos de bacalhau e maionese. Estes resultados
demonstram a possível influência positiva da presença da família, nos hábitos
alimentares e alimentos consumidos.
Dos 99 inquiridos, 33,3% usufruíam de uma bolsa social, o que poderia indicar um
rendimento mensal inferior. No entanto, estes dados não parecem ser relevantes,
uma vez que não se encontraram diferenças significativas entre os consumos
alimentares de universitários que usufruíam de bolsa e os restantes, o que está
de acordo com os dados de um estudo realizado por Moreira et al., 2006, em
adultos portugueses, no qual os autores concluíram que os critérios de escolha da
maioria dos alimentos são semelhantes nos grupos com baixo e elevado
rendimento.(5)
De acordo com um estudo realizado em indivíduos portugueses com idade
superior a 19 anos(6), foi demonstrado que os fumadores têm um baixo consumo
de alimentos ricos em fibra, antioxidantes e fitoquímicos, indicadores de uma
alimentação nutricionalmente inadequada. Neste estudo, a maioria dos inquiridos
não fuma, o que poderá ser indicador de um consumo alimentar mais saudável.
No presente estudo considerou-se consumo regular de bebidas alcoólicas, a
ingestão semanal (pelo menos uma vez por semana), tendo-se verificado que a
maioria dos inquiridos não refere consumir bebidas alcoólicas regularmente. Estes
Hábitos alimentares de estudantes universitários 25
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
resultados não são concordantes com os descritos num estudo em universitários
croatas, no qual se verificou que uma elevada percentagem consome bebidas
alcoólicas regularmente.(39)
Segundo alguns autores, o aumento do número de refeições pode ter um efeito
benéfico na redução do peso corporal e consequentemente, na prevenção
precoce de obesidade/ excesso de peso.(10, 40) No presente trabalho, observou-se
que quanto maior o número de refeições, menor parece ser o valor de IMC, o que
vai de encontro aos resultados dos estudos acima referidos. As raparigas fazem
em média um maior número de refeições do que os rapazes, o que poderá estar
relacionado com o desejo de ter um peso corporal mais baixo.(15) Outros
investigadores encontraram resultados opostos em universitários croatas.(39)
Em concordância com estudos realizados em adolescentes portugueses(11, 40), a
maioria dos inquiridos toma o pequeno-almoço diariamente. Diversos autores têm
demonstrado a importância da realização do pequeno-almoço para o aumento do
bem-estar, melhor adequação nutricional, escolhas alimentares mais saudáveis e
melhoria no desempenho académico, concentração e desenvolvimento cognitivo.
A relação entre a ingestão do pequeno-almoço e a manutenção do peso corporal
não está ainda bem estabelecida, mas de acordo com diversas publicações, a
ingestão de um pequeno-almoço nutritivo pode ajudar no controlo de peso
corporal devido à diminuição da gordura ingerida e minimizando o impulso de
snacking.(10, 40, 41) Observou-se que os estudantes do sexo feminino têm maior
tendência para realizar o pequeno-almoço diariamente do que os do sexo
masculino, o que está de acordo com o encontrado por Sakamaki et al., 2005 em
estudantes universitários chineses(26). O resultado encontrado poderá dever-se ao
facto de jovens universitárias terem normalmente uma maior preocupação com o
26
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
peso corporal e com a saúde.(42) A omissão do pequeno-almoço por alguns
estudantes poderá estar relacionada com a ausência da monitorização
parental.(39)
De acordo com estudos recentes realizados em jovens adultos, foi observado que
os jovens que mais regularmente compram os alimentos e preparam as suas
refeições em casa têm uma alimentação de qualidade superior, bem como uma
menor ingestão de refeições tipo fast food.(19, 20) Os inquiridos realizam em média
duas refeições por semana fora de casa (exceptuando as realizadas no refeitório),
o que poderá significar uma melhor adequação alimentar.
Contrariamente aos resultados de diversos estudos recentes(9, 18), são poucos os
estudantes neste estudo que consideram o fast-food como um tipo de
alimentação predominante no seu quotidiano.
A maioria dos universitários considera fazer uma alimentação saudável, resultado
concordante com o observado por Davy et al., 2006(15), em estudantes
universitários americanos. Num estudo realizado recentemente, os adultos
portugueses consideraram alimentação saudável aquela que era equilibrada e
variada e que incluía mais frutos e hortícolas, menos carne, mais peixe, menor
quantidade de gordura(42), o que não está de acordo com os principais resultados
para o consumo alimentar observados neste estudo. Os estudantes que
consideram realizar uma alimentação saudável, revelaram no entanto uma
ingestão mais elevada, com significado estatístico, de peru e coelho, peixe gordo,
pão de centeio, mistura ou integral, leguminosas e alguns hortícolas e frutos,
incluindo os frutos gordos e um menor consumo de refeições tipo fast food, sendo
estes consumos consistentes com o conceito de alimentação saudável, o que
Hábitos alimentares de estudantes universitários 27
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
permite afirmar que estes estudantes terão já alguns conhecimentos sobre
hábitos alimentares saudáveis.
Tratando-se de estudantes da Faculdade de Desporto, pressupõe-se que esta
população esteja mais sensível para a importância da prática de exercício físico e
que a frequência da prática seja superior do que noutros estudantes
universitários.(21, 23) Segundo a OMS, existem evidências que a prática regular de
actividade física protege contra o aumento de peso resultante de um estilo de vida
sedentário.(1) Neste estudo não se encontraram diferenças no padrão alimentar de
grupos com diferentes frequências de prática de exercício físico, parecendo não
existir uma relação entre estas variáveis.
Os dados antropométricos foram utilizados apenas com a finalidade de
caracterizar a amostra. De acordo com a classificação do IMC, observou-se que a
maioria dos estudantes são normoponderais, resultados concordantes com os
relatados por Sakamaki et al., 2005, em universitários chineses.(26) Estudos
realizados em estudantes universitários americanos e europeus encontraram
valores mais elevados para o número de indivíduos com excesso de peso ou
obesidade.(15, 25, 43) A média dos resultados encontrados relativamente à
percentagem de massa gorda foi inferior aos valores de referência indicados para
ambos os géneros(44), o que se pode dever a uma modificação da composição
corporal associada a uma prática de exercício físico mais regular do que para a
população em geral. As universitárias apresentarem um menor IMC mas uma
maior percentagem de massa gorda do que os rapazes, o que pode ser explicado
pelas diferenças associadas ao género.(45)
28
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Ingestão alimentar
Produtos lácteos
Observou-se um consumo de produtos lácteos nos estudantes universitários,
inferior ao preconizado pela Nova Roda dos Alimentos Portuguesa (3 porções)(37),
valores que podem ser constatados através da frequência e da porção de
alimentos ingerida. Estes resultados não se encontram em conformidade com os
dados da última BAP, na qual se verificou um aumento da disponibilidade de
produtos lácteos, destacando-se o aumento da disponibilidade de iogurte.(30) Chen
et al., 2007, num estudo sobre a disponibilidade alimentar em Portugal entre
1966-2003, relatou um aumento da disponibilidade de produtos de origem animal
devido principalmente ao aumento de carne e produtos lácteos, contrariando os
resultados encontrados neste estudo.(12) (Tabela 5, Anexo 5) Estes resultados
devem-se possivelmente à omissão do pequeno-almoço, referida por alguns
estudantes. Vários autores caracterizam o padrão alimentar de estudantes
universitários pela frequente omissão de refeições(17, 18, 22, 23), que poderão ser
justamente aquelas onde habitualmente são ingeridos produtos lácteos. Segundo
Larson et al., 2007(17), os jovens adultos encontram-se numa fase final de
crescimento, pelo que é essencial a ingestão de cálcio e consequentemente de
produtos lácteos.
Ovos, carnes e pescado
As carnes são mais consumidas do que os ovos e o peixe, dados concordantes
com os da última BAP(30), do estudo EPIPorto(3) e da OMS(1). As carnes de vaca,
porco e cabrito são referidas pela maioria dos estudantes universitários com um
consumo mais frequente do que as carnes de aves (frango e peru), resultados
estes que estão de acordo com os encontrados no estudo EPIPorto(3), mas que
não se encontram em conformidade com os dados mais recentes da BAP, que
Hábitos alimentares de estudantes universitários 29
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
relatam um aumento da disponibilidade de carnes de aves e perda de importância
relativa do consumo de carne de bovino.(30) O peixe gordo é consumido pela
maioria dos estudantes uma vez por semana, frequência que se encontra abaixo
do preconizado pela American Heart Association.(46) O consumo de peixe magro
tende a ser mais frequente, não sendo no entanto uma opção diária, dados
concordantes com outros estudos que demonstram uma diminuição na
disponibilidade de pescado.(12, 43) As recomendações da Nova Roda dos
Alimentos para o grupo da Carne, Pescado e Ovos são de 4,5 porções
(aproximadamente 135g de carne/peixe cozinhados)(37), quantidade que é
ultrapassada pela maioria dos inquiridos. (Tabela 6, Anexo 5)
Segundo Pieniak et al., 2008, o pescado deve ter um papel importante na dieta
humana, pelo seu papel na prevenção de doenças crónicas degenerativas. O
papel benéfico do pescado deve-se principalmente ao seu conteúdo em ácidos
gordos polinsaturados ómega-3, que tem sido associado à prevenção de doenças
cardiovasculares.(47) Por outro lado, o aumento da ingestão de carne tem sido
relacionado com a elevada incidência de certos tipos de cancro.(12)
Óleos e Gorduras
Neste estudo, verificou-se que a gordura mais frequentemente consumida pelos
jovens universitários foi o azeite, dado suportado pela última BAP e que o
consumo de manteiga é superior ao de margarina, o que contraria a maior
disponibilidade de gorduras de origem vegetal indicadas pela BAP.(30) (Tabela 7,
Anexo 5) No entanto, Chen et al., 2007 demonstrou que entre 1960 e 2003 em
Portugal o aumento da disponibilidade de gordura de origem animal foi maior do
que o relativo à gordura vegetal(12). O consumo de gorduras nesta população,
segundo as recomendações da Roda dos Alimentos, deve ser de 3 porções por
30
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
dia (aproximadamente 30-35g)(37), o que parece corresponder à ingestão
realizada pela maioria dos estudantes inquiridos. Segundo a Direcção Geral de
Saúde (DGS), o azeite, por ser o maior fornecedor alimentar de ácidos gordos
monoinsaturados, deve ser sempre preferido em relação às outras gorduras, para
cozinhar.(48)
Pão, cereais e similares
Ao longo das últimas décadas tem-se verificado uma diminuição no consumo de
pão.(8) Os dados obtidos neste estudo confirmam esta diminuição, sendo que a
maioria dos universitários não ingere pão diariamente, parecendo escolher outras
opções, como os flocos de cereais, bolachas ou biscoitos. Esta escolha dever-se-
á possivelmente a estes serem alimentos com maior quantidade de açúcar e
gordura, o que lhes confere um sabor mais apelativo.
Segundo um estudo sobre a disponibilidade alimentar em Portugal e outros
países europeus(12), verificou-se uma diminuição geral na disponibilidade de
cereais. Controversamente, em Portugal verificou-se um aumento da
disponibilidade de arroz(12), o que vai de encontro aos resultados encontrados no
presente estudo. Observou-se que em relação às fontes de hidratos de carbono
no prato, o arroz é o alimento mais frequentemente consumido pelos inquiridos.
O consumo moderado destes alimentos suporta os dados da última BAP, que
sugerem uma diminuição da disponibilidade de batata, sendo esta substituída em
parte por outros produtos alimentares como o arroz e as massas alimentícias.(30)
Tendo por base a Nova Roda dos Alimentos, as recomendações de Cereais,
derivados e tubérculos consideradas são de 11 porções(37), quantidades que
parecem estar próximas dos valores obtidos no presente estudo.
Hábitos alimentares de estudantes universitários 31
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Doces e Pastéis
O consumo de doces, pastéis e açúcar é elevado, sendo feito pela maioria dos
estudantes pelo menos uma vez por semana. (Tabela 9, Anexo 5) Chen et al.,
2007, relata um aumento da disponibilidade de açúcar em Portugal, entre 1966 e
2003.(12) Estudos realizados em jovens universitários têm demonstrado um
consumo elevado de açúcar e produtos açucarados (9, 15), o que está de acordo
com os resultados apresentados. A frequência de consumo destes alimentos é
preocupante bem como as porções consumidas, nomeadamente de “outras
bolachas e biscoitos”, cuja quantidade ingerida é na maioria dos inquiridos,
superior à quantidade média padrão. Na Nova Roda dos Alimentos, estes
alimentos não aparecem referidos, uma vez que a ingestão de alimentos ricos em
açúcar não deve ser diária, mas restrita a ocasiões festivas.(37)
Hortícolas, Leguminosas e Frutas
O estudo realizado evidencia um baixo consumo de hortícolas pela população
universitária. A sopa de legumes também não é consumida diariamente pela
maioria dos inquiridos, aspecto considerado negativo para o equilíbrio da
alimentação, uma vez que se trata de uma preparação de alimentos com baixa
densidade energética, bom poder saciante e que inclui grandes quantidades de
hortícolas ricos em micronutrientes e fibra, estando associada a um baixo risco de
obesidade.(5) Alguns estudos prévios em universitários também demonstraram
uma ingestão inferior ao preconizado para os hortícolas.(9, 39, 43) Os resultados
encontrados suportam os dados da última BAP, na qual se verificou que o
consumo de produtos hortícolas é apenas cerca de metade do indicado pela Nova
Roda dos Alimentos, apesar de se ter observado um aumento da sua
disponibilidade entre 1990 e 2003.(30) Relativamente às porções de hortícolas
recomendadas pela Nova Roda dos Alimentos (5 porções diárias ou
32
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
aproximadamente 700g de hortícolas cozinhados)(37), podemos concluir que o
consumo de hortícolas observado, é inferior ao recomendado, tendo em conta a
frequência e a quantidade consumida.
A ingestão de leguminosas também é inferior ao recomendado pela Nova Roda
dos Alimentos (1 - 2 porções diárias, aproximadamente 180g após confecção)(37)
e suporta a diminuição da disponibilidade destes alimentos referida na última
BAP.(30)
O consumo de frutas por parte da população universitária é pouco satisfatório. A
maçã, a pêra, a laranja e a banana são as únicas frutas que constituem uma
opção diária para uma pequena parte dos inquiridos (Tabela 11, Anexo 5). É
importante salientar que grande parte do consumo de fruta é sazonal, o que reduz
ainda mais o consumo diário de fruta. De acordo com as recomendações
preconizadas pela Nova Roda dos Alimentos Portuguesa, a ingestão de fruta
deve corresponder a 5 porções diárias (uma porção equivale aproximadamente a
uma peça de fruta de tamanho médio – 160g).(37) No presente estudo, somente
30,3% dos inquiridos fazem uma ingestão equivalente às recomendações (Gráfico
7), o que está de acordo com os dados da última BAP, apesar do aumento
verificado na disponibilidade dos frutos.(30) Estes resultados estão de acordo com
os encontrados em estudos recentes realizados em jovens adultos e em toda a
população adulta americana, nos quais as recomendações nacionais para a
ingestão de fruta também não são atingidas.(49, 50) Os resultados encontrados
revelam-se preocupantes, dados os benefícios do consumo de produtos
hortícolas e fruta. Segundo Lorson et al., 2009, as dietas com baixa ingestão de
hortofrutícolas são pobres em nutrientes essenciais e substâncias como fibras,
Hábitos alimentares de estudantes universitários 33
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
fitoquímicos e antioxidantes, o que pode aumentar o risco de desenvolvimento de
algumas doenças.(51)
Bebidas alcoólicas e miscelâneas
O consumo de bebidas alcoólicas parece não ser tão frequente como o observado
noutros estudos.(39) No entanto, verifica-se que o consumo de cerveja é mais
frequente que o de vinho, dados suportados pela última BAP, na qual se verificou
o aumento do consumo de cerveja em substituição do vinho.(30)
Os refrigerantes e sumos têm deixado de ser uma opção ocasional, passando a
constituir uma escolha diária de muitos jovens. Observou-se por parte da maioria
dos inquiridos um consumo semanal de sumos ou refrigerantes, o que está de
acordo com o aumento da disponibilidade verificado na última BAP.(30) Resultados
semelhantes foram também encontrados em adolescentes americanos.(10) Muitas
destas bebidas são opções muito pouco saudáveis, devido às elevadas
quantidades de açúcar e aditivos na sua composição e o baixo ou nenhum valor
nutricional.
Os alimentos de “cafetaria”(7) são consumidos por muitos universitários. Estes
alimentos não se encontram representados na Nova Roda dos Alimentos e o seu
consumo deve ser ocasional visto terem elevada densidade energética e um
baixo valor nutricional.(37)
O reduzido consumo de fruta, hortícolas, leguminosas e peixe observado no
presente estudo, parece indicar que estes jovens adultos estarão a abandonar o
padrão alimentar tradicional. Os resultados deste estudo estão em conformidade
com outros estudos realizados em estudantes universitários de outros países,
verificando-se a prática de hábitos alimentares pouco saudáveis nomeadamente
no que se refere ao consumo insuficiente de frutos, hortícolas, produtos lácteos,
34
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
cereais ricos em hidratos de carbono complexos e a um consumo excessivo de
produtos açucarados e alimentos de elevada densidade energética resultante de
uma composição rica em gordura e açúcar.(9, 15, 39, 43)
A entrada para a Universidade parece muitas vezes estar associada a alterações
do estilo de vida, nomeadamente no que se refere à alimentação. A maior
independência relativamente à família característica deste período leva muitos
jovens a fazer as suas próprias escolhas alimentares, a definir os seus horários
de refeições, a seleccionar os alimentos no supermercado e a preparar as suas
refeições. A diminuição do consumo de alimentos de elevado valor nutricional
pode assim, ser uma consequência destas mudanças no estilo de vida pessoal. A
vida universitária propicia um padrão alimentar mais instável, caracterizado muitas
vezes por uma alimentação desequilibrada e pouco variada. É de salientar, que
os indivíduos que consomem uma grande variedade de alimentos de todos os
grupos têm uma melhor adequação da ingestão de nutrientes.(10)
O período de permanência no ensino superior parece assim, ser uma etapa
essencial para a educação e promoção de estilos de vida saudáveis, tanto no que
respeita à alimentação como à prática regular de actividade física, para que os
comportamentos e conhecimentos sobre estilos de vida saudáveis adquiridos
durante este período se perpetuem na idade adulta e no futuro destes jovens.
Limitações do estudo
Por se tratar de um estudo transversal, não permite detectar factores de
causalidade, no entanto viabiliza o estudo de associações. Salvaguarda-se o facto
da amostra ser relativamente pequena, impedindo a detecção de diferenças entre
grupos e as limitações inerentes à utilização do QFA. A amostragem auto-
seleccionada poderá conduzir a uma amostra não representativa da população,
Hábitos alimentares de estudantes universitários 35
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
uma vez que os indivíduos decidiram participar no trabalho por iniciativa própria.
Os estudantes inquiridos poderão ter sido os que tem maior interesse e
conhecimento na prática de uma alimentação e estilos de vida saudáveis,
induzindo possivelmente ao enviesamento dos resultados.
Conclusão
As Universidades são meios de interligação essenciais entre o conhecimento e os
estudantes, devendo integrar estratégias práticas para encorajar a realização de
escolhas alimentares adequadas e estilos de vida saudáveis. As unidades de
alimentação universitárias têm pois uma responsabilidade acrescida pelo enorme
impacto a nível de saúde pública, uma vez que o número de estudantes que
realiza as suas refeições nestes locais é cada vez maior. A oferta de ementas
equilibradas, variadas e apelativas permite uma correcta adequação nutricional
aos seus utilizadores, podendo ainda funcionar como veículo de educação
alimentar para quem as frequenta.
Os esforços e estratégias de Saúde Pública delineadas no presente para
aumentar o conhecimento dos jovens universitários face a estilos de vida
saudáveis conduzirão a uma melhoria na saúde e na qualidade de vida.
Dada a escassez de estudos que caracterizem os hábitos alimentares dos
estudantes universitários portugueses, e dada a importância desta fase de vida
para os comportamentos e estilos de vida futuros, deverão ser consideradas
novas investigações neste âmbito.
36
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
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Hábitos alimentares de estudantes universitários 41
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Índice de Anexos
Anexo 1: Cartaz de divulgação dirigido aos estudantes universitários .................. a1
Anexo 2: Consentimento informado aos estudantes universitários inquiridos ....... a3
Anexo 3: Inquérito de caracterização dos estudantes universitários ..................... a5
Anexo 4: Caracterização dos estudantes universitários por género ................... a12
Anexo 5: Tabelas representativas do consumo alimentar dos estudantes
universitários dos diferentes grupos de alimentos ............................................... a16
Anexo 6: Tabela representativa da quantidade ingerida de cada um dos alimentos
comparativamente com a média padrão pré-definida ......................................... a29
42
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Anexos
a1
Anexo 1
Cartaz de divulgação dirigido aos estudantes universitários
a2
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Padrões alimentares de
estudantes da FCDEF
Sou estagiária da faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. No âmbito do meu estágio, pretendo estudar os hábitos alimentares dos alunos da FCDEF de Coimbra, pelo que te convido a participar neste projecto.
Vem conhecer os teus hábitos alimentares, avaliar o teu Índice de Massa Corporal, % de Massa Gorda, % de Massa Magra e Água corporal e aproveita para receberes algum aconselhamento alimentar!
Dias 28 e 29 de Abril
Dias 14, 15, 21 e 22 de Maio
Na entrada do pavilhão 3
É muito importante a tua participação. Conto contigo, NÃO FALTES!!!
Margarida de Liz (Estagiária de Nutrição)
Padrões alimentares de
estudantes da FCDEF
Sou estagiária da faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. No âmbito do meu estágio, pretendo estudar os hábitos alimentares dos alunos da FCDEF de Coimbra, pelo que te convido a participar neste projecto.
Vem conhecer os teus hábitos alimentares, avaliar o teu Índice deMassa Corporal, % de Massa Gorda, % de Massa Magra e Água corporal e aproveita para receberes algum aconselhamento alimentar!
Vem conhecer os teus hábitos alimentares, avaliar o teu Índice de Massa Corporal, % de Massa Gorda, % de Massa Magra e Água corporal e aproveita para receberes algum aconselhamento alimentar!
Dias 28 e 29 de Abril
Dias 14, 15, 21 e 22 de Maio
Na entrada do pavilhão 3
É muito importante a tua participação. Conto contigo, NÃO FALTES!!!
É muito importante a tua participação. Conto contigo, NÃO FALTES!!!
Margarida de Liz (Estagiária de Nutrição)
a3
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Anexo 2
Consentimento informado aos estudantes universitários inquiridos
a4
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Declaração de Consentimento Informado No âmbito do meu estágio académico da licenciatura em Ciências da
Nutrição da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do
Porto, pretendo desenvolver um Trabalho de Investigação de avaliação dos
hábitos alimentares, nomeadamente caracterizar o consumo alimentar dos alunos
da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de
Coimbra.
Margarida Liz Martins
__________________________
Coimbra, ____ de ____________ de 2009
Declaro que fui informado sobre o trabalho de investigação a decorrer e
que irei participar nele de forma voluntária, pelo que autorizo a realização dos
inquéritos e medições previstas e me comprometo a ser sincero e a cumprir as
indicações que me foram explicitadas para a realização dos mesmos.
Assinatura_______________________________________________________
a5
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Anexo 3
Inquérito de caracterização dos estudantes universitários
a6
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
1. Sexo Feminino □ Masculino □
2. Idade _____ (anos) 3. Ano / Curso_____________________________________________________________
4. Com quem vives? Pais □ Outros familiares (tios, avós, irmãos) □ Amigos □
Sozinho □ Residência universitária □ Outros □ Quais? __________
5. Usufruis de alguma bolsa? Sim__ Não__ 5.1. Se sim, qual o tipo? Bolsa social __ Bolsa de mérito __ Outra. Qual? _________
6. Patologias diagnosticadas Sim Não
6.1. Diabetes Mellitus □ □
6.2. Hipertensão arterial □ □
6.3. Dislipidémia (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, etc) □ □
6.4. Distúrbio do comportamento alimentar (bulimia, anorexia, …) □ □
6.5. Obesidade/Excesso de peso □ □
6.6. Outra patologia. Qual? ___________________ □ □
7. Fazes algum tipo de alimentação especial? Sim__ Não__ 7.1 Se sim, qual? _______________ 7.2. E qual o motivo? _____________________
8. A tua alimentação sofreu alguma alteração recente? Sim__ Não__ 8.1. Se sim, qual o motivo da mudança? ____________________________________
9. Tomas algum suplemento de vitaminas e/ou minerais ou outro suplemento alimentar? Sim __ Não __ 9.1. Se sim, qual e qual o motivo? _________________________________________
10. Fumas? Sim __ Não __ 11. Ingeres bebidas alcoólicas regularmente (pelo menos uma vez por semana)? Sim __ Não __
Inquérito nº _____
a7
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
12. Normalmente, quantas refeições fazes por dia? ______ 13. Tomas o pequeno-almoço diariamente? Sim __ Não __
14. Onde tomas habitualmente o pequeno-almoço?
Casa □
Faculdade - Cantina □
- Máquina de venda automática □
Pastelaria / Café □
Outro. Qual? ______________ □
15. Com que frequência comes na cantina da tua faculdade?
Nunca □ Raramente □ 1-2 vezes por mês □ 1-2 Vezes por semana □
3-4 Vezes por semana □ 5-7 Vezes por semana □ Mais de 7 vezes por semana □
16. Onde almoças habitualmente?
Casa □
Cantina de Faculdade □
Bar de Faculdade □
Pastelaria / Café □
Centro comercial / restaurante □
Outro □ Qual? _______________
17. Onde jantas habitualmente?
Casa □
Cantina de Faculdade □
Bar de Faculdade □
Pastelaria / Café □
Centro comercial / restaurante □
Outro □ Qual? _______________
a8
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
18. Quantas vezes por semana (incluindo o fim de semana), almoças ou jantas fora de casa, sem ser no refeitório? _________ 19. Das refeições feitas fora de casa, com que frequência comes “fast-food” (pizas, cachorros, hambúrgueres, folhados, etc.)?
Sempre □ A maioria das vezes (metade das refeições) □
Algumas vezes (1/3 das refeições) □ Raramente □ Nunca □
20. Quais os métodos de confecção mais usuais na tua alimentação? 20.1. Fritos Sim__ Não__
20.2. Estufados Sim__ Não__
20.3. Cozidos Sim__ Não__
20.4. Guisados Sim__ Não__
20.5. Grelhados Sim__ Não__
20.6. Assados no forno Sim__ Não__
20.7. Outros. Quais? __________________ Sim__ Não__
21. No teu quotidiano, qual (quais) o(s) tipo(s) de alimentação predominante (s)?
� Refeição tradicional (sopa, prato, sobremesa) Sim__ Não__
� Fast food (hambúrgueres, pizzas, cachorros, etc) Sim__ Não__
� Alimentos pré-confeccionados
(rissóis, refeições congeladas, etc) Sim__ Não__
� Pratos combinados, baguetes Sim__ Não__
� Refeições ligeiras (saladas, sopas, etc) Sim__ Não__
� Outro tipo □ Qual? __________________ Sim__ Não__
a9
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22. Quem confecciona a maioria das refeições que fazes em casa?
� Tu próprio □
� Um familiar □
� Colegas □
� Não é necessário confeccionar (refeições pré-confeccionadas / refeições
provenientes de restaurante/ take-away) □
� Outro □ Qual? _____________________________
23. Normalmente, consideras que fazes uma alimentação saudável e equilibrada? Sim __ Não __
24. Relativamente aos hortofrutícolas: 24.1. Habitualmente, quantas peças de fruta comes por dia? _____ 24.2. Em que momento(s) do dia ingeres fruta?
Sim Não
Ao pequeno-almoço
Na merenda da manhã
No início do almoço
No fim do almoço
Na merenda da tarde
No início do jantar
No fim do jantar
À ceia
Outro. Qual? _________________
24.3. De que forma ingeres a fruta?
Sim Não
Crua
Cozida
Assada
Em batidos
Em sumos
Em calda/enlatada
Outra. Qual? ______________
a10
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24.4. Costumas variar na fruta que consomes? Sim __ Não __ 24.5. Ingeres sopa diariamente? Sim __ Não __ 24.6. Ingeres diariamente hortícolas e/ou saladas no prato? Sim __ Não __ 24.7. Normalmente, de que forma ingeres os hortícolas?
Sim Não
Crus / em salada
Cozidos
Salteados
Estufados
Na sopa
Outra. Qual? ____________
25. Com que frequência praticas exercício físico?
26. Onde praticas?
Nunca
Raramente
1 vez por mês
2-3 vezes por mês
1 vez por semana
2-3 vezes por semana
4-6 vezes por semana
Diariamente
Mais do que uma vez por dia
Sim Não
Em casa
No ginásio
Num clube desportivo
Na faculdade (aulas)
Ao ar livre
Outro. Qual? ______________
a11
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27. Nº de horas de exercício físico realizadas por sessão:
28. Durante a semana (dias úteis), que tempo gastas, por dia, a ver televisão, a navegar na Internet ou a jogar jogos de computador ou consola/playstation?
29. Durante o fim-de-semana, que tempo gastas, por dia, a ver televisão, a navegar na Internet ou a jogar jogos de computador ou consola/playstation?
30. Normalmente, consideras que tens uma vida sedentária? Sim __ Não __
Antropometria (avaliado pela TANITA) 31. Peso: ________ (kg) 32. Altura: _______ (m) 33. IMC: ________ (kg/m2) Classificação ___________________ 34. % Massa gorda: ________
Menos de 1 hora
1-2 horas
2-3 horas
Mais de 3 horas
Nenhum
Menos de 1 hora
1-2 horas
2-4 horas
Mais de 4 horas
Nenhum
Menos de 1 hora
1-2 horas
2-4 horas
Mais de 4 horas
a12
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Anexo 4
Caracterização dos estudantes universitários por género
(Gráficos 1, 2, 3, 5 e 8 e Tabela 1)
a13
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Gráfico 1. Distribuição dos estudantes universitários por sexo e faixa etária
Gráfico 2. Distribuição dos estudantes por nível universitário
a14
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Gráfico 3. Distribuição dos estudantes por com quem vive
% de estudantes
Fumas? Sim 14,1 Não 85,9
Ingeres bebidas alcoólicas regularmente?
Sim 35,4 Não 64,6
Tabela 1. Proporção de alunos que fuma e ingere bebidas alcoólicas
Gráfico 5. Distribuição dos alunos inquiridos segundo o local de realização de refeições (Almoço e Jantar)
a15
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Gráfico 8. Frequência de realização de exercício físico nos estudantes universitários.
a16
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Anexo 5
Tabelas representativas do consumo alimentar dos estudantes
universitários dos diferentes grupos de alimentos
a17
%
Alim
ento
Se
xo
Nun
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M
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a29
Anexo 6
Tabela representativa da quantidade ingerida de cada um dos alimentos
comparativamente com a média padrão pré-definida
a30
Alimentos
Quantidade consumida relativamente à porção média padrão (%)
Porção média padrão Sexo Menor Igual Superior
Leite gordo 1 chávena (250ml) F 9,5 0,0 4,8 M 3,5 1,8 0,0
Leite meio-gordo 1 chávena (250ml) F 9,5 54,8 11,9 M 5,3 52,6 24,6
Leite magro 1 chávena (250ml) F 9,5 16,7 4,8 M 5,3 12,3 5,3
Iogurte Um (125g) F 4,9 75,6 19,5 M 5,6 70,4 24,1
Queijo 1 fatia (30g) F 8,3 55,6 36,1 M 21,3 44,7 34,0
Sobremesas lácteas Um ou 1 prato F 11,4 82,9 5,7 M 9,3 90,7 0,0
Gelados Um ou 2 bolas F 5,9 85,3 8,8 M 10,9 80,4 8,7
Ovos Um F 0,0 7,6 19,0 M 5,3 66,7 17,5
Frango 1 porção ou 2 peças (150g)
F 7,1 76,2 14,3 M 8,8 59,6 28,1
Peru, Coelho 1 porção ou 2 peças (150g)
F 4,8 78,6 7,1 M 10,5 50,9 24,6
Carne de vaca, porco, cabrito * 1 porção (120g) F 9,5 61,9 21,4
M 5,3 43,9 45,6 Fígado de vaca, porco,
frango 1 porção (120g) F 2,4 26,2 2,4 M 8,8 26,3 7,0
Língua, mão de vaca, tripas, chispe, coração 1 porção (100g) F 9,5 14,3 0,0
M 15,8 8,8 1,8 Fiambre, chouriço, salpicão, presunto
2 fatias ou 3 rodelas (20g)
F 16,7 71,4 2,4 M 14,0 56,1 15,8
Salsichas 3 médias F 31,0 50,0 2,4 M 24,6 42,1 21,1
Toucinho, Bacon 2 fatias (50g) F 21,4 33,3 7,1 M 19,3 22,8 12,3
Peixe gordo: sardinha, cavala, salmão 1 porção (125g) F 2,4 64,3 16,7
M 3,5 64,9 17,5 Peixe magro: pescada,
faneca, dourada 1 porção (125g) F 4,8 71,4 9,5 M 8,8 66,7 15,8
Bacalhau 1 porção (125g) F 7,1 64,3 16,7 M 7,0 50,9 22,8
Peixe conserva: atum, sardinhas * 1 lata F 16,7 71,4 2,4
M 10,5 54,4 17,5
Lulas, polvo 1 porção (100g) F 9,5 66,7 7,1 M 12,3 54,4 7,0
Camarão, amêijoas, mexilhão
1 prato sobremesa (100g)
F 7,1 50,0 9,5 M 10,5 35,1 26,3
F: sexo feminino; M: sexo masculino; * p < 0,05
Tabela 13: Porções médias padrão, em peso edível, de cada alimento consumido, por sexo.
a31
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Alimentos
Quantidade consumida relativamente à porção média padrão (%)
Porção média padrão Sexo Menor Igual Superior
Azeite 1 colher sopa F 11,9 59,5 21,4 M 7,0 63,2 26,3
Óleos: girassol, milho, soja 1 colher sopa F 11,9 38,1 16,7
M 19,3 31,6 5,3
Margarina 1 colher chá F 19,0 33,3 7,1 M 12,3 29,8 10,5
Manteiga 1 colher chá F 11,9 54,8 19,0 M 8,8 61,4 15,8
Pão branco ou tostas Um ou 2 tostas (40g)
F 2,4 69,0 21,4 M 3,5 52,6 38,6
Pão (ou tostas) integral, centeio, mistura
Um ou 2 tostas (50g)
F 7,1 57,1 11,9 M 3,5 57,9 15,8
Broa, Broa de Avintes 1 fatia (80g) F 16,7 45,2 14,3 M 7,0 40,4 8,8
Flocos cereais 1 chávena (40g) F 2,4 57,1 28,6 M 3,5 33,3 43,9
Arroz ½ prato (100g) F 16,7 61,9 14,3 M 5,3 73,7 21,1
Massas * ½ prato (100g) F 21,4 61,9 16,7 M 3,5 59,6 36,8
Batatas fritas caseiras * ½ prato (100g) F 35,7 50,0 7,1 M 17,5 50,9 15,8
Batatas fritas pacote 1 pacote pequeno (30g)
F 16,7 47,6 7,1 M 8,8 63,2 12,3
Batatas cozidas, assadas, estufadas e
puré 2 batatas médias
(160g) F 11,9 73,8 7,1
M 12,3 63,2 19,3 Bolachas tipo Maria, água e sal, integrais 3 bolachas F 45,2 45,2 9,5
M 7,0 22,8 43,9 Outras bolachas ou
biscoitos 3 bolachas F 9,5 31,0 47,6 M 3,5 19,3 63,2
Croissant, pastéis ou outros bolos Um; 1 fatia (80g) F 4,8 71,4 16,7
M 5,3 61,4 21,1 Chocolate (tablete ou
em pó) 3 quadrados; 1
colher sopa F 4,8 50,0 31,0 M 8,8 43,9 24,6
Snacks de chocolate Um F 7,1 66,7 2,4 M 7,0 64,9 1,8
Marmelada, compota, geleia, mel
1 colher sobremesa
F 7,1 54,8 2,4 M 5,3 36,8 12,3
Açúcar 1 colher
sobremesa; 1 pacote
F 9,5 71,4 7,1
M 7,0 61,4 14,0
Tabela 13: Porções médias padrão, em peso edível, de cada alimento consumido, por sexo.
(continuação)
a32
FCNAUP 2009 Margarida Liz Martins
Alimentos
Quantidade consumida relativamente à porção média padrão (%)
Porção média padrão Sexo Menor Igual Superior
Couve branca, couve lombarda ½ chávena (75g) F 16,7 50,0 9,5
M 7,0 45,6 10,5
Penca, tronchuda ½ chávena (65g) F 11,9 21,4 4,8 M 7,0 17,5 3,5
Couve galega ½ chávena (65g) F 11,9 26,2 4,8 M 8,8 22,8 3,5
Brócolos ½ chávena (85g) F 21,4 45,2 7,1 M 7,0 33,3 12,3
Couve-flor, couve-bruxelas ½ chávena (65g) F 14,3 31,0 4,8
M 7,0 24,6 10,5 Grelos, Nabiças,
Espinafres ½ chávena (72g) F 14,3 50,0 11,9 M 7,0 35,1 10,5
Feijão verde ½ chávena (65g) F 14,3 52,4 9,5 M 10,5 45,6 10,5
Alface, Agrião ½ chávena (15g) F 2,4 64,3 23,8 M 0,0 61,4 35,1
Cebola ½ média (40g) F 19,0 52,4 14,3 M 21,1 59,6 10,5
Cenoura 1 média (80g) F 19,0 57,1 9,5 M 14,0 66,7 14,0
Nabo 1 médio (78g) F 16,7 33,3 2,4 M 15,8 19,3 1,8
Tomate fresco ½ médio (63g) F 4,8 59,5 11,9 M 10,5 50,9 17,5
Pimento ½ médio (68g) F 21,4 35,7 4,8 M 21,1 29,8 3,5
Pepino ¼ médio (50g) F 14,3 28,6 11,9 M 17,5 29,8 5,3
Feijão, grão-de-bico * 1 chávena F 16,7 59,5 0,0 M 7,0 64,9 10,5
Ervilha grão, fava ½ chávena F 9,5 42,9 4,8 M 10,5 38,6 7,0
Maçã, pêra 1 média F 0,0 85,7 11,9 M 0,0 82,5 14,0
Laranja, tangerinas 1 média; 2 médias F 4,8 83,3 7,1 M 1,8 78,9 12,3
Banana 1 média F 2,4 73,8 9,5 M 1,8 75,4 17,5
Kiwi 1 médio F 7,1 71,4 2,4 M 8,8 50,9 8,8
Morangos 1 chávena F 9,5 57,1 31,0 M 3,5 54,4 24,6
Cerejas 1 chávena F 9,5 61,9 19,0 M 5,3 38,6 22,8
Tabela 13: Porções médias padrão, em peso edível, de cada alimento consumido, por sexo.
(continuação)
a33
Margarida Liz Martins FCNAUP 2009
Alimentos
Quantidade consumida relativamente à porção média padrão (%)
Porção média padrão Sexo Menor Igual Superior
Pêssego, ameixa 1 médio; 3 médios F 7,1 73,8 2,4 M 7,0 49,1 8,8
Melão, Melancia 1 fatia média (150g)
F 4,8 57,1 26,2 M 1,8 35,1 36,8
Diospiro 1 médio F 2,4 35,7 4,8 M 12,3 21,1 3,5
Figo fresco, nêsperas, damascos 3 médios F 7,1 35,7 4,8
M 10,5 31,6 5,3
Uvas frescas 1 cacho médio F 7,1 61,9 11,9 M 7,0 49,1 17,5
Frutos conserva 2 metades ou rodelas
F 4,8 59,5 7,1 M 5,3 36,8 10,5
Amêndoas, avelãs, nozes, amendoins, etc.
½ chávena (descascado)
F 11,9 42,9 16,7 M 17,5 45,6 10,5
Azeitonas 6 unidades F 16,7 40,5 11,9 M 12,3 29,8 15,8
Vinho 1 copo (125ml) F 7,1 16,7 14,3 M 14,0 24,6 26,3
Cerveja 1 garrafa ou 1 lata (330ml)
F 14,3 19,0 26,2 M 8,8 35,1 42,1
Bebidas brancas 1 cálice (40ml) F 9,5 31,0 11,9 M 12,3 21,1 15,8
Coca-cola ou outras colas
1 garrafa ou 1 lata (330ml)
F 11,9 54,8 4,8 M 5,3 57,9 12,3
Ice-tea 1 garrafa ou 1 lata (330ml)
F 11,9 59,5 4,8 M 8,8 57,9 14,0
Outros refrigerantes 1 garrafa ou 1 copo (250ml)
F 2,4 69,0 9,5 M 5,3 54,4 10,5
Café (incluindo bebidas com café) 1 chávena café F 2,4 78,6 2,4
M 5,3 63,2 3,5
Chá preto e verde 1 chávena F 2,4 52,4 7,1 M 7,0 22,8 7,0
Croquetes, rissóis, bolinhos de bacalhau * 3 unidades F 11,9 57,1 7,1
M 5,3 45,6 19,3
Maionese 1 colher sobremesa
F 0,0 42,9 16,7 M 12,3 43,9 14,0
Molho de tomate, ketchup 1 colher sopa F 2,4 52,4 11,9
M 21,1 35,1 17,5
Pizza * Meia pizza- normal F 14,3 69,0 14,3 M 3,5 50,9 31,6
Hambúrguer * 1 médio F 7,1 66,7 9,5 M 3,5 52,6 26,3
Sopa de legumes 1 prato F 2,4 92,9 2,4 M 5,3 89,5 0,0
Tabela 13: Porções médias padrão, em peso edível, de cada alimento consumido, por sexo.
(continuação)